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O estudo de Bem e Bom na

fala e na escrita dos


informantes de Chapecó - SC.
Autoras:
SUIANNY FRANCINI LUIZ MICHELON (Mestranda do PPGEL/UFFS)
CLÁUDIA ANDREA ROST SNICHELOTTO (Docente do PPGEL/UFFS) e Orientadora da
Dissertação.
Este trabalho é parte da minha Dissertação de Mestrado que
neste momento encontra-se em andamento;

O objetivo desta comunicação oral é apresentar


sucintamente de que forma a Dissertação está estruturada,
quais são os principais objetivos, embasamento teórico-
metodológico que utilizaremos para o desenvolvimento do
trabalho.
INTRODUÇÃO
Para Labov (2008), a língua é uma forma de comportamento
social [...] ela é usada por seres humanos num contexto social,
comunicando suas necessidades, ideias e emoções uns aos
outros.
Enquanto TARALLO (2007) acescenta
que a língua falada é o veículo
linguístico de comunicação usado em
situações naturais de interação social,
da comunicação face a face.
Portanto, nesta comunicação face a face é muito comum que as pessoas incluam
em seu discurso partículas que vêm cada vez sendo utilizadas, de diversas formas,
usos e funções.
Para as pesquisadoras Silva e Macedo (1989) os linguistas se interessam cada vez
mais por estas estranhas partículas que vêm sendo conhecidas como marcadores
discursivos ou marcadores conversacionais. Para elas ainda não se tem uma
definição completa das funções que estas formas

assumem no discurso falado.

Para tanto, este trabalho VISA analisar o comportamento multifuncional dos itens
“Bem” e “Bom” com base em uma amostra sincrônica do português falado em Chapecó
- SC e uma amostra escrita extraídas do corpus do projeto “Variação e Mudança no
Português do Oeste de Santa Catarina (VMPOSC).
OBJETIVO GERAL
Descrever e analisar a multifuncionalidade dos itens Bem e Bom
na fala e escrita de informantes de Chapecó, baseando-se nos

estudos de Teoria Funcionalista, do Sociofuncionalismo, da


Gramaticalização e as possíveis causas e contextos do uso de um
ou mais itens na comunicação face a face e em manuscritos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
(i) descrever as funções que os itens Bem e Bom desempenham
nos diversos níveis do discurso oral e na escrita.

(ii) traçar uma possível trajetória funcional de Bem e


Bom sob a perspectiva da Gramaticalização;

(iii) analisar se os fatores linguísticos e extralinguísticos


influenciam ou não o uso destes itens.
Objetiva-se então compreender os padrões de
comportamento que estes itens desempenham,
relacionando-os não só com as categorias
gramaticais, mas também com os usos e funções
que os itens são percebidos nas respectivas
amostras.
QUESTÃO DE PESQUISA E
HIPÓTESES
Para
Dissertação partimos
o desenvolvimento desta da
seguinte questão e hipótese de pesquisa com base nos objetivos
específicos traçados neste trabalho.

Questão de pesquisa:
Quais são as funções que os itens Bem e Bom
desempenham na fala e escrita dos chapecoenses?
HIPÓTESE
Com base na literatura linguística percebemos que diversos autores já
investigaram o uso de Bem e Bom no português brasileiro.
Por exemplo: Risso (1999; 2006), Martins (2003) e Görski (2003; 2020).
Dedicaremos um capítulo da Dissertação para a descrição dos "Estudos Prévios
de Bem e Bom".
- Risso (1999) INVESTIGOU O Bom, Bem, Olha, Ah, no português culto falado.
- mARTINS (2003): "BEM E SUAS MULTIFUNÇÕES NA FALA DA REGIÃO SUL DO BRASIL" - Dissertação de
mestrado.
- görski (2020) revisitou a pesquisa iniciada por Martins (2003) acerca das “funções
desempenhadas por bem (advérbio) e bom (adjetivo), considerando tanto o estatuto
gramatical prototípico de advérbio e adjetivo, quanto os usos discursivos como
marcadores e outros possíveis usos”.
ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
1. INTRODUÇÃO;
2. DESCRIÇÃO DOS FENÔMENOS INVESTIGADOS;
por meio do levantamento bibliográfico, objetivamos compreender a
trajetória percorrida pelos itens Bem e Bom com base nas mais diversas
gramáticas da Língua Portuguesa.
A Descrição de Bem e Bom segundo:
a) as Gramáticas normativas;
b) as Gramáticas descritivas;
d) a Gramática Histórica;
e) os dicionários.
Aurélio (2010) e Houaiss e villar
(2009).
NORMATIVAS

Bechara (1999);
Cunha e Cintra (2008) E; Lima
(2011).
GRAMÁTICAS
DICIONÁRIOS
Perini (2010),
Bagno (2012),
Neves (2011) e Castilho (2010)

HISTÓRICA
DESCRITIVAS

SAID ALI (1971)


ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
O suporte teórico que embasará este trabalho será o
Sociofuncionalismo, bem como a Teoria da Variação e Mudança
Linguística, proposta por William Labov, enfocando o processo de
Gramaticalização dos itens a serem analisados.

Teoria Funcionalista e Gramaticalização propostas por Talmy


Givón (1995), Traugott e Heine (1991 e 1993), Antoine Meillet
(1965);
Teoria da Mudança Linguística proposta por Weinreich, Labov
e Herzog (1968);
FUNCIONALISMO NORTE-AMERICANO
(1970)
Tendência Funcionalista: Franz Boas, Edward Sapir,
Benjamim Lee Whorf e Dwigh Bolinger;

Principais representantes: Talmy Givón, Paul Hopper, Sandra


Trompson, Wallace Chate, Elizabeth Traugott, entre outros.
o trabalho também estará Amparado na perspectiva teórica do
Funcionalismo Linguístico de cunho norte-americano, conforme Heine
et al (1991), Heine (2013), Hopper (1987;1991), Hopper e Traugott (2003);
Traugott & Heine (1991), Givón (1995; 2001; 2018), Traugott (1995), Martelotta
et al. (1996; 2012; 2015), Bybee (2003; 2016; 2020), Cunha et al. (2003),

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS EM UMA


INTERFACE SOCIOFUNCIONALISTA propostas por
Görski (2015/2016/2017/2020).
FUNCIONALISMO LINGUÍSTICO
Segundo Cunha (2008, p.114) o funcionalismo é uma corrente
linguística que, em oposição ao estruturalismo e ao
gerativismo, se preocupa em estudar a relação entre a
estrutura gramatical das línguas e os diferentes contextos
comunicativos de uso.

estruturalismo gerativismo
FACULDADE DA
LINGUAGEM
Componente universal e inato do
ser humano.
FUNCIONALISMO
NORTE-AMERICANO (1970)
A linguística centrada no uso ou cognitivo-funcional.
Segundo Neves (2010) citada pela Professora Silvana
Militão "a vertente funcionalista norte-americana vai
considerar a relação sistema linguístico e estrutura
cognitiva do usuário, sem conceber um modelo
cognitivista de gramática;
Explicar a língua como base no contexto linguístico e na
situação extralinguística.

os funcionalistas concebem a linguagem,


portanto, como um instrumento de interação
social, alinhando-se à tendência que analisa a
relação entre linguagem e sociedade. Seu
interesse de investigação linguística vai além da
estrutura gramatical, buscando na situação
comunicativa (que envolve os interlocutores,
seus propósitos e o contexto discursivo) a
motivação, conforme a autora, para os fatos da
língua.

CUNHA (2008)
“UM DOS PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA LINGUÍSTICA FUNCIONAL
É A IDEIA DE QUE A ESTRUTURA LINGUÍSTICA ESTÁ
INTIMAMENTE RELACIONADA ÀS FUNÇÕES A QUE ELA PRESTA
NA INTERAÇÃO DISCURSIVA, ALÉM DE SER SENSÍVEL A
NECESSIDADES COGNITIVAS”.

(OLIVEIRA E CESARIO, 2016, P. 91).


Para Silva e Souza (2007, p. 270) a língua não está deslocada da
sociedade, a sua realização é decorrente de um contexto de
produção e a sua força simbólica se materializa a partir da força
do grupo social que a produz. Pensando neste viés pode-se dizer
que a língua sempre estará vinculada as relações sociais, ao
conjunto, a sociedade.
Isso significa que a língua é o que é
em decorrência do que é feito dela
nos processos interativos. Nessa
direção, o estudo de um dado
fenômeno linguístico sob o olhar
funcionalista implica considerar a
língua em funcionamento.
Portanto o funcionalismo
estuda as capacidades
linguísticas e
comunicativas
(competência de adequar a
língua - formulação de
textos) aos contextos de
produção.
SOCIOFUNCIONALISMO
Desde o final dos anos 80, a orientação de pesquisa denominada
“sociofuncionalismo” vem se dedicando à investigação de fenômenos de
variação e de mudança linguística. Essa orientação de pesquisa busca
articular, para a análise e a explicação desses fenômenos, pressupostos
teórico-metodológicos da sociolinguística variacionista e do funcionalismo
linguístico norte-americano ou, em sua denominação mais recente, linguística
baseada no uso. (TAVARES, 2013)
CASAMENTO
LINGUÍSTICO ENTRE O
FUNCIONALISMO E O
SOCIOLINGUÍSTICA
O SOCIOFUNCIONALISMO
Alguns autores que abordaram o Sociofuncionalismo:
(TAVARES, 2003; 2013; MAY, 2009; GÖRSKY; TAVARES, 2013; TAVARES;
GÖRSKY, 2015; CEZARIO; MARQUES; ABRAÇADO, 2016)

Em busca da articulação teórica sociofuncionalista, as autoras defendem


que William Labov usa o termo “gramática” num sentido amplo,
incluindo fonologia, léxico e organização semântica, o que indicaria ser
possível trabalhar a variação além do nível linguístico, incluindo,
portanto, fenômenos variáveis de natureza funcional.

Na verdade, as autoras apontam que há a necessidade de


fazer algumas opções metodológicas e teóricas,
“sinalizando”, ora mais para um caminho, ora mais para
outro e não apenas “somando” as duas teorias.
METODOLOGIA DO TRABALHO
Este trabalho consiste em uma pesquisa quali-quantitativa de base
empírica;
Na análise qualitativa, procedemos ao levantamento de todas as
ocorrências de "Bem e Bom" e as funções que os itens desempenham na
amostra escrita e nos discursos orais dos falantes de Chapecó - SC.
Já na análise quantitativa, consideramos a frequência e o percentual
de uso dos itens nas duas amostras investigadas.
METODOLOGIA DO TRABALHO
A análise qualitativa será utilizada principalmente para
sistematizar a funcionalidade dos itens em estudo nos
discursos orais dos falantes chapecoenses. Enquanto que
a análise quantitativa será de fundamental importância a
fim de identificar se os fatores sociais e linguísticos
condicionam ou não os contextos de uso de um ou outro
item.
CORPUS
amostra falada:
SERÃO UTILIZADOS OS dados do corpus do Projeto de Pesquisa “Variação e Mudança
Linguística no Português do Oeste de Santa Catarina (VMPOSC)", vinculado à linha
de pesquisa Diversidade e Mudança Linguística do Programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu em Estudos Linguísticos (PPGEL) DA UFFS;
O CORPUS É CONSTITUÍDO POR 32 ENTREVISTAS SOCIOLINGUÍSTICAS com informantes da
zona urbana de Chapecó – SC, seguindo os preceitos da teoria variacionista de
Willian Labov e estratificadas de acordo com as variáveis sociais (escolaridade,
idade e sexo).
O critério para seleção dos informantes será adaptado do Banco de Dados do
Projeto Varsul, que considerou grupos étnicos, nível de escolaridade, idade e
sexo dos indivíduos.
AMOSTRA ESCRITA
PRETENDE-SE analisaR as cartas do ACERVO DA família do coronel bertaso;
Há poucos anos a família Bertaso doou para o CEOM (Centro de Memória do Oeste de
Santa Catarina), grande parte de seu acervo. Esse acervo familiar foi tombado pelo
município de Chapecó em 09 de agosto de 1993.
PARA ESTE TRABALHO nos interessa um conjunto de correspondências familiares,
principalmente trocadas entre os filhos Elza Bertaso e Serafim Bertaso com seus pais
durante o período de formação escolar quando viveram longe da família.As cartas
enviadas no período de 1914 a 1935 permitem analisar a construção e formação da
família de elite, a prática de escrita infantil e vida escolar para crianças de certa
elite.
ETAPAS SEGUINTES DO TRABALHO

1. COLETA E TRATAMENTO DOS


DADOS;
2. TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS
DADOS: R STUDIO.
REFERÊNCIAS
COELHO, I. L. et al. Sociolinguística. Florianópolis: 2012.
GÖRSKI, Edair Maria; TAVARES, Maria Alice. Reflexões teórico-metodológicas a respeito de uma interface sociofuncionalista. Revista do GELNE, v. 15, n. 1/2, p. 79-101,
2013.
FREITAG, R.M.K. Marcadores discursivos não são vícios de linguagem. In: Interdisciplinar, v. 4, n. 4, p. 22-43, Jul/Dez de 2007.
FARACO, Carlos Emílio. Gramática. São Paulo: Editora Ática, 2001.
ILARI, R. et al. Considerações sobre a posição dos advérbios. In: CASTILHO, A. T. de (Org.). Gramática do Português Falado: Volume I: A ordem. 4. ed. São Paulo:
Editora da Unicamp, 2002. p. 53-120
LABOV, W. Padrões sociolingüísticos. Tradução de: Marcos Bagno, Maria Marta P. Scherre e Caroline R. Cardoso. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. Original em
inglês.
MACEDO, A.T; SILVA, G.M.O. Análise sociolinguística de alguns marcadores conversacionais. In: MACEDO, A.; RONCARATI, C.; MOLLICA, M.C. (Orgs.). Revista Tempo
Brasileiro, 1989. p. 11-49.
NARO, A. J. Variação e funcionalidade. In: Revista Estudos Linguísticos. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 1998. v. 7, n. 2, p. 109-120, jul.
/dez.1998.
Risso, M. S. Aspectos textuais-interativos dos marcadores discursivos de abertura Bom, Bem, Olha, Ah, no português culto falado.In: NEVES, Maria Helena Moura.
Gramática do português falado. Volume VII Campinas: Ed. da UNICAMP/ FAPESP, 1999, pp. 259-296.
ROST, C.A. Olha e Veja:multifuncionalidade e variação. 2002. 159 f. Dissertação - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, 2002.
ROST-SNICHELOTTO, C.A. Olha e Vê: caminhos que se entrecruzam. 2009. 159 f. Dissertação - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, 2009.
TARALLO, F.L. A pesquisa sociolinguística. 8.ed. São Paulo: Ática, 2007. 95 p.
TAVARES, M.A. Sociofuncionalismo:um duplo olha sobre a variação e a mudança linguística. In: Interdisciplinar – Edição Especial ABRALIN/SE, Itabaiana/SE, Ano VIII, v.
17, jan. jun. 2013.
URBANO, H. Marcadores conversacionais.In: PRETI, D.(Org.). Análise de textos orais. São Paulo: Humanitas, 1997, v. I, p. 81-101.
TAGLIAMONTE, S.A. Analysing Sociolinguistic Variation. Cambridge: Cambridge University Press, 2006, p. 37-49.
VARSUL. Variação Linguística na Região Sul do Brasil. Disponível em <http://www.varsul.org.br/>. Acesso em 05 de agosto de 2015.
Projeto “Como o brasileiro acha que fala?Estudos contrastivos de variação e identidade no português falado no Brasil”.

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