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Anatomia e Vias de

Acesso do Sistema
Vascular

Elaborado por João Pedro Moraes Rodrigues

LICIVASC 2020
Anatomia e Vias de Acesso do Sistema Vascular

Anatomia do Sistema Vascular

Coração

O coração é a bomba que ejeta sangue pelo sistema circulatório. Essa máquina
formada por músculos bombeia sangue pelos vasos sanguíneos, o que proporciona
a chegada de nutrientes e oxigênio para os tecidos do corpo. Sua maior parte
localiza-se no lado esquerdo do corpo e apresenta um formato cônico, tendo um
ápice (parte pontiaguda inferior) e uma base (parte superior). O lado direito do
coração bombeia sangue para os pulmões, onde haverá a hematose e a oxigenação
do sangue. Já o lado esquerdo, bombeia para a circulação sistêmica, que irrigará os
tecidos e órgãos.

(Figura 1)
Localiza-se na caixa torácica, mais especificamente no mediastino, uma região
anatômica compreendida da primeira costela até ao diafragma, do esterno até a
coluna vertebral, e entre os pulmões.

(Figura 2)
O mediastino se divide em duas partes: superior e inferior. O mediastino superior é
limitad entre a primeira costela e o plano transverso do tórax, uma linha virtual que
vai do ângulo esternal ao disco intervertebral entre a quarta e a quinta vértebra
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torácica. O mediastino inferior, por sua vez, vai desse plano transverso ao
diafragma. Entretanto, a parte inferior é subdividida em três: anterior, médio e
posterior. O mediastino médio compreende a região ocupada pelo pericárdio e o
coração. O anterior se limita entre o esterno e o mediastino médio. Já o mediastino
posterior se localiza entre mediastino médio e a coluna vertebral.
O coração é envolto por uma membrana que o delimita no mediastino médio,
denominada pericárdio. O pericárdio é uma membrana fibroserosa que consiste em
duas camadas: uma fibrosa e outra serosa. O pericárdio fibroso é mais externo,
sendo constituído de um tecido mais denso e resistente. Ele se liga ao esterno por
meio dos ligamentos esternopericárdicos e é contínuo com o centro tendíneo do
diafragma. O pericárdio seroso é mais interno e delgado, sendo formada por uma
dupla camada que reveste o coração. A lâmina parietal do pericárdio seroso está
fixada na parte fibrosa, enquanto a lâmina visceral do pericárdio seroso, mais
interna, constitui uma das camadas do coração, sendo também chamada de
epicárdio (camada mais externa do coração). Entre essas duas lâminas existe um
pequeno espaço, denominado de cavidade pericárdica. Dentro desse espaço se
encontra o líquido pericárdico, cuja função é reduzir o atrito entre as camadas do
pericárdio quando ocorre a movimentação do coração.

(Figura 3)
A parede cardíaca é constituída por três partes: epicárdio (camada mais externa),
miocárdio (camada intermediária) e endocárdio (camada mais interna). No epicárdio,
também chamado de lâmina visceral do pericárdio seroso, passam os vasos
sanguíneos que irrigam o coração. O miocárdio é constituído de tecido muscular
estriado cardíaco, sendo responsável pela ação de bombeamento cardíaca. O
endocárdio, camada mais interna, é uma fina camada de tecido conjuntivo, que torna
a superfície interna mais lisa.
O coração possui quatro câmaras: átrios direito e esquerdo e ventrículos direito e
esquerdos. O sangue chega no coração pela veia cava superior e pela cava inferior,
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que desembocam no átrio direito. Do átrio direito o sangue passa para o ventrículo
direito. Entre essas duas câmaras há uma válvula atrioventricular responsável por
impedir que o sangue retorne do ventrículo para o átrio, chamada de tricúspide. Do
ventrículo direito o sangue passa para o tronco pulmonar através da valva do tronco
pulmonar. Esse tronco se divide em duas artérias esquerdas e duas artérias direita,
que levam o sangue para os pulmões, onde ocorre as trocas gasosas. O átrio
esquerdo recebe as veias pulmonares, que trazem sangue oxigenado dos pulmões
para o coração. Desse átrio, o sangue passa pela valva bicúspide ou mitral e chega
no ventrículo esquerdo, que possui as camadas mais espessas do coração. Essa
câmara ejeta sangue que passa pela valva da aorta e chega na artéria aorta, vaso
cujos ramos irrigam todo o corpo.

(Figura 4)
Como dito anteriormente, o coração possui valvas interventriculares responsáveis
por evitar o refluxo de sangue e proporcionar um sentido unidirecional do sangue. A
valva tricúspide, que fica entre o átrio direito e o ventrículo esquerdo, é formada por
três válvulas, também chamadas de cúspides. Essas válvulas estão ligadas a cordas
tendíneas, que, por sua vez, se conectam com os músculos papilares do ventrículo
direito. De forma semelhante a valva bicúspide também se conecta com cordas
tendíneas ligadas a músculos papilares, tendo como diferença o fato de
apresentarem apenas duas cúspides. Durante a diástole ventricular, as valvas estão
abertas, os músculos papilares relaxados e as cordas distendidas, o que possibilita
entrada se sangue para os ventrículos. Durante a sístole ventricular as valvas se
fecham, os músculos papilares contraem e as cordas tendíneas são tensionadas de
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forma a impedir o abaulamento excessivo da válvula e a regurgitação sanguínea


devido à pressão.
As valvas da aorta e do tronco pulmonar possuem três válvulas semilunares.
Durante a contração ventricular ocorre o aumento da pressão no interior dessas
câmaras e quando essa pressão se torna superior a pressão do interior desses
vasos, eles se abrem e ocorre a ejeção. Quando os ventrículos relaxam, o sangue
tende a fluir de volta ao coração, entretanto essas válvulas semilunares funcionam
como bolsas de sangue que se enchem de sangue e se fecham, impedindo esse
retorno.

(Figura 5)
Do sangue que cai nas bolsas semilunares há parte passa por seios valvares e vai
para as artérias coronárias, vasos responsáveis pela irrigação do coração. Do seio
valvar direito sai a artéria coronária direita, que emite ramos que vão para o átrio
direito, sendo um deles para a irrigação do nó sinoatrial, desce inferiormente à
aurícula direita seguindo no sulco coronário. Ela emite o ramo marginal direito, que
vai irrigar a margem direita, e segue pelo sulco até dar origem ao ramo
interventricular posterior. A artéria coronária esquerda surge do seio valvar
esquerdo, e segue pelo sulco coronário até se dividir do ramo interventricular
anterior e no ramo circunflexo. A artéria interventricular anterior segue pelo sulco
interventricular até o ápice do coração, enquanto a artéria circunflexa segue pelo
sulco coronário pela margem esquerda e nesse trajeto dá o ramo marginal esquerdo
que supre o ventrículo esquerdo.
A drenagem venosa do coração é formada principalmente por vasos que vão para o
seio coronário, estrutura que drena para o átrio direito. As veias que desaguam
nesse seio são a veia cardíaca magna, que drena as regiões irrigadas pela artéria
coronária esquerda, a veia interventricular posterior, responsável por drenar a região
irrigada pela artéria interventricular posterior, a veia cardíaca parva, que segue no
sulco coronário pela margem direita em direção ao seio e drena átrio e ventrículo
direitos e as veias anteriores do ventrículo direito e a veia oblíqua do átrio direito.
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(Figura 6)

(Figura 7)
O fato de o coração possuir automaticidade na sua contração deve-se a um
complexo de estimulação cardíaca que promove a despolarização celular e a
condução do potencial de ação gerado. No átrio direito, existe um conjunto de
células cardíacas especializadas em despolarizarem automaticamente, chamado de
nó sinoatrial. Essa estrutura é o marca-passo do coração, pois inicia e controla o
ritmo do impulso para as contrações. O impulso gerado se propaga pelas células
cardíacas até atingir o nó atrioventricular. O nó AV passa o impulso para os
ventrículos através do fascículo atrioventricular, que se divide em ramos direitos e
esquerdos que descem pelo septo interventricular em direção ao ápice do coração.
Em seguida esses ramos se ramificam em ramos subendocárdicos (fibras de
purkinje) que conduzem o impulso rapidamente pelo ventrículo.
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(Figura 8)

Sistema Arterial

As artérias são vasos que levam sangue do coração para o corpo, tendo
comportamento centrífugo. Apresentam as mesmas camadas que as veias,
entretanto na porção da túnica média existe uma maior riqueza de fibras elásticas, o
que confere complacência e uma maior elasticidade para suportar as pressões
sanguíneas que advém da sístole ventricular. As arteríolas, artérias menores, levam
o fluxo sanguíneo para os capilares, onde ocorrerá a troca de substâncias.
A principal artéria do corpo, a aorta, sai do ventrículo esquerdo do coração,
posteriormente a saída do tronco pulmonar, e dá os ramos que conduzirão o sangue
para a circulação sistêmica. Ela se divide em três partes anatômicas: ascendente,
arco da aorta e descendente.

(Figura 9)
A aorta ascendente emerge do ventrículo esquerdo. Seus únicos ramos são as
artérias coronárias originadas nos seios da aorta, que promovem a vascularização
do coração. Essa parte começa a se curvar para a esquerda e posteriormente
formando o arco da aorta. Esse arco iniciasse-se posteriormente à 2ª articulação
esternocostal direita, curvando-se no sentido em sentido superior, posterior, para a
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esquerda e, depois, inferior. Essa descida vai até o nível do disco intervertebral entre
T4 e T5, de onde começa a porção descendente da aorta. A primeira parte da
porção descendente é a aorta torácica que segue no sentido superior-inferior. Ao
chegar na parte inferior do tórax, ela passa pelo hiato aórtico do diafragma para
formar a segunda parte da aorta descendente, chamada de aorta abdominal. Por
sua vez, ao chegar no nível da vértebra L4, a aorta abdominal se bifurca nas artérias
ilíacas comuns (esquerda e direita), que vão prover a vascularização da pelve e dos
membros inferiores.
Do arco da aorta, especificamente da parte superior, saem três ramos: o tronco
braquiocefálico, a artéria carótida comum esquerda e a artéria subclávia esquerda.
O tronco braquiocefálico é o primeiro a emergir do arco aórtico, originando-se
posteriormente ao manúbrio do esterno. Estende-se superiormente, curvando-se
para a direita e dividindo-se no nível da articulação esternoclavicular direita. Seus
ramos são a artéria carótida comum direita e a artéria subclávia direita.
O próximo vaso a emergir do arco é a artéria carótida comum esquerda, seguida da
saída da subclávia esquerda.
As artérias subclávias (direita e esquerda), são responsáveis pela vascularização
dos membros superiores. A subclávia emerge do tronco braquiocefálico e vai até a
margem inferior da primeira costela, dando origem a diversos ramos nesse caminho,
dentre os quais estão a artéria torácica interna, que irriga a parede torácica anterior
e a artéria vertebral, que ascende pelo pescoço nos forames transversos das
vértebras cervicais e vai se unir com a artéria vertebral do outro lado para formar a
artéria basilar, que emite ramos destinados a vascularização do encéfalo e do
cerebelo.
Ao passar da primeira costela, a subclávia passa a ser chamada de artéria axilar,
que irriga músculos do ombro e cíngulo dos membros superiores. Sua continuação é
chamada de artéria braquial, que segue medialmente ao bíceps e emite o ramo
chamado de artéria braquial profunda, que contorna o úmero na região do terço
médio, juntamente com o nervo radial. A artéria axilar, antes de dar origem a
braquial, emite os ramos cincunflexos anteriores e posteriores, que contornam o colo
do úmero e se anastomosam com ramos provenientes da braquial, o que pode
possibilitar uma circulação colateral no caso de lesão no início da artéria braquial.
No nível de inserção do tendão do bíceps, a braquial se divide em dois ramos: a
artéria radial e a artéria ulnar. O ramo radial se estende inferiormente ao longo do
antebraço e na parte do punho fica mais superficial, sendo facilmente palpável e
acessível para coleta de sangue arterial. O ramo ulnar segue seu caminho
juntamente com o nervo ulnar. A artéria braquial profunda se une com ramos
colaterais da artéria radial e os ramos colaterais ulnares da artéria braquial, que
ficam do lado medial do braço, se unem com os ramos recorrentes ulnares. Essas
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uniões e anastomoses formam uma rede arterial na região do cotovelo.

(Figura 10)

(Figura 11)
Tanto a artéria ulnar quanto a radial se ramificam na região do punho, dando origem
a ramos superficiais e profundos, que se anastomosam e formam os arcos palmares
da mão. O arco palmar superficial é formado pela continuação da artéria ulnar com
ramos superficiais da artéria radial. Esse arco dá origem às artérias digitais palmares
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comuns, que se dividem em artérias digitais palmares próprias. O arco palmar


profundo é formado por ramos profundos da ulnar e principalmente pelos da radial.
As artérias carótidas comuns (direita e esquerda) possuem um trajeto ascendente e
se ramificam no nível da proeminência laríngea em dois ramos de cada lado. Um
desses ramos, a artéria carótida externa, termina perto da articulação
temporomandibular, onde se ramifica em artéria maxilar e artéria temporal
superficial. Antes do seu fim, a carótida externa emite o ramo facial, responsável por
vascularizar a face, o ramo lingual, o ramo occipital, o auricular posterior e a artéria
laríngea ascendente. A artéria maxilar, um dos ramos finais da carótida externa, dá
ramos que irão vascularizar os processos alveolares e os músculos mastigadores.
Já o ramo temporal superficial possibilita a chegada de sangue para a parte frontal e
para a parietal da cabeça. O outro ramo direto da carótida comum é a artéria
carótida interna. Ela entra na cavidade craniana através do canal carótico do osso
temporal e divide-se em seus ramos terminais: art. Cerebral anterior e art. Cerebral
média. Esses dois ramos se anastomosam com as artérias cerebrais posteriores,
ramos da artéria basilar. Essa anatomose forma uma estrutura de vascularização na
base do cérebro chamada de polígono de Willis. Essa estrutura é responsável pela
vascularização do encéfalo.
A aorta torácica é continuação do arco aórtico, iniciando-se a partir do nível do disco
intervertebral entre T4 e T5, onde se encontra à esquerda da coluna vertebral. Na
medida que vai descendo, se dirige um pouco mais em direção à linha central. Ao
longo de seu trajeto emite ramos viscerais e parietais. Os viscerais são: artérias
bronquiais, que irrigam a árvore brônquica e os tecidos pulmonares ao redor,
artérias esofágicas, artérias pericárdicas, responsáveis por vascularizar o saco
pericárdico e artérias mediastinais, que vão para linfonodos da região. Os parietais:
artérias intercostais, que saem da parte posterior da aorta e vascularizam as
paredes do tórax, artéria subcostal e artérias frênicas superiores, que irrigam o
diafragma.
A aorta abdominal se inicia logo após a aorta torácica passar pelo hiato aórtico do
diafragma, indo do nível de T12 até a L4, onde ela se divide em artérias ilíacas
comuns (direita e esquerda). Ao longo do seu trajeto, emite diversos ramos, os quais
possuem um determinado comportamento: ramos anteriores saem ímpares e são
destinados a vascularização das vísceras, os laterais saem em números pares, e
também vão para vísceras, e os ramos posteriores saem em quantidade par, mas
são destinados a irrigação da parede abdominal.
Seus ramos anteriores são o tronco celíaco, que vasculariza regiões do intestino
anterior com os seus ramos, a artéria mesentérica superior, responsável por irrigar
pâncreas, duodeno, colo ascendente e colo transverso, e a artéria mesentérica
inferior, que irriga o colo descendente e o colo sigmoide.
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Dos ramos laterais ocorre a vascularização da glândula suprarrenal, dos rins e das
gônadas. Os ramos posteriores vascularizam as paredes abdominais, como é o casa
das artérias lombares. Outros ramos encontrados na aorta abdominal são as artérias
frênicas inferiores, que se dirigem para a parte inferior do diafragma.
A parte terminal da aorta abdominal acaba dividindo-se, no nível de L4, nas artérias
ilíaca comum direita e ilíaca comum esquerda. Estas seguem no sentido inferior e
lateral, dividindo-se em art. Ilíaca externa e art. Ilíaca interna, no nível da articulação
sacroilíaca. A externa destina-se a vascularização dos membros inferiores, enquanto
a interna dirige-se para a pelve, vascularizando tanto as paredes quanto as vísceras
dessa região.
As artérias ilíacas externas são maiores que as ilíacas internas e descem na
margem medial do músculo psoas maior. Ao passar pelo ligamento inguinal e entrar
na coxa são chamadas de artéria femoral. A femoral desce no sentido anteromedial,
seguindo em direção a extremidade distal da coxa. Nesse trajeto, ela passa,
juntamente com o nervo safeno pelo canal dos adutores, e termina na parte posterior
do joelho, na região da fossa poplítea, onde ela passa a ser chamada de artéria
poplítea. A poplítea dá ramos que vascularizam a articulação do joelho e músculos
ao seu redor. Na margem distal do musculo poplíteo, a artéria se bifurca em tibial
anterior e em um tronco que vai se dividir em tibial posterior e fibular. A artéria tibial
anterior passa por uma abertura na membrana interóssea e atinge a parte anterior
da perna, na qual ela caminha em direção ao pé, e nesse trajeto irriga tíbia, fíbula e
músculos anteriores. A tibial posterior desce caminhando mais medialmente e
posteriormente, vascularizando tíbia, fíbula e músculos posteriores. Ela passa por
trás do maléolo medial, sendo palpável nesse ponto, e curva-se em direção a face
plantar do pé. No nível do tornozelo, a tibial anterior se torna artéria dorsal do pé. A
dorsal do pé dá os ramos tarsais (medial e lateral) e a artéria arqueada. Da
arqueada saem as artérias metatarso dorsais, que dividem-se em artérias tarsais
dorsais que vão para os dedos. A vascularização da face plantar do pé se dá pela
ramificação da tibial posterior em artéria plantar medial e artéria plantar lateral. A
plantar lateral caminha lateralmente e se curva medialmente para formar o arco
plantar profundo, que é completado pela chegada da artéria plantar profunda, ramo
da dorsal do pé. Esse arco dá origem as metatarsais plantares, que dividem-se perto
das falanges para formar as artérias digitais plantares.
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(Figura 12)

(Figura 13)
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Sistema Venoso

As veias drenam o sangue dos tecidos e o leva em direção ao átrio direito do


coração, tendo trajeto centrípeto. Histologicamente, possuem as mesmas túnicas
que as artérias, entretanto existe o predomínio de tecido muscular liso na estrutura.
Além dessa diferença, o leito venoso é maior que o arterial, havendo um número de
veias maiores que de artérias. Outra diferença é que nas veia existem válvulas,
estruturas que impedem a volta do sangue. Nesse interim, existem 3 veias
sistêmicas, o seio coronário, a veia cava superior e a veia cava inferior , que
desembocam no átrio e proporcionam o retorno venoso.
A cava superior drena para a parte superior do átrio direito o sangue que vem da
cabeça, do pescoço, dos membros superiores e do tórax. Ela é formada pela união
da veia braquiocefállica do lado direito com a do lado esquerdo. A veia
braquiocefálica é formada pela união da veia jugular interna com a subclávia.
A veia jugular interna drena o sangue da cabeça e do pescoço, une-se com a
subclávia e forma a veia braquiocefálica. As veias que drenam o encéfalo
convergem para estruturas meníngeas denominadas seios venosos da dura-máter.
Esses seios recebem o sangue e conduzem até chegar no seio sigmoide. Esse, por
sua vez, atravessa o forame jugular na base do crânio, dando origem a veia jugular
interna. Além dessa drenagem, a região da cabeça e do pescoço possuem outras
veias: veias jugulares externas, veias jugulares anteriores e veias vertebrais.
A veia subclávia proporciona o retorno venoso dos membros superiores. Os
membros superiores possuem tanto veias superficiais quanto profundas, mas as
superficiais são as principais, pois são maiores e devolvem a maior parte do sangue
desses membros. As profundas se localizam abaixo da fáscia muscular, mais
profundamente, costumam acompanhar as artérias e recebem os mesmos nomes
das artérias que acompanham.
As veias radiais, pertencentes ao sistema profundo, são formadas dos arcos
venosos palmares profundos, drenando as faces laterais dos antebraços e
percorrendo juntamente com a artéria radial. As veias ulnares, que começam nos
arcos venosos superficiais e correm ao longo da face medial do antebraço, onde
estão próximas a artéria ulnar, no nível anterior da fossa cubital. Elas se unem e
formam as veias braquiais, que correm próximas a artéria braquial.
As veias braquiais, próximo ao nível do terço médio do úmero, se unem com a veia
basílica do sistema superficial para formar a veia axilar. A basílica é uma veia
superficial que se origina da rede venosa dorsal das mãos. Segue seu caminho de
forma posteromedial no antebraço. Ao atingirem o braço, passam a ser mais
profundas e se unem com a veia braquial para formar a veia axilar. Além da basílica,
o sistema superficial tem também a veia cefálica, que se origina das veias na face
dorsal da mão e arqueia-se ao redor do lado radial do antebraço, por onde seguem
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seu trajeto anterolateral. A cefálica percorre todo o membro superior e termina se


unindo diretamente com a veia axilar. A veia axilar, ao passar da primeira costela,
passa a ser chamada de veia subclávia, que se une com a jugular interna no nível
da extremidade esternal da clavícula.

(Figura 14)
Além da jugular interna e da subclávia, a cava superior também recebe sangue
venoso do sistema ázigo, um conjunto venoso que drena as paredes do tórax.
Esses vasos que drenam sangue de estruturas do tórax possuem conexões com a
veia cava inferior, condição importante que possibilita um caminho no caso de
obstrução da cava inferior. Nesse caso, o sangue que não passa pela obstrução
seria desviado para a veia ázigo, que levaria o sangue para a veia cava superior.
A veia cava inferior, outro sistema que leva o sangue para o átrio direito, recebe
sangue das regiões dos membros inferiores, da pelve e do abdômen. Possui uma
localização um pouco à direita da linha mediana. Ela é formada pela união das veias
ilíacas comuns (direita e esquerda), que se anastomosam na altura da vértebra L5.
No seu trajeto ascendente, a veia cava inferior recebe o sangue das veias gonadais
(testiculares ou ováricas), das veias renais, das veias suprarrenais, das veias
lombares e das veias hepáticas.
A veia ilíaca comum é formada pela união da veia ilíaca interna, que drena a região
pélvica, com a veia ilíaca externa, que recebe o sangue que vem do membro inferior.
Assim como nos membros superiores, os inferiores também apresentam veias
profundas, que acompanham artérias correspondentes, e veias superficiais. Há uma
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grande presença de válvulas nessas veias, tendo objetivo impedir que o sangue
venoso retorne.
Na vascularização do pé existe um arco venoso dorsal, do qual emergem as veias
tibiais anteriores. Elas ascendem profundamente, na face anterior da membrana
interóssea. Na parte superior da membrana, essas veias passam para a parte
posterior do membro para se unirem com as veias tibiais posteriores, formando a
veia poplítea. As veias tibiais posteriores são formadas pela união das veias plantar
medial e lateral, que emergem do arco venoso plantar profundo. Essa união
acontece próxima do maléolo medial e ascendem profundamente juntamente com a
artéria tibial posterior e o nervo tibial. Próximo ao topo da membrana interóssea
ocorre a união que forma as veia poplítea. Essa veia formada passa pela fossa
poplítea com a artéria poplítea e o nervo poplíteo, em seguida, atravessa o canal
dos adutores e chegam para a frente do joelho, se tornando veia femoral depois de
receber a veia safena parva. A veia femoral acompanha artéria femoral. Elas
ascendem profundamente e recebem as veias femorais profundas e a safena magna
antes de passar pelo ligamento inguinal. Ao passar pelo ligamento e entrar na região
abdominopélvica se tornam as veias ilíacas externas. Uma das veias superficial é a
veia safena parva, que começam na face lateral do arco venoso dorsal, passam pelo
maléolo lateral da fíbula, ascendem posteriormente e terminam drenando para a
artéria poplítea. A outra veia superficial é a veia safena magna, que começa na face
medial do arco venoso dorsal da perna, passa anteriormente pelo maléolo medial e
ascendem pelo subcutâneo até lançarem o sangue para a femoral na região
inguinal.

(Figura 15)
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(Figura 16)

Sistema Linfático

O sistema linfático diz respeito a um conjunto de estruturas, linfa, vasos linfáticos e


órgãos linfáticos, que desempenham funções especificas. Dentre as suas funções
estão a drenagem do excesso de líquido intersticial, o transporte de lipídios e
vitaminas lipossolúveis oriundos da dieta e a participação em respostas imunes. Nos
capilares sanguíneos o sangue extravasa para o espaço intercelular devido a
pressão hidrostática do bombeamento, entretanto, a reabsorção pelos vasos é
inferior a quantidade de plasma filtrado. Esse líquido que vaza é chamado de líquido
intersticial. Ele é absorvido por capilares linfáticos, vasos de fundo cego que ficam
entre as células, passa para os vasos linfáticos maiores e atinge os linfonodos,
estruturas linfáticas com a presença de células de defesa (linfócitos B e linfócitos T).
As células do capilar linfático estão unidos frouxamente, permitindo que o líquido
intersticial, por intermédio de uma diferença de pressão, passe para dentro do vaso,
no qual o líquido passará a ser chamado de linfa. Nos capilares linfáticos existem
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filamentos de ancoragem fixados nos tecidos adjacentes. Quando ocorre um edema,


aumento de líquido intersticial, esses filamentos de composição elástica são
puxados, o que aumenta ainda mais a abertura entre as células do vaso e possibilita
uma maior drenagem.
Os vasos linfáticos eferentes, que saem do linfonodo, de uma região se unem para
formar troncos linfáticos, vasos de maior calibre. Os troncos linfáticos são os
seguintes: troncos jugulares, que drenam cabeça e pescoço, troncos subclávios,
drenam membros superiores, troncos broncomediastinais, que recebem das paredes
do tórax, coração e pulmões, troncos intestinais, que recebem do estômago,
intestinos, fígado, baço e pâncreas, e troncos lombares, que recebem dos membros
inferiores, estruturas pélvicas, rins, suprarrenais e parede abdominal.
Do tronco linfático, a linfa passa para ductos, estrutura linfática que conduzirá a
drenagem para o sangue venoso. Existem dois ductos, o torácico e o linfático direito.
O torácico tem o maior comprimento dos dois e se inicia na cisterna do quilo,
encontrada anteriormente no nível da vértebra L2. Essa cisterna é uma dilatação
que recebe a linfa dos troncos lombares direito e esquerdo e do tronco intestinal.
Esse ducto ascende até próximo ao pescoço, onde também recebe a linfa
proveniente do tronco jugular esquerdo, do tronco subclávio esquerdo e do tronco
bronquiomediastinal esquerdo. Drena a linfa para o sistema venoso no encontro
entre veia subclávia esquerda e veia jugular interna esquerda. O ducto linfático
direito, de curto comprimento, recebe a linfa do tronco jugular direito, do tronco
subclávio direito e do tronco bronquiomediastinal direito. Esse ducto vai até a junção
entre a veia subclávia direita e a veia jugular interna direita.

Vias de acesso vascular

Definições e Tipos de Vias

Acesso vascular é a inserção de um cateter no espaço intravascular, com


posicionamento de sua ponta em localização central ou periférica. Dessa maneira,
ele pode ser classificado como venoso ou arterial e quanto ao sítio de punção pode
ser categorizado como superficial ou profundo. O acesso venoso diz respeito ao
procedimento de punção, seguido da colocação de um cateter no espaço
intravenoso, ou seja no sistema venoso. Essa colocação pode ser feita em um sítio
superficial, que introduz o cateter em veias superficiais, tais como a basílica e a
cefálica nos membros superiores, ou profundas, que atingiram as veias centrais, a
veia cava superior e a veia cava inferior. O acesso arterial corresponde ao
posicionamento de um cateter no sistema intra-arterial. A depender do cateter e do
local de acesso, tem-se diferentes funcionalidades, que deverão ser levadas em
consideração na escolha do método utilizado. Dentre as funções do acesso
Anatomia e Vias de Acesso do Sistema Vascular

vasculares, pode-se citar a infusão de medicamentos e fluídos para hidratação e


reposição de sangue, a coleta de sangue para exames de laboratório e doações de
sangue, a monitorização da pressão venosa central, da pressão venosa central e
continuamente da pressão arterial, a nutrição parenteral e outras aplicações.
Os acesos periféricos podem ser feitos utilizando diferentes modelos de cateter,
como os agulhados, os plásticos e os de rápida infusão central. Os acessos
periféricos como a utilização de cateteres agulhados ou plásticos são feitos com
Scalp ou abocath. O scalp é utilizado para infusões de curta duração e baixo
volumes em veias finas, evitando-se áreas de dobra pois o cateter é agulhado. A
punção é feita por visualização direta.Com esse acesso é possível a infusão de
medicamentos de curta duração ou coletas para exame laboratorial. Já o abocath é
um cateter plástico, possui um uso mais amplo e é mais versátil por possuir mais
pontos possíveis de punção. Pode ser usado para infusões de média duração (72-
96h), útil para a terapia intravenosas periférica contínua ou intermitente. A rápida
infusão venosa é feita em uma inserção periférica com cateter de grosso calibre, o
que permite um rápido fluxo de infusão. Ela é usada quando existe a necessidade
de ressuscitação volêmica agressiva. No caso de dificuldade de uma punção
periférica, pode-se realizar uma venodissecção, processo que consiste na
implantação de um cateter fazendo a dissecção de um vaso, geralmente a veia
basílica na face medial ou a veia safena magna próximo ao tornozelo, e em uma
venotomia, pela qual haverá a passagem do cateter.
Nos acessos centrais ocorre a punção direta de uma veia central. Pode ser feito na
veia jugular interna, na veia subclávia ou na veia femoral. Um tipo de cateter
utilizado nessas punções é o intracath. Com esse dispositivo a veia é puncionada
por uma agulha de longo calibre, por dentro da qual o cateter irá passar. Outra
maneira é a utilização de cateter que vai utilizar a técnica de punção à seldinger.
Essa técnica consiste na passagem de um fio através da agulha utilizada para a
punção e a extremidade desse fio é conduzida até a veia cava superior. Uma
vantagem dessa técnica é que ela permite a punção em um maior número de vias,
as quais serão utilizadas para se chegar até a um vaso central.
O acesso venoso central pela veia jugular externa é um dos que proporciona
melhores taxas de sucesso. Sua punção é feita tendo por base em critérios
anatômicos: identifica-se o ápice triângulo formado pelas duas cabeças do
esternocleidoocciptomatoideo (ECOM), sendo a clavícula a base. A veia jugular
interna corre a partir desse ápice e está lateralmente à artéria carótida. Faz-se a
punção próximo do ápice em um ângulo de 30 graus e apontando para o mamilo
ipsilateral. A desvantagem dessa abordagem deve-se à uma anatomia menos fixa.
Uma de suas possíveis complicações é a punção acidental de carótida ou de
traqueia.
O acesso pela subclávia pode ser feito de duas maneiras: supraclavicular ou
infraclavicular. O acesso abaixo da clavícula é feito rente a bordo inferior da
Anatomia e Vias de Acesso do Sistema Vascular

clavícula com a agulha sendo direcionada para a fúrcula esternal. A punção é feita
próximo do terço médio da clavícula e na região do triângulo deltopeitoral. A
abordagem supraclavicular é menos comum e feita na bissetriz do ângulo entre a
margem lateral do ECOM e a clavícula, apontando para o mamilo contralateral.
A cateterização pela via femoral é a menos realizada das três, pois existe uma maior
chance de complicações. Sua abordagem é feita localizando-se o pulso femoral na
região próxima do ligamento inguinal. A veia femoral que vai ser puncionada fica
medialmente à artéria. Uma das vantagens dessa abordagem é o fato de ela ser
relativamente superficial e de fácil acesso. Mas o local dificulta a obtenção e
manutenção de um curativo fixo e estéril. Possui a necessidade de cateteres mais
longos para se atingir a circulação central. Uma de suas complicações é o
hematoma de punção.
Os acessos artérias são utilizados para monitorização contínua da pressão arterial e
para coleta de amostras sanguíneas arteriais. A canulação arterial para mensuração
contínua da PA é de grande importância para pacientes com instabilidade
hemodinâmica e que necessitem de quantidades ajustáveis de medicamentos
vasoativos potentes. Os vasos arteriais periféricos mais utilizados comumente são
as artérias radiais , as pediosas e as femorais. As artérias radiais são as mais
utilizadas nesses procedimentos. Faz-se a punção da radial no antebraço não
dominante em um ângulo de 30 graus e quando houver retorno sanguíneo trocar a
inclinação para 10 graus. Em seguida avança-se o cateter sobre a agulha e coloca-
se uma tala sobre o local para evitar a perda do cateter. As complicações dessa
abordagem são as infecções e a isquemia.
Os cateteres possuem unidades de medida de calibre. Em uma delas, a Gauge,
quanto maior o valor, menor é o calibre do cateter. A outra unidade de medida é a
French. Nela, quanto maior o seu valor, maior é o calibre do cateter. É importante
compreender as diferenciações e as medidas de calibre pois há uma regra,
chamada lei de Pouseille, que determina que fluxo de determinado cateter é maior
em quando o calibre for maior e a extensão menor. Dessa maneira, quando se
pretende fazer uma rápida infusão em um vaso deve-se optar por cateteres de
grosso calibre e de pequena extensão.
Referências das imagens
Figuras 1, 3, 4, 5 e 14: Princípios de anatomia e fisiologia-Tortora. 14° Ed
Figuras 2, 6, 7, 8, 10 ,11, 12 , 13, 14 e 16: Anatomia Orientada para clínica-Moore.
7° Ed
Figuras 9 e 16: www.anatomiaonline.com

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