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26/11/2020 Política Nacional de Meio Ambiente e Instrumentos de Política Pública Ambiental

Lição 01

Política Nacional de Meio Ambiente


e Instrumentos de Política Pública
Ambiental
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

Começar a aula

1. Introdução
As primeiras manifestações de gestão ambiental, ou seja, de administração de recursos com fins de
obter uma relação positiva com meio ambiente, inicialmente, foram compreendidas como o esforço
para solucionar problemas de escassez de recursos apresentados, sobretudo, por ocasião da
Revolução Industrial. Porém, os problemas eram tratados de forma pontual, local, sem que
houvesse uma abordagem sistêmica e sistemática, contribuindo, assim, para o surgimento de uma
necessidade de gestão ambiental pública exercida pelo Estado.

Atualmente, a política ambiental tem sido um tema muito frequente em discussões tanto em nível
nacional, local, até em esferas maiores como aquelas que são exercidas dentro das relações de
comércio internacional. Isso ocorre, principalmente, quando se trata de relações entre países
industrializados e não industrializados, sendo aplicada comumente com a denominação de
“barreiras não tarifárias”.

A política ambiental pode, também, ser vista como um processo com passos encadeados, conjunto
de metas e instrumentos que visam reduzir os impactos negativos da ação humana sobre o meio
ambiente. Ela pode, segundo Matias-Pereira (2008), inserir tanto atores políticos que podem ser:
públicos (aqueles que representam nossos interesses no âmbito do Governo como políticos eleitos,
burocratas, etc.), privados (empresários, trabalhadores, etc.) ou nem públicos e nem privados,
como as organizações de terceiro setor que representam a sociedade civil.

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De qualquer forma, é através de sua aplicação que o governo determina como irá condicionar as
ações dos agentes, como nós. Ele utiliza a estrutura já existente, mas pode adequar seus objetivos,
escolher os instrumentos que irá utilizar, e assim, provocar as mudanças que deseja.

2. Meio ambiente
Ao falar em “Meio Ambiente”, na cabeça dos brasileiros, segundo a pesquisa de opinião realizada
pela Agência Nacional das Águas (ANA, 2006), surgem alguns itens relacionados ao tema. São eles:
“matas” (73%), “rios” (72%), “água” (70%) e “animais” (59%). Será que meio ambiente é isso? Nessa
mesma pesquisa, 67% relataram que o homem nunca deve interferir na natureza, pois ela é sagrada.
Será isso uma verdade? Qual a sua opinião?

Floresta Amazônica.

Então, o que é considerado meio ambiente? Essa resposta não é tão simples. Vamos analisar
algumas definições presentes na literatura.

Se fossemos consultar o Dicionário Aurélio on-line (2018, p.1), teríamos a seguinte definição para
meio ambiente: “Conjunto das condições biológicas, físicas e químicas nas quais os seres vivos se
desenvolvem”.

Já a Lei 6938/81, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), apresenta a definição
para meio ambiente como sendo: “o conjunto de condições, leis, influências e infraestrutura de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”
(BRASIL, 1981, p.1). Então, já temos, nessa definição, as palavras leis, influências e infraestruturas.

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A Constituição Federal Brasileira de 1988 (BRASIL, 1988, p.1) se preocupou com as questões
ambientais e trouxe no capítulo VI, art. 225 que: “todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para às presentes
e futuras gerações”.

Em 2002, a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) N° 306/2002


(BRASIL, 2002, p. 760) apresentou a definição de meio ambiente como: “[...] conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e
urbanística que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

Vimos pelo exposto que não existe uma definição perfeita e única para meio ambiente, pois ele é
dinâmico. O importante é ficar claro que meio ambiente não é só animais e plantas e que ele está
em constantes mudanças; meio ambiente também é cuidar e preservar para nossa geração e para a
geração futura; é dever de todos. Será que estamos cuidando bem do meio ambiente?

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Reflita: você já assistiu ao vídeo:  “Carta escrita no ano de 2070”? Se não, assista-o e veja o que a
negligência do ser “humano” promoveu na terra. Depois, reflita se é esse mundo que você quer
para você e para seus descendentes.

Carta do ano 2070 - Advertência à Humanidade - Preservação da Á…


Á…

Saiba Mais

Conheça um pouco mais sobre como as questões ambientais se desenvolveram por meio do texto
escrito pela ONU, acessando este link.

3. Política nacional de meio ambiente

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A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) foi instituída pela Lei nº 6.938 de 31 de agosto de
1981, portanto, precedeu à Constituição de 1988; a ela foi incorporada com sua promulgação e fez,
também, com que elevasse seus preceitos a nível Constitucional e, com isso, fizesse chegar os temas
pertinentes ao Meio Ambiente a todos os níveis da Administração Pública (FARIAS, 2019).

3.1. Princípios e objetivos


Além dos princípios e objetivos tratados pela PNMA, outros, como a criação do Sistema Nacional
do Meio Ambiente (SISNAMA), Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente e resoluções
do Conselho Nacional do Meio Ambiente e, dentro dele, a Avaliação de Impactos Ambientais
(AIA), o Estudo de impacto ambiental (EIA), o Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA), e o Licenciamento ambiental, também são regulados pela Lei nº 6.938/8 de 1981. Neste
Tópico, iremos tratar apenas dos princípios, objetivos e alguns dos assuntos pertinentes à PNMA.

Sendo assim, a PNMA elenca e descreve em seu artigo 2º os seguintes princípios:

“Artigo 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

I – Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente


como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o
uso coletivo;

II – Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

III – planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV – Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

V – Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI – Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso nacional e a


proteção dos recursos ambientais;

VII – Recuperação de áreas degradadas;

VIII – Proteção de áreas ameaçadas de degradação;

IX – Educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade,


objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente”.

É importante evidenciar que os objetivos gerais estão apresentados no caput do Artigo 2º acima.
Já os objetivos específicos estão elencados e disciplinados no artigo 4º da mesma Lei, em
que visará:

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“I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade


do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao


equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios;

III – ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas


ao uso e manejo de recursos ambientais;

IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnológicas nacionais orientadas para o uso


racional de recursos ambientais;

V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações


ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da
qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;

VI – à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à utilização racional e


disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propicio
à vida;

VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os


danos causados, e ao usuário da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos”.

Em 22 de fevereiro de 1989, regulamentado pela Lei nº 7.735, foi criado o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), uma autarquia vinculada ao
Ministério do Meio Ambiente (MMA), com função de executar a PNMA. Dentre as diversas
atribuições desse órgão, destacam-se a preservação e a conservação do patrimônio natural, exercer
o controle e fiscalização sobre o uso dos recursos naturais e atender às demandas de licenciamento
ambiental dos empreendimentos de sua competência.

Para saber mais!

Saiba mais sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, acessando este site.

4. Instrumentos de política pública


ambiental
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As políticas públicas ambientais são aplicadas para resolver os problemas ambientais ou manter
áreas do meio ambiente conservadas, preservadas ou até recuperá-las. Assim, ela provoca -
implícita ou explicitamente - uma mudança de comportamento dos agentes econômicos.

Como visto nos tópicos anteriores e abordada no item relacionado à Política Nacional de Meio
Ambiente, a legislação ambiental começou a dar os primeiros passos muito tardiamente, já que, até
a década de 70, a poluição ambiental era vista como um “mal necessário devendo ser aceita
pela sociedade em benefício do progresso” (MARCONDES, 2005, p. 131). Assim, escassez
de recursos, emissão de poluentes e deposição inadequada de resíduos de produção e
consumo eram vistos como consequências inevitáveis e, portanto, ‘normal’.

Nos anos 90, essa realidade já havia mudado e isso contribuiu para a necessidade de uma maior
sistematização de normas de conduta em relação ao meio ambiente (AZEVEDO, 2009, p. 26) com a
utilização de instrumentos de política pública ambiental para atender a objetivos explícitos
e/ou implícitos.

Os instrumentos explícitos atendem à necessidade de alcançar efeitos ambientais benéficos


específicos, por via direta, enquanto os implícitos o fazem por desdobramentos, ou seja, por
via indireta, já que não são utilizados para um fim específico (BARBIERI, 2012).

Considerando a forma de sua aplicação, os instrumentos ambientais podem ser agrupados em:

Gênero Espécies

Comando e controle • Padrão de emissão


(De regulação direta limita ou condiciona as liberdades • Padrão de qualidade
individuais em prol da sociedade toda.) • Padrão de desempenho
• Padrões tecnológicos
• Proibições e restrições sobre produção,
comercialização e uso de produtos e processos
• Licenciamento ambiental
• Zoneamento ambiental
• Estudo prévio de impacto ambiental

Econômico • Tributação sobre poluição


(Podem ser scais ou de mercado. In uenciam o • Tributação sobre uso de recursos naturais
comportamento de pessoas/organizações por meio de • Incentivos scais para reduzir emissões e
custos/benefícios.) conservar recursos (taxas e tarifas sobre usuário
ou produtos)
• Financiamentos em condições especiais
• Criação e sustentação de mercados de produtos
ambientalmente saudáveis
• Permissões negociáveis (licenças/compensação
de poluição)
• Sistema de depósito-retorno
• Poder de compra do Estado

Outros • Apoio ao desenvolvimento cientí co e


tecnológico
• Educação ambiental
• Unidades de conservação
• Informações ao público

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Instrumentos de Política Pública Ambiental – classificação e exemplos.


Fonte: Barbieri, 2012, p. 67.

A escolha dos instrumentos a serem aplicados, a forma e até o momento devem ser considerados na
sua escolha e tudo isso condiciona sua eficácia. Esta, portanto, não depende apenas do(s)
instrumento(s) escolhido(s), mas também do contexto socioeconômico e das circunstâncias de
como e onde é aplicado.

4.1. Instrumentos de comando e controle


Os instrumentos de comando e controle são aqueles que atuam na regulação direta do
comportamento do poluidor por parte das autoridades governamentais, “dando ordens” e
controlando para saber quem o fez, quanto fez e como fez.

Eles impõem modificações no comportamento dos agentes poluidores, segundo Almeida (1997, p.
2) e Barbieri (2012, p. 68) através de:

Estabelecimento de padrões de:

qualidade;
emissão;
desempenho;
tecnológicos;
poluição, para fontes específicas: limites para emissão de determinados poluentes, por
exemplo, de dióxido de enxofre.

Impõem também Controles:

de equipamentos que se tornam obrigatórios como filtros em chaminés;


de processos como a substituição de um gás de efeito aerossol por outro;
de produtos como a restrição à utilização de sacolas plásticas que não se degradem
espontaneamente ao ar livre;
de uso de recursos naturais, estabelecendo cotas não comercializáveis para sua extração, como
no caso do petróleo.

Da mesma forma, os Instrumentos de Comando e Controle determinam, segundo Almeida (1997, p.


2) e Barbieri (2012, p. 68), a Proibição total ou restrição de:

Produção/atividades a certos períodos do dia, áreas etc.;


Comercialização de produtos;
Uso de produtos;
Utilização de processos, por meio de:
Concessão de licenças (não comercializáveis) para instalação e funcionamento;

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Fixação de padrões de qualidade ambiental em áreas de grande concentração de poluentes;


Zoneamento, determinando onde e quando poderá ser realizado um processo como o de
circulação de automóveis em centros urbanos paulistas.

Instrumento de Comando e controle impõem o estabelecimento de padrões de emissão; e controle de equipamentos que
se tornam obrigatórios como filtros em chaminés.

A principal característica da política de “comando e controle” é que a mesma, em base legal, trata o
poluidor como “ecodelinquente” e, como tal, não lhe dá chance de escolha: ele tem que obedecer à
regra imposta; caso contrário, sujeita-se às penalidades em processos judiciais ou administrativos.
A aplicação de multas [e até prisão] em casos de não cumprimento da obrigação é bastante usual
(ALMEIDA ,1997, p. 3).

Várias são as críticas a favor e contra a utilização dos instrumentos de comando e controle, sendo
as principais aquelas que apontam as vantagens e desvantagens da utilização desses instrumentos.

Segundo Almeida (1997) e Barbieri (2012), podem ser apontados como vantagens:

não dão chance de escolha ao poluidor: ele tem que obedecer à regra imposta; caso contrário,
sujeita-se às multas e penalidades em processos judiciais ou administrativos;
elevada eficácia ecológica: uma vez fixada a norma, ela será cumprida;
a determinação de um padrão tecnológico é apresentada como uma vantagem no sentido de
nivelar a competição entre empresas, ‘puxando-as’ positivamente.

E como desvantagens:

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“Não dá chance de escolha ao poluidor, já que eles não têm liberdade para selecionar e
promover os ajustes que lhes convém, inviabilizando algumas atividades e encarecendo
produtos em curto prazo;
Alguns reclamam que “não é uma regra justa”, pois não leva em consideração as distintas
situações dos agentes individuais para cumprir a obrigação, como porte do negócio,
região, etc., principalmente, no caso de um país continental como o Brasil;
Não consideram as diferentes estruturas de custo dos agentes privados para a redução de
poluição;
Seus custos administrativos são muito altos, pois envolvem o estabelecimento de
normas/especificações tecnológicas por agências oficiais, bem como um forte esquema de
fiscalização;
Uma vez atingido o padrão ou que a licença seja concedida, o poluidor não é encorajado a
introduzir novos aprimoramentos tecnológicos (antipoluição);
Os padrões tecnológicos são difíceis de serem determinados: têm que estar disponíveis em
quantidade e preço (pois, se forem inacessíveis, não serão instalados); mas não podem ser
ultrapassados, pois não serão efetivos. Além disso, não podem ser traçados como o ‘estado-
da-arte’ e têm que sofrer revisões periódicas para não ficarem defasados;
Possuem custos muito altos para o governo;
Podem sofrer influência de determinados grupos de interesse”.

Em vez de multa, recuperação ambiental.

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4.2. Instrumentos fiscais e econômicos


São constituídos pelos fatores que podem afetar o cálculo de custos e benefícios do agente poluidor,
influenciando suas decisões, no sentido de induzir uma alteração no comportamento do poluidor a
fim de produzir uma melhoria na qualidade ambiental (ALMEIDA, 1997).

Almeida (1997, p. 4) se refere aos instrumentos econômicos da seguinte forma: “[...] tratam-se
de um mecanismo atrelado a um componente monetário, que age via preço (pelo uso
ou abuso do meio ambiente) e não via quantidade”. Ainda, segundo o mesmo autor, os
instrumentos econômicos baseiam-se na definição do valor “correto” de forma que ajuste os custos
aos benefícios, assim menciona: o “[...] agente poluidor, influenciando suas decisões, no
sentido de produzir uma melhoria na qualidade ambiental”.

São instrumentos econômicos:

a) “Taxas e Tarifas como:

Taxas sobre efluentes;


Taxas pagas pelo usuário em função de pagamentos pelos custos de tratamento de
recursos de uso público ou coletivo como de água e efluentes;
Taxas sobre produtos que geram poluição no momento da sua produção e/ou consumo
ou para os quais tenha sido implementado um sistema de remoção;
Taxas diferenciadas para preços mais favoráveis para produtos não ofensivos ao meio
ambiente e vice-versa;

b) Subsídios, que são formas de assistência financeira cujo objetivo é incentivar os


poluidores a reduzir os níveis de poluição. Os principais tipos são:

Subvenções: formas de assistência financeira não reembolsáveis oferecidas para


poluidores que se prontifiquem a implementar medidas para reduzir seus níveis de
poluição;
Empréstimos subsidiados: empréstimos a taxas de juros abaixo das de mercado
oferecidos a poluidores que adotem medidas antipoluição;
Incentivos fiscais: depreciação acelerada ou outras formas de isenção ou abatimentos
de impostos em caso de serem adotadas medidas antipoluição”.

Os instrumentos fiscais e econômicos apresentam as seguintes vantagens e desvantagens:

Vantagens:

“Permite flexibilidade ao poluidor, pois ele é livre para responder aos estímulos da
maneira e no tempo que melhor lhe convier economicamente;
A adesão é frequentemente maior, pois representa um menor custo para o poluidor”.

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Desvantagens:

“A fixação da taxa ideal é, na prática, uma ‘missão quase impossível’ pois exige o
conhecimento completo sobre o valor monetário do dano ambiental provocado por
unidade de poluição emitida - o custo econômico das externalidades – e os benefícios
econômico-sociais gerados;
A fixação das taxas pode ser feita de forma a atender interesses políticos de um mandato
de governo, pois, os governantes podem pressionar para que o valor das taxas seja
estabelecido “aos níveis que eles consideram suficiente para atingir seus objetivos
políticos”;
Transfere para o mercado um dever que é do Estado: o de estabelecer os níveis de poluição
aceitáveis, produzindo uma “mercantilização” do meio ambiente;
Os resultados esperados, às vezes, são superestimados”.

4.3. Instrumentos públicos de mercado


Embora tenham sido criados pelo governo e sejam administrados e regulados por ele, os
instrumentos públicos de mercado se efetuam por meio de transações entre agentes privados, mas
em um mercado regulado pelo governo.

São eles, segundo Almeida, (1997):

Permissões de emissões transferíveis, ou seja, licenças de poluição


comercializáveis que determinam uma quantidade, ou seja, um nível de poluição que deverá
permanecer estável;
Sistema depósito-retorno, que assegura a correta destinação do depósito;
Poder de compra do governo, para os casos em que o mercado ainda não existe para alguns
produtos;
Subsídios.

Destes, vamos nos ater às permissões de emissões transferíveis ou licenças de poluição


comercializáveis e os subsídios:

“As Licenças de Poluição Comercializáveis permitem aos agentes comprar ou vender direitos
(cotas) de poluição. Entretanto, a fim de não provocar discussões, outras denominações têm
sido utilizadas como: créditos ou certificados de redução de emissão (CRE), evitando a
insinuação de que as pessoas possam adquirir ‘direitos de poluir’”.

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Mas, de onde podem vir os créditos de carbono? Eles são o resultado de um projeto bem-sucedido
de sequestro de carbono. Mas, como “sequestra-se” (ou retira-se) um carbono (que é um gás
poluente lançado por indústrias, carros, excrementos de animais, etc. na forma combinada de CO2)
da atmosfera? Veja a seguir:

Por isso, a manutenção e recuperação das florestas têm sido consideradas assunto tão importante.
Mas, além do plantio de árvores para sequestrarem carbono, existem outras opções que
apresentam, como resultado, uma redução na emissão de carbono na atmosfera, como o
armazenamento do CO2 produzido pelo ser humano em camadas de carvão, campos de petróleo e
aquíferos salinos (armazenamento em formações geológicas).

A ilustração a seguir mostra uma crítica que nos leva a uma reflexão acerca da negociação de
créditos de carbono e quotas de poluição:

Crédito de Carbono.

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Sabia que você (empresa ou pessoa física) também pode participar deste mercado de redução de
carbono? Veja como neste link.

O subsídio é um pagamento de um valor ou taxa por parte do governo às empresas para incentivar
os poluidores a reduzir os níveis de poluição e incentivar a redução do custo de adoção de produção
mais limpa, produzindo abaixo de um determinado volume de produção e, portanto, reduzindo a
quantidade global de poluição produzida pela indústria (ALMEIDA, 1997).

Como vantagens e desvantagens dos instrumentos públicos de mercado abordados, é possível


apontar:

Vantagens:

“Quanto à licença de poluição comercializável: ele “[...] é o mais liberal dos instrumentos
econômicos de controle ambiental, pois a despeito da interferência do governo no
momento da sua alocação, a partir daí o poluidor tem flexibilidade para realizar ou não
melhorias ambientais, não precisando, inclusive, contribuir para os cofres públicos, como
ocorre com as taxas”.
Quanto à adoção de subsídios: mais rápida implementação de formas mais limpas de
produção”.

Como desvantagens, pode-se apontar:

“Criam barreiras à entrada, já que a concessão de licenças não comercializáveis tende a


perpetuar a estrutura de mercado existente;
Os níveis máximos de poluição tendem a se manter devido à acomodação dos agentes;
A poluição em alguns locais tende a ser maior;
Não incentiva reduções adicionais de poluição, uma vez que haja tecnologia disponível;
Não incentiva o desenvolvimento e a introdução de novas tecnologias de controle da
poluição;
O governo pode ter um ônus muito grande quando ainda não existe mercado para um
determinado produto”.

No caso dos subsídios, ao diminuir, no curto prazo, os custos médios das empresas que já fazem
parte da indústria, pode fazer com que estes custos fiquem abaixo do preço de mercado e atraiam
novas empresas para a indústria, o que, em longo prazo, se traduzirá num aumento da quantidade

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total de produção e de poluição da indústria, o que é exatamente o efeito contrário ao pretendido


pelo Governo (CHAVES, 2007).

5. Conclusão
Meio ambiente não é somente constituído por plantas e animais em harmonia, mas sim toda
relação que permite vida a todas as formas existentes no planeta. O meio ambiente equilibrado é
direito de todos e é essencial uma vida saudável. O que fazemos ao meio ambiente, estamos fazendo
a nós mesmo.

As condições ambientais têm piorado com o passar do tempo, pois os padrões de desenvolvimento
adotados pela sociedade não têm sido sustentáveis e a consequência é que a degradação
ambiental vem aumentando os problemas.

A intervenção do Governo por meio de uma estrutura torna-se necessária para reverter os
problemas ambientais que se avolumaram ao longo dos séculos, em decorrência da falha do
mercado em alocar, eficientemente, os recursos naturais. Por isso, a atuação do Estado no papel de
regulador é estratégica para defender interesses múltiplos da sociedade, investidores, empresas,
entre outros, estabelecendo negociação e regulação entre eles.

Um aspecto fundamental relacionado à escolha das políticas públicas ambientais diz respeito à
disposição da sociedade em ‘internalizar o custo ambiental’, ou seja, incorporar no preço dos
produtos e serviços a degradação ambiental, assumindo custos e impactos sobre preços, o que se
torna particularmente de difícil aceitação em países onde as condições socioeconômicas não são
favoráveis. Nesses casos, as principais formas de intervenção pública na área ambiental
caracterizam-se por medidas de comando e controle, apesar de também apresentarem
desvantagens e serem severamente criticadas.

6. Referências
ALMEIDA, L. T. O debate internacional sobre instrumentos de política ambiental e questões para o
Brasil. In: II Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (ECOECO) da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CPDA/UFRRJ) – Mesa 1. São Paulo (SP): 1997.
Disponível em: <//www.ecoeco.org.br/conteudo/publicacoes/encontros/ii_en/mesa1/3.pdf>.
Acesso em: 12 jan. 2019.

ANA. Caminho das águas. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2006.

AURELIO. Dicionário on line. 29 jul. 2018. Disponível em:


<https://dicionariodoaurelio.com/meio>. Acesso em: 30 out 2018.

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AZEVEDO, L. P. Instrumentos de política ambiental: uma abordagem para sua


integração na gestão ambiental empresarial no país. Dissertação (mestrado em
Administração) – Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy”, Escola de Ciências
Sociais e Aplicadas, 2009. Orientação da prof. Dra. Maria Gracidna de Carvalho Teixeira. Rio de
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