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SÉCULO DAS LUZES

O século XVIII, ou Século das Luzes, caracterizou-se por grande fermentação


intelectual, por conta da fértil produção dos pensadores iluministas.

Burguesia, enriquecida pelos resultados da Revolução Comercial, encontrava-se, no


entanto, onerada com a carga de impostos e, embora tendo ascendido
economicamente pela aliança com a realeza absolutista, ressentia-se do
mercantilismo, cada vez mais bloqueador da sua iniciativa.

Ilustração marcou presença inclusive em países como Prússia, Áustria, Rússia e


Portugal, nos quais persistia o absolutismo, então chamado de despotismo
esclarecido (ou ilustrado), porque os reis se faziam cercar por pensadores e
adotavam o discurso dos filósofos iluministas, procurando criar a imagem de
racionalidade e tolerância, o que dissimulava o caráter absoluto do poder.

Enquanto para o absolutismo clássico do século XVII a legitimidade do poder real se


fundava no direito divino dos reis — premissa que fora rechaçada pela política liberal
dos pensadores contratualistas —,os déspotas esclarecidos mantiveram o
absolutismo mas, pelo menos na aparência, desvestido de seu fundamento religioso:
o que se defendia era o poder absoluto fundado no direito natural e, portanto,
constituinte de um Estado leigo, secularizado, disposto a intervir em diversas áreas,
inclusive na educação, até então privilégio das instituições religiosas ou de
preceptores particulares.

Embora a escola fosse leiga na sua administração, continuava obrigatório o ensino


da religião católica e havia severo controle da Inquisição sobre a bibliografia
utilizada, rejeitando-se os “abomináveis princípios franceses”, sobretudo as ideias
republicanas que solapavam o Antigo Regime e, contra a fé tradicional, a religião
natural ou deísmo.

Voltaire dizia em uma carta ao rei da Prússia: “Vossa majestade prestará um serviço
imortal à humanidade se conseguir destruir essa infame superstição [a religião
cristã], não digo na canalha, indigna de ser esclarecida e para a qual todos os jugos
são bons, mas na gente de peso”.

Rousseau ocupa lugar de destaque na filosofia política — suas obras antecipam o


ideário da Revolução Francesa —, além de produzir uma teoria da educação que
não ficou restrita apenas ao século XVIII: seu pensamento constitui um marco na
pedagogia contemporânea.

Segundo a teoria de Rousseau, a vontade geral não se confunde com a vontade da


maioria, como o senso comum poderia pensar, porque as decisões não resultam da
somatória das vontades individuais, mas expressam o interesse comum, isto é, o
interesse de todos, como participantes da comunidade.

Da mesma maneira que, na esfera política, o cidadão elabora as leis da sociedade


democrática, também a educação deve buscar a espontaneidade original, livre da
escravidão aos hábitos exteriores, a fim de que o indivíduo seja dono de si mesmo,
agindo por interesses naturais e não por constrangimento exterior e artificial.

Ainda que fundadas as críticas ao caráter a-histórico dessa hipótese, ao otimismo


exagerado da ação da natureza e ao reduzido papel do preceptor, lembramos que
Rousseau é um opositor da educação do seu tempo, extremamente autoritária,
interessada em adaptar e adestrar a criança e que, ao contrário dele, se apoiava na
concepção de uma natureza humana má.

moral formal, constituída a partir do postulado da liberdade e baseada na autonomia,


exige a aprendizagem do controle do desejo pela disciplina, a fim de que a pessoa
atinja seu próprio governo e seja capaz de autodeterminação.

semelhança de Rousseau e Basedow, dos quais sofreu influência, Kant destaca os


aspectos morais sobre os intelectuais na formação dos jovens: “Mandamos, em
primeiro lugar, as crianças à escola, não na intenção de que nela aprendam alguma
coisa, mas a fim de que se habituem a observar pontualmente o que se lhes
ordene”.

Ao criticar os castigos corporais, os exercícios de memória e as práticas afetadas da


conversação em latim, Verney aborda temas relativos ao aprendizado da retórica, de
suas regras e a questões de estilo como veículos privilegiados de expressão do
discurso”.

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