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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUÍZ (A) DE DIREITO DO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE BALNEÁRIO PIÇARRAS/SC

EMERSON EUGÊNIO DALSENTER, brasileiro, separado, autô nomo, portador da CI/RG nº


2.613.746, inscrito no CPF sob o nº 824.641.709-68, residente e domiciliado na Rua 4200
- Dos Pinos, nº 777, Lote 21, Bairro Centro, Município de Balneá rio Piçarras/SC – CEP:

88.380-000; MARIA SIMONE DOMINGUES, brasileira, solteira, autô noma, CI/RG nº


5.062266894, inscrita no CPF sob o nº 922.158.230-20, residente e domiciliada na Rua
4200 - Dos Pinos, nº 777, Lote 20, Bairro Centro, Município de Balneá rio Piçarras/SC –
CEP: 88.380-000; ADIR WILLI RINTZEL, brasileiro, solteiro, pedreiro, CI/RG nº
1.716.810, inscrito no CPF sob o nº 621.194.869-72, residente e domiciliada na Rua 4200
- Dos Pinos, nº 790, Bairro Centro, Município de Balneá rio Piçarras/SC – CEP: 88.380-000,
por intermédio do seu procurador infra-assinado, vêm, honrosa e respeitosamente, a
presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO COLETIVA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA com PEDIDO DE


TUTELA DE URGÊNCIA
em face de CELESC DISTRIBUIÇÃO S/A., Empresa de Economia Mista Estadual,
concessioná ria do serviço pú blico de energia elétrica no Estado de Santa Catarina, inscrita
no CNPJ sob nº 08.336.783/0001-90, sediada na capital do Estado, na Avenida Itamarati,
160 , Bairro Itacorubi, Blocos A1, B1, B2, Município de Florianó polis/SC - CEP 88034-900,
email:celesc@celesc.com.br, e MUNICÍPIO DE BALNEÁRIO PIÇARRAS, Pessoa Jurídica de
direito pú blico interno, inscrito no CNPJ sob o nº 83.102.335/0001-48, a ser citada na
pessoa do Sr. Prefeito Municipal, com endereço na Av. Emanuel Pinto, nº 1655, Bairro
Centro, Município de Balneá rio Piçarras/SC - CEP 88380-000, com base nas razõ es de fato
e de direito a seguir expostas:

I - PRELIMINARMENTE

I.I Da Justiça Gratuita

Os Requerentes pleiteiam os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, assegurada pela Lei


1060/50 e pelos artigos. 98 e seguintes, do CPC/2015, tendo em vista nã o possuírem
condiçõ es de arcar com as despesas processuais, bem como, honorá rios advocatícios, sem
prejuízo de seu sustento e de sua família.

II - DOS FATOS

Todos os Requerentes residem em imó veis situados na Rua 4200 - Dos Pinos - Bairro
Centro, no Município de Balneá rio Piçarras/SC, há , pelo menos, 6 (seis) anos.

Apó s tornar o imó vel como sua moradia habitual, os Requerentes nã o conseguiram
realizar a ligaçã o de luz em suas residências, mesmo apó s diversas tentativas junto à
concessioná ria.

Tentaram de diversas formas junto aos Requeridos, informaram à s entidades tratar-se de


imó vel multifamiliar, contudo, os atendentes tanto no Pró -Cidadã o quanto da CELESC,
sequer geraram nú mero/guia de atendimento e/ou processo administrativo, alegando
nã o ser possível o pedido.
Ao buscar junto a cessioná ria de energia elétrica, soluçã o para o problema, foram
informados pelo Diretor da unidade que deveria realizar solicitaçã o junto a Prefeitura
Municipal, e, em caso positivo, efetuariam a ligaçã o da energia.

Assim, dirigiram-se até a Prefeitura Municipal de Balneá rio Piçarras e preencheram


formulá rio para ligaçã o de energia elétrica.

Ocorre que, a ré negou o pedido de ligaçã o sob o argumento de que os imó veis estariam
em á rea irregular, sendo que no referido local já ocorre o fornecimento de energia elétrica
em outras residências.

O Município tem a obrigaçã o de adequar o local, para que os moradores da regiã o possam
viver com segurança.

Assim, tendo em vista a flagrante ilegalidade da negativa de ligaçã o de energia, nã o resta


alternativa aos requerentes senã o recorrerem ao judiciá rio para que as rés sejam
compelidas a lhes fornecer esse serviço essencial para sua manutençã o.

Haja vista que a energia elétrica nas residências além de ser um serviço pú blico de cará ter
imprescindível, trata-se também de mecanismo de segurança pú blica, sendo que a
ausência de iluminaçã o nas ruas gera desconforto e insegurança para todos os habitantes
da regiã o. Durante a noite a rua é extremamente escura, o que causa medo aos
transeuntes e moradores, pois facilita a açã o de bandidos.

Ressalte-se que a rua onde os requerentes residem é uma á rea residencial, situaçã o há
muito tempo já consolidada. Ademais, outras residências daquela mesma rua
possuem o fornecimento de energia elétrica regular, até porque, essencial à vida
humana!

Portanto, a negativa de instalaçã o do serviço pú blico de fornecimento de energia elétrica


nã o pode subsistir, uma vez que outros moradores da referida rua possuem regular
fornecimento do serviço ora pleiteado, ferindo inclusive o princípio da isonomia que deve
reger as relaçõ es de consumo e as açõ es da administraçã o pú blica.

Frise-se que os requerentes residem no imó vel, com sua família, sendo indiscutível a
necessidade de fornecimento de energia elétrica nos dias de hoje. Destarte, ante a
negativa de fornecimento de luz pela via administrativa, assiste direito os requerentes de
buscar a tutela judicial para que seja determinada a instalaçã o do serviço pú blico de
fornecimento de energia elétrica, imediatamente, sob pena de multa diá ria a ser arbitrada
por esse D. Juízo, em caso de descumprimento.

Ressalte-se que a Celesc se negou a fornecer o serviço, bem como, de receber qualquer
requerimento dos requerentes, sob a justificativa de que estes nã o possuem situaçã o
regular.

É importante salientar que todos os requerentes estã o com seus imó veis em fase de
regularizaçã o, através da usucapiã o, sendo o Sr. Emerson sob o nú mero 5003764-
18.2020.8.24.0048, a Sra. Maria sob o nú mero 5003766-85.2020.8.24.0048 e o Sr. Adir
sob o nú mero 5001479-52.2020.8.24.0048.

Por fim, que se impõ e a aplicaçã o dos preceitos do CDC, invertendo-se o ô nus da prova em
favor das requerentes, bem como, ao final, sejam as requeridas condenadas a indenizar os
danos morais impostos pelas requeridas e evidentemente sofridos pelos requerentes.

III - DO DIREITO

III.I - Aplicação da Legislação Consumerista e a Necessária Inversão do Ônus da

Prova

O serviço de energia elétrica é um serviço essencial para garantia dos direitos bá sicos dos
cidadã os. Trata-se de uma relaçã o consumerista, que deve ser apreciada à luz do Có digo
de Defesa do Consumidor por se adequarem com perfeiçã o aos conceitos legais de
consumidor e fornecedor, nos termos dos artigos 2° e 3° do CDC.
Essa legislaçã o visa a proteçã o aos direitos do consumidor, bem como disciplina as
relaçõ es e as responsabilidades entre o fornecedor com o consumidor final,
estabelecendo padrõ es de conduta, prazos e penalidades. O princípio norteador do direito
do consumidor, previsto no artigo 4º, I, do CDC, reconhece a existência de uma parte
vulnerá vel, o que é nitidamente o caso dos Requerentes e nos leva a indícios e presunçõ es
de hipossuficiência econô mica. Nesse contexto, é inegá vel a desigualdade material que
clama pela incidência do CDC.

Nesse passo, a inversã o do ô nus da prova, em favor dos consumidores, fundamenta-se na


aplicaçã o do princípio constitucional da isonomia, como parte visivelmente mais fraca e
vulnerá vel na relaçã o de consumo (CDC 4º, I), tem de ser tratado deforma diferente a fim
de que seja alcançada a igualdade real entre os participantes da relaçã o de consumo.

Conforme disposto no artigo 6º VIII, do CDC, in verbis:

Art. 6º Sã o direitos bá sicos do consumidor: [...] VIII – a


facilitaçã o da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversã o do ô nus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegaçã o ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordiná rias de experiências;

O Superior Tribunal de Justiça majoritariamente definiu tratar-se a distribuiçã o do ô nus


da prova, facilitada nos termos do inciso VIII, do artigo 6º do CDC, de regra d instruçã o, in
verbis:

"PROCESSUAL CIVIL. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉ TRICA.


INVERSÃ O DO Ô NUS DA PROVA. REGRA DEINSTRUÇÃ O. EXAME
ANTERIOR À PROLAÇÃ O DA SENTENÇA. PRECEDENTES DO STJ. A
jurisprudência desta Corte é no sentido de que a inversã o do ô nus
da prova prevista no art. 6º, VIII, do CDC, é regra de instruçã o e nã o
regra de julgamento, sendo que a decisã o que a determinar deve -
preferencialmente - ocorrer durante o saneamento do processo ou -
quando proferida em momento posterior - garantir a parte a quem
incumbia esse ô nus a oportunidade de apresentar suas provas.
Precedentes: REsp 1395254/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 15/10/2013, DJe 29/11/2013; E
REsp 422.778/SP, Rel. Ministro JOÃ O OTÁ VIO DE NORONHA, Rel.
p/ Acó rdã o Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃ O,
julgado em 29/02/2012, DJe 21/06/2012.2. Agravo regimental nã o
provido." (AgRg no REsp 1450473/SC, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 23/09/2014, DJe
30/09/2014).

Frente a esses argumentos, e por serem de ordem pú blica as normas protetivas do


consumidor (art. 5º, XXXII, CF), admite-se a aplicabilidade do Có digo de Defesa do
Consumidor a presente demanda.

III.II - Energia Elétrica como Direito Fundamental a uma Vida Digna

Com o advento da Constituiçã o Federal de 1988, o princípio da dignidade da pessoa


humana e do bem-estar social elevaram-se à categoria de princípios constitucionais (art.
1º, inciso III e art. 193), desta forma podemos concluir que o serviço de fornecimento de
energia elétrica, é ESSENCIAL e de obrigató ria prestaçã o pelo Estado, nã o podendo ser
suspenso, bem como a Administraçã o Pú blica nã o pode suprimi-lo por falta de
pagamento.

Ademais, há em tramitaçã o no Senado Federal a PEC n° 44/2017 que dispõ em acerca da


possibilidade de fornecimento de energia elétrica como um direito fundamental,
garantindo a dignidade humana, com acesso a diversos bens e serviços que a utilizam
como insumo para a satisfaçã o das necessidades mínimas no mundo contemporâ neo.

Conforme se demonstrará , nã o assiste razã o à s requeridas em negarem a instalaçã o do


serviço e o fornecimento de energia elétrica sob o argumento de que a rua em que se
localiza as unidades dos requerentes pertence a á rea irregular. Isso porque o
fornecimento de energia elétrica constitui serviço pú blico essencial e direito de todo o
cidadã o, nã o podendo ser negado o seu fornecimento unicamente sob o fundamento de
estar o imó vel situado em á rea irregular.

Constituindo o fornecimento de energia elétrica serviço pú blico essencial à vida e


consagrado o princípio da dignidade humana em nossa Constituiçã o, tal direito e serviço
nã o podem ser suprimidos dos requerentes, descabendo a negativa ao fornecimento do
referido serviço pú blico, à luz do inciso I do art. 10 da Lei 7.783/89:

Art. 10 Sã o considerados serviços ou atividades essenciais:

I - tratamento e abastecimento de á gua; produçã o e distribuiçã o de


energia elétrica, gá s e combustíveis; [...]

Ademais, nos termos dos artigos 2º, I, e 3º, d, III, da Lei n. 11.445/2007, que estabelece as
diretrizes nacionais para o saneamento bá sico, os serviços e políticas pú blicas pautam-se
pelo princípio da universalizaçã o do acesso, a qual consiste na ampliaçã o progressiva do
acesso de todos os domicílios ocupados ao saneamento bá sico. Da mesma forma, o art. 22
do CDC obriga à s Concessioná rias de serviços pú blicos ao fornecimento de serviços
adequados, eficientes, seguros e contínuos (este ú ltimo, diretamente relacionado aos
essenciais, no qual se inclui o serviço objeto da presente lide), in verbis:

Os ó rgã os pú blicos, por si ou suas empresas, concessioná rias,


permissioná rias ou sob qualquer outra forma de empreendimento,
sã o obrigados a fornecer serviços adequados, eficiente, seguros e,
quanto aos essenciais, contínuos.

A CF/88, no art. 196, estabelece que:

A saú de é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econô micas que visem à reduçã o do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitá rio à s
açõ es e serviços para sua promoçã o, proteçã o e recuperaçã o.
Cumpre registrar que a Portaria 03/1999 da Secretaria de Direito Econô mico do
Ministério da Justiça (publicada em 19-3-1999), reconheceu como serviço essencial o
fornecimento de á gua, energia elétrica e telefonia. Como serviço pú blico essencial, está ,
pois, subordinado ao princípio da continuidade, na forma do art. 22 do Có digo do
Consumidor, da mesma forma que o serviço de telefonia e á gua.

Importa assinalar que a presente medida judicial tem como objetivo a defesa de direito
bá sico do consumidor, a ser observado quando do fornecimento de produtos e serviços
(relaçã o de consumo), na forma como prescreve o art. 6.º, X, do CDC (adequada e eficaz
prestaçã o dos serviços pú blicos em geral), sem prejuízo da reparaçã o dos danos
provocados (a teor do art. 6.º, VI, do CDC, "a efetiva prevençã o e reparaçã o de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos"). O artigo 175 da Carta Magna, no
seu pará grafo ú nico, inciso IV, preconiza:

Incumbe ao Poder Pú blico, na forma de lei diretamente ou sob


regime de concessã o ou permissã o, sempre através de licitaçã o, a
prestaçã o de serviços pú blicos.

Pará grafo ú nico: A lei disporá sobre:

(...)

IV- a obrigaçã o de manter serviço adequado.

A Lei nº 8.987/95, que dispõ e sobre o regime de concessã o de serviços pú blicos,


estabelece no artigo 6º, que “toda concessã o ou permissã o pressupõ e a prestaçã o de
serviço adequado ao pleno atendimento aos usuá rios, afirmando no pará grafo 1º o
conceito de serviço adequado como sendo o que satisfaz à s condiçõ es de regularidade,
continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestaçã o e
modicidade das tarifas.

Registre-se que o artigo 4º, inciso VII, do Có digo de Defesa do Consumidor, imputa ao
Estado o dever da melhoria dos serviços pú blicos. Assim, deve a administraçã o pú blica
diretamente ou por terceiros (como o caso das concessioná rias de energia elétrica) zelar
nã o só pela implantaçã o, manutençã o e melhoria dos serviços pú blicos, o que nã o está
ocorrendo no presente caso, ao se negar o fornecimento de energia elétrica aos
requerentes.

Ora, repita-se, nã o se trata de á rea que foi recentemente ocupada, mas de regiã o que já se
encontra consolidada como zona urbana, havendo várias casas edificadas há anos. Ora,
em tais casos, como os dos requerentes, deve haver o sopesamento dos direitos em
conflito, prevalecendo o da dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da CF/88), da
razoabilidade e da proporcionalidade, garantidos constitucionalmente. Privar os
moradores destas localidades em detrimento de situaçã o fá tica consolidada há anos, é
apenas punir aqueles que à s duras penas e com muito esforço, batalharam para
conquistar sua moradia pró pria. De fato, inexiste qualquer ó bice formal à prestaçã o de
serviços de fornecimento de á gua e energia elétrica em assentamentos precá rios. Ao
contrá rio, a Lei Maior consigna a obrigaçã o da Uniã o, dos Estados e dos Municípios de
promover a “melhoria das condiçõ es habitacionais e de saneamento bá sico” (art. 23, IX).

Por sua vez, regulamentaçã o da matéria foi dada pela Resoluçã o Normativa n. 414/2010
da Agência Nacional de Energia Elétrica sobre Condiçõ es Gerais de Fornecimento de
Energia Elétrica, estabelecendo direitos e deveres dos consumidores. Explícito no sentido
de assegurar a universalizaçã o do atendimento, ainda que provisoriamente, para
unidades consumidoras localizadas em á reas nã o regularizadas, o referido diploma
destina atençã o especial à populaçã o de baixa renda:

Art. 52 - A distribuidora pode atender, em cará ter provisó rio,


unidades consumidoras de cará ter nã o permanente localizadas em
sua á rea de concessã o, sendo o atendimento condicionado à
solicitaçã o expressa do interessado à disponibilidade de energia e
potência.

(...)

§ 2° Para o atendimento de unidades consumidoras localizadas em


assentamentos irregulares ocupados predominantemente por
populaçã o de baixa renda, devem ser observadas as condiçõ es a
seguir:
I – deve ser realizado como forma de reduzir o risco de danos e
acidentes a pessoas, bens ou instalaçõ es do sistema elétrico e de
combater o uso irregular da energia elétrica;

II – a distribuidora executará as obras à s suas expensas, ressalvado


o disposto no § 8° do art. 47, devendo, preferencialmente,
disponibilizar aos consumidores opçõ es de padrõ es de entrada de
energia de baixo custo e de fá cil instalaçã o;

III – em locais que nã o ofereçam segurança à prestaçã o do serviço


pú blico de distribuiçã o de energia elétrica, a exemplo daqueles com
dificuldades para a realizaçã o de mediçã o regular, leitura ou
entrega de fatura, o atendimento à comunidade pode utilizar o
sistema de pré-pagamento da energia elétrica ou outra soluçã o
julgada necessá ria, mediante apresentaçã o das devidas
justificativas para avaliaçã o e autorizaçã o prévia da ANEEL; e

IV – existência de solicitaçã o ou anuência expressa do poder pú blico


competente.

A jurisprudência do TJSC em tais casos, tem se posicionado pelo atendimento do


fornecimento de energia:

“APELAÇÃ O CÍVEL. AÇÃ O DE OBRIGAÇÃ O DE FAZER. NEGATIVA A


PEDIDO DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉ TRICA. ALEGAÇÃ O
DE QUE O IMÓ VEL ENCONTRA-SE EM Á REA DE PRESERVAÇÃ O
PERMANENTE (APP). ZONA URBANA CONSOLIDADA. EXISTÊ NCIA
DE INSTALAÇÃ O ELÉ TRICA EM PROPRIEDADES VIZINHAS.
SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO. 'Na esteira do
entendimento firmado pelo Grupo de Câ maras de Direito Pú blico, é
desproporcional negar serviço público essencial a um único
consumidor em área ocupada de forma consolidada, em que os
demais moradores dispõem do acesso à energia elétrica'. (TJSC
- Agravo de Instrumento n. 2014.014050-3, de Jaguaruna, rel. Des.
CarlosAdilson Silva, j. em 26.8.2014)􀇳 (TJSC - AC n. 2015.023658-4,
rel. Des. Joã o Henrique Blasi, j. 2.6.15);
ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO .FORNECIMENTO
DE ENERGIA ELÉ TRICA NEGADO PELA EMPRESA
CONCESSIONÁ RIA. ALEGADA CONSTRUÇÃ O DA
RESIDÊ NCIAEMÁ REA DEAPP LOCALIDADE DENSAMENTE
POVOADA. OCUPAÇÃO CONSOLIDADA E URBANIZADA COM
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ESSENCIAIS. NEGATIVA DE
PRESTAÇÃODOSERVIÇOQUEDENOTA VIOLAÇÃOAOS PRINCÍPIO
DA PROPORCIONALIDADE, RAZOABILIDADE E DIGNIDADE DA
PESSOA HUMANA. DECISÃ O QUE INDEFERIU A LIMINAR
REFORMADA. RECURSO PROVIDO. Se a residência do agravante
encontrase em á rea densamente povoada e urbanizada, com a
devida prestaçã o dos serviços essenciais, em respeito aos
princípios constitucionais da proporcionalidade e dignidade da
pessoa humana, nã o há que se negar a prestaçã o do serviço pú blico
de energia elétrica." (TJSC - AI n. 2014.010667-3, rel. Des. Sérgio
Roberto Baasch Luz, j. 18.11.14).

No mesmo sentido, firmou-se majoritariamente a jurisprudência pá tria:

DIREITO PÚ BLICO NÃ O ESPECIFICADO. MUNICÍPIO DE PASSO


FUNDO. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉ TRICA, Á GUA POTÁ VEL
E SANEAMENTO BÁ SICO. ECONOMIA SITUADA EM Á REA VERDE.
OCUPAÇÃ O IRREGULAR. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA.
Mesmo estando a economia dos autores situada em á rea verde,
fruto de ocupaçã o irregular, é dever do Município e das
concessionárias dos serviços públicos garantir o fornecimento
de energia elétrica, água potável e saneamento básico a eles,
condicionado à contraprestação, em respeito ao princípio da
dignidade da vida e pessoa humana, até que os invasores ou
ocupantes irregulares sejam relocalizados para á rea pró pria,
destinada pela Administraçã o Pú blica. APELAÇÕ ES IMPROVIDAS.
SENTENÇA CONFIRMADA EM REEXAME NECESSÁ RIO. (Apelaçã o
Cível Nº 70022401905, Terceira Câ mara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Nelson Antô nio Monteiro Pacheco, Julgado em
04/12/2008). Monteiro Pacheco, Julgado em 04/12/2008).

MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO E


CONSTITUCIONAL. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉ TRICA.
PROPRIEDADE CONSTRUÍDA EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE. LOCAL OCUPADO POR DIVERSAS
CONSTRUÇÕES, EM QUE RESIDÊNCIASVIZINHAS CONTAM
COM O SERVIÇO DE NATUREZA ESSENCIAL. SITUAÇÃO
CONSOLIDADA. SUPRESSÃO DO SERVIÇO QUE DENOTA
VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE,
RAZOABILIDADE E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
TOLERÂ NCIA POR PARTE DO PODER PÚ BLICO EM RELAÇÃ O À
CONDIÇÃ O IRREGULAR DE OCUPAÇÃ O DA Á REA, QUE NÃ O SERÁ
SANADA PELA PRIVAÇÃ O DO SERVIÇO. SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO DESPROVIDO (Apelaçã o Cível em Mandado de Segurança
n. 2010.0468698, de Itajaí Relator: Desembargador Substituto
Ricardo Roesler, 31/08/2010).

Além disso, cobra regularmente imposto sobre a propriedade imóvel onde estão
edificadas as unidades dos requerentes.

Assim, no presente caso devem ser aplicados os princípios da proporcionalidade e


razoabilidade, prevalecendo o entendimento pelo acatamento do direito do autor,
evitando-se um sacrifício de um bem maior, a dignidade da pessoa humana,
consequentemente, evitando-se sançõ es injustas.

Volte-se a dizer que a administraçã o pú blica, por meio de concessioná ria já vem
prestando serviço essencial de abastecimento de á gua potá vel de forma regular no imó vel
dos requerentes, mas o mesmo nã o ocorre com a energia.
Por derradeiro, salienta-se que os requerentes nã o estã o litigando pelo fornecimento
gratuito de energia ou qualquer outro benefício, almeja, apenas, ter abastecimento de
energia elétrica individualizado com a contraprestaçã o devida, o qual se constitui um
serviço essencial e qualifica-se como direito fundamental.

III.III - Dos Danos Morais

No caso em tela, serviço pú blico essencial foi negado aos requerentes sob o argumento de
que a rua em que se localizam suas unidades, trata-se de á rea irregular. Entretanto, alguns
dos vizinhos da rua possuem normal fornecimento do serviço negado.

A defesa da preservaçã o da dignidade do indivíduo é amplamente protegida pela


legislaçã o pá tria. No caso em apreço, resta incontroverso o direito à indenizaçã o por
danos morais, em virtude da situaçã o precá ria, vexató ria e apreensã o causada aos
requerentes decorrente do nã o fornecimento de energia elétrica.

Ademais, a jurisprudência já se consolidou no sentido de que a nã o prestaçã o do serviço


de energia ou a falha na sua prestaçã o configura dano moral in re ipsa, conforme se
observa:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO.


CONTRATOS DE CONSUMO. NEGATIVA DE FORNECIMENTO DE ÁGUA.
LIGAÇÃO NOVA. ÁREA IRREGULAR CONSOLIDADA. VIZINHOS COM
FORNECIMENTO. DANO MORAL CARACTERIZADO. (...). (Apelaçã o Cível
Nº 70053101168, Primeira Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Carlos Roberto Lofego Canibal, Julgado em 17/12/2013) (TJ-RS -
AC: 70053101168 RS , Relator: Carlos Roberto Lofego Canibal, Data de
Julgamento: 17/12/2013, Primeira Câ mara Cível, Data de Publicaçã o:
Diá rio da Justiça do dia 31/01/2014).

A responsabilidade civil, no Direito Pá trio, repousa em três pressupostos inarredá veis:


a) O dano suportado pelo pretendente à indenizaçã o;

b) O ato culposo do agente;

c) O nexo causal entre o dano objeto de ressarcimento e a conduta culposa daquele a


quem se atribui a responsabilidade, ou de preposto deste. Comprovada a coexistência
desses tríplices requisitos, inarredá vel a obrigaçã o indenizató ria.

No caso em tela, temos que as requeridas foram as ú nicas responsá veis pela situaçã o
imposta aos requerentes, eis que negaram o mais bá sico dos serviços essenciais, e,
mesmo apó s as insistentes tentativas de tratativas de negociaçã o efetuadas pelo mesmo,
negaram soluçã o ao caso, causando desta forma transtornos, perturbaçõ es e
constrangimentos aos requerentes, situaçõ es estas jamais experimentadas antes.

Deve-se observar que a angú stia experimentada pelos requerentes foi causada ú nica e
exclusivamente, por irresponsabilidade e negligência das requeridas.

Destarte, expostas as razõ es fá ticas e jurídicas do pedido, é medida que se impõ e, e recai
sobre as requeridas a obrigaçã o de reparar o dano sofrido pelos requerentes.

III.III.1 Do Quantum Indenizatório

A dificuldade de se converter em um valor monetá rio o prejuízo sofrido nã o se restringe


exclusivamente ao dano moral. Jamais poder-se-á auferir, com exatidã o, o valor dos bens,
patrimoniais ou extrapatrimoniais que admitem reparabilidade pelo dano. Nem por isso,
pode o julgador deixar de estabelecer indenizaçã o por essas lesõ es, sob o argumento de
ser impossível fixar a sua exata correspondência monetá ria.

Uma exata reparaçã o do dano moral pode ser praticamente impossível, todavia, uma
compensaçã o pela via indireta do dinheiro, nã o o é.
Plenamente aplicada por nosso Tribunal, a Teoria do Valor do Desestímulo, pela qual, ao
fixar o valor do dano moral caberá ao magistrado analisar nã o só o potencial do dano, o
grau de culpabilidade, a hipossuficiência do consumidor, mas especialmente o poderio
econô mico do lesante, para que a sançã o atenda nã o apenas à reparaçã o do mal sofrido,
mas especialmente, ao cará ter punitivo, cujo fim é o de desestimular que se reiterem as
prá ticas lesivas.

Sendo assim, o valor da indenizaçã o nã o deve ser atrelado ao valor monetá rio do bem nã o
ofertado, mas sim, ao potencial lesivo das prá ticas de atendimento e condutas das
requeridas, que nã o se restringem aos requerentes, mas a todos os consumidores.
Quantos sã o lesados da mesma forma e jamais procuram o judiciá rio para exercer seus
direitos?

Abaixo, segue transcriçã o de um julgado do Egrégio Tribunal de Santa Catarina, onde este
entendimento é corroborado:

Quanto à quantificaçã o do dano moral, a Teoria do Valor


Desestímulo, afigura-se como a mais adequada e justa, pois ela
reconhece, de um lado a vulnerabilidade do Consumidor (art. 4º, I
do CDC) frente à posiçã o determinante do Fornecedor e, do outro, a
boa-fé e o equilíbrio necessá rios a esta relaçã o (art. 4º, III do CDC).
A aplicaçã o desta teoria consiste na atuaçã o preponderante do
julgador que, na determinaçã o do quantum compensató rio deverá
avaliar e considerar o potencial e a força econô mica do lesante,
fazendo uso da moderaçã o e bom senso. Tal mecâ nica no
estabelecimento do valor indenizató rio tem um sentido pedagó gico
e prá tico, pois o juiz ao decidir, considerando esses requisitos, está
de um lado reprovando efetivamente a conduta faltosa do lesante e,
do outro, desestimulando-o de nova pratica ilícita. (Apelaçã o Cível
n. 2011.075398-5, de Curitibanos - Relator: Juiz Saul Steil).

Destarte, considerando as peculiaridades do evento, requer se arbitre um valor


indenizató rio a título de danos morais, a critério de Vossa Excelência, que esteja de
acordo com o cará ter lesivo e punitivo, de forma que seja suficiente para satisfazer a dor
vislumbrada e desestimular e dissuadir as requeridas a cometer idêntico atentado, ao
qual se sugere um valor nã o inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) (ainda mais
considerando que será o montante repartido entre as requeridas, que possuem grande
poder econô mico), valor este compatível com o que vem sendo fixado em casos aná logos,
conforme abaixo se vê:

APELAÇÃ O CÍVEL. Compra e venda de imó vel. Loteamento


irregular. Condomínio edificado em á rea de preservaçã o da á rea de
expansã o. Inexistência da anuência dos poderes pú blicos e
edificaçã o ao arrepio das Leis. Ilicitude do objeto. Inadimplemento
contratual. Condomínio nã o implementado estruturalmente:
ausência do fornecimento de á gua, energia. Suspensã o do
pagamento das taxas condominiais devidas. Dano moral declinado.
Reduçã o do quantum indenizató rio de R$ 30.000,00 para R$
20.000,00. Inexistência na espécie de mero inadimplemento
contratual. Recurso conhecido e provido parcialmente. (TJSE - AC:
201400719168, Relator: MARIA APARECIDA SANTOS GAMA DA
SILVA, PRIMEIRA CÂ MARA CÍVEL, Data de Publicaçã o:
20/10/2014) (grifos acrescidos)

IV - DA NECESSIDADE DA CONCESSÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA

Com relaçã o a tutela de urgência, antigamente denominada tutela antecipada, nos ensina
o Mestre Luiz Guilherme Marinoni, em sua obra "A Antecipaçã o da Tutela na Reforma do
Processo Civil":

"A antecipaçã o fundada no artigo 273, inciso I, pode ser deferida,


pode ser concedida, antes de produzidas todas as provas tendentes
à demonstraçã o dos fatos constitutivos do direito, o que nã o
acontece no caso do mandado de segurança. A antecipaçã o é
fundada na probabilidade de que o direito afirmado, mais ainda nã o
provado, será demonstrado e declarado"
É possível a concessã o da tutela antecipató ria nã o só quando o dano é apenas temido, mas
igualmente quando o dano está sendo ou já foi produzido.

"A tutela pode ser prestada quando há receio de dano, mas também quando o dano está
sendo ou já foi produzido".

No presente caso, a medida ora pleiteada em cará ter liminar, reveste-se dos requisitos do
fumus boni iuris e do periculum in mora, de sorte que deve ser concedida de pronto, pois
somente assim logrará assegurar aos requerentes a tutela judicial necessá ria à
salvaguarda de seus direitos, eis que serviço pú blico de fornecimento de energia elétrica é
essencial à vida moderna e à efetivaçã o do princípio da dignidade humana estampado em
nossa Constituiçã o.

Nesse sentido, mutatis mutandis:

APELAÇÃ O CÍVEL. DIREITO PÚ BLICO. FORNECIMENTO DE Á GUA.


RESIDÊ NCIA EM LOTEAMENTO IRREGULAR. LIGAÇÃ O DE Á GUA
POTÁ VEL. POSSIBILIDADE NO CASO CONCRETO. O fornecimento
de água é serviço público essencial, o que leva a um aspecto
real e concreto de urgência, uma vez que ninguém sobrevive
sem água e, neste passo, não pode ser negado. É de se atentar,
também, ao princípio da dignidade da pessoa humana, carro-
chefe dos demais princípios que norteiam todas as regras. A
vida sem á gua é insubsistente, mormente porque o seu
fornecimento está a condicionar a pró pria saú de, aspecto que se
eleva para o patamar de interesse macro da vida em sociedade. Os
documentos dos autos evidenciam que a prefeitura autorizou o
desmembramento do terreno e a construçã o do imó vel, o que
indica nã o ser irregular. Ainda, o serviço é fornecido ao vizinho dos
apelados o que indica nã o haver ó bice no fornecimento do serviço.
Negado seguimento ao recurso de apelaçã o. (TJRS -
AC:02919325620158217000, Relator: JOÃ O BARCELOS DE SOUZA
JUNIOR, SEGUNDA CÂ MARA CÍVEL, Data de Publicaçã o:
15/09/2015).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. Açã o de indenizaçã o por danos morais
c/c antecipaçã o de tutela. Pleito de restabelecimento do
fornecimento de energia elétrica deferido pelo juiz a quo.
Manifestaçã o da Celesc no sentido de que nã o é possível a religaçã o,
porquanto o padrã o elétrico das instalaçõ es nã o estava de acordo
com as exigências legais. Comando judicial que determinou a
suspensã o da ordem anteriormente emanada. Reforma da decisã o.
Documentos que comprovam a existência do referido padrã o
técnico. Ademais, consumidores que não podem ser privados
do serviço essencial em questão. Recurso provido. (TJSC - AI:
20140079132, Relator: CESAR MIMOSO RUIZ ABREU, TERCEIRA
CÂ MARA DE DIREITO PÚ BLICO, Data de Publicaçã o: 01/12/2015)
(grifamos)

No caso em comento, o fumus boni juris está amplamente demonstrado pelas normas
acima transcritas, pelo princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, bem
como pelos fatos e provas colacionadas.

Quanto ao periculum in mora, este reside no fato de que a demora até que seja procedida a
citaçã o das requeridas e a apresentaçã o de suas defesas, farã o com que os requerentes e
seus familiares continuem impedidos de usufruir de um princípio bá sico assegurado em
nossa Carta Magna.

Quanto à existência do periculum in mora ensina o insigne Mestre Humberto Theodoro


Jú nior:

O perigo de dano refere-se, portanto, ao interesse processual em


obter uma justa composiçã o do litígio, seja em favor de uma ou de
outra parte, o que nã o poderá ser alcançado caso se concretize o
dano temido. Esse dano corresponde, assim, a uma alteraçã o na
situaçã o de fato existente ao tempo do estabelecimento da
controvérsia – ou seja, do surgimento da lide - que é ocorrência
anterior ao processo. (in Curso de Direito Processual Civil – Teoria
geral do direito processual civil, processo de conhecimento e
procedimento comum - vol. I. 58 ed. rev., atual. e ampl. - Rio de
Janeiro: Forense, 2017).

Portanto, comprovados o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora”, bem como,


inequívoca a prova da verossimilhança das alegaçõ es, deve ser deferida a antecipaçã o de
tutela pleiteada, para que seja determinado, “inaudita altera pars”, que se proceda à
imediata instalaçã o e fornecimento do serviço pú blico essencial de energia elétrica nas
unidades dos requerentes.

V - DOS PEDIDOS

Diante de todo o conteú do supra exposto e na melhor forma de direito, requerem,


LIMINARMENTE, o deferimento da tutela de urgência, ou apó s audiência de justificaçã o
prévia, conforme preceitua o artigo 300, § 2º, do CPC, para que as requeridas sejam
compelidas a IMEDIATAMENTE proceder a instalaçã o do serviço pú blico essencial de
fornecimento de energia elétrica nas unidades dos requerentes, sob pena de cominaçã o
de multa diá ria em caso de descumprimento, a qual deverá ser fixada por este D. Juízo
com base no princípio da razoabilidade.

Outrossim, requerem:

a) A concessã o dos benefícios da Justiça Gratuita, por se tratarem-se de pessoas que


nã o possuem condiçõ es de arcar com as custas processuais sem prejuízo de seu sustento
e de sua família;

b) A citaçã o das requeridas, nos endereços supramencionados, para, querendo,


responderem a presente açã o, sob pena de revelia e confissã o quanto à matéria de fato;

c) A intimaçã o do Ministério Pú blico;

d) A inversã o do ô nus da prova, conforme preceitua o artigo 6º, inc. VIII, do CDC, em
favor dos requerentes, devendo constar tal decisã o no mandado de citaçã o;
e) Em caso de eventual necessidade, seja oportunizado a produçã o de provas, sem
exceçã o, em direito admitidas, com a concessã o de prazo para arrolar testemunhas,
inclusive com o depoimento pessoal dos representantes das requeridas;

f) A TOTAL PROCEDÊ NCIA dos pedidos formulados na presente Açã o, com a


condenaçã o dos réus (Município de Balneá rio Piçarras e a CELESC) na obrigaçã o de fazer,
consistente na adoçã o das providências necessá rias para instalaçã o definitiva do serviço
pú blico essencial de energia elétrica, mediante a devida contraprestaçã o, bem como, a
condenaçã o das requeridas também ao pagamento de indenizaçã o pelo dano moral
sofrido pelos requerentes, em valor a ser arbitrado por este d. Juízo e ao pagamento das
custas processuais, honorá rios advocatícios e demais cominaçõ es de estilo.

Dá -se à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), para efeitos fiscais, considerando
a parte economicamente mensurá vel da demanda.

Termos em que,
Pede deferimento.

Penha/SC, 24 de março de 2021.

GUSTAVO MACHADO
OAB/SC 27.559

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