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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO - FaE


DEPARTAMENTO DE MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS DO ENSINO DE HISTÓRIA
PROF. NAYARA SILVA DE CARIE - PEDAGOGIA - TURMA J
ALUNA: Luíza Ferreira de Sousa

RESUMO DE UM TEXTO DA UNIDADE 2

Texto escolhido: FERMIANO, Maria de Belintane; SANTOS, Adriane S. dos. Ensino


de história para o fundamental 1: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2014, p.
29-78. Capítulo: O saber histórico e o ensino de História.

O texto de Fermiano e Santos apresenta reflexões teóricas e sugestões didáticas


para o ensino de história nos anos iniciais do Ensino Fundamental, com o objetivo
de ajudar os professores/as a fazer com que cada criança se aproprie, ao longo de
sua escolaridade, “de um repertório cultural que lhe permita compreender a história
da humanidade e também se perceber como parte dessa história” (Fermiano e
Santos, 2014, p. 30). As práticas mencionadas contemplam os dois principais e
indissociáveis objetivos do ensino de história nessa etapa do ensino. O primeiro é
desenvolver a noção de tempo histórico, partindo das concepções das crianças
sobre tempo e buscando trabalhar as noções de sucessão e duração; causalidade e
mudanças temporais; identidade; permanência e mudança; semelhança e diferença.
O outro objetivo do ensino de história é levar as crianças a conhecer determinados
instrumentos, conceitos e definições usados pelos historiadores, como o estudo do
meio e do patrimônio histórico, a história oral e a elaboração de entrevistas, a
pesquisa em documentos e a produção de representações.

As autoras também apresentam, com base nos PCN, a diferença entre saber
histórico e saber histórico escolar. Os historiadores fazem um trabalho árduo e
complexo de interrogar as fontes históricas e analisar as informações obtidas com
base na teoria para criar uma narrativa histórica coerente. Assim, não é objetivo da
escola reproduzir esse trabalho do historiador, mas sim reelaborá-lo, compreendê-lo
e produzir seus próprios documentos, narrativas e representações sociais.

Para isso, é fundamental desenvolver a noção de tempo histórico, que é entendido


como “um produto cultural forjado pelas necessidades concretas das sociedades,
historicamente situadas e, portanto, representa um conjunto complexo de vivências
humanas” (Fermiano e Santos, 2014, p. 31). Essa compreensão do tempo histórico
é um trabalho árduo que deve estar pautado ao longo de todo o Ensino
Fundamental e partir das concepções trazidas pelas crianças sobre o tempo. Essa
concepção de tempo, embora ele seja matematicamente mensurável, é subjetiva e
cultural, uma vez que o marco de referência é o observador e suas vivências. Por
isso, é defendido que

toda experiência que envolve oportunidades de ouvir narrativas pessoais


sobre outras épocas contribui para que a criança relacione os fatos de sua
própria vida com o passado não vivido por ela. (Fermiano e Santos, 2014, p.
33)

Assim, é importante que o ensino de história proporcione reflexões que levem às


crianças a perceberem que os acontecimentos externos não giram em torno de sua
própria vivência, apresentando diversas narrativas e temporalidades históricas.

As noções de sucessão e duração devem ser trabalhadas sistematicamente


pelos/as professores/as. A sucessão “é o que permite estabelecer a ordem com a
qual os fenômenos são verificados” e a duração “é a linha temporal que transcorre
do início até o final de uma experiência” (Fermiano e Santos, 2014, p. 37). Para
desenvolver essas ideias, as autoras sugerem que sejam realizadas a construção
de narrativas (orais ou escritas) sobre experiências passadas ou rotinas diárias; a
confecção de linhas do tempo, não como eram tradicionalmente realizadas na
escola, mas a partir da vivência das crianças: linhas do tempo de documentos, da
rotina diária, da família, da turma, de objetos diversos; a reflexão sobre o tempo a
partir de roupas, objetos ou quadros de diferentes épocas.

Outra noção fundamental para o aprendizado de história é a de causalidade e


mudança. Sua compreensão exige um grande esforço e investimento por parte do/a
professor/a, que deve criar situações em que as crianças aprendam a organizar
mentalmente as experiências e estabelecer relações de causa e efeito. Fermiano e
Santos sugerem o trabalho com literatura infantil, a classificação de objetos (antigos
e novos, em bom e em mau estado, úteis e inutilizáveis), a formação de um baú de
objetos históricos e a organização de uma exposição de museu. Organizar uma
exposição mobiliza diversos saberes e pode ser usada também para a
compreensão dos conceitos de semelhança e diferença, permanência e mudança.
O desenvolvimento dessa compreensão perpassa todo o Ensino Fundamental e
deve ser trabalhado sistematicamente ao longo dessa etapa.

Todas as propostas trazidas por Fermiano visam ao desenvolvimento do conceito de


tempo histórico, trabalhando as noções de sucessão e duração, causalidade e
mudanças, permanência e mudança, semelhança e diferença; e à compreensão do
trabalho do historiador, utilizando instrumentos como o estudo do meio e do
patrimônio histórico, a elaboração de entrevista, a pesquisa em documentos e a
produção de representações. Assim, esse material é de grande utilidade para
professores/as que busquem desenvolver um ensino de história com qualidade.

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