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coisas que nós não dissemos no jantar

não existe culpa sobre ombros que tentaram sobre amores que
não deram certo. por causa das circunstâncias — e são muitas —
da vida sobre pessoas que estão à procura de paz. não existe
culpa na partida daquele que você amava demais, tanto que era
capaz de desintegrar feito os átomos ainda não descobertos
dentro do universo da física. não existe culpa porque culpa é
algo pesado e você é leve, incrível e merece carregar sentimentos
bons, mansos e amenos. sua alma não foi feita pra nadar perdida
nesse mar sombrio, não. ela foi feita pra voar e ser livre visitar
países. adentar territórios. descobrir e ser descoberta.
mas, afinal, o que é dar certo? isso é você quem diz.
não existe culpa se teu amor é transcendental e acaba
ultrapassando a pele, o couro, a dicção. se teu amor invade tudo
e todos sem pedir licença. se teu amor abraça pessoas sem fé. se
teu amor furta sorrisos. se teu amor rouba espaços milimétricos
na cama. não há culpa se o amor acabar numa terça-feira
doentia do mês de janeiro. não haverá culpa se, ao sentar-se na
mesa pra tomar café, você perceber que não existe mais a
energia que os circuncidava. você vai respirar fundo, tomar seu
café, fazer as malas, chorar aturdida pela ideia da separação,
limpar o rosto com as costas das mãos, sair apressada de casa,
evaporar. a culpa não recairá sobre seus ombros na quarta-feira
seguinte. os cometas não se chocarão com a terra. tá tudo bem.
não existe culpa sobre aqueles que fogem de seus países. os que
se rebelam contra medidas pequenas de amores pequenos. os que
se perdem tentando encontrar alguma luz no final do túnel.
porque você achou uma salvação, mas há pessoas que ainda
vivem carregadas pela ideia de se abrigar em qualquer espaço e
lugar.

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