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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA REGIÃO TOCANTINA DO MARANHÃO

CURSO DE PEDAGOGIA – 7º PERÍODO


DISCIPLINA: História e Cultura dos Povos Indígenas
ACADÊMICAS: Lauanda Santos Sousa e Rebeca Vilhena Araújo Sousa

A história e cultura indígena ainda carrega muitos equívocos que resultam no


resumo dessa cultura como unificada, excluindo as diversas línguas, histórias e
povos existentes. Esses equívocos são carregados desde o início da história do
Brasil quando os portugueses chegaram, e, alguns livros didáticos consideram que
essa seja o descobrimento do Brasil, porém há estudos que comprovam que antes
dessa chegada já existiam cerca de 5 milhões de indígenas no território brasileiro,
com diversos povos e línguas (GOMES, 2012).
Consequentemente, carregamos esses ensinamentos por muito tempo,
trazendo uma imagem precipitada dos povos indígenas, como uma cultura
congelada, primitiva ou até atrasada. Além disso, dentro das escolas os povos
indígenas, muitas vezes, são apresentados dessa maneira equivocada, tendo como
foco principal apenas a data comemorativa do dia do índio (9 de abril), porém essa
metodologia de ensino precisa ser modificada para uma visão real do ser indígena
na nossa sociedade, para nosso país e na nossa história.
Infelizmente, muitos professores saem da sua formação sem o conhecimento
do que foram e do que são os povos indígenas no Brasil, portanto é essencial que
essa formação aconteça dentro da vida acadêmica para que esse futuro professor
não reproduza tais equívocos para seus alunos dentro de sala de aula, conforme
aponta Passos (2008, p. 17):

“também o vazio no processo de formação de professores que, mesmo


acessando ao ensino superior, têm recebido pouca formação para as
relações étnico-raciais, e a formação em serviço que pouco diálogo tem com
as questões da diversidade. A exemplo disso, podemos lembrar-nos da
Pluralidade Cultural, introduzida como tema transversal pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais em 1997, que pouco influenciou nos conteúdos,
materiais didáticos e práticas pedagógicas”

Sendo assim, a escola como um espaço de transformação é o melhor lugar


para que a cultura indígena seja trabalhada de maneira coerente no ensino-
aprendizagem das crianças, promovendo uma criticidade através das metodologias
utilizadas pelo professor de como os indígenas realmente vivem, sua evolução, seus
costumes e quais suas contribuições na construção da cultura brasileira, como seus
conhecimentos pela natureza, medicina, seus valores, dentre tantas outras riquezas
dessa cultura.
Dessa forma, é possível diminuir os padrões e preconceitos impostos pelos
brancos à cultura indígena e impedir que esses alunos em processo de ensino
sejam porta-vozes dessa reprodução, atribuindo sentido e uma aproximação maior
da cultura indígena no cotidiano das escolas.
Ao longo dos anos a história Indígena foi repassada em sala de aula e em
sociedade, reforçando uma imagem do indígena como um individuo do mato, que
possuía sua cultura e, portanto, seria algo a parte do nosso convívio de pessoas não
indígenas. Essas representações do indígena primitivo e “cruel, bárbaro, canibal,
animal selvagem, preguiçoso e traiçoeiro...” (GERSEM, 2006, p.35) se perpetuou por
muitos anos, e ainda, é exposto, como um preconceito disfarçado de opinião,
querendo enquadrar os indígenas em um formato antiquado.
Com o avanço das tecnologias e a globalização com sua expansão
econômica, politica e cultural, os povos indígenas enfrentam agora os preconceitos
em relação a sua ingressão no meio digital, com pensamentos errôneos que
menosprezam o desejo e direito de conhecer e usufruir dos meios de comunicação.
É corriqueiro, ouvir comentários maldosos em relação aos indígenas que
vivem em sociedade, por muitos anos passaram sendo invisíveis, e além de passar
por todos os desafios e brigas por territórios, ainda precisam constantemente
comprovar que suas culturas permanecem vivas e não influenciam em suas
mudanças em vestimentas, transportes, moradias e estudos. Ainda é visto a
surpresa por grande parte da população não indígena ao deparar com um indígena
na universidade, como um grande empresário ou ocupando um grande cargo, isso
só reforça a visão rotulada e estereotipada do indígena.
Os povos indígenas têm direito à autodeterminação. Em virtude desse
direito determinam livremente sua condição política e buscam livremente
seu desenvolvimento econômico, social e cultural (Artigo 3) [...] Os povos e
indivíduos indígenas têm direito a não sofrer assimilação forçada ou a
destruição de sua cultura (Artigo 81). (Nações Unidas, 200811)

Ou seja, os povo
s indígenas possuem o direito de total liberdade para decidir por si só, sem
intervenções, com autonomia e soberania sobre o seu futuro. A sociedade não
indígena deve promover o respeito, principalmente perante as crianças, através
delas podemos romper com pensamentos preconceituosos, duvidas de capacidades
e até mesmo situações ofensivas e desrespeitosas com esses povos.
REFERÊNCIA
GOMES, Mércio Pereira. Os índios e o Brasil: passado presente e futuro. São
Paulo: 2012.
LUCIANO, Gersem S. O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos
indígenas no Brasil de hoje. Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/ Museu Nacional, Brasília, 2006.
NAÇÕES UNIDAS. Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos povos
indígenas. Rio de Janeiro: Nações Unidas, 2008. Disponível em: . Acesso em: nov.
2016. SARTORI, Vitor S. Crítica ontológica ao direito. São Paulo: Cortez, 2
PASSOS, Joana Célia dos. O projeto pedagógico escolar e as relações raciais: a
implementação dos conteúdos de história e cultura afro-brasileira e africana
nos currículos escolares. In: SPONCHIADO, Justina Inês et al. (Orgs).
Contribuições para a educação das relações étnicoraciais. Florianópolis: Letras
Contemporâneas, 2008.

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