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O que é bullying?
A palavra bullying tem origem na língua inglesa e contém o radical bully, que significa
valentão. O sufixo -ing (acrescido ao prefixo bully-) denota continuidade, constância, o
que nos ajuda a entender com maior precisão o significado do termo referido.
Tal prática é caracterizada por constantes agressões, que podem ser de ordem
física, verbal e psicológica (geralmente ocorrem as três juntas), em que um indivíduo
ou um grupo humilha, xinga, expõe e agride um outro indivíduo. Só podemos chamar
de bullying o comportamento sistemático e constante, de modo que episódios
isolados de agressão física ou verbal não são caracterizados dessa forma. Classificamos
como bullying um comportamento desenvolvido por crianças e adolescentes, sendo que,
entre os adultos, a prática similar a isso é chamada de assédio moral.
O bullying acontece de diversas maneiras: pode ser expresso por apelidos vexatórios e
sistematicamente utilizados, pela perseguição à vítima, pela humilhação da vítima
diante de um público, pela exposição da vítima por suas características físicas ou
psicológicas, chegando, em muitos casos, a agressões físicas que podem provocar lesões
corporais.
Veja casos expressivos de violência escolar que podem ter tido o bullying como uma
possível causa:
Massacre de Columbine
Em 20 de abril de 1999, dois estudantes adolescentes da Columbine High Scholl, na
cidade de Columbine, Colorado, nos Estados Unidos, invadiram a escola altamente
armados com fuzis, submetralhadoras, pistolas e explosivos de alto poder de destruição.
O caso chocou o mundo. Foram, ao todo, 13 mortos, 21 feridos pelo tiroteio, e 3 feridos
por bombas enquanto tentavam fugir do atentado.
Os autores do massacre chegaram a trocar tiros com a polícia e acabaram
cometendo suicídio. Os motivos são incertos, e mostram que há muita especulação por
trás do que realmente pode ter acontecido, considerando que os jovens davam sinais de
alerta há quase dois anos em blogs mantidos na internet, mas nada foi feito.
Entre os motivos, podemos elencar a falta de atenção das famílias e da escola quanto
aos sinais de personalidade dos autores do massacre e um possível destempero
emocional causado por algum tipo de violência sistêmica (bullying).
Massacre de Realengo
Em 07 de abril de 2011, um homem de 23 anos invadiu a Escola Municipal Tasso da
Silveira, no bairro de Realengo, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. O homem
era Wellington Menezes de Oliveira, que entrou na escola armado com dois revólveres
e conseguiu matar 12 adolescentes e ferir 22. Ele chegou a ser interceptado por
policiais, mas cometeu suicídio.
Wellington deixou uma anotação contendo pistas sobre o motivo do ataque que, em
conjunto com o depoimento de sua irmã adotiva e de um amigo próximo, revelam que
ele sofreu bullying na adolescência enquanto estudava na Escola Municipal Tasso da
Silveira e em outras instituições pelas quais passou, além de ter sido obcecado por
atentados terroristas.
Massacre do Colégio Goyases
No dia 20 de outubro de 2017, um aluno de 14 anos do Colégio Goyases, um colégio
particular situado em Goiânia, Goiás, levou uma pistola de calibre 40 para a sala de
aula e efetuou disparos. Apesar do pânico que se instalou, uma das professoras
conseguiu acalmar o estudante que não pode ter sua identidade revelada por ser menor
de idade.
Ao todo foram dois mortos e quatro feridos. Depois de preso, o autor do massacre
revelou que sofria bullying por parte de um dos colegas. A arma usada no atentado
pertencia ao pai do adolescente, que seria policial militar. O autor do atentado foi preso
e condenado a cumprir três anos de medida socioeducativa em instituições voltadas para
o tratamento de jovens infratores.
Massacre de Suzano
No dia 13 de março de 2019, um adolescente de 17 anos, Guilherme Taucci Monteiro,
e um homem de 25 anos, Luiz Henrique de Castro, invadiram a Escola estadual
Professor Raul Brasil, situada no município de Suzano, Região Metropolitana de São
Paulo. Eles portavam um revólver calibre 38, uma besta, um arco e flecha e uma
machadinha.
Além do armamento, eles deixaram artefatos na escola que pareciam ser bombas e
bombas incendiárias (coquetéis molotov). Os jovens eram ex-alunos da escola
e conseguiram matar 10 pessoas e deixar 11 feridos. Antes de entrarem na escola no
horário de aula, os jovens mataram o tio de Guilherme Taucci, há poucos quilômetros
da instituição de ensino. O motivo para o assassinato do tio eram desavenças familiares.
O massacre foi planejado por cerca de um ano antes do ocorrido, e quem planejou
tudo foi o rapaz mais novo, Guilherme Taucci. Quando estavam acuados, Guilherme
matou Luiz Henrique e matou-se em seguida. A mãe de Guilherme aponta que o filho
sofria bullying na escola. O estopim para que ele executasse o plano foi a sua expulsão
da instituição de ensino.
As notícias sobre o crime mostraram que, além de um possível bullying e do
destempero emocional de Guilherme Taucci, havia uma completa desestruturação
familiar.
A família dos agressores também deve agir para que o quadro de agressão não se repita
e, em hipótese alguma, deve-se utilizar da violência para coibir a prática do bullying,
pois o efeito pode ser oposto ao desejado. Ciomara Schneider, psicanalista de crianças e
adolescentes, afirma que os pais devem estar atentos aos jovens e sempre manter o
diálogo e a comunicação com eles para evitar que ocorra qualquer tipo de situação de
agressão sistemática.
Lei sobre o bullying escolar
A fim de coibir a prática do bullying, que se tornou um problema do cotidiano escolar,
a Lei 13.185, de 6 de novembro de 2015, foi sancionada pela então presidente Dilma
Roussef e entrou em vigor em fevereiro de 2016.
Essa lei institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (bullying), que
preza pela conscientização e pelo diálogo para acabar com a prática do bullying, criando
campanhas, oferecendo apoio às famílias e evitando punições aos agressores, pois a lei
entende que a conscientização é o meio mais efetivo para acabar com as agressões.
A lei estabelece o que é bullying (práticas recorrentes de perseguição, intimidação,
ridicularização e agressões físicas ou verbais em ambientes físicos ou virtuais) e impõe
uma série de medidas, que, além das campanhas de conscientização, visam criar
uma complexa rede de apoio que envolve o poder público (por meio do Ministério da
Educação e das secretarias estaduais e municipais de educação), a classe docente, os
gestores escolares e as famílias.
Essa rede visa capacitar os agentes da educação e os pais para lidarem com o assunto,
além de oferecer apoio psicológico, educativo e judicial aos jovens que praticam e
sofrem bullying, em conjunto com as suas famílias.
Publicado por: Francisco Porfírio