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ARQUITETURA E URBANISMO
Aracaju- SE
2021.1
LAÍSE SOUZA RAMOS SILVA
Aracaju- SE
2021.1
CAMPOS FILHO, Candido Malta. Reinvente seu bairro: Caminhos para você
participar do planejamento de sua cidade. São Paulo: Editora 34, 2003.
“De um lado, há o problema da família fazer com que a criança vá para a escola sem
segurança. Isso ocorrerá tanto com a criança que precisa ser levada no colo e
acompanhada pela mãe ou pessoa mais velha de confiança, como com aquela que
pode ir sozinha, a pé ou de condução.” (P.19)
“Esse espraiamento da tranquilidade encontra-se hoje conflitando com o uso cada vez
mais intenso dos veículos, que provocam a degradação ambiental do espaço de uso
coletivo. Inclusive a violência urbana do roubo, do assalto e do sequestro, por sua vez,
se soma à poluição ambiental trazida pelo excesso de veículos, e conjuntamente
empurram os cidadãos para trás de grades e paredes e trancas e sistemas cada vez
mais sofisticados de alarme e supervisão, isolando-os do espaço de uso coletivo,
separando e isolando os cidadãos entre si.” (P.24)
“Lutar pela qualidade de vida, o que para a maioria dos cidadãos provavelmente
significa um estilo de vida mais tranquilo, é lutar por um cálculo científico de
intensidade de usos permitida pelo zoneamento em coerência com determinado
sistema de transporte existente ou a ser construído, previsto por um sério e
sistemático planejamento. É isso que esperamos ainda do novo Plano Diretor, num
segundo tempo, como se verá a seguir.” (P.27)
“Esse conceito será tanto associado a um uso civilizado e contido do automóvel nas
áreas em que isso ainda é possível, porque a densidade das atividades urbanas
associada a um determinado sistema viário assim o permite, como também nas áreas
em que o adensamento já atingiu tais níveis que só o transporte coletivo consegue
dar conta, com qualidade de serviço, do volume de circulação que já se produz ou que
venha em horizonte previsível de tempo de planejamento, a se produzir.” (P.34)
“No interior do Centro Histórico e do Centro Expandido de São Paulo vem ocorrendo
perda de densidade demográfica com aumento de densidade de viagens por
automóveis, e essa perda significa a expulsão, da região, de famílias de menor renda
utilizadoras do transporte coletivo, substituídas por famílias de maior renda
utilizadoras do automóvel.” (P. 43)
“Ao longo das linhas ferroviárias será possível, provavelmente, conforme nos dirá o
cálculo da capacidade do suporte do sistema de circulação nos eixos e polos de
centralidades, permitir que o coeficiente de aproveitamento seja igual ou até superior
a quatro, a baixíssimo custo de implantação do sistema de circulação, que é o mais
alto custo público de uma cidade, correspondendo a cerca de 70% do total.” (P.50)
“O estilo de vida em um bairro, o ambiente que ele oferece aos cidadãos, pode ser
resultado apenas do que quer um mercado imobiliário sem regras ou com regras
desobedecidas, ou então resultado de regras que nós, cidadãos, queiramos colocar
para direcioná-lo em nosso benefício.” (P.58)
“Todos os bairros passam por uma transformação desde a sua fundação. Podemos
relacionar esses quatro tipos básicos de tecido urbano com o processo gradativo de
formação de um bairro desde a sua fundação até a sua consolidação, ou seja, até o
preenchimento da maioria dos lotes.” (P.62)
“É certo admitirmos ser muito mais difícil, para uma comunidade urbana, se alterar os
traçados viários do que se alterar a tipologia arquitetônica do miolo das quadras. O
custo de desapropriação para a abertura ou alargamento viário é altíssimo, e os custos
sociais decorrentes do deslocamento de pessoas e do fechamento de atividades
também.” (P.68)
“Quando vivemos nesses lugares, vamos com eles nos relacionando, e muitas vezes
passamos a amá-los mesmo que sejam hostis e adversos. Quando essa adversidade
atinge limites insuportáveis, abandonamos esses lugares. Essa insuportabilidade se
refere muitas vezes, como no caso dos cidadãos de baixa renda, ao preço monetário
a ser pago para neles ficar, ou então à falta de emprego, e por isso migramos.” (P.79)
“Com essa mudança modal, reduz-se a capacidade de uma via, pois os automóveis,
conforme vão proporcionalmente aumentando sua presença em uma determinada via,
vão reduzindo sua capacidade de transporte de passageiros e mercadorias.” (P.82)
“A discussão dos Planos Regionais e dos Planos de Bairro cria um novo palco de
debate público, onde os interesses conflitantes podem se apresentar - embora os
interesses especulativos, envergonhados dos valores antissociais que defendem,
prefiram a ação nos bastidores, como vimos recentemente na aprovação das
emendas especulativas do Plano Direto.” (P.97)
“[...] O Plano de Bairro é uma novidade que está sendo introduzida no planejamento
da cidade de São Paulo, por proposta e insistência do Movimento Defenda São Paulo.
Essa possibilidade consta no Plano Diretor, embora não ainda com a força e clareza
que queríamos.” (P.99)
“Como vimos, existem vínculos básicos entre a estruturação urbana e a formação dos
tecidos urbanos, enquanto qualidades diferenciadas de vida urbana, como raciocínios
a serem desenvolvidas de vida urbana, como raciocínios a serem desenvolvidos pelos
cidadãos para conscientemente poderem participar da definição da regulação
urbanística, especialmente o planejamento da infraestrutura de serviços urbanos,
destacadamente os de circulação , e o planejamento das regras de uso do solo,
destacadamente as do zoneamento, regulação urbanística que modelará a sua vida
tanto presente como futura na cidade de São Paulo.” (P.107)
“Quanto mais especializado for o comércio e o serviço, menos vezes precisamos deles
durante nossa vida. Essa frequência da demanda define a sua posição na hierarquia
de centralidades. Quanto maior a frequência da demanda, menor será o nível de
centralidade.” (P.121)
“No que se refere à regulação puramente paramétrica, isto é, aquela pela qual todos
os usos podem estar ao lado de todos os outros desde que se obedeçam parâmetros
de incomodidade, é preciso afirmar que se determinados grupos de cidadão querem
viver na cidade em regiões reguladas assim, o que na verdade, como veremos, é uma
desregulação, deveríamos dar-lhes tal oportunidade, porque seria um excelente meio
de mostrarmos a eles e aos demais o inferno ambiental urbano que estariam criando
para si mesmos.” (P.146)
“Tráfego demais incomoda. É possível medirmos nas horas de pico o tráfego que está
passando em determinada via e registrar cientificamente tal dado. É o que fazem, e
agora de modo cada vez mais frequente, as pesquisas de tráfego encaminhadas pelos
órgãos responsáveis por seu monitoramento, gestão e planejamento, tanto as grandes
pesquisas de origem e destino de tráfego na metrópole ou em certa região, como as
pesquisas feitas em determinados bairros e determinadas ruas.” (P.150)
“Os processos industriais emitem muitos tipos de poluentes, que se combinam no ar,
no solo e na água. Só medindo cientificamente com aparelhos especiais e técnicos
treinados é possível monitorar os efeitos ambientais de tais emissões. Os processos
industriais se aperfeiçoam devido, em parte, à própria existência de controle público
das emissões de efluentes no ambiente.” (P.154)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O autor do livro, Candido Malta Campos Filho, é um dos urbanistas mais ativos
da cidade de São Paulo, ele possui mestrado em Cidade e Plano Regional na
Universidade Berkeley da California, no ano de 1972 e doutorado em Arquitetura e
Urbanismo pela Universidade de São Paulo, no ano de 1973. Estuda temas como o
urbanismo, plano diretor, associações de bairro e morfologia urbana.
Em seu livro, “Reinvente seu bairro: caminhos para você participar do
planejamento de sua cidade”, Candido usa uma linguagem fácil para explicar os
processos que regem a configuração dos bairros nas áreas urbanas, ele cria um
manual de boas práticas comunitárias para moradores das cidades em geral e de São
Paulo em particular. Partindo do nível mais próximo dos cidadãos – o do Bairro – e
tendo como pano de fundo o novo Plano Diretor de São Paulo, apresentando os
processos que regem a configuração dos tecidos urbanos.
No início do texto, o autor questiona ao leitor qual o tecido urbano que mais o
agrada, mostrando cinco tipos. Cita o exemplo do bairro de Vila Mariana que é um
bairro antigo e que está em desenvolvimento, assim resistindo a verticalização. Em
seguida o autor fala sobre estruturas do espaço urbano em relação as nossas vidas,
em relação de vizinhanças com comercio e os serviços, os equipamentos sociais, de
educação e saúde. Assim definindo zoneamento, que nada mais é que a definição de
tipologias de tecido urbano.
O livro aborda os tipos de cada tecido urbano, assim como as vantagens e
desvantagens de cada um e como foram as alterações sofridas ao longo dos anos.
Nos mostra alguns instrumentos que podemos usar para reinventar o espaço que
habitamos. E a mensagem que ele nos passa é como o cidadão comum pode intervir
na formação e transformação da cidade em que vive, trazendo uma melhor qualidade
de vida, começando pelo seu bairro.