Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ter conhecimento sobre o que são plantas daninhas, como elas atuam e como identificá-las é
extremamente importante para uma boa produção.
Neste texto apresentaremos um guia prático sobre as plantas daninhas. Desde as principais
plantas presentes no Brasil, até os principais manuais de identificação utilizados.
Como já foi comentado no texto sobre MIPD, plantas daninhas são plantas que competem com
as plantas cultivadas por água, luz e nutrientes. Além disso, estas plantas são hospedeiras de
pragas, doenças e nematoides o que aumenta o custo na produção.
Do ponto de vista botânico, as plantas daninhas são consideradas pioneiras. Ou seja, quando um
habitat natural, por algum motivo, é alterado, estas plantas são as primeiras a germinar, iniciando
um novo ciclo para a recolonização deste habitat.
O fato de serem plantas pioneiras e possuírem uma alta capacidade de colonização explica a
dificuldade em seu manejo.
Uma das características da sua alta capacidade de infestação é a produção de um grande número
de sementes por planta. Um único indivíduo é capaz de dar origem, em alguns casos, a mais de
10.000 sementes.
Figura 1- Tabela de plantas e sua produção de sementes.
Fonte: Mecanismos de sobrevivência.
O Brasil está entre os maiores produtores agrícolas no mundo. Somente na cultura da soja, é
responsável por 32,3% da produção mundial. Saiba mais sobre a cultura da soja.
Essa alta produção se dá por diversos fatores climáticos, de solo e outros que são extremamente
favoráveis. No entanto, esses fatores também favorecem o crescimento das diversas espécies de
plantas daninhas.
De acordo com Holm (1978), existe um total de 200 espécies diferentes de plantas daninhas no
mundo. Porém, existem plantas daninhas que atuam de maneira mais agressiva em
determinadas culturas.
Abaixo, segue uma lista das principais plantas daninhas que afetam as principais lavouras do
Brasil.
• Principais culturas afetadas: soja, cana de açúcar, milho, arroz, arroz irrigado e algodão.
• Observação: Existem duas espécies de maior importância no Brasil que são Conyza
bonariensis e Conyza canadensis. São espécies anuais, herbáceas, de caules densamente
folhosos. Biótipos de buva foram cientificamente confirmados como resistentes ao
herbicida Glyphosate no Brasil (Vargas et al., 2007).
• Principais culturas afetadas: feijão, soja, girassol, cana de açúcar, algodão, arroz, arroz
irrigado e pastagens.
• Características: Planta anual, trepadeira, herbácea de caule com leve pilosidade, de 1-2
m de comprimento, nativa da América do Sul. As folhas são cordiformes (formato de
coração), podendo ser alongadas, com ponta de lança (Gazziero et al., 2006a). Até
mesmo, em uma única planta, são encontrados os dois tipos de folhas (Kissmann & Groth,
1999). As flores possuem cor branca na base do tubo e rosa na parte superior, com centro
avermelhado.
• Observação: É uma das espécies daninhas mais prejudiciais em culturas anuais e perenes
das Regiões Centro-oeste, Sudeste e Sul. É particularmente indesejada em lavouras de
cereais devido às dificuldades causadas na colheita mecânica, além de conferir alta
umidade nos grãos. É a espécie de Ipomoea mais comum em lavouras de cereais (Lorenzi,
2000).
• Principais culturas afetadas: cana de açúcar, arroz, milho, pastagens, soja e trigo.
• Características: Planta perene, herbácea, com 50-100 cm de altura, nativa das regiões
tropicais e subtropicais do Continente Americano. Vegeta com grande vigor, formando
touceiras que florescem praticamente durante todo o verão. Tem grande facilidade de
rebrotamento quando cortada, queimada ou após o controle químico.
• Observação: Plantas desenvolvidas são evitadas pelo gado por serem amargas, daí o
nome amargoso. Assim, a espécie tende a ocupar cada vez mais áreas, diminuindo o valor
dos pastos. É menos comum em solos cultivados com frequência, contudo, é uma das
mais importantes infestantes de áreas de semeadura direta de cereais no sul do País
(Lorenzi, 2000).
• Principais culturas afetadas: pastagens, algodão, alho, cana de açúcar, cacau, milho e
soja.
Figura 8 - Planta Capim amargoso.
Fonte: Manual de Identificação e Manejo de Plantas Daninhas.
• Observação: É uma planta daninha comum em todo o País, onde infesta, principalmente,
áreas de horticultura (Kissmann & Groth, 2000). Prefere solos ricos em matéria orgânica.
É muito prolífica, com uma única planta chegando a produzir 10.000 sementes, que
podem permanecer dormentes no solo por mais de 19 anos. Nas condições do Brasil, suas
sementes germinam o ano todo.
• Principais culturas afetadas: café, algodão, batata, cana de açúcar, pastagens, soja, milho
e cacau.
• Observação: As folhas são ovais, pilosas, com margens irregulares e de cor verde,
dispostas duas por nó. Os frutos têm superfície dura, áspera, de coloração castanho-
amarelada a castanho-escuro, com cerdas e espinhos recurvados e aspecto parecido com
a cabeça de um carneiro, daí o nome popular.
• Principais culturas afetadas: batata, cana de açúcar, cacau, café, algodão, milho e soja.
• Características: Planta anual que ocorre o ano todo, em regiões tropicais e subtropicais.
O caule tem consistência carnosa, mas de difícil rompimento; coloração verde com sulcos
verde escuros e pelos brancos. As folhas apresentam cor verde com pelos curtos que
podem causar efeito alérgico nas pessoas.
• Propagação: A dispersão se dá pelos frutos, que se prendem a partes das flores que
servem como alas que são carregadas pelo vento.
• Observação: O nome comum tem origem na pilosidade branca presente no caule e nas
folhas. Esta espécie tem histórico no Brasil de biótipo resistente aos herbicidas inibidores
da enzima ALS.
• Principais culturas afetadas: pinus, café, cana de açúcar, algodão, fumo, pastagens, soja
e milho.
Figura 11 - Planta Losna branca.
Fonte: Manual de Identificação e Manejo de Plantas Daninhas da cultura da soja.
É importante destacar que existem muitas outras espécies de plantas daninhas e que as espécies
citadas nesta lista podem não ser as mais importantes para determinado cultivo. Por isso deve-
se sempre realizar a identificação e manejo adequado das plantas daninhas presentes na
lavoura.
O Brasil é um país de tamanho continental, o 5º maior país em extensão do mundo, e por isso
possui diversos tipos de solo, ecossistemas e condições edafoclimáticas. Ademais, são ainda mais
diversas as culturas produzidas no país, portanto é de se esperar que as plantas daninhas que
afetam a lavoura, sejam diferentes de local para local e de cultura para cultura.
Outros fatores também afetam a flora daninha, como manejo adotado em outros cultivos,
proximidade com outras lavouras infestadas, lavouras cultivadas anteriormente, etc.
Para que a identificação seja adequada, é importante portar de manuais confiáveis para a
consulta. Segue abaixo, uma lista de sugestões de manuais para serem consultados.
Conclusão
As plantas daninhas são consideradas um dos maiores problemas da agricultura atual. Não
somente por competirem com as plantas cultivadas, como também por serem hospedeiras de
diversas pragas e doenças.
Além disso, por serem plantas consideradas pioneiras, as plantas daninhas possuem uma efetiva
capacidade de propagação. Principalmente por meio de sementes.
Hoje, sabe-se que existem muitas espécies de plantas daninhas e que cada uma reage de maneira
diferente com relação à cultura afetada. Ademais, cada região, clima, solo, cultivos entre outras
coisas, define qual planta daninha germina em uma determinada lavoura.
É preciso realizar uma identificação adequada e somente a partir daí, escolher o melhor método
de manejo.