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60 horas

Epidemiologia
Samara Calixto Gomes
Com certificado
online

Este material é parte integrante do curso online "Epidemiologia" do EAD


(www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução
total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa
do autor (Artigo 29).
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 5
HISTÓRICO E IMPORTÂNCIA ...................................................................................... 7
SAÚDE X DOENÇA ........................................................................................................... 8
3.1 PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE DOENÇA? ........................................................... 9
HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA ........................................................................... 10
4.1 PERÍODO DE PRÉ-PATOGÊNESE ........................................................................ 10
4.2 PERÍODO DE PATOGÊNESE ................................................................................. 12
MEDIDAS DE OCORRÊNCIA DE DOENÇA .............................................................. 13
5.1 PREVALÊNCIA ....................................................................................................... 14
5.1.1 Coeficiente de Prevalência ................................................................................. 14
5.2 INCIDÊNCIA ............................................................................................................ 15
5.2.1 Incidência Cumulativa ........................................................................................ 16
5.2.2 Densidade de Incidência ..................................................................................... 16
5.3 LETALIDADE .......................................................................................................... 17
INDICADORES DE SAÚDE............................................................................................ 18
6.1 CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO .......................................................................... 19
6.1.1 Validade .............................................................................................................. 19
6.1.2 Confiabilidade (ou reprodutibilidade ou fidedignidade) .................................... 19
6.1.3 Representatividade ou cobertura ........................................................................ 19
6.1.4 Aspectos Éticos .................................................................................................. 20
6.1.5 Aspectos Técnico-Administrativos .................................................................... 20
6.2 APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS .................................................................. 20
6.2.1 Frequência Absoluta ........................................................................................... 20
6.2.2 Frequência Relativa ............................................................................................ 21
MEDIDAS DE FREQUÊNCIA RELATIVA .................................................................. 22
7.1 COEFICIENTE OU TAXA ...................................................................................... 22
7.1.1 Mortalidade ......................................................................................................... 23
7.1.2 Morbidade........................................................................................................... 23
7.2 PROPORÇÃO ........................................................................................................... 23
7.3 RAZÃO ..................................................................................................................... 24
SISTEMA DE INFORMAÇÃO ....................................................................................... 25
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA .............................................................................. 26
9.1 ATRIBUTOS DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA ..................................................... 27
9.1.1 Do Evento ........................................................................................................... 27
9.1.2 Do Sistema.......................................................................................................... 28
9.2 TIPOS DE DADOS ................................................................................................... 28
9.3 FONTE DE DADOS ................................................................................................. 29
9.4 DEFINIÇÃO DE CASO............................................................................................ 29
SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA (SNVE) ................ 30
AVALIAÇÃO .................................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 35
Unidade 1 – Introdução

01
INTRODUÇÃO

A Epidemiologia é a ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades


humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à
saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção,
controle, ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao
planejamento, administração e avaliação das ações de saúde.

Historicamente, a epidemiologia está relacionada à ideia de grupo, de coletivo.


Sendo a população seu objeto de estudo. Contrastando com a metodologia médica, mais
voltada para a doença do que para a saúde em si, a epidemiologia e seus conceitos
evoluíram especialmente no último século.

Enquanto a clínica aborda a doença a nível individual, a epidemiologia aborda o


processo saúde-doença em grupos de pessoas que podem variar de pequenos grupos até
populações inteiras.

Entretanto, não haveria avanços na clínica sem os estudos epidemiológicos,


mas estes não existiriam sem os avanços na clínica.

Por algum tempo prevaleceu a ideia de que a epidemiologia se restringia ao estudo


de epidemias de doenças transmissíveis. Hoje, é reconhecido que a epidemiologia trata de
qualquer evento relacionado à saúde da população.

Suas aplicações variam desde a descrição das condições de saúde da população, da


investigação dos fatores determinantes de doenças, da avaliação do impacto das ações para
alterar a situação de saúde até a avaliação da utilização dos serviços de saúde, incluindo
custos de assistência.

Assim, a epidemiologia contribui para o melhor entendimento da saúde de uma


população, a partir do conhecimento dos fatores que a determinam e provendo,
consequentemente, subsídios para a prevenção das doenças.

São objetivos da Epidemiologia:

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Epidemiologia

Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações


humanas.

I. Proporcionar dados essenciais para o planejamento, execução e avaliação das ações


de prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como para estabelecer
prioridades.

II. Identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades.

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Unidade 2 – Histórico e Importância

02
HISTÓRICO E IMPORTÂNCIA

A epidemiologia teve origem na ideia de que fatores ambientais podem influenciar a


ocorrência das doenças. Porém a medida das doenças de ocorrência comum nos grupos
populacionais só passou a ser feita no século XIX.

O exemplo clássico e marcante do início desta ciência foi um estudo realizado por
John Snow, em Londres no século 19 e 20. Neste estudo ele constatou que o risco de
adquirir cólera estava intimamente relacionado ao consumo de água fornecida por
determinada companhia. Na meticulosa investigação, Snow construiu uma teoria sobre a
transmissão das doenças infecciosas em geral e sugeriu que a cólera era disseminada
através da água contaminada, mesmo antes da descoberta do bacilo causador da cólera.

Pode, dessa forma sugerir alterações na forma em que a água era distribuída e na
forma de saneamento da cidade. Seguindo este exemplo, a epidemiologia tem sugerido
medidas à saúde pública apropriadas ao combate de doenças de alcance amplo.

Na atualidade, as doenças transmissíveis permanecem como desafio às ações em


saúde. Países em desenvolvimento onde a malária, esquistossomose e hanseníase são
endêmicas, tornam-se o desafio da epidemiologia, principalmente na detecção dos índices
de eficiência de programas implementados.

O comportamento e o estilo de vida são também de grande importância hoje. As


doenças relacionadas a causas cardiovasculares, pulmonares, renais etc, têm levado a
medidas de prevenção e de promoção de saúde importantes.

A aplicação de métodos epidemiológicos no manejo dos problemas encontrados na


prática clínica traz informações importantes para decisões médico/curativas também.

Enfim, a importância da epidemiologia pode ser constatada em diversas áreas da


saúde, tornando-a cada vez mais imprescindível ao cotidiano do profissional de saúde, seja
no contexto da saúde pública, da gerência em saúde ou na prática clínica.

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Epidemiologia

03
SAÚDE X DOENÇA

Saúde e doença não são estados ou condições estáveis, mas sim conceitos vitais, sujeitos a
constante avaliação e mudança.

Algumas autoridades encararam a doença e a saúde como estados de desconforto


físico ou de bem-estar.

Perspectivas como estas levaram os investigadores e os profissionais de saúde a


descurar os componentes emocionais e sociais da saúde e da doença.

Definições mais flexíveis querem de saúde quer de doença consideram múltiplos


aspectos causais da doença e da manutenção da saúde, de acordo com os seguintes fatores:

Contudo, apesar dos esforços para caracterizar estes conceitos, não existem
definições universais. Sempre existiu uma grande dificuldade na mensuração da saúde por
parte da epidemiologia.

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Unidade 3 – Saúde x Doença

3.1 PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE DOENÇA?


O seu amplo significado, exposto pela ambiciosa definição da Organização Mundial de
Saúde como “estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera
ausência de doenças” levou aos epidemiologistas a definirem conceitos mais práticos e
mais fáceis de medir.

Os aspectos da saúde, para a epidemiologia, concentram-se, portanto, em aspectos


de saúde que são relativamente concretos e prioritários para alguma ação.

Saúde e doença como um processo binário, ou seja, presença/ausência é uma forma


simplista para algo bem mais complexo. O que se encontra usualmente é um processo
evolutivo entre saúde e doença que, dependendo de cada paciente, poderá seguir cursos
diversos, sendo que nem sempre os limites entre um e outro são precisos.

Esta simplificação retoma a noção dicotômica da saúde em doença presente e


doença ausente; que, embora reducionistas, são práticas. Geralmente utilizam-se critérios
para a determinação da presença ou ausência da doença, chamados de critérios
diagnósticos, que são baseados em sinais, sintomas e resultados de exames. Um exemplo
claro de utilização destes critérios está no diagnóstico de febre reumática, onde alguns
sinais são mais importantes do que os outros, porém sempre auxiliados pela utilização de
recursos laboratoriais.

Os critérios utilizados em epidemiologia devem, portanto, ser de fácil uso e de


mensuração simples, padronizada e cientificamente embasada. Já os critérios para
avaliação clínica, as utilizadas na prática, não são tão rigidamente específicas, sendo o
julgamento clínico mais importante para determinar a ausência ou presença de doença.

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Epidemiologia

04
HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA

História Natural da Doença (HND) é o nome dado ao conjunto de processos interativos


compreendendo “as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam
o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo
patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do
homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou
morte”.

Os estudos epidemiológicos descritivos ou não-experimentais, nesse caso,


concentram-se na coleta e arranjo sistemático das três classes de fatores gerais do processo
saúde/ doença:

 Agente;

 Hospedeiro;

 Ambiente, em seus aspectos quantitativos.

A história natural da doença, portanto, tem desenvolvimento em dois períodos


sequenciados: o Período Pré-Patogênese e o Período de Patogênese.

No primeiro, o interesse é dirigido para as relações suscetível-ambiente; no


segundo, interessam as modificações que se passam no organismo vivo.

4.1 PERÍODO DE PRÉ-PATOGÊNESE


O primeiro período da história natural. É a própria evolução das inter-relações dinâmicas,
que envolvem, de um lado, os condicionantes sociais e ambientais e, do outro, os fatores

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Unidade 4 – História Natural da Doença

próprios do suscetível, até que se chegue a uma configuração favorável á instalação da


doença. É também a descrição desta evolução.

Envolve como já foram referidas antes, as inter-relações entre os agentes


etiológicos da doença, o suscetível e outros fatores ambientais que estimulam o
desenvolvimento da enfermidade e as condições sócio/econômico/culturais que permitem a
existência desses fatores.

Hospedeiro:

 Idade;

 Sexo;

 Estado civil;

 Ocupação;

 Escolaridade;

 Características genéticas;

 História patológica pregressa;

 Estado imunológico;

 Estado emocional.

Agente:

 Biológicos (microrganismos);

 Químicos (mercúrio, álcool, medicamentos);

 Físicos (trauma, calor, radiação);

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Epidemiologia

 Nutricionais (carência, excesso).

Ambiente:

 Determinantes físico-químicos (temperatura, umidade, poluição, acidentes);

 Determinantes biológicos (acidentes, infecções);

 Determinantes sociais (comportamentos, organização social).

4.2 PERÍODO DE PATOGÊNESE


A história natural da doença tem seguimento com a sua implantação e evolução no homem.
É o período da patogênese.

Este período se inicia com as primeiras ações que os agentes patogênicos exercem
sobre o ser afetado. Seguem-se as perturbações bioquímicas em nível celular, continuam
com as perturbações na forma e na função, evoluindo para defeitos permanentes,
cronicidade, morte ou cura.

Além desses períodos, quantificar a ocorrência de doenças em populações é uma


questão central na pesquisa epidemiológica.

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Unidade 5 – Medidas de Ocorrência de Doença

05
MEDIDAS DE OCORRÊNCIA DE DOENÇA

Assim, torna-se possível:

 Descrever o padrão de distribuição de ocorrência de doenças;

 Formular hipóteses a respeito dos possíveis fatores causais ou preventivos;

 Identificar determinantes de doença.

São medidas básicas: Prevalência e Incidência. A prevalência de uma doença é o


número de casos em uma população definida em certo ponto no tempo, enquanto
incidência é o número de casos novos que ocorrem em certo período em uma população
específica.

Ambas são maneiras diferentes de medir a ocorrência de doenças em uma


população, envolvendo basicamente a contagem dos casos em uma população.

A simples mensuração do número de casos de uma doença é útil, porém, sem fazer
referência à população de onde esses casos provêm há prejuízos na compreensão do
problema em termos da sua magnitude e do seu comportamento ao longo do tempo.

Não é adequado utilizar os números absolutos de casos em comparações entre


lugares, países, estados, regiões ou cidades diferentes com populações de tamanhos
diferentes.

Também não é apropriado fazer-se acompanhamento da tendência de uma doença


por longos períodos de tempo em que a população varia muito de tamanho. Enfim, o
número absoluto de casos não expressa riscos.

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Epidemiologia

5.1 PREVALÊNCIA
Pode ser entendido como a medida do que “prevalece” na população. É considerado um
indicador estático por pouco se alterar no decorrer do tempo. Sendo útil no planejamento
em saúde e em programas e serviços prestados à população.

Geralmente, os estudos de prevalência não fornecem elementos de causalidade de


determinada doença. São mais apropriados para doenças de longa duração, crônicas e
aquelas cujo início é gradual e não bem caracterizado, por exemplo: diabetes, artrite
reumatoide, hipertensão arterial, tuberculose, hanseníase, AIDS etc.

Segue abaixo alguns dos principais fatores de aumento e diminuição da taxa de


prevalência:

Aumento da Prevalência Diminuição da Prevalência

Imigração de pessoas susceptíveis (ex.: Diminuição da duração da doença (ex.:


índios assimilados à população branca) prevenção secundária)

Melhora dos recursos diagnósticos ou Aumento da letalidade (menos pessoas se


de notificação. concentram na faixa de cálculo da
prevalência);

Aumento da incidência; Diminuição da incidência (ex.: prevenção


primária)

Imigração de casos; Imigração de pessoas sadias;

Emigração de pessoas sadias; Emigração de casos;

Maior duração da doença Aumento da taxa de cura da doença.

Aumento da sobrevida sem a cura;

Principais fatores que influenciam a Prevalência:

 Gravidade da doença: se muitas pessoas adoecem e consequentemente morrem, a


taxa de prevalência diminui.

 Duração da doença: quanto menor o tempo de duração da doença, menor será sua
taxa de prevalência e vice-versa.

 Número de casos novos: determina um aumento da taxa de prevalência.

5.1.1 Coeficiente de Prevalência

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Unidade 5 – Medidas de Ocorrência de Doença

Coeficiente que mede a força com que subsiste a doença na coletividade.

Expressa-se como a relação entre o número de casos conhecidos de uma dada


doença e a população, multiplicando-se o resultado pela base referencial da população, que
é potência de 10, usualmente 1.000, 10.000 ou 100.000.

Veja:

x 10n

O nº de casos existentes seria: o número de casos novos + os antigos, incluindo


cura, alta ou óbito, dividido pela população exposta x 10n.

Dois tipos de medidas básicas são utilizados para quantificar a prevalência de


doença em uma população:

 Prevalência Pontual: calculada para um ponto determinado no tempo.

 Prevalência no período: calculada com o número total de pessoas que tiveram a


doença (casos novos+ antigos) durante um período de tempo dividido pela
população no meio do período em risco de ocorrer à doença.

5.2 INCIDÊNCIA
A incidência refere-se ao número absoluto e a taxa de incidência refere-se ao valor
relativizado em função do tamanho da população. Além disso:

 Quantifica o número de casos novos de doença que se desenvolvem em uma


população em risco, durante um intervalo de tempo específico.

 Permite a identificação de fatores de risco.

 São tipicamente estimadas a partir de estudos de corte que envolve o seguimento de


populações fixas ou dinâmicas.

Pode ser considerada a medida mais importante em epidemiologia, pois reflete a


dinâmica com que os casos novos aparecem na população, é a “força de morbidade”.

No cálculo da taxa de incidência, o numerador é o número de casos novos que


ocorreram em um período definido de tempo e o denominador é a população em risco de
contrair uma doença neste período.

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Epidemiologia

Observe a figura abaixo e perceba a dinâmica entre prevalência e incidência.

Duas medidas distintas de incidência que são estimadas de maneiras diferentes:

 O risco: Incidência Cumulativa

 A taxa: Densidade de Incidência

5.2.1 Incidência Cumulativa

É a proporção de pessoas que se tornam doentes durante um período específico de tempo;


Estimativa do risco que é definida como a probabilidade de um indivíduo livre de doença
desenvolver uma dada doença em um período específico de tempo, condicionado ao fato
de não vir a morrer de outro agravo de saúde.

5.2.2 Densidade de Incidência

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Unidade 5 – Medidas de Ocorrência de Doença

É a Estimativa mais precisa do impacto de uma exposição na população, uma vez que
utiliza todas as informações disponíveis acerca do seguimento da população.

Mede a taxa instantânea de desenvolvimento da doença em uma população.

5.3 LETALIDADE
Mede a severidade que uma determinada doença possui, ou seja, quantas mortes causaram
dentre aqueles que possuíam a doença em um certo período de tempo. Neste sentido, o
cálculo da letalidade determina uma proporção.

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Epidemiologia

06
INDICADORES DE SAÚDE

Uma das grandes dificuldades do profissional de saúde é medir o padrão de vida, ou nível
de vida, da população com a qual trabalha. Essa questão tem sido muito estudada
internacionalmente, pela necessidade de comparar níveis de vida entre diferentes países, ou
num mesmo país numa série temporal.

A Organização Mundial da Saúde formou, nos anos 50, um Comitê para definir os
métodos mais satisfatórios para definir e avaliar o nível de vida. Na impossibilidade de
construir um índice único, o Comitê sugeriu que fossem considerados separadamente 12
componentes passíveis de quantificação:

1. Saúde, incluindo condições demográficas;

2. Alimentos e nutrição;

3. Educação, incluindo alfabetização e ensino técnico;

4. Condições de trabalho;

5. Situação de emprego;

6. Consumo e economia gerais;

7. Transporte;

8. Moradia, incluindo saneamento e instalações domésticas;

9. Vestuário;

10. Recreação;

11. Segurança social;

12. Liberdade humana.

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18 (Artigo 29).
Unidade 6 – Indicadores de Saúde

Assim, vale reconhecer a importância, na busca da explicação de uma dada situação


de saúde, de recorrer a indicadores intersetoriais, como a evolução do nível de emprego, a
renda média do trabalhador, ou o consumo de energia elétrica.

6.1 CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO


Dada à complexidade do conceito de saúde, a tarefa de mensurá-la também é complexa:
são muitos ângulos de aproximação, como a mortalidade, a morbidade, a incapacidade
física, o grau de autonomia das pessoas (idosos), a estrutura etária da população, a
qualidade da prestação de determinado cuidado de saúde, etc.

A escolha dos indicadores depende dos objetivos da avaliação, bem como dos
aspectos metodológicos, éticos e operacionais da questão em estudo.

6.1.1 Validade

O passo inicial na seleção do indicador é delimitar o problema, evento, tema, a ser


observado ou medido. Feito isso, escolhe-se o indicador e elabora-se a definição
operacional. A validade refere-se à adequação do indicador para representar ou medir
corretamente o fenômeno considerado.

Um bom exemplo de validade pode ser compreendido quando se quer estudar a


incidência de faringite estreptocócica num determinado serviço de pediatria. Se utilizarmos
apenas o exame da orofaringe como recurso diagnóstico para tal, provavelmente,
estaremos superestimando a incidência de faringite devido à bactéria S. pyogenes.
Enquanto se usarmos a cultura das secreções para isolar o agente causal, estaremos
atestando maior validade deste teste em relação ao anterior.

6.1.2 Confiabilidade (ou reprodutibilidade ou fidedignidade)

Diz respeito à obtenção de resultados semelhantes, quando a mensuração é repetida. É ser


reprodutível. Um indicador de “baixa confiabilidade” não tem utilidade, enquanto que um
de “alta confiabilidade” só é bom se for de “alta validade”.

6.1.3 Representatividade ou cobertura

Representa a área de cobertura do indicador, é o seu alcance na população estudada. Um


indicador sanitário, por exemplo, será tanto melhor quanto maior a cobertura populacional
alcançar ou abranger uma amostra representativa da população.

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Epidemiologia

6.1.4 Aspectos Éticos

A coleta de dados não pode acarretar malefícios ou prejuízos às pessoas (ex: um estudo de
prevalência de cirrose hepática que exija a realização de biópsia hepática). A questão do
sigilo é mais importante em Clínica, mas também deve ser considerada (Portaria 196/96 do
Ministério da Saúde).

Um claro exemplo é o de não utilizar indicadores para avaliar uma população se


não há possibilidade de intervenção na mesma ou quando o “sigilo” dos dados individuais
não é preservado.

6.1.5 Aspectos Técnico-Administrativos

 Simplicidade

 Flexibilidade

 Facilidade de obtenção

 Custo operacional

 Oportunidade

Embora não seja imperativa a existência de todas estas características em cada um


dos indicadores, são fundamentais em condições habituais de funcionamento dos serviços.
Não devem causar perturbações ou inconvenientes no andamento das rotinas diárias para a
obtenção do indicador.

6.2 APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS


São classificados dessa forma quando sua expressão representa uma contagem de unidades
ou medição de alguma característica.

6.2.1 Frequência Absoluta

É a forma mais fácil de expressar um resultado, pois não se apoiam em pontos de


referência que permitiriam melhor interpretação dos resultados, como no caso da
relativização pelo tamanho da população. Causa, portanto, limitações na sua interpretação.

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20 (Artigo 29).
Unidade 6 – Indicadores de Saúde

Saem frequentemente na imprensa notícias como: Houve 3 casos de hepatite em


Rondonópolis. Se forem todos na mesma semana ou todos na mesma escolinha maternal
podem ser muito sérios. Mas se foram 3 casos na Região do Cariri nos últimos 5 anos, o
significado talvez não seja grande.

Muitas vezes, porém, a apresentação em números absolutos pode ter o seu valor.
Ex.: a recente epidemia de dengue mostrou como o número de casos novos da doença
aumentou rapidamente de 5 por semana a 20, depois 50 casos até centenas de casos por
semana. Ex.: óbitos por febre amarela no Rio de Janeiro.

6.2.2 Frequência Relativa

Facilita as comparações e interpretações. É a expressão em números de um determinado


evento (mortalidade, morbidade) com um referencial fixo ou determinado. Isto significa
que deve haver um denominador fidedigno para que o cálculo expresse o que estamos
querendo avaliar.

Ex.: Os óbitos por febre amarela no Rio de Janeiro podem ser mostrados ainda de 3
maneiras:

a. Em relação à população: número de pessoas falecidas num dado ano entre os que
residiam na cidade nesse ano. Essa forma é o coeficiente ou taxa.

b. Em relação ao total de óbitos: é a proporção de óbitos por febre amarela na


mortalidade geral.

c. Em relação a outro evento: mortes por febre amarela em relação às mortes por
cólera.

ATENÇÃO: somente a situação A – o coeficiente – é que informa o risco de


ocorrer um evento. Nesse caso, de uma pessoa residente no Rio de Janeiro morrer de febre
amarela.

Muito Cuidado com as situações B e C, chamadas de índices. Essas frequências


devem ser interpretadas cautelosamente. O aumento ano a ano, por exemplo, da
mortalidade proporcional por doenças cardiovasculares pode ser devido simplesmente ao
fato de óbitos por outras causas estarem diminuindo mais rapidamente que esses.

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Epidemiologia

07
MEDIDAS DE FREQUÊNCIA RELATIVA

7.1 COEFICIENTE OU TAXA

Este tipo de medida de frequência relativa possui como denominador apenas dados
daqueles que podem vir a se tornar casos, ou seja, a população em risco. Neste caso, o
coeficiente ou taxa passa a ser denominado também de “expressão de risco”.

A constante é a base – qualquer múltiplo de 10 (100, 1000, 10000, 100000, etc.).


Escolhe-se uma constante que evite muitas casas decimais. É melhor falar em 57 óbitos por
cem mil nascidos vivos do que 0,57 por mil. Em alguns casos a constante é, por costume,
sempre a mesma. Ex.: a mortalidade infantil, sempre por mil nascidos vivos.

As principais modalidades de indicadores de saúde são:

 Mortalidade / sobrevivência

 Morbidade / gravidade / incapacidade

 Nutrição / crescimento e desenvolvimento

 Aspectos demográficos

 Condições socioeconômicas

 Saúde ambiental

 Serviços de saúde.

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22 (Artigo 29).
Unidade 7 – Medidas de Frequência Relativa

7.1.1 Mortalidade

Foi o primeiro indicador usado. É fácil de operar: a morte é clara e objetivamente definida
e cada óbito tem de ser registrado. Há numerosos indicadores baseados na mortalidade.

Limitações:

 A morte é o último evento do processo saúde/doença e reflete imperfeitamente o


processo.

 Agravos/danos de baixa letalidade (dermatologia, oftalmologia, doença mental) são


mal representados nas estatísticas de mortalidade.

 Somente uma pequena parcela da população morre a cada ano (em geral, menos de
1%). Ao se estudar, por exemplo, a saúde escolar, morrem pouquíssimas crianças
matriculadas na rede escolar.

 Mudanças nas taxas ao longo do tempo são em geral muito pequenas e a


mortalidade é pouco útil nas avaliações de curto e médio prazo.

7.1.2 Morbidade

É um conhecimento essencial, que permite:

 Inferir os riscos de adoecer a que as pessoas estão sujeitas.

 Obter indicações para investigações de seus fatores determinantes.

 A escolha de ações adequadas.

7.2 PROPORÇÃO
(Número de Casos / Número Total)

Neste caso não há representação de risco, pois essa medida apenas dimensiona o
quanto à parte (numerador) corresponde ao todo (denominador). Os casos não estão
diretamente relacionados à população da qual procedem. Embora seja frequentemente
utilizada, a sua interpretação é limitada quando se deseja realizar comparações temporais e
entre diferentes localidades.

Exemplos: Proporção de Óbitos Neonatal Precoce, Tardio e Pós-Neonatal, por


Regiões.

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(Artigo 29). 23
Epidemiologia

7.3 RAZÃO
(Número de Casos de um Evento / Número de Casos de Outro Evento)

Nesta medida de frequência, os valores utilizados representam eventos distintos que


estão sendo comparados.

Exemplo: Razão de Masculinidade para portadores de HIV

1985 = 40/1

1988 = 5/1

1991/1

1994/1

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24 (Artigo 29).
Unidade 8 – Sistema de Informação

08
SISTEMA DE INFORMAÇÃO

Sistemas de Informação em Saúde (SIS) são um conjunto de componentes (estruturas


administrativas e unidades de produção) que atuam de forma integrada e articulada com o
propósito de obter e selecionar dados e transformá-los em informação. Possuem
mecanismos e práticas próprias para a coleta, registro, processamento, análise e
transmissão da informação.

A informação é essencial para a tomada de decisões e, portanto, a instituição de um


sistema de informação se trata de uma atividade “meio” e não “fim”. O funcionamento de
um sistema de informação lembra as características de uma engrenagem: uma atividade
complexa, com diversas etapas que se realizam de forma simultânea (coleta, registro,
processamento, divulgação etc.), integrada e que apresentam um propósito comum.

Um dos objetivos básicos dos SIS na concepção do SUS é possibilitar a análise da


situação de saúde no nível local, regional e nacional. Dessa forma, deve-se ressaltar a
necessidade de integração das diversas formas de coleta e interpretação de dados em todos
estes níveis, de acordo com as informações obtidas. Neste sentido foram desenvolvidos
esforços para que se operacionalizassem amplos sistemas de informação específicos (SIM,
SINASC, SINAN, etc.).

São exemplos de Sistema de Informação:

 SIM – Sistema de Informação de Mortalidade;

 SINASC – Sistema de Informação de Nascidos Vivos;

 SIH – SUS – Sistema de Informação de Morbidade Hospitalar;

 SINAN – Sistema de Informação de Agravos e Notificação;

 CAT - Comunicação de Acidentes de Trabalho.

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(Artigo 29). 25
Epidemiologia

09
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Além de diagnosticar e tratar adequadamente um paciente é função de qualquer


profissional de saúde, evitar que essa pessoa adoeça novamente. Para isso, as ferramentas
são a educação em saúde, orientações para medidas de prevenção individual e intervenções
na comunidade, reduzindo o risco coletivo de adquirir determinadas doenças.

Intervir na comunidade requer um conhecimento das reais necessidades dessa


população, de modo que o primeiro passo é coletar informações que permitam definir quais
serão os focos de atuação. A escolha de um agravo como foco para a intervenção depende
não apenas de sua prevalência na região, mas também da sua gravidade, morbidade e da
possibilidade de obtenção de resultados com a intervenção.

Para descobrir se existem medidas capazes de diminuir a incidência do agravo e


para escolher as melhores, é necessário entender o processo saúde-doença. Conhecendo os
fatores etiológicos e desencadeantes da doença e a sua evolução, é possível planejar ações
de prevenção e controle de ocorrência da doença.

Três formas de atuação podem resultar do entendimento das causas de uma doença:
podem ser adotadas medidas individuais como o isolamento e quarentena para um
paciente, ou podem ser adotadas medidas coletivas, como a vacinação. E a terceira forma é
uma medida que não interfere diretamente com o indivíduo, como o controle de vetores e o
saneamento ambiental.

Quando se encontra uma medida eficaz na redução do problema, é necessário ainda


avaliar se o sistema é capaz de implantar a medida, avaliando o custo-benefício, e avaliar
se haverá aderência da população à medida (caso seja necessária participação ativa da
população).

Uma vez implantada a ação, deve-se verificar o impacto que ela causa, se atinge ou
não o objetivo inicial. Se bem-sucedido, o plano pode ser ampliado, estendido a outras
comunidades ou, não havendo necessidade de mantê-lo, pode ser concluído. Se não foi
concretizado o objetivo, deve-se prosseguir com a reestruturação do plano, adequando-o a
sua finalidade.

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26 (Artigo 29).
Unidade 9 – Vigilância Epidemiológica

A retroalimentação das informações é a etapa final e consiste em devolver aos


serviços de saúde e à comunidade, as informações coletadas e trabalhadas, um exemplo
dessa ação é a divulgação do Boletim epidemiológico.

São etapas da Vigilância Epidemiológica:

 Identificar o problema de saúde pública e detectar epidemias;

 Estimar a magnitude (morbidade e mortalidade) do agravo;

 Identificar fatores de risco e agentes etiológicos;

 Recomendar medidas necessárias para prevenir ou controlar o agravo;

 Avaliar as medidas de intervenção;

 Divulgação de informações pertinentes.

A vigilância epidemiológica é o instrumento que permite intervir na população


visando uma melhoria de seu perfil de saúde. A definição brasileira oficial para o termo é:

O conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou a prevenção


de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou
coletiva, com finalidade de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle de
doenças ou agravos.

9.1 ATRIBUTOS DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA


A avaliação do evento em pesquisa se baseia em magnitude, transcendência e
vulnerabilidade, já o sistema é avaliado segundo sua utilidade e qualidade que abrange
sensibilidade, especificidade, representatividade, oportunidade, simplicidade, flexibilidade,
confiabilidade e aceitabilidade.

9.1.1 Do Evento

Doenças de grande magnitude são aquelas com elevada frequência, que afetam grandes
contingentes populacionais e se traduzem pela incidência, prevalência, mortalidade e anos
potenciais de vida perdidos.

O potencial de disseminação de uma doença se expressa pela sua transmissibilidade


através de vetores ou outras fontes de infecção, colocando em risco outros indivíduos.

Transcendência é o conjunto de características do agravo que justificam medidas de


prevenção ou controle, como severidade (medida pelas taxas de letalidade, hospitalizações

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(Artigo 29). 27
Epidemiologia

e sequelas), relevância social (estigmatização, medo, indignação), relevância econômica


(restrições comerciais, perdas de vidas, absenteísmo ao trabalho, custo de diagnóstico e
tratamento).

Doenças de vulnerabilidade são aquelas que respondem às ações de prevenção,


permitindo a atuação efetiva dos serviços de saúde sobre a população.

9.1.2 Do Sistema

A utilidade do sistema é a sua capacidade de cumprir seu objetivo de prevenção e controle


de agravos. E, quanto à qualidade do sistema:

 Sensibilidade: é a capacidade de detectar casos verdadeiros do evento.

 Especificidade: capacidade de excluir aqueles que não são casos.

 Representatividade: capacidade de detectar o evento dentro da população permite


observar se o sistema não capta apenas determinado parcelas da população,
produzindo vieses de seleção.

 Oportunidade: é a capacidade do sistema de agir no momento adequado, no


momento correto para atingir o objetivo ou impacto desejado.

 Simplicidade: deve ser utilizada como princípio orientador, sem desprezar a


importância de obter informações de qualidade.

 Flexibilidade: capacidade de se adaptar às mudanças na realidade da população.

 Confiabilidade: acurácia de informação.

 Aceitabilidade: capacidade de obter a participação dos envolvidos.

9.2 TIPOS DE DADOS


A obtenção de dados é essencial para subsidiar o desencadeamento de ações de prevenção
e controle, e sua qualidade depende do local de coleta.

 Dados Demográficos e Ambientais: permitem quantificar a população (número de


habitantes e características de sua distribuição, condições de saneamento,
climáticas, ecológicas, habitacionais e culturais).

 Dados de Morbidade: podem ser obtidos através de notificação de casos e surtos,


de produção de serviços ambulatoriais e hospitalares, de investigação
epidemiológica, de busca ativa de casos, de estudos amostrais e de inquéritos.

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28 (Artigo 29).
Unidade 9 – Vigilância Epidemiológica

 Dados de Mortalidade: obtidos através das declarações de óbitos (Sistema de


Informações sobre Mortalidade).

 Notificação de Surtos e Epidemias: possibilita a constatação de elevação da


incidência de uma patologia, ou a introdução de outras doenças na região,
identificando epidemias, para a adoção imediata das medidas de controle.

9.3 FONTE DE DADOS


Busca Ativa: quando buscamos das informações nos locais:

 Sistema de informação de pacientes: unidade de internação

 Laboratório

 Arquivos médicos: diagnóstico de alta

 Exames enviados para laboratório da saúde pública regional

 Farmácia: a prescrição de rifampicina, por exemplo, é controlada.

 Ambulatórios

 Sistema de notificação de doenças

Busca Passiva: quando recebemos informações de:

 Profissionais da saúde (enfermeiros, médicos);

 Funcionários;

 Outros (população, imprensa).

9.4 DEFINIÇÃO DE CASO


Caso é a manifestação individual de uma doença, e para a vigilância epidemiológica é o
exemplo de ocorrência do problema de saúde pública que é o objeto do estudo.

A definição de um evento como caso suspeito, caso confirmado ou como não sendo
um caso é feita por critérios padronizados, clínicos ou laboratoriais. A sensibilidade desses
critérios se refere à capacidade de detectar todos os casos verdadeiros, e a especificidade, à
capacidade de não incluir como casos os indivíduos que não apresentam a doença.

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(Artigo 29). 29
Epidemiologia

10
SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA (SNVE)

O SNVE abrange o conjunto integrado de instituições do SUS, que direta ou indiretamente,


notificam ou orientam condutas para o controle de doenças. Esse sistema está centrado no
desencadeamento de ações a partir de notificação compulsória de agravos à saúde.

Alguns modelos especiais são empregados para complementar e aprimorar as


informações da vigilância epidemiológica, como exemplos têm a Vigilância
epidemiológica das doenças transmissíveis, a vigilância de infecções hospitalares, e a
vigilância sentinela, aplicada a infecções crônicas e silenciosas como a infecção pelo HIV.

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30 (Artigo 29).
Avaliação

AVALIAÇÃO

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ou superior a 60% para poder emitir o seu certificado.

1. São
1) Sobjetivos da Epidemiologia, exceto:
ã
o

a. Abordar
o a célula a nível individual;
b
b. Proporcionar
j dados essenciais para o planejamento, execução e avaliação das ações
de
e prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como para estabelecer
prioridades;
t
i
c. Identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades;
v
d. oDescrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações
shumanas.

d
a
2. 11)
Assinale
S a alternativa que mostra a definição de caso:
ãE
op
i
a. oDefinição
d de um evento que não seja um caso suspeito;
be
b. São dados essenciais que servem para tratar as doenças a nível individual;
jm
i
c. eÉ a manifestação individual de uma doença, e para a vigilância epidemiológica é o
toexemplo de ocorrência do problema de saúde pública que é o objeto do estudo;
il
d. voTodas as alternativas acima estão corretas.
og
si
a
3. 21) S,
d
Falamos de busca passiva quando recebemos informações de:

oE é parte integrante do curso online "Epidemiologia" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº
Este material
9.610/98. ÉE Xproibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor
(Artigo 29).C 31
op
ibE
Epidemiologia

a. Sistema de informação de pacientes: unidade de internação;

b. Exames enviados para laboratório da saúde pública regional;

c. Sistema de notificação de doenças;

d. Profissionais de saúde.

4. São
31) Sfatores que aumentam a taxa de prevalência:
ã
o
a. Diminuição da duração da doença;
o
b
b. Aumento da incidência;
j
e
c. Aumento da taxa de cura da doença;
t
i
d. Aumento da letalidade.
v
o
s
5. 41) S
Os estudos epidemiológicos descritivos ou não experimentais concentram-se na coleta
ãd
e arranjo sistemático das três classes de fatores gerais do processo saúde/ doença. Que
oa são esses?
fatores

oE
bp
a. jAgente;
i
ed
b. tHospedeiro;
e
im
c. Ambiente, em seus aspectos quantitativos;
vi
d. oTodos
o os itens acima citados são fatores gerais do processo saúde/doença.
sl
o
dg
6. 51)
Uma Sai das grandes dificuldades do profissional de saúde é medir o padrão de vida, ou
nível ãa de vida, da população com a qual trabalha. Isso é possível com:
oE,
p
oiE
a. bdInformações
X sobre o hospital de referência da região mais próxima;
jeC
b. m Abordagem do processo saúde/doença a nível individual;
eE
iT
c. toCoeficiente de letalidade;
iO
vl:
oo é parte integrante do curso online "Epidemiologia" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº
Este material
m) sgAÉ proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor
9.610/98.
32 (Artigoi 29).
b
a
do
Avaliação

d. Indicadores de saúde.

7. 61)
NãoS haveria avanços na clínica sem os estudos epidemiológicos, mas estes não
existiriam
ã sem os avanços na clínica. Mas, qual a principal diferença entre elas?
o

o
a. bNão há diferença, uma vez que elas se completam;
j
b. A clínica aborda a doença a nível individual, a epidemiologia aborda o processo
e
saúde-doença em grupos de pessoas que podem variar de pequenos grupos até
t
populações inteiras;
i
c. vA clínica aborda o processo saúde-doença em grupos de pessoas que podem variar
ode pequenos grupos até populações inteiras; a epidemiologia aborda a doença a
snível individual.

d. dTodas as alternativas acima estão corretas.


a

E
Caso 1 p(questões 08 e 09):
i
Duranted o ano de 2015 foram identificados 300 casos novos de hanseníase no município
X, dos equais 20 receberam alta no mesmo ano. Em 31 de dezembro de 2015 estavam
registrados
m 450 pacientes no programa de controle de Hanseníase do município X, com
população
i estimada em 354.250 habitantes. Desses 450, 170 pessoas haviam sido
diagnosticadas
o em 2014 e até o final de 2015 não haviam recebido alta.
l
o
g
8. 71)
Quali o resultado do cálculo da Incidência da doença?
S
ãa
o,
a. o26,4/ 100.000 hab.;
E
b
b. X 4,8/ 100.000 hab.;
jC
c. eE 62,1/ 100.000 hab.;
tT
d. iO 84,6/ 100.000 hab.;
v:
o
y) sA
9. Qual
81) bS o resultado do cálculo da Prevalência da doença?
d

aro
d
a. E 473/ 100.000 hab.;
ao
p
rb
Este material ij é parte integrante do curso online "Epidemiologia" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº
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d
ae 33
et
m
ci
Epidemiologia

b. 39,6/ 100.000 hab.;

c. 127/ 100.000 hab.;

d. 58,4/ 100.000 hab.;

10. Facilita
91) S as comparações e interpretações. É a expressão em números de um
determinado
ã evento (mortalidade, morbidade) com um referencial fixo ou determinado.
De que
o tipo de frequência estamos falando:

o
b
a. Frequência
j severa;
e
b. Frequência
t relativa;
i
c. Frequência absoluta;
v
d. o
Frequência prevalente.
s

d
a

E
p
i
d
e
m
i
o
l
o
g
i
a
,

E
X
C
E
T
O
:

kk) A
b
o
r é parte integrante do curso online "Epidemiologia" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº
Este material
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(Artigo 29).
a
r
Referência

REFERÊNCIAS

Aproveite para estudar também as referências bibliográficas e ampliar ainda


mais o seu conhecimento.

ALMEIDA FILHO, N; ROUQUAYROL, MZ. Introdução à epidemiologia. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTRÖN, T.; BONITA, R.Epidemiologia básica. São Paulo:


Livraria Santos, 2007.

CAMARGO, Ana Cláudia. Principais temas em epidemiologia para residência médica.


São Paulo: Medcel, 2008.

CAMPOS, G. W. de S. et alli. Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec, Rio de


Janeiro: Ed. FIOCRUZ, 2006.

MEDRONHO, Roberto A. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu, 2006.

PEREIRA, Maurício Gomes. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2006.

ROUQUAYROL, M.Z.; ALMEIDA FILHO, N.A. Epidemiologia e Saúde. 7ª ed. Rio de


Janeiro: MEDSI, 2013.

VILLAR, Gabriela; MORRONE, André. Principais temas em epidemiologia para


residência médica: volume 1. São Paulo: Medcel, 2006.

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