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PRÊMIO AMIGO

DO MEIO AMBIENTE
2021

Hospital Pequeno Príncipe

Redução e compensação das emissões de gases de efeito estufa do Hospital Pequeno


Príncipe e as medidas de adaptação às mudanças do clima, baseadas na conservação da
biodiversidade

Jéssica Calderari Brustolim Lazarotto


Jessica.brustolim@hpp.org.br
(41) 3310-1019 / (41) 99847-8424

Endereço do Hospital Pequeno Príncipe: Rua Desembargador Motta, 1070


Bairro: Água Verde
Município: Curitiba
Estado: PR
CEP: 80250-060
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2021

1. Introdução

As mudanças climáticas são um dos problemas ambientais mais desafiadores por interferirem
no desenvolvimento dos biomas e afetarem a vida no planeta. E esta problemática precisa de
soluções para frear as alterações provocadas pela ação humana sobre o clima.
Segundo a Health Care Without Harm (HCHW), as emissões de gases de efeito estufa (GEE)
têm sido apontadas como uma das principais fontes de alterações climáticas do mundo e o setor
de saúde representa 4,4% das emissões globais.
Frente a esta problemática, o Hospital Pequeno Príncipe (HPP) muito mais do que compensar
as emissões, explicita o compromisso com a saúde da biosfera e tem como missão garantir um
legado de sustentabilidade de vida à sociedade, bem como, possui uma relação íntima com a
saúde, e conservar a natureza é uma forma de garantir qualidade de vida à presente e às futuras
gerações, por meio do projeto de redução de compensação das emissões de gases de efeito
estufa com proteção de área na Grande Reserva Mata Atlântica, utilizando uma metodologia
embasada pelo mecanismo REDD+ (Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e
Degradação florestal) que envolve conservação dos estoques de carbono florestal, manejo
sustentável das florestas e aumento dos estoques de carbono florestal.

2. Objetivo

Reduzir e compensar as emissões de gases de efeito estufa e propor medidas de adaptação às


mudanças do clima, baseadas na conservação da biodiversidade.

3. Desenvolvimento

A iniciativa de diminuir e compensar suas emissões de Gases do Efeito Estufa (GEEs) faz parte
de uma estratégia do Pequeno Príncipe de valorização da sustentabilidade ambiental e diante
desta questão, foi implementada uma gestão ambiental ativa que vem se focando na redução do
consumo de energia, água, geração de resíduos e minimização dos riscos, evitando impactos e
agressões ao meio ambiente, bem como redução dos custos pelo melhor aproveitamento dos
recursos em todo o seu processo assistencial.
Diante da necessidade de melhorar continuamente, o HPP realiza o inventário das suas
emissões de GEEs, através da Ferramenta de Cálculo Intersetorial GHG Protocol e também
investe em ações para mitigação destas emissões da seguinte forma:

• Substituição do sistema de encanamento de gás GLP por gás natural;


• Troca dos geradores e do chiller;
• Substituição de lâmpadas fluorescentes por tecnologia LED;
• Substituição de 93 equipamentos de Ar Condicionado (Splits);
• Instalação de painéis fotovoltaicos no local de descanso dos familiares de pacientes no Jardim
dos Sonhos do HPP, para proporcionar maior conforto com a disposição de tomadas (Figura
1);
• Instalação de painéis fotovoltaicos na cobertura da edificação central do HPP, com produção
de energia elétrica de aproximadamente 13.777kWh/mês, o que representa 5% do consumo
médio. E redução do consumo de energia elétrica de aproximadamente 35.060 kWh/mês, que
representa 12,6% do consumo médio do HPP;
• Substituição das torneiras convencionais por modelo com temporizador;
• Instalação de 3 Cisternas com volume total de 8.200 L para captação de água da chuva para
reuso (Figura 2);
• Criação do Projeto Nosso Meio Ambiente, que visa a educação ambiental dos pacientes,
colaboradores e comunidade local (Figura 3);
• Criação do Projeto Compostar: transformação dos resíduos orgânicos crus da cozinha do
HPP em 14 toneladas/ano de adubo orgânico, reduzindo o percentual de resíduos comuns
enviados para o aterro sanitário de Curitiba, bem como a utilização do composto orgânico na
horta dos chás (capim-limão, erva-cidreira, hortelã e camomila) que são servidos aos
pacientes (Figura 4).

Além disso, para as emissões que não podem ser evitadas pela estratégia de sustentabilidade,
o Pequeno Príncipe iniciou um projeto de compensação de suas emissões. A iniciativa de
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compensação é voluntária e sem geração de créditos de carbono comercializáveis. Em um


modelo inovador de parceria firmado no dia 05 de junho de 2021, ocorre a manutenção de um
estoque de carbono florestal por meio da proteção e manejo de 10 hectares da floresta ombrófila
densa nativa situada dentro da Grande Reserva da Mata Atlântica, presente na Reserva Natural
das Águas, mantida pela instituição SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e
Educação Ambiental), e situada no município de Antonina, litoral do Paraná, utilizando uma
metodologia embasada pelo mecanismo REDD+ (Figura 5).

Figura 1 - Painéis fotovoltaicos no local de descanso dos familiares

Figura 2 - Cisternas para captação de água da chuva para reuso

Figura 3 - Projeto Nosso Meio Ambiente (prática de educação ambiental)


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Figura 4 - Projeto Compostar e a utilização do composto orgânico na horta dos chás

Figura 5 - Projeto de compensação de emissões de carbono entre HPP e SPVS

4. Resultados obtidos

O projeto de compensação de emissões de carbono, garante a compensação de carbono


emitidas pelo HPP, com base no cálculo do inventário de emissões de GEE, conforme a Tabela
1 abaixo.

HPP - Ano 2019 HPP - Ano 2020


• Escopo 1 • Escopo 1
Combustão móvel: 11,9 tCO2 equivalente; Combustão móvel: 9,7 tCO2 equivalente;
Combustão estacionária: 322,3 tCO2 Combustão estacionária: 308,4 tCO2
equivalente; equivalente;
Emissões fugitivas: 2.329,03 tCO2 Emissões fugitivas: 2.341,2 tCO2 equivalente
equivalente
• Escopo 2
• Escopo 2 Eletricidade Comprada (MWh): 208,9 tCO2
Eletricidade Comprada (MWh): 274 tCO2 equivalente
equivalente
• Escopo 3
• Escopo 3 Resíduos sólidos: 18 tCO2 equivalente
Resíduos sólidos: 18,7 tCO2 equivalente

TOTAL DE EMISSÕES: 2.955,9 tCO2 TOTAL DE EMISSÕES: 2.886,2 tCO2


equivalente  822 t de carbono (tC) equivalente  802 t de carbono (tC)

Tabela 1 – Inventário de emissões de GEE do HPP.

Para definir o tamanho da área necessária para a compensação, a empresa parceira do HPP,
SPVS, possui um método de mensuração e monitoramento da biomassa de carbono montado
em suas reservas naturais do litoral do Paraná, que estimou que:

1 hectare da Floresta Ombrófila Densa nativa  Compensa em média 152,9 toneladas de


carbono
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Através desta metodologia, a compensação é realizada por meio da proteção e manejo de 10


hectares da referida floresta nativa que já possuem um estoque de carbono consolidado (1.529
toneladas de carbono compensado), o que garante a compensação das emissões do HPP
registradas no último ano de 2020 (802 toneladas de carbono), conforme Gráfico 1 abaixo.

Gráfico 1 – Compensação das emissões de carbono do HPP (Anos 2019 e 2020)

Sendo assim, as 802 toneladas de carbono emitidas pelo HPP, são compensadas através da
manutenção de florestas nativas, que visam a proteção e manejo de alta qualidade dos 10
hectares da Floresta Ombrófila Densa em um período de 5 anos, para garantir o estoque das
1.529 toneladas de carbono consolidado, e incrementá-lo com o passar dos anos.

5. Desafios e lições aprendidas

A Mata Atlântica é a segunda maior floresta tropical da América do Sul, atrás apenas da
Amazônia. Originalmente, sua cobertura se estendia ao longo da costa brasileira, desde o estado
do Rio Grande do Norte até o do Rio Grande do Sul. Em contraponto a toda esta riqueza natural,
70% da população brasileira vive atualmente na Mata Atlântica, incluindo algumas das maiores
capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Curitiba.
Como resultado deste processo de ocupação, aproximadamente 93% da cobertura original de
Mata Atlântica foi destruída ou severamente alterada. E apesar de ser um bioma protegido por
uma legislação específica, dados coletados entre os anos de 2018 e 2019 comprovam que o
desmatamento e a degradação continuam chegando a números 30% maiores do que em
períodos anteriores.
Diante deste cenário, onde o desmatamento e a degradação de florestas e as mudanças
constantes de uso do solo, que inclui agropecuária em larga escala, contribuem em 24% de todas
emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) ao redor do mundo. Já no Brasil, essas atividades
resultaram em 71% de todas as emissões em 2017 segundo dados do Sistema de Estimativas
de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) publicados em 2019. Desta forma,
a necessidade de se trabalhar alternativas mais inovadoras, em quaisquer tipos de bioma, que
valorizem a floresta em pé, torna-se fundamental.

6. Próximos passos

Estão em fase de captação de recursos, a expansão dos projetos de mitigações das emissões
dos GEEs, como é o caso da ampliação do projeto Compostar com a aquisição de um biodigestor
para decompor 100% dos alimentos da cozinha do HPP; adesão do HPP no mercado livre de
energia; adesão do HPP na campanha Race to Zero para reduzir as emissões pela metade até
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o ano 2030; bem como, a ampliação do projeto de Compensação de emissões de carbono, com
o aumento da área florestal para a compensação das emissões.

7. Informações gerais

O Pequeno Príncipe é um centro de referência no qual se pratica, ensina e pesquisa o que há


de mais moderno para o diagnóstico e o tratamento de crianças e adolescentes. É constituído
pelo Complexo Pequeno Príncipe, que é formado pelo Hospital Pequeno Príncipe (HPP),
Faculdades Pequeno Príncipe e Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe.
O HPP é uma instituição filantrópica, que desde 1919 se dedica à causa da saúde infanto-juvenil
e é o maior Hospital Pediátrico do Brasil que oferece 32 especialidades médicas, conta com 378
leitos – sendo 68 em UTIs e 10 para transplantes de medula óssea e possui mais de 2.000
funcionários.

8. Equipe envolvida:

Jéssica Calderari Brustolim Lazarotto – Engenheira Ambiental – Hospital Pequeno Príncipe


Luiz Antonio Costa Junior – Gerente de Infraestrutura - Hospital Pequeno Príncipe.
Rafael da Rosa Bruno – Biólogo – Hospital Pequeno Príncipe

9. Palavras-chave: mudanças climáticas, sustentabilidade, compensação de emissões, REDD+.

10. Referências bibliográficas:

HCHW Global. Disponível em: https://noharm-global.org/articles/news/global/argentina-sets-


example-first-country-include-health-care-decarbonization-its

SEEG 2019. Análises das Emissões Brasileiras de Gases de Efeito Estufa e suas Implicações
para as Metas do Brasil – 1970 a 2018. Disponível em: https://www.oc.eco.br/wp-
content/uploads/2019/11/OC_SEEG_Relatorio_2019pdf.pdf

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