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Mestrado em Engenharia de Minas e Geo-Ambiente

Mestrado em
Engenharia de Minas Geo-Ambiente

Hidrogeologia

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto


Departamento de Engenharia de Minas

Joaquim Eduardo Sousa Góis


Porto, 2018

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Mestrado em Engenharia de Minas e Geo-Ambiente

– Introdução.

Mestrado em Engenharia de Minas e Geo-Ambiente.

Programa da UC

Estrutura da UC.

Metodologia de exposição.

Pressupostos de alguns conhecimentos matemáticos,


físicos e químicos.

Duração.

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Mestrado em Engenharia de Minas e Geo-Ambiente

PROGRAMA GERAL DA UC
HIDROGEOLOGIA GERAL.

– O Ciclo hidrogeológico.
– Bacias hidrológicas.
– Hidrogeoquímica.
– Modelos hidrogeológicos conceptuais.

HIDROGEOLOGIA QUANTITATIVA.

– Balanços hídricos globais e regionais.


– Equações fundamentais em hidráulica. Mecânica de fluídos.
– Propriedades dos aquíferos (porosidade, permeabilidade, condutividade, etc…).
– Captações em regime permanente e transitório. Rebaixamentos.

CONSIDERAÇÕES NA IMPLEMENTAÇÃO E GESTÃO DE CAPTAÇÕES.

– Metodologias de campo. Sondagens e projetos de captação.


– Fases de execução de uma captação. Ensaios de bombagem.
– Aulas de campo. Legislação associada à exploração de aquíferos.
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Mestrado em Engenharia de Minas e Geo-Ambiente

Objectivos da disciplina. Pretende-se que o estudante:


:
Adquira um conjunto de conceitos estruturantes para a
compreensão e estudo da circulação das águas subterrâneas.

Possua conhecimentos e competências que lhe permita


projectar, dimensionar, implementar e fiscalizar as várias
actividades de exploração de águas para fins diversos.

Tenha os conhecimentos que lhe permitam a coordenação e


análise de estudo da conservação, valorização e protecção dos
recursos hídricos, num quadro de desenvolvimento sustentado.

Procure a resolução de problemas ambientais, por vezes


complexos e que envolvem a presença simultânea de processos
geológicos, físicos, químicos e biológicos.

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Mestrado em Engenharia de Minas e Geo-Ambiente

Objectivos da disciplina. Pretende-se que o estudante:

Adquira competências da concepção de projectos de


prospecção, execução, captação e manutenção de águas
subterrâneas e de recursos hidrominerais.

Possua competências no cálculo de reservas e capacidades


de extração, na definição de perímetros de protecção e tenha
consciência dos impactes ambientais da exploração de aquíferos.

Tenha conhecimentos que lhe permitam a análise da recarga


natural e artificial de aquíferos, do re-baixamento de níveis
freáticos e da drenagem de formações geológicas

Possa realizar estudos dos parâmetros hidrodinâmicos e


hidroquímicos dos aquíferos e da viabilidade económica das
exploração das águas subterrâneas e recursos hidrominerais.
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Enquadramento da temática da UC.

A fixação das populações sempre dependeu da presença de água.

O Homem têm vindo a perturbar o meio ambiente, facto que


é particularmente notório na água dada a sua enorme capacidade
de transporte de substâncias.

A grande proliferação dos depósitos de resíduos urbanos e


Industriais com o aumento do consumo das substâncias de
grande agressividade ambiental.

O crescimento da população mundial, a sua aglomeração em


grandes centros urbanos e os aumentos dos consumos de água
têm vindo a agravar os problemas.

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– Enquadramento da temática da disciplina. (continuação)

Para conhecer os mecanismos de contaminação da água


é imperioso conhecer e interpretar as leis de circulação da
água no subsolo.

Análise quantitativa da percolação da água no subsolo


Henri Darcy (Dijon, 1650).

Recurso aos modelos matemáticos de percolação e de


contaminação água subterrânea (zona de saturação e zona
não saturada) ainda incipientes e aproximativos.

Os modelos devem constituir-se como ferramentas de


apoio às decisões do técnico, permitindo criar cenários
que enquadrem a sua prática, bom senso e sensibilidade.
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Declaração Universal dos Direitos da Água – 22 de Março de 1992


1. A água faz parte do património do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região,
cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos;

2. A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser
humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura
ou a agricultura;

3. Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito
limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimónia;

4. O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes
devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre
a Terra. Este equilíbrio depende em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os
ciclos começam;

5. A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos
nossos sucessores. Sua protecção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral
do homem para com as gerações presentes e futuras;

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Declaração Universal dos Direitos da Água – 22 de Março de 1992


6 - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor económico: precisa-se saber que
ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do
mundo;

7 - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua
utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação
de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas actualmente disponíveis;

8 - A utilização da água implica em respeito à lei. Sua protecção constitui uma obrigação jurídica para
todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem
nem pelo Estado;

9 - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos da sua protecção e as necessidades de


ordem económica, sanitária e social.

10 - O planeamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão


da sua distribuição desigual sobre a Terra.
Fonte: Organização das Nações Unidas (ONU).
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Balanços Hídricos Globais

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– Balanço Hídrico Global.

Água Salgada versus Água Doce (participação das águas subterrâneas)


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– Balanço Hídrico Global.

Água Salgada versus Água Doce (participação das águas subterrâneas)


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– Balanço Hídrico Global.


Quantidade Global Água Renovação
(1000 Km3) % doce % anual (Km3)
Oceanos 1 338 000,0 96,5 --- 505 000
Subsolo 23 400,0 1,70 --- ---
Água doce no subsolo 10 530,0 0,76 30,1 16 700
Humidade do solo 16,5 0,001 0,05 16 500
Calotes polares e Glaciares 24 064,0 1,74 68,7 2 532
Lagos (água doce) 91,0 0,007 0,26 10 376
Lagos (água salgada) 85,4 0,006 --- ---
Pântanos 11,5 0,0008 0,03 2 294
Rios 2,1 0,0002 0,006 43 000
Biomassa 1,1 0,0001 0,003 ---
Vapor de água 12,9 0,001 0,04 600 000
Água doce (Total) 35 029,2 2,53 100 ---
Água Salgada versus Água Doce (participação das águas subterrâneas)
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– Balanço Hídrico Global.

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– Balanço Hídrico Global. Consumo dos Recursos Hídricos

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– Balanço Hídrico Global. Consumo dos Recursos Hídricos

Consumo anual per capita de água no mundo

Mundo - 645 m3
América Latina - 402 m3
Europa - 626 m3
Ásia - 542 m3
Oceânia - 536 m3
Estados Unidos - 1870 m3
Brasil - 246 m3
Rússia - 521 m3
China - 461 m3
Índia - 612 m3
Egipto - 952 m3
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– Balanço Hídrico Global. Consumo dos Recursos Hídricos

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– Balanço Hídrico Global. Consumo dos Recursos Hídricos

Stress Hidrico Mundial. Previsão para 2040

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– Balanço Hídrico Global. Consumo dos Recursos Hídricos

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– Balanço Hídrico Global. Consumo dos Recursos Hídricos

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– Balanço Hídrico Global. Consumo dos Recursos Hídricos

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– Balanço Hídrico Global. Recurso de Águas Subterrâneas


Distribuição Espacial e Quantitativa da Água Subterrânea (Km3)

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– Balanço Hídrico Global. Recurso de Águas Subterrâneas

O consumo atual de água no mundo é 4 600 Km3/ano dos quais


800 Km3/ano são águas subterrâneas (1 100 Km3/ano – 2050).

Distribuição Geográfica

A Qualidade da Águas nas Captações

As Recargas dos Aquíferos. Stress Hídrico

Sobre-exploração (intrusão salinas, interação com rios, alteração


de eco-sistemas, subsidências, contaminações, etc…)
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– Balanço Hídrico Global. Recurso de Águas Subterrâneas. Portugal

4 Grandes Unidade Hidrogeológicas (62


sistemas aquíferos, 22639 pontos de
água subterrânea)

Águas Subterrâneas representam 16% do


total dos Recursos Hídricos mas
suportam 54% do consumo anual

Águas Subterrâneas representam 44% do


consumo público, 50% do consumo
industrial, 65% do consumo agrícola
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– Balanço Hídrico Global. Recurso de Águas Subterrâneas.

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– O ciclo da água.
Precipitação - Evaporação - Transpiração - Infiltração - Escoamento

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– O ciclo da água.
Precipitação - Evaporação - Transpiração - Infiltração - Escoamento

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Quantificação do ciclo Hidrológico

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Precipitação em terra 720 mm


Evapo-transpiração 410 mm (57%)
Rios e escoamento subterrâneo para o mar 310 mm (43%)
Evaporação directa a partir do mar 1250 mm
Precipitação nos mares 1120 mm

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– Infiltração. Balanço hídrico regional.

A infiltração consiste no mecanismo de encaminhamento


água, através do solo, dirigindo-se em profundidade para o
lençol freático.

A importância da infiltração da água na contaminação dos


solos (veículo de dissolução e arrastamento dos poluentes)

O processo de infiltração não é linear variando consoante


o estado de saturação do solo, a litologia, a sazonalidade,
etc…

O comportamento do solo e os consequentes perfis de


infiltrações dependem da história recente do solo e não são
invariantes no tempo .
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– Infiltração. Balanço hídrico regional. (continuação)


A infiltração e subsequente recarga dos aquíferos atravessa as
zonas identificadas na figura.

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– Infiltração. Balanço hídrico regional. (continuação)

Pormenores das diferentes zonas de divisão da água abaixo da superfície


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– Infiltração. Balanço hídrico regional (continuação).

A quantidade de água que se infiltra no solo é de difícil


obtenção directa (não é observável).
Evapo-Transpiração

Bacia
Precipitação Saída Superficial
Hidrogeológica
INFILTRAÇÃO

Escoamento Subterrâneo

A quantidade de águas de escorrência superficial pode


ser aproximadamente conhecida através dos balanços dos
caudais dos rios que entram/saem numa determinada área.

A evapo-transpiração real pode ser estimada.


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– Infiltração. Balanço hídrico regional (continuação)

Estimativa da Evapo-Transpiração potencial (ETp), através


da fórmula de Thornthwaite (fórmula empírica)

 10θ 
a

ET p = 16  × F (λ )
 I 
θ - temperatura média do período em análise (medida à sombra)
a - 6.75x10-7 I3 – 7.71x10-5 I2 + 1.79x10-2 I + 0.49239
I - Índice térmico anual, soma de doze índices térmicos mensais i
F(λ) - Coeficiente de correcção, função da latitude e do mês (valor tabelado)

i - i =  θ 
1 .514

5

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– Infiltração. Balanço hídrico regional. (continuação)

Balanços de Bacias Hidrogeológicas

200,0
180,0
160,0
140,0
120,0 Temp(ºC)

100,0 Etp(mm)

80,0 Precip

60,0 RAS(mm)

40,0 Infiltr.

20,0 Etr(mm)

0,0
Jan. Mar. Maio Julho Setemb Nov.

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– Infiltração. Balanço hídrico regional. (continuação)

Saída = Entrada ± Variação no Armazenamento


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– Infiltração. Balanço hídrico regional (continuação).

Bacia Hidrográfica

Entradas:
• Precipitação, condensação;
• Circulação e superficial de águas, cursos de água;
• Circulação subterrânea de águas;
• Recargas artificiais.

Saídas:
• Evapo-transpiração;
• Circulação superficial de águas, cursos de água;
• Circulação subterrânea de águas;
• Descargas artificiais.
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Relação da água subterrânea com os cursos de água

Um curso de água é alimentado pelo lençol subterrâneo


(regiões húmidas)

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Relação da água subterrânea com os cursos de água

Um curso de água alimenta o lençol subterrâneo


(regiões áridas)

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Relação da água subterrânea com os cursos de água

Um curso de água alimenta ou é alimentado pelo lençol subterrâneo


(regiões temperadas - sazonalidade)
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Resolução de exercícios envolvendo balanços hídricos

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