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Resumão bolado de Sífilis

O que é sífilis?

A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser


humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações
clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária).

Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior.


A sífilis pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada ou para
a criança durante a gestação ou parto.

A infecção por sífilis pode colocar em risco não apenas a saúde do adulto, como também
pode ser transmitida para o bebê durante a gestação. O acompanhamento das gestantes e parcerias
sexuais durante o pré-natal previne a sífilis congênita e é fundamental.

Como prevenir a sífilis?

O uso correto e regular da camisinha feminina e/ou masculina é a medida mais


importante de prevenção da sífilis, por se tratar de uma Infecção Sexualmente Transmissível.

O acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais durante o pré-natal de qualidade


contribui para o controle da sífilis congênita.

Quais são os sinais e sintomas da sífilis?

Os sinais e sintomas da sífilis variam de acordo com cada estágio da doença, que se
divide em:

A doença sifilítica é dividida em três fases: primária, secundária e terciária, nestas etapas
a sintomatologia toma características diferenciadas

Sífilis primária

O período prodrômico varia de 10 a 30 dias. Os pacientes podem ser tanto sintomáticos


quanto assintomáticos. Quando a doença manifesta-se, normalmente, a lesão inicia-se no local
de inoculação bacteriana, apresentando uma infiltração celular a partir do qual promove o
aparecimento de lesões indolores, denominadas cancro primário ou protosifiloma. Por tratar-se
de uma DST, as lesões ocorrem de 90 a 95% dos casos na região genital. Tais lesões tendem a
regredir dentro de aproximadamente 4 semanas, embora a regressão ocorra de maneira
espontânea, a sífilis pode evoluir para sua forma secundária.

Sífilis secundária

Após o período de latência, quando não tratada, a doença tende a entrar em atividade
novamente. Neste momento, devido à disseminação do treponema pelos órgãos, ocorre o
aparecimento de lesões cutâneas eritematosas e com leve prurido. Caracteriza-se,
principalmente, por exantemas nas palmas das mãos e plantas dos pés. Em alguns casos, a
descamação é tão intensa que o aspecto torna-se parecido com lesões de psoríase. Outros
sintomas menos sugestivos da forma secundária podem surgir, como: febre, dores musculares
e de garganta e, perda de peso. Além disso, também pode causar enfermidades mais graves e
inespecíficas, como: glomerulonefrite, síndrome nefrótica e hepatoesplenomegalia .

Sífilis terciária

Nesta fase da doença, os níveis treponêmicos já obtiveram um significativo decaimento


e surgem lesões cutâneas e nas mucosas, e em versões mais graves, acometem sistema
cardiovascular e nervoso, no qual destaca-se a neurossífilis. Ossos, músculos e fígado também
podem ser afetados, entretanto, isso ocorre menos frequentemente.

O período de latência entre a sífilis secundária e o aparecimento da terciária pode variar


em torno de 10 a 20 anos. Normalmente as lesões são caracterizadas pelo surgimento de
granulomas destrutivos, que apresentam pequena inflação, formando hiperpigmentação nas
bordas.

Em uma das suas formas mais severas, a sífilis compromete o sistema cardiovascular,
no qual causa aortite, podendo ser assintomática ou originar complicações como aneurisma ou
insuficiência da válvula aórtica. Contudo, a outra maneira de agravamento da sífilis pode ser
ainda mais preocupante, já que envolve a invasão treponêmica das meninges. A infecção
causada pela neurossífilis pode ser assintomática ou quando persistente, torna-se sintomática.
De maneira assintomática, é perceptível através de anormalidades do LCR, com ausência de
sintomas neurológicos. No entanto, a forma sintomática, apresenta encefalite difusa, paralisia
progressiva e em último caso, pode causar sintomas muito próximos aos de um tumor cerebral
ou medular.

Sífilis congênita

Quando não tratada adequadamente, a gestante normalmente transmite a doença ao feto


através da passagem do treponema pela placenta. A infecção pode acarretar aborto e morte no
período pós-natal. No entanto, quando sobrevivem, podem apresentar lesões bolhosas na palma
das mãos, plantas dos pés, boca e ânus. Porém, quando a sífilis congênita assume a forma
assintomática ao nascer, a criança ainda assim, pode desenvolver lesões futuras, seja na infância
ou vida adulta.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

O diagnóstico laboratorial da sífilis é realizado de acordo com o estágio da infecção. Na


sífilis primária e em algumas lesões da fase secundária, o diagnóstico poderá ser direto, isto é,
feito pela demonstração do treponema. A utilização da sorologia poderá ser feita a partir da
segunda ou terceira semana após o aparecimento do cancro, quando os anticorpos começam a
ser detectados.

Exame em campo escuro

A detecção direta do T. pallidum por microscopia de campo escuro é a técnica mais


específica para o diagnóstico da sífilis, quando presentes lesões de sífilis primária, secundária
ou congênita, sendo possível observar e identificar o microrganismo, conforme suas
características. Uma gota de líquido tecidual ou exsudato deve ser colocada
sobre uma lâmina e uma lamínula pressionada sobre ela para formar uma camada fina.
Posteriormente, a preparação deve ser examinada sob óleo de imersão com iluminação de
campo escuro para a identificação das espiroquetas móveis típicas (BROOKS, 2012). De acordo
com o Manual Técnico para o Diagnóstico da Sífilis (2010), a amostra deve ser observada de
imediato, logo após a coleta, visto o microrganismo não sobreviver por muito tempo fora do
seu habitat. A não detecção do T.pallidum por microscopia de campo escuro pode indicar que
a lesão não é sífilis. No entanto, pode também significar que o número de organismos presentes
na amostra não é o suficiente para sua detecção ou que a lesão está próxima da cura natural, ou
ainda, que o paciente recebeu tratamento sistêmico ou tópico. Portanto, independentemente do
resultado da microscopia de campo escuro, deverão ser realizados testes imunológicos.

Pesquisa Direta com Material Corado

Todas as técnicas de materiais corados apresentam sensibilidades inferiores a de campo


escuro (MINISTÉRIO DA SAÚDE, MANUAL TÉCNICO PARA O DIAGNÓSTICO DA
SÍFILIS, 2010). No método de Fontana-Tribondeau, após a coleta da linfa é feito um esfregaço
na lâmina com adição da prata. A prata por impregnação na parede do treponema torna-o
visível. O método de Burri utiliza a tinta da China (nanquim). Na coloração pelo Giemsa o T.
pallidum cora tenuamente (palidamente), sendo difícil a observação da espiroqueta e, por fim,
o método de Levaditi usa a prata em cortes histológicos.

Imunofluorescência direta

O líquido tecidual ou exsudato, deve ser espalhado em uma lâmina e realizado secagem
ao ar. A lâmina deve ser fixada e corada com soro antitreponêmico marcado com fluoresceína.
É feita a detecção das espiroquetas fluorescentes por meio de microscopia de
imunofluorescência. A técnica possui a vantagem de apresentar maior sensibilidade e
especificidade do que a microscopia de campo escuro. Praticamente elimina a possibilidade de
erros de interpretação com treponemas saprófitas.
Biologia Molecular

O PCR é extremamente útil no diagnóstico da sífilis congênita e neurossífilis, pois


permite a realização de estudos para diagnosticar a infecção por T. pallidum por intermédio da
identificação de sequência específica do seu DNA e possibilita efetuar estudos epidemiológicos
através da subtipagem genômica de T. Pallidum.

Provas sorológicas para Sífilis

Para o diagnóstico laboratorial da sífilis utiliza-se testes treponêmicos (empregam como


antígeno o T.pallidum e detectam anticorpos antitreponêmicos, sendo feitos apenas
qualitativamente) e os não treponêmicos (detectam anticorpos que não são específicos para o
T.pallidum, porém estão presentes na sífilis podendo ser realizados de forma qualitativa ou
quantitativa). Os testes não treponêmicos são utilizados na triagem e acompanhamento da
eficácia do tratamento e os testes treponêmicos para confirmação diagnóstica. Desta forma, a
detecção sorológica de anticorpos representa a principal estratégia para o diagnóstico
laboratorial da sífilis secundária, latente e terciária.

Testes não treponêmicos

Existem quatro tipos de testes não treponêmicos com metodologia de floculação, porém,
entre estes destaca-se o VDRL (Venereal Disease Research Laboratory). É recomendado pela
OMS como um eficiente teste sorológico para o diagnóstico. O VDRL positiva-se entre 5 e 6
semanas após a infecção e entre 2 e 3 semanas após o surgimento do cancro. Portanto, pode
estar negativo na sífilis primária. Na sífilis secundária apresenta sensibilidade alta e nas formas
tardias a sensibilidade diminui. A reação não é específica, podendo estar positiva em outras
treponematoses e em várias outras situações. O VDRL é o único teste de floculação que pode
ser utilizado para pesquisa de anticorpos não treponêmicos no líquor. A realização do VDRL
em amostras de LCR é uma ferramenta fundamental para o diagnóstico da sífilis congênita ou
da neurossífilis.
Testes treponêmicos

Os testes treponêmicos envolvem: FTA-Abs (anticorpo treponêmico fluorescente),


MHA-TP (micro-hemaglutinação de T.pallidum, TPHA (hemaglutinação de T.pallidum), TP-
PA (aglutinação de partículas de T.pallidum) e ELISA (Enzyme Linked ImmunonoSorbent
Assay). Estes testes são empregados para a determinação se um resultado positivo por um teste
não treponêmico é um positivo verdadeiro ou um falso positivo. Os testes treponêmicos são
menos úteis como método de triagem, pois uma vez que o resultado seja positivo seguido de
uma infecção sifilítica inicial, os testes permanecem positivos por toda a vida,
independentemente da terapia para a sífilis. Os testes treponêmicos são os primeiros a positivar
após a infecção, sendo comum na sífilis primária resultado reagente em um teste treponêmico
e não reagente em um teste não treponêmico. São úteis também nos casos em que os testes não
treponêmicos apresentam pouca sensibilidade, como por exemplo, na sífilis tardia.

ELISA (Teste imunoenzimático)

Teste treponêmico que utiliza antígenos recombinantes de T.pallidum fixados em uma


fase sólida. A esses antígenos se ligarão os anticorpos presentes na amostra do indivíduo. De
um modo geral estes testes utilizam microplacas revestidas com o antígeno (extrato T. pallidum
ou proteínas recombinantes). O teste ELISA IgM possui maior sensibilidade e especificidade
do que o teste FTA-Abs IgM e é mais apropriado para o diagnóstico de sífilis congênita precoce.
É também utilizado para fases precoces da sífilis, possuindo sensibilidade de 94% na fase
primária, 85% na secundária e 82% na latente precoce, além de possuir especificidade de 90%.

TRATAMENTO

O tratamento preferencial para todas as fases da sífilis é a penicilina e, apesar do seu uso
há décadas, a resistência do T. pallidum a este antibiótico ainda não foi detectada. Em casos de
hipersensibilidade à penicilina, as alternativas podem incluir a tetraciclina ou doxiciclina,
eritromicina ou azitromicina e ceftriaxona. Essas opções terapêuticas alternativas, com a
exceção do estearato de eritromicina, são contra-indicados em gestantes e nutrizes. Gestantes
tratadas com estearato de eritromicina não são consideradas adequadamente
tratadas para fins de transmissão fetal, sendo obrigatória a investigação e o tratamento adequado
da criança logo após seu nascimento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). No tratamento da
neurossífilis a droga escolhida é a penicilina cristalina pela capacidade de atravessar a barreira
hemato-encefálica. Entre 2 e 12 horas após a antibioticoterapia, dor de cabeça, mal-estar, febre
ligeira, calafrios, dores musculares e intensificação das lesões sifilíticas podem ocorrer. Esta
reação benigna não necessita de medidas profiláticas e, mais importante, indica terapia eficaz.

Indivíduos soropositivos precisam de um acompanhamento especial devido a maior


dificuldade no sucesso terapêutico. Gestantes co-infectadas com o HIV podem apresentar
discordância entre a eficácia esperada do tratamento e os resultados laboratoriais de seguimento,
com maior demora ou a não ocorrência de queda dos títulos .

Tabela 1 - Resumo dos esquemas terapêuticos para sífilis em não gestantes ou não nutrizes e
controle de cura.

Fonte: Diretrizes para controle da sífilis congênita, manual de bolso, 2006.


Tabela 2 - Resumo dos esquemas terapêuticos para sífilis na gestação e controle de
cura.

Fonte: Diretrizes para controle da sífilis congênita, manual de bolso, 2006.

Segue a dica do pai pra pegar critério de excelência se a questão pedir


orientações para o paciente:

Prevenção Combinada e sexo seguro

A percepção dos riscos de adquirir uma IST varia de pessoa para pessoa, e sofre
mudanças ao longo da vida. A prevenção dessas infecções impulsiona a continuidade de
projetos pessoais, como relacionamentos, filhos/as e vida sexual saudável. Para que a
prevenção ocorra com maior eficácia, deve-se usufruir de todos os avanços científicos
existentes. É papel do profissional de saúde oferecer orientações centrada na pessoa com
vida sexual ativa e em suas práticas com o intuito de ajudá-la a reconhecer e minimizar
seu risco.
Sexo Seguro:

• Usar preservativo
• Imunizar HAV, HBV e HPV
• Conhecer o status sorológico para HIV da parceria sexual
• Testar regularmente para HIV e outras IST
• Tratamento do HIV como Prevenção
• Realização - de exames cérvico-vaginais preventivos (Papanicolau)
• PrEP (Profilaxia Pré-Exposição)
• Conhecimento e acesso à anticoncepção e concepção
• PEP (Profilaxia Pós Exposição – para casos de falha aos métodos acima

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