Notas de Aula
Gustavo Sandri
c 2019 Gustavo Sandri
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E DITORA IFB
Contents
I Corrente Contínua
1 Grandezas Físicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1 Prefixos numéricos 7
II Corrente Alternada
3 Capacitores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1 Tipos de capacitores 19
3.2 Carga e descarga do capacitor 23
4 Indutores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.1 Linhas de campo 29
4.1.1 Campo elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.1.2 Campo magnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.2 Indutores 33
4.2.1 Tipos de indutores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2.2 Indutância equivalente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5 Impedância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.1 Fasores 41
5.2 Impedância 42
5.3 Impedância equivalente 43
5.4 Potência 44
5.5 Leis de Kirchhoff 48
5.5.1 Lei das malhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5.5.2 Lei dos nós . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
6 Transformadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
6.1 Transformador Ideal 53
6.1.1 Razão ou relação de tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
6.1.2 Razão ou relação de corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
6.2 Transformador real 56
6.2.1 Eficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
6.3 Autotransformador 58
6.4 Polaridade da bobina 59
7 Casamento de impedância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
8 Motores e Geradores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
8.1 Princípio báscio de funcionamento de um gerador 64
8.2 Sistema trifásico 67
8.2.1 Sequência de fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
8.2.2 Conversão estrela – delta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
8.2.3 Conversão delta – estrela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
A CalcEn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
I
Corrente Contínua
1 Grandezas Físicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1 Prefixos numéricos
1. Grandezas Físicas
3 Capacitores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1 Tipos de capacitores
3.2 Carga e descarga do capacitor
4 Indutores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.1 Linhas de campo
4.2 Indutores
5 Impedância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.1 Fasores
5.2 Impedância
5.3 Impedância equivalente
5.4 Potência
5.5 Leis de Kirchhoff
6 Transformadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
6.1 Transformador Ideal
6.2 Transformador real
6.3 Autotransformador
6.4 Polaridade da bobina
7 Casamento de impedância . . . . . . . . . . 61
8 Motores e Geradores . . . . . . . . . . . . . . . . 63
8.1 Princípio báscio de funcionamento de um gerador
8.2 Sistema trifásico
A CalcEn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
2. Características da corrente alternada
Figure 2.1: Corrente contínua versus corrente alternada. Representação de um sinal CC versus um
sinal CA ao longo do tempo.
A corrente contínua (CC ou DC, do inglês Direct Current) é um fluxo de elétrons que se move
sempre na mesma direção. Uma fonte de corrente contínua mantêm o mesmo nível de corrente ao
longo do tempo. Veja a figura 2.1, por exemplo, onde é visto a variação de um sinal de corrente
contínua ao longo do tempo. Existe um polo positivo e negativo bem definido.
Já na corrente alternada (CA ou AC, do inglês Alternated Current) o sentido da corrente varia
no tempo e a forma de onda usual é a senoidal, como mostrado na figura 2.1. Assim, não existe um
polo positivo nem negativo pois a polaridade fica se invertendo. Entretanto, existe o que chamamos
de fase, terra e neutro. Fase é o fio que fornece a onda senoidal e cuja polaridade fica oscilando
entre positivo e negativo. Terra e neutro são fios que são mantidos ao nível de tensão de 0 V (ou
muito próximo disso). O primeiro é um fio de proteção contra choques, descargas elétricas, etc., e o
segundo é a tensão de referência e fornece o caminho para fechar os circuitos.
Apesar de os termos CC e CA se referirem diretamente ao termo corrente, é comum usarmos
estes termos para falar de outras grandezas elétricas. Assim, é usual o termo tensão CC para nos
12 Chapter 2. Características da corrente alternada
referirmos a tensões que produzem uma corrente contínua ou tensão CA para tensões que produzem
uma corrente CA. Existe também os termos potência CC e potência CA e, apesar da redundância,
também se usa os termos corrente CC e corrente CA. Em equipamentos encontrados no dia a dia,
entretanto, é mais usual os termos em inglês:
DC Voltage DC Current DC Power
AC Voltage AC Current AC Power
Tensões CC são fornecidas por baterias, pilhas, células solares e dínamos, por exemplo. Apesar
de serem fontes CC, podemos ter variação do nível de tensão fornecido por estas fontes, como é o
caso da bateria que conforme se descarrega diminui a tensão de saída. Entretanto, estas variações
dos níveis de tensão costuma ser muito lenta, normalmente imperceptível, e nunca ocorre a inversão
de polaridade.
Tensões CA são quase sempre fornecidas por geradores. Hidroelétricas, termoelétricas (a
carvão, nuclear) e eólica são estações de geração de energia elétrica que se utilizam de alguma
forma de energia para colocar o rotor dos geradores rodarem e é o gerador quem produz a tensão
CA.
É possível converter fontes CC em CA e vice versa usando circuitos retificadores ou inversores.
Inversor
CC CA
Retificador
Fontes CC possuem menos perdas de transmissão do que fontes CA devido ao efeito pelicular.
O efeito pelicular é a tendência dos elétrons fluírem apenas na superfície dos condutores e este
efeito é tão mais intenso quando maior for a frequência. Por outro lado, é muito simples alterar a
tensão de uma fonte CA apenas utilizando transformadores. Transformadores costumam possuir
alta eficiência. Por isso a tensão CA é a utilizada para a transmissão de energia. A tensão CA
é aumentada para tensões em torno de 500 kV para a transmissão. Com o aumento da tensão,
diminui-se a corrente que circula pela linha e diminui-se as perdas por efeito Joule. Na estação
onde a energia será consumida utilizamos um outro transformador para baixar esta tensão para
o valor desejado (220 V , por exemplo). A maioria dos equipamentos que usamos no dia-a-dia,
entretanto, precisam ser alimentados por fontes CC. Para isso utilizamos retificadores.
Fontes CC possuem apenas um parâmetro que é a amplitude de tensão/corrente que fornecem.
Fontes CA, por outro lado, possuem 3 parâmetros principais utilizados para descrevê-las: amplitude,
frequência e fase.
A
2.2 Círculo trigonométrico 13
Nela temos um círculo e uma seta que inicialmente se encontra no ponto A. Vamos supor que
esta seta roda no sentido anti-horário com velocidade constante. Vamos desenhar um gráfico da
altura da ponta desta seta ao longo do tempo. A medida que a seta se desloca do ponto A ao ponto
B vamos desenhando um traço ascendente em nosso gráfico.
B
Do ponto B ao C (figura acima) a curva que estava no seu máximo começa agora a descer,
atingindo uma altura igual a zero quando atinge o ponto C.
D
Do ponto C ao ponto D o gráfico continua com sua tendência de queda, atingindo agora valores
negativos, até atingir o valor máximo negativo no ponto D.
D
Finalmente, do ponto D a seta retorna ao ponto inicial, completando assim uma volta. A partir
de então o gráfico vai começar um novo ciclo, repetindo o comportamento anterior. A curva abaixo
resume o desenho da onda senoidal a medida que a seta roda no círculo trigonométrico.
14 Chapter 2. Características da corrente alternada
Vp
Vpp
• Fase: quando descrevemos o círculo trigonométrico assumimos que a seta começava o seu
percurso partindo do ponto A, mas nada impede que se começe o percurso por qualquer outro
ponto inicial, como no gráfico abaixo onde temos 3 pontos inciais diferentes.
B
θC
θB
A
Isso vai deslocar a onda para a direita ou para a esquerda. Este ponto inicial do círculo trigonométrico
é que define a fase de uma onda, que é medida em graus. No exemplo acima, a onda A tem fase de
θA = 0◦ , a onda B θB = 90◦ e a onda C θC = 225◦ .
Entretanto, o mais importante na análise de circuitos CA não é a fase de uma onda, mas sim a
diferença de fase entre duas ondas. Assim, dizemos que a onda B está adiantada em relação a onda
A de 90◦ , que a onda C está adiantada da onda B de 135◦ e que a onda A está adiantada da C de
135◦ . Para saber qual onda está adiantada em relação a outra basta olhar no circulo trigonométrico.
2.2 Círculo trigonométrico 15
A onda mais adiantada é aquela que tem o menor ângulo em relação a outra se percorrermos o
círculo em sentido horário e este ângulo é a diferença de fase entre elas.
Exemplo
A B
200
150
100
50
-50
-100
-150
-200
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
Exemplo
-1
-2
-3
-4
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
+ + + + + + + + + +
+ + + + + + + + +
+ + + + + + + + + + + +
- - - - - - - - - - - -
-
Ao se conectar uma fonte de tensão externa, como uma pilha, esta vai tentar impor um fluxo
de elétrons no capacitor, retirando elétrons da placa conectada no polo positivo e injetando eles
na placa conectada no polo negativo. Isso faz surgir uma corrente elétrica. Aos poucos vai se
acumulando uma carga positiva em uma das placas e uma carga negativa na outra.
Como cargas de sinais opostos se atraem, as cargas acumuladas na placa positiva atraem as
cargas acumuladas na placa negativa e esta força de atração vai aumentando conforme mais carga
se acumula no capacitor. Esta força de atração faz surgir uma tensão no capacitor. Quando esta
tensão se igualar a tensão da fonte externa (no caso a pilha) esta não vai mais ser capaz de induzir
um fluxo de elétrons e o capacitor permanece carregado.
Podemos fazer uma analogia com água para explicar o funcionamento de um capacitor. Imagine
duas caixas d’água como na figura a seguir. Cada caixa d’água representa uma das placas do
capacitor nesta nossa analogia. Vamos conectar uma bomba de água para tentar retirar a água de
uma das caixas para a outra. A bomba funciona como a pilha e o fluxo de água é equivalente ao
fluxo de elétrons. A medida que a bomba retira água de uma caixa e injeta na outra, vai surgindo
um desnível entre as duas caixas d’água. O desnível é equivalente a carga acumulada no capacitor.
18 Chapter 3. Capacitores
O desnível de água faz surgir uma força que dificulta injetar mais água na caixa d’água, similar a
tensão que surge no capacitor. A bomba continua injetando água na caixa d’água até que o desnível
seja tal que a bomba não é capaz de injetar mais água na caixa. Neste ponto atingimos um estado
de equilíbrio. Entretanto, se desligarmos a bomba a água volta sozinha de uma caixa para a outra
só pela força da gravidade devido ao desnível, até que ambas as caixas voltem a ter o mesmo nível
de água.
Assim, o capacitor é um dispositivo que consegue acumular carga elétrica se aplicado uma
tensão nele. Ao se remover ou diminuir esta tensão, o capacitor devolve a carga elétrica acumulada
nele.
A carga acumulada em um capacitor é dada pela equação:
Q = CV (3.1)
onde Q é a carga acumulada no capacitor, em Coulombs, C é a capacitância do capacitor que mede
a capacidade dele acumular carga, medido em Farads, e V é a tensão sobre o capacitor, medido em
Volts.
A capacitância do capacitor é uma característica que depende da forma como o capacitor foi
construído. Alguns fatores influenciam na capacitância, como:
• Área das placas: Quanto maior a área das placas maior será a capacitância do capacitor
pois, com uma área maior, ele é capaz de acumular mais carga para uma mesma tensão.
Existem no mercados capacitores variáveis, onde é possível ajustar o valor da capacitância
fazenda girar uma pina que faz deslocar um conjunto de placas, aumentando ou diminuindo
a capacitância do capacitor, como este da imagem abaixo
Campo Elétrico
+ + + + + + + + + +
- - - - - - - - - -
Podemos ver pelas linhas de força que a carga positiva acumulada na placa superior tem uma
tendência de serem atraída para a placa acumulada com carga negativa. É esta força que faz surgir
a tensão elétrica no capacitor. Quanto maior a carga acumulada, mais forte será o campo elétrico
gerada e maior a tensão no capacitor.
2. Poliéster: Formado por várias camadas de poliéster e alumínio, o que o torna bastante
compacto. Este capacitor tem uma capacidade de autorregeneração, no caso de dano entre
as camadas (por pulsos de tensão acima do especificado, por exemplo), o material metálico
que está sobre a folha de poliéster evapora, por ser muito fino, evitando um curto circuito. A
quantidade de folhas e a espessura das mesmas determinam a capacitância deste capacitor.
4. Tântalo: São usados para substituir os capacitores de eletrolítico, quando se quer minimizar
o circuito. Seu material dielétrico é o Óxido de Tântalo, tem baixa corrente de fuga, e uma
vida útil geralmente maior do que de outros eletrolíticos. Estes também merecem cuidado na
hora da polarização, pois se polariza-lo de maneira incorreta certamente ocasionará em uma
explosão imediata. Para prevenir isto, como de costume, os fabricantes tomam o cuidado de
deixar o terminal positivo maior que o terminal negativo.
3.1 Tipos de capacitores 21
5. Mica: O material dielétrico deste capacitor, obviamente, é a mica. As placas são de prata, e
estas envolvem a folha de mica. Altamente estável quanto à temperatura e possui baixa perda
de carga. Muito usado sem circuitos osciladores e circuitos ressonantes. Estes capacitores
podem ou não possuir terminais, como os já citados possuem. Alguns modelos são soldados
diretamente na placa a qual será montado o circuito, isso ocasiona uma boa dissipação do
calor quando se está trabalhando com potências elevadas.
6. SMD: São usados em todo tipo de equipamentos eletrônicos. O material dielétrico destes
capacitores pode ser de cerâmica, tântalo, entre outros. Por serem muito pequenos, geralmente
são montados nos circuitos por robôs. Ele não possui terminais, este componente é de
montagem em superfície.
22 Chapter 3. Capacitores
8. Óleo e Papel: Não são mais fabricados, e por isso são verdadeiras raridades. Eles eram
usados em equipamentos valvulados, onde requer alta isolação. Sua composição era de fitas
de alumínio enroladas em um papel embebido por óleo. Da mesma forma, os capacitores de
papel já não são mais fabricados, eles eram usados nos primórdios da eletrônica. Eram con-
stituídos por folhas metálicas e um tubo enrolado de papel. Estes materiais eram embebidos
de cera de abelha.
Assim como para resistores, é adotado um símbolo para representar os capacitores no desenho
de circuitos. Os principais símbolos adotados são:
+
não polarizado polarizado
+ +
polarizado polarizado
variável variável
O sinal de mais (+) nem sempre está presente no símbolo dos capacitores que possuem
polaridade, mas a diferença do desenho do terminal positivo do negativo permite discriminá-los.
3.2 Carga e descarga do capacitor 23
chave 1 R1 chave 2
+ R2
10 V C
-
5V
corrente
entrando
no
capacitor
• No intervalo de tempo I, a chave 1 é fechada e a chave 2 fica aberta. Com isso forma-se um
circuito que liga o capacitor à fonte de 10 V através do resistor R1 . Como o capacitor está
descarregado, a fonte impõe um fluxo de corrente que vai carregando o capacitor. A corrente
que carrega o capacitor é calculada como:
V −VC
I=
R1
onde V é a tensão da fonte (10 V ) e VC é a tensão sobre o capacitor. Como o capacitor está
descarregado, VC = 0 V inicialmente.
Conforme o capacitor carrega, vai surgindo uma tensão no capacitor devido a força de atração
entre as cargas opostos acumuladas em cada uma das placas do capacitor. Com isso, como
24 Chapter 3. Capacitores
fica mais difícil de a fonte injetar carga no capacitor e a corrente começa a diminuir e,
portanto, a quantidade de carga que entra no capacitor por segundo diminui. Como é a carga
acumulada no capacitor que determina a tensão do capacitor, a tensão do capacitor começa a
subir cada vez mais lentamente. Finalmente, quando a tensão no capacitor se iguala a tensão
da fonte, a fonte não é mais capaz de injetar corrente no capacitor e o fluxo de corrente cessa.
O capacitor mantêm a sua carga.
• No intervalo de tempo II, ambas as chaves estão abertas. Assim o capacitor fica desconectado
e não consegue nem ganhar nem perder carga. A sua tensão e carga se mantêm.
• No intervalo de tempo III, a chave 2 é fechada. A força de atração das cargas acumuladas
na placa do capacitor faz surgir uma corrente que passa pelo resistor R2 , descarregando o
capacitor. Esta corrente é calculada como:
VC
I=−
R2
O sinal negativo é porque a corrente está saindo do capacitor.
A medida que o capacitor descarrega, a tensão sobre ele diminui, diminuindo também a
corrente que ele fornece ao resistor, até que o fluxo de corrente vai a zero quando o capacitor
está totalmente descarregado.
Exercício 3.1 Dada a curva de tensão sobre o capacitor, esboce a sua corrente. Assuma que
cada divisão do tempo tenha 1 s.
a)
5V
b)
3.2 Carga e descarga do capacitor 25
2V
-2 V
c)
10 V
-10 V
Exercício 3.2 Dada a curva da corrente entrando no capacitor, esboce a tensão sobre ele
assumindo que esteja inicialmente descarregado. Assuma que cada divisão do tempo tenha 1 s.
3 mA
-3 mA
26 Chapter 3. Capacitores
C1 = 10 µF C2 = 2000 nF
b)
C1 = 60 µF C2 = 40 µF
c)
C1 = 10 nF
C2 = 90 nF
d)
C1 = 70 µF C2 = 30 µF
3.2 Carga e descarga do capacitor 27
Exercício 3.4 Considere o circuito abaixo. Vamos assumir que o capacitor está inicialmente
descarregado e que os resistores R1 e R2 possuem a mesma resistência.
chave 1 R1 chave 2
+ R2
10 V C
-
As chaves 1 e 2 alternam entre abertas e fechadas nos instantes marcadas no gráfico abaixo.
a) Esboce a curva de tensão sobre o capacitor supondo que os intervalos de tempos marcados
sejam suficientes para o capacitor carregar e descarregar.
10 V
5V
+ -
Acima temos as linhas de campo elétrico (também chamadas de linhas de força) produzidos por
uma partícula de carga positiva e outra de carga negativa. Na partícula de carga positivo as linhas
estão saindo pois ela tem tendência de repelir cargas positivas. Na partícula de carga negativa, do
contrário, ela tende a atrair partículas de carga positiva.
Quanto mais próximo as linhas estiverem desenhadas, mais forte é o campo elétrico. Nos
exemplos acima, é nas proximidades da partícula que o campo elétrico é mais forte e é também lá
que temos a maior densidade de linhas.
30 Chapter 4. Indutores
O campo gerado por duas ou mais partículas, ou mesmo um corpo carregado, podem assumir
formas distintas. A figura a seguir representa o campo elétrico produzido por duas partículas de
cargas opostas.
+ -
Os capacitores são dispositivos que armazenam energia no campo elétrico produzido entre suas
placas.
1 De forma não rigorosa, o spin de um elétron representa o sentido que estes giram em torno de si mesmo
4.1 Linhas de campo 31
Existe muitas semelhanças entre campos elétricos e magnéticos, mas eles não são iguais. Os
imãs possuem um polo norte (N) e um polo sul (S). Assim como partículas de cargas opostas se
atraem, polos opostos se atraem. Da mesma forma, polos iguais se repelem.
As linhas de campo magnético indicam o sentido que uma bússola apontaria se fosse colocada
naquele ponto do espaço. Quanto mais próximas estas linhas estiverem desenhadas, mais forte é o
campo magnético.
Ao se fazer passar uma corrente por um condutor surge uma campo magnética que circula o
condutor, como mostrado na figura abaixo. Este campo é tão mais intenso quando maior for a
corrente que estiver passando pelo condutor.
µN
B= i, (4.1)
l
onde B é o campo magnético gerado, µ é a permeabilidade magnética, N é o número de voltas do
solenoide, l é o comprimento do solenoide e i é a corrente circulando o solenoide. Assim, uma
forma de produzir um eletroímã mais forte é utilizar um núcleo de ferrite onde de algum outro
material ferromagnético, de forma a aumentar a permeabilidade magnética.
Na natureza os materiais se opõem à variação do campo magnético. Imagine os exemplos
dados na figura abaixo. Nelas temos uma bobina colocada próximo de um imã. No primeiro caso o
imã está se aproximando do solenoide. A medida que o imã se aproxima, o campo magnético vai
ficando cada vez mais forte nas proximidades do solenoide. Para se opor a variação deste campo
magnético é induzida uma corrente no solenoide de forme a produzir um campo magnético que
force o imã a se afastar.
No segundo exemplo temos o caso contrário. Agora o imã está se afastando. É induzida então
uma corrente no solenoide de forma a atrair o imã.
I I
S N N S N S N S
4.2 Indutores 33
Repare que conseguimos produzir uma corrente elétrica através da variação do campo magnético.
Como o solenoide do exemplo estava curto-circuitada a corrente conseguia circular livremente.
Caso o solenoide estive em circuito aberto a corrente não mais iria conseguir circular, mas ainda
assim a variação do campo magnético iria produzir uma tensão nos terminais do solenoide, tentando
forçar a circulação de uma corrente.
4.2 Indutores
Os indutores são dispositivos que armazenam energia no campo magnético. Eles são um condutor
(fio), normalmente enrolado na forma de uma bobina, por onde pode se fazer passar uma corrente
elétrica. Os símbolos usados para representar o indutor são os dados abaixo:
Ao se fazer passar uma corrente pelo indutor, esta faz surgir um campo magnético nele. Se a
corrente diminuir ou aumentar este campo magnético também vai mudar. A variação do campo
magnético induz uma tensão no indutor para se opor à esta variação.
A equação do indutor é
∆I
V =L . (4.2)
∆t
Nesta equação:
• V : É a tensão induzida no indutor
• L: É a indutância do indutor, dada em Henry (H)
∆t : É a velocidade que o a corrente elétrica varia no tempo
• ∆I
Esta equação é muito parecida com aquela do capacitor. Apenas para relembrar, na tabela
abaixo temos a relação entre tensão e corrente para o resistor, capacitor e indutor.
V = RI I = C ∆V
∆t V = L ∆I
∆t
Resistor Capacitor Indutor
Repare que no capacitor a corrente depende da variação da tensão e no indutor é a tensão que
depende da variação da corrente.
4. Núcleo de ferrite: Estes indutores são feitos de um tipo de cerâmica ferromagnética, que tem
um melhor desempenho em altas frequências, onde são mais empregadas. Não apresentam
correntes parasitas além de baixa histerese.
magnético sofre perdas à circular de uma extremidade a outra, pelo contato com o ar. Por
isso este núcleo foi projetado para fazer um caminho para este campo, evitando o número de
perdas.
Exercício 4.1 Dada a curva de corrente sobre o indutor, esboce a sua tensão. Assuma que cada
divisão do tempo tenha 1 s e que o indutor tenha 50 mH.
a)
5A
b)
36 Chapter 4. Indutores
2A
-2 A
c)
10 A
-10 A
Exercício 4.2 Dada a curva de tensão sobre o indutor, esboce a corrente passando por ele
assumindo que esteja inicialmente descarregado. Assuma que cada divisão do tempo tenha 1 s e
que o indutor seja de 2 H.
4.2 Indutores 37
3 mV
-3 mV
+ - + - + -
V1 V2 V = V1+V2
∆I
V1 = L1
∆t
∆I
V2 = L2
∆t
∆I ∆I
V = V1 +V2 = L1 + L2
∆t ∆t
∆I
V = (L1 + L2 )
∆t
∆I
V = (Leq )
∆t
Ou seja, podemos concluir que Leq = L1 + L2 . Ou seja, a indutância equivalente para indutores
em séria é a soma de suas indutâncias.
Quando os indutores estiverem em paralelo a queda de tensão neles será a mesma, conforme
figura a seguir. Entretanto a corrente I que entra neles é dividida, parte indo para o primeiro indutor
38 Chapter 4. Indutores
e o restante para o outro. Podemos substituir estes dois indutores por um indutor equivalente pelo
qual a corrente que passa por ele é igual a soma das correntes passando por cada indutor.
I1
Leq
I I = I1+I2
+ -
V
I2
+ -
V
∆I
V = Leq
∆t
∆I1 + I2
V = Leq
∆t
∆I1 ∆I2
V = Leq +
∆t ∆t
∆I1 ∆I1 V
V = L1 → =
∆t ∆t L1
∆I2 ∆I2 V
V = L2 → =
∆t ∆t L2
V V
V = Leq +
L1 L2
1 1
V = LeqV +
L1 L2
1 1
1 = Leq +
L1 L2
1 L L
Leq = = 1 2
1
+ 1
L1 L2
L1 + L2
Repare que a associação de indutores em série e paralelo segue a mesma lógica que resistores
em série e paralelo.
b)
100 nH 5 µH
c)
15 mH
10 mH
d)
65 mH
35 mH
e)
8 mH
5,2 mH
12 mH
f)
100 pF 50 pF
100 pF
g)
40 Chapter 4. Indutores
9H
70 H
10 H 70 H
60 H
20 H
23,41 H
5. Impedância
5.1 Fasores
Fasor é uma forma de representar funções senoidais, como aquelas das tensões e correntes alternadas.
Ele relaciona a amplitude (A) e fase (θ ) em um único número complexo. Eles são vetores que
giram em uma determinada velocidade em um círculo trigonométrico.
Nós já vimos esta representação quando foi introduzido as correntes e tensões alternadas.
O ângulo inicial deste vetor é a sua fase e a amplitude dele é a amplitude da onda. Sabendo a
frequência da onda, todo o seu comportamento pode ser descrito apenas pela posição inicial do
fasor. Existem
√ duas formas de representar um número complexo apresentados na tabela abaixo. Na
tabela j = −1 é o número imaginário.
Polar Retangular
Representação A∠θ x + jy
A: Amplitude x: parte real
Variáveis
θp: fase y: parte imaginária
A = x2 + y2 x = A cos(θ )
Relação
θ = atan xy y = A sin(θ )
Estas duas formas são equivalentes, mas costumamos utilizar mais a forma polar ao se resolver
problemas de circuitos CA. Fasores são utilizados para representar como a tensão ou a corrente
42 Chapter 5. Impedância
variam ao longo do tempo. Temos então os fasores de tensão e de corrente. Imagine, por exemplo,
uma fonte de tensão alternada com 220 VRMS de amplitude e uma fase inicial de 120◦ . Esta tensão é
representada de forma fasorial por 220∠120◦ V . Sempre usamos os valor em RMS para os fasores
de tensão e corrente. Isto facilita os cálculos de potência que veremos mais para frente.
A frequência que a tensão ou corrente alternada oscila não é representada pelo fasor, mas é
sempre um valor fixo determinado. Assim, um fasor de tensão 220∠120◦ V de uma rede de 60 Hz
representa uma onde senoidal de tensão com 220 VRMS , 120◦ de fase, oscilando a uma frequência
de 60 Hz. Imagine agora que aplicamos esta tensão à um resistor de 100 Ω. O fasor de corrente
pode ser calculado usando a Lei de Ohm:
V 220∠120◦
I= = = 2, 2∠120◦ ,
R 100
ou seja, o fasor corrente é 2, 2∠120◦ A que representa uma corrente de 2, 2 ARMS , com fase de 120◦ ,
oscilando a 60 Hz.
É comum ao montarmos nossas equações, representar valores fasoriais com letras maísculas e
seu correspondente não fasorial com letra minúscula. Assim, a tensão de uma fonte AC seria dada,
por exemplo, pela letra v, enquanto que o fasor correspondente seria dado pela letra V .
5.2 Impedância
Impedância elétrica ou simplesmente impedância, é a oposição que um circuito elétrico faz à
passagem de corrente quando é submetido a uma tensão. Ele é uma generalização do conceito de
resistência que também inclui capacitores e indutores.
As equações que relacionam tensão e corrente podem ser convertidas para suas formas fasorias.
De fato, já fizemos isso no exemplo anterior usando o resistor já que sua equação fasorial é idêntica
a forma não fasorial.
A tabela abaixo mostra como ficam as equações fasorias para o resistor, indutor e capacitor
onde ω = 2π f é a frequência angular que as ondas de tensão e corrente estão oscilando, f é a
frequência em Hertz.
Equação v = Ri i = C ∆v
∆t v = L ∆i
∆t
Eq. fasorial V = RI I = jωCV V = jωLI
−j 1
Impedância R ωC = ωC ∠ − 90 ◦
jωL = ωL∠90 ◦
Comparando com a equação obtida para o resistor, podemos achar um componente que faz um
papel semelhante a resistência para o capacitor e o indutor, que é chamado de impedância. Assim,
a impedância de um resistor é a sua própria resistência, já a impedância do capacitor e do indutor
depende do valor de capacitância ou indutância e variam com a frequência do circuito.
Para o capacitor:
• Quanto maior a capacitância, menor a sua impedância
• Quando maior a frequência, menor a sua impedância
Para o indutor:
• Quanto maior a indutância, maior a sua impedância
• Quanto maior a frequência, maior a sua impedância
5.3 Impedância equivalente 43
Vamos retomar o exemplo anterior. Imagine uma fonte de tensão com fasor 220∠120 V a 60Hz.
Vamos calcular a corrente que esta fonte induz em um resistor de 100 Ω, um capacitor de 100 F e
num indutor de 100 H.
A impedância do resistor é igual a sua resistência. Logo o fasor corrente será
220∠120
I= = 2, 2∠120 A.
100
O impedância do capacitor é calculada como
1 1
∠ − 90 = ∠ − 90 = 2, 65 × 10−5 ∠ − 90 Ω
ωC 2π60 100
logo, o fasor da corrente passando pelo capacitor será dado por
220∠120
I= = 8, 30 × 106 ∠210 A = 8, 30∠210 MA.
2, 65 × 10−5 ∠ − 90
A impedância do indutor é
220∠120
I= = 0, 00583∠30 A = 5, 83∠30 mA
3, 77 × 104 ∠90
Exercício 5.3 Calcule a impedância equivalente suponde que os circuitos operem numa fre-
quência angular de ω = 400 rad/s (ω = 2π f ).
44 Chapter 5. Impedância
a) b)
625 nF
3 kΩ
10 H 10 H
c) 2 µF
7,5 H 7 kΩ
5.4 Potência
Em circuitos CC, a potência era calculada como o produto entre a tensão e a corrente. Assim, uma
fonte de 200 V fornecendo 10 A de corrente, está fornecendo 2000 W de potência. Isso continua
sendo válido para circuitos CA, mas como a tensão e a corrente estão variando com o tempo, a
potência fornecida pela fonte também varia com o tempo.
Tensão
Corrente
Potência
5.4 Potência 45
Repare, no gráfico acima, que existem momentos em que a fonte de tensão está fornecendo
potência e em outros momentos está consumindo potência. A fonte está fornecendo potência
quando sua tensão ou corrente possuem o mesmo sinal (ambas positivas ou ambas negativas) e está
recebendo potência quando a tensão e a corrente possuem sinais opostos. Além disso, a potência
vai para zero quando a tensão ou a corrente passam pelo zero.
Para análise de circuitos CA, costumamos nos focar mais na potência média consumida/fornecida
por uma fonte. Definimos três conceitos novos:
• Potência ativa: Em partes do ciclo a fonte pode estar fornecendo potência e em outros
momentos está recebendo esta potência de volta. A potência ativa fornecida por uma fonte é
a potência média que esta fonte realmente forneceu ao longo do ciclo, ou seja, é descontada
aquela potência que o circuito devolveu a fonte.
• Potência reativa: É a potência média que a fonte fornece em parte do ciclo e que recebe de
volta em outra parte do ciclo.
• Potência aparente: Devido a potência reativa dá se a impressão de que uma fonte está
fornecendo mais potência do que de fato está sendo consumida. A potência aparente é a
potência média que a fonte aparenta estar fornecendo.
Reativa
Aparente
Ativa
A figura acima ilustra o conceito destas potências médias. Para diferenciá-las, cada uma destas
potências recebe uma unidade diferente:
• Potência ativa: Watts (W )
• Potência aparente: Volt-Ampère (VA)
• Potência reativa: Volt-Ampère reativo (VAr)
O cálculo destas potências médias é feita diretamente com os fasores de tensão e corrente:
P = V × I∗ (5.1)
onde I ∗ significa o conjugado complexo do fasor corrente que é obtido trocando o sinal do ângulo
do fasor corrente, ou trocando o sinal da parte imaginária, como por exemplo:
46 Chapter 5. Impedância
P = 20∠30 × 10∠45∗
= 20∠30 × 10∠ − 45
= 200∠ − 15 = 193, 19 − 51, 76i
Ou seja, a potência ativa foi de 193, 19 W , a reativa foi de −51, 76 VAr e a aparente de 200 VA.
Quanto menor for a potência reativa de um circuito melhor, pois a potência reativa aumenta
a corrente que circula, aumentando as perdas nas linhas de transmissão, sem efetivamente ser
consumida pelo circuito. O fator de potência é um parâmetro do circuito que fornece uma relação
entre potência ativa e reativa. É calculado como:
potência ativa
fator de potência = (5.2)
potência aparente
Ou, de forma equivalente, o fator de potência pode ser calculado em função do ângulo da
potência complexa P.
No caso do exemplo acima, a potência ativa foi 193, 19 W e a potência aparente foi 200 VA.
Logo o fator de potência é
193, 19
fp= = 0, 9659 = 96, 59%
200
Ou, calculando em função do ângulo da potência complexa, que é −15 graus:
Para termos um circuito com uma boa eficiência energética, é preferível que o fator de potência
fique próximo de 100%.
O ângulo da potência complexo também nos fornecem outras informações. Se ele for um ângulo
positivo significa que a carga a que a fonte está conectada possui um comportamento mais indutivo.
Se for negativo, possui um comportamento indutivo. Se o ângulo for zero, a carga é puramente
resistiva. Uma fonte que possua potência complexa 200∠15 ou 200∠ − 15 terão o mesmo fator
de potência, pois cos(15) = cos(−15) = 96, 59%. Entretanto o primeiro é indutivo e o segundo é
capacitivo.
5.4 Potência 47
20 4∠90 20 4∠-90 20 4
d) 3 e) 3
50 5∠90 50 5∠-90
f) g)
50 10∠90 10 50 10∠-90 10
Exercício 5.5 O circuito a) abaixo representa o modelo de um motor de indução ligado a uma
fonte de tensão de 100 VRMS . Em b) temos exatamente o mesmo circuito, mas foi adicionado
um capacitor em paralelo com a fonte. Para cada um dos circuitos, calcule a corrente fornecida
pela fonte e as potências ativa, reativa e aparente fornecida pela fonte. Justifique a diferença
encontrada em cada circuito.
a) 5∠90
100 50 20∠90
b) 5∠90
Exercício 5.6 Os circuitos abaixo estão operando a 60 Hz. Para cada um deles, calcule:
1. Impedância equivalente
2. Corrente fornecida pela fonte
3. Potência ativa, reativa e aparente
4. O fator de potência
a) b) c)
20 10 mH 20 530 µF 20 4 kΩ
d) 3 kΩ e) 3Ω
50 15 H 50 530 µF
f) g)
50 25 mH 10 Ω 50 250 nF 10 kΩ
- -
+ +
+ +
- -
I I I
+ + + V= I
V = RI V = jωLI jωC
V V V
Z=R Z = jωL = ωL∠90 Z = 1 = 1 ∠-90
- - - jωC ωC
De forma mais genérica, a queda de tensão pode ser calculada pela impedância Z pela equação
V = ZI (5.4)
50 50 17∠-30
V
V
-
- +
-
Exercício 5.8 Calcule a corrente passando pelo resistor usando a lei das malhas.
50 Chapter 5. Impedância
Np
Ns
Vp Vs
Exercício 5.9 Calcule a corrente que passa por cada impendância do circuito abaixo usando a
lei das malhas
100∠0
45∠50 + 45∠50
-
100∠-120 100∠120
-
-
+
45∠50
Exercício 5.10 Calcule a corrente passando pelo resistor usando a lei dos nós.
Np
Ns
Vp Vs
Exercício 5.11 Calcule a corrente que passa por cada impendância do circuito abaixo usando a
lei dos nós.
5.5 Leis de Kirchhoff 51
100∠0
45∠50 + 45∠50
-
100∠-120
- 100∠120
-
+
+
45∠50
6. Transformadores
I I
S N N S N S N S
Podemos substituir o imã por uma outra bobina ligada a uma fonte CA. A fonte CA produz uma
tensão que varia ao longo do tempo, seguindo uma curva senoidal. Portanto, o campo magnético
que esta bobina produz também varia com o tempo. A outra bobina produzirá então uma corrente
de forma a se opor a variação do campo magnético. Esta é a estrutura básica de um transformador.
As duas bobinas não possuem contato elétrico, mas é possível transferir energia de uma bobina
para a outra através do campo magnético que enlaça as duas.
I I
~
S N S N
54 Chapter 6. Transformadores
Este é o princípio de funcionamento de carregadores sem fio. Neles existe uma base que é
conectada a uma fonte de energia. Esta base possui uma bobina que gera um campo magnético
variante no tempo de alta frequência. O celular, por sua vez, possui uma bobina que ao tentar se
opor a variação do campo magnético da base produz um corrente que é utilizada para carregar a
bateria do celular. Assim, a energia elétrica é transferida da base para o celular através do campo
magnético, sem necessidade de fios.
A região que engloba as duas bobinas, permitindo o enlace magnético entre elas é chamado
de núcleo. O transformador básico consiste de duas bobinas isoladas eletricamente uma da outra
e enroladas em torno de um núcleo comum. O acoplamento magnético é usado para se transferir
energia elétrica de uma bobina para outra. A bobina que recebe a energia de uma fonte CA
é denomina de primário. A bobina que fornece energia para uma carga CA é denominada de
secundário. O núcleo dos transformadores usados em baixa frequência costuma ser feito de material
magnético, geralmente laminado. O núcleo dos transformadores usados em altas frequências
são feitos de ferro em pó e cerâmica ou de materiais não-magnéticos. Algumas bobinas são
simplesmente enroladas em torno de formas ocas não magnéticas, como papelão ou plástico, de
modo que o material que forma o núcleo na verdade é o ar.
+ +
~ Vp Vs Carga
- -
Vp N p
= (6.1)
Vs Ns
A razão Vp /Vs é chamada de razão ou relação de tensão (RT). A razão Np /Ns é chamada de
razão ou relação de espiras (RE).
Uma razão de 1:4 (lê-se um para quatro) significa que para cada volt no primário do trans-
formador há 4 volts no secundário. Quando a tensão do secundário é maior do que a tensão do
primário, o transformador é denominado de transformador elevador. Uma razão de 4:1 significa
que para 4 volts no primário há somente 1 volt no secundário. Quando a tensão no secundário for
menor do que a tensão no primário, o transformador é denominado de transformador abaixador.
Np
Ns
Vp Vs
Exercício 6.2 Um transformador com núcleo de ferro operando em uma linha de 120 V possui
500 espiras no primário e 100 espiras no secundário. Calcule a tensão no secundário.
Exercício 6.3 Um transformador de potência tem uma razão de espiras de 1:5. Se a bobina do
secundário tiver 1000 espiras e a tensão no secundário for de 30 V , qual a razão de tensão, a
tensão no primário e o número de espiras no primário?
56 Chapter 6. Transformadores
Pp = Vp × Ip∗ (6.2)
Ps = Vs × Is∗ (6.3)
Através das equações (6.2) e (6.3), sabendo que Pp = Ps , chegamos a seguinte relação
Através desta equação e da equação (6.1) podemos expressar a relação de corrente por
Np Is
= (6.5)
Ns Ip
Exercício 6.5 Um transformador para campainha com 240 espiras no primário e 30 espiras no
secundário consome 0, 3 A de uma linha de 120 V . Calcule a corrente no secundário.
secundário e não irão produzir uma corrente no secundário. Para reduzir este problema é
comum utilizar materiais ferromagnéticos no núcleo dos transformadores que criam uma es-
pécie de caminho por onde o campo magnético circula. Como analogia, materiais condutores,
como o cobre, criam um caminho para a corrente elétrica da mesma forma que materiais
ferromagnéticos criam um caminho para o campo magnético.
I
~
Bobinas
• Uma outra perda introduzida pela núcleo é a perda por histerese. É necessário gastar uma
certa energia para alinhar os spins magnéticos de materiais ferromagnéticos. Esta energia é
perdida pela inversão do campo magnético no núcleo à medida que a corrente alternada de
magnetização aumenta e diminui e muda de sentido.
Devido a estas perdas, a tensão e a corrente no secundário será, na prática, um pouco menor do
que a prevista pelo modelo de transformador ideal.
58 Chapter 6. Transformadores
6.2.1 Eficiência
A eficiência de um transformador é igual a razão entre a potência de saída no secundário e a
potência de entrada no enrolamento do primário. Um transformador ideal tem eficiência de 100%
porque libera toda a energia que recebe. Devido às perdas no núcleo e no cobre, a eficiência na
prática é menor do que 100%. Expresso na forma de equação,
Ps
Ef = (6.6)
Pp
onde E f = eficiência
Ps = potência ativa de saída no secundário
Pp = potência ativa de entrada no primário
Exercício 6.6 Qual é a eficiência de um transformador se ele consome 900 W e fornece 600 W ?
Exercício 6.7 Um transformador tem uma eficiência de 90%. Se ele fornece 198 W a partir de
uma linha de 110 V , calcule a potência de entrada e a corrente no primário.
Exercício 6.8 Um transformador operando a uma tensão de 100 V no primário, consome uma
corrente de 10∠40 A no primário. No secundário foi verificado uma tensão de 250 V e uma
corrente de 3∠40 A. Qual a eficiência deste transformador?
6.3 Autotransformador
O autotransformador constitui um tipo de transformador de potência. Ele consiste em um só
enrolamento. Fazendo-se derivações ou colocando-se terminais em pontos ao longo do comprimento
do enrolamento, podem ser obtidas diferentes tensões. O autotransformador da figura abaixo possui
um único enrolamento entre os terminais A e C. É colocada uma derivação no enrolamento, de onde
sai um fio que forma o terminal B. A simplicidade do autotransformador o torna mais econômico e
de dimensões menores. Entretanto, ele não fornece isolação elétrica entre os circuitos do primário e
do secundário.
Vp B
Vs
C C
São muito utilizados em circuitos onde a razão de tensão é pequena e que não consomem
potências elevadas, como aqueles usados para transformar 220 V em 110 V e vice-versa. Podem
ser usados tanto como abaixadores como elevadores de tensão.
6.4 Polaridade da bobina 59
Exercício 6.9 Um autotransformador contendo 200 espiras é ligado a uma linha de 120 V . Para
se obter uma saída de 24 V , calcule em qual posição deverá ficar a derivação do transformador
contando a partir do terminal C, conforme figura anterior.
7. Casamento de impedância
0.8
Corrente [V]
0.6
0.4
0.2
0
10 -1 10 0 10 1 10 2 10 3
Resistência [ohms]
10
6
Tensão [V]
0
10 -1 10 0 10 1 10 2 10 3
Resistência [ohms]
63
2.5
2
Potência [W]
1.5
0.5
0
10 -1 10 0 10 1 10 2 10 3
Resistência [ohms]
66 Chapter 8. Motores e Geradores
8. Motores e Geradores
N S
S
S N N S
N
90°
135°
45°
S
S N 180° 0° N S
N
-45°
-135°
-90°
N
S
S N N S
N
S N
8.1 Princípio báscio de funcionamento de um gerador 67
N S N S
Rotor com bobina
Monofásico Trifásico
68 Chapter 8. Motores e Geradores
8.2 Sistema trifásico 69
Estrela ou Y Triângulo ou ∆
a ou R a ou R
Va +
- Vc -
+
Va
neutro + -
Vc - -
+ + b ou S
Vb
+
-
b ou S
Vb
c ou T c ou T
Estrela ou Y Triângulo ou ∆
a ou R a ou R
Va +
- Vc -
+
Va
+ -
neutro
Vc - -
+ + b ou S
Vb
+
-
b ou S
Vb
c ou T c ou T
- impedância do enrolamento
• Tensão de fase
• Tensão de linha
70 Chapter 8. Motores e Geradores
Vc
Va = Vm / 0º
Vb = Vm / -120º Sequência
de fases abc
Vc = Vm / 120º Va ou positiva
Vb
Va + V b + Vc = 0
Vb
Va = Vm / 0º Sequência
de fases acb
Vc = Vm / -120º Va ou negativa
Vb = Vm / 120º
Vc
Estrela ou Y Triângulo ou ∆
Zc
Z Zc
c
n
Zc
Zc
c
Z
Exercício 8.1 Uma fonte trifásica em estrela com 220 V de tensão de linha e sequência de fase
positiva alimenta uma carga trifásica em estrela que possui uma impedância de Zc = 50∠35 Ω.
8.2 Sistema trifásico 71
Va +
Zc
-
n
Vc - -
+ +
Zc
c
Z
Vb
a) Supondo que o neutro da fonte esteja conectado ao neutro da carga, calcule a corrente
fornecida por cada fase da fonte e a queda de tensão em cada impedância da carga.
b) Supondo que os neutros não estejam conectados, calcule a corrente fornecida por cada fase
da fonte e a queda de tensão em cada impedância da carga.
c) Se a carga fosse reconfigurada para ficar em delta qual seria a corrente fornecida por cada
fase da fonte e a queda de tensão em cada impedância da carga?
2
Z
a Zc b
Z1Z2 + Z2Z3 +Z1Z3
Zc= ------------------------
Z3
72 Chapter 8. Motores e Geradores
2
Z
a Zc b
ZaZb
Z3 = ---------------
Za + Zb + Zc
A. CalcEn
74 Chapter A. CalcEn
75
76 Chapter A. CalcEn