(nos aspectos
socioeconômico, cultural e politico.)
O MODERNISMO
Além dos polos europeu e norteamericano, outros dois grandes centros destacaram-se pela
maneira que se desenvolveu a arquitetura moderna: o Brasil de Kubitschek e o México do PRI
que adotaram sua própria versão da arquitetura modernista. Esta, como definiu Montaner ,
era exuberante, monumental, de alarde estrutural e integradora das artes.
O CONTEXTO BRASILEIRO
A arquitetura moderna brasileira também teve uma atitude utópica, ao propor um programa
que pregava a reordenação do capitalismo e a reestruturação arquitetônica global do espaço
habitado . E desde que tal utopia passou do domínio do discurso para o plano do edifício e da
cidade, este estabeleceu vínculos locais, evidenciando traços idiossincráticos de nossa
arquitetura, especialmente de um de seus representante mais notáveis - Oscar Niemeyer.
Niemeyer não foi apenas o nosso interlocutor mais importante no plano da arquitetura
internacional com seu dinamismo e imprevistos. Sua idiossincrasia arquitetônica esteve
sempre ligada ao barroco mineiro, expressão genuína brasileira, onde, conforme Yves Bruand,
aparecem os jogos de curvas, contrastes, tendências ao gigantismo e busca sistemática de
originalidade. Dessa forma, Niemeyer inscreveu um sétimo sub-sistema na categorizarão
Arganiana da Arquitetura Moderna Mundial: o racionalismo plástico.
O Movimento Moderno revelou-se dinâmico até a década de 30, quando todo mundo
civilizado viu-se em crise pela situação econômica, decorrência da Depressão de 29, que no
Brasil marcou-se pela queda do café, principal produto de exportação, abalando uma
oligarquia baseada na economia rural, que inclusive favoreceu a vitória dos liberais em
outubro de 1930. Nesse tempo, com ares de renovação e abandonando uma situação quase
marginal, as artes, a arquitetura e a literatura assumiram seus aspectos políticos e
relacionaram-se de maneira profunda com as questões contemporâneas brasileiras. O
movimento artístico paulista ilustrou muito bem o espirito dos anos 30, como por exemplo os
chamados salões de Maio de São Paulo, que em sua primeira versão, declarava sua finalidade
no prefácio de seu catálogo: “coligir, em cada ano, mais abundante e mais bem selecionada, a
produção dos nossos pintores e escultores que são capazes de rasgar novos horizontes à
expressão plástica, absorvendo e reproduzindo o sentido da história da arte de nosso tempo
nos seus progressos técnicos e no seu conteúdo sentimental, ideológico e poético”. Em 1938, o
segundo salão de Maio, apresentou como nocividade manifestações internacionais do
surrealismo e do abstracionismo internacional. Esta década contribui com nomes de alta
importância para arte moderna no Brasil – Pancetti, Dacosta, Portinari, Flávio de Carvalho, Di
Cavalcanti, Volpi, Guignard, Brecheret; e ainda com a produção importantíssima de veteranos
como Segall, Anita Malfati, John Graz, Tarsila do Amaral, tantos outros.
A definição dos princípios da Arquitetura Moderna Brasileira se deu, não só nesse novo
ambiente ideológico, como sob a intervenção direta do novo governo. A ação e o prestígio,
inclusive internacional, da Arquitetura Moderna Brasileira repercutiu internamente no plano
da legitimação e do reconhecimento social da profissão de arquitetura, entendida até então
como derivação da engenharia ou atividade artística na construção, que a partir de 1933 foi
regulamentada, juntamente com a de engenheiros, com a criação do Conselho Federal de
Engenharia e Arquitetura – Confea.
(http://www.arq.ufmg.br/modernismomg/index/textomodernismo.html)
No Brasil a tendência brutalista comparece a partir de início dos anos 1950 em obras no Rio de
Janeiro e São Paulo, ganhando certo destaque na obra de uma nova geração de talentosos
arquitetos paulistas que despontava naquela década. O início da tendência brutalista no Brasil
é concomitantemente, e não posterior, ao concurso e construção de Brasília, embora ganhe
mais notoriedade e se consolide nos anos 1960 quando passa a repercutir nacionalmente.
Nem naquele momento nem depois a arquitetura brutalista paulista torna-se hegemônica,
seja em São Paulo ou no Brasil, tendo sempre convivido simultaneamente com outras
tendências e propostas, baseadas em outras orientações. A pesquisa constatou também certo
grau de heterogeneidade formal e material no conjunto das obras da arquitetura paulista
brutalista, o que pode ser constatado na seleção de obras aqui apresentadas.
A tendência brutalista teve grande expansão nos anos 1970 em todo o mundo; no Brasil, além
do caso paulista podem ser reconhecidas experiências paralelas em outras regiões, não
havendo necessariamente uma relação de influência com a arquitetura paulista, mas sim de
dialogo criativo. Nos anos 1980 com mudanças coincidem algumas tecnológicas no setor
construtivo e o gradual esgotamento das pautas conceituais do brutalismo, acirradas pelo
confronto aberto pelos debates de revisão da modernidade, que ocorrem naquele momento.
No fim do século 20 em diante a arquitetura paulista brutalista vem sendo novamente re-
valorizada por sua qualidade e valor artístico de vanguarda, e seu lugar no âmbito da
arquitetura moderna, brasileira e internacional, vem sendo reconsiderado. Várias de suas
obras já podem ser consideradas como parte importante do patrimônio moderno, e nessa
condição, vem merecendo vários estudos e pesquisas por parte de vários estudiosos. A
arquitetura brutalista paulista pode ser agora melhor entendida a partir de seus próprios
valores arquitetônicos, que são universais e atemporais, e que lhe garantem seu status como
um importante aspecto da arquitetura moderna brasileira, uma tendência paralela, superposta
e apenas parcialmente tributaria da modernidade brasileira da escola carioca, com a qual
guarda um razoável grau de autonomia formal, construtiva e discursiva.
No começo dos anos 1950 os arquitetos João Batista Vilanova Artigas (1915-1984) e Carlos
Cascaldi passam a realizar obras empregando concreto aparente, como o Estádio do Morumbi
(1952), São Paulo ou a residência Olga Baeta (1956), São Paulo. Assim como Artigas, outros
arquitetos então atuantes passaram adotar em suas obras, a partir de fins da década de 1950,
a linguagem brutalista; como Lina Bo Bardi (1914-1992), no projeto do MASP- Museu de Arte
de São Paulo (1958/1961); Fabio Penteado (n.1928) na Sede do Clube Harmonia (1964); Carlos
Barjas Millan (1927 -1964), na residência Roberto Millan (1960); Telésforo Cristófani (1929-
2003), no Restaurante Vertical Fasano (1964) e Hans Broos (n.1921), no Centro Paroquial
S.Bonifácio (1965).
Uma nova geração de jovens arquitetos formados naquele momento inicia sua carreira
contribuindo para a consolidação da variante paulista da tendência brutalista; como Paulo
Mendes da Rocha (n.1928), no Clube Paulistano (1958); Joaquim Guedes (n. 1932), na
residência Cunha Lima (1959); Francisco Petracco (n.1935) e Pedro Paulo de Mello Saraiva
(n.1933) no Clube XV em Santos (1963); Paulo Bastos (n.1936), nos Quartéis General de São
Paulo (1965); PPMS com Sami Bussab (n.1939) e Miguel Juliano e Silva, com o Salão de Festas
do Clube Sírio-Libanês (1966); Ruy Othake (n.1938) na Casa Tomie Ohtake (1966) e na Central
Telefônica Campos do Jordão (1973); João Walter Toscano (n.1933), no Balneário de Águas de
Prata-SP (1969); entre muitos outros.
Meio século depois de seu surgimento nos anos 1950-70 a arquitetura da escola paulista
brutalista deve ser revista com um olhar arquitetônico e reconhecida por seus valores
universais, para ser efetivamente aceita como uma das manifestações mais relevantes e de
alta qualidade da arquitetura moderna brasileira do século XX. VEJA MAIS
Carta de Atena
Já a Carta de 1933 trata-se das resoluções de um congresso reunido para debater e
impulsionar os novos rumos para a cidade moderna.
História
O evento, que teve como tema a "cidade funcional", discutiu aspectos da arquitetura
contemporânea. Foi dominado pela visão dos franceses e de Le Corbusier em particular, onde,
o tópico sobre património histórico foi introduzido por solicitações dos delegados italianos..
O documento final, redigido por Le Corbusier, fruto dessas discussões, define praticamente o
conceito de urbanismo moderno, traçando diretrizes e fórmulas que, segundo os seus autores,
seriam aplicáveis internacionalmente. A Carta considerava a cidade como um organismo a ser
concebido de modo funcional, na qual as necessidades do homem devem estar claramente
colocadas e resolvidas. Desse modo, preconiza a separação das áreas residenciais, de lazer e
de trabalho, propondo, em lugar do caráter e da densidade das cidades tradicionais, uma
cidade, na qual os edifícios se desenvolvem em altura e inscrevem em áreas verdes, por esse
motivo, pouco densas. Tais preceitos influenciaram o desenvolvimento das cidades européias
após a Segunda Guerra Mundial e, no Brasil, a criação do Plano Piloto de Brasília por Lúcio
Costa. Este é considerado como o mais avançado experimento urbano no mundo que tenha
aplicado integralmente todos os princípios da Carta.[1]
Entre outras propostas revolucionárias da Carta está o de que toda a propriedade de todo o
solo urbano da cidade pertence à municipalidade, sendo, portanto público.
Os Cinco pontos da Nova Arquitetura são o resultado da pesquisas realizada nos anos iniciais
da carreira do arquiteto Charles-Edouard Jeanneret conhecido pelo pseudônimo de Le
Corbusier . Sua forma final foi publicada em 1926 na revista francesa L'Esprit Nouveau. Um ou
mais dos pontos são utilizados em alguns projetos anteriores a esta publicação e aparecerão
pela primeira vez na Casa Cook, em 1926. É na Villa Garches e na Villa Savoye, no entanto, que
estes serão utilizados de forma mais expressiva. Estes conceitos permitiram tornar os
elementos constitutivos do projeto independentes uns dos outros, possibilitando a maior
liberdade de criação.
Os 5 pontos
Planta Livre: através de uma estrutura independente permite a livre locação das paredes, já
que estas não mais precisam exercer a função estrutural.
Fachada Livre: resulta igualmente da independência da estrutura. Assim, a fachada pode ser
projetada sem impedimentos.
Pilotis: sistema de pilares que elevam o prédio do chão, permitindo o trânsito por debaixo do
mesmo.
Terraço Jardim: "recupera" o solo ocupado pelo prédio, "transferindo-o" para cima do prédio
na forma de um jardim.
Janelas em fita: possibilitadas pela fachada livre, permitem uma relação desimpedida com a
paisagem.
O sucesso dos cinco pontos foi tal que, com o tempo, estes deixaram de ser associados apenas
a Le Corbusier e se tornaram cânones da arquitetura moderna. Assim, arquitetos de países
diversos adotaram os preceitos parcial ou integralmente em seus projetos. No Brasil, o prédio
do Ministério da Educação e Saúde Pública, projeto de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, entre
outros, (com a consultoria de Le Corbusier), utiliza integralmente os cinco pontos
arquitetônicos.
Bauhaus e Groupius
Conforme Framptom (2000), a escola alemã Statliches Bauhaus, fundada em 1919 em Weimar,
foi o resultado de uma tentativa contínua de renovar a formação nas artes aplicadas da
Alemanha, cujas bases encontravam-se em uma organização cultural denominada Deustcher
Werkund. Seu principal objetivo era o de introduzir uma posição adaptada ao seu tempo e não
mais um estilo, onde seu fundador, Gropius, defendia um ensino de arquitetura e desenho
industrial com base no trabalho em ateliê, tanto para os designers quanto para os artesãos.
Seu Manifesto de Apresentação e Programa de Ensino de 1919 destaca a importância da
metodologia de aprendizagem voltada para o treinamento em oficinas. Através da ligação
entre teoria e prática, buscava-se definir o funcionalismo como metodologia de projeto.
Dentre suas oficinas, destacou-se a de mobiliário, que em 1926 sob a orientação de Marcel
Breuer (1902-1981), produzia móveis de aço tubular, econômicos e práticos. Em 1927, surgiu o
departamento de arquitetura sob a liderança de Hannes Meyer (1889-1954), o qual se tornou
fundamental para a afirmação do modernismo. Revisão Bibliográfica Apesar de um conflito
civil auto-destruidor como foi a Primeira Guerra Mundial trazer conseqüências nefastas, a vida
cultural européia do primeiro pós-guerra se manteve ativa. Nesse período, movimentos
pictóricos surgiram, criando-se novas expressões artísticas apoiadas na ação renovadora de
pintores e arquitetos, através de manifestações e declarações. O centro de renovação foi a
Alemanha devido a grande devastação que este país sofreu e sua necessidade de reconstrução
em decorrência da derrota da guerra. A concepção teórica progressista amadureceu uma nova
geração de arquitetos inovadores, entre os quais Walter Gropius e Mies van der Rohe (1885-
1969), considerados mais tarde mestres racionalistas. A Statliches Bauhaus, escola criada pelo
arquiteto berlinense Walter Gropius foi o sonho concretizado de uma Universidade de Arte
semeado anteriormente por William Morris (1834-1896), que procurou resgatar a relação
entre o artista e o artesão perdida com a consagração do industrialismo. Inicialmente, como
instituição estatal, a escola alemã era financiada pelos fundos dos conselhos municipais das
cidades que a abrigaram, primeiramente Weimar, de 1919 a 1925; depois Dessau, de 1925 a
1932, e finalmente Berlim, de 1932 a 1933, onde foi fechada pelo nazismo. Segundo Caristi
(1997), o desafio de Gropius foi lançar ao mundo artístico e empresarial uma fusão entre arte e
técnica, ou seja, a Bauhaus é a resposta que põe fim à separação que o processo de produção
industrial havia produzido entre o momento artístico-criativo e o técnico-material. Assim, seu
fundador idealizava um local que unisse todas as atividades artísticas, acreditando que elas
eram componentes inseparáveis da arquitetura daquele século. Entre as prioridades descritas
no Manifesto de Apresentação e no Programa de Ensino da Bauhaus, elaborados em 1919 por
Gropius, citado por Argan (1993), estava o retorno às doutrinas do Werkbund que objetivava o
aperfeiçoamento dos produtos industriais por meio dos esforços conjuntos dos artistas, para
que a qualidade fosse elevada. O Manifesto descrevia ainda os objetivos e princípios que
regiam a recém criada escola alemã. Nele, seu criador expõe que “todos os estudantes devem
receber treinamento completo nas oficinas e em situações experimentais como base
indispensável de todo o trabalho criativo” (BULLOCK apud GROPIUS, 1970, p.50).
Conclusão Os anseios de Gropius no Manifesto de criação da Bauhaus formavam um conjunto
de idéias que enalteciam o desenvolvimento de uma unidade entre artistas e artesãos. Esses
ideais acabaram por proporcionar a elevação da qualidade dos produtos tão almejada pelo
criador da escola. A experiência que se tem registrado na história sobre o método de ensino,
resultados, mestres e alunos da Bauhaus, é assunto passível de reflexão para profissionais e
estudantes da área do design, por servir como referência em ensino e metodologia de
trabalho.