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CONDUTOS FORÇADOS

CONDUTOS FORÇADOS
Denominam-se condutos forçados ou sob pressão, as canalizações onde o líquido escoa
sob uma pressão diferente da atmosférica.
 As seções desses condutos são sempre fechadas e o líquido escoa enchendo-as
totalmente: são, em geral, de seção circular;
 Condutos forçados podem funcionar por gravidade, aproveitando a declividade do
terreno, ou por recalque (bombeamento), vencendo desníveis entre o ponto de
captação e o ponto de utilização.

Conduto forçado
P > Patm
Energia total da água (H)
- Energia potencial:
 gravidade (posição);
 pressão.
- Energia cinética:
 velocidade.

 Unidades de medida de energia: Joule, Watt, cavalo-vapor, etc;


 Há um modo prático de medir todos os componentes da energia da água em
unidades de comprimento (metros ou metros de coluna de água).

Conhecendo a energia da água em um ponto, podemos:


 Calcular quanto trabalho poderá ser executado (roda d’água, escoamento por
gravidade em tubulações ou canais, pequenas hidrelétricas, etc.);
 Calcular quanta energia teremos que acrescentar para usar a água em um local
de nosso interesse (caixa d’água, bebedouros, aspersores).

1ª Componente - Energia potencial gravitacional (g)


g = m.g.h = W.h
Em que:
m é a massa da água (g);
g é a aceleração da gravidade (m/s2);
W é o peso da massa de água (N/m3);
h é posição da massa de água em relação a um plano de referência (m).

Representando na forma de energia por unidade de peso de água, temos:


g = W.h / W = h

Então, o valor da energia potencial gravitacional é igual à altura h entre o ponto


considerado e o plano de referência (positivo acima, negativo abaixo).

h
A referência pode ser a
superfície do solo

2ª Componente - Energia de pressão (p) A


Pressão da água (p): peso da água / área da base

Volume da coluna (V) = A.h


h
2
Peso da água = V. = A.h.

Energia de pressão (p) = (A.h.) / A = h.

Representando na forma de energia por unidade de peso de água (p / ), temos:
p /  = h. /  = h
 O valor da pressão num ponto no interior de um líquido, pode ser medido pela altura
h entre o ponto considerado e a superfície deste líquido;
 A unidade de medida é denominada metros de coluna de água (mH2O).

3ª Componente - Energia cinética de velocidade


É a capacidade que a massa líquida possui de transformar sua velocidade em
trabalho.

Ec m.v2
2
Representando na forma de energia por unidade de peso de água ( = m.g), temos:

2 v 2
Ec  m.v 
2.m.g 2.g
A energia de velocidade da água também pode ser representada por uma altura em
metros.
m2 / s2
Ec  m
m / s2

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PERDA DE CARGA
Definição: Perda de energia ocorrida no escoamento.
Hf total = hfcontínua + hflocalizada

CLASSIFICAÇÃO

- Perda de carga contínua: ocorre ao longo de um conduto uniforme


- Perda de carga localizada: ocorre em singularidades (acessórios)

PERDA DE CARGA CONTÍNUA

- Universal (Darcy-Weiss Bach)


- Fórmulas
- Práticas: Hazen Willians e Flamant (mais usadas)

 FÓRMULA UNIVERSAL (Darcy-Weiss Bach)

- Obtida através de fundamentos teóricos e análise dimensional.


L V2
Hf  f (para condutos circulares)
D 2.g

Em que:
Hf – perda de carga (m.c.a);
L – comprimento do tubo (m);
D – diâmetro do tubo (m);
V – velocidade da água (m/s);
g – aceleração da gravidade (m/s2);
f – coeficiente de atrito.

OBS: a expressão de Darcy, para conduto de qualquer tipo e também para qualquer fluido é
expresso por:

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L V2
Hf  f R = raio hidráulico R = A/P
R 8.g

- O coeficiente de atrito depende do Nº de Reynolds (NR) e da Rugosidade relativa


(/D);  - rugosidade absoluta (tabelado);
- A rugosidade absoluta representa a altura média das asperezas no conduto.

Regime de escoamento

- Regime Laminar: a trajetória da partícula é bem definida;


- Regime Turbulento: as partículas se deslocam desordenadamente;
- Regime de Transição: instável.
- Experimento de Reynolds:

REGIME LAMINAR
corante

REGIME TURBULENTO

- Caracterização: Nº de Reynolds (NR)


V.D
NR 

Em que:

NR – Nº de Reynolds (adimensional)
V – velocidade (m/s);

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D – diâmetro (m);
 - viscosidade cinemática (m2/s).
- Regime Laminar: NR  2.000
- Regime Turbulento: NR  4.000
- Transição: 2.000 < NR < 4.000

Ábaco de Moody (ver gráfico)


- Determinação do “f”
Equações para Regime Laminar (f=64/NR) e
Turbulento)

EXEMPLO: Determinar hf, sabendo que: Q = 221,76 m3/h; L = 100 m; D = 200 mm);
Tubulação de Ferro Fundido ( = 0,25 mm); Água na Temperatura de 20ºC -  = 10-6
m2/s
221,76
Q
V  36002  1,96m / s
A .0,2
4
1,96.0,2
NR   3,92.105
0,000001

 0,25
  0,00125
D 200
Ábaco de Moody (NR = 3,92.105; /D = 0,00125): f = 0,021
100 1,96 2
Hf  0,021. .  2mca
0,2 2.9,81

 FÓRMULAS PRÁTICAS
- Hazen-Williams: recomenda-se a sua utilização em tubos maiores do que 50 mm

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1,852
Q L
Hf  10,643. 
C D 4,87

C – coeficiente de Hazen Williams (Tabelado em função do material do tubo)


Hf – mca; L – m; D – m; Q – m3/s.

- Flamant: recomenda-se a sua utilização para PVC – diâmetros de 16 a 160 mm e


velocidades de 0,1 a 4 m/s.
Q1, 75
Hf  6,107.b. .L
D 4, 75

b – coeficiente de Flamant (Tabelado em função do material do tubo)

PVC e Polietileno: b = 0,000135


Ferro Fundido e Aço: b = 0,000230

EXEMPLO: Determinar o diâmetro, sabendo que: Q = 42,12 m 3/h; L = 100 m;


Tubulação de PVC (C = 150); Perda de carga admissível = 2 mca
1,852
Q L
Hf  10,643. 
C D 4,87
1,852
 42,12 
  100
2  10,643. 3600 
 150  D 4,87
 
 

D = 0,099 m = 99 mm
Dcomercial = 100 mm

Exercícios:
Exercício 1) Qual o diâmetro de uma tubulação de ferro fundido usado (C=90) que
transporta 45 L/s de água, estando os tubos num plano horizontal com uma diferença de

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pressão entre suas extremidades de 7 mca? Considere o comprimento da tubulação de 100
m.
Resposta: D = 0,156 m.

Exercício 2) Um conduto de ferro fundido usado (velho) com 200 mm de diâmetro, a


pressão no ponto A é de 2,4 Kgf/cm 2 e no ponto B, 1000 m adiante e 1,40 m acima de A, de
1,8 Kgf/cm2. Calcular a descarga na canalização.
Resposta: Q=0,0199 m3/s

PERDA DE CARGA LOCALIZADA


- Definição: Perda de energia localizada decorrente das alterações verificadas no módulo e
na direção da velocidade de escoamento.

- Determinação
- Método direto (coeficientes);
- Método dos comprimentos equivalentes;

 Método dos coeficientes


V2
Δh = Hf loc  K
2.g

Em que:
Δh = Hfloc = perda de carga localizada, m;
K – coeficiente para cada acessório (obtido experimentalmente), admensional;
V – velocidade média de escoamento (m/s);
g – aceleração da gravidade.

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Para o caso em que houver mais de uma peça especial, a perda de carga total será a soma
das perdas localizadas em todos os acessórios.
v2
h   K. 2.g

 Método dos comprimentos equivalentes


- Princípio: Um conduto que apresenta ao seu longo peças especiais comporta-se, no
tocante às perdas de carga, como se fosse um conduto retilíneo mais longo.

10 m

=
5m

15 m

EXEMPLO: Uma estação de bombeamento eleva 144 m3/h de água para um reservatório
de acumulação através de uma tubulação de Ferro Fundido novo (C = 130) com 2000 m
de comprimento e 200 mm de diâmetro. Determine a perda de carga total (Contínua +
localizada). Utilize ambos os métodos de determinação da perda de carga localizada.

Peças especiais no recalque Quantidade


Registro de gaveta 1
Válvula de retenção 1
Curva de 90º 2
Curva de 45º 3
Resposta:
- Perda de carga contínua:
1,852
 0,04  2000
Hf  10,643.   16,91mca
 130  0,2 4,87

- Perda localizada (Método dos coeficientes)

Peças Quantidade K Total


Registro de gaveta 1 0,2 0,2
Válvula de retenção 1 2,5 2,5
Curva de 90º 2 0,4 0,8

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Curva de 45º 3 0,2 0,6
K=4,1
V2
Hf loc  K
2.g

Q 0,04
V   1,27 m / s
A .0,22
4
1,27 2
Hf loc  4,1  0,33mca
2.9,81

- Perda localizada (Comprimentos equivalentes)

Peças Quantidade C. Eq. (m) Total


Registro de gaveta 1 1,4 1,4
Válvula de retenção 1 16 16
Curva de 90º 2 2,4 4,8
Curva de 45º 3 1,5 4,5
C.Eq.=26,7m
1,852
Q L
Hf ( loc)  10,643. 
C D 4,87
1,852
 0,04  26,7
Hf ( loc )  10,643.   0,23mca
 130  0,2 4,87

- Perda de carga total:


Método dos Coeficientes: Hftotal = 16,91 + 0,33 = 17,24 mca
Método dos Comp. Equivalentes: Hftotal = 16,91 + 0,23 = 17,14 mca

Teorema de Bernoulli para fluídos reais e perda de carga


2 2
P1 V1 P V
  Z1  2  2  Z2  Hf
 2g  2g

em que:
P1 e P2 - pressão;
 - peso específico da água;
V - velocidade da água;
g - aceleração da gravidade;

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Z - energia de posição;
Hf - perda de carga.

EXEMPLO: Determinar a vazão que circula do reservatório A para o reservatório B: D


= 100 mm; L = 1000 m; Tubulação de PVC (C = 150)

Resposta:
2 2
P1 V1 P V
  Z1  2  2  Z2  Hf
 2g  2g

0  0  Z1  0  0  Z2  Hf

Hf  Z1  Z2  10m
1,852
Q L
Hf  10,643. 
C D 4,87
1,852
 Q  1000
10  10,643. 
 150  0,14,87

Q = 0,008166 m3/s = 29,4 m3/h


EXEMPLO: A água flui do reservatório A para o ponto B, onde se encontra em
funcionamento um aspersor com 1,5 kgf/cm 2 de pressão e vazão de 1500 L/h. Tendo uma
tubulação de PVC (b=0,000135) com diâmetro de 25 mm e comprimento de 50 m,
determine qual deve ser a altura do reservatório para abastecer o aspersor.

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A

Resposta:
Q1, 75
Hf  6,107.b. .L
D 4, 75
1, 75
 1500 
 
 3600000 
Hf  6,107.0,000135. .50  2,04m
0,0254,75

1500
Q 3600000
V   0,85m / s
A .0,0252
4
2 2
P1 V1 P V
  Z1  2  2  Z2  Hf
 2g  2g

0,852
0  0  Z1  15   0  2,04
2.9,81

Z1 = H = 17,07 m

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