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PLANEAM.ENTO FAMILIAR
NATURAL
© Associación Espanola de Professores de Planificación Familiar
Editorial Esin, S.A.
© Edição portuguesa: Fundação Família e Sociedade
Rua Viriato, 23-6.° Dt.O
1050-234 LISBOA
Email: farnilia.sociedade@netc.pt
Método Sintotérmico .
J. de [rala, N. Recto
Definições .
Bases fisiológicas .
Temperatura corporal basal (TCB) .
Observação da temperatura .
Regras de 3 sobre 6 para interpretar os gráficos de TCB .
Indicadores minor .
Regras de interpretação .
Circunstâncias especiais .
Infertilidade
H. Temprano
Conceitos e incidência .
Esterilidade primária .
Esteril idade secundária .
Perda da gestação : .
Idade e fertilidade .
Estudo básico .
Muco cervical .
Parâmetros do muco cervical .
L. F. Trullols
Médico
Master em Sexualidade Humana.
Professor da A.E.PPF.N. Membro da Junta Directiva da A.E.PPF.N.
E. Sanidas
Ginecologista do CAP de San Félix, Sabadell.
Professora da A.E.PPF.N. Membro da Junta Directiva da A.E.PPF.N.
E. Coll
Engenheira Química de Sarriá (Barcelona).
Vice-secretária da A.E.PPF.N. Membro da Junta Directiva da A.E.PPF.N.
M. Menárguez
Doutora em Farmacologia.
Professora da A.E.PPF.N. Membro da Junta Directiva da A.E.PPF.N.
C. Brunet
Médica.
Professora da A.E.PPF.N. Membro da Junta Directiva da A.E.PPF.N.
J. de Irala
Doutor em Medicina e em Saúde Pública. Professor da A.E.PPF.N..
Prof Agregado do Dto. de Medicina Preventiva e Saúde Pública. Universidade de Navarra.
Membro da Junta Directiva da A.E.PPF.N.
N.Recto
Monitora de Métodos Naturais. Membro da A.E.PPF.N.
H. Temprano
Doutora em Medicina.
Ginecologista da Unidade de Reprodução Humana do Hospital Teresa Herrera. Corunha.
Professora da A.E.PPF.N. Membro do Comité Científico. Assessora da A.E.PPF.N.
J. M. AIsina
Professor titular de Filosofia Política da Universidade de Barcelona.
Doutor em Filosofia e em Ciências Económicas.
Professor da A.E.PPF.N. Membro do Comité Científico. Assessor da A.E.PPF.N.
Este manual básico sobre Planeamento Familiar Natural é uma síntese dos
temas tratados nos cursos de Métodos Naturais ministrados pelos membros da
Associação Espanhola de Professores de Planeamento Familiar Natura!.
Está concebido para pôr ao alcance das pessoas interessadas no P.EN.
tanto os conhecimentos básicos do seu fundamento antropológico como as re-
gras que regem a utilização do Método de Ovulação de Billings e o Método
Sintotérmico.
É um manual simples e didáctico que serve de apoio aos cursos que se
ministram sobre os Métodos Naturais de Regulação da Fertilidade Humana.
IV SYMPOSIUM INTERNACIONAL
)BRE REGUlACION NATURAL DE lA FERTU f)!
Dres. J. y E. Billings, Presidentes WOOMB /nt.; Hble. Sr. X. Trias, Conseller de Sanitat; Dra. M. Rutllant,
Presidenta de la AEP PFN; Dra. M. Guy, Expresidenta de la F/DAF//FFLP Zona Europea.
INTRODUÇÃO
Esta regra básica, que tantas vezes é esquecida, aplica-se também ao tema
de que tratamos neste manual. Todas as pessoas deveriam conhecer os métodos
básicos da Regulação Natural da Fertilidade como fazendo parte da sua edu-
cação para a saúde e,. posteriormente, os que quisessem utilizá-los, deveriam
aprender a fazê-lo correctamente. São muitos os casais que podem utilizar os
Métodos Naturais e têm o direito a conhecê-los em profundidade.
Métodos Naturais: como se disse na introdução, são aqueles que a üMS define
como "Métodos baseados no diagnóstico dos dias férteis e inférteis do ciclo da
mulher e na abstinência periódica das relações sexuais nas fases férteis, no caso de
se pretender adiar uma gravidez". Convém rever esta definição no contexto real
do casal. Depois de algum tempo de reflexão e diálogo, poderá vir a ser assumida
pelo casal como suporte da sua trajectória comum, no campo da regulação da
fertilidade. Assim os cônjuges, de mútuo acordo, e tendo em conta as circunstân-
cias de cada momento, integrarão a relação sexual-genital na sua relação interpes-
soal, ou pelo contrário, prescindirão dela; isto não significa que prescindam da
relação sexual-amorosa, mas apenas de uma das suas manifestações.
Trompa de ( 'I
fluxo mucoso, proporcionando Falópio "".
uma sensação de humidade na
Colo do útero \
vagina, indicação de que têm iní- Orifício cervical , Cripta do colo
cio os escassos dias em que a mu- Muco cervical espesso
lher é fértil. Esta fase do ciclo deno-
mina-se fase pré-ovulatória.
Durante a ovulação rompe-se o folículo e o óvulo é expulso do ovário,
sendo captado pela trompa de Falópio. Esta é a fase fértil.
ÓVUIO>--~
Trompa • '
de Falópio
Recobrimento-;
endometrial
mais espesso
Colo duro fechado
O fluxo mucoso do canal cervical (colo do útero), tanto pela sua quantidade
como pela sua composição e estrutura, desempenha um papel-chave na fer-
tilidade humana, já que qualquer espermatozóide que tente chegar a um óvulo
tem que passar através dele. O dito fluxo pode ser reconhecido por qualquer
mulher que o observe quando aparece à entrada da vagina.
O método elaborado pelos Drs. J. e E. Billings permite reconhecer as
alterações que ocorrem no muco cervical e elaborar um padrão de fertilidade
próprio e pessoal de cada mulher nas diferentes circunstâncias da sua vida fértil.
Actualmente, conhecem-se dois tipos fundamentais de fluxo mucoso ao
nível do colo uterino. Estes dois tipos de muco foram identificados pelo Prof.
E. Odeblad em 1969 (1):
a) Muco estrogénico. Tipo E
b) Muco gestagénico. Tipo G
a) Fluxo cervical de muco estrogénico, tipo E: Tem esta designação
porque a sua secreção depende dos estrogénios. Apresenta-se como um gel
homogéneo, aquoso, composto por duas variedades, I e s, ambas produzidas
sob o estímulo dos estrogénios. A sua estrutura molecular é muito ordenada na
disposição das suas micelas.
A variedade I (l:1oaf), apresenta um aspecto pastoso de grumos viscosos
que sustentam e fixam as fibras do muco. É o responsável pela selecção dos
espermatozóides.
É produzido nas criptas da parte média do colo uterino, por estímulo dos
estrogénios, por volta do sexto ou sétimo dia antes da ovulação. No período
ovulatório, esta variedade de muco constitui cerca de 72-77% do muco pre-
sente no canal cervical uterino.
A variedade s (s:string) tem uma estrutura muito filamentosa e canicular
pelo que permite com facilidade a passagem de espermatozóides que procuram
a cavidade uterina. O muco s é tido como o responsável por facilitar o transpor-
te espermático a partir do depósito vaginal.
Esta variedade de muco é produzida nas criptas superiores do canal do
colo uterino durante o período pré-ovulatório que ocorre entre 2 a 3 dias antes
da ovulação, e um dia depois da mesma. No período periovulatório, o muco s
constitui cerca de 20-25% do muco presente.
I 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Se durante o dia se foram tendo sintomas diferentes, deve anotar-se no
gráfico aquele que indicar maior fertilidade. Estas anotações são fundamentais
para se poder detectar o início e o fim da fase fértil.
Há que anotar todas as alterações que se tenham observado ao longo do
ciclo assim como as relações que se tiveram. As anotações far-se-ão todos os
dias do ciclo, sem confiar na memória, já que, à medida que se vai tendo mais
experiência, pode chegar-se a crer que o gráfico já não é necessário e há muito
mais riscos de cometer erros.
2. Fase pré-ovulatória
2.1.2 P.B.I. (Q.I.B.) mucoso: caracteriza-se pela presença de muco dia após
dia, sempre com características iguais de quantidade, aspecto, cor, e elas-
ticidade e secura. Para identificar com segurança que o muco é infértil, terá
que ser observado em três ciclos consecutivos. O P.B.I. (Q.I.B.) mucoso termina
quando se produz uma alteração em alguma das suas características.
Vai desde o dia seguinte ao pico até ao dia anterior ao InICIOda mens-
truação seguinte. Costuma ser um período invariável para cada mulher e a sua
duração oscila entre 10 e 16 dias.
Durante este período não se devem ter relações gemtals, e a mulher tem
que observar se há presença de muco nos últimos dias de hemorragia.
2. Fase pré-ovulatória
I D~DIJ D
G [I] ~ ~ [TI] ITITill 0 D
3. RODRÍGUEZ, A.M.: GUTIÉRREZ, M.T.: Guía deI Método de la Ovulación (Billings). Ciudad
Nueva, Madrid, 1992.
Gráfico B.
2. No caso de o terceiro dia de temperaturas altas se situar a menos de
3
0,2°C, será necessário esperar pelo quarto dia: este marcará o início da
infertilidade pós-ovulatória. No 4° dia deve estar acima da linha base, mas não
é necessaário que esteja a 0,2°C: Gráfico C
1 2 3 4
r -
'-V 6 A 4
."- "- ~
5
1'-" 2 1
3.3 Se uma das três temperaturas altas descer até ou abaixo do nível das
temperaturas baixas, não a consideraremos válida e esperaremos pelo quarto dia:
a) Se no quarto dia estiver pelo menos a duas décimas do nível das tem-
peraturas baixas, marcará o início do período infértil pós-ovulatório: Gráfico D
b) Se no quarto dia for inferior pelo menos a duas décimas do nível das
temperaturas baixas, não podemos aplicar a regra (2); será preciso
procurar outro desfasamento térmico e outras três temperaturas altas.
- dores mamárias:
as dores mamárias podem ser causadas por níveis altos de estrogénios
ou de progesterona, indicando uma sintomatologia ovulatória e/ou pré-
-menstrual.
- humor ou libido:
em algumas mulheres, ocorre uma euforia ou uma depressão inexpli-
cável durante o período ovulatório, assim como uma maior irritabili-
dade na fase progesterogénica do ciclo.
- outros sinais:
existe uma grande variedade de sinais que não parecem ser fortuitos, já
que as mulheres utilizadoras dos gráficos observam que reaparecem no
mesmo momento de muitos ciclos: enxaquecas, náuseas, adenopatias,
comichões, acne, maior apetite, aumento de peso, sensação de disten-
são gástrica.
Estes indicadores são chamados "minor" porque não são tão objectivos
nem tão constantes como a TCB e as alterações do muco cervical. O Método
Sintotérmico segue, fundamentalmente, estes dois indicadores maiores e costu-
ma recorrer aos minor em determinadas circunstâncias especiais ou para con-
firmar uma situação fisiológica duvidosa. O facto de o Método Sintotérmico se
apoiar em vários sinais de fertilidade, faz que a sua eficácia e taxa de conti-
nuidade sejam maiores porque quando se altera um indicador, os utilizadores
podem basear-se noutro.
É frequente que estes dois processos não coincidam no mesmo dia do ciclo
(CMO = dia 9 e MC = 11). Nestes casos teremos em conta o acontecimen-
to mais precoce: dia 9 do ciclo, neste exemplo.
INome
I Mês
Data
37,5 37,5
37,4 37,4
37,3 37,3
37,2 37,2
37,1 37,1
37,0 1 37,0
36,9 2 36,9
36,8 36,8
36,7 l1JI 36,7
36,6 36.6
36,5
3 36.5
36,4
Menstruação 36,3 *
Dia Seco, sem muco dias aconselhados
36,2
Muco de tipo f para as
36.1
relações sexuais
Muco de tipo F 36,0
Dia cúspide 35,9 o mais preooce o mais tardo 35,9
35,8 35,8
Começo dos dias
35,7 35,7
provavelmente férteis 35,6 35,6
Dias depois da cúspide
** *** * * ** ******** **
365 36,5
36,4 36,4
123456789'0 1112tJ 14151317 181.) 21 24 2r 32 34 - 31 4:)'
Figura 1. Gráfico sintotérmico: regras de interpretação para evitar uma gravidez. Adaptado
da OMS (re! 63, pág. 126)
Se se quiser evitar uma gravidez, as relações sexuais deverão limitar-se aos
seguintes dias do ciclo:
/Nome
I Data
37,S
Mês
37,S
37,4 37,4
37,3 37,3
37,2 37,2
37,1 37,1
37,0 1 37,0
36,9 2 36,9
36,8 36,8
36,7 ~I 36,7
36,6 36,6
36,S
3 365
36,4
Menstruação
36,3 *
dias aconselhados
Dia Seco, sem muco 36,2
Muco de tipo f para as
36,1
relações sexuais
Muco de tipo
Dia cúspide
F 36,0
35,9 o maisprecoce n o maistardio 35,9
35,8 35,8
Começo dos dias
35,7 35,7
provavelmente férteis
35,6 ********* 35,6
Dias depois da cúspide 36,S
***** * * *** 36,S
36,4 36,4
123456 7 89 '() 11121314 15'6 17'8 193J 21 232425 2 293J3132 37 40!
Dias do ciclo menstrual I~ I f F FtJ( f f f !
r:
Aparência
e sensação - IIII1 123
~
29-20=9 pliT'eiro apareciren10 de lTUXl
Sensibilidade e/ou
inchação nos seios -
Oor intermenstrual -
Sangria intermenstrual -
colo cervical -
Relações sexuais •••• •• ••
~\l c~"\"'c\~9""í\ .••
\ -
Figura 2. Gráfico sintotérmico: regras de interpretação para evitar uma gravidez, Mulher
com experiência: menos dias de medição da temperatura. Adaptado da OMS (re! 63, pág, 126),
1. CLUBB, E.; KNIGHT, J.: «The temperature method». Em: CLUBB, E.; KNIGHT, J.: Fertility.
A comprehensive guide to natural family planning. Great Britain: David and Charles
Publishers pIe, 1988: 34-41.
2. DRIFE, J.O.: «Breast modifications during the menstrual cycle» Int J Gynecol Obstet
1989; Supplement 1: 19-24.
3. FLYNN, A.M.; DOCKER, M.; MORRlS, R.; LYNCH, S; ROYSTON, J.P.: «The reliability of
women's subjective assessment of the fertile period relative to urinary gonadotrophins
and follicular ultrasonic measurements during the menstrual cycle». Em Bonnar, J.;
THOMPSON.; HARRISON, R.F. (eds.) Themes from the Xlth World Congress on Fertility and
Sterility. MTP Press Limited U.K. 1983: IIp.
4. HILGERS, T.; DALY, KD.; PREBIL, A.M.; HULGERS, S.K.: «Natural family planning III.
Intermenstrual symtoms and estimated time of ovulation». Obstet Gynecol 1981; 58:
152-55.
5. JOHNSTOT, J.A.; ROBERTS,D.B.; SPE CER, R.E.: «NFP Services and methods in Australia: A
survey evaluation, Parts.2-3». Int Rev Nat Fam Plann, fall 1978; I1(3): 203-24, Part 4
(continued), spring 1979: III (1).
10. DE lRALA, J.; GÓMEZ, E.; FERNÁNOEZ-CREHUET, J.: «La eficacia de la regulación natural de la
fertilidad: nuevas perspectivas». Aten. Primaria 1992; 8(8): 594-598.
11. OTTE, A.; MEDIALDEA, c.; GONZÁLEZ, F; MARTÍ, P.: ;, Cómo reconocer la Fertilidad? El
Método Sintótermico. Ediciones Internacionales Universitarias, Barcelona, 1997.
Neste capítulo veremos a importância do conhecimento do padrão do
muco cervical e de outros parâmetros da ovulação no estudo da infertilidade.
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