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“Mitos” sobre a Libras e o Surdo

Mito 1:

“Os surdos brasileiros usam a linguagem


brasileira de sinais para se comunicar.”
■ Para se referir às línguas de sinais, devemos
utilizar o termo LÍNGUA e não linguagem.
■ A partir de pesquisas científicas, comprovou-se
que as línguas de sinais são línguas com
características comuns às línguas orais. Ou seja,
os surdos brasileiros comunicam-se pela Língua
Brasileira de Sinais - Libras.
Mito 2:

“A forma de comunicação dos surdos


é simplesmente uma linguagem, já que
as verdadeiras línguas são as línguas
faladas.”
■ As línguas de sinais têm características comuns às
línguas faladas. No entanto, diferenciam-se delas
por serem de uma modalidade diferente - são
produzidas por meio das mãos e percebidas por
meio da visão.
■ Logo, temos duas modalidades de língua:
▪ Línguas orais auditivas: Português, Espanhol,
Francês etc.;
▪ Línguas espaço-visuais: Língua de Sinais
Brasileira, Língua de Sinais Espanhola, Língua de
Sinais Francesa etc.
Mito 3:

“O alfabeto manual é a língua de sinais.”


■ O alfabeto manual é apenas uma forma de
representação da ortografia da língua oral.
■ É utilizado em situações específicas, como, por
exemplo, a indicação do nome de alguém.
■ Para nos comunicarmos em Libras, usamos os sinais.
■ Veja o nome ANA e o sinal-nome de ANA em Libras:
Mito 4:

“As línguas de sinais são limitadas


e só se referem ao concreto”.
■ Utilizando as línguas de sinais, podemos falar de
qualquer assunto, referente a qualquer área do
conhecimento humano.
■ Podemos, em Libras, contar histórias, falar sobre
esporte, política, física etc.
Mito 5:

“Todo surdo é mudo.”


■ Nem todo surdo é mudo.
■ Historicamente, os surdos receberam a
denominação “surdos-mudos”, devido à crença
de que eles não podiam falar.
■ No entanto, os surdos não apresentam nenhum
comprometimento no aparelho fonoarticulatório
(lábios, língua, laringe) que os impeça de falar e,
se fizerem tratamento fonoaudiológico, podem
aprender a falar.
Mito 6:

“O surdo tem pensamento concreto.”


■ Para desenvolvermos determinados tipos de pensamento
(abstração, generalização etc.), precisamos do suporte de uma
língua.
■ Se o surdo adquirir uma língua de sinais na infância, ele poderá
desenvolver a cognição normalmente, por meio da interação com
as pessoas e com o meio.
■ Na maioria dos casos, os surdos não têm acesso a nenhuma
língua:
▪ não têm acesso à língua oral, pois a surdez promove a perda da
audibilidade de pistas acústicas importantes para a percepção e
produção da fala, interferindo na comunicação oral;
▪ não têm acesso à língua de sinais, pois poucos surdos são
provenientes de famílias surdas e, no caso de surdos filhos de
pessoas ouvintes, ainda há muitos preconceitos em relação a essa
língua por parte da sociedade. Além disso, há pouquíssimos
projetos que garantam às crianças surdas a interação com falantes
da Libras.
Mito 7:

“Os surdos captam 100% do que é falado


através da leitura labial.”
■ Em condições ideais, os surdos que aprenderam a
ler os lábios “captam” de 30% a 40% do que é
dito, recorrendo bastante à inferência e à dedução
para compreender a fala.
Mito 8:

“Basta saber Libras para ser intérprete.”


■ Para ser intérprete de Libras-Língua Portuguesa,
não basta saber se comunicar ou ser fluente em
Libras. O intérprete deve dominar as duas línguas
e saber “transitar” entre elas, conhecer a cultura
surda e fazer cursos específicos na área de
tradução/interpretação. Além disso, é desejável
que tenha raciocínio rápido, intuição,
concentração e boa memória.
Mito 9:

“Existe uma língua de sinais universal.”


■ Não há uma língua de sinais compartilhada por
todos os surdos no mundo.
■ As várias línguas de sinais que existem são
distintas umas das outras, embora possa haver
semelhanças nas regras gramaticais de algumas
línguas com raízes históricas semelhantes
(Língua de Sinais Americana - ASL e Libras, por
exemplo).
Mito 10:

“Línguas de sinais são feitas de gestos


similares à mímica.”
■ Línguas de sinais têm uma estrutura
gramatical complexa, em que unidades
menores (como palavras) são combinadas
em unidades maiores (como sentenças).
■ Essa estrutura composicional encontra-se
em todos os níveis linguísticos: fonologia,
morfologia, sintaxe e no discurso.
Mito 11:

“Línguas de sinais são baseadas nas


línguas orais.”
■ Línguas de sinais são independentes das línguas
orais dos países onde são usadas.
■ Libras é bem diferente do português, assim como
ASL é diferente do inglês.
■ O português, por exemplo, marca o tempo verbal
nas terminações do verbo:
Exemplos: Amo, amei, amava etc.
■ A Libras expressa o tempo lexicalmente:
Exemplos: com advérbios – agora, ontem,
amanhã.
Mito 12:

“Línguas de sinais não podem expressar


as mesmas sutilezas e os mesmos
significados complexos como as línguas
orais.”
■ As línguas de sinais possuem o mesmo poder de
expressão que as línguas orais.
■ Elas podem expressar conceitos complicados no
mesmo grau de complexidade e eloquência que
as línguas orais.
■ Esse mito parte da concepção errônea de que
existam línguas “primitivas” ou línguas inferiores
umas às outras.
■ Termo incorreto: LINGUAGEM Brasileira de
Sinais.
■ O termo correto é: Língua Brasileira de Sinais.
■ Não se deve usar termos, como “Mudinho” ou
“pessoa surda-muda”.
■ Os termos corretos são: “surdo” ou “pessoa
surda”.

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