Você está na página 1de 13

1

EVOLUÇÃO TEMPORAL E ESPACIAL


DA VOÇOROCA DO CÓRREGO DO
GRITO – RANCHARIA –SP
IMPACTOS E MEDIDAS DE CONTROLE DA EROSÃO URBANA

GRUPO 11 – ANA FLÁVIA SALGADO, CECÍLIA NARDI,


MARIANA KALIL E RAFAEL CATALAN
2

INTRODUÇÃO

A voçoroca do Córrego do Grito desenvolve-se


desde a década de 1960. Porém, nos últimos
anos, 1997 e 2015, ocorreram dois processos de
erosão no local, que exigiram altos custos de
recursos públicos para implantação de obras de
macrodrenagem para controle da erosão urbana.

Voçoroca atingindo a calçada da Avenida Dom


Pedro II (14-07-2015).
DIAGNÓSTICO E
MEDIDAS DE
CONTROLE
LOCALIZAÇÃO LITOLOGIA 4

- O substrato geológico da área é composto por


arenitos da Formação Adamantina, com a presença
de cimentação carbonática, que estabelece uma
condição de maior resistência à erosão geológica com
a presença de superfícies de cimeira alinhadas de
forma descontínua, presença de depósitos
correlativos quaternários nas médias e baixas
vertentes e depósitos tecnogênicos gerados pelas
condições de uso da terra (OLIVEIRA, 1994).

- Os solos predominantes na microbacia do Córrego do


Figura 1: Mapa de localização da microbacia e da voçoroca do Córrego do Grito. Grito são o Latossolo Vermelho, o Argissolo
Vermelho-Amarelo nas médias e baixas vertentes e a
- A microbacia do Córrego do Grito está situada na presença de Neossolo Litólico nos fundos de vale
porção central do município de Rancharia-SP. (OLIVEIRA, 1994).

- A voçoroca em questão possui aproximadamente 400m


de comprimento e está situada na porção sudoeste do
perímetro urbano de Rancharia-SP.
USO DO SOLO DESENVOLVIMENTO DA VOÇOROCA 5

NAS ÚLTIMAS DÉCADAS


- Com relação às mudanças no uso da terra na - A partir da análise destas fotos aéreas foi possível
microbacia do Córrego do Grito, a partir da década de constatar que no período entre 1984 a 1991 ocorreu a
1970, o adensamento urbano com a pavimentação maior expansão da área da voçoroca (1.790 m²). Em 1991,
das vias públicas e implantação da microdrenagem a voçoroca possuía uma área de 11.340 m², sendo que sua
provocou um acréscimo do escoamento superficial. A cabeceira estava localizada há menos de 25 m de distância
ausência da implantação da macrodrenagem urbana da Avenida Dom Pedro II, uma das principais vias da
para garantir o direcionamento das águas pluviais cidade, cuja cabeceira chegou a possuir cerca de 70 m de
para o curso d‟água receptor induziu o largura.
desenvolvimento da erosão remontante da voçoroca
do córrego do Grito.

- Segundo, Oliveira (1994, p. 174), as voçorocas do


córrego do Grito e da Água da Vila Tereza também
mantiveram-se aparentemente estáveis de 1962 a
1972. Entretanto, como resposta à expansão da área
urbana, a cabeceira da voçoroca do córrego do Grito
retomou sua atividade erosiva. Por meio de
fotografias aéreas da década de 80, pode-se perceber
que a voçoroca recuou cerca de 90 m e atingiu a
avenida de acesso oeste à cidade. Figura 2: Voçoroca do Córrego do Grito em 2002.
DESENVOLVIMENTO DA VOÇOROCA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS 6

- Além disso, durante a década de 1990 a cabeceira da - Já entre 1991 e 2002, a voçoroca teve um acréscimo de
voçoroca foi utilizada como área irregular de deposição 4.460 m² em área, sendo notada uma ampliação da
de resíduos sólidos. Esta situação favoreceu a formação largura da voçoroca e o surgimento ravinas na margem
de uma cobertura tecnogênica representando uma área esquerda. Isto pode ter sido ocasionado pela
de risco de instabilidade de solo. implantação inadequada de um terraço em curva de
nível na margem esquerda da voçoroca, com ausência de
bacia de captação, situação que favorece a concentração
de escoamentos superficiais desenvolvimento de ravinas.

Figura 3: Depósito de resíduos sólidos e voçoroca do córrego do Grito, na


década de 90.

Figura 4: Voçoroca do Córrego do Grito em 2002.


DESENVOLVIMENTO DA VOÇOROCA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS 7

E SOLUÇÕES PROPOSTAS (1997) - Foram implantados tubos de macrodrenagem, galerias e


- Em 1997, o desenvolvimento da erosão remontante dissipadores de energia. Além disso, parte da cabeceira da
aumentou a preocupação do avanço da voçoroca em voçoroca foi aterrada (3.700 m² de área).
direção à Avenida D. Pedro II. Com apresentação de um
parecer técnico (IPT, 1997) e de apresentação de
projeto de controle da erosão urbana pela prefeitura,
em 1998, deu-se inicio a implantação da
macrodrenagem urbana, a fim de direcionar as águas
pluviais até o curso d’água receptor e amenizar o
impacto causado com a erosão remontante. O esquema
do projeto está apresentado a seguir. Figura 6: Galerias de macrodrenagem urbana.

Figura 5. Planta do sistema de


macrodrenagem urbana implantado em 2000

Figura 7. Sistema de macrodrenagem urbana na cabeceira da voçoroca do Córrego do Grito.


DESENVOLVIMENTO DA VOÇOROCA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS 8

- O processo de formação de ravinas e ampliação da área - As modificações morfológicas da voçoroca em 1991 e 2014
voçorocada continuou entre 2002 e 2014, conforme estão apresentadas no perfil longitudinal e nas seções
indicado no mapa abaixo. O desenvolvimento destas transversais na figura abaixo.
ravinas estava relacionado ao uso rural devido utilização - Nota-se uma ação erosiva com destaque na seção B,
da área para criação de gado bovino e a incorreta resultando num fundo da voçoroca com menores
implantação de um terraceamento, que resultou na declividades e maiores larguras em 2014, em comparação
concentração do escoamento superficial. com 1991.

Figura 8 – Carta de expansão da voçoroca do Córrego do Grito. Figura 9 - Perfis topográficos da boçoroca do córrego do Grito em 1991 e 2014.
DESENVOLVIMENTO DA VOÇOROCA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS 9
- Após 15 anos da implantação do sistema de
macrodrenagem urbana, em janeiro de 2015, ocorreu a - As figuras a seguir mostram os danos causados pela
retomada do processo de erosão remontante na erosão remontante e a destruição do sistema de galerias
voçoroca do Córrego do Grito. Em 30 de junho de 2015 de águas pluviais e do sistema de distribuição do esgoto
a voçoroca atingiu o leito carroçável da Avenida Dom doméstico.
Pedro II, conforme croqui de monitoramento da erosão
abaixo.

Figura 10 – Voçoroca do Córrego do Grito após erosão remontante.

Figura 10 – Croqui do monitoramento da erosão remontante


DESENVOLVIMENTO DA VOÇOROCA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS 10

Figura 11 – Voçoroca do Córrego do Grito após erosão remontante.


Figura 12– Voçoroca do Córrego do Grito após erosão remontante.

Figura 12 – Voçoroca do Córrego do Grito após erosão remontante.


Figura 13– Voçoroca do Córrego do Grito após erosão remontante.
SOLUÇÕES PROPOSTAS (2015) 11

- Em julho do mesmo ano, iniciaram-se obras - Os tubos do sistema de macrodrenagem urbana foram
emergenciais para controlar o avanço da erosão assentados em um par de galerias sendo construídos em
remontante, sendo implementado um novo sistema de diferentes níveis de altimetria para garantir a distribuição
macrodrenagem urbana para direcionar as águas pluviais das águas pluviais em etapas
até o fundo da voçoroca.

- Foram implantados tubos de concreto e galerias na


cabeceira da voçoroca para direcionar as águas
pluviais.

Figura 14 - Obras emergenciais para contenção da erosão remontante.

Figuras 15 e 16 - Obras emergenciais para contenção da erosão remontante.


SOLUÇÕES PROPOSTAS (2015) 12

- A jusante do par de tubos de galerias, foi implantada


caixas de concreto formando degraus para diminuir a
velocidade de escoamento das águas pluviais ao
atingirem o leito da voçoroca.

Figura 18- Obras emergenciais para contenção da erosão remontante.


- Em decorrência das fortes chuvas no final de 2015 e da
presença de solo exposto em parte da área aterrada, surgiram
novamente processos erosivos lineares que ameaçaram a
estabilidade das estruturas recentemente implantadas.

Figura 17 - Obras emergenciais para contenção da erosão remontante.

- Após as obras de implantação das galerias de águas


pluviais foi realizada a terraplenagem da área com a Figura 19 - Obras emergenciais para contenção da erosão remontante.
deposição e compactação de terra sobre estas galerias
- Como solução para a ravina, optou-se por aterrá-la e
e nos taludes de aterros plantou-se gramíneas.
implantar um terraço em curva de nível para evitar a
concentração de águas pluviais na área aterrada.
CONSIDERAÇÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS FINAIS
- Histórico recorrente, que ultrapassa mais de cinco décadas
de desenvolvimento do processo erosivo.

- Alto custo para implantação das obras de controle de erosão


urbana, com dependência de recursos públicos estaduais.

- Por se tratar de um município pequeno, esta solução


provavelmente só foi proposta e viabilizada por a erosão em
questão se tratar de um estado de calamidade pública.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FRANCISCO, Alyson. A Erosão Periurbana em Rancharia-SP:
A Análise Espaço-Temporal e as Propostas de Recuperação da
Boçoroca do Córrego do Grito. Tese (Doutorado em
Geografia) - Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita
Filho.2017

Você também pode gostar