O documento discute a importância da liberdade religiosa e cultural no esporte para promover a harmonia entre diferentes grupos. Defende que o multiculturalismo esportivo ocorre pela liberdade dada aos seus participantes, não pela interdição de tradições. Também argumenta que o esporte consegue unir humanos de culturas diferentes e que deve ser permissivo com manifestações culturais, evitando uma politização excessiva.
Descrição original:
Título original
Redação da UNIFESP 2020 sobre o tema_ _Vestimentas religiosas no esporte_ legitimação da opressão ou liberdade de manifestação religiosa__
O documento discute a importância da liberdade religiosa e cultural no esporte para promover a harmonia entre diferentes grupos. Defende que o multiculturalismo esportivo ocorre pela liberdade dada aos seus participantes, não pela interdição de tradições. Também argumenta que o esporte consegue unir humanos de culturas diferentes e que deve ser permissivo com manifestações culturais, evitando uma politização excessiva.
O documento discute a importância da liberdade religiosa e cultural no esporte para promover a harmonia entre diferentes grupos. Defende que o multiculturalismo esportivo ocorre pela liberdade dada aos seus participantes, não pela interdição de tradições. Também argumenta que o esporte consegue unir humanos de culturas diferentes e que deve ser permissivo com manifestações culturais, evitando uma politização excessiva.
O âmbito competitivo do esporte determina inexorabilidade de um vencido e de um
vencedor, todavia outro aspecto possibilita sua permanência na contemporaneidade. Trata-se
da moral esportiva: nem demasiadamente branda a ponto dos competidores degladiarem-se, nem demasiadamente rígida para não fomentar desinteresse. Entre esses extremos, encontra-se a liberdade religiosa que é usar vestimentas desportivas e de devoção, algo não só vital para o convívio multicultural, mas também autorreferencial à índole pan-acolhedora do esporte. Apesar do conflito intercultural que estorva o ideal multicultural esportivo entre valores ocidentais europeus e valores orientais islâmicos, sua solução não se dá pela via radical. As ideias de Boaventura de Sousa Santos, sociólogo português, sobre a hermenêutica diatópica que esteja mais vinculada ao universalismo dos direitos humanos pertence à discussão, posto que elas contemplam tanto as particularidades locais, quanto a direção projetada visando à sintonia coletiva global. Por essa ótica, o multiculturalismo harmônico e necessário para o esporte ocorre, não pela interdição de tradições milenares, e sim, pela liberdade dada aos seus integrantes. Ademais, o grande marco esportivo reside justamente em sua capacidade pan-acolhedora capaz de transmutar a índole humana competitiva em um espaço não-sectário. Não é por acaso que os jogos olímpicos ocorrem em cidades capazes de atender a uma demanda internacional de indivíduos culturalmente antípodas, mas essencialmente humanos. Por isso, as falas da Agnès Buzyn, da Aurore Bergé e da Lydia Guirous destoam do coeso ideário desportivo e revelam suas idiossincrasias resultantes de uma politização profusa. Nesse sentido, o esporte ganha mais sendo permissivo com as distintas manifestações culturais que buscando uma politização excessiva com o radicalismo sectário. A via diplomática segue como a melhor resolução, pois, onde a competição e a partidarização reinam durante o jogo, fora dele, deve-se buscar um clima harmônico que respeite as tradições pessoais e mantenha o fair play. Afinal, porque a expressão "levar na esportiva" associa o esporte com a ponderação, senão por ambos estarem intrinsecamente juntos?