Você está na página 1de 12

ELFOS...

Kk
1. A PARTIDA

Era um dia qualquer na vila de Everyforest, o sol nascia extinguindo a


escuridão, o orvalho pingava das gotas das grandes árvores que a
rodeava. Todos os elfos levantam, tomam café com sua família e vão
trabalhar.
Mas nossa estória, começa um pouco depois. Eram exatamente 08:26
AM quando...:

- Camila, está na hora! Vamos! Levante!

Mas de Camila, a jovem elfo, não se ouvia nada. Ela estava apenas
levantando a cabeça desnorteada, até que olhando a mãe, com seu
olhar triste e desapontado, perguntou:

- Que horas são?

- Vai dar nove horas... Há 15 anos você depende de mim para não
perder a hora. Até quando?

Então Camila se sentou em sua cama, e enquanto sua mãe a encarava,


sua aura saía pela metade de si. E com um tom angustiado,
observando o cenário, disse:

- Que patético... Tudo de novo.

E logo em seguida voltou para dentro. Acontece que aquele dia era
muito especial. Na vila dos elfos, quando os jovens completavam 15
anos, eles saiam de suas casas e iam em busca de suas próprias vidas
buscando trabalho, lar, comida e parceiros. Camila, naquele dia,
completava 16 anos, e ainda estava morando com seus pais, isto já era
motivo suficiente para se tornar a desonra da família. Então por
decisão de seus pais, ela iria embora hoje, estando pronta ou não.
A jovem arrumou suas malas, e se preparou para partir. Na saída, se
reuniu com seus pais e sua irmã mais nova para se despedir, esta,
segurando o choro olhou no fundo de seus olhos e falou:

- Você vai voltar hoje?

Camila pôs um sorriso no rosto. E abaixando até ela, respondeu de


maneira infantil:

- Não, vai ser assim olha: eu vou sair, procurar uma casa legal, fazer
minhas coisas e depois, quando terminar, vou voltar aqui pra contar
minhas aventuras e te levar pra visitar a minha casa. Você já não sabe
que eu sou corajosa? Vai ser rapidinho relaxa! Vai ficar tudo de boa!
Tá bom?

- Tá...

E fungando o nariz, sua irmã se acalmou. Sua mãe, ainda séria, pegou
uma mochila, e disse:

- Olha, toma cuidado, se alimenta direito, não pegue um resfriado,


não fale com estranhos, olhe pros dois lados antes de atravessar a rua
e...

Camila interrompe sua mãe afirmando com a cabeça dizendo:


- Tá tudo bem mãe, eu já estou ligada!

- Não está não!... Toma aqui, tem comida pra 3 dias mais ou menos.

Camila segurou a mochila e agradeceu rapidamente. E então deu em


sua mãe um beijo e um abraço dizendo “Tchau mãe...”
Seu pai, calado como sempre lhe deu um abraço com seu semblante
cansado e disse apenas:

- Cuidado lá em filha...

Camila o abraçou com força, seus olhos se enchiam de lágrimas e seu


coração apertava. Quando o abraço acabou, ela se afastou de todos
em direção a porta de casa, estava agoniada. Seu coração estava em
pedaços, e mesmo sabendo a resposta, ela não aguentou e começou a
chorar e disse:

- Eu posso ficar só mais um pouquinho?

Então sua mãe respondeu como se estivesse falando com uma criança:

- Não, tá na hora já filha! Agora já era, tem mais volta não!

- Tá bom... Obrigada... Daqui a pouco volto pra contar como foi tá


bom?

E então saiu pela porta, e começou a caminhar dizendo para si


mesma:
- É, agora já foi... Bora lá então... Vamos em busca do desconhecido!

Camila estava andando pela rua, triste, com medo e confusa.


Precisava de alguém pra desabafar. Então pensou:

- Já sei, vou ir lá no Uzi. O cara vai saber me ajudar! Ele é meu melhor
amigo...

Então ela secou suas lágrimas e caminhou por quase duas horas, até
chegar no reino dos magos, Motherock, que ficava na mesma floresta
que sua aldeia.
Motherock era um dos poucos lugares que Camila conhecia, mas era
um dos mais interessantes. “Um reino específico de magos é uma
coisa muito incrível!” ela pensava, pois a cada esquina se encontrava
uma surpresa diferente: gatos com asas de morcego, peixes com
pernas, dragões pairando pelos céus, poções duvidosas e palavras
estranhas que faziam tudo mudar.
Uzi, seu melhor amigo, era um jovem mago. Alto e inteligente, ele
vem de uma linhagem específica de bruxos que trabalham com
matérias da natureza. Sendo assim, ele consequentemente conhecia
da mais simples a mais peculiar planta que poderia gerar poções
malignas, ou um simples chá para tosse.
Ele ficava na universidade de bruxos mais renomada do reino, todos
os professores eram muito rigorosos e nunca deixavam os alunos atoa
por muito tempo. Então ele estava sempre andando com frascos e
pergaminhos por aí com seu manto branco e azul. “É realmente a cara
dele!” pensava Camila rindo mentalmente.
Mesmo sendo muito bem protegida, Camila sempre conseguia entrar
escondido na Universidade pra ver seu amigo, ela vivia com seu arco e
flecha nas costas. Passava escondida pelos guardas, e amarrava sua
corda em uma flecha e atirava na prateleira de janela da torre onde
Uzi dormia. Ela sempre foi boa de mira, mas nem sempre acertava, na
tora de madeira para poder escalar. Então, de vez em quando, Uzi
tinha que dar desculpas dizendo que suas experiencias deram um
resultado meio perigoso...
Ao chegar na Universidade, Camila pegou sua corda e amarrou
firmemente numa flecha, e rindo sussurrou:

- Já pensou se ele está dormindo? Vou dar um susto nele e...

Concentrada, ela mirou friamente naquela prateleira. Mas para sua


surpresa, quem iria levar um susto não era ele...
Quando tinha acabado de soltar a flecha, ela foi surpreendida por um
grande dragão. Vermelho, majestoso, assustador e ardente como lava.
Ele passou bem na frente da janela, e a flecha bateu em suas escamas
rígidas e impermeáveis, mudando o curso da flecha diretamente para
a vidraça do quarto.
Camila não sabia o que fazer, apenas virou a cara esperando o que
viria primeiro: o barulho do vidro quebrando, ou as chamas do dragão
furioso. Mas para sua sorte, a escama do dragão era tão dura que ele
nem sequer sentiu o impacto. Percebendo isso, ela ouviu aliviada o
barulho de vidro estilhaçado e logo em seguida seu amigo erguendo
os braços com uma cara de ódio. E ela entendia claramente o que ele
estava tentando dizer, ou melhor, tentando gritar:

- DE NOVO DESGRAÇA?!

Camila suspirou e ergueu os braços de volta, sorrindo. E seu gesto


dava a entender:

- Fazer oque? Kkk


Uzi amarrou a corda no pé de sua escrivaninha, e deu um sinal para
Camila poder subir. Ela escalou a torre, e quando chegou na janela,
eles começaram a conversar:

- E aí meu chapa? Como vai a vida?

- De novo isso mulher! Não tem um mês que você não quebre a
janela! O inspetor já veio aqui tantas vezes que eu tive que dizer que
estou trabalhando num projétil, vivo que obedece a ordens que nem
um cachorro, mas que ele sempre foge quebrando a vidraça.

- Ih mermão, você vive reclamando! Entenda de uma vez parceiro: ou


a sua janela quebra ou a gente nunca mais se vê! É assim que a banda
toca.

- É, mas esse negócio de quebrar janela não é uma etapa tão


importante pra me ver não minha filha! Vai só acumulando janela
quebrada, mas quando o satanás do inspetor vier pro meu lado, eu
tenho certeza que você não vai estar aqui pra pagar o pato.

- Mas a culpa não é minha se você não vem me visitar! Já vamos


entrar no terceiro verão deis de que você entrou nessa universidade. E
tu ainda não passou nenhuma das férias na vila comigo como
prometeu!

- Pow Camila, você sabe que eu faço isso pelo seu bem! Sua família
não iria gostar de receber um cara em casa sendo que você já tem 16
anos, você sabe!

O semblante de Camila rapidamente ficou sério e triste. Ela lembrou


de sua realidade e voltou a pensar na situação em que estava...
- Olha... Ok então Uzi, desculpa.

Então ela saiu da janela e entrou no quarto. Arrastando os pés pelo


chão, ela foi lentamente em direção a cama de Uzi, tirou seu arco das
costas e colocou encostado no criado mudo e sentada, agarrou-se
num travesseiro em silêncio. Ele, vendo que a conversa poderia não
ter sido apenas mais uma discussão boba que eles tinham sempre que
se viam, foi consolar sua amiga tentando faze-la rir:

- Ei mulher relaxa, o inspetor está velho mesmo. Se eu colocar um


lençol ali na frente, é capaz dele até esquecer da existência da janela.

Camila riu, sabia o que ele estava tentando fazer. E, logo em seguida,
para surpresa dos dois, ela por impulso, simplesmente o abraçou...
Preocupado, Uzi disse:

- Camila calma!

Ele a abraçou de volta, e quando ele sentiu que ela tinha ficado mais
tranquila, ele a soltou e disse:
- Vem cá, senta aqui do meu lado... Fala pra mim, o que está
acontecendo?

Então Camila, com seus olhos cheios de lágrima, novamente pois um


sorriso no rosto. Dessa vez, claramente um sorriso forçado, que
expressava ironia. Ela ficou inquieta, com raiva. E então, levantando
rapidamente da cama, Camila andou em círculos pelo quarto de Uzi,
e começou a falar:

- Eu... Fui expulsa de casa... Yeeey, parabéns para a idiota aqui!


- Eita... já?

Ele perguntou com uma cara de apreensão.

- “Já” nada Uzi! Você sabe muito bem que eu estava atrasada! E o pior
é que eu não tenho nada... Eu não faço a mínima ideia do que fazer,
pra onde ir... É como se o mundo inteiro estivesse me julgando e
esperando eu estragar ainda mais as coisas, é horrível!

Camila se apoiou na escrivaninha do quarto com seus olhos inchados


e seu nariz vermelho como um tomate. Uzi viu que sua ela estava
péssima, então tentando incentivá-la respondeu:

- Ah... Não é tão ruim assim Camila. Se tu for parar pra pensar, se
você arrumar um trabalho, metade dos seus problemas vão ir embora.

- Mas como eu vou fazer isso, se eu nem sei qual é meu elemento
cara?!

- Ah é... Tem essa ainda..., mas, como é que é isso? É tipo um


currículo pra elfo?

- É, é basicamente isso, mas... É tipo algo que vai determinar em que


área você vai trabalhar.

Oque ela estava tentando dizer, era que deis de crianças, com mais
ou menos 5 anos de idade, os elfos manifestam uma habilidade
baseada nos quatro elementos: Terra, fogo, água e ar. Dependendo de
qual elemento você herdar da natureza, você recebe uma função
diferente.
Elfos com o elemento fogo, tem a capacidade de dominá-lo, sendo
assim são responsáveis por aquecer as casas e os minérios que são
garimpados. Também, são eles que cuidam dos incêndios florestais,
que vem com as tempestades, e os incêndios domésticos que
acontecem com frequência na aldeia.
Além de cuidarem da iluminação das ruas. Quando o sol se põe, eles
vão em cada rua e acendem as tochas com um fogo próprio para
iluminação, um fogo que nunca se apaga.
Já os elfos da terra, são responsáveis pela comida e arquitetura da
cidade. Eles abrem planícies para construção de casas, ou fazem
pastos para as ovelhas e vacas.
Além de tornarem a terra fértil para o plantio, mas, essa tarefa não
depende só deles. Pois é aí que entram os elfos do ar.
Esses, são responsáveis por trazer as brisas e ventanias. Mas acima de
tudo, são os elfos do ar que trazem as estações do ano para a vila,
então, sem eles não temos tempo de colheita, dias quentes ou frios. E,
muito menos, a delicada neve, ou, o doce aroma das flores que
desabrocham na primavera.
E por último, existem ainda, os elfos do elemento água. Mesmo
parecendo simples, elfos da água representam a base da vida moderna
na vila. São eles que trazem o saneamento e a água potável. Também
são eles que fazem os rios passarem pelos lugares certos.
Todos os elfos tem seu papel muito bem definido na sociedade, todos
tem uma função, uma utilidade. Os cidadãos viviam em paz
trabalhando em equipe.
Porém Camila era excluída, pois ela não sabia qual era seu elemento.
Ela nunca teve sequer indícios de qual eram seus dons, ou sua função
de vida, ou pelo menos o motivo de sua existência...
Ela dizia se sentir culpada, mas na verdade, ela nunca se importou.
Na maior parte do tempo, sua mente não se importa com nada e nem
ninguém. Isso gerava motivos e justificativas para ser rotulada de
egoísta por sua mãe, que a conhecia mais do que ela mesma. Pelo
menos, era no que ambas acreditavam...
Só que, como mudar algo que está dentro de você, que sempre fez
parte da sua personalidade, nunca te causou problemas por estar ali, e
que já serviu de defesa para você? Ela não fazia ideia. E pra falar a
verdade, ela não se importava com isso, pois “na maior parte do
tempo, sua mente não se importa com nada e nem ninguém...”
Pois bem, após explicar detalhadamente a seu amigo sobre as classes
operárias de cada elfo, por mais que triste, ela já estava bem mais
calma. Camila olhou pros lados e exclamou na esperança de não ser
só uma pergunta retórica:
- Se eu não tenho nem um elemento, como é que eu vou conseguir
uma casa Uzi?
Uzi então, tentou mostrá-la que nem tudo estava perdido, e que ela
ainda poderia ter alguma utilidade:

- Mulher, me diz uma coisa, na sua aldeia tem padaria?

- Sim...

Camila respondeu suspeitando do que iria sair da boca dele.

- E qual elemento você tem que ter pra ser padeiro?

- Ah... Nenhum específico eu acho. Tem padeiros de vários elementos


por aí.

- Então minha filha!


Camila ainda não tinha entendido onde Uzi queria chegar. Então só
inclinou a cabeça e franziu as sobrancelhas, como sempre faz quando
não entende algo de primeira. Uzi continuou:

- Não tem elemento certo pra essa profissão, porque você não precisa
de elemento pra isso!

- Tá dizendo que eu tenho que virar padeira?


Camila perguntou rindo.
- Olha, não era isso que eu quis dizer, mas se você acha uma boa, eu
não tenho preconceito com elfo padeiro hehehe.
- Engraçadão você né Uzi kkkk
- Mas oque eu estou tentando dizer é que, existem várias profissões
que não exigem um elemento específico, e que são tão boas quanto.
- É, você tem razão. Até porque, o importante é o dinheiro né?
Contanto que eu ganhe alguma coisa, tudo é válido.
- Calma aí kk, não como se você fosse pegar o teu arco e sair matando
todo mundo por dinheiro né?
Nesse momento, eles pararam de rir. Camila olhou friamente nos
olhos de Uzi, e ambos ficaram em silêncio por um tempo. Uzi
geralmente está acostumado com esse tipo de coisa, ele sabe que é só
encenação, mas como o assunto era sério, ele resolveu confirmar:
- Camila?... Né?
Ela chegou bem perto, pôs as mãos encima dos ombros dele, e sem
desviar o olhar, disse com firmeza:
- Você caiu na pegadinha do MarioGamer’s...
E começou a gargalhar da cara de Uzi, que aliviado se juntou a ela e
começou a rir, talvez de nervoso. Então Camila disse quase sem ar:
- Olha, eu não sei se me tornaria uma mercenária. Mas seria bom se
tivesse alguma profissão que usasse arco e flecha sem ser pra caçar.
Não sei se eu gosto da ideia de matar animais inocentes... Mas nada
disso muda o fato deu ter que arrumar uma casa e dinheiro
urgentemente. Você tem sorte da sua espécie não te enxotar de casa
de repente como se estivesse sendo desertado da sua família...

- Camila, agora que você falou isso eu pensei aqui, aquela tua amiga, a
fada. A espécie dela também não tem esse negócio de sair de casa ou
algo assim?
- Quem?... A Letícia? Ahh... Bom, ela tinha me dito que assim que as
fadas nascem, elas já se tornam independentes. Elas não são de viver
em bando, então só as fortes sobrevivem.

- Então, mulher! Fala com ela e pede ajuda, a bichinha teve que se
virar assim que nasceu, com certeza sabe oque fazer.
-É que... A gente não se fala mais... Tivemos alguns problemas, e ela
só parou de falar comigo. Não sei se seria uma boa ideia, não quero
ser interesseira.
- Camila, é situação de vida ou morte. Se ela é uma pessoa tão incrível
quanto você sempre diz, ela vai te ajudar independente disso. Até
poque, uma pessoa é uma pessoa. Devemos ajudar independente dos
problemas que a gente tem com ela.

- É... Você tem razão, eu vou lá falar com ela. Tchau Uzi.

- Ué, tu vai agora?!

- É ué, eu não tenho nada pra fazer mesmo...

Você também pode gostar