PATOLOGIA
Introdução
Em homeostase, a célula normal é submetida a inúmeros estímulos, como
estresse ou agressões, que causam danos diretos. Diante de situações
como essas, a célula pode percorrer duas vias distintas, a adaptação ou
a incapacidade de se adaptar, o que leva à lesão celular. A lesão celular
pode ser reversível ou irreversível.
Neste capítulo, você vai estudar as diferentes respostas celulares diante
de situações fisiológicas, como o exercício ou a gravidez, e patológicas,
como a insuficiência cardíaca ou a caquexia. Algumas dessas respostas
são fundamentais para a sobrevivência das células ou do tecido. Você
também vai compreender os dois principais processos de morte celular,
a necrose e a apoptose, que possuem importantes diferenças entre si e
afetam a fisiologia e a doença no nosso organismo.
Figura 3. Em (a), vemos a hiperplasia da glândula tireoide e, em (b), uma glândula tireoide
normal. A glândula tireoide hiperplásica apresenta um número elevado de células foliculares
e pequenos folículos muito ativos. Em (c), vemos a hiperplasia da glândula paratireoide e, em
(d), uma glândula paratireoide normal. A glândula paratireoide hiperplásica apresenta lobo
com densidade maior de células principais, com septos do tecido conectivo imperceptíveis.
Fonte: Reisner (2016, p. 25).
A necrose pode ser uma consequência de uma doença de base. A doença trombótica
púrpura fulminante é causadora de injúria renal aguda. As lesões purpúricas rompem
e progridem para a necrose, com posterior exposição óssea. Para saber mais sobre a
necrose na púrpura fulminante, leia o artigo Achados histológicos renais em paciente com
injúria renal aguda associada à purpura fulminans: relato de caso, de Martins et al. (2019).
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Figura 7. A morte celular apoptótica aumentada (a) leva à insuficiência hepática e à morte
de diferentes tipos celulares, como hepatócitos e linfócitos, ocasionando alterações fisio-
lógicas. Além disso, a morte de células funcionais ocasiona a degeneração neuronal em
diferentes doenças neurodegenerativas. A apoptose diminuída (b) é desencadeada pela
ativação de diferentes vias e leva a várias doenças. As infecções persistentes ocorrem por
causa da ausência de apoptose em células infectadas pelos patógenos. Tumores podem
ser resultado do escape de células da morte celular apoptótica. Situações em que células
imunocompetentes não sofrem apoptose podem ocasionar doença autoimune. A apoptose
reduzida também pode levar a um excesso de células do corpo lúteo, com produção cons-
tante de progesterona (hiperfunção), e à geração de anormalidades no desenvolvimento,
como a sindactilia (fusão entre dois ou mais dedos).
Fonte: Silbernagl e Lang (2016, p. 15).
Figura 8. Sequência das alterações morfológicas da lesão celular, progredindo para diferentes
tipos de morte celular, necrose ou apoptose.
Fonte: Kumar, Abbas e Aster (2016, p. 93).
Caso a célula não se recupere dessas lesões reversíveis, isso pode culminar
na morte celular necrótica, com rompimento ou perda nuclear, caracterizando,
assim, a lesão irreversível. As células necróticas possuem falha na integridade
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Figura 9. Corte histológico em microscopia óptica. Em (a), vemos a necrose caseosa, com
estrutura clássica de um granuloma no centro (estrela), com células epitelioides (seta
pequena) e uma célula gigante (seta). Em (b), observamos a necrose coagulativa após
infarto renal, apresentando células necróticas sem núcleo. Em (c), observamos a necrose
adiposa enzimática, com tecido adiposo do pâncreas saponificado (área em destaque),
apresentando processo inflamatório e ácinos danificados (setas). Em (d), vemos a necrose
liquefativa, com parênquima pulmonar destruído, apresentando abcesso com infiltrado
inflamatório excessivo. Em (e), observamos a necrose fibrinoide, com neutrófilos de núcleos
escuros na parede da artéria necrótica.
Fonte: (a–d) Reisner (2016, p. 39–40); (e) Kumar, Abas e Aster (2016, p. 101).
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BARRETT, K. E. et al. Fisiologia médica de Ganong. 24. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; ASTER, J. C. Robbins & Cotran patologia: bases patológicas das
doenças. 9. ed. São Paulo: Elsevier, 2016.
REISNER, H. Patologia: uma abordagem por estudos de casos. Porto Alegre: AMGH, 2016.
SILBERNAGL, S.; LANG, F. Fisiopatologia: texto e atlas. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
Leituras recomendadas
HIPERPLASIA no tecido do cólon. [S. l.: s. n.], c2020. 1 vídeo (6 min). Publicado pelo canal
da Khan Academy. Disponível em: https://pt.khanacademy.org/science/health-and-
-medicine/gastrointestinal-system-diseases/colon-diseases/v/hyperplasia-in-colon-
-tissue. Acesso em: 24 jun. 2020.
MARTINS J. I. S. et al. Achados histológicos renais em paciente com injúria renal aguda
associada à purpura fulminans: relato de caso. Brazilian Journal of Nephrology, v. 41, n. 2,
p. 296–299, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/jbn/v41n2/pt_2175-8239-
jbn-2018-0074.pdf. Acesso em: 24 jun. 2020.
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