Você está na página 1de 8

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

BACHARELADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

TUBERCULOSE - MYCOBACTERIUM BOVIS

RECIFE
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
BACHARELADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

TUBERCULOSE - MYCOBACTERIUM BOVIS

RECIFE
2021

1. INTRODUÇÃO

2. RESUMO

3. ETIOLOGIA

4. PATOGÊNESE

5. ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS

As lesões provocadas pelo Mycobacterium bovis é caracterizada pela formação de lesões


granulomatosas, de aspecto nodular, os quais recebem o nome de tubérculo. Essas
nodulações, consistem de uma estrutura diferente do tecido adjacente, com uma massa
amorfa preenchida de um material caseoso encapsulado. Ou seja, são nódulos que podem ser
confluentes, de aspecto purulento ou caseoso, com presença de cápsula fibrosa, podendo
apresentar necrose caseosa no centro da lesão, ou, ainda, calcificação nos casos mais
avançados. Macroscopicamente os tubérculos ou granulomas apresentam-se como
nodulações localizadas na lesão. São de diâmetro variável entre 1,0 mm a 2,0 cm, de
coloração branca, cinza ou amarelados e de consistência firme. Os tubérculos mais antigos,
ao serem cortados durante o processo de necrópsia, podem evidenciar um ranger no fio da
faca devido à presença de material de aspecto arenoso, constituído de cristais de Cálcio.

Em bovinos, as lesões são encontradas principalmente nos linfonodos, particularmente nos


linfonodos da cabeça e do tórax (mediastínicos, retrofaríngeos, bronquiais, parotídeos,
cervicais, inguinais superficiais e mesentéricos), pois estes estão mais associados ao sistema
respiratório. Esses tubérculos também podem ser encontrados nos pulmões, fígado, baço,
intestinos, tecido mamário, pleura e peritônio. Animais reagentes ao teste tuberculínico
podem não apresentar lesões visíveis a olho nu; isso não significa, porém, que se trata de
reação falso-positiva. As lesões podem estar em estágios iniciais de evolução, ou
simplesmente não terem sido encontradas pela necropsia.

Quando a infecção por Mycobacterium bovis se dá por via respiratória, o pulmão é o órgão
primeiramente atingido, assim como os linfonodos regionais. Por outro lado, quando a
infecção se dá pela via digestiva, a lesão se desenvolve inicialmente no sítio de entrada,
principalmente nos linfonodos faríngeos e mesentéricos. Por fim, quando há generalização do
processo, as lesões podem atingir qualquer órgão. Quando há a generalização da tuberculose,
com disseminação da doença por via linfática ou sanguínea, atingindo grande parte dos
órgãos ou tecidos, há desenvolvimento de uma forma difusa denominada de tuberculose
miliar. Neste caso, observam-se, em todos os sítios afetados, a presença de múltiplos
tubérculos pequenos, semelhantes a grãos de milho. As lesões na tuberculose generalizada
são representadas por nodulações miliares extensas nos órgãos e linfonodos da carcaça. Em
alguns casos, pode ser visualizado no parênquima dos órgãos um grande número de
tubérculos secundários, com dois ou três milímetros de diâmetro, todos da mesma idade,
caracterizando a tuberculose miliar. A inspeção associada à palpação e recorte dos linfonodos
favorece a detecção das lesões macroscópicas. Os cortes dos linfonodos são importantes para
detectar pequenas lesões localizadas internamente no parênquima que não são visíveis
externamente. Na cabeça, deve-se examinar trato respiratório superior (cavidade nasal,
nasofaringe, traquéia), tonsilas, linfonodos parotídeos, mandibulares e retrofaríngeos. No
tórax, pulmões, pleura, linfonodos bronquiais e mediastinais. No abdômen, fígado, baço, rins,
peritônio, útero, linfonodos hepático e mesentéricos. E na carcaça, linfonodos sub-ilíacos,
inguinais, sacrais, glândula mamária, testículo e epidídimo.

● Análise Macroscópica: Na análise macroscópica são observadas lesões nodulares no


parênquima dos linfonodos, de distribuição focal, multifocal ou difusa, com
consistência firme. Ao corte, essas estruturas podem ser amareladas e bem
delimitadas por uma cápsula fibrosa, das quais podem apresentar no seu interior
conteúdo caseoso (Figura A), ou áreas calcificadas (Figura B).

Figura: Linfonodos de bovinos com lesões macroscópicas sugestivas de tuberculose. A)


Lesão caseosa. B) Lesão calcificada.

Figura: Nódulos hepáticos sugestivos de tuberculose (A); Carcaça com tuberculose miliar
(B).
Figura: Linfonodo com lesão sugestiva de tuberculose. Cor amarelo-pálido, consistência
firme e forma arredondada.

Figura: Pulmão e linfonodo. O pulmão contém múltiplos focos coalescentes de necrose


caseosa cercada por finas cápsulas de tecido fibroso pálido (tubérculos).
Figura: Útero bovino. O endométrio contém numerosos tubérculos.

Figura: Lesões características de tuberculose em fragmento pulmonar bovino.


Figura: Superfície de corte de linfonodos mediastínicos de bovino apresentando necrose
caseosa.

6. CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS

A “tuberculose bovina” causada por Mycobacterium bovis é uma zoonose, doença ou


infecção naturalmente transmissível entre os animais vertebrados e o homem. Seu hospedeiro
primário é o bovino, mas diversas espécies de mamíferos domésticos e silvestres, são também
susceptíveis ao mesmo bacilo (BIET et al., 2005; CORNER, 2006). Os animais infectados
com a M. bovis podem apresentar diferentes sintomas entre as espécies. Em geral, a
tuberculose bovina caracteriza-se pela evolução geralmente crônica - raramente pode se
manifestar de forma aguda, inicialmente subclínica, evidenciando sintomas apenas quando há
comprometimento dos órgãos atingidos (GUTIÉRREZ et al., 1998).

Em estágios mais avançados, observa-se emagrecimento progressivo, aumento de


volume dos linfonodos e, em alguns casos, tosse, dispnéia e episódios de diarréia intercalados
com constipação (ROXO, 1997). Em animais de produção, queda na produção de leite e
endurecimento da glândula mamária também são observados (OLMSTEAD; RHODE,2004).
A evolução e a gravidade da infecção dependerão basicamente da existência de fatores
associados, como: doenças intercorrentes, carência mineral, condições climáticas extremas,
ou seja, qualquer fator de “stress” que venha a quebrar a resistência do animal e permitir que
as micobactérias, usualmente restritas ao complexo primário, ganhem a circulação e
disseminem-se pelo organismo animal, atingindo os mais diversos órgãos.

Nos casos crônicos da doença no bovino, os sinais clínicos não são aparentes até o
estágio terminal da doença. Na doença pulmonar progressiva, os sintomas observados são:
dispnéia, tosse, estertores, crepitação, roce pleural, febre, emagrecimento, diarréia (mais
comum em bezerros) e debilidade geral. Os caprinos e ovinos apresentam quadros similares
aos bovinos, porém, apresentam manifestações pulmonares com mais frequência. A
tuberculose é rara nos equinos, mas nos casos relatados, estes animais apresentaram quadro
clínico pulmonar e lesões granulomatosas nas vértebras cervicais, com dificuldade de
movimentação e inapetência.
No homem, M. bovis causa doença clinicamente idêntica àquela causada por M.
tuberculosis onde os sintomas que se destacam são: febre vespertina, emagrecimento, fadiga,
dor no tórax, suores noturnos, astenia (fraqueza orgânica, debilidade) e, em sua forma clínica
mais prevalente, tosse com expectoração que pode evoluir para escarros sanguíneos e
hemoptise.

7. CONCLUSÃO

8. REFERÊNCIAS

Abrahão, Regina Maura Cabral de Melo. "Tuberculose humana causada pelo Mycobacterium
bovis: considerações gerais e a importância dos reservatórios animais." Archives of Veterinary
Science 4.1 (1999).

JORGE, Klaudia dos Santos. IDENTIFICAÇÃO DE Mycobacterium bovis EM BOVINOS E


SUA IMPORTÂNCIA NA OCORRÊNCIA DE TUBERCULOSE ZOONÓTICA.
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul , Campo Grande(MS), p. 1-97, 15 abr. 2011.

Megid, J.; Ribeiro, M. G.; Paes, A. C. Doenças infecciosas em animais de produção e de


companhia. Rio de Janeiro: Roca, 2015.

Você também pode gostar