O documento descreve o desenvolvimento da antropologia como uma ciência moderna no início do século XX. Quatro pensadores fundamentais são destacados: Franz Boas propôs o particularismo histórico, enfatizando o estudo de cada cultura em seu contexto único; Bronislaw Malinowski desenvolveu o método da observação participante; A.R. Radcliffe-Brown aplicou teorias estruturalistas para entender a integração das sociedades; Marcel Mauss continuou os estudos de seu tio sobre sistemas de troca e reciprocidade.
Descrição original:
Título original
Historia da Antropologia - Os quatro pais fundadores
O documento descreve o desenvolvimento da antropologia como uma ciência moderna no início do século XX. Quatro pensadores fundamentais são destacados: Franz Boas propôs o particularismo histórico, enfatizando o estudo de cada cultura em seu contexto único; Bronislaw Malinowski desenvolveu o método da observação participante; A.R. Radcliffe-Brown aplicou teorias estruturalistas para entender a integração das sociedades; Marcel Mauss continuou os estudos de seu tio sobre sistemas de troca e reciprocidade.
O documento descreve o desenvolvimento da antropologia como uma ciência moderna no início do século XX. Quatro pensadores fundamentais são destacados: Franz Boas propôs o particularismo histórico, enfatizando o estudo de cada cultura em seu contexto único; Bronislaw Malinowski desenvolveu o método da observação participante; A.R. Radcliffe-Brown aplicou teorias estruturalistas para entender a integração das sociedades; Marcel Mauss continuou os estudos de seu tio sobre sistemas de troca e reciprocidade.
Um mundo de intenso intercambio (e exploração global), de internacionalização
cultural (e imperialismo cultural) e de enorme integração política (muitas vezes na
forma de colonialismo). Teorias evolucionistas viam essa conjuntura do mundo como confirmação de suas teorias, do europeu como o mais evoluído. Essa visão do homem é atacada e enfraquecida em diversas frentes. Freud com sua teoria dos sonhos e do subconsciente, entendendo o homem a partir dos desejos e de sua sexualidade; Einstein com a teoria da relatividade geral, não mais vendo o mundo físico como estático e “duro”, mas como uma incerteza e dependente do sujeito que a enxerga; Picasso com sua arte abstrata. É o tempo do modernismo. O tempo da realidade ambivalente da verdade. Anarquistas contra o Estado, feminista contra a concepção da família. 1ª Guerra Mundial deixando Europa devastada e a chegada da Revolução Russa. É nesse contexto que surge a antropologia como uma ciência social moderna. Essa nova Antropologia parece estar mais alinhada com o pensamento liberal e tolerante do século XVIII do que com o pensamento autoritário e evolucionista do século XIX, ainda que o pensamento sistemático, os tipos ideais para enxergar o mundo desse tempo somasse para o pensamento antropológico do século XX. Franz Boas (1858-1942), Bronislaw Malinowski (1884-1942), A.R. Radcliffe- Brown (1881 -1955) e Marcel Mauss (1872-1950). Pensadores que em conjunto refizeram as tradições antropológicas de sua época. Radcliffe-Brown e Malinowski romperam com o pensamento anterior de forma radical. Boas foi respeitado e utilizado como ponto de referência para os sucessores da disciplina. Mauss continua com a obra de seu tio, porem enfatiza o estudo dos povos não-europeus.
Boas e o particularismo histórico – Sua pesquisa consistia no estudo dos índios
norte-americanos e os inuítes. De acordo com Boas, o desenvolvimento da antropologia dependia do acumulo de uma base empírica, então o papel do antropólogo naquele momento era o de coletar e sistematizar as informações das culturas em particular, para só depois haver generalização. Nos EUA a antropologia se torna antropologia cultural, mantendo o sentido de cultura como um conceito que abrange qualquer construção humana – inclusive a sociedade, que foi o substituto na antropologia social da Inglaterra – desde fenômenos matérias (pintura, um campo), condições sociais (casamento, Estado) e significados simbólicos (línguas, rituais). Para o pensador, a disciplina poderia ser dividida em 4 campos: linguística, antropologia física, arqueologia e antropologia cultural. Estadias curtas, com diversas pessoas no mesmo projeto. Era explicado pelo fato de que o “campo” era próximo, já que ele se encontrava nos EUA, caso diferente se fosse na Inglaterra. Crítico do evolucionismo, propôs o particularismo histórico. Cada cultura tinha o próprio conjunto de valores e história, e era contra qualquer tentativa de interferir na pluralidade desses valores nas diversas culturas. Sobre a dança kwakiutl, ele escreve que ela não poderia ser reduzida a uma simples função, mas era preciso verificar qual o significado que ela tem para a pessoa que dança.
Malinowski e os nativos das Ilhas Trobriand – Visão holística da sociedade, e
sua análise deveria ser sincrônica (não histórica). A partir do Argonautas, ele faz uma análise profunda da instituição e sistema de comercio kula, onde objetos de valores simbólicos rondam pela área entre as ilhas da Melanésia e como ela tem relação com o comercio, lideranças políticas, economia doméstica, parentesco e posição social. Para ele os trobriandeses não eram exóticos ou extremamente diferentes dos ocidentais, mas apenas diferentes. O pensador inaugura um novo método de trabalho de campo especifico, que ele chama de observação participante. A ideia era de que o pesquisador deveria viver com as pessoas estudadas e também aprender a participar o máximo possível de suas vidas e atividades. Era importante permanecer bastante tempo no campo para entender totalmente o modo de vida local e aprender o idioma nativo como um instrumento. Todo fato, mesmo que insignificante, deveria ser registrado. O pesquisador deve participar do fluxo da vida cotidiana, sem adentrar em questões especificas que pudessem desviar do curso normal dos eventos diários, e não se concentrar em questões especificas da cena. “De agora em diante, contexto e inter-relações seriam qualidades essenciais de qualquer explicação antropológica.” Funcionalismo – Todas as práticas e instituições sociais tinham uma função dentro desse grupo, e ajustavam no todo operante, ajudando a mantê-lo, e o objetivo ultimo do sistema eram os indivíduos, e não a manutenção da sociedade. As instituições existiam para as pessoas, e não o contrário, e suas necessidades – também biológicas – constituem o motor da estabilidade e da mudança (individualismo metodológico). Esse método estava colocado diametralmente oposto ao estrutural- funcionalismo. Para Malinowski, o indivíduo era o fundamento da sociedade. Para os segundos, o indivíduo era um resultado da sociedade e não era o objeto para ser estudado – o que interessava eram os elementos da estrutura social.
A “ciência natural da sociedade” de Radcliffe-Brown – Iniciado na medicina,
a troca pela antropologia por incentivos de seus professores. Com um trabalho inicialmente difusionista, ele logo muda sua visão teórica a partir da leitura de Durkheim, fazendo uma analise sociologia desse pensador a materiais etnográficos. Sua vida acadêmica, diferente de seus antecessores, foi marcada por uma mudança de local diversa, possibilitando a criação de uma vasta rede internacional antropológica. Após a partida de Malinowski pro EUA, ele assume a liderança na antropologia britânica. Então é possível enxergar dois momentos distintos na teoria britânica entre as duas grandes guerras: um período era dominado por uma etnografia detalhada (Malinowski) e outra voltada para uma análise estrutural durkheimiana (Radcliffe-Brown). Radcliff-Brown, como Durkheim, enxergava o individuo como um resultado da sociedade em que participava. Ele procurava leis e princípios estruturais abstratos e mecanismos de integração que regiam tal sociedade. Essa sociedade se mantém coesa por forças da estrutura de regras jurídicas, estatutos sociais e normas morais que regulam o comportamento. Essas estruturas existem independentes dos atores que a reproduzem. Então o objetivo do antropólogo é enxergar por debaixo da realidade tocada pelos indivíduos quais as regras que regem as estruturas. Essas estruturas sociais podem ser esmiuçadas ainda mais em instituições discretas ou subsistemas, como a de distribuição e transmissão de terra, solução de conflitos, socialização, divisão do trabalho na família. Todos eles contribuem para a manutenção da estrutura social como um todo. Logo essa é a causa e a função da existência desses sistemas. Para compreender a organização social, ele parte para a analise do parentesco. O parentesco para o pesquisador era um sistema “jurídico” com normas e regras próprias de interação social, direitos e deveres, o próprio motor (ou coração para seguir as analogias funcionalistas) da entidade autossustentável e integrada, ainda que abstrata, que era a estrutura social. A partir dessa analise que então começaram aos estudos de outras instituições como a política, economia, religião. Essas instituições funcionavam como uma estrutura que criava grupos nessas sociedades. A questão central do entendimento não partia de como os nativos pensavam e enxergavam sobre as significações do que participavam, mas como sua sociedade era integrada e as forças que a mantinham coesa como um todo. Critico dos evolucionistas e da sua teoria da história dos povos. Pra ele a forma em que se encontravam no presente eram funcionais no próprio tempo, e não apenas sobreviventes de épocas passadas.