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CONCURSO PÚBLICO PARA

PROFESSOR DO ENSINO BÁSICO,


TÉCNICO E TECNOLÓGICO -
EDITAL Nº 728/2018

ÁREA DE ATUAÇÃO: LETRAS: PORTUGUÊS


PROVA OBJETIVA

ORIENTAÇÕES

• A Prova Objetiva possui 40 (quarenta) • Durante o período de realização das provas,


questões, que deverão ser respondidas no não será permitida qualquer espécie de con-
período máximo de quatro horas. sulta ou comunicação entre os candidatos ou
entre estes e pessoas estranhas, oralmente ou
• O tempo de duração das provas abrange a por escrito, assim como não será permitido o
assinatura da Folha de Respostas e a transcri- uso de livros, códigos, manuais, impressos,
ção das respostas do Caderno de Questões da anotações ou quaisquer outros meios.
Prova Objetiva para a Folha de Respostas.
• Durante o período de realização das pro-
• Não será permitido ao candidato ausentar- vas, não será permitido também o uso de
-se em definitivo da sala de provas antes de óculos escuros, boné, chapéu, gorro ou simi-
decorrida 1 (uma) hora do início das provas. lares, sendo o candidato comunicado a res-
peito e solicitada a retirada do objeto.
• O candidato não poderá levar o seu Cader-
no de Questões da Prova Objetiva. • Findo o horário limite para a realização
das provas, o candidato deverá entregar as
folhas de resposta da prova, devidamente
• Os três últimos candidatos deverão perma-
preenchidas e assinadas, ao Fiscal de Sala.
necer na sala até que todos os demais tenham
terminado a prova. Apenas podendo retirar-
-se, concomitantemente, após a assinatura • O candidato não poderá amassar, molhar,
do relatório de aplicação de provas. dobrar, rasgar ou, de qualquer modo, dani-
ficar sua Folha de Respostas, sob pena de
arcar com os prejuízos advindos da impos-
• Depois de identificado e instalado, o can-
sibilidade de sua correção. Não haverá subs-
didato somente poderá deixar a sala median-
tituição da Folha de Respostas por erro do
te consentimento prévio, acompanhado de
candidato.
um fiscal, ou sob a fiscalização da equipe de
aplicação de provas.
• Ao transferir as respostas para a Folha de
Respostas, use apenas caneta esferográfica
• Será proibido, durante a realização das
preta; preencha toda a área reservada à letra
provas, fazer uso ou portar, mesmo que
correspondente à resposta solicitada em cada
desligados, telefone celular, relógios, pa-
questão (conforme exemplo a seguir); assina-
gers, beep, agenda eletrônica, calculadora,
le somente uma alternativa em cada questão.
walkman, tablets, notebook, palmtop, grava-
Sua resposta NÃO será computada se houver
dor, transmissor/receptor de mensagens de
marcação de mais de uma alternativa, ques-
qualquer tipo ou qualquer outro equipamen-
tões não assinaladas ou questões rasuradas.
to eletrônico. A organização deste Concurso
Público não se responsabilizará pela guarda
destes e de outros equipamentos trazidos pe- A B C D
los candidatos. 01
LEGISLAÇÕES E condições, a nomeação de Carla para o cargo de
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS Diretora Geral do câmpus Itapetinga:
(A) Cumpre todos os requisitos estabelecidos na
lei nº 11.892/2008, podendo Carla ser nomea-
1 Joana, servidora de carreira técnico-adminis- da por ato do Reitor.
trativa do Câmpus São Roque, recentemente foi (B) Não cumpre o período mínimo de três anos em
nomeada para o cargo de Professora do Ensino Bá- cargo de gestão na Instituição, razão pela qual
sico, Técnico e Tecnológico do Câmpus Barretos, Carla não poderá ser nomeada para o cargo.
onde já se encontra em exercício do novo cargo. (C) Não poderá ser nomeada para o cargo de Dire-
Seu marido, Carlos, é servidor efetivo do Câm- tora Geral do Câmpus, por ter ocupado cargo
pus São Roque. Carlos deseja trabalhar no mesmo de gestão no último ano.
Câmpus que sua esposa. Para isso, considerando o (D) Deverá ser referendada pelo Conselho Supe-
que dispõe a lei nº 8.112/90, ele pode: rior do IFSP, podendo este negar-se a realizar
(A) Ser removido a pedido, independente do inte- a nomeação.
resse da administração, para acompanhamento
de cônjuge.
(B) Solicitar licença para acompanhamento de côn-
juge, com exercício provisório no câmpus Bar- 4 Com base na lei nº 11.892/2008, escolha a al-
retos, em virtude da nomeação de sua esposa. ternativa que preencha corretamente as lacunas da
(C) Ser removido a pedido, a critério da Admi- afirmação abaixo:
nistração. No desenvolvimento da sua ação acadêmica, o Ins-
(D) Solicitar transferência de seu cargo do câmpus tituto Federal, em cada exercício, deverá garantir o
São Roque para o câmpus Barretos. mínimo de ______ de suas vagas para a educação
profissional técnica de nível médio, prioritaria-
mente na forma de cursos integrados, para os con-
2 De acordo com a seção IV – Da Posse e do cluintes do ensino fundamental e para o público da
Exercício, do Capítulo I do Regime Jurídico Úni- educação de jovens e adultos e o mínimo de 20%
co – Lei nº 8112/90, assinale a alternativa correta: de suas vagas para cursos de____________.
(A) A posse ocorrerá no prazo máximo de trinta dias (A) 20% (vinte por cento) / bacharelado e enge-
contados da publicação do ato de nomeação. nharia, visando à formação de profissionais
(B) Caso a posse não ocorra no prazo previsto na para os diferentes setores da economia e áreas
lei nº 8.112/90, o servidor será exonerado do do conhecimento.
cargo. (B) 50% (cinquenta por cento) / bacharelado e en-
(C) É de trinta dias o prazo para o servidor em- genharia, visando à formação de profissionais
possado em cargo público entrar em exercício, para os diferentes setores da economia e áreas
contados da data da posse. do conhecimento.
(D) Ao entrar em exercício, o servidor nomeado (C) 30% (trinta por cento) / licenciatura, bem como
para cargo de provimento efetivo ficará sujeito programas especiais de formação pedagógica,
a estágio probatório pelo total período de 12 com vistas na formação de professores para a
(doze) meses, durante o qual a sua aptidão e educação básica, sobretudo nas áreas de ciências
capacidade serão objeto de avaliação para o e matemática, e para a educação profissional.
desempenho do cargo. (D) 50% (cinquenta por cento) / licenciatura, bem
como programas especiais de formação peda-
gógica, com vistas na formação de professores
3 Após processo de consulta à comunidade do para a educação básica, sobretudo nas áreas de
IFSP, a servidora Carla foi quem obteve o maior ciências e matemática, e para a educação pro-
índice de votos dentre todos os candidatos para o fissional.
cargo de Diretor Geral do Campus Itapetininga.
Carla possui título de doutora e é Professora do
Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do quadro 5 Considere as seguintes assertivas a respeito da
permanente do IFSP há cinco anos, tendo exercido Educação Profissional e Tecnológica, nos termos
cargo de gestão de Diretora Educacional do Câm- da Lei nº 11.741/2008, que alterou dispositivos da
pus Itapetininga nos últimos dois anos. Nessas Lei nº 9.394/96:

2 Área de atuação: LETRAS: PORTUGUÊS - Edital nº 728/2018


I – Os cursos de educação profissional tecnológi- teio de operações de crédito destinadas a aten-
ca de graduação e pós-graduação estão adstritos às der ao disposto nos incisos do artigo 70 da lei
diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo nº 9394/1996.
Conselho Nacional de Educação. (D) remuneração e aperfeiçoamento do pessoal
II – A Educação Profissional e Tecnológica con- docente e demais profissionais da educação;
templa a educação profissional técnica de nível programas suplementares de alimentação, as-
médio, contudo, fica dispensada de observar as sistência médico-odontológica, farmacêutica
diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo e psicológica, e outras formas de assistência
Conselho Nacional de Educação. social; uso e manutenção de bens e serviços
III – A educação de jovens e adultos deverá arti- vinculados ao ensino.
cular-se, obrigatoriamente, com a educação pro-
fissional.
IV – As instituições de educação profissional e 7 Em 2018, a fiscalização do Tribunal de Contas
tecnológica oferecerão cursos especiais, abertos à da União, com apoio dos responsáveis pelo contro-
comunidade, condicionando a matrícula necessa- le interno, constatou irregularidades na aplicação da
riamente ao nível de escolaridade do candidato. receita resultante de impostos no âmbito da União
e de diversos Municípios, gerando prejuízos à ma-
Está correto o que se afirmar em: nutenção e desenvolvimento do ensino. Nos termos
(A) I e II, apenas. da Constituição Federal, a União e os Municípios
(B) II e IV, apenas. deverão aplicar, para esse fim, respectivamente,
(C) I, apenas. (A) no mínimo, 18% (dezoito por cento) e 25%
(D) I e III, apenas. (vinte e cinco por cento), anualmente, da re-
ceita resultante de impostos, compreendida a
proveniente de transferências.
6 Na Lei de Diretrizes da Educação Nacional (B) no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) e
(nº 9394/1996), encontramos nos artigos 70 e 71 as 18% (dezoito por cento), anualmente, da re-
especificações sobre as despesas para a manuten- ceita resultante de impostos, compreendida a
ção e desenvolvimento do ensino e à consecução proveniente de transferências.
dos objetivos básicos das instituições educacionais (C) no mínimo, 18% (dezoito por cento) e 25%
de todos os níveis. São apresentadas, respectiva- (vinte e cinco por cento), anualmente, da re-
mente, o que são as despesas com manutenção e ceita resultante de impostos, não compreendi-
desenvolvimento do ensino e o que não o são. da a proveniente de transferências.
Sobre as despesas apresentadas nos artigos supra- (D) no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) e
citados assinale a alternativa que contemple de 18% (dezoito por cento), anualmente, da re-
forma correta as despesas com manutenção e de- ceita resultante de impostos, não compreen-
senvolvimento do ensino: dida a proveniente de transferências, e desde
(A) remuneração e aperfeiçoamento do pessoal que não seja destinada a escolas comunitárias,
docente e demais profissionais da educação; confessionais e filantrópicas.
concessão de bolsas de estudo a alunos de es-
colas públicas e privadas; obras de infraestru-
tura realizadas para beneficiar direta ou indire- 8 No Capítulo IV do Estatuto da Criança e do
tamente a rede escolar. Adolescente – ECA -, lei 8069/1990, denominado
(B) aquisição, manutenção, construção e conser- “Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e
vação de instalações e equipamentos necessá- ao Lazer” são apresentados os direitos e também
rios ao ensino; formação de quadros especiais os deveres do Estado e da família para com a edu-
para a administração pública, sejam militares cação, cultura, esporte e lazer. Em relação à edu-
ou civis, inclusive diplomáticos; aquisição cação, o ECA apresenta que toda criança e ado-
de material didático-escolar e manutenção de lescente têm direito à educação, visando ao pleno
programas de transporte escolar. desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o
(C) remuneração e aperfeiçoamento do pessoal exercício da cidadania e qualificação para o tra-
docente e demais profissionais da educação; balho. Para que isso seja alcançado o Estado tem
concessão de bolsas de estudo a alunos de es- o dever de oferecer a educação pública e gratuita
colas públicas e privadas; amortização e cus- próxima à residência dos sujeitos.

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Sobre os deveres do Estado, apresentados no artigo o educando uma relação educador-educando
54, assinale a alternativa que contemple de forma no qual o conhecimento advém daquele que já
correta os deveres para a oferta da educação escolar: percorreu uma trajetória acadêmica, isto é, o
(A) ensino fundamental, obrigatório e gratuito, in- educador. Cabe ao educador instigar a curiosi-
clusive para os que a ele não tiveram acesso na dade crítica para que o educando seja capaz de
idade própria; acesso aos níveis mais elevados superar a realidade imediata.
do ensino, da pesquisa e da criação artística, (D) Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa
segundo a capacidade de cada um. e foi aprendendo socialmente que, historica-
(B) atendimento em creche e pré-escola às crian- mente, mulheres e homens descobriram que
ças de dois a seis anos de idade; progressiva era possível ensinar. Não há ensino sem pes-
extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao quisa e pesquisa sem ensino. Enquanto ensino
ensino médio. continuo buscando, reprocurando. Ensino por-
(C) atendimento educacional especializado aos que busco, porque indaguei, porque indago e
portadores de deficiência, preferencialmente me indago. Pesquiso para constatar, constatan-
na rede regular de ensino; oferta de ensino no- do, intervenho, intervindo, educo e me educo.
turno regular, para os maiores de dezoito anos
que comprovarem vínculo empregatício.
(D) ensino fundamental, obrigatório e gratuito, pre- 10 No livro Documentos de Identidade: uma
ferencialmente para crianças e adolescentes de introdução às teorias do currículo, Tomaz Tadeu
seis a quatorze anos; progressiva extensão da da Silva, argumenta que um currículo crítico ins-
obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio. pirado nas teorias sociais que questionam a cons-
trução social da raça e da etnia também evitariam
tratar a questão do racismo de uma forma simplis-
9 A obra de Paulo Freire “Pedagogia da Auto- ta. Para o autor, o racismo não poderia ser tratado
nomia” está dividida em três capítulos: “Não há simplesmente como uma questão de preconceito
docência sem discência”; “Ensinar não é transfe- individual, pois isso geraria uma pedagogia e um
rir conhecimento” e “Ensinar é uma especificida- currículo centrados numa simples “terapêutica” de
de humana”. Com isso o autor apresenta, analisa atitudes individuais consideradas erradas.
e discute uma série de características, conceitos e Considerando tais argumentações, uma unidade
fundamentos sobre o ato de ensinar. educacional que estivesse diante de uma situação de
Assinale a alternativa que contemple de forma cor- racismo praticada entre estudantes, estaria alinhada
reta alguns dos pressupostos desta obra sobre o ato corretamente com os pensamentos do teórico, se:
de ensinar: (A) Realizasse uma investigação da situação,
(A) Uma das tarefas primordiais dos educadores é ouvindo a todos os envolvidos, tendo como
trabalhar com os educandos a rigorosidade me- exclusivo resultado a aplicação das sanções
tódica com que devem se “aproximar” dos ob- previstas no regimento escolar aos estudan-
jetos cognoscíveis, isto é, a preocupação central tes agressores, pois a punição, tomada como
da práxis pedagógica é a transmissão e assimi- exemplo, poderia inibir a prática de atos racis-
lação de conteúdos para os sujeitos das classes tas por outros estudantes.
populares. Afinal, esses sujeitos somente po- (B) Procurasse não dar visibilidade à situação,
derão superar a ingenuidade e ignorância por empreendendo esforços para que somente os
meio da apropriação dos conteúdos técnicos. envolvidos a conhecessem, pois se a atitude
(B) Ensinar exige criticidade e pesquisa. Assim, racista dos estudantes se tornasse pública, po-
para aproximar o mundo do conhecimento das deria inspirar outros estudantes a terem atitu-
classes trabalhadoras é preciso abandonar e ne- des semelhantes.
gar o senso comum de modo a superar a visão (C) Investigasse a situação e como proposta de re-
ingênua para construir, por meio da ciência, a solução para o conflito, solicitasse aos agres-
visão crítica, capaz de questionar as relações so- sores que se desculpassem junto à vítima,
ciais. comprometendo-se a não terem mais atitudes
(C) É possível e desejável que os estudantes das semelhantes, sensibilizando-os sobre os danos
classes trabalhadoras se tornem leitores crí- do racismo para quem o sofre.
ticos da realidade, a partir dos ensinamentos (D) Propusesse, juntamente a outras medidas ins-
dos professores. O educador estabelece com titucionais, uma ampla discussão sobre as

4 Área de atuação: LETRAS: PORTUGUÊS - Edital nº 728/2018


causas institucionais, históricas e discursivas entre educação e política e evidenciando que “toda
do racismo, procurando identificar o quê no prática educativa, como tal, possui uma dimensão
currículo e nas práticas pedagógicas poderia política assim como toda prática política possui,
minimizar ações desta natureza. em si mesma, uma dimensão educativa.”
Assinale a alternativa que apresenta corretamente
a definição sobre a dimensão política da educação
11 Sobre o conceito de capital social desen- presente na obra referida acima:
volvido pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu (A) A dimensão política da educação apresenta
(1930-2002), é possível afirmar que: uma existência histórica e pode ser compreen-
(A) A noção de capital social impôs-se, primeira- dida para além das manifestações sociais de-
mente, como uma hipótese dispensável para terminadas.
dar conta da desigualdade de desempenho es- (B) A dimensão política da educação consiste em
colar de crianças provenientes das diferentes que, dirigindo-se aos não-antagônicos a edu-
classes sociais. cação os fortalece (ou enfraquece) por referên-
(B) O capital social é o conjunto de recursos atuais cias aos antagônicos e desse modo potenciali-
ou potenciais que estão ligados à posse de uma za (ou despotencializa) a sua prática política.
rede durável de relações mais ou menos insti- (C) A dimensão política da educação consiste em
tucionalizadas de “interconhecimento” e “in- envolver a articulação entre antagônicos vi-
ter-reconhecimento”. sando a derrota dos não-antagônicos.
(C) A noção de capital social impôs-se como, en- (D) A dimensão política da educação consiste no
tre os diferentes meios de designar o funda- enfraquecimento dos não-antagônicos em bus-
mento de efeitos sociais, um determinante que ca da apropriação dos instrumentos culturais.
não considera o capital econômico e cultural
dos diferentes grupos.
(D) O volume do capital social que um agente in- 14 No livro “Escola e Democracia”, Saviani
dividual possui independe da extensão da rede (2018) destaca que a importância política da Edu-
de relações que ele pode efetivamente mobi- cação reside na sua função de socialização do co-
lizar e do volume do capital (econômico, cul- nhecimento. Nesse aspecto, elabora onze teses so-
tural ou simbólico) que é posse exclusiva de bre Educação e Política. Assinale a alternativa que
cada um daqueles a quem está ligado. corresponde a uma dessas teses:
(A) Nem toda prática educativa contém uma di-
mensão política.
12 Freire (2011, p.49) aponta que “o clima do (B) A especificidade da prática educativa se define
pensar certo não tem nada a ver com o das fórmu- pelo caráter de uma relação que se trava entre
las pré-estabelecidas, mas seria a negação do pen- contrários antagônicos.
sar certo se pretendêssemos forjá-lo na atmosfera (C) As sociedades de classe se caracterizam pelo
da licenciosidade ou do espontaneísmo”. primado da política, o que determina a insubor-
Assinale a alternativa que apresenta corretamen- dinação real da educação à prática educativa.
te a relação entre “pensar certo” e “método” para (D) Toda prática educativa contém inevitavelmen-
Freire (2011): te uma dimensão política.
(A) Não há pensar certo sem considerar o materia-
lismo histórico-dialético.
(B) O método escolhido pelo sujeito determina 15 Ao caracterizar a relação entre educação e
seu pensar certo. sociedade para as teorias não-críticas, Saviani
(C) Sem rigorosidade metodológica não há pensar (2018, p. 4) afirma que concebem “a educação
certo. com uma ampla margem de autonomia em face
(D) O pensar certo é possível a partir do método da sociedade”, cabendo-lhe “um papel decisivo na
que lhe confere veracidade. conformação da sociedade evitando sua desagre-
gação e, mais do que isso, garantindo a construção
de uma sociedade igualitária”.
13 Demerval Saviani descreve onze teses sobre Assinale a alternativa que apresenta corretamente
educação e política em sua obra Escola e Demo- as pedagogias que Saviani (2018) define como teo-
cracia, mostrando como se configuram as relações rias não-críticas.

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(A) Pedagogia Nova e Teoria da Escola como sentimentos e reações a respeito desse tema,
Aparelho Ideológico de Estado (AIE). com expressões valorativas que amiúde res-
(B) Pedagogia Tradicional, Pedagogia Tecnicista e saltam sua própria posição.
Teoria da Escola Dualista. (B) não há marcas relevantes de apagamento da
(C) Pedagogia Tradicional, Pedagogia Nova e Pe- subjetividade, visto que a autora assume cla-
dagogia Tecnicista. ramente sua atitude em relação ao tema, ainda
(D) Pedagogia Tecnicista e Teoria da Escola como que faça uso de alguns poucos recursos de ate-
Aparelho Ideológico de Estado (AIE). nuação da expressão do “eu”.
(C) não há marcas de atitude pessoal frente ao
tema abordado, haja vista que o texto está in-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS teiramente construído por torneios impessoais,
recursos esses responsáveis pelo apagamento
da presença do destinador.
16 ROCK COM BANANA (D) o juízo da autora é frequentemente expresso
Nem que seja apenas por uma questão crono- por mecanismos de apagamento do “eu”, mas
lógica: já é tarde demais para se ficar discutindo a percebe-se que há certa atitude pessoal frente
validade ou não da informação rock na música bra- ao tema em razão de algumas marcas enuncia-
sileira. Há quase 20 anos pelo menos ela transita de tivas precisas presentes no texto.
maneira constante, misturada e confusa por diversos
setores da juventude urbana do Brasil. O mínimo
que se poderia fazer, agora, seria tentar entender o 17 Said Ali (2001), ao estudar os verbos, pro-
fenômeno: que trajeto segue o dado X, informação blematiza não só a nomenclatura, mas também o
musical de procedência estrangeira, até ser incorpo- uso de seus modos. O autor observa que, se, por
rado ao arsenal de recursos da criação brasileira? Já um lado, o modo conjuntivo ocorre em orações
se fez isso com a polka (ou polca) e schottisch (ou subordinadas, por outro, ele também está presente
xote) – que, como todos sabem, deram no choro, em orações principais. Constata, ainda, que a sim-
no maxixe e, em certa medida, no samba. Já se fez ples caracterização desse modo como oposição à
também com o jazz (que deu na bossa-nova, se em realidade e a certeza do fato enunciado pelo indi-
mais nada). Mas o rock é muito recente. Ou será cativo não são suficientes para definir o emprego
muito espinhoso, muito constrangedor? do conjuntivo. Diante desses e de outros dados que
Não há nenhum levantamento sistemático da ainda tornam mais complexo o problema, Said Ali
trajetória do rock por terras brasileiras. Então, é propõe examinar diversos fatos linguísticos, a fim
preciso usar os elementos disponíveis: no caso, de estabelecer, entre outros elementos, as regras de
discos. Vinte anos depois, cada disco que se pro- uso do modo verbal conjuntivo.
duz hoje no Brasil contendo algo de rock serve, no
mínimo, como base para pesquisas e meditações. Qual das opções tem correspondência adequada às
Para quem quer entender, é claro! regras apresentadas por Said Ali para o uso ou não
(BAHIANA, Ana Maria. Nada será como antes: do modo conjuntivo?
MPB anos 70 – 30 anos depois. (A) Sendo questão meramente subjetiva a decisão
Rio de Janeiro: Senac Rio, 2006).
de avivar ou desprezar a dúvida sobre algum
fato, não é muito de estranhar que se proceda à
Segundo Vanoye (2003), há mensagens em que expressão do pensamento apenas servindo-se
não se percebe a presença do destinador, porque do modo conjuntivo.
elas são produto de um processo de construção (B) Orações que denotam fatos em contradição
que busca a neutralização intencional do “eu”. Há, com a expectativa não devem ser usadas com
porém, mensagens em que o destinador manifesta o verbo no modo conjuntivo, sobretudo se ser-
claramente suas opiniões ou reações relativamente virem de complementos a verbos e a dizeres
ao conteúdo de que trata; e ainda há aquelas em denotadores de espanto ou surpresa.
que a expressão pessoal intervém de maneira dis- (C) Considerando que uma oração existencial te-
simulada. Isso considerado, com relação ao texto nha por sujeito o pronome “quem”, ou que ao
Rock com banana, podemos afirmar que: verbo “haver” siga o pronome “quem” como
(A) a autora constrói o seu juízo sobre o rock na sujeito da oração subordinada, usar-se-á, nesta
música brasileira, por meio da explicitação de última, o verbo no modo conjuntivo.

6 Área de atuação: LETRAS: PORTUGUÊS - Edital nº 728/2018


(D) Orações explícitas que sirvam de complemen- de rebanhos e o sujeito que o interpela, pela
tos a verbos, substantivos e adjetivos denota- diferença de nível de linguagem.
dores de prazer, desgosto, pesar etc., são usa- (B) ao sentimentalismo transcendental associado
das, via de regra, com o verbo no indicativo, ao vento pelo sujeito que interpela o guarda-
exceto algumas poucas exceções em que apa- dor de rebanhos.
rece o modo conjuntivo. (C) ao farisaísmo do guardador de rebanhos, que
procura impor uma visão de mundo que não se
sustenta em suas ações.
18 «Olá, guardador de rebanhos, (D) à discordância dos dois sujeitos em relação ao
Aí à beira da estrada, sentido oculto da passagem do vento, admiti-
Que te diz o vento que passa?» do por ambos.
 
«Que é vento, e que passa,
E que já passou antes, 19 Em síntese: existe uma linguagem verbal,
E que passará depois. linguagem de sons que veiculam conceitos e que
E a ti o que te diz?» se articulam no aparelho fonador, sons estes que,
  no Ocidente, receberam uma tradução visual alfa-
«Muita coisa mais do que isso, bética (linguagem escrita), mas existe simultanea-
Fala-me de muitas outras coisas. mente uma enorme variedade de outras linguagens
De memórias e de saudades que também se constituem em sistemas sociais e
E de coisas que nunca foram.» históricos de representação do mundo. Portanto,
  quando dizemos linguagem, queremos nos referir
«Nunca ouviste passar o vento. a uma gama incrivelmente intrincada de formas
O vento só fala do vento. sociais de comunicação e de significação.
O que lhe ouviste foi mentira, (SANTAELLA, L. O que é semiótica. São Paulo:
E a mentira está em ti.» Brasiliense, 1993. Coleção Primeiros Passos.)
(PESSOA, F. O eu profundo e
outros eus: antologia poética. No trecho citado, a semioticista Lucia Santaella
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980). procura mostrar que o conceito de linguagem
abrange outros elementos além daqueles
“Com efeito, os heterônimos são, pode dizer-se, pertinentes à linguagem verbal. Para a autora,
uma invenção nova na história da poesia europeia, a definição do objeto de estudo da Semiótica
embora no desenvolvimento de uma tendência an- enquanto ciência articula-se com essa concepção
tiga. Podemos talvez compreendê-la supondo que de linguagem porque:
cada heterônimo corresponde a um ciclo de atitu- (A) reconhece a existência de outras linguagens,
des como que experimentais. O heterônimo Alber- mas volta-se para o estudo dos signos, que são
to Caeiro reage em verso prosaicamente livre con- exclusivos da linguagem verbal.
tra o transcendentalismo saudosista, mostrando (B) restringe seu escopo de investigação a outras
que ’o único sentido oculto das coisas / é elas não linguagens, deixando o estudo da linguagem
terem sentido oculto nenhum‘, e contra o farisaís- verbal para a linguística.
mo, então concorrentemente jacobino e devoto, da (C) tem como objeto de estudo as linguagens ver-
poesia compassiva sentimental”. bais que recebem uma tradução visual em ou-
(SARAIVA, A. J.; LOPES, Ó. História da literatura tras linguagens.
portuguesa. 26. ed. Porto: Porto Editora, 1996).
(D) tem como objeto de investigação todas as lin-
guagens possíveis.
O poema de Fernando Pessoa, excerto de O guar-
dador de rebanhos, vincula-se ao heterônimo Al-
berto Caeiro e estrutura-se em forma de diálogo
entre dois sujeitos com percepções distintas sobre
20 A coesão e a coerência constituem dois fa-
tores importantes da textualidade. Quanto ao pri-
o vento. Considerando o trecho citado de Saraiva meiro, Fávero expõe várias propostas de classifi-
e Lopes em História da literatura portuguesa, a cação no que diz respeito às relações que podem
oposição entre as vozes que realizam o diálogo no ser estabelecidas formalmente num texto. De sua
texto de Pessoa-Caeiro relaciona-se: parte, a autora propõe uma reclassificação baseada
(A) à incapacidade de diálogo entre o guardador

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na função que os mecanismos exercem na constru- nética das rimas do poema é um comentário
ção do texto. sobre o próprio código utilizado.
(D) emotiva, pois a alusão às repetições da rima
Que opção se refere à proposta de Fávero (1997) está associada aos sentimentos íntimos do
quanto à reclassificação teórica dos elementos da poeta.
coesão?
(A) Há cinco categorias de procedimento coesivo:
referência (pessoal, demonstrativa e compara- 22 No poemeto “I-Juca Pirama”, a crítica unâ-
tiva), substituição (nominal e verbal), elipse, nime tem admirado a ductibilidade dos ritmos que
conjunção e léxico (reiteração, colocação). vão recortando os vários momentos da narração.
(B) Há três grupos de fatores coesivos: a coesão Amplo e distendido nos cenários (...). Ondeante nos
gramatical (frásica, interfrásica, temporal e episódios em que se movem grupos humanos (...).
referencial, que engloba a referência, a substi- Martelado nas tiradas de coragem, até o emprego do
tuição e a elipse), a lexical (reiteração e subs- anepesto nas apóstrofes célebres da maldição.
tituição) e a sequencial (temporal, conjunção). (BOSI, A. História concisa da literatura brasileira.
(C) Há três tipos de fatores de coesão: a referen- 35. ed. São Paulo: Cultrix, 1994).
cial (substituição e reiteração), a recorrencial
(recorrência de termos, paralelismo, paráfrase, Trecho 1
recursos fonológicos segmentais e supra-seg- Tu choraste em presença da morte?
mentais) e a sequencial stricto sensu (tempo- Na presença de estranhos choraste?
ral, por conexão). Não descende o cobarde do forte;
(D) Há quatro grupos de fatores de conexão: re- Pois choraste, meu filho não és!
petidores (recorrência, paralelismo, definitivi- Possas tu, descendente maldito
zação), substituidores (paráfrase, pro-formas, De uma tribo de nobres guerreiros,
pronominalização e elipse), sequenciadores Implorando cruéis forasteiros,
(tempo, aspecto, disjunção, conjunção, con- Seres presa de via Aimorés.
trajunção, subordinação, tema-rema) e modu-
ladores (entoação e modalidades). Trecho 2
Não vil, não ignavo,
Mas forte, mas bravo,
Serei vosso escravo:
21 Não se enojem teus ouvidos Aqui virei ter.
De tantas rimas em a, Guerreiros, não coro
Mas ouve meus juramentos, Do pranto que choro:
Meus cantos, ouve, sinhá! Se a vida deploro,
Te peço pelos mistérios Também sei morrer.
Da flor do maracujá! (...)
(VARELA, F. A flor do maracujá. (DIAS, G. Gonçalves Dias: poesias e prosa
In: Cantos e fantasias e outros cantos. completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008).
São Paulo: Martins Fontes, 2003).
Alfredo Bosi, em sua leitura do poema indianista
O excerto do poema de Fagundes Varela utiliza-se I-Juca Pirama, ressalta as qualidades rítmicas dos
de recurso de linguagem, especificamente no se- versos de Gonçalves Dias. Considerando os tre-
gundo verso, que se relaciona, do ponto de vista da chos extraídos do poema, podemos afirmar, com
classificação de Jakobson para as funções da lin- base nas observações de Bosi, que:
guagem, à função: (A) O trecho 1 e o trecho 2 apresentam o ritmo
(A) referencial, pois o comentário sobre a rima martelado.
tem como objetivo acrescentar informação (B) O trecho 1 apresenta o ritmo amplo e distendi-
linguística a respeito da estrutura do poema. do; e o trecho 2 apresenta o ritmo martelado.
(B) fática, pois a alusão às constantes repetições (C) O trecho 1 apresenta o ritmo amplo e disten-
da rima serve para testar a atenção do leitor em dido; e o trecho 2 apresenta o ritmo ondeante.
relação ao andamento do poema. (D) O trecho 1 e o trecho 2 apresentam o ritmo
(C) metalinguística, pois o comentário sobre a fo- ondeante.

8 Área de atuação: LETRAS: PORTUGUÊS - Edital nº 728/2018


23

ESTUDO confirma preferência feminina pelo rosa. Folha de S. Paulo. São Paulo, 20 ago. 2007. Disponível em:
https://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=17275&anchor=5224365&origem=busca&pd
=87424aa0b128fe133ed830ea6bfd8280. Acesso em: 20 nov. 2018.

“De acordo com as postulações de Adam (2008), Schneuwly & Dolz defendem que todo texto é formado
de sequências, esquemas linguísticos básicos que entram na constituição dos diversos gêneros e variam
menos em função das circunstâncias sociais. Cabe ao produtor escolher, dentre as sequências disponíveis
(...) a que lhe parecer mais adequada, tendo em vista os parâmetros da situação(...)”. (Koch & Elias, 2011).
Considerando que no texto “Estudo confirma preferência feminina pelo rosa”, a análise ou síntese de repre-
sentações conceituais ocorre numa ordenação lógica, que os tempos verbais são os do mundo comentado
e que os conectores, predominantemente, são os do tipo lógico, podemos, seguindo Koch & Elias, afirmar
que a sequência predominante é a:
(A) sequência narrativa.
(B) sequência injuntiva.
(C) sequência descritiva.
(D) sequência expositiva.

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo 9


24 “(Fabiano) - Sinhá Vitória desejava possuir 25 Ainda sei da fala e sei da lavra
uma cama igual a de seu Tomás da bolandeira. e sei das pedras nas palavras áspedras.
Doidice. Não dizia nada para não contrariá-la, E sei que o leito da linguagem leixa
mas sabia que era doidice. Cambembes podiam ter pedregulhos na letra.
luxo? E estavam ali de passagem. Qualquer dia o É como o logro
patrão os botaria fora, e eles ganhariam o mundo, da poeira na louça ou como o lixo
sem rumo, nem teriam meio de conduzir os caca- nos baldios do livro.
recos. Viviam de trouxa arrumada, dormiriam bem Ainda sei da língua e sei da linha
debaixo de um pau. Olhou a caatinga amarela, que do luxo e suas luvas, amaciando
o poente avermelhava. Se a seca chegasse, não fi- os calos e os dedais.
caria planta verde. Arrepiou-se. Chegaria natural- E sei da fala
mente. Sempre tinha sido assim, desde que ele se E do ato de lavrá-la na falavra.
entendera. E antes de entender, antes de nascer, su- (TELES, Gilberto Mendonça. Poemas reunidos. 2. ed.
cedera o mesmo – anos bons misturados com anos Rio de Janeiro: José Olympio, 1979).
ruins. A desgraça estava em caminho, talvez an-
dasse perto. Nem valia a pena trabalhar. Ele mar- Ao estudar a estilística morfológica, Martins
chando para casa, trepando a ladeira, espalhando (2000) defende que os aspectos morfológicos da
seixos com as alpercatas – ela se avizinhando a língua são importantes para a linguagem expressi-
galope com vontade de matá-lo”. (RAMOS, Gra- va. Segundo ela, a ideia de que vocábulos que não
ciliano. Vidas Secas. 1980). se incorporam na língua não têm interesse estilís-
tico é bem discutível, já que, por um lado, não se
“(Sinhá Vitória) - Pensou de novo na cama de pode antever o seu destino e, por outro lado, eles
varas e mentalmente xingou Fabiano. Dormiam evidenciam as potencialidades dos processos de
naquilo, tinham-se acostumado, mas seria mais renovação do léxico e dos elementos formadores
agradável dormirem numa cama de lastro de cou- (lexemas e morfemas).
ro, como outras pessoas. Fazia mais de um ano que Entre os diversos processos estudados por Martins,
falava nisso ao marido. Fabiano a princípio con- essenciais aos recursos expressivos estilístico-lexi-
cordara com ela, mastigara cálculos, tudo errado. cais, o poeta Gilberto Mendonça Teles serviu-se da:
Tanto para o couro, tanto para a armação. Bem. Po- (A) amálgama.
deriam adquirir o móvel necessário economizando (B) derivação regressiva.
na roupa e no querosene. Sinhá Vitória respondera (C) derivação parassintética.
que isso era impossível, porque eles vestiam mal, (D) desmontagem de palavras.
as crianças andavam nuas, e recolhiam-se todos ao
anoitecer. Para bem dizer, não se acendiam can-
deeiros na casa”. (RAMOS, Graciliano. Vidas Se- 26 Marcuschi assume que, de acordo com as di-
cas. São Paulo: Record, 1980). ferentes posições existentes, pode-se ver a língua:
i) como forma ou estrutura – um sistema de regras
Leite (2001) apresenta a tipologia do narrador que defende a autonomia do sistema diante das
formulada por Norman Friedman (1967), que pro- condições de produção;
pôs um conjunto de categorias ao mesmo tempo ii) como instrumento – transmissor de informa-
mais sistemático e mais completo para responder ções, sistema de codificação;
às questões: Quem narra? De que posição ou ân- iii) como atividade cognitiva – ato de criação e ex-
gulo em relação à história o narrador conta? Que pressão do pensamento típica da espécie humana;
canais de informação o narrador usa para comuni- iv) como atividade sociointerativa situada – a pers-
car a história? A que distância ele coloca o leitor pectiva sociointeracionista relaciona os aspectos
da história? históricos e discursivos.
(adaptado de: MARCUSCHI, L. A. Produção textual,
análise de gêneros e compreensão. São Paulo:
Com base nesses autores, podemos associar o nar- Cortez, 2008).
rador dos excertos de Vida Secas à categoria
(A) da onisciência seletiva. Considerando as diferentes correntes apresenta-
(B) do autor onisciente intruso. das por Marcuschi, assinale aquela que representa
(C) do narrador onisciente neutro. a concepção de língua como atividade sociointe-
(D) da onisciência seletiva múltipla. rativa:

10 Área de atuação: LETRAS: PORTUGUÊS - Edital nº 728/2018


(A) A língua é vista como um meio, um mecanis- escritos) concretos e únicos, proferidos pelos inte-
mo de manuseio para canalizar informações. grantes desse ou daquele campo da atividade hu-
Desconsidera aspectos cognitivos e sociais mana. (...) Cada campo de utilização da língua ela-
que envolvem o uso linguístico. bora seus (...) enunciados, os quais denominamos
(B) Contempla a língua em seu aspecto sistemáti- gêneros do discurso”.
co, mas observa-a em seu funcionamento cog- (BAKHTIN, M.; VOLOSHINOV, V.N. Estética da
nitivo, contextual e discursivo, predominando criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003).
a ideia de que o sentido se produz situadamen-
te e que a língua é um fenômeno encorpado e Assinale a opção que corresponda ao pensamen-
não abstrato e autônomo. to bakhtiniano no que se refere aos gêneros do
(C) A língua é vista como uma entidade abstrata, discurso.
estudada em suas propriedades estruturais au- (A) A extrema heterogeneidade dos gêneros dis-
tônomas. É tomada como código ou sistema cursivos e a dificuldade de definir a natureza
de signos e sua análise desenvolve-se na ima- geral do enunciado não devem ser minimiza-
nência do objeto. das. Portanto, é de especial importância aten-
(D) A língua é vista como atividade cognitiva ou tar para a diferença essencial, baseada no ca-
um sistema de representação, com foco nos ráter funcional, entre os gêneros discursivos
fenômenos mentais e nas representações con- primários e secundários.
ceituais. (B) As mudanças históricas dos estilos de lingua-
gem nem sempre estão necessariamente li-
gadas às mudanças dos gêneros do discurso.
27 “Se, para tentar e intimidar, o destinador ofe- Por isso, para entender a complexa e dinâmica
rece valores que ele acredita desejados ou temidos história desses sistemas, é arbitrária qualquer
pelo destinatário, para seduzir e provocar, o desti- elaboração de uma história dos gêneros dis-
nador apresenta imagens positivas ou negativas do cursivos que tenha essa finalidade.
destinatário, de sua competência. Nesses casos, para (C) Os gêneros discursivos existem e são empre-
manter ou para evitar a imagem que o outro faz dele, gados de acordo com as condições específicas
o destinatário realizará o que lhe é proposto (...)”. de um dado campo. Uma determinada função
(BARROS, D. L. P. Estudos do discurso. e condições precisas de comunicação discur-
In: FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à linguística II: siva, próprias de cada campo, geram determi-
princípios de análise. 4. ed. 2a reimpressão. nados tipos estáveis de enunciados estilísticos,
São Paulo: Contexto, 2008). temáticos e composicionais.
(D) As formas de gênero, nas quais moldamos o
A partir do trecho citado e considerando a noção nosso discurso, diferem substancialmente das
de manipulação no âmbito dos estudos de semió- formas da língua no sentido da sua estabilidade
tica, indique a frase em que a estratégia utilizada e da sua coerção (normatividade) para o falan-
é a sedução. te. Em linhas gerais, elas são bem mais flexí-
(A) “Eu posso oferecer a você a beleza do meu veis, plásticas e livres que as formas da língua,
corpo”. diferenciadas pela situação comunicativa.
(B) “Se não houver resposta imediata, vou cortar
seu salário”.
(C) “Tenho certeza de que você, que tem um ótimo 29 “(...) a marcha do romance moderno (do sé-
coração, vai colaborar com esta campanha”. culo XVIII ao começo do século XX) foi no rumo
(D) “Compre este carro e ganhe uma televisão de de uma complicação crescente da psicologia das
presente”. personagens, dentro da inevitável simplificação
técnica imposta pela necessidade de caracteriza-
ção. Ao fazer isto, nada mais fez do que desen-
28 “Todos os diversos campos da atividade volver e explorar uma tendência constante do ro-
humana estão ligados ao uso da linguagem. Com- mance de todos os tempos, acentuada no período
preende-se perfeitamente que o caráter e as formas mencionado, isto é, tratar as personagens de dois
desse uso sejam tão multiformes quanto os campos modos principais: 1) como seres íntegros e facil-
da atividade humana, o que, é claro, não contradiz mente delimitáveis, marcados duma vez por todas
a unidade nacional de uma língua. O emprego da com certos traços que os caracterizam; 2) como
língua efetua-se em forma de enunciados (orais e

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo 11


seres complicados, que não se esgotam nos traços Os versos citados, do poeta árcade Tomás Antonio
característicos, mas têm certos poços profundos, Gonzaga, apresentam, como recurso de intensifi-
de onde pode jorrar a cada instante o desconhecido cação, um enunciado performativo, que pode ser
e o mistério”. identificado no trecho:
(CANDIDO, A. A personagem do romance. In: (A) “Ah! minha Bela, se a Fortuna volta”, que an-
CANDIDO, A. et al. A personagem de ficção. São tecipa a sanção do destino em relação ao per-
Paulo: Perspectiva, 1987.)
curso performativo do sujeito lírico.
(B) “Romper a nuvem que os meus olhos cerra”,
“Um deles, de alto porte, conhecia-se imediata- em que o sujeito lírico propõe o desenvolvi-
mente que era um fidalgo pela altivez do gesto e mento de sua performance.
pelo trajo de cavalheiro. (C) “Te juro renascer um homem novo”, em que o
Vestia um gibão de velado preto com alamares de enunciado realiza a própria ação que nomeia.
seda cor de café no peito e nas aberturas das man- (D) “Se o bem, que já perdi, alcanço, e provo”, em
gas; os calções do mesmo estofo, e também pretos, que há performatividade nos verbos de ação
caíam sobre as botas longas de couro branco com “alcançar” e “provar”.
esporas de ouro.
(...)
Este fidalgo era D. Antônio de Mariz que, apesar
de seus sessenta anos, mostrava um vigor devido
talvez à vida ativa; trazia ainda o porte direito, e
31 “Algum tempo hesitei se devia abrir estas
memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se
tinha o passo firme e seguro como se estivesse na poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a
força da idade”. minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar
(ALENCAR, J. O Guarani. 17 ed. São Paulo:
Melhoramentos, 1972.) pelo nascimento, duas considerações me levaram
a adotar diferente método: a primeira é que eu não
O excerto do romance O Guarani, de José de sou propriamente um autor defunto, mas um de-
Alencar, ilustra a forma como a personagem D. funto autor, para quem a campa foi outro berço; a
Antônio de Mariz é descrita na obra. O estilo do segunda é que o escrito ficaria assim mais galante
autor para compor a personagem, considerando as e mais novo. Moisés, que também contou a sua
duas tendências de tratamento das personagens, de morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferen-
Antonio Candido, no trecho citado, indica: ça radical entre este livro e o Pentateuco”.
(ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas /
(A) A segunda tendência, visto que a descrição psi- Dom Casmurro. São Paulo: Editora Nova Cultural,
cológica do fidalgo acentua suas contradições 1995).
interiores e suas ambiguidades de pensamento.
(B) A primeira tendência, visto que a descrição fí- “O que julgamos inverossímil, segundo padrões da
sica e psicológica do fidalgo constitui um con- vida corrente, é, na verdade, incoerente, em face
junto coeso e solidário de traços característicos. da estrutura do livro. Se nos capacitarmos disso —
(C) A primeira e a segunda tendências, visto que há graças à análise literária — veremos que, embora
descrição física e psicológica da personagem. o vínculo com a vida, o desejo de representar o
(D) A primeira e a segunda tendências, visto que real, seja a chave mestra da eficácia dum romance,
as características físicas apontadas são com- a condição do seu pleno funcionamento, e portanto
plexas e dificilmente delimitáveis. do funcionamento das personagens, depende dum
critério estético de organização interna. Se esta
funciona, aceitaremos inclusive o que é inverossí-
mil em face das concepções correntes”.
30 Ah! minha bela, se a fortuna volta, (CANDIDO, A. A personagem do romance. In:
se o bem, que já perdi, alcanço e provo; CANDIDO, A. et al. A personagem de ficção. São
por essas brancas mãos, por essas faces Paulo: Perspectiva, 1987).
te juro renascer um homem novo;
romper a nuvem que os meus olhos cerra, No excerto de abertura da obra de Machado de As-
amar no céu a Jove, e a ti na terra! sis, Memórias póstumas de Brás Cubas, o nar-
(GONZAGA, T. A. Lira XV. In: Tomás Antonio rador apresenta-se como um defunto autor. Consi-
Gonzaga (Literatura Comentada). derando-se as observações de Antonio Candido, o
São Paulo: Abril Educação, 1980). procedimento literário de Machado:

12 Área de atuação: LETRAS: PORTUGUÊS - Edital nº 728/2018


(A) constitui-se em exemplo de situação inveros- drade modernistas. Daí o interesse obliquamente
símil (a escrita depois da morte) admitida pelo estético da “literatura” de informação.
leitor em função da lógica interna de organiza- (BOSI, A. História concisa da literatura brasileira.
ção da obra. 35. ed. São Paulo: Cultrix, 1994).
(B) constitui-se em quebra do vínculo de coerên-
cia da obra em relação à realidade externa, in- No trecho acima, extraído de História Concisa
validando sua perspectiva crítica da sociedade da Literatura Brasileira, Alfredo Bosi coloca
brasileira. entre aspas o termo literatura quando o aplica na
(C) constitui-se em artifício narrativo inverossí- expressão literatura de informação. A que textos
mil, validado apenas pela referência ao texto Bosi se refere e por que razão coloca em dúvida
bíblico, que funciona como argumento de au- seu estatuto literário?
toridade. (A) Bosi se refere aos textos épicos árcades, como
(D) constitui-se em escolha narrativa do autor que Caramuru, de Santa Rita Durão, e O Uraguai,
compromete a organização interna do roman- de Basílio da Gama, que não possuem qualida-
ce por indicar a falta de desejo de representar des literárias notáveis, mas funcionam como
a realidade. descrições amplas do território nacional.
(B) Bosi se refere aos textos indianistas de Gon-
çalves Dias, que recuperam o indianismo bra-
32 “Ler, escrever e refletir sobre a língua. Essas sileiro e trazem dados fidedignos sobre a vida
três tarefas – que no fundo são uma só: desenvol- nas aldeias.
ver o letramento – constituem toda a missão da es- (C) Bosi faz referência aos textos das academias
cola no que diz respeito à educação em língua ma- barrocas que circulavam nas vilas e cidades nas-
terna. Não há tempo a perder com outras práticas centes durante o século XVII no Brasil, e que
que já se comprovaram absolutamente irrelevantes traduziam a vida cotidiana dessas localidades.
e inúteis para se cumprir essa missão” (D) Bosi faz referência ao conjunto de textos pro-
(BAGNO, M. Gramática pedagógica do português duzidos no século XVI por viajantes e explo-
brasileiro. São Paulo: Parábola, 2013.) radores que se destinavam a divulgar infor-
mações sobre o ainda inexplorado território
De acordo com o excerto acima, há práticas peda- brasileiro, sem maiores pretensões estéticas.
gógicas que se mostraram ineficazes para a edu-
cação em língua materna, ou seja, que não levam
a desenvolver a leitura, escrita e reflexão sobre a 34 POEMA BRASILEIRO
língua. Assinale a alternativa que apresenta ativi- No Piauí de cada 100 crianças que nascem
dades dessa natureza. 78 morrem antes de completar 8 anos de idade
(A) Leitura de gêneros textuais diversos, com foco
nas diversas funções sociais possíveis. No Piauí
(B) Produção de textos tendo como referência tex- de cada 100 crianças que nascem
tos de circulação em jornais e revistas. 78 morrem antes de completar 8 anos de idade
(C) Análise sintática de termos de uma oração, no-
meando seus elementos constituintes, identifi- No Piauí
cando categorias gramaticais. de cada 100 crianças
(D) Identificação de categorias gramaticais, levan- que nascem
do-se em consideração os efeitos discursivos 78 morrem
que elas produzem. antes
de completar
8 anos de idade
33 Em mais de um momento a inteligência bra-
sileira, reagindo contra certos processos agudos antes de completar 8 anos de idade
de europeização, procurou nas raízes da terra e do antes de completar 8 anos de idade
nativo imagens para se afirmar em face do estran- antes de completar 8 anos de idade
geiro: então, os cronistas voltaram a ser lidos, e até antes de completar 8 anos de idade
glosados, tanto por um Alencar romântico e sau- (GULLAR, F. Toda poesia. 11. ed. Rio de Janeiro:
dosista como por um Mário ou um Oswald de An- José Olympio, 2001.)

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo 13


A especificidade da linguagem literária, aquilo que inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
a distinguia de outras formas de discurso, era o fato têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
de ela “deformar” a linguagem comum de várias [...] 
maneiras. Sob a pressão dos artifícios literários, a
linguagem comum era intensificada, condensada, Artigo XII
torcida, reduzida, ampliada, invertida. Era uma Decreta-se que nada será obrigado
linguagem que se “tornara estranha”, e, graças a nem proibido,
este estranhamento, todo o mundo cotidiano trans- tudo será permitido,
formava-se, subitamente, em algo não familiar. inclusive brincar com os rinocerontes
(EAGLETON, T. Teoria da literatura: uma e caminhar pelas tardes
introdução. Tradução Waltensir Dutra. 6. ed. São com uma imensa begônia na lapela.
Paulo: Martins Fontes, 2006.)
Parágrafo único:
O Poema brasileiro, de Ferreira Gullar, estrutura- Só uma coisa fica proibida:
-se a partir de repetições espacialmente modifica- amar sem amor.
das de uma mesma frase, de caráter referencial. O
trecho de Terry Eagleton citado faz referência às Thiago de Mello
concepções formalistas de literatura e reflete sobre Santiago do Chile, abril de 1964
o caráter específico da linguagem literária. Con- (Mello, Thiago de. Estatuto do homem. Disponível:
siderando a estruturação do poema de Gullar e as http://www.blocosonline.com.br/literatura/ poesia/
contribuições de Eagleton, podemos afirmar que: p01/p011101.htm. Acesso: dez. 2018)
(A) O Poema brasileiro não é literário, pois não
há articulação poética das palavras em forma Para a mescla de gêneros, Marcuschi (2008) dá o
de rimas, aliterações e outros recursos de es- nome de intergenericidade. O texto acima é um
tranhamento. exemplo de hibridismo genérico, tendo em vista
(B) Ao realizar repetições da mesma frase, de- que um gênero assume características de outro,
compondo-a e recompondo-a espacialmente, promovendo efeitos de sentido. De acordo com o
o Poema brasileiro atomiza elementos frási- autor, o que impera na determinação interpretativa
cos e produz novas significações e possibilida- do gênero em casos como esse é:
des de leitura, desautomatizando-a. (A) o aspecto estilístico
(C) Os recursos de estranhamento utilizados no (B) a característica funcional.
poema são a repetição constante, que remete (C) a construção composicional.
à monotonia e mediocridade da situação, e o (D) o desenvolvimento argumentativo.
encadeamento de estrofes com números dife-
rentes de versos.
(D) O estranhamento, que dá o caráter propria- 36 “Certa ocasião, perguntaram a Sérgio Buar-
mente literário ao poema, é atingido por meio que de Holanda se o Chico Buarque era filho dele
da força aflitiva da notícia que o constitui. e ele respondeu: – Não, o Chico não é meu filho,
eu é que sou pai dele. [...]”. De acordo com Fiorin
(2008), neste exemplo, podemos observar que o
35 ESTATUTO DO HOMEM conhecimento do sistema da língua nem sempre é
(Ato Institucional Permanente) suficiente para a compreensão de certos fatos lin-
  guísticos, principalmente os utilizados em situa-
                                          A Carlos Heitor Cony ções concretas de fala.
(FIORIN, J. L. Introdução à Linguística II: princípios
Artigo I de análise. 4ª ed. São Paulo: Contexto, 2008).
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida, Com efeito, note-se que, do estrito ponto de vista
e de mãos dadas, dos valores semânticos das palavras pai e filho, a
marcharemos todos pela vida verdadeira. resposta de Sérgio Buarque de Holanda é um ab-
  surdo, pois, se ele é pai do Chico Buarque, este
Artigo II é seu filho. No entanto, na situação específica, o
Fica decretado que todos os dias da semana, que Sérgio Buarque pretendia dizer é que, como
o Chico era muito mais famoso do que ele, não

14 Área de atuação: LETRAS: PORTUGUÊS - Edital nº 728/2018


era apropriado apresentar o Chico, dizendo que ele (A) “Bugada”.
era filho do Sérgio, mas que o mais adequado seria (B) “Tiltado”.
dizer que o Sérgio era pai do Chico. (C) “Flopado”.
  (D) “Balada”.
Sob a perspectiva dos valores semânticos das pa-
lavras “pai” e “filho” e compreendendo a situação
específica de fala, uma análise semântica para o
exemplo dado por Fiorin (2008) deverá considerar, 39 “A enunciação é o ato de produzir enuncia-
em uma interface teórico-conceitual, os pressupos- dos, que são realizações linguísticas concretas.
tos de ordem: Certos enunciados não têm por finalidade a desig-
(A) lexical, pragmática e discursiva. nação de um objeto ou um evento do mundo, mas
(B) gramatical, pragmática e argumentativa. referem-se a si mesmos, ou seja, não têm uma fun-
(C) argumentativa, histórica e gramatical. ção referencial, mas auto-referencial.”
(D) histórica, lexical e discursiva (FIORIN, J. L. (org.). Introdução à linguística II.
Princípios de análise. 4. ed. São Paulo:
Contexto, 2008).
37 Conforme Fiorin (2010), a Pragmática “deve Baseando-se na obra citada, é possível dizer que
explicar como os falantes são capazes de entender
há certos fatos linguísticos que só são entendidos
não literalmente uma dada expressão, como po-
em função do ato de enunciar. Assinale a alternati-
dem compreender mais do que as expressões sig-
nificam e por que um falante prefere dizer alguma va que apresenta palavras dessa natureza.
(A) Dêiticos – elementos linguísticos que indicam
coisa de maneira indireta e não de maneira dire-
o modo como algo é realizado e pronomes in-
ta”. O autor analisa os seguintes exemplos: “(a) O
terrogativos.
tempo está feio, mas estou com vontade de dar um
Ex: Os alunos ouviam atentamente as instru-
passeio. (b) O tempo está feio, mas a chuva vai
ções da professora de português.
encher as represas. (c) O tempo está feio, mas um
(B) Enunciados performativos – realizam a ação
raio de sol bate na minha mesa. (d) Mas o que você
que eles nomeiam, ou seja, a enunciação não é
está fazendo?”
(FIORIN, J. L. Introdução à linguística I. Objetos parte integrante da significação.
teóricos. 6. ed. revista e atualizada. São Paulo: Ex: Professor, muitos alunos ainda estão fora
Contexto, 2010). da sala de aula.
(C) Algumas negações – aquelas que não incidem
Considerando o texto-base e os exemplos, qual sobre a proposição negada, mas sobre sua as-
dos teóricos abaixo fundamenta a exemplificação sertividade.
dada por Fiorin? Ex: Não gosto de poesias.
(A) John L. Austin. (D) Advérbios de Enunciação: advérbios que não
(B) John R. Searle. modificam o verbo, mas qualificam o próprio
(C) Paul Grice. ato de dizer.
(D) Oswald Ducrot Ex: Francamente, não gostei nem um pouco do
modo como você tratou seu colega de classe.

38 Conforme Preti (1994), as variações extra-


linguísticas podem se manifestar sob a perspectiva
geográfica, sociológica e contextual. Consideran- 40 A língua não é regida por normas fixas e
do tais perspectivas, Preti explicita que as varia- imutáveis, muito pelo contrário: assim como a so-
ções regionais precisam ser observadas com certo ciedade é totalmente mutável, a língua pode trans-
cuidado para que não sejam confundidas com as formar-se por causa de vários fatores.
provenientes da idade, sexo, profissão, nível de es- (PRETI, Dino. Sociolinguística: os níveis da fala. 7.
tudos, classe social. ed. São Paulo: EDUSP, 1994)
(PRETI, D. Sociolinguística: os níveis da fala. 7ª ed.
São Paulo: EDUSP, 1994). Baseando-se nos trechos sublinhados em Kalu
(Texto I) e Roda de Chimarrão (Texto II), assinale
Assinale a alternativa que traz a conjugação de va- a alternativa que apresenta o tipo de variação lin-
riação geográfica e contextual. guística presente nos textos.

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo 15


TEXTO I
Kalu
(Humberto Teixeira)

Kalu, Kalu
Tira o verde desses óios di riba d'eu
Kalu, Kalu
Não me tente se você já me esqueceu
Kalu, Kalu
Esse oiá despois do que se assucedeu
Cum franqueza só n'um tendo coração
Fazê tal judiação
Você tá mangando d'eu
Com franqueza só não tendo coração
Fazê tal judiação
Você tá mangando d'eu
(Disponível em: https://www.ouvirmusica.com.br/
humberto-teixeira/665495/. Acesso em: nov. 2018.)

TEXTO II
Roda de Chimarrão
(Kleiton e Kledir)

Esquentei a água no fogareiro do Boitatá


Tô cevando o mate com erva boa da barbaquá
E vamos charlando e contando causos que já lá vão
(...)
Vem aquecer a goela e de inhapa a alma e o coração
Dizem que não presta mijar cruzado pois dá azar
Se grudou os cachorros só água fria pra separar
Diz que palma benta pra trovoada é o melhor que há
E se assoviar o minuano é certo que vai clarear
(Disponível em: https://www.letras.mus.br/kleiton-e-
kledir/924317/. Acesso em: nov. 2018)

(A) Variação Diafásica.


(B) Variação Histórica.
(C) Variação Diatópica.
(D) Variação Diastrática.

16 Área de atuação: LETRAS: PORTUGUÊS - Edital nº 728/2018


CONCURSO PÚBLICO PARA
PROFESSOR DO ENSINO BÁSICO,
TÉCNICO E TECNOLÓGICO -
EDITAL Nº 728/2018

GABARITO DO CANDIDATO - RASCUNHO


Nome: Assinatura do Candidato: Inscrição:

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