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Núcleo de Educação a Distância
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.
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Prezado(a) Pós-Graduando(a),
Um abraço,
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PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!..
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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.
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Esta unidade analisará os principais aspectos atinentes ao pro-
cesso e ao procedimento na seara penal. Especificamente, foram enfo-
cados os aspectos gerais do processo e do procedimento partindo de
sua necessária distinção, dos instrumentos hábeis a romper a inércia
da jurisdição e o necessário respeito ao devido processo legal enquanto
supraprincípio que reclama a necessária observância aos procedimen-
tos fixados em lei. No âmago da técnica, percorremos as disposições
legais e posições doutrinárias atinentes ao procedimento comum ordi-
nário, sumário e sumaríssimo e aos procedimentos especiais a fim de
demonstrar os pontos de aproximação e distanciamento entre os mais
diversos procedimentos penais. O estudo é salutar para a compreensão
lógica dos procedimentos nos âmbitos abstrato e prático.
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
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Apresentação do Módulo _______________________________________ 11
CAPÍTULO 01
NOTAS INICIAIS SOBRE O PROCESSO E O PROCEDIMENTO
Recapitulando _________________________________________________ 31
CAPÍTULO 02
PROCEDIMENTO COMUM
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CAPÍTULO 03
PROCEDIMENTO ESPECIAL
Recapitulando _________________________________________________ 84
Referências ___________________________________________________ 91
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
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O estudo do processo e do procedimento é essencial para a com-
preensão global e adequada às diversas nuances do direito processual
penal. O direito penal versa sobre o comportamento e a pena, enquanto
o processo penal visa à efetivação do direito penal, pois entre o crime e a
pena há um procedimento, isto é, a pena deve ser aplicada por meio de um
processo. Assim, o processo penal é o meio constitucionalmente adequado
para a efetivação do direito penal.
Diante da ocorrência de um crime, o Estado, enquanto detentor
do monopólio do direito de punir, deverá aplicar uma pena previamente
prevista na legislação penal. Para tanto, deve-se seguir um procedimento
que consagre, entre outros princípios e garantias, o necessário contraditó-
rio, a ampla defesa, a publicidade, a imparcialidade.
Nesse sentido, o processo penal é um conjunto de atos concate-
nados e lógicos que cuidam desde a ocorrência do crime à aplicação da
pena. Os princípios e garantias são as bases na qual o processo penal se
sustenta, tendo como principal fonte a Constituição Federal. Os princípios
são valores que norteiam a criação, a interpretação e a aplicação da nor-
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
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NOTAS INICIAIS SOBRE O
PROCESSO & O
PRECEDIMENTO
DIFERENÇA ENTRE PROCESSO E PROCEDIMENTO
Inicialmente é preciso diferenciar processo de procedimento,
PROMINAS
vida pelo Juiz com o concurso dos demais sujeitos processuais - partes
e auxiliares da Justiça - visando a solução do litígio” e “conjunto de
PROCEDIMENTO- -GRUPO
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responsabilidade dos funcionários públicos, os crimes contra a honra,
os crimes contra a propriedade imaterial e os crimes na lei de drogas
(Lei 11.343/2006).
Segundo a lição de Norberto Avena, se, por um lado, a finalida-
de do processo é possibilitar ao Estado a satisfação do jus puniendi e,
por outro, a realização desse direito de punir está condicionada à obser-
vância de garantias que permitam ao imputado opor-se à pretensão pu-
nitiva estatal, conclui-se que, para alcançar validamente seu desiderato
e atingir o fim a que se destina, o processo deverá ter desenvolvimento
regular, o que compreende2:
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autor do crime. [ADI 3.096, rel. min. Carmen Lúcia, j. 16-6-2010, P, DJE
de 3-9-2010].
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penal privada.
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Assim, o oferecimento de denúncia, a promoção do arquivamento ou
a requisição de diligências externas ao Ministério Público, posterior ao
decurso do prazo legal para a propositura da ação penal, não afastam o
direito de queixa. Nem mesmo a ciência da vítima ou da família quanto
a tais diligências afasta esse direito, por não representar concordância
com a falta de iniciativa da ação penal pública. [ARE 859.251 RG, rel.
min. Gilmar Mendes, j. 16-4-2015, P, DJE de 21-5-2015, repercussão
geral, Tema 811.]
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dimento. Inspira e torna realizável a proporcionalidade e razoabilidade que
deve prevalecer na vigência e harmonização de todos os princípios do direito
processual de nosso tempo5.
O devido processo legal substancial deve ser entendido como uma garantia
do trinômio ‘vida-liberdade-propriedade’. Através da qual se assegura que
a sociedade só seja submetida a leis razoáveis, as quais devem atender
aos anseios da sociedade, demonstrando assim sua finalidade social. Tal
garantia substancial do devido processo legal pode ser considerada como o
próprio princípio da razoabilidade das leis7.
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NULIDADES
O não respeito ao procedimento estabelecido em lei para de-
terminada persecução penal pode acarretar na nulidade do ato, conta-
minando, inclusive, os atos dele derivado.
O artigo 563 do Código de Processo Penal, entretanto, afirma
que: “Nesse sentido, se o ato atinge sua finalidade sem causar prejuízo
às partes, não deverá ser declarada sua nulidade por mera irregula-
ridade formal. Essa é expresso do princípio da instrumentalidade das
formas”.
o disposto no Art. 167;
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente,
e de curador ao menor de 21 anos;
d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele
intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime
de ação pública;
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando pre-
sente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa;
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol
de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri;
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri,
quando a lei não permitir o julgamento à revelia;
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos
termos estabelecidos pela lei;
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i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri;
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua
incomunicabilidade;
k) os quesitos e as respectivas respostas;
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;
m) a sentença;
n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de senten-
ças e despachos de que caiba recurso;
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal
para o julgamento;
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parte contrária interesse (art. 565, CPP). Além disso, não será declara-
da a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão da causa (art. 566, CPP).
Sobre o nemo auditur propriam turpitudinem allegans, interes-
sante trazer à luz deste ensaio a jurisprudência abaixo, do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal, que embora trate de direito processual civil,
é pertinente ao entendimento do tema:
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recurso especial. 2. Não há manifesta ilegalidade a ser reconhecida. A rela-
ção processual é pautada pelo princípio da boa-fé objetiva, da qual deriva
o subprincípio da vedação do venire contra factum proprium (proibição de
comportamentos contraditórios). Na espécie, depreende-se que, em sede de
apelação, a defesa pleiteou a nulidade, tendo em vista a ausência de propos-
ta pelo Parquet de suspensão condicional do processo, aduzindo que o Juízo
de primeiro grau não se manifestou. Todavia, verifica-se que o Ministério Pú-
blico, em alegações finais, asseverou que não ofertaria o sursis processual,
em razão da conduta social do paciente e das circunstâncias do crime. A
Defesa, na mesma ocasião, não se opôs. Proferida a sentença, a Defesa não
manejou embargos declaratórios. Ademais, é de ver que a pena do paciente
é superior a 1 (um) ano de reclusão, bem como é idônea a justificativa apre-
sentada pelo Parquet para não propor a suspensão condicional do processo.
3. A dosimetria é uma operação lógica, formalmente estruturada, de acordo
com o princípio da individualização da pena. Tal procedimento envolve pro-
fundo exame das condicionantes fáticas, sendo, em regra, vedado revê-lo
em sede de habeas corpus (STF: HC 97677/PR, 1.ª Turma, rel. Min. Cár-
men Lúcia, 29.9.2009 - Informativo 561, 7 de outubro de 2009. Na espécie,
constitui fundamentação adequada para o acréscimo da pena-base, em 1/6
(um sexto), considerar como negativas as circunstâncias e consequências do
crime (praticado contra uma irmã, com consequências graves para o patri-
mônio dela, o que autoriza a fixação da pena pouco acima do mínimo legal).
Todavia, notabiliza-se que não há como persistir o acréscimo com relação ao
antecedentes, uma vez que feitos em cursos não podem ser utilizados para
elevar a pena-base (Súmula 444 do STJ), sendo imprescindível o decote do
incremento sancionatório. 4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedi-
da, de ofício, a fim de reduzir a pena do paciente para 1 (um) ano, 1 (mês) e
15 (quinze) dias de reclusão, mais 11 (onze) dias-multa, mantidos os demais
termos do acórdão. (STJ - HC: 223432 RJ 2011/0259891-2, Relator: Ministra
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 29/08/2013, T6
- SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 12/09/2013)
No que tange a incompetência, reza o artigo 567 do Código de
Processo Penal que a incompetência do juízo anula somente os atos
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
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dependam ou sejam consequência, devendo o juiz que pronunciar a
nulidade declarará os atos a que ela se estende.
A lei denominada Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019) trouxe
a inclusão do inciso V ao art. 564 do Código de Processo Penal para
consignar expressamente a existência de nulidade quando se tratar de
decisão carente de fundamentação.
Denoto ainda que o art. 315 trata da necessidade de funda-
mentação das decisões. Como já disse, a própria Constituição, em seu
art. 93, IX, exige que todas as decisões do Poder Judiciário sejam fun-
damentadas. Essa exigência existe para que as decisões possam ser
controladas, de forma a ser avaliado o fundamento que embasa a de-
cisão judicial. Além disso, a fundamentação é essencial para permitir a
ampla defesa, já que o prejudicado pela decisão deve saber exatamen-
te os motivos que levaram o Juiz a proferir a decisão, a fim de que possa
atacá-la em seu recurso.
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por escrito, as razões que o levaram a proceder à utilização das algemas. Do
contrário, haverá a responsabilização tanto do agente que efetuou a prisão
(criminal, cível e disciplinar) quanto do Estado, bem como a decretação de
nulidade da prisão e/ou dos atos processuais referentes à constrição ilegal da
liberdade ambulatorial do indivíduo. Ocorre que, in casu, a autoridade recla-
mada (Juízo da 2ª Vara Criminal da Comarca de Americana/SP) apresentou
extensa fundamentação ao indeferir o pedido de relaxamento da prisão. Daí
por que se mostra infundada a pretensão dos reclamantes. [Rcl 12.511 MC,
rel. min. Luiz Fux, dec. monocrática, j. 16-10-2012, DJE 204 de 18-10-2012.]
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Há, é verdade, diligências que devem ser sigilosas, sob risco de comprome-
timento do seu bom sucesso. Mas, se o sigilo é aí necessário à apuração e
à atividade instrutória, a formalização documental de seu resultado já não
pode ser subtraída ao indiciado nem ao defensor, porque, é óbvio, cessou a
causa mesma do sigilo. (...) Os atos de instrução, enquanto documentação
dos elementos retóricos colhidos na investigação, esses devem estar aces-
síveis ao indiciado e ao defensor, à luz da Constituição da República, que
garante à classe dos acusados, na qual não deixam de situar-se o indiciado
e o investigado mesmo, o direito de defesa. O sigilo aqui, atingindo a defesa,
frustra-lhe, por conseguinte, o exercício. (...) 5. Por outro lado, o instrumento
disponível para assegurar a intimidade dos investigados (...) não figura título
jurídico para limitar a defesa nem a publicidade, enquanto direitos do acusa-
do. E invocar a intimidade dos demais investigados, para impedir o acesso
aos autos, importa restrição ao direito de cada um dos envolvidos, pela razão
manifesta de que os impede a todos de conhecer o que, documentalmente,
lhes seja contrário. Por isso, a autoridade que investiga deve, mediante expe-
dientes adequados, aparelhar-se para permitir que a defesa de cada pacien-
te tenha acesso, pelo menos, ao que diga respeito a seu constituinte. [HC
88.190, voto do rel. min. Cezar Peluso, 2ª T, j. 29-8-2006, DJ de 6-10-2006.]
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ma unidade da Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.
Súmula 352 - Não é nulo o processo penal por falta de nomea-
ção de curador ao réu menor que teve a assistência de defensor dativo.
Súmula 361 - No processo penal, é nulo o exame realizado por
um só perito, considerando-se impedido o que tiver funcionado, ante-
riormente, na diligência de apreensão.
Súmula 366 - Não é nula a citação por edital que indica o dis-
positivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou
não resuma os fatos em que se baseia.
Súmula 431 - É nulo o julgamento de recurso criminal, na se-
gunda instância, sem prévia intimação, ou publicação da pauta, salvo
em habeas corpus
Súmula 523 - No processo penal, a falta da defesa constitui
nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova
de prejuízo para o réu.
Súmula 706 - É relativa a nulidade decorrente da inobservân-
cia da competência penal por prevenção.
Súmula 707 - Constitui nulidade a falta de intimação do denun-
ciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da
denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.
Súmula 708 - É nulo o julgamento da apelação se, após a
manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi
previamente intimado para constituir outro.
Súmula 712 - É nula a decisão que determina o desaforamen-
to de processo da competência do júri sem audiência da defesa.
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É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da
execução penal (súmula 700).
No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da
juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem (súmula
710).
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lei denominada Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019),houve novas e
importante considerações no Código de Processo Penal, senão veja-
mos:
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer ele-
mentos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público co-
municará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os
autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na
forma da lei.
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o
arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do
recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância
competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União,
Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá
ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação
judicial.
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confes-
sado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência
ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério
Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde 7 que ne-
cessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de
fazê-lo;
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Pú-
blico como instrumentos, produto ou proveito do crime;
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período corres-
pondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços,
em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decre-
to-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
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mento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou
suspensão condicional do processo; e
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em
favor do agressor.
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será
firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu
defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada
audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da
oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade.
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as
condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos
ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com
concordância do investigado e seu defensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz
devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução
perante o juízo de execução penal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos
requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o
§ 5º deste artigo.
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Públi-
co para a análise da necessidade de complementação das investigações ou
o oferecimento da denúncia.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução
penal e de seu descumprimento.
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não
persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins
de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado
também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o
eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo.
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins
previstos no inciso III do § 2º deste artigo.
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo
competente decretará a extinção de punibilidade.
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo
de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos
autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.
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SAIBA MAIS:
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2006 Banca: CESPE Órgão: DPE-DF Prova: Procurador - As-
sistência Judiciária - Segunda Categoria
De acordo com o direito processual penal e com o Código de Pro-
cesso Penal (CPP), julgue os itens que se seguem.
Além do princípio constitucional da ampla defesa, o CPP estabe-
lece que a deficiência de defesa é causa obrigatória de nulidade
absoluta, sendo presumido o prejuízo. Nesse sentido, tal é o enten-
dimento delineado pelo STF.
a) Certo
b) Errado
QUESTÃO 2
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: Câmara de Altinópolis - SP Pro-
va: Procurador Jurídico
Assinale a alternativa que traz uma hipótese de nulidade proces-
sual.
a) No erro de forma do processo quanto à prática de seus atos que não
possam ser aproveitados, se praticados os que forem necessários a fim
de se observarem as prescrições legais.
b) No caso de improcedência liminar da ação, a ausência de citação
anterior à sentença.
c) Intimações pela publicação dos atos no órgão oficial, quando não
realizadas por meio eletrônico.
d) Ausência de publicação em processo onde constem os nomes das
partes e de seus advogados, com o respectivo número de inscrição na
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade
de advogados.
e) Falta de intimação do réu revel referente aos atos processuais poste-
riores à decretação da revelia com a aplicação de seus efeitos.
QUESTÃO 3
Ano: 2011 Banca: CESPE Órgão: STM Prova: Analista Judiciário -
Execução de Mandados – Específicos
Decorrem do princípio do devido processo legal as garantias pro-
cedimentais não expressas, tais como as relativas à taxatividade
de ritos e à integralidade do procedimento.
a) Certo
b) Errado
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QUESTÃO 4
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: ALESE Prova: Analista Legislativo -
Processo Legislativo
Os princípios processuais da inércia da jurisdição, da isonomia e
da primazia do mérito significam, respectivamente, que o Judiciá-
rio
a) só age, como regra, quando provocado pelas partes; deve o juiz tra-
tar as partes com igualdade no processo; e deve, o juiz, priorizar a pres-
tação da jurisdição julgando o mérito da ação, sempre que for possível
suprindo e sanando irregularidades processuais.
b) age com menos eficiência do que deveria, mostrando-se inerte; o juiz
deve tratar as partes com igualdade; e o juiz deve julgar com prioridade
o mérito, sanando as irregularidades processuais sempre que possível.
c) só age quando provocado pelas partes; deve o juiz tratar as partes
com base na lei, observando o contraditório e a ampla defesa; e somen-
te quem tem mérito deve vencer o processo, não se permitindo privilé-
gios a ninguém por sua condição pessoal.
d) deve vencer sua inércia, visando a tornar-se mais eficiente, em prol
da sociedade; deve o juiz tratar as partes com igualdade; e o mérito do
pedido deve prevalecer, devendo o juiz suprir e sanar irregularidades
em qualquer ocasião.
e) só age, como regra, quando provocado pelas partes; o juiz deve ser
imparcial e observar o contraditório e a ampla defesa; e o pedido de
maior mérito deve ser julgado procedente pelo juiz.
QUESTÃO 5
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-BA Prova: Juiz de Direito
Substituto
Acerca de nulidades no processo penal, assinale a opção correta,
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TREINO INÉDITO
NA MÍDIA
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
“[...] Após julgar improcedentes as Reclamações (RCL) 30008 e 30245,
a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu habeas
corpus de ofício para suspender o início da execução das penas impos-
tas ao ex-assessor do Partido Progressista (PP) João Cláudio Genu e
ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu de Oliveira por condenações
confirmadas em segunda instância no âmbito da Operação Lava-Jato.
A decisão vale até que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) analise os
recursos das defesas dos condenados.
NA PRÁTICA
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PROCEDIMENTO
COMUM
Conforme dito alhures, o procedimento comum se subdivide
em ordinário, sumário e sumaríssimo. O artigo 394, §1º do Código de
Processo Penal bem dispõe que o procedimento será: (a) ordinário
quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou
superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (b) sumário,
quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja infe-
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PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
rior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade e (c) sumaríssimo,
para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei.
RITO ORDINÁRIO
O processamento do rito ordinário está estabelecido nos ar-
tigos 394 a 405 do Código de Processo Penal e está direcionado às
infrações penais cuja pena máxima prevista seja igual ou superior a 4
anos de pena privativa de liberdade.
O rito ordinário possui as seguintes fases:
35
Em suma, havendo o oferecimento da denúncia ou a queixa, o
juiz poderá recebê-la ou rejeitá-la. Havendo o recebimento da denúncia
ou da queixa-crime, deverá haver a citação do réu para apresentação
de sua resposta à acusação. Apresentada a defesa, o juiz deverá des-
pachar reconhecendo a hipótese de absolvição sumária ou afastando-a,
ocasião em que designará audiência de instrução, interrogatório e jul-
gamento, em 60 dias, cuja dinâmica contempla a oitiva da vítima, oitiva
das testemunhas de acusação e das testemunhas de defesa (8 teste-
munhas para cada um14), esclarecimentos do peritos, reconhecimento e
acareações e interrogatório do réu. Finalizada a instrução, não havendo
o requerimento de diligências, deverá as partes apresentar suas alega-
ções finais orais ou seus memoriais para, por fim, o magistrado proferir
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
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o juiz ordenará a citação do acusado para responder aos termos da
acusação.
Citação
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RESPOSTA À ACUSAÇÃO
15 Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o
juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa
excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do
agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV -
extinta a punibilidade do agente.
39
Ainda que o artigo 396-A do Código de Processo Penal expres-
se que a resposta à acusação é momento oportuno para o oferecimento
de documentos e justificações, é certo que, a teor do artigo art. 231 do
mesmo diploma legal, salvo os casos expressos em lei, as partes po-
derão apresentar documentos em qualquer fase do processo. Trata-se
da homenagem ao princípio da verdade real, tal regra visa à eficácia da
prova em detrimento do excesso de formalismo. Uma vez apresentado
o documento, deve ser garantido o contraditório à parte contrária.
Ressalta-se que documento é o objeto material em que se in-
sere uma expressão de cunho intelectual por meio de escritos, sinais
ou imagens. Nesse sentido, o art. 232 do Código de Processo Penal
bem dispõe que se consideram documentos quaisquer escritos, instru-
mentos ou papéis, públicos ou particulares. Além disso, à fotografia do
documento, devidamente autenticada, deve ser dado mesmo valor do
original.
Note-se, por oportuno, que as cartas particulares intercepta-
das ou obtidas por meios criminosos não serão admitidas em juízo, em
homenagem à vedação à utilização de provas ilícitas. Ademais, a inter-
ceptação de correspondência constitui crime contra a liberdade indivi-
dual (crime de violação de correspondência). Todavia, o destinatário da
correspondência poderá utilizá-la como defesa, ainda que sem o con-
sentimento do signatário.
Cumpre salientar que, não sendo caso de absolvição sumária,
por não estar presente qualquer das hipóteses do artigo 397 do Código
de Processo Penal, o advogado não deve na resposta à acusação tra-
tar-se do mérito da causa, isso porque nessa fase do processo é impos-
sível a absolvição arrimada no artigo 386 do Código de Processo Penal.
Nesse sentido, a resposta à acusação deve apenas promover o reque-
rimento de provas e juntar os documentos pertinentes, ocasião em que
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
40
De mais a mais, o manejo de alguma das exceções dispostas
no artigo 95 do Código de Processo Penal deve ser feito em petição
apartada no mesmo momento do oferecimento da resposta à acusação,
mas, em regra, não suspenderão o regular andamento da ação penal18.
Exceções
Conforme dito alhures, no mesmo prazo da apresentação da
resposta à acusação, poderá o réu opor as seguintes exceções: (a) sus-
peição; (b) incompetência de juízo; (c) litispendência; (d) ilegitimidade
de parte; (e) coisa julgada.
É certo que o juiz deverá espontaneamente afirmar suspeição
por escrito, declarando o motivo legal e remetendo de imediato o
processo ao seu substituto, intimadas as partes (art. 97, CPP).
Não o fazendo, a parte interessa deverá fazê-lo em petição
assinada por ela própria ou por procurador com poderes especiais, adu-
zindo as suas razões acompanhadas de prova documental ou do rol de
testemunhas (art. 98, CPP).
Frisa-se que a arguição de suspeição deverá ser analisada an-
tes de qualquer outra, salvo quando fundada em motivo superveniente
(art. 96, CPP). Apresentada a exceção de suspeição o juiz poderá reco-
nhecê-la ou não a aceitar.
Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a marcha do proces-
so, mandará juntar aos autos a petição do recusante com os documen-
tos que a instruam, e por despacho se declarará suspeito, ordenando
a remessa dos autos ao substituto (art. 99, CPP). Caso não aceite, to-
davia, o juiz mandará autuar em apartado a petição, dará sua resposta
dentro em três dias, podendo instruí-la e oferecer testemunhas, e, em
seguida, determinará sejam os autos da exceção remetidos, dentro em
24 vinte e quatro horas, ao juiz ou tribunal a quem competir o julgamen-
to (art. 100, CPP).
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
Nessa hipótese, se reconhecida, preliminarmente, a relevância
da arguição, o juiz ou tribunal, com citação das partes, marcará dia e
hora para a inquirição das testemunhas, seguindo-se o julgamento, in-
dependentemente de mais alegações (§1º, artigo 100, CPP). De outro
lado, se a suspeição for de manifesta improcedência, o juiz ou relator a
rejeitará liminarmente (§1º, artigo 100, CPP).
A consequência lógica para a decisão de procedência da exce-
ção de suspeição é o reconhecimento da nulidade de todos os atos do
processo principal. Além disso, deverá o juiz pagar as custas, no caso
de erro inescusável. Caso, entretanto, a exceção for rejeitada, eviden-
ciando-se a malícia do excipiente, a este será imposta multa (Art. 101,
18 Art. 111, CPP. As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão,
em regra, o andamento da ação penal.
41
CPP).
Importante ressaltar que se for arguida a suspeição do órgão
do Ministério Público, o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso,
podendo antes admitir a produção de provas no prazo de três dias
(art. 104, CPP). No mesmo sentido, também poderão ser objeto da ex-
ceção de suspeição os peritos, os intérpretes e os serventuários ou fun-
cionários de justiça, decidindo o juiz de plano e sem recurso, à vista da
matéria alegada e prova imediata (art. 105, CPP).
Alheio ao processo penal, no âmbito do inquérito policial, o Có-
digo de Processo Penal, em seu art. 107, fixa a impossibilidade de opor
suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas ressaltar
que estas deverão se declarar suspeitas, quando ocorrer motivo legal.
Por seu turno, a exceção de incompetência do juízo poderá
ser oposta, verbalmente ou por escrito, no prazo de defesa, ocasião em
que, se, ouvido o Ministério Público, for aceita a declinatória, o feito será
remetido ao juízo competente, onde, ratificados os atos anteriores, o
processo prosseguirá. Mas caso seja recusada a incompetência, o juiz
continuará no feito, fazendo tomar por termo a declinatória, se formu-
lada verbalmente (art. 108, CPP). Ademais, é obrigação do magistrado
se declarar, nos autos, incompetente se em qualquer fase do processo
sobrevier motivo para tanto, independentemente de alegação da parte
interessada (art. 109, CPP).
O mesmo procedimento, no que for compatível, deverá ser ob-
servado no caso das exceções de litispendência, ilegitimidade de parte
e coisa julgada (art. 110, CPP). Certo que se a parte houver de opor
mais de uma dessas exceções, deverá fazê-lo numa só petição ou ar-
ticulado (art. 110, §1º CPP). Urge salientar que a exceção de coisa jul-
gada somente poderá ser oposta em relação ao fato principal, que tiver
sido objeto da sentença (art. 110, §2º CPP).
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
CONFLITO DE JURISDIÇÃO
O artigo 113 do Código de Penal bem observa que as questões
atinentes à competência se resolverão não só pela exceção própria,
como também pelo conflito positivo ou negativo de jurisdição. Nesse
sentido, cumpre ressaltar que haverá conflito de jurisdição quando duas
ou mais autoridades judiciárias se considerarem competentes (conflito
positivo), ou incompetentes (conflito negativo), para conhecer do mes-
mo fato criminoso ou quando entre elas surgir controvérsia sobre unida-
de de juízo, junção ou separação de processos.19
Nesse diapasão, tem-se o presente exemplo de conflito nega-
19 Art. 114 do Código de Processo Penal
42
tivo de competência:
43
to, darão parte escrita e circunstanciada do conflito, perante o tribunal
competente, expondo os fundamentos e juntando os documentos com-
probatórios.
Quanto ao procedimento, é certo que quando negativo o con-
flito, os juízes e tribunais poderão suscitá-lo nos próprios autos do pro-
cesso.
Já no caso de conflito positivo, uma vez distribuído o feito, o
relator poderá determinar imediatamente que se suspenda o andamen-
to do processo. Note-se que a suspensão imediata se trata de uma
faculdade do relator, assim expedida ou não a ordem de suspensão, o
relator requisitará, em prazo determinado, informações às autoridades
em conflito, remetendo-lhes cópia do requerimento ou representação.
Recebidas as informações requisitadas, e depois de ouvido o procura-
dor-geral, o conflito será decidido na primeira sessão, salvo se a instru-
ção do feito depender de diligência.
Proferida a decisão, as cópias necessárias serão remetidas,
para a sua execução, às autoridades contra as quais tiver sido levanta-
do o conflito ou que o houverem suscitado.
Cumpre salientar que, nos termos do art. 117 do Código de
Processo Penal, o Supremo Tribunal Federal, mediante avocatória, res-
tabelecerá a sua jurisdição, sempre que exercida por qualquer dos juí-
zes ou tribunais inferiores.
Vale salientar que a nova lei denominada de Pacote Anticrime
(Lei nº 13.964/2019), trouxe novas regulamentações no tocante a juris-
dição, vejamos o dispositivo encartado na Lei nº 12.694/2012.
e julgamento:
I - de crimes de pertinência a organizações criminosas armadas ou
que tenham armas à disposição;
II - do crime do art. 288-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 (Código Penal); e
III - das infrações penais conexas aos crimes a que se referem os
incisos I e II do caput deste artigo.
§ 1º As Varas Criminais Colegiadas terão competência para to-
dos os atos jurisdicionais no decorrer da investigação, da ação
penal e da execução da pena, inclusive a transferência do preso
para estabelecimento prisional de segurança máxima ou para re-
gime disciplinar diferenciado.
§ 2º Ao receber, segundo as regras normais de distribuição, processos ou
procedimentos que tenham por objeto os crimes mencionados no caput deste
artigo, o juiz deverá declinar da competência e remeter os autos, em qualquer
44
fase em que se encontrem, à Vara Criminal Colegiada de sua Circunscrição
ou Seção Judiciária.
§ 3º Feita a remessa mencionada no § 2º deste artigo, a Vara Criminal
Colegiada terá competência para todos os atos processuais posteriores,
incluindo os da fase de execução.
46
47
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
48
INCIDENTE DE FALSIDADE
49
DA DO MAGISTRADO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO.
RECURSO NÃO PROVIDO. I - As instâncias ordinárias concluíram, acerta-
damente, que o requerimento de instauração de incidente de falsidade seria
manifestamente intempestivo, notadamente porque o documento a ser peri-
ciado constava dos autos há mais de dez anos, e o pedido foi apresentado
após a prolação da sentença, tratando-se de questão preclusa. II - Embora
não exista prazo definido em lei para que se possa requerer a instauração
de incidente de falsidade documental previsto no artigo 145 e seguintes do
Código de Processo Penal, os recorrentes permaneceram inertes por longo
período, mesmo tendo amplo acesso às informações necessárias para ins-
truir o incidente de falsidade, deixando para impugnar o documento somente
após encerrada a instrução processual. Permitir o comportamento em análi-
se, representaria violação aos princípios da segurança jurídica, da razoabi-
lidade, da lealdade processual e da boa-fé objetiva, diante da reabertura da
fase de produção de provas mesmo diante da inércia dos recorrentes. III - O
deferimento de diligências é ato que se inclui na esfera de discricionariedade
regrada do Magistrado processante, que poderá indeferi-las de forma funda-
mentada, quando as julgar protelatórias ou desnecessárias e sem pertinên-
cia com a instrução do processo, não caracterizando, tal ato, cerceamento de
defesa. IV - A jurisprudência desta Corte de Justiça, há muito já se firmou no
sentido de que a declaração de nulidade exige a comprovação de prejuízo,
em consonância com o princípio pas de nullite sans grief, consagrado no art.
563 do CPP, o que não ocorreu na hipótese concreta. Recurso conhecido e
não provido. (STJ - RHC: 79834 RJ 2016/0337507-7, Relator: Ministro FELIX
FISCHER, Data de Julgamento: 07/11/2017, T5 - QUINTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 10/11/2017)
50
1.A instauração do incidente de insanidade mental é decisão adstrita ao con-
vencimento do julgador quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
acusado, cabendo àquele, com exclusividade, decidir sobre a necessidade
ou não desta prova para apurar a inimputabilidade ou semi-imputabilidade do
acusado, levando-se em conta a sua capacidade de compreensão do ilícito
à época da infração penal. 2. Ao caso voga, a Requerente apresentou às fls.
7/8, relatório médico atestando alterações em sua higidez mental. Com efei-
to, tenho que o referido relatório mostra-se suficiente a evidenciar a neces-
sidade de instauração do incidente de insanidade mental. 3.Ante todo o ex-
posto, em dissonância ao parecer do Ministério Público, defiro o pleito autoral
para instaurar o incidente de insanidade mental, devendo a Requerente ser
submetida a exame médico-legal, nos termos do que dispõe o artigo 149, do
Código de Processo Penal e ainda, sejam respondidos os quesitos formula-
dos à fl. 5. 4.DEFERIMENTO DO PEDIDO. (TJ-AM 02318261620168040001
AM 0231826-16.2016.8.04.0001, Relator: Jorge Manoel Lopes Lins, Data de
Julgamento: 12/03/2017, Segunda Câmara Criminal)
Bem como:
51
fração, inimputável nos termos do art. 26 do Código Penal20, o processo
prosseguirá, com a presença do curador (art. 151, CPP).
Mas, caso se verificar que a doença mental sobreveio à infra-
ção, o processo continuará suspenso até que o acusado se restabeleça,
podendo o juiz ordenar a internação do acusado em manicômio judiciá-
rio ou em outro estabelecimento adequado (art. 152, CPP).
Reestabelecido, o processo retomará o seu curso, ficando as-
segurada ao acusado a faculdade de reinquirir as testemunhas que hou-
verem prestado depoimento sem a sua presença (art. 152, §2º, CPP).
Por derradeiro, caso a insanidade mental sobrevier no curso da
execução da pena, o sentenciado deverá ser internado em manicômio
judiciário, ou, à falta, em outro estabelecimento adequado, onde Ihe
seja assegurada a custódia (art. 154 c/c art. 682, CPP).
Instrução processual
52
de modo a ser necessário o respeito ao procedimento disposta no Códi-
go de Processo Penal ou na legislação penal especial.
O conjunto probatório permite ao juiz o firmamento de sua con-
vicção. Note-se que não há hierarquia entre as provas, o juiz é livre para
formar seu convencimento, desde que motivando a decisão.
Nesse sentido, o Código de Processo Penal, em seu artigo
155, proíbe a decisão condenatória com base exclusiva em indícios, ao
dispor que o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua de-
cisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investi-
gação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Assim, em regra, ninguém poderá ser condenado com base
exclusiva nos elementos indiciários colhidos na fase de inquérito, pois,
nesta, inexiste o regular exercício do contraditório e da ampla defesa.
Os elementos do inquérito são importantes, pois servem de base para a
denúncia, para o rol de testemunhas, para indicar a posterior produção
da prova, mas não bastam por si só à condenação.
54
ção pessoal da defesa ou do defensor dativo sobre os atos do processo
também acarretará a nulidade processual (arts. 5 o , LV, da CF e 370, §
1 o , e 564, III, c, e IV, ambos do CPP).
Debates
Encerrada a fase de instrução processual, não havendo reque-
rimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações
finais orais por 20 minutos, respectivamente, pela acusação e pela de-
fesa, prorrogáveis por mais 10 minutos (art. 403, CPP).
Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa
de cada um será individual (art. 403, §1º, CPP). Ao assistente do Minis-
tério Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 minutos, PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
55
ligência determinada, as partes apresentarão, em seguida, no prazo su-
cessivo de 5 dias, suas alegações finais, por memoriais (art. 404, CPP).
Logo, pode-se consignar que as alegações finais poderão ser
feitas de forma escrita quando: (a) for ordenada diligência imprescindí-
vel; (b) for reconhecida considerável complexidade do caso; (c) houver
considerável número de acusados.
Nos memoriais, o advogado de defesa poderá ventilar prelimi-
nares, como incompetência do juízo, inépcia da inicial, nulidade, cer-
ceamento de defesa e extinção de punibilidade, e tratar no mérito de
toda as teses defensivas possíveis, como absolvição, desclassificação,
afastamento de qualificadoras, causas de aumento de pena e agravan-
tes, reconhecimento de causas de diminuição de pena, privilégio ou ate-
nuante, fixação da pena no mínimo legal, baseado nas circunstâncias
do art. 59 do Código Penal, regime de cumprimento de pena mais bran-
do e substituição da pena.
Finalizados os debates orais ou concluída a audiência sem es-
tes, esta será registrada em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas par-
tes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. Sem-
pre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado,
ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação
magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual,
destinada a obter maior fidelidade das informações.
A sentença será proferida logo após ser encerradas as alega-
ções finais orais ou em 10 dias em caso de memoriais.
Emendatio Libelli
Mutatio Libelli
Julgamento
57
A circunstância de o agente apresentar doença mental ou de-
senvolvimento mental incompleto ou retardado (critério biológico) pode
até justificar a incapacidade civil, mas não é suficiente para que ele seja
considerado penalmente inimputável. É indispensável que seja verifica-
do se o réu, ao tempo da ação ou da omissão, era inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento (critério psicológico). (...) A
marcha processual deve seguir normalmente em caso de dúvida sobre
a integridade mental do acusado, para que, durante a instrução dos au-
tos, seja instaurado o incidente de insanidade mental, que irá subsidiar
o juiz na decisão sobre a culpabilidade ou não do réu. [HC 101.930, rel.
min. Cármen Lúcia, j. 27-4-2010, 1ª T, DJE de 14-5-2010.]
RITO SUMÁRIO
O rito sumário está preceituado nos artigos 531 a 538 do CPP
e é destinado às infrações penais cuja pena máxima abstrata cominada
ao delito seja inferior a 04 anos e superior a 2 anos de pena privativa de
liberdade (art. 394, §1º, inciso II, do CPP). Os atos processuais no rito
em comento, serão realizados na seguinte ordem:
Oferecimento
da denúncia Recebimento Citação
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
ou queixa
Sentença
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Em suma o procedimento do procedimento comum sumário se
iniciará com oferecimento da denúncia ou queixa. Não sendo caso de
rejeição, o magistrado a receberá, determinando a citação do réu para
que apresente resposta à acusação. Apresentada defesa técnica, o ma-
gistrado acolherá a tese defensiva, absolvendo sumariamente o réu ou
intimará as partes para audiência de instrução em 30 dias, ocasião em
que ocorrerá a oitiva do ofendido, a oitiva das testemunhas de acusa-
ção e das testemunhas de defesa, os esclarecimentos dos peritos, o
reconhecimento de pessoas e coisas e as acareações necessárias, o
interrogatório do réu. Finalizada a instrução processual, as partes apre-
sentarão suas alegações finais orais, deixando o processo em termos
para o magistrado proferir sentença.
Assim, destaca-se que o rito sumário se processa de maneira
muito parecida com rito ordinário, e as principais diferenças estão re-
lacionadas com o prazo para audiência, o número de testemunhas e a
possibilidade de se requerer diligências ao final da instrução.
No rito sumário o prazo para a designação de audiência em
caso de recebimento da denúncia ou queixa-crime será de 30 dias, con-
soante preconiza o artigo 530 do Código de processo penal. As partes
poderão arrolar cada uma no máximo 5 testemunhas, consoante auto-
riza o artigo 532 do CPP.
Não há previsão de requerimento de diligências e todas as
provas deverão ser produzidas nessa audiência, pois nenhum ato será
adiado, salvo quando imprescindível a prova faltante e o juiz a conside-
rar relevante, segundo artigo 535 do CPP.
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
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RITO SUMARÍSSIMO
Segundo a Lei 9.99/95, o rito sumaríssimo aplica-se as infra-
ções de menor potencial ofensivo, que nos termos do art. 61 da Lei, são
todas as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não seja
superior a 2 anos, cumulada ou não com multa, possuindo as seguintes
fases.
Audiência de Oferecimento
Defesa
instrução e da denúncia ou Transação Penal
preliminar (oral)
julgamento queixa
61
Caso o autor da infração aceite, o juiz aplicará a pena restritiva
de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo regis-
trada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de
cinco anos.
Não havendo a transação penal, entretanto, haverá o ofereci-
mento da denúncia ou da queixa-crime, encerrando a fase preliminar.
Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entre-
gando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado e imediatamente
cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução
e julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o
ofendido, o responsável civil e seus advogados (art. 78, Lei 9.099/95).
Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para res-
ponder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou
queixa. Havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas
de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente,
passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da senten-
ça (art. 81, Lei 9.099/95).
Nesse sentido, é de se notar que o rito sumaríssimo está inti-
mamente ligado aos princípios que o regem, quais sejam: celeridade,
oralidade e informalidade e da não aplicação de pena privativa de liber-
dade.
É um rito peculiar e sua diferença com os outros ritos inicia-se
já em sede policial, pois, no procedimento sumaríssimo, em regra, não
há inquérito policial e sim o termo circunstanciado (art. 69 lei 9099/95).
Elaborado o termo circunstanciado (descrição do fato criminoso, a qua-
lificação da vítima) a autoridade encaminhará este termo ao juizado es-
pecial criminal onde será marcada audiência preliminar, ocasião em que
o juiz explicará sobre a possibilidade de composição civil dos danos e
da aceitação da proposta de transação penal (aplicação de uma pena
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
SAIBA MAIS:
Acesse: CONPEDI
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal. Niterói,
RJ: Impetus, 2012.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal. Volume
único. 2ª Ed. Salvador: JusPodvm, 2014.
MARCÃO, Renato. Curso de Processo Penal. São Paulo: Sa-
raiva, 2014.
MIRABETE, Julio Fabrini. Processo Penal. 7ª Ed. São Paulo:
Atlas, 2006.
NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios Constitucionais Penais
e Processuais Penais. 2ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 11ª
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2019 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: Promotor Subs-
tituto
Sobre absolvição sumária no procedimento comum, segundo o
Código de Processo Penal, esta é possível:
A) Se a denúncia for inepta ou houver existência manifesta de causa
excludente da ilicitude do fato.
B) Se o fato narrado evidentemente não constitui crime ou estiver extin-
ta a punibilidade do agente.
C) Se existir manifesta causa excludente de ilicitude ou de culpabilida-
de do agente, salvo inimputabilidade penal decorrente de ser o agente
menor de dezoito anos, quando deverá o feito ser remetido ao juizado
competente.
D) Se faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da
ação penal.
E) Se existir dúvida sobre a materialidade do fato ou autoria do réu (“in
dubio pro reo”).
QUESTÃO 2
Ano: 2014 Banca: TJ-AC Órgão: TJ-AC Prova: Juiz Leigo
Sobre a sentença penal condenatória É CORRETO afirmar:
A) deverá fixar valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido.
B) não deverá fixar valor mínimo para reparação dos danos causados
pela infração, pois o ofendido deverá postular à ação indenizatória no
juízo cível.
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: TJ-AL Prova: Técnico Judiciário -
Área Judiciária
Após comparecer em todos os endereços registrados em nome de
Caio para citação e não o localizar e nem obter informações sobre
seu paradeiro, o oficial de justiça certifica que o acusado se encon-
64
tra em local incerto e não sabido. Verificada a veracidade do teor
da certidão, deverá ser buscada a citação de Caio, de acordo com
o Código de Processo Penal e com a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal:
A) com hora certa, desde que o oficial de justiça tenha comparecido ao
menos três vezes no endereço do denunciado;
B) por edital, devendo conter nesse, necessariamente, o nome do réu,
o nome do promotor responsável pela denúncia e do juiz que a determi-
nar, sob pena de nulidade;
C) por edital, e, caso não compareça após o prazo fixado em tal mo-
dalidade de citação, ficará suspenso o curso do processo e do prazo
prescricional, ainda que o acusado constitua advogado para essa ação
penal;
D) por edital, não havendo nulidade se houver indicação do dispositivo
da lei penal correspondente à inicial acusatória, embora não haja trans-
crição da denúncia ou resumo dos fatos em que se baseia;
E) por carta com aviso de recebimento, devendo o processo prosseguir
caso, ainda assim, o acusado não compareça e nem constitua advoga-
do.
QUESTÃO 4
Ano: 2017 Banca: Fundação La Salle Órgão: SUSEPE-RS Prova:
Agente Penitenciário
A absolvição sumária se configura, no procedimento comum, de
acordo com o Código de Processo Penal, EXCETO:
A) com a inimputabilidade penal do agente.
B) com a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato.
C) diante da existência manifesta de causa excludente da culpabilidade
do agente.
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
D) quando o fato narrado evidentemente não constitui crime.
E) quando estiver extinta a punibilidade do agente.
QUESTÃO 5
Ano: 2014 Banca: TJ-AC Órgão: TJ-AC Provas: Juiz Leigo
Durante a audiência de instrução penal do procedimento comum
ordinário é CORRETO afirmar:
A) o interrogatório deve ser realizado antes da oitiva das testemunhas.
B) o interrogatório deve ser realizado após a oitiva das testemunhas.
C) somente o Juiz poderá perguntar no interrogatório.
D) o silêncio durante o interrogatório importará em confissão, conforme
interpretação do artigo 186, parágrafo único do Código de Processo
Penal.
65
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
TREINO INÉDITO
a) Suspeição
b) Incompetência de juízo
c) Conexão
d) Ilegitimidade de parte
e) Coisa julgada
NA MÍDIA
NA PRÁTICA
67
PROCEDIMENTO
ESPECIAL
RITO DO JÚRI
O júri possui sua competência estabelecida expressamente na
Constituição Federal (art. 5º XXXVIII), sendo designado para a apura-
ção e julgamento dos crimes dolosos contra a vida, tentados ou consu-
mados e possuindo como princípios que norteiam o rito do Júri, estão
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
73
çáveis.
De acordo como o artigo 327 do Código penal, “considera-se
funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoria-
mente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, empre-
go ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de
atividade típica da Administração Pública.”
O diferencial do rito em questão é que oferecida a denúncia
ou queixa-crime, o juiz, antes de recebê-la, determinará não só a sua
autuação, mas também mandará notificar o agente para apresentar a
sua defesa preliminar no prazo de 15 dias, consoante determina o arti-
go 514 do CPP. A matéria da resposta preliminar deve dizer respeito à
existência do fato; à autoria; à tipicidade; à licitude; e à subsistência da
punibilidade.
Um ponto de discussão jurisprudencial e doutrinária que mere-
ce destaque é a ausência de notificação para apresentação da resposta
preliminar prevista no art. 514 do CPP quando o crime funcional em
questão for afiançável. O entendimento consagrado é de que tal noti-
ficação é obrigatória, sob pena de nulidade. Nessa seara, o Superior
Tribunal de Justiça vem adotando a Súmula 330 (STJ), que dispõe ser
desnecessária essa resposta preliminar na ação penal instruída por in-
quérito policial, banalizando a aplicação desse verbete nos julgados de
sua competência.
Mas de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Fe-
deral (STF), a falta de notificação do acusado para apresentar a defesa
preliminar estampada no artigo acima acarretará na nulidade do pro-
cesso, conforme RT 572/412, in verbis: “Artigo 514 do CPP. Falta de
notificação do acusado para responder, por escrito, em caso de crime
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
74
Se o juiz se convencer da inexistência do crime ou da improce-
dência da ação, rejeitará a denúncia ou queixa-crime, conforme artigo
516 do CPP. Caso haja o recebimento da denúncia ou queixa, o proce-
dimento passa a seguir o rito ordinário (art. 517 CPP). É importante es-
clarecer que a defesa preliminar não exclui o oferecimento de resposta
à acusação (art. 396 CPP), a qual deverá ser apresentada seguindo-se
os demais atos processuais do rito ordinário (art. 518 CPP).
Assim, não sendo o caso de absolvição sumária, o juiz desig-
nará audiência de instrução e julgamento que deverá ocorrer no prazo
de 60 dias. Na audiência de instrução, debates e julgamento, seguirá
a ordem estabelecida no art. 400 do CPP, ocasião em que o Juiz e as
partes poderão requerer ou não diligências.
Caso não sendo requerida diligência ou se essas forem
indeferidas pelo magistrado, as partes apresentarão alegações finais
orais e em seguida será proferida a decisão. Diante da complexidade
dos fatos ou diante do número de acusados, o magistrado aplicar o dis-
posto no art. 403 § 3º, que se refere à substituição das alegações men-
cionadas por memoriais escritos e, após, proferirá a sentença em 10
(dez) dias. E, nos casos em que forem deferidas diligências, após essas
serem realizadas, o juiz mandará notificar as partes para apresentarem
memoriais escritos e, posteriormente, será proferida a sentença, confor-
me o art. 404, parágrafo único (AVENA, 2009, p. 688).
75
tentativa de reconciliação (art. 520 CPP).
Na audiência de reconciliação (art. 520, CPP), as partes serão
ouvidas separadamente pelo Juiz. Primeiro o querelante; depois o que-
relado. Caso não haja conciliação, segue-se, então o procedimento co-
mum sumário ou sumaríssimo, conforme a pena máxima cominada ao
fato criminoso, com o recebimento da queixa-crime, citação e resposta
à acusação – não sendo situação para rejeição da inicial (art. 395 CPP),
o juiz receberá a queixa e concederá o prazo de dez dias para que o
querelado responda ao petitório inaugural.
Se o procedimento prosseguir segundo o rito ordinário – após
a resposta do acusado, seja ou não também apresentada exceção da
verdade, o Juiz verificará se é cabível alguma das hipóteses previstas
no 397 do CPP. Não sendo caso de absolvição sumária, segue o rito
com designação de audiência de instrução e julgamento nos mesmos
moldes do rito ordinário (art. 400 e seguintes do CPP).
76
pública, devendo ser observadas referidos procedimentos sob pena de
rejeição liminar da denúncia ou queixa.
No caso de crime de ação penal privada se procede na forma
dos artigos 524 a 530 do CPP (artigo 530-A do CPP): Seguindo o artigo
525 do CPP, é necessário um laudo para ter a certeza de que o objeto
foi falsificado. Antes do querelante oferecer a queixa-crime, exige-se a
busca e apreensão e perícia dos objetos ilicitamente produzidos. Sem
essa providência preliminar, a ação penal será rejeitada. Havendo ou
não apreensão, o laudo pericial será elaborado no prazo de 3 dias con-
tados a partir do encerramento da diligência, e depois encaminhado ao
juiz para homologação (art. 528 CPP).Se o laudo atestar a falsificação,
após a homologação, a vítima dará início à ação penal com o ofereci-
mento da queixa-crime, seguindo as demais fases pelo rito ordinário.
No caso de crime de ação penal pública se procede na forma
dos artigos 530-B até 530-H (artigo 530 I do CPP): a Autoridade Policial
procederá à apreensão dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzi-
dos, em sua totalidade, juntamente com os equipamentos, suportes e
materiais que possibilitaram a sua existência, desde que estes se desti-
nem precipuamente à prática do ilícito (art. 530-B);
Na ocasião da apreensão será lavrado termo, assinado por
duas ou mais testemunhas, com a descrição de todos os bens apreen-
didos e informações sobre suas origens, o qual deverá integrar o inqué-
rito policial ou o processo (art. 530-C); e subsequente à apreensão, será
realizada, por perito oficial, ou, na falta deste, por pessoa tecnicamente
habilitada, perícia sobre todos os bens apreendidos e elaborado o laudo
que deverá integrar o inquérito policial ou o processo (art. 530-D).
Efetuada a apreensão, após os exames periciais necessários,
a Autoridade Policial poderá nomear fiéis depositários de todos os bens
apreendidos os titulares de direito de autor e os que lhe são conexos
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
conforme dispões o art. 530-E do CPP. o juiz poderá determinar a reque-
rimento da vítima, ressalvada a possibilidade de se preservar o corpo de
delito, a destruição da produção ou reprodução apreendida quando não
houver impugnação quanto à sua ilicitude ou quando a ação penal não
puder ser iniciada por falta de determinação de quem seja o autor do
ilícito (art. 530-F, CPP). Após os procedimentos preliminares segue-se o
rito ordinário, e em caso de condenação por crime de violação de direito
autoral, nos termos do art. 530-G do CPP, o juiz poderá determinar a
destruição dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos e o perdi-
mento dos equipamentos apreendidos.
77
RITO DA LEI DE DROGAS (LEI 11.343/2006)
Os procedimentos a serem observados na Lei drogas encon-
tram-se disciplinados nos artigos 48 a 59 da Lei 11.343/06 (Lei de Dro-
gas). Insta declinar que os crimes que serão processados perante esse
rito estão declinados nos artigos 33 ao 39 da Lei 11.343/06, não se
aplicando, portanto ao artigo 28 da referida Lei (porte para consumo
pessoal), o qual deverá ser processado pelo rito sumaríssimo.
78
Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz nomeará
defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos
autos no ato de nomeação (§ 3º do art. 55). Apresentada a defesa, o juiz
decidirá em 5 (cinco) dias (§ 4º do art. 55). Se entender imprescindível,
o juiz, no prazo máximo de 10 (dez) dias, determinará a apresentação
do preso, realização de diligências, exames e perícias (§ 5º do art. 55).
Ao invés de receber a denúncia de plano (art. 396, caput, do
CPP), caso não seja hipótese de rejeição, e desde logo mandar citar o
réu para apresentar resposta escrita, no procedimento da Lei de Drogas
o juiz, não sendo caso de rejeição liminar da peça acusatória, mandará
notificar o denunciado para apresentação de resposta escrita, cujo ato
antecede o recebimento da denúncia, ao contrário do que ocorre no
procedimento comum.
No âmbito da Lei de Drogas, somente após a efetiva apresen-
tação da resposta é que o juiz, não sendo caso de rejeição, avaliação
mais uma vez pertinente após a resposta escrita, irá receber a acusa-
ção, designar audiência de instrução e julgamento, que será realizada
dentro de 30 dias após o recebimento da denúncia, salvo se for determi-
nada a realização de avaliação para atestar a dependência de drogas,
ocasião em que ocorrerá em 90 dias (art. 56, § 2º da lei 11.343/2006).
Na audiência de instrução e julgamento, primeiro procederá ao
interrogatório do acusado, seguindo da inquirição das testemunhas de
defesa e acusação, e após será dada a palavra à acusação e depois à
defesa para alegações orais pelo prazo de 20 minutos cada um, prorro-
gáveis por 10 minutos a critério do juiz (art. 57 da Lei 11.343/06). Encer-
rados os debates, o magistrado proferirá a sentença no ato ou o fará no
prazo de 10 dias (art. 58 da Lei 11.343/06).
I). Assim, “se a própria lei prevê que o requerimento da oitiva dos peri-
tos para esclarecerem a prova pericial deve ser feito com antecedência
mínima de 10 (dez) dias, é evidente que a parte só poderá considerar a
possibilidade de solicitar esclarecimentos caso já tenha tido ciência do
laudo pericial que foi juntado aos autos do processo23.
80
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
A suspensão condicional do processo está estampada no ar-
tigo 89 da Lei 9.099/95 e é aplicável tanto para as infrações penais de
menor potencial ofensivo (art. 61 da Lie 9.099/95) quanto para os crimes
cuja pena mínima abstrata não seja superior a um ano. Nesse sentido,
vale esclarecer que, embora previsto na Lei dos Juizados Especiais, a
suspensão condicional do processo figura como norma genérica, razão
pela qual também é aplicável aos delitos que reclamam outros procedi-
mentos, ressalvados os crimes militares que preveem expressa veda-
ção quanto à aplicação da lei 9.099/95 no artigo 90-A.
A classificação dada na denúncia pelo Ministério Público é mui-
to relevante, pois é com base nela que se verifica o cabimento da sus-
pensão condicional do processo (crimes com pena mínima não superior
a 1 ano) ou o cabimento da prisão preventiva (crimes com pena máxima
superior a 4 anos, desde que presentes fundamentos que a justifiquem).
Portanto, a suspensão condicional do processo é uma medida
alternativa que tem por objetivo principal evitar a aplicação da pena,
desde que presentes as condições delineadas pelo caput do art. 89 da
Lei n.º 9.099/95.
Para a concessão do benefício, a lei exige os seguintes requi-
sitos: que o crime tenha pena mínima cominada igual ou inferior a um
ano; que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime; que estejam presentes os requisitos para a
suspensão condicional da pena (art. 77, CP) – a culpabilidade, os an-
tecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como
os motivos e circunstâncias, autorizem a concessão do benefício; que
tenha ocorrido a reparação do dano.
81
evitar a prolação de uma sentença, por meio do sobrestamento da ação
penal.
A suspensão condicional da pena é também chamada de “”.
Impende esclarecer que, quando não houver especificação de que se
trata de sursis processual, tratar-se-á de suspensão da pena. O instituto
da suspensão condicional da pena está tipificado no Código Penal, em
seu artigo 77, cujo caput dispõe que: “A execução da pena privativa
de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2
(dois) a 4 (quatro) anos.”
A pena também poderá ser suspensa por “quatro a seis anos,
desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões
de saúde justifiquem a suspensão”, conforme o § 2º do art. 77, CP.
A principal diferença entre os dois institutos está consubstan-
ciado no fato de que, em uma, a sentença já foi prolatada, e a pena já foi
estabelecida. O que se suspende, portanto, é a execução da pena, mas
não extingue integralmente a punibilidade. Já no final da suspensão
condicional do processo, o beneficiado permanece sem antecedentes,
e na suspensão condicional da pena, sobre o beneficiado continuam a
incidir os efeitos secundários da condenação.
SAIBA MAIS:
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2015 Banca: MPDFT Órgão: MPDFT Prova: Promotor de Jus-
tiça Adjunto
Examine as assertivas acerca do Tribunal do Júri e marque a IN-
CORRETA:
A) Como a impronúncia não produz coisa julgada material, deve ser
impugnada por recurso em sentido estrito.
B) Os jurados sorteados serão convocados pelo correio ou por qualquer
outro meio hábil para comparecer na sessão plenária.
C) O Tribunal do Júri é composto por um juiz togado e por 25 jurados,
que serão sorteados dentre os alistados.
D) Durante a sessão plenária do Tribunal do Júri, se não for absoluta-
mente necessário, não se permitirá o uso de algemas no acusado e as
partes não poderão fazer referência a este tema, como argumento de
autoridade que beneficie ou prejudique o réu, sob pena de nulidade.
E) No caso de desclassificação pelos jurados, de tentativa de homicí-
dio para lesão corporal gravíssima, os autos não são remetidos ao juiz
criminal competente, cabendo ao Juiz presidente do Tribunal do Júri
proferir sentença.
QUESTÃO 2
Ano: 2016 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Várzea Paulista -
SP Prova: Procurador Jurídico
Assinale a alternativa que traz a disposição correta no que tange
ao procedimento dos delitos da Lei de Drogas (Lei n° 11.343/06).
A) Acusação e defesa podem arrolar, no máximo, 8 (oito) testemunhas
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
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QUESTÃO 3
Ano: 2010 Banca: INSTITUTO CIDADES Órgão: DPE-GO Prova: De-
fensor Público
Mário da Pedra foi denunciado pelo crime de tráfico de drogas pe-
rante a Justiça Estadual. Conforme o procedimento ditado na Lei
n.11.343/96, o juiz deverá
A) receber a denúncia, se presentes os requisitos legais, e determinar
a citação do réu para oferecimento de resposta à acusação, no prazo
de 10 dias.
B) sem receber a denúncia, determinar a notificação do denunciado
para oferecer resposta no prazo de 10 dias.
C) designar data para a audiência de instrução e julgamento, oportuni-
dade em que será, se presentes os requisitos legais, recebida a denún-
cia.
D) determinar a citação do réu para oferecer resposta à acusação no
prazo de 15 dias, após o que receberá ou não a denúncia.
E) determinar a notificação do denunciado para oferecer resposta no
prazo de 5 dias, antes do recebimento da denúncia.
QUESTÃO 4
Ano: 2016 Banca: FEPESE Órgão: SJC-SC Prova: Agente de Segu-
rança Socioeducativo
De acordo com a Constituição Federal, o tribunal do júri é compe-
tente para julgar os crimes:
A) dolosos ou culposos contra a administração da justiça.
B) dolosos contra a saúde pública.
C) dolosos contra a economia pública.
D) dolosos contra a vida.
E) dolosos praticados com violência contra a pessoa.
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
QUESTÃO 5
Ano: 2008 Banca: FCC Órgão: TCE-AL Prova: Procurador
O Código de Processo Penal prevê rito especial para o processo
e o julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários
públicos. Esse rito especial
A) impede que o acusado possa ser preso antes de recebida a denún-
cia, ainda que o crime seja inafiançável.
B) permite ao acusado se defender antes de ser recebida a denúncia,
se o crime for afiançável.
C) permite ao acusado se defender antes de ser recebida a denúncia,
se o crime for inafiançável.
D) permite ao acusado a efetivação de acordo para evitar o recebimento
85
da denúncia, se o crime for afiançável.
E) permite ao acusado a efetivação de acordo para evitar o recebimento
da denúncia, se o crime for inafiançável.
TREINO INÉDITO
NA MÍDIA
NA PRÁTICA
87
GABARITOS
CAPÍTULO 01
QUESTÕES DE CONCURSOS
01 02 03 04 05
B D A A B
TREINO INÉDITO
Gabarito: C
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
88
CAPÍTULO 02
QUESTÕES DE CONCURSOS
01 02 03 04 05
B A D A B
liberdade.
TREINO INÉDITO
Gabarito: C
89
CAPÍTULO 03
QUESTÕES DE CONCURSOS
01 02 03 04 05
A E B D B
TREINO INÉDITO
Gabarito: C
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
90
BADARÓ, Gustavo Henrique. Direito Processual Penal: tomo I, Rio de
Janeiro: Elsevier, 2008.
Avena, Norberto Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual.
e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal. Niterói, RJ: Im-
petus, 2012.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 11ª ed. Rio
de Janeiro: 2009.
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 21ª Ed. São Paulo: Atlas,
2013.
92
93
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS