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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

DEPARTAMENTO DO CURSO DE DIREITO


PRÁTICA JURÍDICA REAL IV

AMANDA MARIA MARQUES CARVALHO DA SILVA

RELATÓRIOS DE SESSÕES DE JULGAMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL


DE JUSTIÇA

SÃO LUÍS - MA
2021
1) RECURSO ORIGINÁRIO EM HABEAS CORPUS 152.111/SP

Sessão do dia 26 de outubro de 2021


3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça
Link da Sessão: https://www.youtube.com/watch?v=ZztaZd7-LfQ
Recorrente: C K (preso)
Recorrido: I M K (menor)
Relator: Ministro Marco Aurélio Bellizze

O Ministro-Relator Marco Aurélio Bellizze iniciou com o relatório do caso,


elucidando que trata-se de uma situação clássica de devedor de alimentos no contexto da
pandemia. O recorrente pediu no Tribunal de Justiça de São Paulo a prisão domiciliar,
porém o Tribunal deferiu apenas em parte, suspendendo a ordem de prisão enquanto durar
a pandemia.
Bellizze informou que em seu voto aplicou o precedente da Ministra Nancy
Andrighi no Habeas Corpus nº 645.640/SC, que foi aprovado por unanimidade na turma.
Assim, como o Tribunal de Justiça concedeu metade do que foi pedido e podendo
o recorrente voltar a ser preso assim que terminar o estado pandêmico, facultou ao credor
decidir qual a melhor forma de punir o recorrente, visto que a forma de prisão pode
influenciar diretamente na maneira como irá conseguir renda para pagar a dívida.
Desta forma, o Ministro Bellizze negou provimento ao recurso em habeas corpus,
pois entendeu que não há ilegalidade na decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo,
porém sem prejuízo de que a exequente escolha a melhor forma de cumprimento da
execução dos alimentos, perante o Juízo da Execução, podendo optar pela conversão da
prisão civil em regime domiciliar ou manter a suspensão do decreto prisional, até o
encerramento da pandemia.
Encerrada a fala do Ministro-Relator, o Presidente, Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, perguntou se todos estavam de acordo, tendo resposta positiva de forma
unânime. Assim, proclamou o resultado: por unanimidade, negaram provimento ao
recurso originário em habeas corpus, nos termos do voto do Relator.
2) HABEAS CORPUS 668.918/MG

Sessão do dia 26 de outubro de 2021


3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça
Link da Sessão: https://www.youtube.com/watch?v=ZztaZd7-LfQ
Impetrante: Luiz Fernando Alves Cunha e Outros
Impetrado: Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais
Relator: Ministro Moura Ribeiro

O Ministro-Relator Moura Ribeiro inicia sua fala demonstrando preocupação com


o caso, pois envolve suposta adoção “à brasileira” de menor por estrangeiro que veio ao
Brasil. Segundo o Relator, foram feitos os estudos cabíveis, o estrangeiro solicitou
registro da criança, pediu autorização para fazer o passaporte da menor e pediu
autorização para sair com ela do território brasileiro, sendo tudo deferido.
Porém, após todo esse trâmite, o Ministério Público percebeu que essa não teria
sido a melhor situação para a criança e pediu a institucionalização dela. Entretanto, a
criança já encontra-se em Portugal e o Ministro Moura Ribeiro aduz que as fotos que
constam no processo indicam que a criança encontra-se em excelente bem-estar, não
sendo possível voltar atrás.
Assim, Moura Ribeiro sugere que seja feito um estudo social, acompanhando, até
mesmo por vídeo conferência, se for o caso, para que seja verificada a evolução da
criança. O Ministro volta a falar sobre a delicadeza do caso e afirma nunca ter visto um
caso como esse, no qual a criança foi levada tão rapidamente ao exterior. Atenta também
para a situação do corona vírus, que deve ser levada em conta e em Portugal encontra-se
bastante controlada.
Destarte, o Ministro-Relator concedeu de ofício, ainda que em parte, a ordem de
habeas corpus para que sejam feitos exames, como constam na parte dispositiva do voto.
Assim, determinou, apenas, que Ana Vitória permaneça sob a guarda de fato dos ora
impetrantes, Paulo e Gabriela, pelo menos até o trânsito em julgado da ação de medida
de proteção e da ação de adoção, que tramitam apensadas, no Juízo da Vara da Infância e
da Juventude na Comarca de Uberaba/MG.
Encerrada a fala do Ministro Moura Ribeiro, o Presidente, Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, perguntou se todos estavam de acordo, com resposta unanime e positiva.
Assim, proclamou o resultado: por unanimidade, concederam a ordem de ofício, nos
termos do voto do Relator.
3) HABEAS CORPUS 683.142/SC

Sessão do dia 14 de setembro de 2021


5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça
Link da Sessão: https://www.youtube.com/watch?v=bAgzH1tiyeo
Impetrante: Wilson Knoner Campos e Outros
Impetrado: Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina
Paciente: Paulo Eduardo Souza Moreira (preso)
Relator: Ministro Ribeiro Dantas

Inicialmente, o advogado de defesa, Wilson Knoner Campos, manifestou-se no


sentido de estar de acordo com a supressão da leitura do relatório. Posteriormente, iniciou
sua sustentação oral aduzindo que o presente habeas corpus trata do caso de Paulo
Eduardo Souza Moreira, que foi preso em flagrante, sendo a prisão convertida em
preventiva. Ressaltou que o paciente está preso há 75 dias.
Wilson Campos, explica, então o contexto: supostamente houve denúncia
anônima, então a Polícia Civil diz que realizou campana por volta de um dia (ponto
controvertido) e solicitou a busca e apreensão. Sendo deferida, a Polícia logrou em
encontrar na casa de Paulo Eduardo 1kg de maconha, uma balança de precisão, uma faca
com vestígios suspeitos e cerca de R$850. A prisão preventiva em 1º grau foi decretada
à luz exclusivamente da garantia da ordem pública, devido à quantidade de maconha
apreendida e também porque, em 2011, o impetrante se envolveu em outro procedimento
que tramita no Juizado Especial Criminal. Nele também teria sido flagrado portando
maconha, porém ainda está pendente de denúncia e no relatório final indicou-se posse
para uso.
Continuando a sustentação oral, Wilson Campos afirma que no presente caso, o
Tribunal de Santa Catarina, na linha do Juiz de 1º grau, negou o habeas corpus, sob o
argumento da apreensão de 1kg e 700 gramas. A defesa sustenta, então, que apesar desta
apreensão, essa quantidade é limítrofe na jurisprudência do STJ e do STF. Buscou,
portanto, demonstrar objetiva e sumariamente que tanto ao tempo da prisão quanto por
muito tempo antes, o impetrante realizava atividade profissional lícita de corretor de
imóveis, de onde tirava sua renda. Ademais, durante os anos de 2019 e 2020, ele realizava
curso superior em administração de empresas.
Por fim, informa que a defesa busca a concessão da ordem, pois em sua visão a
garantia da ordem pública não se faz presente, em razão da quantidade. Isso porque,
embora seja expressiva, ela é limítrofe, permitindo que se faça juízo acerca da dedicação
do impetrante à atividade criminosa. Assim, entendendo que não se dedicava, a garantia
da ordem pública estaria esvaziada. Por outro lado, entendendo que se dedicava, a defesa
traz a possibilidade da aplicação de penas alternativas à prisão previstas no art. 319, CP.
Por fim, esclarece que o processo ainda está em fase de instrução, dependo de algumas
diligências solicitadas pelo Ministério Público.
A Sub-Procuradoria Geral da República não quis se manifestar.
O Ministro-Relator Ribeiro Dantas iniciou sua fala esclarecendo que trata-se de
um habeas corpus substitutivo e que, portanto, focaria sua análise na existência de
ilegalidade que justificaria a concessão de ofício.
Ribeiro Dantas explicou que, no caso, o Juiz sentenciante decretou a prisão
cautelar nos seguintes termos: o crime investigado, de tráfico de drogas, é punido com
pena máxima superior a 4 anos de reclusão, condição bastante suficiente para autorizar
prisão a teor do art. 313, I, CPP. Também se vê preenchidos os requisitos da preventiva
(prova da materialidade e indícios de autoria), com base no relato dos policiais, na
apreensão da droga e nas demais peculiaridades que circundaram a prisão de que tratam
os autos, como a quantidade relevante de entorpecentes, acompanhado de balança de
precisão.
Em relação aos fundamentos para conversão do flagrante em preventiva, o Juiz
entendeu que a necessidade da prisão de Paulo reside na garantia da ordem pública.
Ribeiro Dantas elucida, ainda, que constam outros detalhes, como a apreensão de
celulares, que permite desvendar o quão envolvido Paulo estava no tráfico, por isso foi
decretada a preventiva.
No acórdão, segundo o Ministro-Relator, foi declarado que não há como entender
inidôneas as fundamentações utilizadas na sentença, uma vez que se valeu da gravidade
concreta do delito, qual seja o fato de que o paciente, em tese, armazenava 1kg de
maconha e balança de precisão. Por certo, a apreensão de expressiva quantidade de droga,
acompanhada de apetrecho típico da mercancia espúria, bem como a existência de prévia
investigação acerca de suposta atividade ilícita, demonstram a necessidade de decretar a
prisão preventiva, com fim de acautelar a ordem pública.
O Ministro-Relator Ribeiro Dantas diz, então, que a ordem pública é uma das
hipóteses do art. 312, CPP. Em relação ao caso, Ribeiro Dantas afirma que a custódia
cautelar está suficientemente fundamentada na garantia da ordem pública, haja vista a
gravidade concreta da conduta delitiva por causa da quantidade de maconha (1kg) mais a
balança de precisão.
Disse, ainda, que o STJ possui entendimento reiterado de que a quantidade e a
diversidade dos entorpecentes encontrados com o agente, quando evidenciarem a maior
reprovabilidade do fato, podem servir de fundamento para a prisão preventiva. Ressalta,
também, que o paciente foi preso em flagrante em junho de 2011, na Comarca de Palhoça,
transportando 3 tabletes de maconha pesando aproximadamente 500g. Situação que pode
reforçar os indícios de dedicação do paciente ao comércio ilícito.
Por fim, diante desse contexto, Ribeiro Dantas entendeu ser inviável a substituição
da segregação provisória por medidas cautelares diversas, pois a gravidade concreta da
conduta delituosa indica que a ordem pública não estaria acautelada com a soltura do
paciente. Assim, votou pelo não conhecimento do habeas corpus.
O Presidente Ministro Ilan Paciornik, o Ministro Jesuíno Rissato, o Ministro João
Otávio de Noronha e o Ministro Reynaldo Soares da Fonseca acompanharam
integralmente o voto do relator.
O Presidente então declarou que, por unanimidade, a turma não conheceu do
habeas corpus.
4) RECURSO ESPECIAL 1.893.387/SP

Sessão do dia 22 de junho de 2021


3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça
Link da Sessão: https://www.youtube.com/watch?v=4IMy_zUNX28
Recorrente: Unimed de Fernandópolis Cooperativa de Trabalho Médico
Recorrido: Marcos Alberto Pessotto (por si e representando) e Vilma Marcomini de
Souto (interdito)
Relatora: Ministra Nancy Andrighi

O Ministra-Relatora iniciou sua fala esclarecendo tratar-se da seguinte discussão:


se o curador pode ou deve integrar o polo passivo de uma ação de cobrança, de
consequências monetárias, gerada por uma antecipação de tutela que depois foi revogada.
Em verdade, ocorre que Marcos Alberto Pessotto entrou com pedido liminar de
home care em face de seu plano de saúde. Foi antecipada a prestação jurisdicional, porém
depois veio a improcedência do pedido, ou seja, ficou demonstrado que o plano de saúde
não tinha o dever de manter o home care. Assim, em uma ação própria, não em
cumprimento de sentença, Marcos Pessotto, está sendo acionado pelo plano de saúde.
O Ministro Paulo de Tarso observa que, apesar de estar chamando de ação de
cobrança, o plano de saúde pede o ressarcimento pelo prejuízo decorrente da tutela
antecipada.
O Ministro Moura Ribeiro aduz que apresentou complemento ao voto da Relatora,
reconhecendo a legitimidade, mas que a consequência deveria ser a anulação da sentença
para que o juiz de primeiro grau aprecie as alegações e fundamentações trazidas da parte,
que até o momento era considerada ilegítima. Entende, portanto, pelo regular andamento
do processo, mormente o disposto no art. 928 do Código Civil, dentre outras variáveis
possíveis.
Com tais considerações, a Ministra-Relatora Nancy Andrighi colocou em sua
conclusão: forte nessas razões, conheço do Recurso Especial e dou-lhe provimento para
reconhecer a legitimidade passiva de Marcos Alberto Pessotto e, em consequência, anular
a sentença, a fim de que o Juízo de primeiro grau dê regular andamento ao processo.
O Presidente, Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, proclamou então o resultado:
por unanimidade, deram provimento ao Recurso Especial.
5) RECURSO ESPECIAL 1.955.890/SP

Sessão do dia 05 de outubro de 2021


3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça
Link da Sessão: https://www.youtube.com/watch?v=yUaFFsYtGYA
Recorrente: Carlos Alberto Mansur e MAC Compra de Ativos – Companhia
Securitizadora de Créditos Financeiros
Recorrido: Agulhas Negras Distribuidora de Automóveis Ltda. E BMW do Brasil Ltda.
Relatora: Ministra Nancy Andrighi

A Ministra-Relatora Nancy Andrighi elucida que o propósito recursal refere-se


em definir, para além da negativa de prestação jurisdicional, a quem incumbe o ônus de
comprovar o defeito do produto, ou sua inexistência, no âmbito do Código de Defesa do
Consumidor.
Nancy Andrighi conclui pelo conhecimento e provimento do recurso, pois o
fornecedor responde, independentemente de culpa, pela reparação dos danos causados
aos consumidores por defeitos do produto, nos termos do art. 12, CDC.
Aduz a Ministra-Relatora que o defeito, portanto, se apresenta como pressuposto
especial à responsabilidade civil do fornecedor pelo acidente de consumo. Assim, basta
o consumidor demonstrar relação de causa e efeito entre produto e dano, que induz a
presunção de defeito. Cabe, então, ao fornecedor, na tentativa de se eximir da
responsabilidade, comprovar por prova cabal a sua inexistência ou a configuração de
outra excludente da responsabilidade nos termos do §3º do art. 12, CDC.
No caso dos autos, Nancy Andrighi entendeu que, embora as perícias não tenham
identificado a causa do incêndio, a inexistência de defeito no veículo deveria ser
comprovada pelas fornecedoras recorridas, que, não o fazendo, não se eximem de
responsabilidade pelo fato do produto.
Portanto, reconhece e prove o Recurso, pois entende que, no caso em tela, quem
tem que provar que o incêndio do veículo não se deu devido a defeito é o fornecedor e
não o consumidor/comprador do veículo. Determinou, assim, o retorno dos autos ao
Tribunal de origem, a fim de que promova novo julgamento do recurso de apelação,
especialmente no que concerne à averiguação e quantificação dos danos.
O Presidente, Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, proclamou o resultado: por
unanimidade, deram provimento ao recurso especial, nos termos do voto da relatora.

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