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Metodologia

do Ensino de Matemática:
Números e Operações
Material Teórico
Possibilidade para o ensino das operações

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Edvonete Souza de Alencar

Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Possibilidade para o ensino das operações

• Expectativas de aprendizagem
• Adição
• Subtração
• Multiplicação
• Divisão
• Potenciação
• Radiação
• Logaritmização
• Atividades com Materiais Recicláveis

·· Relacionar a Matemática a outras áreas do conhecimento, desenvolvendo


estratégias de ensino que envolvam criatividade, autonomia e flexibilidade;
··Perceber as relações e diferenças entre o conhecimento matemático e a
matemática escolar;
·· Refletir sobre possíveis propostas de ensino-aprendizagem das operações na
educação básica;
·· Refletir e analisar criticamente propostas curriculares de Matemática para a
educação básica que envolvam operações;
·· Promover maior ênfase aos conceitos do que nas técnicas, fórmulas e algoritmos.

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as
atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

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Unidade: Possibilidade para o ensino das operações

Contextualização

Para iniciarmos nossos estudos nesta unidade, é importante sabermos algumas possibilidades
para o ensino das operações.
Começamos nossa reflexão apresentando as principais ideias sobre A Teoria dos Campos
Conceituais de Vergnaud que auxiliam os professores no ensino das operações.
O autor aborda que os Campos conceituais são compostos pelas estruturas e classes de
determinados problemas. Assim, um campo conceitual é formado por esquemas que são
definidos como: [...] a organização invariante da conduta para uma classe de situações dadas.
(VERGNAUD, 1990, p134). Desse modo, os esquemas são os processos mentais que
realizamos para resolver uma determinada situação.
Em uma situação, na qual sabemos que 1 carro possui 4 rodas. Sabe-se que 3 carros
podem ter?

Carro Roda
(x4)
1 4
(x3) (x3)
(x4)
3 ?

Os esquemas permitem a formação de conceitos, que são formados pela tríade: S conjunto
de situações, I, invariantes operatórios e R diferentes representações .
Vergnaud (1990) aprofundou seus estudos em dois campos conceituais: o aditivo e o
multiplicativo, cada um apresentando uma classe de situações que devem ser estimuladas ao
se ensinar as operações.
No campo conceitual aditivo, temos as situações de transformação positiva ou /e negativas,
combinação de medidas, comparação e composição de transformações.
Para o campo conceitual multiplicativo, temos multiplicação, divisão por partes, divisão por
cotas e quarta proporcional.

Saiba Mais
Vamos ler dois textos sobre o campo conceitual aditivo e multiplicativo e suas
classes de situações, pensando em quais estratégias posso utilizar em sala de aula
com meus alunos. Para tanto, acesse os links abaixo:
http://www.magiadamatematica.com/uss/pedagogia/24-teoria-3-campo-aditivo.pdf
http://www.magiadamatematica.com/uss/pedagogia/25-teoria-4-campo-multiplicativo.pdf

Assim sendo, diante dessas reflexões, iniciais sobre as diferentes situações dos campos
conceituais, veremos algumas possibilidades de como desenvolver o ensino das operações
com os alunos.

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Expectativas de aprendizagem

Como visto na unidade anterior, as expectativas de aprendizagem foram criadas com o


intuito de auxiliar os docentes para que tivessem uma diretriz de quais conteúdos devem ser
ensinados na disciplina de matemática. Especificamente, apresentaremos, nessa seção, os
conteúdos que envolvem o ensino das operações.
Mostraremos uma das possibilidades de expectativas de aprendizagem baseada nos
documentos federais Parâmetros Curriculares Nacionais para o terceiro e quarto ciclo , além
das orientações para o ensino médio. Os conteúdos para cada ano são:

6º ano do Ensino 7º ano do Ensino 8º ano do Ensino 9º ano do Ensino


Fundamental Fundamental Fundamental Fundamental
Operações Operações Potenciação Potenciação e radiciação em R
Números Decimais Números Racionais Propriedades para expoentes – Álgebra
Operações Sistemas de medida Operações com decimais e inteiros Equações de 2ºgrau: resolução
frações Problemas de contagem e problemas – Funções
Operações dos números decimais
Operações com números Expressões algébricas Noções básicas sobre função
Calculo de área por composição e
decomposição negativos Equivalências e transformações A ideia de variação
Proporcionalidade Produtos notáveis Construção de tabelas e
Variação de grandezas direta ou gráficos para representar
Fatoração algébrica – Equações funções de 1º e de 2º graus
inversamente proporcionais
Resolução de equações de 1º grau
Conceito de razão
Sistemas de equações e
Porcentagem resolução de problemas
Razões constantes na Geometria: Inequações de 1º grau
Construção de gráficos de setores
Problemas envolvendo
probabilidade

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Unidade: Possibilidade para o ensino das operações

1º ano do Ensino Médio 2º ano do Ensino Médio 3º ano do Ensino Médio


Proporcionalidades: direta, inversa, direta Matrizes: significado como tabelas, Números complexos: operações e
com o quadrado. características e operações. representação geométrica.
Funções Resolução e discussão de sistemas Equações algébricas e números
lineares: escalonamento complexos
Relação entre duas grandezas
Números Equações polinomiais
Proporcionalidades: direta, inversa, direta
com quadrado. Análise combinatória e probabilidade Números complexos: operações e
representação geométrica.
Função de 1º grau Análise combinatória e probabilidade
Teorema sobre as raízes de uma equação
Função de 2ºgrau Princípios multiplicativo e aditivo polinomial
Funções exponencial e logarítmica. Probabilidade simples Relações de Girard
Crescimento exponencial Arranjos, combinações e permutações. Estudo das funções
Função exponencial: equações e Probabilidade da reunião e/ou da Qualidades das funções
inequações. intersecção de eventos.
Gráficos: funções trigonométricas,
Logaritmos: definição e propriedades. Probabilidade condicional exponencial, logarítmica e polinomiais.
Função logarítmica: equações e Distribuição binomial de probabilidades: Gráficos: análise de sinal, crescimento e
o triângulo de Pascal e o binômio de taxa de variação.
Inequações. Newton
Composição: translações e reflexões.
Inversão

Tais expectativas demonstram os conteúdos básicos para cada respectivo ano. No


entanto, vemos a necessidade de aprofundar algumas das operações apresentadas a seguir
nas próximas seções.

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Adição

Estudamos nas unidades anteriores sobre a história dos números que sua correspondência
é biunívoca. Assim, o princípio da adição é a contagem.
Se perguntarmos “quanto é 2+3”. Logo, responderemos utilizando os axiomas de Peano,
os quais propõem que o conceito de sucessor nos promove a compreensão da adição.
Assim, partimos do 2 e contamos o seus sucessor 3 vezes.

2 3 4 5

Vemos, com isso, como funciona o Sistema de Adição. No entanto, quando temos um
número maior, devemos elaborar um meio de fazê-lo, para que não haja um desgaste mental.
Para isso, Caraça (1989) chama de princípio geral da economia de pensamento. Com isso, os
humanos criaram técnicas operatórias chamadas de algoritmos.

Você sabia que a palavra algoritmo tem origem no nome


Al Khowarizmi, retirado de um livro chamado Livro da
Você sabia? Adição e da Subtração, segundo o cálculo dos indianos?

Vemos ainda que alguns instrumentos foram criados para facilitar o cálculo de mercadorias,
sendo um deles o ábaco.
Importante destacar que o ábaco foi utilizado para facilitar o cálculo com números maiores.

Além disso, o ábaco auxilia a formar agrupamentos de dez em dez, ajudando ainda no
reconhecimento do valor posicional do número. Assim, para somar ou subtrair é preciso
realizar trocas. Portanto, o ábaco é um material que auxilia o aluno a compreender o sistema
posicional da adição e subtração.

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Unidade: Possibilidade para o ensino das operações

Outro material utilizado é o material dourado que também auxilia o aluno a compreender
as operações, agrupando as quantidades de dez em dez. Este material foi criado por Maria
Montessori, possuindo quatro tipos de peças:

Cubo Placa Barra Cubinho


1 milhar ou 1 centena ou 1 dezena ou 1 unidade
10 centenas ou 10 dezenas ou 10 unidades
100 dezenas ou 100 unidades
1000 unidades
Há ainda a utilização dos quadrados mágicos, nos quais todas as somas das linhas devem
dar o mesmo número, assim como o Sudoku que possui suas origens no quadrado mágico.

Explore: Explore o livro Malba Tahan – Maravilhas da Matemática.

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Subtração
A subtração é a operação inversa da adição, pois algebricamente a+b=c, a-c=b. Suas
denominações incluem: minuendo, subtraendo e diferença ou resto.
Sabemos, ainda, que os materiais utilizados no ensino da adição podem ser usados para o
ensino da subtração, pois é possível com eles fazer o agrupamento e o desagrupamento.
Podemos falar o mesmo para a subtração na Teoria dos Campos Conceituais que possui
estreita relação com o Campo Conceitual Aditivo relatado na seção anterior.

Multiplicação
A multiplicação pode ser resultado também da adição. Um exemplo disso é quando queremos
somar muitas parcelas iguais como: 3+3+3=. No entanto, quando se quer saber a multiplicação
de um número maior, realize a multiplicação, utilizando-se, para isso, a soma pode se tornar
desgastante. Por isso, o homem criou a representação de 3X3, com o intuito de demonstrar o
multiplicador e o multiplicando.
A multiplicação possui como propriedades: a comutativa, a associativa, o elemento neutro,
anulamento e a distributiva. Destaca-se que conhecer as propriedades permitem que possamos
compreender mais os algoritmos.
Neste tópico sobre a multiplicação, há uma forte discussão sobre a memorização ou não da
tabuada. Há pesquisadores que a defendem, pois auxilia no rápido cálculo mental que poderá
ser utilizado em situações do cotidiano e há outros que contrapõem, pois relatam a importância
do aluno compreender como multiplica e se dá os resultados.
Entre os recursos, que podem auxiliar no ensino da multiplicação, está a Tábua de Pitágoras,
que consiste no preenchimento da primeira linha e da primeira coluna com os números de 1 a 9.
X 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
3 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30
4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40
5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
6 0 6 12 18 24 30 38 42 48 54 60
7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70
8 0 8 16 24 32 40 48 56 64 72 80
8 0 9 18 27 36 45 54 63 72 81 90
10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

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Unidade: Possibilidade para o ensino das operações

Outro modo é o ensino da multiplicação por decomposição. Um exemplo é quando temos


23X12 , podemos resolver 23X1 e 23 X 2 e depois somar os resultados.
Há ainda o método hindu que compõem realizar a multiplicação pela quadriculagem:

5 3 2

5 5 5 0 0
2 1 1
5 1 4
7 3 2 1 0

3 9 9

Divisão

Assim como a subtração é o inverso da adição, a divisão é o inverso da multiplicação.


Com isso, sabendo que b.c=a , na divisão a:c=b. Portanto, chamamos de dividendo, divisor e
quociente.
Para a resolução da divisão, podem-se utilizar as seguintes estratégias:
• Por multiplicação, até se obter o resultado;
• Por subtrações sucessivas; e
• O tradicional método chave.

Assista ao vídeo sobre o método de multiplicação e divisão


dos egípcios.
http://www.matematica.br/historia/multdiveg.html

Do mesmo modo que o campo conceitual aditivo refere-se ao estudo de situações que
envolvem adição e subtração, o campo conceitual multiplicativo envolve situações da
multiplicação e divisão abordadas na seção anterior.

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Potencialização

A potenciação é a multiplicação de parcelas iguais. Define-se, então, que an= a.a.a.a....


Assim, o número que se repete é chamado de base e a quantidade de fatores, expoente. Com
isso, a potenciação não é comutativa, uma determinando a base e a outra determinando o
expoente.
Um dos métodos para se calcular a potenciação é o método de Pitágoras. “O quadrado
de um número inteiro n é igual à soma dos n primeiros números inteiros ímpares.” (
PITÁGORAS, VI AC)
Vemos assim que : 52 = 1 + 3 + 5 + 7 + 9 = 5 x 5 = 25 (n = 5)

Radiação

A radiciação é a operação para se descobrir a base, um exemplo disso é b= na. Para tanto, b
é considerado quadrado, cubo, quarta potência ou quinta potência.
Na radiciação, temos a potenciação de radicais...

( 2)3 = 23
e a divisão dos radicais.
4 4
=
9 9

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Unidade: Possibilidade para o ensino das operações

Logaritmização

A logaritmização determina o expoente, sendo b= an temos n= logab. Assim, sabemos


que ao inverter não se pode ter 0 e 1 , pois ao calcular-se utilizando esses números, seriam
eles mesmos.

O Ensino de Álgebra
Para que a introdução à álgebra seja natural, é preciso questionar
conhecimentos aritméticos e mostrar como eles são usados nas
Para pensar
equações: https://goo.gl/V2Rgfs

Observando a importância materiais recicláveis e jogos, para se ensinar as operações,


apresentamos na próxima seção algumas atividades.

Atividades com Materiais Recicláveis

As atividades descritas nessa seção são algumas das possibilidades para se ensinar as
operações, utilizando-se diversos materiais.
Smole, Diniz e Milani (2007) relatam muitos jogos que podem ser utilizados para se ensinar
operações. Uma das sugestões é o bingo das operações que é feito com:
• caixas de cereais ou papelão para confecção das cartelas com operações matemáticas;
• 60 Tampas de garrafas PET (média);
• 02 garrafas PET;
• 01 caixa de sapato, jornal, régua, canetinhas, fita adesiva e grão para a marcação.

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O bingo joga-se do mesmo modo que um bingo convencional, com a exceção que os alunos
devem acertar os resultados.

BINGO
8-6 18:6 20+20 6x7 36:6

14+3 8+7 7x8 90:9 25+7

2x4 23-11 15-6 8-3 4x9

Outro jogo interessante relatado pelas autoras é o dominó de equações, o qual pode ser
feito com papel ou material reciclado, possuindo 40 peças. No jogo, cada peça possui uma
equação e suas possíveis soluções. As peças devem ser encaixadas adequadamente como no
dominó convencional.

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Unidade: Possibilidade para o ensino das operações

Material Complementar

Livros:
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
matemática/Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
Ensino Médio / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 2000.
CENTURION, M. Números e Operações, Série Didática Editora Scipione,1994.
LORENZATO, Sérgio Aparecido. Laboratório de ensino de matemática e materiais
didáticos manipuláveis. In: LORENZATO, Sérgio (org.). O Laboratório de ensino
de matemática na formação de professores. Campinas: Autores Associados, 2006.
TOLEDO M. e TOLEDO M., Didática da Matemática como dois em dois a
construção da Matemática. FTD.

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Referências

DIAS, Marisa da Silva. Números e Operações: elementos lógico-históricos para atividade


de ensino. Curitiba, InterSaberes, 2012.

MUNHOZ, Maurício de Oliveira. Propostas metodológicas para o ensino de matemática.


Curitiba, InterSaberes, 2013.

PIRES, Célia Maria Carolino. Números Naturais e Operações. São Paulo: Editora
Melhoramentos, 2013.

SMOLE, K. S. DINIZ e MILANI Jogos de matemática de 6º a 9º ano Série Cadernos do


Mathema – Ensino Fundamental- Porto alegre: Artmed, 2007.

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Anotações

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