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Acadêmica: Solibel Cristina Alves dos Santos RA: 132509 8º Termo B

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA-SC

RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO


Apelante: Luiz Flavio
Apelado: Virginia Jandaia
Processo nº. (...)
Origem: 1ª Vara Cível da Comarca de Balneário do Camboriú- SC

Egrégio
Colenda Câmara
Nobres Desembargadores

I-DA TEMPESTIVIDADE E DO CABIMENTO

O presente recurso é tempestivo, uma vez que apresentado dentro do prazo legal
previsto no artigo 1.003, parágrafo 5º do CPC, posto que a sentença foi publicada no dia
14/09/2018, sendo que o prazo para interposição de recurso de apelação é de 15
(quinze) dias.

II- DAS PRELIMINARES

A)LITISPENDÊNCIA

A exceção de litispendência visa a impedir a duplicidade de causas sobre um só


litígio. Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação
anteriormente ajuizada (art. 301, § 1º - CPC). 
Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso pendendo de
julgamento; ... (art. 301, § 3º - CPC). 
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Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de
pedir e o mesmo pedido (art. 301, § 2º - CPC), requisito necessário para haver
litispendência.

É justamente pelo sigilo da segurança jurídica, que aqui invocamos o


reconhecimento da litispendência, pois é forma que a nossa sociedade é regida através
de normas jurídicas estabelecidas, a fim de blindar conflitos processuais no judiciário,
com demandas repetitivas, ou seja a mesma causa de pedir, as mesmas partes e o
mesmo pedido.

III – BREVE SÍNTESE DO PROCESSO

Ocorreu que a Apelada Virginia Jandaia, teve seu carro abarroaldo pelo
Apelante Luiz Flavio, quando a mesma parou antes da faixa de pedestre, e o mesmo
não prevendo tal evento, pois não havia ninguém aguardando para atravessar a faixa de
pedestre, acabou por colidir com a mesma, vindo a mesma a ter sua perna direita
amputada, diante dos fatos expostos a apelada ingressou com ação, pleiteando
indenização no valor de R$10.000,00 (dez mil reais), pelos danos materias e
R$50.000,00(cinquenta mil reais) referente danos morais, gastos com remédios junto a
1ªVara Cível de Balnéario do Camboriú.
Porém a apelada já havia ingressado com a mesma ação na 4ª Vara Cível de
Balnéario do Camboriú-SC, e o processo aguardava a réplica, porém nao se justificando
o ingresso de uma nova ação, mesmo pedido, mesma causa de pedir e as mesmas partes.
Entretanto na peça de defesa, foi arguido sobre a litispência com fulcro na
extinção da ação sem análise do mérito, portanto Luiz ainda requereu a indenização
pelos prejuízos que obteve alegando que o ônus da culpa nao foi sua, pois na ocasião do
acidente, a apelada de forma imprudente parou na faixa de pedestres, sendo que naquele
momento não havia ninguém no local indicado para atravessar, neste contexto foi
requerido a produção de provas testemunhal.
Neste sentido, a sentença foi prolatada, sem apreciar os pedidos da defesa, como
produção da prova testemunhal, extinção do processo sem resolução do merito e
afirmou que o réu deveria ter formulado seu pleito indenizatorio pro ação autonoma. O
Juiz julgou antecipadamente a lide, por entender que a matéria é de ordem
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exclusivamente de direito, condenando o réu ao pagamento de R$20.000,00 (vinte mil


reais) a título de honorário advocaticios.

IV – RAZÕES DA REFORMA ou DA CASSAÇÃO

1.1 Da rejeição da preliminar da litispendência

A r. Sentença está em desacordo o disposto no art. 337, VI, §§ 1°, 2° e 3º,


NCPC, rejeitando o pedido de extinção do processo sem a resolução do mérito. De
acordo com referido diploma é claro ao conceituar a litispendência, afirmando que esta
ocorre quando há ação idêntica à outra, idêntica no sentido de ter as mesmas partes, a
mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
A matéria foi devidamente arguida na contestação e equivocadamente rejeitada,
já que o art. 485, V, do NCPC regula que a litispendência dá causa à extinção pleiteada,
razão pela qual a sentença merece ser reformada.

Neste diapasão verificamos o entendimento do doutrinador Marcus Vinicius


acerca de litispendência:

A citação válida induz litispendência, o que é relevante quando houver a


propositura de ações idênticas, em juízos diferentes. Uma delas haverá de
ser extinta sem resolução de mérito, por força do disposto no art. 485, V, do
CPC. Para se decidir qual, é preciso verificar em qual delas se verificou a
primeira citação válida. Esta prevalecerá, a outra será extinta. (Gonçalves,
Marcus Vinicius Rios Direito processual civil esquematizado® / Marcus
Vinicius Rios Gonçalves. – 8. ed. – São Paulo: Saraiva, 2017.p.456)

No entendimento do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, neste sentido:

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO


ACIDENTÁRIA. ACIDENTE DE TRABALHO. LITISPENDÊNCIA.
OCORRÊNCIA. EXTINÇÃO DO PROCESSO. A litispendência ocorre
quando se reproduz ação anteriormente ajuizada que está em curso, em que
sejam idênticas as partes, causa de pedir e pedido. Situação dos autos resta
evidenciada a litispendência, considerando a tramitação de anterior ação
em que o autor postula benefício de natureza acidentária, com base no
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mesmo fato jurídico que ampara a presente ação, e tendo em vista a


aplicação do princípio da fungibilidade nas ações acidentárias.
RECONHECIDA A LITISPENDÊNCIA. PROCESSO EXTINTO. (Agravo de
Instrumento Nº 70074059197, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Tasso Caubi Soares Delabary, Julgado em 11/10/2017)

1.2 Do julgamento antecipado do mérito

Ao proferir a sentença sem a instrução do processo, o juiz deixou de apreciar o


pedido de extrema importância, de ouvir testemunhas em uma causa que depende desse
meio de prova para elucidação. A matéria abordada na lide é, claramente, de FATO,
sendo necessária a instrução do processo para oitiva de testemunhas comprobatórias dos
fatos, com respaldo no artigo 355, I, do Novo Código de Processo Civil. Portanto o juiz
equivocou-se ao julgar antecipadamente o mérito.
É notório que, a r. sentença deve ser anulada, uma vez que não houve instrução,
tendo cerceado o direito de defesa do apelante, que se fundamenta no princípio da
ampla defesa, pois não teve a oportunidade de apresentar provas testemunhais, visto que
a matéria é não somente de direito como também de fato e o magistrado só teve como
base para julgamento os documentos acostados nos autos pela autora e pelo réu.

Conforme o doutrinar Marcos Vinicius Rios, ele esclarece a necessidade da


prova testemunhal:

Um exemplo ajudará a clarificar a diferença: a prova testemunhal é um


meio de prova; determinada testemunha, que tenha presenciado um fato
relevante para o processo é uma fonte de prova. Deve haver uma correlação
direta entre uma fonte e um meio de prova. Uma informação só poderá ser
obtida de uma fonte se isso se enquadrar entre os meios de prova.
( Gonçalves, Marcus Vinicius Rios Direito processual civil esquematizado /
Marcus Vinicius Rios Gonçalves. – 8. ed. – São Paulo : Saraiva, 2017.p.658)

Segundo entendimento da jurisprudência em relação a prova testemunhal:

Ementa: RECURSO INOMINADO. EMBARGOS DE TERCEIRO.


PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA ACOLHIDA. PROVA DE
MÁ-FÉ QUE PODE SER ALCANÇADA POR PROVA ORAL. PEDIDO
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CONTIDO NA CONTESTAÇÃO DE DEPOIMENTO PESSOAL


E PROVATESTEMUNHAL. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E
JULGAMENTO QUE FOI SUPRIMIDA. NULIDADE QUE PROVOCA A
DESCONSTITUIÇÃO DA SENTENÇA, IMPONDO-SE OPORTUNIZAÇÃO
DA PROVA POSTULADA. RECURSO PROVIDO. (Recurso Cível Nº
71007673817, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator:
Luis Antonio Behrensdorf Gomes da Silva, Julgado em 19/09/2018)

1.3 Da rejeição ao pedido contraposto e procedência total dos pedidos da autora

O juiz, equivocadamente, rejeitou o pedido contraposto, afirmando que o


apelante deveria ter formulado seu pleito indenizatório por meio de ação autônoma, e
não na contestação apresentada, ignorando o fato de que o processo segue em rito
sumário, e o mesmo permite a formulação de pedido contraposto.
Ademais, o novel juiz, a margem de qualquer instrução, julgou totalmente
procedentes os pedidos da autora, cerceando mais uma vez o direito de defesa do
apelante, motivo pelo qual deverá ser a r. Sentença totalmente reformada.

1.4 Da condenação excessiva aos honorários de sucumbência

Os honorários de sucumbência são devidos consoante dispõe o art. 85 do Novo


Código de Processo Civil. Porém, o §2º do mesmo artigo impõe que os honorários
sejam fixados no limite mínimo de 10% e máximo de 20% do valor da condenação, o
que não ocorreu no caso, uma vez que o r. Juiz condenou o apelante no valor de
R$20.000,00 (vinte mil reais), o que denota a urgente reforma da sentença nesse tocante
nos limites legais previstos na lei formal.

V –DOS PEDIDOS

Em virtude do exposto, o Apelante requer que o presente recurso de


apelação seja CONHECIDO e, quando de seu julgamento, seja totalmente PROVIDO
para:
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a) Seja recebido e processado o presente Recurso de Apelação, tendo em vista o


preenchimento dos requisitos de admissibilidade.

b) Seja recebido nos seus regulares efeitos devolutivo e suspensivo.

c) reformar a sentença no sentido de extinguir o processo sem resolução do mérito por


litispendência; ou

d) subsidiariamente, anular a sentença com o consequente retorno dos autos ao juízo a


quo para a realização da devida instrução; ou

e) caso não seja o entendimento desta Corte, reformar a sentença no sentido de que são
totalmente improcedentes os pedidos da apelada; ou

f) salvo ainda melhor juízo, reformar a sentença no sentido de fixar os honorários


sucumbenciais dentro dos limites legais.

Termos em,
Pede deferimento.

Balnéario do Camboriú-SC, 05 de Outubro de 2018

SOLIBEL CRISTINA ALVES DOS SANTOS


OAB nº132509

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