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O texto de Ortega e o de Kohan, vem com o intuito de nos provocar

experiências que transformem a relação que temos com o ensino de filosofia, que
incomodem o que há de verdade adormecida quando pensamos sobre o ensino de
filosofia, e de modo mais direto, quando ensinamos filosofia. Qual filosofia ensinar?
Para que fazê-lo? E não se pretende propiciar respostas conclusivas a favor ou contra a
filosofia. Ao contrário, busca-se mudar a relação com uma verdade apenas afirmativa
ou negativa, defesa ou condenatória; busca-se pensar diversas formas de conceber a
filosofia e uma pluralidade de sentidos para ensiná-la. Walter Kohan em seu texto faz
uma série de perguntas incômodas, que precisam ser feitas à filosofia.
Nos últimos anos tem havido analises, estudos, debates, e posicionamentos a
respeito da Filosofia com a Educação. Afirma-se inicialmente que a filosofia oferece
elementos formativos para o ser humano, seja quando acessa produções filosóficas,
seja quando se dá ao trabalho do filosofar dialogando com estas produções filosóficas.
Formação humana e filosofia? Papel formativo da filosofia?
Formação tem a ver com formar, com forma. É dar forma a algo. No caso dos
seres humanos pode e julgamos que se deva falar em dar uma forma no conjunto das
relações humanas. No âmbito da Filosofia não são raras as reflexões sobre a educação
vista, com frequência, como formação. O homem é a única criatura que precisa ser
educada. Ele é aquilo que a educação dele faz. Pensando assim o ser humano precisa
da educação, é ela que o faz humano: a educação o forma; ela o constitui como
humano; é aquilo que a educação dele faz.
É antiga, e permanece, a discussão sobre forma e sua noção: desde a ideia
platônica de essência. Platão Em A República, afirma que, a filosofia é um campo de
estudo que tem como conteúdo um bem transcendental, que os governantes devem
conhecer para instaurar, com legitimidade, uma polis justa (A república, V-VII).
A pergunta para que ensinar filosofia? Interessa não só filósofos, mas também a
educadores. No século XVI Montaigne disse que filosofia deve ser uma matéria na
educação dos pequenos para formar pessoas mais inteligentes, felizes e ajuizadas,
mais livres de espírito.
Ainda em nosso século, a pergunta para que ensinar filosofia? Tem se
multiplicado. Um caso interessante resulta na ênfase que muitas dessas respostas
concedem à palavra "crítica". Constatamos que, em diversas tradições, o ensino da
filosofia está ligada a formação de uma consciência ou capacidade crítica.
Na tradição analítica, ela está associada, frequentemente, ao desenvolvimento
de certas habilidades de pensamento, no pragmatismo está ligada um julgar com
Critério, um apreciar com cuidado. A consciência crítica é entendida como oposição a
naturalização das ideias, saberes e valores dominantes. No Marxismo de nossos dias,
está usualmente ligada a transformação do mundo, por em questão as evidências, um
trazer a luz.
 

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