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André Saddy
Pós-Doutor pelo Centre for Socio-Legal Studies da Faculty of Law da University of
Oxford. Doutor Europeu em “Problemas actuales de Derecho Administrativo” pela
Facultad de Derecho da Universidad Complutense de Madrid, com apoio da Becas
Complutense Predoctorales en España. Mestre em Administração Pública pela Faculdade
de Direito da Universidade de Lisboa, com apoio do Programa Alßan, Programa de Bolsas
de Alto Nível da União Europeia para América Latina. Pós-graduado em Regulação
Pública e Concorrência pelo Centro de Estudos de Direito Público e Regulação (CEDIPRE)
da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Professor da Faculdade de Direito,
do Mestrado em Direito Constitucional e do Doutorado em Direitos, Instituições e
Negócios da Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor do Departamento de
Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Vice-Presidente
do Instituto de Direito Administrativo do Rio de Janeiro (IDARJ). Diretor-Presidente do
Centro de Estudos Empírico Jurídico (CEEJ). Idealizador e Coordenador do Grupo de
Pesquisa, Ensino e Extensão em Direito Administrativo Contemporâneo (GDAC)
vinculado à UFF. Consultor e parecerista. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-3928-0658 andresaddy@yahoo.com.br
Sumário:
Introdução
O objetivo deste trabalho é analisar quais são as principais pessoas que possuem esta
incumbência. Para tanto, estabeleceu-se como hipótese da pesquisa a afirmação de que
não apenas as agências reguladoras regulam o mercado.
Para atingir tal objetivo, fez-se, a princípio, uma análise relativa à regulação como forma
de intervenção do Estado, para, em seguida, estabelecer o conceito técnico-jurídico de
regulação. Após definido, delimita-se tal concepção à atividade administrativa regulatória
para só então tratar daqueles que têm incumbência desta atividade regulatória.
A ideia de regulação, mais frequentemente utilizado pela doutrina brasileira, afirma ser
esta uma forma de intervenção do Estado no comportamento econômico das empresas
privadas.
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Vital Moreira , apoiado nas lições de Hans D. Jarass, enumera três grandes linhas de
concepções sobre o conceito de regulação:
“característica de certo modelo econômico, aquele que o Estado não assume diretamente
o exercício de atividade empresarial, mas intervém enfaticamente no mercado utilizando
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Incumbência da atividade administrativa regulatória
Ora, apesar de ser esse o entendimento majoritário não é ele o único existente. Essa
concepção majoritária na doutrina nacional evidencia que o termo regulação é amplo,
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com grande fluidez conceitual, ou, como o próprio Vital Moreira esclarece, é um
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megaconceito, um supraconceito. Nesse sentido, Carlos Ari Sundfeld assevera que “o
conceito exato dessa figura é ainda muito incerto e flutuante, inclusive na legislação”. É,
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inclusive, por isso que, segundo Eduardo Paz Ferreira e Luís Silva Morais , existe uma
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considerável controvérsia doutrinal sobre o conceito técnico-jurídico de regulação .
Diante dessa dificuldade conceitual, parece melhor o entendimento que estabelece ser a
regulação uma espécie de interferência pública intencional que limita as escolhas dos
privados e, até mesmo, do próprio poder público.
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Para Julia Black, este também seria o melhor conceito de regulação, ao afirmar que :
“Regulation is the sustained and focused attempt to alter the behaviour of others
according to defined standards or purposes with the intention of producing a broadly
identified outcome or outcomes, which may involve mechanisms of standard-setting,
information-gathering and behavior-modification”.
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Em outro artigo , a autora adiciona a este conceito que “regulation is thus understood
here to be the intentional, goal-directed, problem-solving attempts at ordering
undertaken by both state and non-state actors”.
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Já Barry Barton aduz:
É exatamente esse conceito de regulação que interessa quando se afirma existir uma
atividade ou função administrativa regulatória.
Essa atividade visa orientar o comportamento dos agentes na seara econômica ou social
para resultados que possam beneficiar toda a coletividade.
Designa, portanto, toda e qualquer operação externa pela qual o agente econômico se
vê obrigado a alterar a sua conduta. É toda ação da Administração pública que faz com
que os operadores econômicos e sociais adotem determinados e específicos
comportamentos. Trata-se de uma “interferência” pública intencional nas opções abertas
ao sujeito no desenvolvimento de uma atividade, de um processo de restrição
intencional da eleição.
Diante do exposto, pode-se conceituar atividade regulatória com uma atividade estatal
que busca a restrição intencional da eleição de terceiros por meio de atos imperativos,
incitativos ou indicativos para realizar finalidades públicas, isto é, resultados que possam
beneficiar toda a coletividade.
Atualmente, a atividade regulatória é mais evidente que outrora. Ela sempre existiu, ao
menos nas atividades econômicas. Desde os mais remotos tempos, o controle da
atividade econômica já era praticado. Após o surgimento do Estado intervencionista, tal
ganhou apenas uma feição mais ampla e profunda, dava-se na prestação direta dos
serviços públicos e em menor medida na atuação do privado que exercia essa atividade
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em nome do Estado .
serviços públicos federais o precário arcabouço regulatório era produzido no âmbito das
empresas holdings (TELEBRÁS, ELETROBRÁS) ou de órgãos autárquicos (DNAEE, DNER
etc.), ou mesmo pela própria empresa prestadora dos serviços (como ocorreu até 1977
com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos)”.
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Alexandre Santos de Aragão também dita que
Dessa forma, não é que não existisse uma regulação das atividades privadas antes desse
novo arranjo, pelo contrário, essa existia desde o momento em que a iniciativa privada
passou a atuar em nome do Estado. Inclusive, o modelo regulatório surgiu como
manifestação legítima do Estado em relação ao poder econômico de empresas privadas.
O advento do poder econômico-financeiro da iniciativa privada impôs ao Estado o dilema
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de dominá-lo ou ser, por ele, dominado. Para Bilac Pinto , até mesmo a regulação feita
à época (fixação de preços, fiscalização ou combate aos trusts etc.) era manifestação de
que o Estado não se conformava em ser subjugado pelo poder econômico e que, ao
contrário, dispunha-se a submetê-lo ao seu imperium.
A regulação que se conhecia no Brasil, até há pouco tempo, era realizada pelo próprio
ente estatal (normalmente, empresas estatais, fundações ou autarquias), e este tinha a
incumbência de prestar determinada atividade econômica ou era responsável pelo
planejamento, coordenação, fiscalização e controle da atividade. Algumas vezes, tais
ações eram realizadas pelas empresas holdings, quando estas existiam, mas, em outros
casos, pela própria empresa prestadora da atividade. Pode-se inferir, inclusive, que o
poder concedente e o prestador se confundiam ou invertiam seus papéis porque todas as
organizações envolvidas, afinal de contas, eram públicas.
O problema de dita forma de regular é que tal se pautava em interesses próprios, e não
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nos interesses públicos existentes. Floriano Azevedo Marques Neto afirma que:
“A regulação até então produzida pautava-se muito mais pelos interesses das
operadoras dos serviços que os prestavam em regime de monopólio do que visando a
atingir interesses gerais da coletividade ou mesmo dos usuários dos serviços. Daí por
que poder-se-ia afirmar que a regulação praticada num contexto de forte
intervencionismo estatal direto pautava-se muitos mais por interesses públicos
secundários do que primários [...]”.
É comum observar a fraqueza do marco regulatório dos setores ou segmentos que, por
anos, vivenciaram esse tipo de regulação. A tendência dos participantes de tais
mercados era a abstenção de regular-se devidamente, eventualmente sacrificando
interesses próprios no benefício da coletividade. Não se observava movimento para, por
exemplo, reter expertise dentro do governo ou, quando deficits na prestação do serviço
ocorriam, obrigar estes a serem custeados pela própria empresa, ao contrário, eram
pagos integralmente pelo Estado, ou pior, repassados para consumidores ou usuários. A
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Incumbência da atividade administrativa regulatória
4.2.Administração direta
É certo que tal modelo possui vantagens em relação àqueles em que o próprio ente se
regula, afinal, é uma pessoa externa em comparação ao prestador que impõe, restringe
e permite determinadas condutas. Mas é bem verdade que esse tipo de regulação não
surtia qualquer efeito satisfatório à população. O problema dessa forma de regulação é
que a Administração direta não possui a especialização técnica devida e, pior, tem sua
titularidade exercida por agentes políticos, o que, em muitos casos, ocasiona grande
instabilidade e pouca racionalidade ao mercado regulado. Tal levou a uma incapacidade
de predizer cenários e de desenhar políticas e diretrizes. Em suma, o mercado regulado
pela Administração direta, em geral, fica sem instrumentos de coordenação e de
controle, o que acaba por possibilitar abuso dos prestadores.
Esse novo arranjo político-econômico fez com que a Administração pública passasse a
ter mais uma função administrativa, qual seja: a regulatória, permeia cada uma das
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funções e das atividades administrativas , distinguindo-se delas, porém, por se orientar
através de critérios técnicos e políticos, e não somente por meio de critérios políticos,
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como as demais . A função administrativa regulatória, enfatiza-se, implica uma
tradução técnica dos conceitos imprescindíveis para execução de uma política pública
previamente ditada.
Para levar a cabo esse novo modelo de intervenção regulatória, mostrou-se necessária a
constituição de um tipo específico de autoridade pública com ampla competência,
autoridade, amplitude de poderes, alta especificação técnica, permeabilidade à sociedade
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e, principalmente, independência, autonomia .
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Assim, o Estado brasileiro, de forma inversa ao modelo americano , criou pessoas
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jurídicas novas, com personalidade jurídica de direito público para regular determinados
segmentos da economia, bem como para regular a generalidade dos agentes
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econômicos. Nesse cenário, surgiram autoridades reguladoras independentes .
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Foi com o “Plano Diretor da Reforma do Estado” , visando, entre outros objetivos,
aumentar a capacidade do Estado em intervir efetivamente na sociedade e no mercado,
que se inseriu a figura das autoridades reguladoras independentes, denominadas, no
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Brasil, agências reguladoras .
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Vale ressaltar que a proposta de um regulador independente não é nova. Bilac Pinto ,
em 1941, já sinalizava a necessidade de que os serviços de utilidade pública deveriam
ser submetidos ao regime de “regulamentação” efetiva por “comissões”, com funções
administrativas, jurisdicionais (não deveria haver recurso, quer para os tribunais
ordinários, quer para as autoridades administrativas) e normativas, que deveriam ter
amplos poderes de fiscalização e controle das concessionárias de serviços de utilidade
pública, no que se referisse à contabilidade e à administração e nos assuntos técnicos,
econômicos ou financeiros e, até mesmo, sobre as pessoas jurídicas de qualquer
maneira interessadas (holdings) ou dependentes da empresa concessionária, sujeitando
a violação de dever de lealdade, nas informações prestadas, à responsabilidade penal
das pessoas jurídicas (especialmente definida, de modo a imputar a todos os diretores
das empresas). As chamadas comissões deveriam estar munidas de poderes para
determinar que toda a publicidade, defendendo o ponto de vista das empresas
concessionárias – por meio de livro, jornal, rádio, cinema, panfletos, conferências etc. –,
fosse realizada às claras, com a indicação da sua fonte ou das ligações do autor com as
empresas. Deveria o poder público, ao empreender a regulamentação efetiva por
comissões, tomar todas as providências para a estatização das empresas que
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pretendessem, por meios diretos ou indiretos, impedir a “regulamentação” .
Nesse sentido é de se registrar que a ideia básica originária dessas autoridades era de
criar um órgão administrativo técnico, altamente especializado e, sobretudo, imune às
obrigações e oscilações típicas de um processo político, que, como se sabe, influenciam,
demasiadamente, as decisões de órgãos situados em cada escala hierárquica da
Administração. Por esse motivo, foi concebido um tipo de entidade que, mesmo
mantendo o vínculo com a Administração central, possuísse algum grau de
independência. São, portanto, órgãos públicos com autoridade, exercendo funções
típicas de Estado (autoridade), voltados para o exercício da função de regulação
(reguladores) e caracterizados pela independência (independentes).
Mesmo tendo sido essa a escolha estatal, fato é que tal modelo não teve uma
implementação simples, afinal, houve a transição de uma atividade tradicionalmente
desempenhada pela Administração direta para a indireta. Segundo Alexandre de Moraes
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:
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de agência reguladora para o ordenamento jurídico-administrativo brasileiro .
“[...] o modelo brasileiro ainda está em fase de formação, logo se encontra em processo
de mutação, pois, há no momento projeto de lei tramitando no Congresso Nacional
propondo alterações. Portanto, o modelo de agências reguladoras ainda não está
consolidado no arcabouço legal brasileiro. Além disso, perseveram entre os
doutrinadores pátrios grandes divergências acerca da forma recomendável de atuação
das agências reguladoras”.
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Segundo Bilac Pinto , a regulação realizada diretamente pelo poder público somente
poderia ter aplicação satisfatória nos regimes de prestação direta dos serviços públicos,
fossem esses prestados por empresas estatais ou pela Administração direta ou
autárquica. No mesmo sentido, tem-se Floriano de Azevedo Marques Neto, que se
manifestou pela não obrigatoriedade da existência de entidade regulatória independente
(agência) nos casos em que os serviços forem prestados por órgão da Administração
indireta do ente titular.
“Com relação ao serviço prestado pela Administração direta, seria mesmo irrazoável
submetê-lo a uma regulação independente. Porém, no caso de descentralização, mesmo
que para ente da Administração indireta, é de rigor que se crie um ente específico para
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exercer a regulação, pelas razões que já anunciamos” .
Por conseguinte, a delegação de tarefas de um principal para outro ente é algo intrínseco
à opção de transferência de atribuições, dado que o principal – na verdade, aquele que
tem interesse na realização da tarefa delegada – percebe que há ganhos de eficiência e
de especialização advindos da delegação.
Portanto, não importa a natureza do operador. Da mesma forma que poderá haver uma
empresa privada prestando indiretamente os serviços, também será possível que uma
empresa estatal ou uma autarquia opere diretamente o serviço. O que se buscará
regular não é a entidade que o presta, mas sim o segmento ou setor de uma
determinada atividade econômica. Logo, por mais que as agências reguladoras tenham
surgido como instrumentos de intervenção indireta do Estado em áreas não operadas
diretamente por este, sua existência é decorrência de mudança de paradigma de um
Estado produtor e provedor de produtos e serviços de infraestrutura para um chamado
Estado regulador, que ainda está em transformação e, por isso, nada impede que as
ditas entidades sejam utilizadas para regular a prestação direta do serviço público.
Conclusão
Com o passar dos anos, essa concepção abstencionista do Estado foi sendo substituída
por um modelo intervencionista, para garantir o seu funcionamento adequado, suprindo
as insuficiências ou falhas de mercado (market failures), bem como para satisfazer
objetivos sociais. Assumiu-se, portanto, a ideia de imprescindibilidade da intervenção
direta do Estado para garantir a dignidade social e uma atividade econômica equilibrada.
Desde então, toda atividade econômica passou a estar sujeita, em maior ou menor grau,
à regulação estatal, variando apenas a intensidade e a profundidade da incidência
regulatória. Isso não significa que, no modelo abstencionista, o Estado não se fizesse
presente. Na verdade, a função regulatória do Estado confundia-se em certa medida,
durante esse período, com o exercício do poder de polícia estatal (segurança, higiene,
condições de trabalho, bem-estar do público, interesse social, entre outros).
Percebe-se, com isso, que o forte período estatizante atravessado por muitos Estados,
no final do século XX, levou à hipotrofia da função reguladora e fez com que surgisse
uma nova forma de regulação, a regulação por meio da autoridade reguladora
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Referências
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Regulation, London School of Economics and Political Science, 2002. (Discussion Paper
4).
BLACK, Julia. Regulatory conversations. Journal of Law and Society, Oxford, v. 29, n. 1,
p. 163-196, mar. 2002.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parceria na administração pública. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 1999.
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
JUSTEN FILHO, Marçal. O direito das agências reguladoras independentes. São Paulo:
Dialética, 2002.
LUCIA, Luca de. La regolazione amministrativa dei servizi di pubblica utilità . Torino:
Giappichelli, 2002.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:
Malheiros, 2001.
MELO, Luiz de Anhaia. O problema econômico dos serviços de utilidade pública. São
Paulo: Prefeitura do Município de São Paulo, 1940. In: PINTO, Bilac. Regulamentação
efetiva dos serviços de utilidade pública. Rio de Janeiro: Forense, 1941.
PINTO, Bilac. Regulamentação efetiva dos serviços de utilidade pública. Rio de Janeiro:
Forense, 1941.
PROSSER, Tony. Law and the regulators. Oxford: Clarendon Press, 1997.
SUNDFELD, Carlos Ari. Direito administrativo econômico. São Paulo: Malheiros, 2000.
SUNDFELD, Carlos Ari. Serviços públicos e regulação estatal. In: SUNDFELD, Carlos Ari
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5 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2006. p. 465.
6 SUNDFELD, Carlos Ari. Serviços públicos e regulação estatal. In: SUNDFELD, Carlos Ari
(Coord.). Direito Administrativo Econômico. São Paulo: Malheiros/SBDP, 2000. p. 23.
9 SUNDFELD, Carlos Ari. Direito administrativo econômico. São Paulo: Malheiros, 2000.
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p. 32.
12 BLACK, Julia. Critical reflections on regulation. London: Centre for Analysis of Risk
and Regulation, London School of Economics and Political Science, 2002. (Discussion
Paper 4). p. 20.
13 BLACK, Julia. Regulatory conversations. Journal of Law and Society, Oxford, v. 29, n.
1, mar. 2002, p. 163-170.
15 PROSSER, Tony. Law and the regulators. Oxford: Clarendon Press, 1997. p. 3-7.
19 JUSTEN FILHO, Marçal. O direito das agências reguladoras independentes. São Paulo:
Dialética, 2002. p. 30.
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Esses monopólios eram processos de se obter resultados sociais. Nessas empresas está
em germe a nossa noção moderna de empresa de serviços de utilidade pública.
O novo evangelho é o livro de ADAM SMITH – The Wealth of Nation – de 1776, que
representa a revivescência do pensamento estóico da existência de leis naturais.
A interferência artificial dos governos era um mal e para corrigi-lo era mister voltar ao
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Estas ideias não podiam deixar de ter repercussão no campo dos serviços de utilidade
pública, mas apenas serviram de test dos méritos do sistema restritivo. Os males da
competição, no campo dos serviços à utilidade pública exigiram de novo monopólio e
controle rigoroso do Estado sobre todos eles” (MELO, Luiz de Anhaia. O problema
econômico dos serviços de utilidade pública. São Paulo: Prefeitura do Município de São
Paulo, 1940. In: PINTO, Bilac. Regulamentação efetiva dos serviços de utilidade pública.
Rio de Janeiro: Forense, 1941. p. 8).
31 Chama-se assim por entender ser a forma genérica para os diversos nomes que se dá
a esse ente. Nos Estados Unidos da América, são chamadas de independent regulatory
commissions; no Reino Unido, de regulatory agencies, na França; autorités
administratives independantes; na Itália, de autorità indipendenti; e, na Espanha, de
comisiones reguladoras. Para uma visão genérica de cada um desses modelos, vide:
FORURIA, Eduardo Vírgala. La Constitución y las comisiones reguladoras de los servicios
de red. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 2004.
35 Para Celso Antônio Bandeira de Mello, “Em rigor, autarquias com funções reguladoras
não se constituem em novidade alguma. O termo com que ora foram batizadas é que é
novo no Brasil. Apareceu ao ensejo de tal ‘Reforma Administrativa’, provavelmente para
dar sabor de novidade ao que é muito antigo, atribuindo-lhe, ademais, o suposto
prestígio de ostentar uma terminologia norte-americana (‘agência’). A autarquia
Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE, por exemplo, cumpria
exatamente a finalidade ora irrogada à ANEEL, tanto que o Art. 31 da lei transfere à
nova pessoa todo o acervo técnico, patrimonial, obrigações, direitos e receitas do
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DNAEE.” (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 13. ed.
São Paulo: Malheiros, 2001. p. 133-134).
Entendimento diverso tem Maria Sylvia Zanella Di Pietro, para quem “As agências
reguladoras constituem novidade no direito brasileiro, introduzida para assumir o papel
que, na concessão, era antes desempenhado pela própria Administração Pública direta,
na qualidade de poder concedente; o mesmo papel é assumido na permissão e na
autorização” (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parceria na administração pública. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 1999. p. 130).
36 MORAES, Alexandre de. Agências reguladoras. São Paulo: Atlas, 2002. p. 21.
39 PINTO, Bilac. Regulamentação efetiva dos serviços de utilidade pública, cit., p. 34.
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