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C A D E R N O

ESTUDO

EDUCAÇÃO AUTORA:

AMBIENTAL E ANGÉLICA CAVALETT

SUSTENTABILIDADE
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca da Faculdade Avantis
Aline M. d’Oliveira CRB 14 – 1063

Cavalett, Angélica
C376e Educação ambiental e sustentabilidade [caderno de estudo
eletrônico] / Angélica Cavalett. Balneário Camboriú: Faculdade
Avantis, 2017.
75p. il.

Inclui Índice
ISBN: 978-85-66237-85-6 [recurso eletrônico]

1. Educação ambiental. 2.Sustentabilidade. I. Faculdade


Avantis. II. Título.

CDD 21ª ed.


372.357 – Educação ambiental
CADERNO DE ESTUDO

EDUCAÇÃO
AMBIENTAL E
SUSTENTABILIDADE
AUTORA: ANGÉLICA CAVALETT

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO


ANA LÚCIA DAL PIZZOL - anadiagrama@gmail.com
SUMÁRIO

PLANO DE ESTUDO........................................................................ 6

AUTORA....................................................................................... 7

APRESENTAÇÃO............................................................................ 8

CAPÍTULO 1.................................................................................. 9
1 SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE............................................................ 9
1.1 SAÚDE, DETERMINANTES DE SITUAÇÃO SANITÁRIA, CONDIÇÕES DE VIDA E QUALIDADE DE ATENÇÃO.9
1.2 AMBIENTE GLOBAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...............................................................13
1.3 SAÚDE AMBIENTAL: SANEAMENTO AR, ÁGUA, ESGOTO, RESÍDUOS SÓLIDOS E DE SERVIÇOS DE
SAÚDE.................................................................................................................................................18
1.4 VETORES E ZOONOSES...................................................................................................................24
1.4.1 Leishmaniose.........................................................................................................................25
1.4.2 Leptospirose..........................................................................................................................27
1.4.3 Salmonelose..........................................................................................................................27
1.5 SAÚDE URBANA: FATORES DE RISCO .............................................................................................28

CAPÍTULO 2.................................................................................31
1 FENÔMENOS AMBIENTAIS, DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL ..........31
2.1 FENÔMENOS AMBIENTAIS, ACIDENTES E CATÁSTROFES QUE AFETAM A SAÚDE
DOS SERES HUMANOS........................................................................................................................31
2.1.1 Clima, tempo e doenças relacionadas....................................................................................33
SUMÁRIO

2.1.2 EFEITO ESTUFA, AQUECIMENTO GLOBAL, EL NIÑO, LA NIÑA.........................................................36


2.1.3 Aquecimento Global...............................................................................................................40
2.1.4 El Niño e La Niña...................................................................................................................43
2.1.5 Acidentes Ambientais no Brasil..............................................................................................45
2.1.6 Acidente em Mariana.............................................................................................................47
2.2 DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS E SEU CONTROLE................................................................................50
2.3 SAÚDE OCUPACIONAL....................................................................................................................55
2.4 O USO DE PRODUTOS TÓXICOS, A IMPORTÂNCIA DO EQUILÍBRIO ECOLÓGICO E A
INTERFERÊNCIA NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA..................................................................................59
2.5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL, VALORES ÉTICOS, ESTÉTICOS E HUMANÍSTICOS.........................................64

CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................68

REFERÊNCIAS..............................................................................69
PLANO DE ESTUDO
Ementa
Saúde, determinantes de situação sanitária, condições de vida e qualidade de atenção. Ambiente
global e desenvolvimento sustentável. Agentes ameaçadores do meio ambiente. Saúde
ambiental: saneamento ar, água, esgoto, resíduos sólidos e de serviços de saúde, efluentes,
vetores e zoonoses. Sistemas alternativos de soluções em saneamento. Saúde urbana: fatores
de risco individuais e coletivos. Fenômenos ambientais que afetam a saúde dos seres humanos:
determinantes físico-químicas, biológicas e sociais. Doenças transmissíveis e seu controle.
Saúde ocupacional. Acidentes, catástrofes e seus reflexos na saúde pública. O uso de produtos
tóxicos, a importância do equilíbrio ecológico, os valores éticos, estéticos e humanísticos e a
interferência no processo saúde-doença. Educação Ambiental.

Papel da disciplina para a formação do estudante


xx Desenvolver o senso crítico e a capacidade de análise a partir da integração dos saberes
sobre educação ambiental e saúde.

xx Habilitar os estudantes à compreensão da relevância das questões relacionadas ao meio


ambiente e sustentabilidade aplicadas à saúde humana.
AUTORA

ANGÉLICA CAVALETT
Possui graduação em Ciências Biológicas – Ênfase em Biotecnologia pela Universidade do Vale
do Itajaí (2009). Mestrado em Bioquímica pela Universidade Federal de Santa Catarina (2011),
onde trabalhou com compostos metálicos e sua influência na molécula de DNA, e Doutorado
em Ciência e Tecnologia Ambiental pela Universidade do Vale do Itajaí (2016). Sua tese
descreveu bactérias de mar profundo com potencial biotecnológico em processos industriais,
especificamente a enzima lipase, a qual pode ser utilizada na produção de biocombustíveis,
indústria farmacêutica, alimentícia, entre outras. Atualmente é Professa da Faculdade Avantis.

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APRESENTAÇÃO

Esse caderno foi construído para a transmissão de conhecimentos relacionados ao meio


ambiente e à saúde, bem como para a reflexão de questões importantes de nossa sociedade. Esse
instrumento é formado por textos explicativos, notícias e curiosidades relevantes à disciplina.
Como base de conteúdo foram utilizados dois principais livros da área de saúde e epidemiologia,
Bonita, (2011) e Rouquayrol; Almeida Filho, (2013), assim como informações do Ministério da
Saúde e artigos publicados em revistas científicas. Para a área ambiental e de sustentabilidade
foram utilizados principalmente os livros Oliveira; Carvalho, (2010) e Duarte, Santos; Castro,
(2003), informações e cadernos do Ministério do Meio Ambiente e também artigos publicados
em revistas científicas.

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CAPÍTULO 1
1 SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

Começaremos o primeiro capítulo abordando alguns conceitos importantes para o


desenvolvimento da disciplina. Uma das habilidades que esperamos que o aluno desenvolva
durante esta formação é o pensamento crítico em relação ao ambiente que nos cerca e as formas
de interações que temos com ele. Como essas interações influenciam nosso bem-estar, nossa
saúde e dos outros organismos que compartilham esse planeta conosco.

Para você o que é saúde? Meio Ambiente? Desenvolvimento sustentável? Vamos trabalhar
esses conceitos na próxima seção e espero que todos consigam definir com clareza para podermos
correlacionar formas de interação entre eles.

1.1 SAÚDE, DETERMINANTES DE SITUAÇÃO SANITÁRIA, CONDIÇÕES DE VIDA E


QUALIDADE DE ATENÇÃO

De acordo com a Constituição da Organização Mundial da Saúde (CONSTIRUIÇÃO OMS, p.1,


1946), “[...] saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência
de uma doença.”

Na figura a seguir podemos observar alguns dos fatores que estão relacionados com a nossa
saúde no sentido mais amplo do seu entendimento.

Figura 1: Diferentes áreas de nossa vivência influenciam em nosso bem-estar.


Fonte: Applause Analytics (2014)

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Analisando o conceito definido pela OMS, passamos a ver a saúde como um valor da
comunidade, sendo um direito fundamental que deve ser assegurado independente de raça,
religião, ideologia política ou condição socioeconômica. Segundo Xavier e Araújo (2014), a falta
de um conceito exato para o termo saúde está relacionada às variações histórico-culturais que o
homem passou ao longo da sua evolução e também das organizações de sociedade, desta forma
entendemos por saúde a conjuntura econômica, política e cultural de determinada comunidade.

Levando em consideração que a saúde está relacionada com nossa comunidade e o ambiente
onde vivemos, quais são as características que determinam o que pode promover ou inibir a saúde?
Chamamos de determinantes sociais de saúde (DSS) os aspectos que contribuem com a situação
de saúde de indivíduos ou de uma comunidade, estes determinantes, de forma generalizada, têm
a ver com as condições de vida e de trabalho da população (BUSS; PELLEGRINI, 2007).

Segundo a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSs), os DSS são
os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que
têm influência na ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população (BUSS;
PELLEGRINI, 2007). Dentre estes fatores, vamos abordar com maior ênfase os determinantes de
situação sanitária.

Quando falamos de situação sanitária logo nos lembramos da “Vigilância Sanitária”. Você
saberia dizer o que é ou que faz a vigilância sanitária?

Para responder a essas perguntas, primeiros devemos saber que a vigilância sanitária engloba
ações em diversas categorias, essas ações são realizadas por diferentes órgãos e instituições.
A vigilância sanitária é vista como uma das práticas mais antigas de Saúde Pública no mundo
moderno e suas ações estão associadas com processos de regulação, monitoramento e fiscalização
de produtos e serviços. Os objetivos principais dessas práticas são prever e reduzir os riscos à
saúde individual e coletiva. Além disso, cabe à Vigilância Sanitária as funções de desenvolver
metodologias e políticas públicas destinadas a manter ou melhorar a qualidade de vida (COSTA,
2009).

No site da Vigilância Sanitária do Estado de Santa Catarina (http://www.vigilanciasanitaria.


sc.gov.br/) você encontra links explicativos da área de atuação da Vigilância Sanitária em nosso
Estado. Podemos citar como exemplos: saúde ambiental, saúde do trabalhador, inspeção e
monitoramento de serviços e produtos, entre outros. Nós, como cidadãos, devemos observar
atentamente o ambiente onde vivemos e quando reconhecermos atividades ou locais suspeitos
podemos denunciar para os órgãos de vigilância sanitária de nosso Estado ou cidade. Além disso,
no site também encontramos a legislação vigente nessa área e os serviços prestados aos cidadãos.

Uma das funções mais importantes da Vigilância Sanitária é a fiscalização das políticas

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públicas. Falando em políticas públicas, você já ouviu falar desse termo? De acordo com a
Secretaria do Meio Ambiente – SEMA (s.d, p.1): “Políticas públicas são conjuntos de programas,
ações e atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente, com a participação
de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma
difusa ou para determinado segmento social, cultural, étnico ou econômico”.

Como exemplos de política públicas nacionais podemos citar a educação e a saúde, desta
forma existem leis para assegurar e promover os direitos dos indivíduos e da comunidade no
recebimento dos mesmos. O meio ambiente também é reconhecido como um direito de todos
e para este direito temos a Política Nacional do Meio Ambiente. A água é outro direito, ela é
concebida na Carta da República (1988) como bem de uso comum. Para que este recurso seja
protegido e regulamentado foi instituída a Política Nacional de Recurso Hídrico (Lei nº 9.433/97).

A seguir, podemos visualizar dois exemplos de políticas públicas muito utilizadas e


importantes em nosso país, a lei de resíduos sólidos e o Sistema Único de Saúde.

Figura 2: Exemplos de políticas públicas na área ambiental e da saúde.


Fonte: Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Saúde (s.d.)

A partir dos exemplos de ação das políticas públicas observados na figura 2, percebemos
a importância das mesmas em nosso cotidiano e como essas ações possuem grande impacto em
nossa sociedade.

A sociedade pode participar na formulação e acompanhamento das políticas públicas. No caso


da Educação e da Saúde, podemos participar ativamente nos Conselhos em níveis municipal,
estadual e nacional. Dessa forma, percebemos a importância dos órgãos de vigilância sanitária e
das políticas públicas para que a sociedade continue a evoluir de forma organizada e planejada,
visando um futuro de qualidade para as próximas gerações.

A organização e implantação de uma política pública envolvem alguns passos que são

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organizados na prefeitura de cada cidade, seguindo as decisões estaduais e nacionais. Na figura
3, podemos observar quais etapas estão envolvidas.

Figura 3: Ciclo de políticas públicas, etapas necessárias para a elaboração e implementação.


Fonte: Damasceno (2014).

Além das políticas públicas, outro pilar importante em nossa sociedade é o Programa
Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Este programa
tem como objetivo incentivar gestores e equipes na melhora da qualidade dos serviços de
saúde oferecidos em nosso país. Você pode acessar a página do programa nesse link: http://dab.
saude.gov.br/portaldab/ape_pmaq.php, no portal encontramos as ações por ele realizadas.Uma
das informações contidas no site diz que o PMAQ-AB eleva o repasse de recursos do incentivo
federal para os munícipios participantes que atingirem melhora no padrão de qualidade no
atendimento. Essa ação nos mostra como podemos ser os responsáveis pela mudança em nossa
sociedade, cobrando de nossos políticos que nosso município faça parte de programas como este
e denunciando para órgãos competentes o mau atendimento em ambientes de saúde.

Até agora está tudo bem? Não esqueça de anotar as dúvidas ou as ideias que surgem
durante o estudo. Espero que tenha ficado clara a importância dos tópicos abordados para
melhorarmos nossa qualidade de vida, sempre em busca de um ambiente evoluído e consciente.
Falando em ambiente, este será o nosso novo tópico!

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1.2 AMBIENTE GLOBAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Você já pensou como você definiria a palavra meio ambiente? Ou qual é a primeira imagem
que vem a sua cabeça quando você escuta essa palavra? Muitas pessoas logo respondem que se
lembram de florestas, praias ou locais intocados pelo homem, mas também tem os que dizem
ser o local onde vivem. Na verdade, existem muitas definições para essa palavra e a seguir vou
mostrar algumas delas.

Para o ecologista Robert E. Ricklefs (2003, p. 480) temos que o meio ambiente pode ser definido
como “[...] os arredores de um organismo, incluindo as plantas, os animais, e os micróbios com
os quais interage”.

Já o zoólogo e ecólogo Eugene Odum (1983), define três tipos de ambiente:

a. o fabricado ou desenvolvido pelos humanos constituído pelas cidades, parques


industriais e corredores de transporte como rodovias, ferrovias e portos;

b. o ambiente domesticado, que envolve áreas agrícolas, florestas plantadas, açude,


lagos artificiais, etc.

c. o ambiente natural, por exemplo, as matas virgens e outras regiões autossustentadas,


não dependem de qualquer fluxo de energia controlado pelos humanos, como nos
outros dois ambientes.

Outro conceito mais abrangente e que expressa de forma melhor o que devemos entender por
ambiente e porque devemos nos preocupar com ele é o de Morais (p.14, 2011):

o conjunto de fatores físicos, climáticos, químicos e biológicos de determinada


área, incluindo todos os seres vivos que nela vivem; podem intervir na natureza
ou no ambiente urbano, incluindo fatores sociais, culturais e comportamentais
dos seres humanos (MORAIS, 2012, p.14).

Espero que após a leitura destes conceitos possamos concluir que o ambiente é tudo o que
nos cerca, o local por onde passamos, trabalhamos e moramos. Cuidar do meio ambiente vai
muito além de apenas cuidar da conservação dos ambientes intocados pelo homem. Precisamos,
também, cuidar do nosso ambiente “cidade” para que esse seja mantido de forma a permitir a

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evolução da sociedade preservando os recursos naturais remanescentes.

Ao avaliarmos a relação do homem como o meio ambiente que o cerca, vamos analisar as
fotos a seguir, de Balneário Camboriú no ano de 1945 e no ano de 2015.

Figura 4: Urbanização da cidade de Balneário Camboriú em 1945 (A) e em 2015 (B).


Fonte: SCHLICKMANN (2011)

Através das imagens podemos observar que muitas características do meio original não
foram tratadas com importância de preservação no processo de construção da cidade. Alguns
leitos de água sofreram grandes mudanças nessas décadas de urbanização, assim como a orla da
praia, com uma grande poluição visual devido ao número de edificações. Hoje sabemos que estas
modificações nos trazem não apenas problemas estéticos, mas também do funcionamento da
cidade, como a necessidade do engordamento da faixa de areia e elevado número de ressacas que
destroem construções próximas à praia. Além destes problemas sabemos de outras dificuldades
existentes, como mobilidade e estação de tratamento de esgoto ineficiente para o número da
população de temporada. Você consegue lembrar outros fatores importantes que podem ser
melhorados na cidade? Sabemos que as cidades não deixarão de existir, mas como podemos agir
para permitir a evolução urbana de forma harmoniosa com os outros seres que coabitam neste
mesmo ambiente? Como continuar a utilização dos recursos naturais, mas ainda sim mantê-los
para as próximas gerações?

Foi a partir de questionamentos similares a esses, que na década de 70 as discussões


internacionais relacionando a produção econômica e a conservação ambiental começaram.
Como continuaremos a avançar economicamente de forma a não findar os recursos que existem?

Nesta época o economista polonês, Ignacy Sachs, popularizou o termo ecodesenvolvimento


criado por Maurice Strong. Foram Sachs, Strong e Marc Nerfin que ajudaram a escrever a
declaração final da Conferência das Nações Unidas de Estocolmo, de 1972, onde a proteção do
ambiente se transformou em um problema e um objetivo mundial (BRESSER-PEREIRA, 2013).

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A partir de 1970 uma série de reuniões internacionais aconteceram para que os países
pudessem decidir como continuariam a sua evolução econômica de maneira a permitir que as
gerações futuras também possam usufruir dos recursos que temos hoje. A seguir mostro um
breve histórico das principais conferências.

1971 - Encontro Preparatório de Founex (Suíça)

Reflexão a respeito de um modelo de desenvolvimento baseado apenas no crescimento


econômico.

1972 - Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo (Suécia) –
convocada pela ONU

O evento foi um marco e sua Declaração final contém 19 princípios que representam um Manifesto
Ambiental para nossos tempos.

1972 - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)

1983 – Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD).

1988 – Criação do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC) – Protocolo


de Kyoto – metas obrigatórias para a redução da emissão de gases do efeito estufa.

1992 - “Cúpula da Terra” (Rio de Janeiro) ou “Agenda 21’, a culminação de duas décadas de
trabalho que se iniciou em Estocolmo em 1972.

2002 - Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Johanesburgo) – Implementação


dos compromissos da Agenda 21.

2012 – Rio +20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
(CNUDS).

Sabemos que todas essas reuniões resultaram, na prática, em políticas públicas, onde
cada governante busca resultados que possam colaborar de forma global nos principais problemas
ambientais da geração atual.

Primeiramente é repassado para os países participantes das convenções os objetivos e


metas a serem atingidos e em seguida cada país direciona as ações em cada estado e município
como podemos observar na figura 5.

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Figura 5: Criação de políticas públicas locais a partir de discussões internacionais sobre o meio ambiente.
Fonte: Agenda 21 (2010)

Neste contexto surge o termo desenvolvimento sustentável, que tem como definição:
“desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a
capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota
os recursos para o futuro” (Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1987).

Concluímos então, que o desenvolvimento sustentável está baseado em três grandes


pilares: economia, sociedade e ambiente conforme representado na figura que segue.

Figura 6: Pilares do desenvolvimento sustentável.


Fonte: RAU (2012)

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Através da análise da figura 6 podemos observamos que existe apenas uma pequena porção
que reúne os meios social, econômico e ecológico para a formação do sustentável. Dessa forma
fica clara a razão pela grande dificuldade que encontramos em tornar nossa sociedade mais
sustentável.

VAMOS REFLETIR:
Você consegue citar exemplos de ações de desenvolvimento sustentável que podemos
realizar em nosso dia-a-dia? Ou em sua cidade ou local de trabalho? A seguir mostrarei
alguns exemplos, você acha que todos seriam viáveis?

Figura 7: Pesquisa e implementação de novas fontes de energia renovável.


Fonte: Acervo da autora

Figura 8: Pesquisa e uso de biocombustíveis.


Fonte: Acervo da autora.

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Figura 9: Pilares do desenvolvimento sustentável.
Fonte: Instituo Chico Mendes (s. d.)

A partir da observação desses exemplos conseguimos imaginar outras questões em nossa


sociedade que poderiam ser modificadas a fim de se tornarem mais sustentáveis. Muitos alunos
sempre comentam que pelo Brasil ser um país tropical e de grande extensão, novas fontes de
energia como a eólica e a solar deveriam ser estimuladas, você também concorda? O mesmo
poderia ser pensado em relação ao uso dos biocombustíveis e o número de pesquisas realizadas
nesse setor em nosso país. O último exemplo nos convida a fazer pequenas alterações em nosso
dia-a-dia, para você seria fácil realizar tais mudanças?

1.3 SAÚDE AMBIENTAL: SANEAMENTO AR, ÁGUA, ESGOTO, RESÍDUOS SÓLIDOS E


DE SERVIÇOS DE SAÚDE

Nesta seção veremos o que significa o termo “saúde ambiental” e quais aspectos são avaliados
para se determinar a saúde do ambiente que habitamos, como a qualidade do ar e da água,
tratamento de esgoto, gestão do lixo produzidos em nossas cidades, entre outros aspectos.

A saúde ambiental diz respeito aos fatores do ambiente que afetam a saúde humana (WEIHS;
MERTENS, 2013). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (s. p., 1993):

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Saúde ambiental são todos aqueles aspectos da saúde humana, incluindo
a qualidade de vida, que estão determinados por fatores físicos, químicos,
biológicos, sociais e psicológicos no meio ambiente. Também se refere teoria e
prática de valorar, corrigir, controlar e evitar aqueles fatores do meio ambiente
que, potencialmente, possam prejudicar a saúde de gerações atuais e futuras;

a OMS (s. p., 1993) também diz:

Saúde ambiental abrange os fatores físicos, químicos e biológicos externos


às pessoas, e os fatores que impactam seus comportamentos. Ela engloba a
avaliação e o controle daqueles fatores ambientais que podem afetar a saúde.
Ela é direcionada à prevenção de doenças e melhoria da saúde nos ambientes.
Esta definição exclui comportamentos não relacionados com o ambiente,
bem como o comportamento relacionado com o ambiente social e cultural,
e genético.

No link abaixo, do Ministério do Meio Ambiente, você pode buscar várias informações
relacionadas à saúde ambiental e seus fatores, também existem textos informativos relacionados
aos parâmetros de qualidade da água e do ar, por exemplo.

http://www.mma.gov.br/

A seguir discutiremos alguns desses fatores ambientais que podem alterar nossa saúde.
Começaremos pelo saneamento do ar. Como sabemos, os processos que mantém uma cidade
ativa, como geração de energia, uso de veículos automotores e atividades industriais, são as
causas principais de adição de substâncias poluentes à atmosfera. Segundo o Ministério do Meio
Ambiente (s.p, s.d):

a poluição atmosférica pode ser definida como qualquer forma de matéria ou


energia com intensidade, concentração, tempo ou características que possam
tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar
público, danoso aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao
uso e gozo da propriedade e à qualidade de vida da comunidade.

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Na figura abaixo é possível conferir os efeitos visuais das emissões de gases industriais. Além
dos problemas estéticos, muitos desses gases são tóxicos para a saúde humana, e também estão
estritamente relacionados com aumento do efeito estufa e da chuva ácida.

Figura 10: Emissão de gases poluentes na atmosfera por processos industriais em Cubatão - SP.
Fonte: MONTERO (2007).

Pensando em todos esses poluentes que são lançados diariamente, alguns estudos
epidemiológicos mostram que existem correlações entre os poluentes do ar e os efeitos de
morbidade e mortalidade, geralmente causadas por doenças respiratórias (asma, bronquite,
enfisema pulmonar e câncer de pulmão) e cardiovasculares, mesmo quando a concentração
desses poluentes fica dentro dos valores permitidos por lei (NARDOCCI, A. C.; et al., 2013;
NICOLUSSI; et al., 2014).

Não podemos esquecer que além dos problemas de saúde, a poluição atmosférica também
causa problemas ambientais, como no solo e nas águas pelas chuvas ácidas e em cidades
de intensa atividade industrial nevoeiros intensos podem afetar a visibilidade. Dessa forma
podemos perceber a importância do controle dessas emissões tóxicas para a atmosfera, por isso
são realizadas ações de prevenção e redução de gases e partículas poluentes. No Ministério do
Meio Ambiente essa função é atribuída à Gerência de Qualidade do Ar (GQA), a qual tem como um
dos objetivos desenvolver políticas públicas referentes à preservação e à melhoria da qualidade
do ar no cenário nacional.

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Novamente podemos perceber a relação que existe entre nossos governantes e a
qualidade do meio em que vivemos, e também não podemos esquecer-nos da nossa função de
vistoriar e denunciar locais onde pensamos estarem em desacordo com as leis ambientais.

VAMOS REFLETIR:
Quais ações você conhece ou acredita serem importantes para preservação da
qualidade do ar? Ou o que poderia ser realizado para diminuir a emissão de poluentes?
Faça suas anotações para discutirmos em aula!

Outro aspecto importante para a promoção da saúde ambiental é o monitoramento das águas.
Pela água diversas doenças podem ser transmitidas e quando pensamos neste assunto logo
imaginamos a ingestão de água contaminada. Porém, precisamos lembrar que esta não é única
forma pela qual podemos ser afetados. Quando estamos em um local que não tenha vigilância e
controle de qualidade da água adequados, muitas doenças podem se propagar. Como exemplos
podemos falar de cursos de água utilizados para alimentação ou higiene que são contaminados
por esgotos e que podem servir como local de reprodução de parasitas, e não podemos nos
esquecer que poças de água parada também servem de hábitat para o Aedes aegypti, o qual
transmite várias doenças como a Dengue, Zika Vírus e Chikungunya.

Outra questão importante que ainda é realidade para muitas pessoas é a falta de água, ou
água em quantidade inferior à necessária para utilização. Estas situações resultam em hábitos
higiênicos inadequados (fator desencadeador de doenças) e a busca de outros locais para a
captação da água. Muitas vezes estes locais não são monitorados, ou seja, não estão dentro dos
parâmetros indicados e podem causar dano à saúde humana (DUARTE; SANTOS; CASTRO, 2003).

Após recebermos este tipo de informação tomamos consciência da importância da fiscalização


e preservação da água. Sabemos que as cidades e Estados possuem sistemas de abastecimento
de água para o consumo humano, os quais devem assegurar o conforto da população e a
eliminação dos possíveis riscos de saúde que essa água possa causar. A água que será distribuída
pela população sofre tratamento adequado e sua qualidade é controlada pelas unidades de
abastecimento e a vigilância sanitária através dos órgãos de saúde pública. A legislação vigente
sobre o assunto é chamada de Lei das Águas, criada em 1997, e tem como objetivo a disponibilizar
água e promover o seu uso, bem como dos recursos hídricos de forma racional e integrada para a
geração atual e futuras.

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Falando em manutenção da água que consumimos não podemos deixar de falar nos resíduos
líquidos que geramos em nossa casa e nossa cidade, estes também devem ser fiscalizados e
tratados de forma correta. O local onde nosso esgoto é tratado para que retorne à natureza de
forma segura é chamada de Estação de Tratamento do Esgoto (ETE). Uma ETE é o local onde
o esgoto sanitário sofre processos físicos, químicos ou biológicos, os quais removem as cargas
poluentes do esgoto. No final do processo o efluente tratado é devolvido ao ambiente conforme
os padrões exigidos pela legislação ambiental (OLIVEIRA; CARVALHO, 2010).

As estações de tratamento podem tratar os efluentes por diferentes mecanismos. Geralmente


se inicia por um processo chamado gradeamento, onde o efluente recebido passa por grades que
retém resíduos sólidos. O segundo tratamento seria realizado pela decantação, o efluente fica em
repouso para que as partes sólidas e líquidas do sistema se separem. Pela ação da gravidade os
sólidos sedimentam (afundam) e então a parte líquida que permanece em cima pode continuar
o tratamento. Outra forma de tratamento se faz pela flotação, neste tratamento são adicionadas
bolhas de ar no efluente. As partículas que estão em suspensão se aderem às bolhas de ar e são
trazidas para a superfície do líquido formando uma espuma que pode ser removida da solução
(OLIVEIRA.; CARVALHO; 2010; FOGAÇA, 2016).

Na figura abaixo podemos observar as três etapas da ETE explicadas anteriormente.

Figura 11: Etapas do tratamento de esgoto. A: Gradeamento, B: Decantação, C: Flotação.


Fonte: FOGAÇA (2017)

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Mas qual a relação entre o saneamento básico (tratamento de água e esgoto) e a saúde pública
no Brasil? Teixeira e colaboradores (2014), realizaram um estudo sobre esse assunto entre os anos
de 2001 a 2009 e registraram que ocorreram 13.449 mortes por ano de doenças relacionadas
ao saneamento básico inadequado. Os autores também descreveram uma despesa de R$
30.428.324,92 em consultas médicas nesse período. Outra constatação importante: foi observada
uma média anual de 758.750 internações hospitalares devido à deficiências do saneamento
básico, e um total de gastos de R$ 2.111.567.634,61 no período.

Após esses números alarmantes podemos perceber a real importância da saúde ambiental, da
influência da fiscalização do tratamento da água, do esgoto e do ar na melhora de nossa saúde. Mas
você já pensou no lixo que produzimos e em como ele também pode influenciar na saúde ambiental?

Para o tratamento adequada do nosso lixo foi criada a Lei nº 12.305/10, que institui a Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA) esta
política é bastante atual e apresenta instrumentos importantes para permitir que o País continue
avançando nos meios de reduzir os problemas ambientais, sociais e econômicos dos problemas
ambientais ocorridos pelo descarte inadequado dos resíduos sólidos. Mas o que a lei diz?

VOCÊ SABIA?
“A lei visa a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta
a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para
propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem
valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente
adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).
Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos fabricantes,
importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos
resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo.

Cria metas importantes que irão contribuir para a eliminação dos lixões e institui instrumentos
de planejamento nos níveis nacional, estadual, microrregional, intermunicipal e metropolitano
e municipal; além de impor que os particulares elaborem seus Planos de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos.

Também coloca o Brasil em patamar de igualdade aos principais países desenvolvidos no


que concerne ao marco legal e inova com a inclusão de catadoras e catadores de materiais
recicláveis e reutilizáveis, tanto na Logística Reversa quando na Coleta Seletiva.

Os instrumentos da PNRS ajudarão o Brasil a atingir uma das metas do Plano Nacional sobre
Mudança do Clima, que é de alcançar o índice de reciclagem de resíduos de 20% em 2015” (Lei
nº 12.305/10, Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)).

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 23
Pensando em todas as funções da PNRS, você consegue pensar em como pode contribuir na
sua casa, bairro ou cidade? Como é a coleta seletiva onde você mora? Existe ou não existe? Você
pode ligar para a prefeitura da sua cidade e solicitar! É um direito seu e um dever dos governantes!

1.4 VETORES E ZOONOSES

Você pensa que algumas das vacinas que dá para o seu animal de estimação é apenas para o
bem-estar dele? Na verdade, não é bem assim, alguns animais de estimação são hospedeiros de
parasitas que podem nos causar doenças, por isso mesmo a vacinação e a vermifugação não são
importantes apenas para o animal, mas para a sua saúde também!

Figura 12: Campanha de vacinação contra a raiva.


Fonte: ROCHA (2016)
Para definirmos os conceitos de vetores e zoonose vamos falar da raiva. A raiva é uma zoonose,

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 24
ou seja, é uma doença que é transmitida dos animais para o homem e vice-versa. Essa doença
passa para o homem pela inoculação do vírus (Rhabdovírus) presente na saliva e em secreções
do animal infectado, geralmente por mordidas e lambedura. São vários animais que podem
hospedar o vírus da raiva: cães, gatos, bovinos, equídeos, ovinos, caprinos, suínos; e em cada um
deles os sintomas podem variar. A raiva é uma doença infecciosa aguda, causada por um vírus,
que compromete o Sistema Nervoso Central (SNC). De forma geral é uma encefalite que progride
rapidamente e seu prognóstico é fatal em praticamente todos os casos (PORTAL BRASIL, 2014).
No caso da raiva, o animal que transmitisse o vírus para um ser humano seria chamado de vetor.
Dessa forma, podemos concluir que vetores são animais (pernilongos, pulgas, mosquitos, ratos,
dentre outros) que transmitem doenças. As doenças transmitidas pelos vetores são aquelas que
precisam de um intermediário para passar de um animal para o outro, ou seja essas doenças não
são transmitidas pelo contato direto (BONITA, 2011).

Retornando ao termo zoonoses, podemos citar como os principais animais transmissores de


zoonoses os cachorros, gatos, morcegos, ratos, aves e insetos. Dentre as zoonoses mais comuns
podemos citar: leishmaniose, febre amarela silvestre, hantavírus, leptospirose, raiva, peste
bubônica, sarna, toxoplasmose, salmonelose e esquistossomose.

A seguir serão abordadas com mais detalhes as zoonoses leishmaniose, leptospirose e


salmonelose.

1.4.1 Leishmaniose

“As leishmanioses são um conjunto de doenças causadas por protozoários


do gênero Leishmania e da família Trypanosomatidae. De modo geral, essas
enfermidades se dividem em leishmaniose tegumentar americana, que
ataca a pele e as mucosas, e leishmaniose visceral (ou calazar), que ataca
órgãos internos. A leishmânia é transmitida ao homem por insetos vetores
ou transmissores, os flebotomíneos — conhecidos por diferentes nomes no
Brasil, como tatuquira, mosquito palha, asa dura, asa branca, cangalhinha,
birigui e anjinho” (FIOCRUZ, s. p., 2013).

Na imagem a seguir podemos observar ações que ajudam a prevenir os casos de


leishmaniose em animais domésticos e humanos.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 25
Figura 13: Cuidados para a prevenção da leishmaniose.
Fonte: Tecsa – Diagnósticos Pet (s. d.) – Acervo da autora

Dentre as medidas apresentadas para a prevenção do contágio da leishmaniose podemos


notar que muitas estão relacionadas com bons hábitos de higiene e conscientização dos donos de
animais de estimação. E você? Tem animal de estimação? Quais os seus cuidados relacionadas ao
contágio e transmissão de zoonoses? Faça a sua reflexão e converses com seus amigos e familiares
a respeito!

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 26
1.4.2 Leptospirose

A leptospirose é causada por uma bactéria do gênero Leptospira. Essa doença pode ser
transmitida aos seres humanos por roedores, suínos, bovinos e outras espécies de animais. O
contágio acontece pelo contato direto com a urina desses animais ou por água contaminada pela
bactéria. Nos humanos, os sintomas são bem variáveis, desde casos assintomáticos, até cefaleia,
febre, vômito, mal-estar, conjuntivite, encefalite, algumas vezes icterícia, meningite e em alguns
casos levar a óbito se a doença não for tratada (ANDRADE; PINTO; OLIVEIRA, 2002).

Para a prevenção dessa doença alguns cuidados são importantes como: evitar o contato
com água e lama de enchentes ou esgotos, para as pessoas que trabalham na limpeza da lama,
entulhos e esgoto é imprescindível o uso de botas e luvas de borracha para evitar o contato da
pele com esses possíveis agentes transmissores da doença. Além disso, deve-se evitar a presença
de roedores nas residências e terrenos baldios, para tanto, os alimentos devem ser armazenados
em recipientes fechados e longes do chão. A higienização da cozinha também é muito importante
e o acúmulo de lixo deve ser evitado. Os terrenos baldios devem ser limpos assim como as
margens dos rios. Alguns desses cuidados são simples atitudes dos cidadãos e outros também
são de responsabilidade das prefeituras e da Vigilância Sanitária, por isso, fique atento e ajude a
fiscalizar possíveis locais de infestação de roedores.

1.4.3 Salmonelose

A salmonelose é uma doença infecciosa causada pela bactéria do gênero Salmonella, da família
Enterobacteriaceae. A Salmonella é encontrada principalmente nas fezes humanas e animais. A
transmissão se dá pela ingestão de alimentos contaminados por material fecal. Talvez, essa seja
a zoonose mais difundida no mundo, no homem causa uma infecção intestinal grave, náuseas,
vômitos, diarreia, dores abdominais e febre (ANDRADE; PINTO; OLIVEIRA, 2002).

Na figura a seguir está representado um resumo da descrição da salmonelose, alimentos mais


comuns onde encontramos a salmonela e formas de evitar o contágio da doença.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 27
Figura 14: Descrição da salmonelose e formas de evitar o contágio da doença.
Fonte: AUGUSTO (2015)

Espero que após a leitura deste tópico você consiga perceber ainda mais a nossa
responsabilidade com a saúde da nossa cidade e o bem-estar dos seus habitantes. Nós somos os
principais fiscais para que as medidas de saneamento básico e ações de prevenção e tratamento
de doenças (zoonoses ou relacionadas com a falta de saneamento) ocorram de forma adequada.

1.5 SAÚDE URBANA: FATORES DE RISCO

Há pouco tempo atrás, a população mundial residia em áreas rurais, porém em 2008, pela
primeira vez na história da humanidade, acredita-se que metade a população do mundo,

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 28
aproximadamente 3,3 bilhões de indivíduos, vivam em cidades. As estimativas são que em 2030,
em média, 5 bilhões de pessoas viverão em áreas urbanas. Desta forma, então, a maior parte do
crescimento populacional que está por vir acontecerá nas cidades (United Nations Department
of Economic Social Affairs/Population Division, 2007; CAIAFFA; et al., 2008).

Risco, para a epidemiologia é descrito como o a probabilidade de uma doença, agravo, óbito
ou outro acontecimento relacionado à saúde ocorrer em uma população ou comunidade em um
determinado período de tempo (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2013). O risco é calculado sob a
forma de uma proporção matemática e é considerado um indicador. Os números são trabalhados
em porcentagens (%) ou razões de 1:1000, 1:10.000, 1:100.000.

Para você entender melhor citarei o câncer de mama: Em relação aos fatores de risco para essa
doença sabe-se que muitas podem ser as causas dessa doença e que a mesma é mais comum em
mulheres (somente 1% dos diagnósticos são realizados em homens). No entanto, a idade é um
dos fatores de risco mais importantes pois cerca de quatro entre cada cinco diagnósticos ocorrem
depois dos 50 anos. (INCA – MINISTÉRIO DA SAÚDE, s. d.).

Levando em consideração o exemplo acima, após os estudos epidemiológicos sabemos que o


risco de homens terem câncer de mama é muito baixo e que as mulheres têm alto risco (chance
de desenvolver a doença), também percebemos que 80% dos casos ocorrem em pessoas acima
dos 50 anos. Agora ficou mais claro o que significa “risco” na saúde urbana?

No exemplo do câncer de mama também foi utilizada a expressão “fatores de risco”, que seriam
causas que podem levar ou contribuir para o risco de contrair determinada doença. Rouquayrol
e Almeida Filho e (2013), descrevem os fatores de risco como características de uma população
que proporcionam maior chance de ocorrência de uma doenças ou agravo à saúde quando
comparadas a outros grupos que não apresentem essa característica. Agora usaremos as doenças
coronarianas como exemplo, os fatores que intensificam o risco de aparecimento dessas doenças
podem ser obesidade, hipertensão arterial, uso de contraceptivos orais e os hidrocarbonetos e o
alcatrão dos cigarros.

Na figura abaixo podemos observar quais são os principais fatores de risco para as doenças
cardiovasculares, como hipertensão, obesidade, sedentarismo e ser ou não fumante. Os dados
apresentados comparam o número de pessoas com essas características no estado do Rio de
Janeiro e no Brasil, bem como o número de mortes relacionadas com doenças cardiovasculares.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 29
Figura 15: Dados relacionando os fatores de risco que influenciam no aparecimento de doenças cardiovasculares na
população brasileira e no estado do Rio de Janeiro.
Fonte: O DIA (2011)

Aqui encerramos o primeiro capítulo dessa apostila! Nessa etapa discutimos o que é saúde
e meio ambiente, como podemos contribuir para a evolução de nossa sociedade de forma
consciente, a fim de permitir que as próximas gerações também possam usufruir desse ambiente.
Discutimos sobre saneamento básico, poluição da água e do ar, e como estes fatores influenciam
em nossa saúde. Você lembra das zoonoses? E de por quê é importante estudar saúde urbana?
A população nas cidades cresce cada vez mais e é por isso que nós somos atores importantes
nesse processo de cuidado com o meio ambiente. Com o conhecimento que recebemos temos
a reponsabilidade de fiscalizar e conscientizar nossos amigos e familiares, a administração de
nossas cidades e denunciar quando percebemos ações ambientais e de promoção da saúde
equivocadas. No próximo capítulo continuaremos a falar de ambiente e saúde, porém com um
enfoque um pouco diferente. Espero você no próximo capítulo! Bons estudos!

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 30
CAPÍTULO 2

1 FENÔMENOS AMBIENTAIS, DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS E


EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Olá prezado aluno! Pronto para a última parte do nosso estudo? Neste capítulo vamos aprender
como os fenômenos ambientais influenciam na saúde pública, quais os principais acidentes
ambientais registrados em nosso país e seus impactos sociais, econômicos e na saúde. Além
disso, vamos definir o conceito de doenças transmissíveis, formas de transmissão e métodos
para o controle dessas doenças. Não podemos esquecer-nos da saúde dos trabalhadores, pois
o local de trabalho é o ambiente onde muitas vezes passamos a maior parte da nossa vida. Por
fim, estudaremos as consequências do uso de produtos tóxicos na natureza e ações de educação
ambiental.

2.1 FENÔMENOS AMBIENTAIS, ACIDENTES E CATÁSTROFES QUE AFETAM A


SAÚDE DOS SERES HUMANOS

Sabemos que os fatores ambientais afetam a saúde humana e que existem muitos desafios
para se compreender essa questão. A dificuldade na compreensão se deve ao fato de que “fatores
ambientais x saúde” envolvem elementos como geografia, clima, trabalho, alimentação, educação,
habitação, cultura e valores éticos (RENGIFO CUELLER, 2008; RENGIFO CUELLER, 2009).

Mesmo com as várias controversas na comunidade científica sobre as mudanças climáticas,


as sociedades mundiais passaram a reconhecer essas mudanças como o principal problema

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 31
ambiental em nosso planeta; e que essas mudanças afetam diretamente a nossa vida. Hoje
observamos relatos de muitos eventos climáticos extremos pelo mundo, como as inundações,
tempestades e ondas de calor e frio intensos. Os dados estatísticos e pesquisas científicas relatam
o aumento na frequência e intensidade desses eventos ambientais nas últimas décadas e os seus
efeitos sobre a saúde humana. Em adição, sabemos que as consequências desses eventos não
são preocupantes apenas para o setor da saúde, e que esses fenômenos ambientais podem ser
potencializados por fatores sociais, como o aumento populacional, ocupação de áreas de risco,
desmatamento, queimadas, ineficiente atuação dos órgãos responsáveis, entre outros (IPCC,
2001; MARCELINO, 2007; DIAS, 2015).

Dessa forma percebemos as fortes relações entre a sociedade e natureza, segundo registrado
pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC, concluiu-se que o
aquecimento global atual foi agravado por atividades da sociedade humana (ALLEY, et al., 2007).

Observe a charge a seguir e faça a sua análise.

Figura 16: Charge relacionando as ações humanas e a sua consequência no clima.


Fonte: VOGES (2012)

E então? Quem você acha que está louco? Quais são as consequências de nossas ações
sob o clima do nosso ambiente? Nessa charge a sátira nos conscientiza dos efeitos das nossas
atividades no meio que nos cerca.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 32
2.1.1 Clima, tempo e doenças relacionadas

Após essa contextualização inicial iremos descrever alguns conceitos, como tempo e clima e
de que formas esses dois podem alterar nossa saúde. Quando pensamos em clima e tempo muitas
vezes os vemos como palavras sinônimas, no entanto, para a meteorologia existe uma diferença
entre essas duas palavras. O tempo é definido como o estado físico das condições atmosféricas de
um momento e lugar. O clima compreende o estudo médio do tempo para determinado período
ou mês em certa localidade (CAVALCANTI, 2009). Ainda não ficou claro? Vamos trabalhar com
alguns exemplos:

1) Hoje nevou muito.

2) Faz muito calor nessa região essa época do ano.

3) Puxa! Quanta chuva por aqui!

4) Essa região parece o sertão, quase nunca chove.

Analisando as sentenças acima podemos tirar nossas dúvidas sobre as diferenças entre tempo
e clima. As frases 1 e 3 falam sobre o tempo, enquanto as 2 e 4 referem-se ao clima. Essas conclusões
foram tomadas porque o tempo é o estado momentâneo da atmosfera e o clima é o conjunto das
variações do tempo em um longo período e determinada localidade. Outra dica para você não
esquecer mais a diferença entre clima e tempo: o tempo é algo passageiro, momentâneo, e o clima
é algo que tem duração maior. Quando digo que hoje está calor, estou falando do tempo. Quando
afirmo que todos os anos, nos meses de dezembro e janeiro chove muito no Rio de Janeiro, estou
falando do clima daquele lugar, naquele período de tempo.

Agora podemos começar a relacionar a influência do tempo e do clima em nossa saúde. A


sazonalidade vem sido estudada ao longo do tempo devido ao seu risco para a saúde humana.
Os riscos para a saúde incluem aqueles relacionados diretamente com o clima e os riscos
indiretamente relacionados com o clima, como infecções que dependem de vetores, patógenos
contaminantes de alimentos, produção de substâncias que vão para a atmosfera e causam resposta
alérgica, e doenças transmitidas pela água (EZZATI, et al., 2002). A Organização Mundial da Saúde
diz que o clima possui um papel importante na transmissão de inúmeras doenças infecciosas que
são causas de morbidade e mortalidade em países em desenvolvimento (GLOBAL PARTNERSHIP
TO ROLL BACK MALARIA, 2004).

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 33
Vamos entender primeiro o que os extremos de temperatura podem causar em nosso
organismo. Nós somos animais homeotérmicos, conseguimos manter a temperatura do nosso
corpo independente da temperatura do ambiente que estamos. Devido a essa condição, momentos
de calor ou frio intenso alteram nosso metabolismo acentuando a debilidade do organismo em
combater doenças e intensificando os processos inflamatórios. Além disso, longos períodos de
temperaturas muito altas ou muito baixas criam condições favoráveis para o desenvolvimento de
vetores transmissores de doenças (MENDONÇA, 2000).

No fluxograma seguinte está relacionada a ação das característica do tempo e clima de um


ambiente em relação à saúde humana.

Figura 17: Relação entre processos biológicos e condições referentes ao tempo e clima.
Fonte: Acervo da autora.

Em um estudo realizado por Silva Júnior e colaboradores (2011), eles investigaram se a


sazonalidade climática influenciava na ocorrência de sintomas respiratórios em uma cidade de
clima tropical. Como resultado foi observado o aumento significativo de indivíduos com sintomas
respiratórios quando a umidade relativa do ar diminuía.

Outro estudo quis avaliar a presença de doenças do aparelho respiratório em relação às


seguintes variáveis climáticas: temperatura do ar, precipitação pluviométrica e umidade relativa
do ar em uma cidade do Paraná, do ano de 1998 até 2013. O estudo identificou a pneumonia como
a doença respiratória mais representativa nesse período e que dentre as variáveis analisadas a
que mais apresentou relação com o aumento de casos de doenças foram as temperaturas baixas
(BOTELHO, et al., 2015).

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 34
Outro grupo de doenças que possuem grande relação com as mudanças climáticas são as
doenças transmissíveis por vetores. Dentre essas doenças podemos citar a dengue, que é uma
doença infecciosa que está em expansão pelo mundo e é um dos críticos problemas de saúde
pública nas áreas urbanas tropicas e subtropicais (OMS, 2001).

A dengue é transmitida pela fêmea do culicídeo Aedes aegypti infectada, a qual apresenta
hábitos domiciliares. Muitos fatores de risco estão relacionados tanto com a presença da doença
como do vetor. Alguns fatores fundamentais são: crescimento populacional, migração, viagens
aéreas, urbanização desordenada, saneamento básico deficiente e o mau funcionamento do
sistema de saúde (TAUIL, 2001; BARCELLOS; et al, 2009). Você lembra que já comentamos sobre
esses fatores no capítulo anterior e na sua importância para a gestão da saúde urbana?

Em relação às mudanças climáticas, foi observado que as incidências dos casos de dengue
flutuam com o aumento da temperatura, da pluviosidade e da umidade do ar (RIBEIRO; et al.,
2015, BÖHM; et al., 2016). Neste contexto, o controle da doença está relacionado com a redução
dos mosquitos, eliminando os criadouros (água parada). Para que isso aconteça que ações
você acredita que devem ser tomadas? Uma das ações seria uma reestruturação da vigilância
epidemiológica, das políticas de controle, da gestão ambiental, dos métodos de educação em
saúde e da integração de outros setores da sociedade. Neste ponto fica evidente que a nossa
participação é mais uma vez necessária, você como aluno da área da saúde, deve propagar o
conhecimento adquirido e ajudar na conscientização e na educação da população (OPAS, 2002).

Figura 18: Ciclo de transmissão da dengue.


Fonte: NUNES (2016)

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 35
Podemos dizer que a eliminação do vetor transmissor da dengue é um grande problema de
saúde pública, pois, existem duas espécies principais de mosquitos do gênero Aedes (Aedes aegypti
e Aedes albopictus) que podem transmitir, além da dengue, outras doenças como chikungunya,
Zika e febre amarela (MILLER, 1988, LOURENÇO-DE-OLIVEIRA; et al, 2004).

Para concluir este tópico a OMS afirma que muitas doenças humanas estão ligadas com as
alterações climáticas, desde doenças cardiovasculares e doenças respiratórias, até ondas de calor
que alteram a transmissão de doenças respiratórias, até ondas de calor que alteram a transmissão
de doenças infecciosas, como a dengue e a desnutrição da população por queda na produtividade
agrícola (PATZ; et al., 2005).

No próximo tópico trataremos de fenômenos ambientais que já são estudados e como


influenciam nas mudanças climáticas que vivenciamos.

2.1.2 EFEITO ESTUFA, AQUECIMENTO GLOBAL, EL NIÑO, LA NIÑA

Vamos continuar nossos estudos sobre alterações climáticas? No item anterior percebemos
como o tempo, o clima e as suas alterações estão fielmente conectados com a nossa saúde. Agora
estudaremos quatro fenômenos ambientais que acontecem em nosso planeta e que são muito
divulgados pela mídia. Será que sabemos mesmo a forma como agem e os seus impactos em
nossa sociedade?

Começarei com o efeito estufa, as informações a seguir foram retiradas do site do Ministério
do Meio Ambiente. Esse é um fenômeno natural que permite a vida na Terra. Se não existisse
o efeito estufa a vida não seria possível em nosso planeta. Mas você sabe como ele acontece?
Quando a energia solar chega ao planeta, parte dela é refletida para o espaço (comprimento de
ondas menores) e outra parte é absorvida pelos oceanos e a superfície da Terra (comprimento
de ondas maiores), permitindo assim o seu aquecimento. Uma quantia desse calor absorvido é
irradiada de volta ao espaço, mas é bloqueada pelos gases de efeito estufa. Esses gases permitem
a passagem da energia solar para a Terra, mas são opacos à radiação terrestre. Não podemos
ver esses gases apenas como vilões, pois a vida na Terra só existe devido à presença deles, se
esses gases não existissem naturalmente, a temperatura média seria muito baixa, em torno 18°C
negativos. A troca de energia que ocorre entre a superfície e a atmosfera é a mantenedora das
nossas condições atuais e proporcionam uma temperatura média no planeta de mais ou menos
14°C.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 36
O clima do planeta se mantém inalterado quando a quantidade de energia incidente é igual à
energia refletida em forma de calor pela superfície da Terra. No entanto, esse equilíbrio pode ser
modificado de várias formas:

d. pela mudança na quantidade de energia que chega à superfície terrestre;

e. pela mudança na órbita da Terra ou do próprio Sol;

f. pela mudança na quantidade de energia que chega à superfície terrestre e é refletida


de volta ao espaço devido à presença de nuvens ou de partículas na atmosfera
(também chamadas de aerossóis, que resultam de queimadas, por exemplo);

g. graças à alteração na quantidade de energia de maiores comprimentos de onda


refletida de volta ao espaço, devido às mudanças na concentração de gases de efeito
estufa na atmosfera (MARENGO, 2006).

Para um melhor entendimento, na figura abaixo podemos observar como ocorre o efeito estufa
pelo aprisionamento da radiação do sol em nossa atmosfera. Os gases de efeito estufa também
estão representados, assim como as suas consequências para a intensificação desse efeito em
nosso planeta.

Figura 19: Desenho representativo da ação do efeito estufa na Terra, potencializado pelas atividades industriais, queima-
das, liberação de CFCs e queima de combustíveis fósseis.
Fonte: Acervo da autora.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 37
As mudanças nas concentrações de gases de efeito estufa ocorrem pela forma como mantemos
nossa sociedade, em quase todas as atividades que realizamos ocorre emissão desses gases:
agricultura, pecuária, transporte, tratamento de resíduos sólidos, desmatamento, indústrias de
diversos setores, como produção de cimento, alumínio, dentre outros (LIMA, 2013).

Você saberia citar quais são os principais gases de efeito estufa? O Protocolo de Kyoto regula
quatro principais gases de efeito estufa (GEE) e duas famílias de gases, como pode ser observado
na figura abaixo.

Tabela 1: Gases de Efeito, formas de emissão e seu potencial de aquecimento global.

Gases de Efeito Estufa Formas de Emissão Informações importantes


Sua concentração aumentou 35%
Queimas de combustíveis fósseis
desde a era industrial; é utilizado como
Dióxido de carbono (CO2) Desmatamento
referência para classificar o poder de
Queimadas
aquecimento global dos demais gases.
Decomposição da matéria orgânica
Possui poder de aquecimento global 21
Metano (CH4) Criação de gado
vezes maior que o CO2.
Cultivo de arroz

Tratamento de dejetos animais


Uso de fertilizantes Possui poder de aquecimento global 310
Óxido nitroso (N2O)
Queimas de combustíveis fósseis vezes maior que o CO2.
Processos industriais

Utilizado como isolante térmico e 23.900 vezes mais ativo no efeito estufa
Hexafluoreto de enxofre (SF6)
condutor de calor do que o CO2.

Utilizados como substitutos dos Não agridem a camada de ozônio, mas


Hidrofluorcarbonos (HFCs) clorofluorcarbonos (CFCs) em aerossóis e têm alto potencial de aquecimento
refrigeradores global.

Utilizados como gases refrigerantes,


Potencial de aquecimento global
Perfluorcarbonos (PFCs) solventes, propulsores, espuma e
variando de 6.500 a 9.200.
aerossóis

Fonte: Dados do Ministério do Meio Ambiente.

Pela leitura da Tabela podemos observar que o incremento desses gases na atmosfera
se deve às atividades humanas, além disso, percebemos que os gases são classificados
de acordo com o seu potencial de aquecimento global. Vamos então entender o que esse
termo significa. Potencial de Aquecimento Global (do inglês – Global Warming Potential,

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 38
GWP), é uma das métricas adotadas pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança
do Clima) para se determinar o impacto dos gases de efeito estufa no sistema climático. O
GWP permite calcular quanto uma molécula de cada gás de efeito estufa aquece a Terra,
de acordo com o tempo que eles permanecem na atmosfera antes de serem destruídos ou
absorvidos. O gás utilizado como referência é o CO2 e seu CWP é definido como 1.

Em um trecho da notícia “Efeito Estufa do Hambúrguer”, de Nathan Fiala (2009), publicada na


revista Scientific American Brasil, podemos observar qual o impacto de cada setor da sociedade
na geração de gases de efeito estufa.

Figura 20: Trecho da notícia “Efeito Estufa do Hambúrguer”.


Fonte: FIALA (2009).

Analisando esses grandes impactos que a indústria gera em relação ao efeito estufa,
muitas vezes esquecemos como nós poderíamos agir para diminuir a emissão desses gases.
Primeiro vou escrever sobre a regra dos três Rs, acredito que alguns de vocês já ouviram falar
dela. Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Pense no seu cotidiano, quantos objetos você utiliza que
poderiam ser reutilizados, ou separados para a reciclagem?

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 39
2.1.3 Aquecimento Global

O aquecimento global é um fenômeno que está intimamente relacionado com o efeito estufa.
Apesar de o planeta Terra ter sofrido mudanças climáticas ao longo da sua história, estudos
percebem que a mudança que vivemos possui alguns aspectos distintos. Um exemplo citado pelo
Ministério do Meio Ambiente é o de que a concentração de CO2 existente em 2005 era muito
superior às variações naturais dos últimos 650 mil anos (BRASIL, 2012).

Outra característica do clima atual é que as mudanças que o originaram ocorreram nos últimos
cinquenta anos como resultado das atividades humanas, enquanto as mudanças climáticas
anteriores eram decorrentes a fenômenos naturais.

A evidência básica para a mudança climática que estamos vivendo é o aquecimento global
o qual foi detectado pelo aumento da temperatura média global do ar e dos oceanos, pelo
derretimento generalizado da neve e do gelo e pela elevação do nível do mar (BRASIL, 2012).

De acordo com o 4° Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC),


de 2007, as temperaturas médias globais de superfície são as maiores dos últimos cinco séculos.
Essa temperatura aumentou 0,74°C nos últimos cem anos e se não ocorrer uma diminuição desse
aquecimento, os cientistas esperam observar um clima incomum, onde o acréscimo médio da
temperatura global possa aumentar de 2°C a 5,8°C.

No 5° Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), de 2015,


as mesmas preocupações se repetem. Segundo Toledo (2013) em entrevista com Paulo Artaxo,
professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), um dos seis brasileiros que
participaram da elaboração desse relatório, diz:

“O nível dos oceanos já subiu em média 20 centímetros entre 1900 e 2012. Se


subir outros 60 centímetros, com as marés, o resultado será uma forte erosão
nas áreas costeiras de todo o mundo. Rios como o Amazonas, por exemplo,
sofrerão forte refluxo de água salgada, o que afeta todo o ecossistema local”.

Ainda em relação ao quinto relatório, o aquecimento dos oceanos ocorrerá durantes séculos,
mesmo que as emissões dos gases de efeito estufa sejam diminuídas ou se mantiverem como
estão. O Professor Paulo Artaxo (TOLEDO, 2013) também relata que o aquecimento das águas

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 40
marinhas terá outros efeitos que não foram levados em consideração nos modelos climáticos
prévios. “Conforme o oceano esquenta, ele perde a capacidade de absorver dióxido de carbono
(CO2) da atmosfera. Se a emissão atual for mantida, portanto, poderá haver uma aceleração nas
concentrações desse gás na atmosfera”.

Na estimativa do IPCC, mais de 20% do CO2 emitido nos séculos XX e XXI ficaram na
atmosfera por mais de mil anos após o término das emissões. As alterações climáticas que
estamos observando agora terão consequências até o ano 3000, pois as formas de remoção do
CO2 atmosférico não são rápidas.

Você já tinha conhecimento sobre as causas e consequências do aquecimento global?


Consegue perceber a relação com o efeito estufa e com o formato da nossa sociedade? Não se
esqueça de fazer suas anotações, com dúvidas, pensamentos e questionamentos.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 41
ATIVIDADE
Analise a charge a seguir:

Figura 21: Charge sobre o aquecimento global


Fonte: MELLO (2014).
Faça a sua interpretação da charge em seu caderno, não se esqueça de trazer para as
aulas presenciais!

Sobre o aquecimento global, de acordo com os Relatórios do Painel Intergovernamental


sobre Mudanças Climáticas (IPCC), podemos concluir que esse é um fenômeno evidente, e
possivelmente, ocasionado pelas atividades humanas. Devemos perceber que a comunidade
científica possui um papel de suma importância na promoção de conhecimento para a tomada
de decisões dos países, produzindo estudos de projeções das mudanças climáticas em diversos
cenários. Esses estudos fornecem evidências dos desafios que serão encontrados e das
oportunidades que podem ser aproveitadas.

Mais uma vez, observamos como a educação e o uso do conhecimento gerado é relevante
para manutenção de um ambiente equilibrado, que possa continuar a evoluir de forma sustentável.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 42
VAMOS REFLETIR:
1 – Quais são as dificuldades que os cientistas/pesquisadores possuem para realizarem
estudos sobre as mudanças climáticas?

2 – De que forma os governos internacionais, nacional, estadual e municipal podem


utilizar as informações geradas nesses estudos para uma melhor gestão?

Já falamos sobre as origens e consequências do efeito estufa e do aquecimento global. Agora


vamos discutir sobre o El ninõ e La niña, suas causas e complicações para o nosso clima.

2.1.4 El Niño e La Niña

O fenômeno El Niño é caracterizado pelo aumento da temperatura da superfície do mar no


Oceano Pacífico Equatorial, enquanto a La Niña é marcada pela diminuição da temperatura da
superfície do mar no Oceano Pacífico Equatorial.

O El Niño pode afetar tanto o clima regional, como o global. Esse fenômeno muda os padrões
de vento em todo o mundo, e por isso, afeta também os regimes de chuva em regiões tropicais e
de latitudes médias (MARENGO, 2006). No mapa a seguir você poderá observar a ação do El Niño
em diferentes locais do mundo.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 43
Figura 22: Consequência do El Niño.
Fonte: PEGORIM (2016)

Como vimos o El Niño aquece e a La Niña esfria as águas superficiais do Pacífico


Equatorial, dessa forma sabemos que a La Niña apresenta características antagônicas ao El Niño.
No entanto, muitas vezes uma região afetada pelo El Niño não exibe consequências importantes
no tempo e no clima em decorrência da La Niña. Seus efeitos também são globais, alterando
padrões de ventos e chuvas.

Na figura a seguir, podemos observar os efeitos do El Niño e da La Niña em nosso país


durante o ano de 2016.

Figura 23: Previsão de ação do El Niño e La Niña no Brasil durante o primeiro e o segundo semestre.
Fonte: SILVA (2016)

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 44
Após entendermos esses fenômenos ambientais e de que forma eles atuam em nosso
planeta podemos perceber que todas as nossas ações estão interconectadas. Que o aumento da
temperatura da superfície do mar de um Oceano desregula o clima de todo o mundo. Que as
altas emissões de gases de efeito estufa por países desenvolvidos, como os EUA e a China, trazem
complicações severas para todos os habitantes da Terra.

Acredito que o entendimento da interconexão de nossas ações com o meio ambiente estejam
ainda mais claras e que dessa forma possamos ser veículos de transmissão desse conhecimento.
Em seguida iremos avaliar alguns dos principais acidentes ambientais ocorridos em nosso país e
as suas consequências para a sociedade.

2.1.5 Acidentes Ambientais no Brasil

Nos itens anteriores percebemos como alguns fenômenos ambientais podem influenciar em
nosso tempo e clima e suas consequentes complicações para o planeta. Neste tópico, apresentarei
dois acidentes ambientais de grande impacto em nosso país, o acidente do Césio-137 e o acidente
em Mariana (MG).

Iniciaremos pelo acidente do Césio-137, que ocorreu no ano de 1987 em Goiânia. As


informações sobre esse acidente foram retiradas do site http://www.cesio137goiania.go.gov.br/
index.php?idEditoria=3823 (SULEIDE, 2012).

Esse acidente ficou conhecido como o maior acidente radiológico do mundo. O mesmo
começou quando dois catadores de um ferro velho encontraram um aparelho utilizado em
radioterapias que estava abandonado nas ruínas do Instituto Goiano de Radioterapia (IGR). De
forma ingênua os dois catadores levaram o aparelho para o ferro velho de Devair Alves Ferreira.
Após marretadas o aparelho foi desmontado e a cápsula contendo 19,26 gramas de Césio 137 foi
descoberta. Esse elemento químico emite uma cor azulada no escuro, os trabalhadores ficaram
encantados com o novo material e passaram a distribuí-lo entre parentes e amigos.

Já nos primeiros dias, as pessoas que entraram em contato com o Césio 137 apresentaram
tontura, náuseas, vômitos e perda de cabelo. A primeira vítima do acidente foi a sobrinha de
Devair, Leide das Neves, de 6 anos de idade. A menina brincou com o pó misterioso e depois
comeu ovo com as mãos sujas, ingerindo de forma acidental o elemento radioativo.

Com o passar dos dias mais pessoas se contaminavam com o Césio 137, até que Maria Gabriela,

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 45
esposa de Devair, suspeitou que o pó brilhante era a causa de todos os sintomas das pessoas
adoecidas. Ela então recolheu a cápsula e a levou para a Vigilância Sanitária. A notícia do acidente
se espalhou assim como os efeitos da radiação do Césio-137. O acidente ficou mundialmente
conhecido e na cidade o clima era de pânico. Pela contaminação ter sido pelo pó, o evento pode
ser controlado e a cidade foi invadida por técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN), com roupas especiais, máscaras e munidos de um aparelhinho (contador Geiger), para
medir o grau de contaminação.

As pessoas e os locais mais contaminados permaneceram isolados. Pessoas perderam casas


inteiras, carros, animais, árvores e assim o montante de lixo radioativo foi crescendo. Todo o lixo
produzido foi guardado em contêineres e levados para um depósito.

O fato mais marcante sobre esse acidente é que ele aconteceu apenas pela falta de
conhecimento, de educação. Não devemos esquecer-nos da irresponsabilidade de se deixar um
aparelho radiológico abandonado em local aberto e também que o acidente nuclear de Chernobyl
havia acontecido um ano atrás, em 1986. A população deveria estar mais cuidadosa com esse
tipo de material e os órgãos competentes também. O que podemos observar é que, infelizmente,
todas as vítimas foram inocentes, principalmente pela falta de educação. Em seguida podemos
visualizar fotos da época do acidente, da primeira vítima fatal e de um dos sobreviventes da
contaminação por radiação.

Figura 24: Acidente Radiológico Césio 137. A: Limpeza do lixo atômico produzido. B: Primeira vítima fatal do Césio 137,
Leide das Neves de seis anos. C: Odesson Alves Ferreira, 57 anos, sobrevivente do acidente, teve um dedo amputado.
Fonte: SULEIDE (2012).

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 46
Gostaria de ler mais sobre o maior acidente radiológico do mundo? Como estão as vítimas que
sobreviveram nos dias de hoje? Acesso o link abaixo.

Link para o pdf da revista Césio 137 – 25 anos: http://www.sgc.goias.gov.br/


upload/links/arq_463_RevistaCesio25anos.pdf

2.1.6 Acidente em Mariana

Agora vamos abordar outro acidente ambiental de grandes proporções no Brasil, o mesmo
ficou conhecido como “Acidente em Mariana” e tenho certeza que você já ouviu falar dele! Se não
ouviu, sem problemas, vamos construir esse conhecimento juntos!

As informações sobre o Acidente em Mariana foram retiradas do site do governo federal


http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2015/12/entenda-o-acidente-de-mariana-e-suas-
consequencias-para-o-meio-ambiente (BRASIL, 2015).

O Acidente em Mariana aconteceu no dia 05 de novembro de 2015, pelo rompimento da


barragem do Fundão. Essa barragem fica na cidade histórica de Mariana (MG) e o rompimento da
barragem foi responsável pela liberação de 34 milhões de m³ de lama no meio ambiente. A lama
que foi lançada era resíduo da mineração de ferro, realizada pela Samarco --empresa controlada
pela Vale e pela britânica BHP Billiton.

No total foram atingidos 663 quilômetros de rios e córregos, 1469 hectares de vegetação e
aproximadamente 257 edificações soterradas somente no distrito de Bento Rodrigues. Esses são
alguns dos números do acidente, o qual é considerado a maior catástrofe ambiental da história
do país.

Devido à presença da lama na água, houve aumento da turbidez, o que resultou na morte de
milhares de peixes e outros animais. Segundo o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis), nessa região existiam mais de 80 espécies nativas, 11 delas
ameaçadas de extinção e 12 que eram endêmicas, ou seja, existiam apenas naquele local.

O fornecimento de água de cidades que eram abastecidas pelos rios da região foi suspenso,

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 47
retornando apenas quando laudos comprovavam que a água não havia sido contaminada por
materiais tóxicos.

Em dezembro de 2015, ano do acidente, o IBAMA (BRASIL, 2015) liberou um laudo técnico
parcial, relatando que o impacto ambiental desse acidente foi intenso e afetou inúmeros estratos
ecológicos, sendo impossível predizer o tempo necessário para a fauna retornar ao local para o
reequilíbrio das espécies pertencentes a bacia.

Sabemos que o desastre não ficou apenas no âmbito ambiental, todas as famílias residentes
no local da enxurrada de lama perderam suas casas e seus empregos, por isso trabalhos de ajuda
iniciaram logo após o acidente. Muitos desafios ainda existem para a reconstrução do que foi
danificado, as empresas responsáveis pelo acidente já foram notificadas e devem cumprir o seu
papel de recuperação da fauna e da flora, pagamento de multa e indenização as famílias.

O que podemos perceber com esse acidente? Nesse caso, a barragem que rompeu havia sido
projetada por engenheiros, o que aconteceu? Negligência na obra? Na fiscalização da manutenção
da barragem? Você tem conhecimento de mais algum fato? Faça suas anotações, pesquise novos
dados e traga para a nossa aula!

Para um melhor entendimento do acidente estão dispostas a seguir imagens do local do


acidente e da barragem antes e após o seu rompimento.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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Figura 25: Acidente em Mariana. Local da barragem e distrito de Bento Rodrigues. Imagem da
Barragem antes e depois do rompimento.
Fonte: O GLOBO (2015).

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 49
Fechamos o nosso grande tópico Fenômenos ambientais, acidentes e catástrofes que
afetam a saúde dos seres humanos. Espero que novos pensamentos tenham surgido durante
essa leitura. Aprendemos aprender que vários fenômenos climáticos influenciam em nossa
saúde e na qualidade do ambiente que habitamos. No próximo item falaremos especificamente
de doenças transmissíveis e seu controle. Será que o meio ambiente pode contribuir para a sua
disseminação?

2.2 DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS E SEU CONTROLE

Durante o primeiro capítulo desse caderno definimos o conceito de saúde e trabalhamos com
os termos saúde ambiental e saúde urbana. Também discutimos sobre condições ambientais
que podem afetar a saúde do ser humano. Agora enfocaremos em doenças transmissíveis e o
seu controle. Para iniciarmos, faremos a definição de doença. Você consegue pensar em uma
definição para essa palavra? Anote em seu caderno o que você pensou! Vamos conferir se as suas
ideias estão dentro do conceito utilizado pela comunidade?

Quando falamos em doença, em muitos de nós logo surgem memórias de gripes, resfriados,
pessoas acamadas e hospitais. Assim como saúde, o termo doença também é de difícil definição
nas diferentes áreas de estudo. Nesse caderno utilizaremos o conceito Segundo Herzlich (2004),
de que doença seria uma falha ou inadequação dos mecanismos de adaptação de nosso organismo,
o mesmo autor também define doença como um mecanismo que leva ao desajuste da estrutura
ou da função de um órgão, tecido, sistema ou até de todo o organismo.

Definimos doença, agora adicionamos mais uma palavra, transmissível, e assim, encontraremos
mais um conceito. As doenças transmissíveis são aquelas que são transmitidas entre seres
humanos, ou de animais para seres humanos, podendo ser trazidas por insetos e outros vetores,
ou via água, ar e solo (BONITA, 2011). Quando lemos essa definição, logo nos lembramos de um
grupo de doenças já estudadas no capítulo 1. Recordam das zoonoses? De forma breve podemos
definir doenças transmissíveis como uma doença cujo agente etiológico é vivo e é transmissível.

Outra definição simplificada seria a de que uma doença transmissível é aquela causada pela
transmissão de um agente patogênico específico para um hospedeiro suscetível. Os agentes
infecciosos podem ser transmitidos para os humanos de forma direta, de outros humanos ou
animais infectados, ou de forma indireta, através de vetores, partículas aéreas ou outros veículos
(ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2013).

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 50
Os vetores seriam os insetos ou animais que transportam o agente infeccioso de pessoa para
pessoa. Os veículos são os objetos ou elementos contaminados (tais como, roupas, talheres, água,
leite, alimentos, sangue, plasma, soluções parenterais ou instrumentos cirúrgicos) (BONITA,
2011).

Muitas doenças transmissíveis são alvo de muitas pesquisas e ao longo dos anos dados que
se referem ao número de pessoas diagnosticadas com essas doenças são publicados em artigos e
livros, a seguir observaremos o número de óbitos causados por essas doenças em nível mundial.

Figura 26: Dados mundiais referentes aos impactos das doenças transmissíveis em nossa sociedade.
Fonte: BONITA (2011).

Dentro das doenças transmissíveis, existe o grupo das doenças contagiosas ou infecciosas.
Dessa forma, as doenças contagiosas são as que podem ser transmitidas através do toque
ou contato direto entre os seres humanos infectados. Nesse grupo de doenças não existe a
necessidade da presença de um vetor ou veículo intermediário. Como exemplos desse grupo de
doenças podemos citar: sarampo (transmitidos por secreções oronasais), doenças sexualmente
transmissíveis (gonorreia, candidíase, etc.), gripes e resfriados (BONITA, 2011, ROUQUAYROL;
ALMEIDA FILHO, 2013).

Vamos ver se você entendeu: a dengue é uma doença transmissível, mas não contagiosa,
enquanto a gripe H1N1 e a sífilis são tanto transmissíveis quanto contagiosas. Por que podemos
fazer essa afirmação? Pois a transmissão da dengue não ocorre de uma pessoa para a outra, é

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 51
necessário que um vetor contaminado (a fêmea do Aedes aegypti) passe o vírus para uma pessoa.
Enquanto na gripe e na sífilis a transmissão ocorre entre os seres humanos, pelo contato direto.

As doenças transmissíveis são consideradas problemas de saúde pública mundial e apesar


de os países desenvolvidos apresentarem taxas menores de mortalidade por essas doenças,
ainda sobrem as altas taxas de morbidade1. Como exemplo podemos citar as infecções no
trato respiratório superior, as quais causam mortalidade apenas em crianças e idosos, porém a
morbidade encontrada para essas infecções atinge de forma significativa todos os grupos etários
(BONITA, 2011).

Mortalidade: é a variável característica das comunidades de seres vivos; refere-se


ao conjunto dos indivíduos que morreram num dado intervalo do tempo. Representa
o risco ou probabilidade que qualquer pessoa na população apresenta de poder vir a
morrer ou de morrer em decorrência de uma determinada doença.

Morbidade: é a variável característica das comunidades de seres vivos, refere-se ao


conjunto dos indivíduos que adquirem doenças (ou determinadas doenças) num dado
intervalo de tempo em uma determinada população. (PEREIRA, 2007)

Algumas doenças transmissíveis podem ser chamadas de epidêmicas. Chamamos de epidemia


a ocorrência em determinado local de um número de casos em excesso, considerando o que
normalmente ocorre. Quando relatamos uma epidemia, devemos especificar o período, o local e
outras características da população. Para se identificar uma epidemia leva-se em consideração o
número de casos, o agente, o tamanho, tipo e susceptibilidade da população, o momento e o local
da ocorrência da doença. Poucos casos de uma doença que nunca havia sido registrada em um
local pode ser o bastante para se definir o ocorrido como epidemia (BONITA, 2011, ROUQUAYROL;
ALMEIDA FILHO, 2013). Na imagem a seguir apresento exemplos de duas epidemias.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 52
Figura 27: Dados das epidemias de varíola, doença erradicada em 1980 e da AIDS.
Fonte: SUPERINTERESSANTE (2004).

Além de causar epidemias, algumas doenças transmissíveis podem ser chamadas de


endêmicas. Utilizamos a palavra endêmica para as doenças que apresentam um padrão de
ocorrência estável e incidência alta em determinada área geográfica ou grupo populacional
(BONITA, 2011, ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2013). Nos países tropicais uma doença
endêmica que causa grandes problemas de saúde é a malária. Tanto a malária quanto a dengue,
que possuem o mesmo mosquito como vetor, ocorrem apenas em regiões com determinadas
condições climáticas. Se o local tem um clima mais seco e frio o mosquito não consegue procriar,
por essa razão o aquecimento global é um fator alarmante para que essas doenças se espalhem
para novas áreas (BARCELLOS; et al, 2009).

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 53
Após essa leitura, observamos que as doenças transmissíveis são um grande problema
de saúde mundial. Se você notou na epidemia da varíola, essa doença pode ser erradicada do
planeta, principalmente pela prevenção dela. Essa será a nossa discussão, como combater ou
prevenir as doenças transmissíveis? O que devemos pensar é que será muito melhor para a nossa
sociedade prevenir do que tratar as pessoas infectadas e por isso as campanhas de vacinação
ocorrem em todo o mundo, abaixo você pode ver um dos cartazes desenvolvidos para campanhas
de vacinação no Brasil.

Figura 28: Cartazes para campanhas de vacinação no Brasil.


Fonte: Acervo da autora.

Você ainda tem a sua carteirinha de vacinação? É muito importante que você a mantenha em
dia, e caso realizar uma viagem para uma região geográfica muito diferente da sua, você deve
checar se alguma vacina deve ser tomada. Quem cuida do quadro de vacinas de nosso país é o
Programa Nacional de Imunizações (PNI). O PNI conta com 13 vacinas disponíveis na rotina, em
cerca de 23 mil salas de vacinação, nos 5.560 municípios do país. Em 2013, o PNI completou 40
anos de atividade e já apresentou vários resultados (Ministério da Saúde).

Um dos resultados alcançados pelo PNI foi contra a difteria, doença muito comum entre as
crianças. Em 2001, foram registrados apenas 19 casos confirmados. Uma redução superior a 99%,
quando comparado ao registrado em 1980, que foi de 4.646 casos. Os óbitos por essa doença
reduziram-se de 266 para 10 nesse mesmo período.

 Outro exemplo das ações do PNI foi com a hanseníase, doença que é alvo de muitas campanhas
de vacinação. O número de prevalência das doenças passou de 16,4 casos por 10 mil habitantes,
em 1985, para 4,7 em 2000, aproximando-se da meta proposta pela Organização Mundial de
Saúde (OMS).

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 54
O PNI é motivo de orgulho para a nossa saúde pública, ele tem em seu calendário básico todas
as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde. São 45 tipos de imunobiológicos
disponíveis gratuitamente em todo o País para toda a população. Por isso, nós, como cidadãos
conscientes, devemos buscar estar atualizados quanto às vacinações que estão disponíveis e que
fazem parte de nossa rotina (BRASIL, 2003).

Aqui acabamos nossa leitura sobre doenças transmissíveis e seu controle. Na continuação de
nosso caderno continuaremos falando das relações entre saúde, doença e ambiente. Mas dessa
vez será relacionado à saúde do trabalhador, das doenças do trabalho. Como podemos melhorar
nosso ambiente de trabalho e prevenir o aparecimento de doenças?

2.3 SAÚDE OCUPACIONAL

De forma geral os trabalhadores são importantes constituintes das comunidades, e proteger


a sua saúde é essencial para o desenvolvimento social e econômico de nosso país. A saúde
ocupacional surgiu na época da Revolução Industrial, principalmente pelos movimentos
trabalhistas ingleses, que em 1802, após o “Massacre de Peterloo”, criaram a primeira lei de
proteção aos trabalhadores. Essa lei foi chamada de “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”, no
entanto, pela falta de fiscalização essa lei transformou-se na “Lei das Fábricas”, em 1833, época
em que também foi criado o órgão governamental “Inspetorado de Fábricas”. Com esse órgão
dentro das fábricas, foi possível verificar se a da saúde do trabalhador estava sendo respeitada,
e se a conscientização da importância da saúde ocupacional era presente (NOGUEIRA, 1984). Os
objetivos da saúde ocupacional foram registrados em 1957 pela Comissão Mista da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). A principal finalidade
da saúde ocupacional é promover e manter bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores;
evitar danos causados à saúde devido as condições do trabalho; proteger os trabalhadores em sua
função quanto a riscos presentes no ambiente de trabalho e alocar o trabalhador em uma função
que seja adequada às suas aptidões fisiológicas e psicológicas.

Como você se sente no seu ambiente de trabalho ou estudo? O seu rendimento está relacionado
com o seu bem-estar nesse ambiente, onde diferentes pessoas reagem de formas distintas para as
mesmas funções ou cargos (Figura 29).

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 55
Figura 29: Qualidade do ambiente de trabalho.
Fonte: Acervo da Autora

O nosso ambiente é o local onde estamos, vamos fazer dele o melhor possível. No trabalho,
onde passamos muitas horas de nossos dias, nossos direitos à saúde devem ser preservados.

No Brasil, no entanto, foi apenas na década de 70 que os movimentos sindicalistas paulistas


começaram a organização para a preservação da saúde dos trabalhadores. Em 1980, criou-se o
Departamento Intersindical de Estudos em Saúde e Ambiente de Trabalho (DIESAT), e em 1983
começaram as atividades relacionadas com a saúde dos trabalhadores (AUGUSTO; NOVAES,
1999).

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 56
x
xPara não esquecer mais!

Figura 30: O que é Saúde Ocupacional?


Fonte: Acervo da Autora

A saúde ocupacional se preocupa não apenas com os acidentes de trabalho em ambientes


industriais, outros pontos avaliados e protegidos por lei que podemos citar é a exposição a
poluentes químicos, ruídos, agentes biológicos e outros que podem afetar a saúde do trabalhador
(GIODA; de AQUINO NETO, 2003).

Os principais fatores de risco para saúde do trabalhador nos diferentes ambientes de trabalho
são classificados em: físico (ruído, temperatura, vibrações e radiações), químico (diferentes
compostos ou elementos que podem causar danos à saúde, por exemplo, chumbo e sílica),
biológico (bactérias, vírus, fungos, amostras de sangue ou líquidos corporais) e ergonômico
(esforço físico, levantamento de peso, postura inadequada, controle rígido de produtividade,
situação de estresse, trabalhos em período noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia
e repetitividade, imposição de rotina intensa) (BRASIL, 1998).

Já discutimos os conceitos de saúde ambiental e agora todos sabemos da sua importância e


dos nossos direitos como trabalhadores. No entanto, no âmbito legal nós temos duas distinções
das doenças ocupacionais, a doença profissional e a doença do trabalho (lei Previdenciária
n° 8.213/91 e Decreto Regulamentar nº 76/2007). Para fins de direitos do trabalhador, tanto a
doença profissional como a doença do trabalho garantem o direito ao benefício do Seguro Contra

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 57
Acidentes do Trabalho.

A doença profissional é aquela intrínseca a uma profissão, ocorre pelo exercício da atividade
profissional. Em resumo, é uma doença que o trabalhador só vai adquirir porque realiza
determinada atividade em seu trabalho, como exemplo, podemos citar a silicose. Essa doença
ocorre pela inalação do pó de sílica (presente em atividades de mineração, fabricação de vidros,
escavação, entre outras), ou seja, se o trabalhador não realizasse essa função a doença não teria
se manifestado (BRASIL, 2001).

Em relação à doença do trabalho, essa é definida como doença contraída ou gerada devido as
condições de trabalho, quando o trabalhador é exposto a um risco ambiental e contrai a doença
que o impede de exercer sua função. Os exemplos tradicionais e frequentes de doença do trabalho
são as DORTs e a perda auditiva. As DORTs (Doenças Osteomusculares Resultante do Trabalho)
são adquiridas por exposição à atividades de reforços físicos, posturas inadequadas e movimentos
repetitivos. Já a perda auditiva é originada pela exposição ao ruído em doses superiores aos
recomendados. Também existe uma pequena lista de doenças que não são consideradas doenças
do trabalho:

a) doença degenerativa;

b) inerente ao grupo etário;

c) doença que não produza incapacidade laborativa;

d) doença endêmica da região do trabalhador, salvo exceções comprovadas


(MONTEIRO; BERTAGNI; 2012).

Mas como as empresas podem fazer para prevenir que seus empregados adoeçam pela função
que exercem? Uma das formas utilizadas é a realização dos exames admissionais, demissionais
e principalmente os exames periódicos. Cada profissão realiza exames específicos de acordo
com as suas atividades. Não esqueça! A realização desses exames é importante tanto para você
como para o seu empregador. Além disso, muitas empresas já contam com atividades de ginástica
laboral, a qual compreende exercícios específicos de alongamento, de fortalecimento muscular,
de coordenação motora e de relaxamento, onde o objetivo principal é prevenir e diminuir os
casos de LER/DORT. Na imagem seguinte podemos observar trabalhadores realizando ginástica
laboral durante o seu período de trabalho.

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Figura 31: Ginástica laboral.
Fonte: GECOM (2015).

Assim encerramos o tópico sobre saúde ocupacional, espero que tenha contribuído para
o seu pensamento crítico em relação às condições de trabalho vividas pela nossa sociedade.
Acredito que esse foi mais um bloco de conhecimento importante para a sua formação e a sua
responsabilidade como um cidadão ativo para o melhoramento de nosso ambiente.

2.4 O USO DE PRODUTOS TÓXICOS, A IMPORTÂNCIA DO EQUILÍBRIO ECOLÓGICO E


A INTERFERÊNCIA NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA

Substâncias químicas, que podem ser tóxicas ou não, estão por todo o nosso planeta, no
nosso dia-a-dia como em nossas roupas, alimentos, móveis, bebidas, medicamentos, plantas e
também fazem parte do nosso organismo. Muitas vezes pensamos que quando uma substância
é natural ela é inofensiva. No entanto, esse pensamento muitas vezes pode estar errado. Existem
várias substâncias que ocorrem de forma natural que são tão nocivas para a nossa saúde e
o meio ambiente quando uma substância produzida artificialmente pelo homem. Existem
inúmeros exemplos de substâncias que ocorrem de forma natural no ambiente e que causam
efeitos maléficos para o homem, dentre eles podemos citar o fluoreto, arsênio, micotoxinas e
toxinas produzidas por bactérias nos alimentos. Na figura seguinte estão relacionadas algumas
substâncias tóxicas e o seu efeito na saúde humana.

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Figura 32: Substâncias tóxicas na atmosfera e o seu efeito na saúde humana.
Fonte: OMS (2008)

Sabemos que nossa sociedade depende economicamente das atividades industriais, porém,
apesar de possuírem uma boa regulamentação e fiscalização em alguns países, as indústrias
continuam sendo uma fonte importante de contaminação ambiental e humana por diversas
substâncias químicas. Não podemos pensar em indústrias apenas como as fábricas, elas também
envolvem a agricultura, navios e outros meios de transporte marítimos e terrestres, refinarias
e plataformas de petróleo e as mercadorias produzidas pelas fábricas. Todas essas atividades
são passíveis de emitir contaminantes gasosos, líquidos e sólidos, os quais podem ter em sua
composição muitas substâncias químicas tóxicas.

Relacionando o tópico anterior sobre doenças ocupacionais e o que estamos discutindo


agora, podemos observar na figura a seguir, algumas substâncias provenientes de atividades de
trabalho e a ocorrência de câncer.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 60
Figura 33: Riscos químicos ocupacionais e sua associação com câncer
Fonte: OMS (2008)

De maneira geral, as substâncias tóxicas não apresentam efeitos negativos apenas para a
saúde do ser humano, no meio ambiente podem causar desequilíbrio ecológicos nos sistemas
aquáticos, florestas, solos e na atmosfera. Com o aparecimento dos vários fenômenos ambientais
já estudados a sociedade passou a perceber que os rejeitos tóxicos não são problemas apenas
nos locais onde são despejados, mas que são uma preocupação de todo o planeta, pois sistemas
ecológicos de todas as regiões podem ser afetados.

A influência das substâncias tóxicas produzidas em nossa sociedade ocorre tanto no meio
ambiente aquático como no terrestre. Em relação ao meio aquático os principais poluentes são:
esgoto (lembram dos problemas de saneamento básico?), excesso de nutrientes, compostos
orgânicos sintéticos, lixo (plásticos, metais), petróleo e seus derivados, e hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos (PHAs). Todos esses exemplos podem danificar os ecossistemas aquáticos
e contaminar os recursos hídricos. Além disso, pesticidas e metais podem ser persistentes na
remoção e serem bioacumulados por organismos vivos e dessa forma acabam entrando em nossa
cadeia alimentar.

Em relação à vegetação, sabemos do seu poder para absorver a poluição do ar, porém as
plantas também sofrem com reações adversas em seu funcionamento mesmo quando os
poluentes atmosféricos estão em baixa concentração (óxidos de nitrogênio, ozônio, óxidos de
enxofre). Sendo que o principal problema dessa mistura de poluentes é a redução do crescimento

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE 61
da vegetação.

Outro problema que atinge as plantas, mas também a saúde humana e as águas naturais é a
chuva ácida. A chuva ácida ocorre pelo acúmulo de poluentes atmosféricos liberados pela queima
de carvão e outras substâncias que contenham enxofre. As alterações que o recebimento dessa
chuva pode gerar são diversas, desde a acidificação do solo de uma região, comprometendo toda
fauna e flora que ali vivem, como alteração da população de peixes em lagos. Vários processos
alternativos são estudados para reduzir a emissão dos gases causadores da chuva ácida, entre
eles a busca por novos combustíveis renováveis e a remoção do enxofre do carvão. (OMS, 2000).
Você já ouviu falar de outros métodos? Ou problemas diferentes relacionados com a chuva ácida?
A figura a seguir exemplifica o ciclo da chuva ácida, como as nossas atividades interferem na
formação dessa chuva e as consequências para o nosso ambiente.

Figura 34: Chuva ácida, causas e consequências.


Fonte: Acervo da autora

Um grupo de substâncias químicas amplamente utilizado é o dos pesticidas. Essas substâncias


são utilizadas no controle de doenças em animais e plantas. Dependendo do seu alvo os pesticidas
podem ser nomeados como inseticidas, larvicidas, fungicidas, herbicidas, entre outros. Eles
também são classificados de acordo com a classe química da qual fazem parte: organoclorados,
organofosforados, tiocarbamatos, piretróides, etc. São as características físico-químicas de cada

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pesticida que determinam o seu impacto no meio ambiente e na saúde humana.

Na saúde humana os seus impactos podem ser agudos ou crônicos e atingem principalmente
processos neurológicos, reprodutivos e respiratórios. No meio ambiente foram observadas
modificações na biota local, água e solo, por essas razões, cada vez mais se busca a conscientização
do uso e descarte correto dessas substâncias, tanto para a proteção da saúde humano quanto
da saúde do ambiente (Figura 35). Outro movimento importante é a busca por novas técnicas
de controle das doenças animais e vegetais por meios mais limpos e sustentáveis (OMS, 2008,
RIBAS; MATSUMURA, 2009).

Figura 35: Uso e descarte de agrotóxicos no Brasil.


Fonte: GAZETA RURAL (2016), CALIXTO (2012).

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E SUSTENTABILIDADE 63
Encerramos o tópico do uso de produtos tóxicos. Acredito que você tenha percebido que a
sociedade depende deles para inúmeras funções, devemos portanto, fazer o uso correto, seguindo
as normas e legislações para que o seu impacto em nossa saúde e em nosso ambiente seja reduzido.
Encaminhamo-nos para a leitura final desse caderno de estudos onde retrataremos a função da
educação ambiental na sensibilização da comunidade para a construção de um ambiente melhor.
Boa leitura!

2.5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL, VALORES ÉTICOS, ESTÉTICOS E HUMANÍSTICOS

Todos nós já ouvimos falar de Educação Ambiental e tenho certeza que muitos também
realizam/fazem Educação Ambiental, muitas vezes sem saber que estão fazendo. Se você leu esse
caderno, você foi “educado ambientalmente” e se você repassar alguns dos conhecimentos, aqui
aprendidos, você estará educando alguém.

Se você separa o seu lixo e pergunta para o vizinho se ele está separando o dele, se você reutiliza
frascos, se você consegue sensibilizar alguém da importância da conservação de ambientes
naturais, ou se ajuda na inclusão de pessoas com alguma deficiência, ou se colabora para que
o local onde você mora seja um ambiente melhor para se viver, você está fazendo educação
ambiental! Mas o que define tecnicamente educação ambiental? Segundo a Política Nacional de
Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999:

Art 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos


quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e
sua sustentabilidade.

Para as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, Art. 2° A Educação


Ambiental é uma dimensão da educação, é atividade intencional da prática social, que
deve imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a
natureza e com os outros seres humanos, visando potencializar essa atividade humana
com a finalidade de torná-la plena de prática social e de ética ambiental.

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De acordo com Mousinho (2003), a educação ambiental pode ser definida como uma ação de
despertar a conscientização e preocupação com o meio ambiente de forma individual e coletiva,
com fins de desenvolver o pensamento crítico sobre as questões ambientais e sociais.

Através da leitura de apenas três conceitos podemos observar a complexidade,


interdisciplinaridade e importância da educação ambiental em nossas comunidades. Para que
aconteçam as mudanças comportamentais e o nascimento do cidadão ecológico, o primeiro passo
da educação ambiental é SENSIBILIZAR. Vou contar um exemplo que ouvi há certo tempo. Todos
sabem que não devemos jogar lixo no chão, o correto a fazer é guardar e esperar até encontrar
uma lixeira. No entanto, algumas vezes ou muitas vezes, as pessoas acabam jogando lixo no chão.
Nesse exemplo, vamos chamar a personagem de “Ana”.

Caminhando pela cidade, Ana jogou um chiclete na calçada de uma via pública, e assim
que o jogou, um passarinho veio e bicou o chiclete. Você consegue imaginar o que pode ter
acontecido? O chiclete grudou no bico do passarinho, como se fosse uma cola, e o passarinho não
conseguia mais abrir ou fechar o bico. No mesmo instante, Ana ficou aborrecida, pois lembrou
de sua calopsita e no sofrimento que seria para o animal e percebeu o mal que causou. Ana foi
SENSIBILIZADA e provavelmente nunca mais jogará um chiclete na rua, calçada, etc.

Sei que essa estória pode parecer boba, mas o efeito dela nesse cidadão não foi, e é dessa
forma que a educação ambiental age. Por exemplo: por que você separa o seu lixo? Por que não
deixa o lixo na praia? Por que você é gentil e tenta ajudar pessoas com deficiência em um ponto
de ônibus (ou pelo menos deveria ter essas atitudes)? Você tem essas ações, pois consegue se
colocar no lugar do outro, pois já viu a rua alagar depois de uma chuva porque tinha muito lixo na
boca-de-lobo. Abaixo foram colocadas algumas imagens, muito utilizadas em campanha sociais
e ambientais, acredito que agora você entenderá as suas funções, sensibilizar.

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Figura 36: Imagens utilizadas para sensibilização em relação a problemas ambientais e sociais, como enchentes, aqueci-
mento global, desnutrição infantil e seca.
Fonte: Acervo da autora

Todos os dias podemos fazer a diferença na vida de alguém, podemos ter atitudes
que melhorem o ambiente em que vivemos, podemos cobrar de nossos gestores a utilização
consciente do espaço público. Tudo isso é Educação Ambiental! Nosso estudo se encerra por
aqui, espero que você tenha aproveitado! Bons estudos sempre!

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ATIVIDADE DE ESTUDOS
Você já pensou quem vai sensibilizar hoje? E dentro da sua atuação profissional?
Descreva ideias que possam contribuir para a educação ambiental em seu ambiente de
trabalho e estudo. Não esqueça de trazer os seus apontamentos para as aulas presenciais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado aluno, espero que essa caminhada tenha contribuído para a sua formação, não apenas
técnica, mas como um cidadão atuante e responsável quanto à propagação dos conhecimentos
aqui adquiridos. Espero que possa utilizar os ensinamentos dessa disciplina para a construção de
uma carreira profissional de sucesso e ambientalmente consciente.

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