Você está na página 1de 21

ELETRICIDADE BÁSICA

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP O objetivo desta apostila é apresentar ao aluno de Eletrônica 1, de forma rápida, noções
gerais sobre circuitos elétricos operando em corrente alternada. Primeiramente, trata-se do
FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA – FEIS regime permanente senoidal segundo uma abordagem no domínio do tempo. Na seqüência, são
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA – DEE definidos os conceitos de valores médio e eficaz de grandezas instantâneas, e o cálculo da
potência média. Será assumido que o aluno ainda não tenha tido qualquer envolvimento com
eletricidade, de forma que a introdução de alguns conceitos fundamentais como carga, corrente,
tensão e bipolos elétricos, será incluída. Não se pretende aprofundar excessivamente no estudo
de técnicas como a representação fasorial ou a transformada de Laplace, as quais não são
obrigatoriamente necessárias em Eletrônica 1, e que deverão ser detalhadas nos cursos de
Circuitos Elétricos.

01 – Conceitos Fundamentais

Nesta seção, apresentam-se alguns conceitos fundamentais de eletricidade, os quais são


necessários à solução de circuitos elétricos simples.

1.1 – Carga Elétrica e Corrente de Condução

As cargas elétricas são medidas em coulomb (C), e podem ser positivas ou negativas. A
carga elétrica mínima (ou carga elementar) corresponde à carga do elétron e = -1,602 x 10-19C.
Um deslocamento de cargas elétricas através de uma seção transversal, como representado na
Fig. 1.1, constitui uma corrente elétrica.

ELETRICIDADE BÁSICA
(ELETRÔNICA 1)
Versão 1.1

Figura 1.1 – Corrente elétrica constituída pelo fluxo de cargas positivas.

Supondo-se o caso de N cargas elementares positivas, calcula-se a corrente elétrica como:

dq
i (t )  (1.1)
dt

sendo qNe (1.2)


Professor: Cláudio Kitano
email: kitano@dee.feis.unesp.br onde dq é a soma das cargas elétricas que atravessam a superfície dada, no intervalo de tempo dt
e num sentido pré-fixado, sendo que esta superfície é chamada de superfície de medição. A
corrente elétrica é medida em C/s, ou então, em ampére (A).
A corrente elétrica num metal, é causada pelo fluxo de elétrons e é conhecida como
corrente de condução. Além desta, existem também as correntes de convecção, de difusão e de
deslocamento, as quais serão estudas nos cursos de Eletromagnetismo.
Ilha Solteira - 2009
Embora a corrente num fio condutor (por exemplo) corresponda a um deslocamento de
elétrons, por convenção, o fluxo de corrente elétrica é estabelecido pelo movimento das cargas Quando a corrente i=dq/dt é constante, então, i ≠ i(t), e a corrente é chamada de corrente
positivas. Assim, no caso da Fig.1.1, onde só existe movimento de cargas positivas, a corrente contínua (C.C.). Por outro lado, quando i = i(t), ou seja, é variável no tempo, é denominada de
elétrica acontece da esquerda para a direita. Por outro lado, no caso mostrado na Fig.1.2, onde as corrente alternada (C.A.). Existem amperímetros para medir correntes contínua e alternada.
partículas são elétrons, o fluxo de corrente acontece da direita para a esquerda. Esta convenção
existe por motivos meramente históricos. 1.3 – Bipolos Passivos

Um dispositivo elétrico com dois terminais acessíveis e pelo qual se possa fazer circular
uma corrente elétrica, de modo que a corrente que entra num dos terminais seja, em qualquer
instante, igual à corrente que flui do outro lado, é um bipolo elétrico. Na Fig.1.5., tem-se o
diagrama de um bipolo.

Figura 1.2 – Corrente elétrica convencional, quando as cargas são constituídas por elétrons.

1.2 – Amperímetros

Os amperímetros são instrumentos usados para medir correntes elétricas e podem ser Figura 1.5 – Diagrama geral de um bipolo elétrico.
analógicos ou digitais. Na Fig. 1.3 ilustra-se um amperímetro inserido num circuito. O
instrumento deve estar em série com a corrente que quer medir, ou seja, ela deve atravessá-lo Existe uma tensão elétrica entre os terminais do bipolo, v(t), a qual é medida em volts
completamente. Seus terminais são marcados com sinais (+) e (-). O deslocamento de elétrons (V), e que será melhor discutida a seguir. Em geral, os bipolos são recíprocos (seus terminais são
segue do terminal negativo para o positivo, causando deflexão positiva de seu indicador. intercambiáveis), mas existe a necessidade de marcá-los com sinais (+) e (-). Na Fig.1.5, utiliza-
se a convenção de receptor (a ser justificada adiante). Aconselha-se ao aluno, memorizar a
convenção de sinais para corrente e tensão mostrada na figura.

1.4 - Tensão Elétrica, Energia e Potência

A passagem de corrente através dos bipolos é sempre acompanhada de fenômenos


energéticos: desprendimento de calor, transformação de energia elétrica em magnética ou vice-
versa, etc.
Figura 1.3 – Amperímetro inserido num circuito. No caso onde o bipolo é ativado por uma corrente elétrica i(t), que circula durante um
instante de tempo dt, a carga correspondente que atravessa a seção transversal de medição será
O amperímetro conta o número de elétrons que atravessam a seção transversal de
medição por unidade de tempo. Na Fig. 1.4 a) apresenta-se uma foto de um amperímetro dq  i (t )dt (1.3)
analógico, enquanto que na Fig. 1.4 b), tem-se uma foto de um amperímetro digital. O
funcionamento do amperímetro será estudado na disciplina Medidas Elétricas. Amperímetros
Segundo o Eletromagnetismo, a passagem desta carga põe em jogo uma energia dW, dada por:
digitais serão vistos no laboratório de Eletrônica 1.
dW  v(t ) dq (1.4)

medida em joules (J). A grandeza v(t) é chamada de tensão elétrica ou diferença de potencial
entre os terminais do bipolo. Em geral, v(t) é uma função do tempo.
A tensão elétrica é medida por meio do voltímetro, um instrumento indicador que possui
dois terminais demarcados por (+) e (-), como esquematizado na Fig. 1.6. O voltímetro é inserido
em paralelo com o bipolo no qual se quer medir a tensão. Na figura, o bipolo é uma lâmpada. Se
a indicação do voltímetro for positiva, num dado instante, é porque o terminal (+) está à um
(a) (b) potencial maior que a do terminal (-). Portanto, o terminal (+) do bipolo é aquele que deve ser
Figura 1.4 – Amperímetros. a) Analógico. b) Digital. ligado ao terminal (+) do voltímetro a fim de produzir uma deflexão positiva.
v(t )  R i (t ) (1.7 a)

ou então por seu dual


i (t )  G v(t ) (1.7 b)

onde R é a resistência, medida em ohms (), e G =1/R é a condutância, medida em mho (℧ ou


ohm escrito de trás para frente). Estas relações são conhecidas como lei de Ohm.
Figura 1.6 – Voltímetro inserido num circuito elétrico.

Como no caso dos amperímetros, os voltímetros também podem ser analógicos ou


digitais, como os mostrados na Fig.1.7, e existem voltímetros para medir grandezas contínuas e
alternadas. Isto será melhor discutido no laboratório de Eletrônica 1.

Figura 1.8 – Símbolo do resistor.

Resistores são introduzidos em circuitos elétricos para limitar correntes elétricas ou


causarem quedas de tensão. Isto é obtido às custas de conversão irreversível de energia elétrica
em energia térmica, ou seja, de dissipação de potência elétrica em calor.
O fluxo de elétrons num dado material (um condutor metálico, ou um material resistivo)
não é exatamente suave ou bem comportado como mostrado na Fig. 1.2. De fato, na trajetória de
(a) (b) um elétron ocorrem inúmeras colisões com os átomos fixos do meio material. A trajetória é,
Figura 1.7 – Voltímetros. a) Analógico. b) Digital. portanto, composta por um zigue-zague, como esquematizado na Fig.1.9. Esta dificuldade que a
rede atômica impõe ao elétron em se movimentar é denomidada, no Eletromagnetismo, de
Segundo o Eletromagnetismo, a potência instantânea, p(t), fornecida (ou recebida) por resistividade elétrica. Na Fig.1.9 a), os átomos da rede estão mais espaçados que os da Fig.1.9 b)
um bipolo elétrico relaciona-se com a energia envolvida, dW, por: e, portanto, sua resistividade é menor. Como, em geral, o número de elétrons que constitui uma
corrente elétrica é extremamente elevado, na média, o efeito do zigue-zague microscópico não é
dW  p(t ) dt (1.5) percebido macroscopicamente, e esta tem uma aparência de um fluxo suave. Contudo, o
resultado da colisões é perceptível, através da geração de calor (mesmo num bom condutor).
e assim, com o auxílio de (1.3) e (1.4), mostra-se que

p (t )  v(t ) i (t ). (1.6)

sendo esta potência medida em watt (W). Portanto, a potência instantânea fornecida (ou
recebida) por um bipolo, é igual ao produto da tensão entre seus terminais pela corrente que o
atravessa.

1.5 – Alguns Tipos de Bipolos Receptores (a) (b)


Figura 1.9 – Colisões eletrônicas com a rede atômica. a) Material com menor resistividade. b) Material com maior
Neste item são estudados os principais tipos de bipolos receptores: o resistor, o indutor e resistividade.
o capacitor.
Assim, aplicando-se (1.7 a-b) a (1.6), conclui-se que a potência instantânea consumida na
a) Resistor resistência elétrica será:

O símbolo de um resistor está desenhado na Fig. 1.8. Um resistor é um bipolo no qual a p(t )  R i 2 (t )  G v 2 (t ) (1.8)
relação entre v(t) e i(t) é linear, ou seja:
Em resumo, a energia recebida por um resistor é convertida de forma irreversível em constante, e a tensão entre seus terminais é nula. Portanto, em CC., em indutor se comporta como
calor, ou seja, é dissipada termicamente. Conforme revela (1.5), integrando-se (1.8), pode-se um simples trecho de fio condutor sem resistência elétrica (um curto-circuito).
calcular a energia dissipada no resistor no intervalo de tempo entre 0 e t: Aplicando-se (1.10) em (1.6), conclui-se que a potência instantânea recebida pelo indutor
é
t t
di (t ) 1 d [i (t )]2
W (t )   R i 2 (t )dt   G v 2 (t )dt (1.9) p (t )  i (t ) L  L (1.12)
0 0
dt 2 dt

Enquanto que, integrando-se (1.5), obtém-se a energia armazenada entre 0 e t:


b) Indutor
t t t
1 d [i (t )]2 1 1
O símbolo de um indutor, segundo a convenção de receptor, está mostrada na Fig. 1.10. W (t )   p (t ) dt   L dt  L  d [i (t )] 2  L i 2 (t ) (1.13)
0 0
2 dt 2 0 2

onde considerou-se que não há corrente circulando no indutor em t=0.


Na Fig. 1.12 a), é mostrado que a circulação de corrente elétrica por uma indutância
causa o aparecimento de um fluxo magnético , medido em weber (Wb). Isto será detalhado nos
cursos de Eletromagnetismo mas, por hora, é interessante observar que um indutor percorrido
por uma corrente elétrica se comporta como um imã permanente, mostrado na Fig.1.12 b). Nota-
se que o padrão de linhas de força magnética são muito semelhantes.

Figura 1.10 – Símbolo do indutor.

Na prática, indutores são normalmente obtidos a partir de enrolamentos (bobinas ou


solenóides), como os mostrados nas Figs. 1.11 a) e b). Estes dispositivos são usados para
armazenar energia magnética em seu campo de força [as linhas em vermelho mostradas na
Fig.1.11 b)]. Este é um processo não dissipativo, e o dispositivo pode operar num circuito ora
armazenando energia, ora devolvendo esta energia, de forma cíclica ou repetitiva.

(a) (b)
Figura 1.12 – Linhas de fluxo magnético. a) Num indutor. b) Num imã permanente.

Matematicamente, define-se o fluxo magnético concatenado com o indutor, pela corrente


i(t), como

(a) (b)  (t )  L i (t ) (1.14)


Figura 1.11 – Indutor na prática. a) Bobina. b) Linhas de campo magnético.
e assim, aplicando-se (1.13) obtém-se a energia armazenada
Num indutor, a relação entre v(t) e i(t) é dada por:
1  2 (t )
di (t ) W (t )  (1.15)
v(t )  L (1.10) 2 L
dt
ou então, por se dual
c) Capacitor
1
i (t )   v (t )dt (1.11) O símbolo de um capacitor, segundo a convenção de bipolo receptor, é mostrado na Fig.
L 1.13.
onde L é a indutância, medida em henry (H). A relação (1.10) informa que a tensão no indutor é
proporcional à taxa de variação da corrente no tempo. Assim, se a corrente for contínua, i(t) é
enquanto a energia armazenada entre 0 e t, é obtida a partir da integral de (1.5):

t t
1 d [v(t )]2 1
W (t )   p (t )dt   C dt  C v 2 (t ) (1.19)
0 0
2 dt 2

onde considerou-se que não há tensão no capacitor em t=0.


Figura 1.13 – Símbolo do capacitor. Segundo o Eletromagnetismo, existe uma relação entre a carga elétrica armazenada no
capacitor, q(t), e sua tensão v(t):
Uma forma simples de se implementar um capacitor é usando um par de placas paralelas,
energizadas com cargas elétricas de sinais opostos, como ilustrado na Fig.1.14 a). Estes q(t )  C v(t ) (1.20)
dispositivos são usados para armazenar energia elétrica em seu campo de força, como mostrado
na Fig.1.14 b). Este processo é não dissipativo e reversível, ou seja, sob certas circunstâncias, o e assim, com o auxílio de (1.20), a energia armazenada (1.19) também pode ser calculada através
capacitor pode devolver a energia armazenada ao circuito. de

1 q 2 (t )
W (t )  (1.21)
2 C

1.6 – Bipolos Geradores

Os bipolos R, L e C são dispositivos passivos, pois não são capazes de gerar suas próprias
tensões ou correntes (excluindo-se os casos dos capacitores previamente carregados, ou os
indutores com correntes iniciais não nulas, que serão estudados no curso de Circuitos Elétricos).
Bipolos geradores são capazes de fornecer energia aos circuitos (excitam as redes elétricas),
causando o aparecimento de tensões e correntes.
(a) (b)
Figura 1.14 – Capacitor prático. a) Placas paralelas. b) Linhas de campo elétrico. a) Geradores de tensão

Num capacitor, a relação entre v(t) e i(t) é dada por: Um gerador de tensão é um bipolo que tem a capacidade de manter a tensão entre seus
terminais, sempre idêntica e igual a uma função do tipo:
dv(t )
i (t )  C (1.16) . arbitrária no tempo (Fig.1.15 a);
dt
. senoidal (Fig. 1.15 b);
. constante (Fig. 1.15 c).
ou então, por se dual
1
C
v(t )  i (t )dt (1.17)
+ + +
onde C é a capacitância, medida em farad (F). A relação (1.16) informa que só há circulação de
corrente no capacitor se a tensão entre seus terminais for variável no tempo. Caso contrário, o
capacitor se comporta como um circuito aberto, impedindo a passagem da corrente. A corrente
que circula através de um capacitor é constituída por movimento de dipolos elétricos (no caso de
- - -
serem preenchidos por materiais dielétricos), ou, por corrente de deslocamento (em particular, (a) (b) (c)
quando existe vácuo entre as placas), fenômenos que serão estudados no Curso de Figura 1.15 – Tipos de geradores de tensão. a) Tensão arbitrária. b) Tensão senoidal. c) Tensão constante.
Eletromagnetismo.
A potência recebida pelo capacitor é obtida a partir de (1.6) e (1.16): b) Geradores de corrente

Um gerador de corrente é um bipolo que tem a propriedade de fornecer em seus terminais


dv(t ) 1 d [v(t )]2 uma corrente constantemente igual a uma função do tipo:
p (t )  v(t )i (t )  v(t )C  C (1.18)
dt 2 dt
. arbitrária no tempo (Fig. 1.16 a); Se a convenção adotada fosse oposta, bastaria inverter cada sinal algébrico em (2.1).
. constante (Fig. 1.16 b). Porém, nota-se que isto seria indiferente, pois a soma é identicamente nula. Assim, fica a critério
do aluno especificar a sua própria convenção.

a) Segunda Lei de Kirchhoff – Lei das tensões (LKT) ou dos ramos

Os bipolos são designados como ramos da rede. Uma malha é um subconjunto de bipolos
de rede, interligados de modo a constituir uma trajetória fechada, como aquela mostrada na Fig.
2.2. A LKT afirma que: “a soma algébrica das tensões medidas ordenadamente ao longo da
malha, em um instante qualquer, é nula”.

Figura 1.16 – Tipos de geradores de tensão. a) Tensão arbitrária. b) Tensão constante.

Em geral, as fontes de correntes senoidais também são representadas pela simbologia da


Fig.1.16 a).
Uma vez apresentados os principais tipos de bipolos lineares que interessam ao curso de
Eletrônica 1, passa-se a estudar o comportamento desses bipolos em circuitos elétricos.

02 – Fundamentos de Circuitos Elétricos

Uma associação qualquer de bipolos, interligados por condutores perfeitos, é chamada de


rede de bipolos.

2.1 Leis de Kirchhoff


Figura 2.2 – Malha de uma rede elétrica.
a) Primeira Lei de Kirchhoff – Lei das correntes (LKC) ou dos nós
Adotando-se, arbitrariamente, a convenção de que tensões positivas são aquelas que
Os pontos em que convergem os terminais dos bipolos das redes são chamados de nós, percorrem a malha no sentido horário, obtém-se
como o representado na Fig. 2.1. Como num nó de uma rede de bipolos não há criação ou
destruição de carga elétrica, segue que: “a soma algébrica das correntes que convergem num dos v1 (t )  v 2 (t )  v3 (t )  v 4 (t )  v5 (t )  0 (2.2)
nós de uma rede é igual a zero”. Se as correntes forem variáveis no tempo, a LKC é válida em
cada instante. Aqui também, a convenção (sentido horário ou anti-horário) adotada para especificar o
sinal algébrico das tensões é indiferente, uma vez que a soma é identicamente nula.

Exemplo 2.1: Calcular todas as correntes e tensões no circuito da Fig.2.3.

Figura 2.1 – Nó de uma rede elétrica.


Figura 2.3 – Circuito elétrico do Exemplo 2.1.
Na figura, adota-se, arbitrariamente, a convenção de que corrente entrando no nó é
positiva, e que a corrente saindo do nó é negativa. Obtém-se então Solução: As tensões e correntes sobre os bipolos mostrados na figura têm orientações de acordo
com as estabelecidas nas Figs. 1.8 e 1.15 c). Como todas os elementos da rede estão em paralelo,
i1 (t )  i2 (t )  i3 (t )  i4 (t )  0 (2.1) as tensões são as mesmas:
v1  v 2  v3  12 V

Aplicando-se a LKC ao nó mostrado na figura, obtém-se


i1  i2  i3  0  i1  i2  i3

Num resistor, aplica-se a lei de Ohm (1.7 a), e assim, i2 e i3 valem

v 2 12 v 12
i2    6 A, i3  3  3 A
R2 2 R3 4
Portanto, Figura 2.5 – Circuito elétrico do Exemplo 2.3.
i1  i2  i3  9 A
Solução: Todas as correntes e tensões arbitradas na figura obedecem à convenção de bipolos
definidas nas Figs. 1.8 e 1.15 c). Como todos os elementos estão em série, segue que só existe
Exemplo 2.2: Supor que não se saiba, em princípio, qual o sentido da corrente i2, de forma que uma corrente global:
ele é arbitrado como mostrado na Fig. 2.4. Resolver novamente o circuito. i1  i2  i3  i

Aplicando-se a LKT à malha, no sentido mostrado na figura, obtém-se

v1  v 2  v3  0

De imediato, observa-se que


v1  12 V

Figura 2.4 – Circuito elétrico do Exemplo 2.2. enquanto as tensões nos resistores obedecem a (1.7 a)

Solução: Não importa o sentido exato da corrente ou da tensão arbitrados num circuito. No final v 2  R2 i2  R2 i  2 i , v3  R3i3  R3i  4 i
da análise, se o sentido foi trocado, a própria formulação o revelará. O importante é manter a
convenção de tensão e corrente definidas para cada dipolo das seções 1.5 e 1.6. No caso do Assim, a soma das tensões na malha conduz a
resistor, é aquela identificada na Fig.1.8. Assim, se i2 inverter de sentido, v2 também o fará.
Procedendo desta forma, aplicam-se (atenção para o sinal de v2):
12  2i  4i  0  i  2 A
v1  v 2  v3  12 V
Portanto, v2= 4 A e v3= 8 A, concluindo-se o exemplo.
Devido a LKC, tem-se
i1  i2  i3  0  i1  i2  i3 Exemplo 2.4: Supor que não se saiba, em princípio, qual o sentido da tensão v3, de forma que ele
é arbitrado como mostrado na Fig. 2.6. Resolver novamente o circuito.
As correntes nos resistores são:
v 2  12 v 12
i2    6 A, i3  3  3 A
R2 2 R3 4
E por fim,
i1  i2  i3  (6)  3  9 A

Como se observa, a própria formulação revelou que a corrente i2 foi arbitrada no sentido
oposto, resultando num valor negativo. Figura 2.6 – Circuito elétrico do Exemplo 2.4.
Não parece de bom sensor cometer um “erro” no sentido de i2 como aconteceu neste
exemplo simples. Contudo, em redes mais complexas, as vezes, torna-se impossível saber a Solução: O importante é manter a convenção estabelecida na Fig. 1.8. Assim, se v3 se inverter, i3
princípio, os sentidos corretos das tensões e correntes. Nestes casos, o que foi discutido no também o fará. A solução repete os passos do exemplo anterior, tomando-se o cuidado com os
exemplo pode seu útil. sinais algébricos:

Exemplo 2.3: Resolver o circuito mostrado na Fig.2.5. i1  i2  i3  i


para que a corrente e a tensão não mais variassem no tempo. No presente exemplo, se está
v1  v 2  v3  0 interessado no comportamento do circuito da Fig.2.8, desde o instante em que ele é ligado até o
momento em que entra em regime. Isto é chamado de comportamento transitório. Obviamente,
v1  12 V, v 2  R2 i2  R2 i  2 i , v3  R3i3  R3 (i )  4 i em regime, o capacitor C da Fig.2.8 não permitirá a passagem de corrente, de forma que i(t)=0, o
que causa v(t )  R i (t ) =0, e daí, vC (t )  E . Ou seja, em regime, não haverá circulação de
12  2i  (4i )  0  i  2 A corrente no circuito e a tensão sobre o capacitor será igual a E.
Após a chave SW conectar a fonte E ao sistema, pode-se considerar que a tensão que
alimenta o circuito RC série, aqui denominada de e(t), tem a forma mostrada na figura abaixo.
Portanto, v2= 4 A e v3= -8 A.
Para t  0 tem-se:
Como se observa, a própria formulação revela que o sentido arbitrado para v3 estava
invertido.
e(t )  E
Exemplo 2.5: Resolver o circuito mostrado na Fig.2.7, considerando-se que se opera em regime
estacionário. A partir de (1.1) e (1.7 a), vem

dq (t )
v R (t )  R i (t )  R
dt

e, de (1.20)

q(t )
vC (t ) 
Figura 2.7 - Circuito elétrico do Exemplo 2.4. C

Solução: Num circuito de corrente contínua operando em regime estacionário, todas as tensões e Aplicando-se a LKT à malha da Fig.2.8, tem-se
correntes não variam no tempo. Assim, de acordo com (1.10), não existe queda de tensão entre
os terminais do indutor, e ele se comporta como um curto-circuito. De acordo com (1.16), não dq q
E  v R  vC  E  R  0
existe corrente circulando pelo capacitor, o qual se comporta como um circuito aberto. Portanto, dt C
em regime, o circuito da Fig.2.7 torna-se idêntico ao da Fig.2.5. Consequentemente,
Esta equação pode ser reorganizada como
i1  i2  i3  2 A
CE dt  RC dq  q dt   RC dq  (CE  q ) dt
v1  12 V, v 2  4 V e v3  8 V.
e daí, realiza-se a integração
Exemplo 2.6: Calcular i(t) e vC(t) após a chave SW, mostrada no circuito da Fig.2.8, alimentar o
q t
circuito RC série com a fonte E. Supor que o capacitor está descarregado em t  0. dq
RC 
CE  q 0
 dt
q0

onde q0 é a carga inicial do capacitor (q0=0 em t=0).


Fazendo-se uma mudança de variáveis, tal que u=CE-q e du=-dq, esta integral se
converte em
q
du
 RC  t
0
u

Figura 2.8 – Circuito RC série alimentado por uma fonte de tensão DC. cuja solução é conhecida do Cálculo:
Solução: No Exemplo 2.5, considerou-se que o circuito alimentado pela fonte CC. estava em q q (CE  q)
regime estacionário, ou seja, que o mesmo havia sido ligado e que decorrera tempo suficiente  RC ln u 0
 t   RC ln(CE  q) 0
 t   RC ln t
CE
Solução: Será criada uma nova origem para o tempo neste novo exemplo. Assim, t=0
A partir daí, é possível extrair o valor da carga corresponderá ao instante em que a chave SW aterrar o par RC, o qual havia atingido o regime
elétrica: estacionário no exemplo anterior.
Considere-se que o capacitor esteja carregado com uma carga inicial q=q0 em t=0. No
q (t )  CE (1  e t / RC ) Exemplo 2.6, deduziu-se que q (t )  CE (1  e t / RC ) , de forma que em t= ocorre q=CE, naquele
caso. No presente caso (usando-se uma nova origem para o tempo), tem-se então q0=CE em t=0.
O comportamento da tensão no capacitor com o Aplicando-se a LKT,
tempo será então:
v R (t )  vC (t )  0
q(t )
vC (t )   E (1  e t / RC )
C e, usando-se (1.1), (1.7 a) e (1.20), resulta que

cujo gráfico está desenhado ao lado. q dq q


Ri R  0
C dt C
Assim que a chave SW conecta E à RC, a tensão no capacitor cresce exponencialmente,
tendendo ao valor E no limite. Este é o valor que havia sido previsto para a operação em regime Esta equação pode ser reorganizada como
estacionário. A rapidez com que o transitório acontece depende dos valores de E, R e C.
q t
dq dq q q
 dt   RC 
q 0
q
Pode-se também calcular a corrente elétrica  RC  dt   RC ln q q0
  RC ln t   e t / RC
q q0
q0 q0
dq(t ) CE t / RC E t / RC
i (t )   e  e
dt RC R Portanto, a carga elétrica no capacitor varia
como
e daí, a queda de tensão no resistor
q (t )  q 0 e t / RC
v R (t )  Ri (t )  E e t / RC
enquanto sua tensão será
cujo gráfico é mostrado ao lado.
q (t ) q 0 t / RC
Observa-se que vR(t) e i(i) são proporcionais entre si, e assim, a corrente no circuito cessa vC (t )   e  Ee t / RC
C C
após o transitório, tendendo a zero no limite.
Em resumo, capacitor se carrega, e tende à vC(t) = E em t =  (no regime estacionário). cujo gráfico está desenhado ao lado.
Também está mostrado, que a tensão no resistor tende a zero à medida que o capacitor vai se
carregando. Em t = , a corrente i(t) tende à zero e vR(t)=0. A corrente elétrica no circuito varia conforme

Exemplo 2.7: Partindo-se do ponto em que o circuito atingiu o regime no Exemplo 2.6, resolver dq(t ) q t / RC E
o problema quando a chave SW da Fig. 2.8 muda de posição, aterrando o circuito RC série, i (t )   e   e t / RC
dt RC R
como mostrado na Fig.2.9.
cujo gráfico está desenhado ao lado. A tensão
no resistor será

v R (t )  Ri (t )   E e  t / RC  vC (t )

Como se percebe, o capacitor, inicialmente carregado com carga q0=CE, inverte sua
corrente original em t=0-, e se descarrega sobre o resistor, dissipando sua energia. A rapidez
Figura 2.9 – Circuito RC série com capacitor previamente carregado. deste transitório depende dos valores de E, R e C.
Este constitui um exemplo de solução de circuitos elétricos em regime transitório. Nem
todo circuito pode ser resolvido de forma tão simples, por isto, em Circuitos Elétricos será
estudada a poderosa técnica da análise espectral, através da transformada de Laplace.

2.2 Associação de Bipolos

É freqüente a necessidade de se associar bipolos em circuitos elétricos. A fim de (b)


(a)
simplificar a análise da rede, são apresentadas algumas regras para associação de bipolos em Figura 2.11 – Associação paralela de resistores. a) Circuito original. b) Circuito equivalente.
série (ou em cascata) e em paralelo.
Aplicando-se a LKC ao circuito da Fig.2.11 a), e usando a equação (1.7 b), vem
a) Associação série de resistores
i (t )  i1 (t )  i2 (t )  ...  in (t )
Na Fig. 2.10 a) tem-se uma rede com n resistores ligados em série. Diz-se que o circuito (2.6)
mostrado na Fig. 2.10 b) é equivalente ao da Fig. 2.10 a), se v(t) e i(t) são iguais para ambos em  (G1  G2  ...  Gn ) v(t )
todos os instantes. O valor REQ é chamado de resistor equivalente da associação série. Da Fig.2.11 b), obtém-se
i (t )  G EQ v(t ) (2.7)

Então, comparando-se (2.6) com (2.7), conclui-se que

G EQ  G1  G2  ...  Gn (2.8)

ou seja, que a condutância equivalente da associação em paralelo é igual a soma das


(a) (b) condutâncias individuais.
Figura 2.10 – Associação série de resistores. a) Circuito original. b) Circuito equivalente. Como G=1/R, (2.8) conduz a um resultado alternativo:

Aplicando-se a LKT à malha da Fig.2.10 a), em conjunto com a lei de Ohm, vem 1 1 1 1
   ...  (2.9)
R EQ R1 R2 Rn
v(t )  v1 (t )  v 2 (t )  ...  v n (t )
(2.3)
 ( R1  R2  ...  Rn ) i (t ) em temos de resistências.

Por outro lado, a Fig.2.10 b) revela que c) Associação série de indutores

v(t )  REQ i (t ) (2.4) Na Fig. 2.12 a), tem-se uma rede com n indutores ligados em série, e, na Fig.1.12 b), o
seu circuito equivalente.
Comparando-se (2.3) com (2.4), conclui-se que

R EQ  R1  R2  ...  Rn (2.5)

ou seja, que a resistência equivalente é obtida pela soma das resistências em série individuais.

b) Associação paralela de resistores


(a) (b)
Na Fig.2.11 tem-se uma rede com n resistores em paralelo, representadas por suas Figura 2.12 – Associação série de indutores. a) Circuito original. b) Circuito equivalente.
condutâncias G1, G2, ..., Gn. Na Fig.1.11 b), tem-se o seu circuito equivalente.
Aplicando-se a LKT à malha da Fig.2.12 a), e usando-se (1.10)
v(t )  v1 (t )  v 2 (t )  ...  v n (t ) e) Associação série de capacitores
di (t ) (2.10)
 ( L1  L2  ...  Ln ) Na Fig. 2.14 a), tem-se uma rede com n capacitores ligados em série, e, na Fig.1.14 b), o
dt seu circuito equivalente.
Por outro lado, a Fig.2.12 b) revela que

di(t )
v(t )  LEQ (2.11)
dt

Comparando-se (2.10) com (2.11), conclui-se que

LEQ  L1  L2  ...  Ln (2.12) (a) (b)


Figura 2.14 – Associação série de capacitores. a) Circuito original. b) Circuito equivalente.
ou seja, que a indutância equivalente é obtida pela soma das indutâncias individuais em série.
Aplicando-se a LKT à malha da Fig.2.14 a), e usando-se (1.17)
d) Associação paralela de indutores
v(t )  v1 (t )  v 2 (t )  ...  v n (t )
Na Fig.2.13 a) tem-se uma rede com n indutores em paralelo, e, na Fig.1.13 b), o seu 1 1 1 (2.16)
Cn 
(   ...  ) i (t )dt
circuito equivalente. C1 C 2

Por outro lado, a Fig.2.14 b) revela que

1
C EQ 
v(t )  i (t ) dt (2.17)

Comparando-se (2.16) com (2.17), conclui-se que


(a) (b)
Figura 2.13 – Associação paralela de indutores. a) Circuito original. b) Circuito equivalente.
1 1 1 1
   ...  (2.18)
Aplicando-se a LKC ao circuito da Fig.2.13 a), e usando a equação (1.11), vem C EQ C1 C 2 Cn

i (t )  i1 (t )  i2 (t )  ...  in (t ) ou seja, que o inverso da capacitância equivalente é igual a soma dos inversos das capacitâncias
1 1 1 (2.13) individuais ligadas em série.
(   ...  )  i (t ) dt
L1 L2 Ln
e) Associação paralelo de capacitores
Da Fig.2.13 b), obtém-se Na Fig.2.15 a) tem-se uma rede com n capacitores em paralelo, e, na Fig.1.15 b), o seu
1
LEQ 
i (t )  i (t )dt (2.14) circuito equivalente.

Comparando-se (2.13) com (2.14), conclui-se que

1 1 1 1
   ...  (2.15)
LEQ L1 L2 Ln

ou seja, que o inverso da indutância equivalente é igual a soma dos inversos das indutâncias (a) (b)
Figura 2.15 – Associação paralela de capacitores. a) Circuito original. b) Circuito equivalente.
individuais ligadas em paralelo.
Aplicando-se a LKC ao circuito da Fig.2.15 a), e usando a equação (1.16), vem
Portanto, dadas duas resistências muito diferentes entre si, o resultado da associação em paralelo
i (t )  i1 (t )  i2 (t )  ...  in (t ) é aproximadamente igual a menor delas. No exemplo da Tabela 2.1, apresenta-se o resultado da
dv(t ) (2.19) associação R1//10 , para R1 igual a 10 , 100, ..., 100 k. Neste último caso, 100 k >> 10
 (C1  C 2  ...  C n ) , e 100 k//10=9,999, ou seja, aproximadamente 10.
dt
Tabela 2.1 - Caso onde R1>>R2.
Da Fig.2.15 b), obtém-se
R1 () Associação Resultado em 
dv(t )
i (t )  C EQ (2.20) 10 10 //10  10.10
dt 5
10  10
100 100  //10  100.10
Comparando-se (2.19) com (2.20), conclui-se que  9,091
100  10
C EQ  C1  C 2  ...  C n (2.21) 1000 1000  //10  1000.10
 9,901
1000  10
ou seja, que a capacitância equivalente é obtida pela soma das capacitâncias individuais em 10 k 10 k //10  10k .10
 9,990
paralelo. 10k  10
100 k 100 k //10  100k .10
 9,999
2.3 Algumas Regras Práticas 100k  10

Regras práticas, como o divisor de tensão e de corrente, podem simplificar Mesmo no caso onde R1= 100 , o resultado de R1//10  ainda é aproximadamente igual
substancialmente a solução de circuitos, e são abordados neste item. a 10 , dentro de uma tolerância de 10% de erro.
a) Associação em paralelo de dois resistores Exemplo 2.8: Dado o circuito mostrado na Fig. 2.16, pede-se para calcular a resistência vista
pela fonte de tensão e a potência fornecida pela mesma.
Quando os resultados obtidos na equação (2.9) é aplicada à associação paralela de apenas
dois resistores, tem-se como resistência equivalente:

1 1 1 R  R2
   1 (2.22)
REQ R1 R2 R1 R2

Invertendo-se (2.22), obtém-se a regra prática


Figura 2.16 – Circuito elétrico do Exemplo 2.8.
RR produto
R1 // R2  1 2  (2.23)
R1  R2 soma Solução: Procura-se resolver este circuito aplicando-se algumas das regras estudadas neste item.
Por exemplo, aplica-se (2.23) aos resistores de 3  e 6, em paralelo, bem como, aos de 4 e
que informa que a resistência equivalente é dada pela razão entre o produto e a soma das 12.
resistências. 3.6
3 // 6   2 
36
b) Associação em paralelo de dois resistores : caso onde R1  R2 4.12
4 // 12   3 
4  12
Neste caso, R2 / R1  0 , e (2.23) pode ser rescrita como: Com isto, o circuito da Fig. 2.16 pode ser
simplificado como na figura ao lado.
R1 R2
R1 R2
REQ    R2 (2.24) Aplicando-se (2.5) à associação em série dos
R1  R2 1  R2 / R1 resistores de 1 e 3, tem-se o novo circuito
R1 desenhado ao lado.
v(t )  ( R1  R2 ) i (t )
Usando-se, novamente, (2.23) com os v0 (t ) (2.26)
resistores de 2 e 4 em paralelo, obtém-se  ( R1  R2 )
R2
2.4 4 onde extraiu-se i(t) de (2.25). Finalmente, reorganizando-se os termos de (2.26), obtém-se
2 // 4   
24 3
R2
 v0 (t )  v(t ) (2.27)
e daí, o circuito ao lado. R1  R2

A associação em série dos resistores de 2 , resulta em Observe-se o caso trivial, no qual R1 = R2 em (2.27), que resulta v0(t)=v(t)/2, ou seja,
divide-se a tensão v(t) à metade, como esperado.
4 10
R EQ  1    d) Regra do divisor de corrente
3 3

Na Fig.2.18 ilustra-se o circuito divisor da corrente i(t). Deseja-se determinar o valor da
a qual constitui a resistência elétrica vista pela fonte de tensão. A corrente elétrica fornecida é
corrente i0(t).
obtida por:
5 5 3
i   A
REQ 10 / 3 2

a partir da qual se calcula a potência fornecida pela fonte:

3 15
p  vi  5.  W. Figura 2.18 – Circuito divisor de corrente de i(t).
2 2
Pela lei de Ohm, aplicada ao resistor R2, obtém-se:
c) Regra do divisor de tensão
v(t )
A regra do divisor de tensão será amplamente utilizada no curso de Eletrônica 1. Na i0 (t )  (2.28)
R2
Fig.2.17, dois resistores em série, R1 e R2, são usados para dividir a tensão v(t). A tensão v0(t)
constitui uma porção menor de v(t), cujo valor deseja-se conhecer. Admite-se que nenhum bipolo e, ao resistor R1:
será conectado em paralelo com R2. v(t )
i1 (t )  (2.29)
R1
Da LKC, observa-se que:

i (t )  i1 (t )  i0 (t )
v(t ) v(t ) R1  R2 (2.30)
   v(t )
R1 R2 R1 R2

onde (2.28) e (2.29) foram usadas. Reorganizando-se (2.30), vem


Figura 2.17 – Circuito divisor de tensão de v(t).
R1 R2
v(t )  i (t ) (2.31)
Aplicando-se a lei de Ohm (1.7 a) ao resistor R2, obtém-se R1  R2

v 0 (t )  R2 i (t ) (2.25) Por fim, substituindo-se (2.31) em (2.28), conclui-se que

Por outro lado, como a corrente i(t) flui por R1 em série com R2, vem R1
i0 (t )  i (t ) (2.32)
R1  R2
É interessante comparar (2.32) com (2.27) para observar as diferenças. Esta regra também será 10 99,01 0,99
muito usada em Eletrônica 1. 50 95,24 4,76
100 90,91 9,09
e) Aplicação: Gerador de tensão real – efeito do carregamento 500 66,67 33,33
1000 50,00 50,00
Nas seções anteriores definiu-se geradores de tensão ideais. Modelos de geradores reais
possuem uma resistência interna equivalente não nula, e assim, podem ser representados pela Portanto, para uma carga RL=1 k Rs deve ser no máximo igual a 100  a fim de que se
Fig.2.19, onde vs(t) é a tensão em vazio (ou força eletromotriz) e Rs é a resistência interna da perca menos de 10% de vs, caso contrário, em vez da tensão vs chegar integralmente à carga, uma
fonte. A tensão acessível nos terminais deste gerador prático é vi(t). boa parcela de si ficará retida sobre a resistência interna Rs. Normalmente, geradores de sinais
são fabricados com Rs=50 .

f) Aplicação: Gerador de corrente real

Geradores de corrente práticos devem levar em conta uma resistência interna shunt finita,
como esquematizado na Fig. 2.21, onde is(t) é a corrente de curto-circuito e Rs é a resistência
interna. Ao se conectar uma carga na saída do gerador de corrente, corre-se o risco da corrente
Figura 2.19 – Circuito equivalente de um gerador de tensão prático. is(t) não atingir integralmente esta carga, ficando uma parcela retida na resistência interna Rs.

Na prática, é importante adquirir geradores com a menor resistência interna possível, a


fim de se evitar o efeito de carregamento: com a presença de uma carga conectada à vi(t), haverá
circulação de corrente, e assim, a queda de tensão em Rs causa redução na tensão útil entregue à
saída do gerador, vi(t). Observe que se o gerador estiver em vazio, não haverá corrente através de
Rs e vi(t)=vs(t). Isto será melhor compreendido com o exemplo a seguir.

Exemplo 2.9: Dados vs=100 mVp (lê-se 100 milivolts de pico) e RL=1 k, como mostrado na Figura 2.21 – Circuito equivalente de um gerador de corrente prático.
Fig.2.20, investigar o valor de vL(t) para os valores de Rs apresentados na Tabela 2.2.
É interessante adquirir geradores de corrente cujo valor de Rs seja o maior possível. Caso
contrário, pode haver uma perda de corrente substancial em Rs, antes de se atingir a carga.
Obviamente, se a fonte estiver curto-circuitada, não haverá tensão em Rs e, portanto, também não
haverá corrente nesta resistência. Com isto, a corrente de curto-circuito é o próprio valor de is(t).

Exemplo 2.10: Dados Is=1 A e RL=1 k, conforme representado na Fig.2.22, investigar o valor
de IL para os valores de Rs apresentados na Tabela 2.3.

Figura 2.20 – Circuito usado para estudar o efeito do carregamento.

Solução: Ao contrário do circuito da Fig.2.19, agora, existe uma carga RL ligada na saída do
gerador (vs, Rs). A tensão medida sobre a carga corresponde a vL(t). A tensão na carga pode ser
obtida aplicando-se o divisor de tensão (2.27):

RL 1 k Figura 2.22 – Circuito usado para estudar o efeito do carregamento.


vL  vs  100 mVp
Rs  R L Rs  1 k
Solução: Uma carga RL=1 k encontra-se conectada à saída da fonte de corrente (Is, Rs).
Na Tabela 2.2, apresenta-se o resultado dos cálculos para diversos valores de Rs: Aplicando-se o divisor de corrente (2.32), obtém-se

Tabela 2.2 – Efeito de Rs sobre a tensão na carga. Rs Rs


IL  Is  1A
Rs,  vL, mVp Redução de vs, em % Rs  R L Rs  1 k
1 99,90 0,1
Na Tabela 2.3, variou-se Rs e calculou-se IL. Como se observa, quanto maior o valor da
resistência interna Rs, uma maior porção de Is consegue atingir a carga RL. Caso contrário, a
corrente dará preferência por circular através de Rs.

Tabela 2.3 – Efeito de Rs sobre a corrente de carga.


Rs,  IL, mVp Redução de Is, em %
1k 0,5 50
10 k 0,909 9
100 k 0,990 1 (a) (b)
1M 0,999 0,1 Figura 2.24 – Proteção contra choque elétrico. a) Circuito sem aterramento. b) Circuito com fio terra de proteção.

Na prática, é importante utilizar fontes de corrente com resistência shunt da ordem de


M. 03 – Corrente Alternada

g) Percurso preferido pela corrente 3.1 O regime permanente senoidal

Dado duas resistências em paralelo, como desenhado na Fig.2.23, a corrente sempre terá Estuda-se neste tópico, sinais de tensão que variam senoidalmente no tempo conforme
predileção por circular pela menor das duas resistências.
v(t )  Vm sen(t   ) (3.1)

onde Vm é o valor de pico (ou amplitude, medida em volts),  é a freqüência angular (rad/s) e  é
a fase inicial (rad) da senóide. A frequência angular () se relaciona com a frequência linear (f,
medida em ciclos por segundo ou Hz) através de

  2 f (3.2)

Este tipo de sinal pode ser encontrado, por exemplo, nos geradores de corrente alternada
Figura 2.23 – A corrente prefere circular pela menor resistência. de usinas de geração de energia onde, normalmente, se usa f=60 Hz.
Os sistemas de distribuição de energia, o rádio, a televisão, os sistemas de comunicação,
De fato, se R1  R2 , ou seja, R2 / R1  0 , e os sistemas de computação, etc., dependem fundamentalmente de tensões e correntes senoidais.

R1 Exemplo 3.1: Considere-se um sinal senoidal no qual f= 1 kHz, Vm=1 V e =0 rad. Desenhar o
R1 R1 1 1 gráfico de v(t).
i0 (t )  i s (t )  i (t )  i (t )  i s (t )  i s (t ) (2.33)
R1  R2 R1  R2 s R2 s 1 0
1 Solução: Na Tabela 3.1, consideram-se alguns valores de t para o cálculo de (3.1), ou seja,
R1 R1
v(t )  1 sen2 10 3 t .
Ou seja, a corrente is(t) passa praticamente toda por R2. Se ocorresse o inverso, ou seja, R2<<R1, Tabela 3.1 – Alguns valores particulares para desenhar o gráfico de v(t).
a corrente teria predileção por circular através de R1. t, s v(t), V
Este resultado é amplamente explorado para proteção de pessoas contra choques 0 0
elétricos. Na Fig.2.24 a), mostra-se um motor elétrico no qual existe uma fuga (um vazamento) 10-3/4 sen(/2)=1
de corrente, dos enrolamentos para a carcaça (devido a algum tipo de defeito ou falha).
10-3/2 sen()=0
Normalmente, o motor está sobre um pedestal isolado do solo, de modo que se uma pessoa tocar
em sua carcaça, haverá circulação de corrente através da mesma. Tem-se o choque elétrico. 3x10-3/4 sen(3/2)=-1
Contudo, se a carcaça do motor for aterrada, cria-se um trajeto seguro para esta corrente de falta 1x 10-3 sen(2)=0
para o solo, no qual ela será dissipada (embora com prejuízo na conta de energia do proprietário
do motor). Mesmo se uma pessoa tocar a caraça do motor, a corrente dará preferência por Na Fig.3.1, apresenta-se um esboço do gráfico correspondente, mostrando-se apenas um
circular pelo fio condutor com resistência bem menor que o a do corpo da pessoa. de seus ciclos.
Vm
i (t )  ( ) sen(t   ) (3.6)
RL

Portanto, a corrente resultante tem a mesma freqüência e fase inicial que v(t), porém, sua
amplitude é alterada para Vm/RL. Em geral, em Eletrônica 1, considera-se apenas casos onde
=00.
Em vez de usar a coordenada t, o gráfico da senóide também pode ser desenhado em
termos de t. Este é um procedimento interessante, uma vez que dispensa o conhecimento do
valor de  (ou de f), como aconteceu no caso da Fig.3.1. Desta forma, apresenta-se na Fig.3.3, os
gráficos de vR(t) e i(t) dados por (3.4) e (3.6), respectivamente.
Figura 3.1 – Sinal senoidal típico.

A duração de um ciclo completo de sinal é chamado período, T. No caso do exemplo, T=


1ms. Através de regra de três simples, obtém-se a relação entre o período e a freqüência
(comprovar isto):

1
T (3.3)
f

Observe-se que T= 1ms é igual a 1/f=1/(1 kHz) = 1ms.


(a)
3.2 – Circuitos resistivos

Todas as equações apresentadas nas seções 1 e 2 deste texto podem ser empregadas para
o caso onde as fontes de tensão são senoidais. Em particular, quando os circuitos são puramente
resistivos, como a maioria dos circuitos que serão estudados em Eletrônica 1, a aplicação destas
equações torna-se bastante simples. Os casos não resistivos serão estudados em Circuitos
Elétricos.
Considere-se o circuito resistivo operando em regime senoidal, mostrado na Fig.3.2.
(b)
Assume-se que a fonte de tensão v(t) seja ideal. Figura 3.3 – Sinais na carga. a) Tensão na carga. b) Corrente na carga.

No caso de circuito resistivo, diz-se que a tensão e corrente na carga estão em fase, ou
seja, atingem seus valores máximos simultaneamente. Isto não acontece em circuitos contendo
elementos L ou C, conforme será visto em Circuitos Elétricos.

Exemplo 3.2: Para o circuito da Fig.3.4, calcular a tensão v0(t) e a corrente i(t).

Figura 3.2 – Circuito resistivo em regime senoidal.

Com isto, a tensão na resistência de carga RL será dada simplesmente por:

vR (t )  v(t )  Vm sen(t   ) (3.4)


Usando a lei de Ohm:
Figura 3.4 – Circuito para o Exemplo 3.2.
v R (t )  RL i (t ) (3.5)
Solução: O circuito abaixo resulta da associação série dos resistores de 1 
Assim, extraindo i(t) de (3.5) e usando (3.4), obtém-se:
Associando-se os resistores em paralelo, de 1
T

T 0
2e 4  V AVG  VDC  v(t )dt (3.7)

2.4 4
2 // 4    onde a integração do sinal é realizada entre 0 e T. Neste texto, as notações VAVG (do inglês
24 3 average) e VDC serão usadas indistintamente. VDC é preferida pelo livro de Sedra e Smith. Na
realidade, a integração (3.7) pode ser executada em qualquer intervalo de tempo com duração T.
resulta no circuito a seguir.
Assim, por exemplo, também são válidas as relações:
A tensão v1 é o resultado do divisor de tensão T / 2
de v(t) 1
V AVG  VDC 
T  v(t )dt
T / 2
(3.8 a)

4/3 2
v1  v(t )  v(t )
4/3 2 5 1
T t0

ou V AVG  V DC 
T  v(t )dt (3.8 b)
no qual, substituindo-se a expressão de v(t), t0

obtém-se
para um t0 qualquer.
v1  2 sent Além disso, quando o período T (medido em segundos) não é fornecido, é mais adequado
Também, da figura acima calcular VAVG, partindo-se de (3.7), como (notar que em t=0 tem-se t=0, e, quando t=T tem-se
t=T):
v(t ) 3 3
i (t )   5 sent  sent 1
T
1
2  4 / 3 10 2 V AVG  V DC 
T  v(t )  d (t )
0
(3.9)

Retornando ao circuito original da Fig.3.4 e aplicando o divisor de tensão de v1:


Como T=1/f e =2f, então, T=2f.(1/f)= 2Assim, (3.9) torna-se
3 3 3
v0 (t )  v1  2 sent  sent .
3 1 4 2 1
2
V AVG  V DC 
2  v(t ) d (t ) (3.10 a)
3.3 – Valor médio 0

1
Alguns sinais, embora sejam de corrente direta (DC do inglês Direct Current), não são de
Ou então, V AVG  V DC 
2  v(t ) d (t )

(3.10 b)
corrente constante (CC), pois variam no tempo. Na Fig. 3.4 ilustra-se um tal caso:
Exemplo 3.3: Calcular o valor médio da forma de onda mostrada na Fig.3.7, ou seja
V sent , 0  t  
v(t )   m
 0,   t  2
a qual é denominada de meia-onda.

Figura 3.6 – Sinal periódico arbitrário e valor médio.

Alguns instrumentos, como amperímetros e voltímetros DC, são capazes de medir o valor
médio desse tipo de sinal. Figura 3.7 – Valor médio da meia-onda.
Dada uma função v(t) periódica no tempo, de período T, define-se seu valor médio como:
Solução: Aplicando-se (3.10 a), obtém-se
2 
1 1 Vm 
V DC 
2  v(t ) d (t )  2  V
0 0
m sent d (t ) 
2 0
senx dx

V V V
 m [ cos x]0  m [ cos   ( cos 0)]  m [1  (1)]
2 2 2

e assim,
Vm
V DC  Figura 3.9 – Harmônicas senoidais. a) Segunda harmônica.b) Terceira harmônica.

Vm
Este resultado será amplamente utilizado no estudo de retificadores a diodos em Eletrônica 1. Exercício 3.1: Calcular o valor médio do sinal v(t )  [1  sen(t )] .
Embora os sinais das Figs. 3.6 e 3.7 sejam do tipo DC, a definição de valor médio é geral, 2
e também se aplica a sinais alternados, que apresentam valores instantâneos positivos ou
negativos. Exercício 3.2: Calcular o valor médio do sinal mostrado na Fig.3.10, o qual é chamado de onda
completa.
Exemplo 3.4: Calcular o valor médio da tensão senoidal v(t )  Vm sent , mostrado na Fig.3.8.

Figura 3.10 – Forma de onda para o Exercício 3.2.


Figura 3.8 – Sinal senoidal simples.
3.4 – Valor eficaz
Solução: Não é preciso de cálculo para deduzir que o valor médio de v(t) é zero, uma vez que o
sinal senoidal é simétrico: cada valor positivo da primeira metade do ciclo é compensado por um Com exceção do osciloscópio, os instrumentos de corrente alternada, tais como
valor igual negativo da segunda metade do ciclo. Portanto, ao somar todos os valores da integral amperímetros e voltímetros (analógicos ou digitais) são lentos demais para que possam
entre 0 e 2, se obterá zero como resultado. Apenas para confirmar, aplica-se (3.10 a) acompanhar os ciclos efetivos de oscilações de um sinal variável no tempo (como o senoidal).
Assim, em geral, estes últimos são calibrados em termos de valores eficazes. Por exemplo, se
2 2 2 você ligar um voltímetro de corrente alternada a uma tomada elétrica doméstica, ele deve indicar
1 1 Vm
V DC 
2  v(t ) d (t )  2  V
0 0
m sent d (t ) 
2  senx dx
0
127 volts eficazes (127 Vef ou 127 VRMS). A sigla RMS advém do inglês Root Mean Squared.
Dada uma função v(t) periódica no tempo (não necessariamente senoidal), de período T,
V V V define-se o valor eficaz como:
 m [ cos x]02  m [ cos 2  ( cos 0)]  m [1  (1)]  0
2 2 2
1 T
V RMS  Vef 
T  0
v 2 (t ) dt (3.11 a)
Na verdade, as funções do tipo v 2 (t )  Vm sen(2t   ) , v3 (t )  Vm sen(3t   ) , ..., todas, ou então, em termos de (t):
têm valor médio nulo (verificar isto!). Estes sinais têm freqüências dupla (2), tripla (3), etc., e 1 2

são denominados de segunda harmônica, terceira harmônica, etc, respectivamente. A função com V RMS  Vef 
2  0
v 2 (t ) dt (3.11 b)
freqüência  é denominada de componente de freqüência fundamental. Os gráficos de v2(t) e
v3(t) estão desenhados na Fig. 3.7, e apresentam dois e três ciclos por período 2da Exemplo 3.5: Se v(t )  Vm sent , calcular a sua tensão eficaz.
fundamental, respectivamente.
Solução: Aplicando-se (3.11 b)
1 2 2 1 2 2 V 2 2 1  cos 2 x
  v (t ) dt   Vm sen 2t dt  m 
2
V RMS dx
2 0 2 0 2 0 2
V 2 x sen2 x 2 Vm2 2 0 sen4 sen0 Vm2
 m[  ]0  [    ]
2 2 4 2 2 2 4 4 2

de onde se conclui que

Vm
V RMS 
2
Figura 3.11 – Sinal de tensão arbitrário e de período T.
Assim, em vez de (3.1), também é comum se utilizar a notação:
Outra forma de se calcular PAVG, mais simples que (3.12), é
v(t )  2 VRMS sen(t   ) . Este resultado é amplamente utilizado em eletricidade.
1 2 1 

Exercício 3.3: Mostrar que todas as expressões abaixo possuem VRMS  Vm / 2 . PAVG 
2  0
p(t ) dt 
2   p(t ) dt

(3.13)
a) v(t )  Vm cos t
b) v(t )  Vm sen(t   ) ,  qualquer. Exemplo 3.6: Se v(t )  Vm sent e i (t )  I m sent , calcular a potência média.

Solução: Este é um caso típico de circuito senoidal resistivo. Aplicando-se (3.13):


1 
Exercício 3.4: Mostrar que usando-se V RMS  v (t ) dt , para v(t )  Vm sent , obtém-se
2

2   
1 Vm I m 1  cos x
o mesmo resultado, ou seja, que V RMS  Vm / 2 . PAVG 
2 V

I sen 2t dt 
m m
2 
 2
dx 

V I x sen2 x  Vm I m   sen2 sen(2 ) Vm I m  


Exercício 3.5: Calcular a tensão eficaz da função de meia-onda v(t) estudada no Exemplo 3.3.  m m[  ]   [  ( )   ] [   0  0]
2 2 4 2 2 2 4 4 2 2 2
Exercício 3.6: Calcular a tensão eficaz da função de onda completa v(t) mostrada na Fig.3.8.
Portanto, o valor da potência média do sinal senoidal simples será:
3.5 – Potência Média
Vm I m
PAVG   V RMS I RMS
Quando a corrente e a tensão num bipolo são funções do tempo, é adequado definir uma 2
potência média conforme:
No próximo exemplo, emprega-se este resultado para interpretar o significado de valor eficaz.
1 T 1 T
PAVG 
T  0
p (t ) dt 
T 0
v(t )i (t ) dt (3.12)
Exemplo 3.7: Considere o circuito de corrente contínua mostrado na Fig.3.12, alimentado por
uma fonte de tensão CC cujo valor é Vef..
onde T é o período de v(t) e i(t).
A expressão (3.12) é válida para quaisquer formato de v(t) e i(t), não obrigatoriamente
senoidais como, por exemplo, o sinal arbitrário periódico mostrado na Fig.3.11.

Figura 3.12 – Circuito resistivo alimentado com fonte CC de valor Vef.

A potência dissipada no resistor é


Vef Vef2 Em eletrônica, um transformador, normalmente, é usado para abaixar o nível de tensão da
PR  Vef I ef  Vef  rede (127 ou 220 Vef) para níveis compatíveis com os dispositivos semicondutores
R R
(normalmente, abaixo de 15 volts). Na Fig.4.1, apresentam-se alguns modelos comerciais destes
transformadores.
Agora, considerando-se o circuito de corrente alternada mostrado no Fig.3.13, no qual
v(t )  Vm sent .

Figura 3.13 – Circuito senoidal resistivo.

A corrente elétrica resultante será:


(a)
Vm (b)
i (t )  I m sent  sent , onde I m  Vm R Figura 4.1 – Alguns exemplos de transformadores práticos. a) Enrolamento exposto. b) Blindado.
R

Para um circuito como o da Fig.3.13, já foi visto que a potência média fornecida pela fonte Na Fig. 4.2 a), ilustra-se o esquema de um transformador de potencial, constituídos por
senoidal é: dois enrolamentos, sobre um mesmo núcleo de material ferromagnético [ver Fig.4.2 b)]. Assim,
V I V2 o lado de maior tensão corresponde ao enrolamento primário, enquanto o lado de menor tensão,
PAVG  m m  m
2 2R ao enrolamento secundário.

pois I m  Vm / R . A partir de PR e PAVG, obtém-se uma interpretação física para o valor eficaz.
Igualando-se PR e PAVG, verifica-se que

Vef2 Vm2

R 2R

a partir da qual, conclui-se que

Vef  Vm / 2

como havia sido previsto no Exemplo 3.5. A partir deste resultado, tem-se a seguinte
interpretação: se uma tensão v(t )  2 Vef sent for aplicada a uma resistência R, produz-se a
(a) (b)
mesma dissipação de energia que uma fonte CC com valor Vef aplicada à mesma resistência R. Figura 4.2 – Transformadores de potencial. a) Esquema elétrico. b) Elementos constituintes.

04 – Transformador As tensões do primário e do secundário de um transformador ideal estão relacionadas por:

Não se deve ligar um eletrodoméstico cuja tensão de operação é 127 Vef numa rede de V2 n 2
220 Vef, pois isto danificaria o aparelho. O inverso não existe perigo, porém, a eficiência do  (3.14)
aparelho cairia sensivelmente. Necessita-se, portanto, de um dispositivo que consiga aumentar V1 n1
ou diminuir a diferença de potencial num circuito (mantendo-se a potência média constante). O
transformador de tensão alternada constitui esse elemento (e não existe um sistema equivalente, onde V1 e V2 são as tensões dos enrolamentos primário e secundário (eficazes ou de pico),
com simplicidade equivalente, para corrente contínua). respectivamente, enquanto n1 e n2 são os números de espiras destes enrolamentos. Assim, se
n2<n1, então, V2=(n2/n1)V1 < V1. Ou seja, a tensão do secundário é menor que a do primário
(trata-se de um transformador abaixador).
Além disso, o transformador isola a carga (a qual corresponde aos circuitos ligados no
secundário) da linha (ou rede CA). Isto quer dizer que o único acoplamento com a rede CA é
através do campo magnético, o qual põe em comunicação os enrolamentos do primário e
secundário. Isto reduz os perigos de um choque elétrico, porque não existe mais um contato
elétrico direto entre os dois lados da linha.
Conforme será estudado na disciplina Conversão de Energia, um transformador prático
possui enrolamentos com resistências que produzem alguma perda de potência. O núcleo
laminado de material ferromagnético também possui correntes parasitas, que produzem perdas
adicionais de potência. E, por fim, apresenta não-linearidade e histerese, que podem distorcer o
sinal no secundário do transformador. Contudo, estes problemas causam mais preocupação em
grandes transformadores, como os de sistema de transmissão e distribuição de energia. Em
eletrônica, normalmente, esta preocupação normalmente não é muito crítica.

05 – Bibliografia

[1] Luiz de Queiroz Orsini e Denise Consonni, Curso de circuitos elétricos, volumes 1 e 2,
segunda edição, editora: Edgard Blücher, 2002.

[2] Albert Paul Malvino, Eletrônica, volumes 1 e 2, quarta edição, editora: Makron Books,
1997.

Você também pode gostar