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UNIVERSIDADE PAULISTA

VANESSA APARECIDA SILVA AMORIM

UNIÃO ESTÁVEL E O CONTRATO DE NAMORO:


OS EFEITOS FRENTE A LEGISLAÇÃO VIGENTE

CHÁCARA SANTO ANTÔNIO - SP


2021
VANESSA APARECIDA SILVA AMORIM

UNIÃO ESTÁVEL E O CONTRATO DE NAMORO:


OS EFEITOS FRENTE A LEGISLAÇÃO VIGENTE

Trabalho de conclusão de curso para


obtenção do título de graduação em
Direito apresentado à Universidade
Paulista – UNIP.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Luciana de Paula


Assis Ferriani

CHÁCARA SANTO ANTÔNIO - SP


2021
VANESSA APARECIDA SILVA AMORIM

UNIÃO ESTÁVEL E O CONTRATO DE NAMORO:


OS EFEITOS FRENTE A LEGISLAÇÃO VIGENTE

Trabalho de conclusão de curso para


obtenção do título de graduação em
Direito apresentado à Universidade
Paulista – UNIP.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Luciana de Paula


Assis Ferriani

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

_______________________/__/___
Prof. Nome do Professor
Universidade Paulista – UNIP

_______________________/__/___
Prof. Nome do Professor
Universidade Paulista – UNIP

_______________________/__/___
Prof. Nome do Professor
Universidade Paulista – UNIP
Aos meus pais e familiares pelo apoio e compreensão, bem
como à memória de minha mãe Quitéria Amorim que partiu
dessa vida, minha referência de luta e como exemplo de
mãe. Minhas saudades são eternas.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pelo dom da vida e por estar presentes em todos os


momentos de minha vida, principalmente nos mais difíceis, por me proteger e
guardar, mas principalmente por me agraciar com uma mãe fantástica ajudou e
incentivou a continuar mesmo passando por momentos tão difíceis.
Aos meus familiares que me incentivaram e me apoiaram para que eu
chegasse a este momento, em especial aos meus irmãos que acreditam em meu
potencial.
Ao corpo docente com quem tive a grata satisfação de encontrar ao longo do
período acadêmico, em particular à professora Dra. Luciana de Paula Assis Ferriani,
pela orientação, paciência e contribuição para a concretização deste trabalho.
A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a conclusão dessa
nobre graduação
Se considerado válido, o contrato seria o instrumento para dar segurança jurídica
para aqueles que buscam se relacionar afetivamente e não têm intenção de
constituir família, bem como de diminuir o número de litígios que chegam a juízo
para reconhecimento de união estável quando ambas as partes não foram claras a
respeito de sua vontade.
(ORLANDO GOMES)
RESUMO

O presente trabalho tem como tema o contrato de namoro, documento que


resguarda o casal dos efeitos da união estável, como partilha de bens, pensão,
direitos sucessórios em caso de falecimento entre outros. O trabalho tem como
problema de pesquisa: Ante o Direito Civil Contratual e o Direito de Família, qual a
validade do contrato de namoro? O objetivo geral do trabalho é, por conseguinte,
discutir a validade do contrato de namoro, bem como se seria apto a produzir efeitos
no mundo jurídico, buscando aparato jurídico no Direito Civil Contratual e no Direito
de Família. Pretendeu-se, para tanto, apresentar o instituto familiar junto a Carta
Magna, bem como sua evolução histórica; demonstrar o regime de bens; elucidar a
união estável e suas particularidades; e investigar o contrato de convivência. A
metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica. Conclui-se que o entendimento pela
invalidade do contrato de namoro se afirma por tratarem-se de normas de Direito de
Família cogentes, sendo que um contrato escrito não pode as afastar, pois vigoram
em detrimento da vontade particular das partes. O princípio da autonomia da
vontade aqui não vigora, prevalecendo o que a norma pública determinou. Dessa
forma, o contrato de namoro é nulo de pleno direito, pois afasta as normas que
regulam a união estável. Normas estas de ordem pública, inderrogáveis por vontade
das partes, sendo desnecessário e inválido perante o ordenamento jurídico
brasileiro.

Palavras-chave: União estável. Contrato de convivência. Contrato de namoro.


Invalidade.
ABSTRACT

The present work has as its theme the dating contract, a document that protects the
couple from the effects of a stable union, such as sharing of assets, pension,
inheritance rights in case of death, among others. The work has as a research
problem: In the light of Civil Contract Law and Family Law, what is the validity of the
dating contract? The general objective of the work is, therefore, to discuss the validity
of the dating contract, as well as whether it would be able to produce effects in the
legal world, seeking legal apparatus in Contractual Civil Law and in Family Law. It
was intended, for that, to present the family institute together with the Magna Carta,
as well as its historical evolution; demonstrate the property regime; elucidate the
stable union and its particularities; and investigate the coexistence contract. The
methodology used is bibliographic research. It is concluded that the understanding of
the invalidity of the dating contract is affirmed because they are cogent Family Law
rules, and a written contract cannot exclude them, as they are in force to the
detriment of the particular will of the parties. The principle of autonomy of will does
not apply here, prevailing what the public norm determined. Thus, the dating contract
is null and void, as it sets aside the rules that regulate the stable union. These norms
of public order, non-derogable at the will of the parties, being unnecessary and
invalid under the Brazilian legal system.

Keywords: Stable union. Coexistence contract. Dating contract. invalidity


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................9
1 BREVES COMENTÁRIOS ACERCA DA TRANSFORMAÇÃO E EVOLUÇÃO
HISTÓRICA DA FAMÍLIA...........................................................................................11
1.1 A família e a Constituição Federal de 1988......................................................12
1.2 O casamento.....................................................................................................13
2 O REGIME DE BENS.......................................................................................15
2.1 O pacto antenupcial..........................................................................................16
3 A UNIÃO ESTÁVEL.........................................................................................18
3.1 Histórico doutrinário, jurisprudencial e legislativo.............................................18
3.2 Elementos caracterizadores da união estável..................................................20
3.3 Efeitos patrimoniais da união estável...............................................................21
3.3.1 Regime de bens................................................................................................21
3.3.2 Alimentos na união estável...............................................................................22
3.3.3 A sucessão do companheiro.............................................................................22
4 O CONTRATO DE CONVIVÊNCIA..................................................................25
4.1 Escorço histórico...............................................................................................25
4.2 Especificidades.................................................................................................26
4.2.1 Disposições sobre o regime de bens................................................................27
5 O CONTRATO DE NAMORO..........................................................................29
5.1 O surgimento do contrato de namoro...............................................................30
5.2 As diferenças entre união estável e namoro....................................................30
5.3 Os efeitos do contrato de namoro.....................................................................31
5.4 Da invalidade do contrato.................................................................................33
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................38
REFERÊNCIAS...........................................................................................................40
9

INTRODUÇÃO

A verdade é que a união estável, por ser fato natural, está muito mais
presente na sociedade e na vida das pessoas, casais e jovens casais, do que se
pode imaginar.
Ocorre que, apesar de bastante corriqueira e de gozar de reconhecimento
como entidade familiar e proteção constitucional, a União Estável ainda carrega a
mácula da clandestinidade diante dos olhos dos menos informados.
Sendo assim, reconhecida e protegida pela Constituição Federal de 1988, a
união estável além de totalmente descontaminada de qualquer ilicitude, gera direitos
e obrigações perfeitamente tuteladas pela legalidade e pelo Estado.
Dessa maneira, o presente trabalho, caminha por toda a extensão do tema,
contudo, aprofunda-se no contrato de namoro.
À luz da constatação, o trabalho tem como problema de pesquisa: Ante o
Direito Civil Contratual e o Direito de Família, qual a validade do contrato de
namoro?
Aventa-se a hipótese de que, parte do fato natural, que é a convivência de um
casal, e do seu reconhecimento e proteção estatal. Passa por questões relevantes
como o concubinato impuro, a sucessão do companheiro, um comparativo com o
casamento, regimes de bens, pacto antenupcial, etc. Termina com considerações a
respeito do Contrato de Convivência, que, confessamos, surpreendeu-nos por sua
simplicidade.
Defendeu-se, também, os casais, procurando firmar que não possuíam o
objetivo de constituir um relacionamento sério como união estável ou casamento,
tendo apenas o namoro como característica, começaram a pactuar contratos de
namoro de alguns anos para cá. Essa preocupação e a possibilidade de celebração
de negócio ou da prática de um ato jurídico, ou ao menos constituir prova desta
situação, iniciou-se para atenuar o risco do reconhecimento indevido e, muitas
vezes, injusto, de uma união estável, e para proteger, com maior segurança, os
interesses das partes.
O objetivo geral do trabalho é, por conseguinte, discutir a validade do contrato
de namoro, bem como se seria apto a produzir efeitos no mundo jurídico, buscando
aparato jurídico no Direito Civil Contratual e no Direito de Família. Pretendeu-se,
para tanto, apresentar o instituto familiar junto a Carta Magna, bem como sua
10

evolução histórica; demonstrar o regime de bens; elucidar a união estável e suas


particularidades; e investigar o contrato de convivência.
Justifica-se, por todo exposto, este trabalho estar contribuindo no sentido de
orientar estudantes, jovens advogados e jovens casais acerca da união estável,
seus efeitos patrimoniais e com mais profundidade o contrato de namoro. Haja vista,
uma vez que a viabilidade do contrato de namoro no ordenamento pátrio como
medida para conceder segurança jurídica e respeito à autonomia privada.
Como metodologia, adotou-se a pesquisa bibliográfica. Foi realizada leitura de
doutrinas pertinentes ao entendimento e esclarecimento do tema e à comprovação
das hipóteses. Além da leitura das doutrinas pertinentes ao objeto de pesquisa,
foram consultados documentos disponíveis online, devidamente notados nas
referências.
O primeiro capítulo aborda a evolução histórica da família perante a legislação
Magna e o fenômeno do casamento.
O segundo capítulo discorre sobre o regime de bens, conjunto de regras que
regulamentam as questões relativas ao patrimônio dos cônjuges/companheiros,
delimitando as diretrizes que deverão ser seguidas.
O terceiro capítulo trata da união estável, instituto jurídico que estabelece
legalmente a convivência entre duas pessoas, que para tanto seja aprovada que a
"união estável" é similar ao casamento civil.
O quarto capítulo apresenta o contrato de convivência, escopo regular a união
estável entre duas pessoas do mesmo sexo ou sexos diversos.
O quinto capítulo traz a validade ou invalidade O contrato de namoro é um
documento que resguarda o casal dos efeitos da união estável, como partilha de
bens, pensão, direitos sucessórios em caso de falecimento entre outros.
Por fim, seguem a conclusão e as referências.
11

1 BREVES COMENTÁRIOS ACERCA DA TRANSFORMAÇÃO E EVOLUÇÃO


HISTÓRICA DA FAMÍLIA

É inegável que a família, ao longo de sua evolução histórica, vem sofrendo


significativas alterações. Isso ocorre desde a sociedade patriarcal romana até a
família nuclear da sociedade industrial contemporânea.
O ponto de partida desta evolução é o modelo de família patriarcal
hierarquizado, necessariamente matrimonializado, e sem a possibilidade de
dissolução deste vinculo matrimonial.
Na verdade, segundo Rodrigues (2019, p. 99): “Aquela família representava
uma unidade de produção e procriação que estabelecia laços patrimoniais”. Daí a
impossibilidade da dissolução.
Obviamente, os sistemas legais das diferentes nações ocidentais vêm
acompanhando essas significativas transformações, inclusive no Brasil,
notadamente ao contrapor-se a família balizada pelo Código Bevilaqua, à família
definida, regulada e, principalmente, protegida pela Constituição Federal de 1988 e
pelo Código Civil de 2002.
Em apertada síntese, conclui-se que aquela família, que existiu sob a égide
do Código Civil de 1916, possuía uma estrutura patriarcal, hierarquizada,
heteroparental, biológica, de caráter institucional, considerada como unidade de
produção e constituída exclusivamente pelo matrimônio.
Sabidamente, a família de hoje, tutelada pela Constituição de 1988 e pelo
Código Civil de 2002 é pluralizada, democrática, igualitária, hétero ou homoparental,
biológica ou socioafetiva, considerada como unidade socioafetiva, e de caráter
instrumental.
Tal instrumentalidade se explica pelo fato de que a família não é mais um fim
em si, mas sim um instrumento e ambiente para a a proteção e realização da pessoa
humana, por meio de solidariedade social baseada no afeto (FARIAS; ROSENVALD,
2019).
Desta evolução conclui Dias (2017, p. 220): “o novo olhar sobre a sexualidade
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valorizou os vínculos conjugais que passaram a se sustentar no amor e no afeto”.


Na esteira desta evolução, o direito de família instalou uma nova ordem
jurídica para a família, atribuindo valor jurídico ao afeto.

1.1 A família e a Constituição Federal de 1988

Obviamente as transformações da não são fruto desta ou daquela legislação,


ao contrário, estas é que se adequam àquelas.
Logicamente, a Constituição de 1988, contando com a sensibilidade do
constituinte, veio a catalisar esta transformação que, a bem da verdade, já vinha
ocorrendo há algum tempo com a implementação de alguns diplomas legais, tais
como a Lei. 6.515/1977, a chamada Lei do Divórcio, visto que o Código Civil de 1916
tinha o casamento como instituição indissolúvel (FARIAS; ROSENVALD, 2019).
Mas é claro, todavia, que a grande transformação se deu a partir da
promulgação da atual Carta Política. Em primeiro lugar pela ordem principiológica da
supremacia da pessoa humana, sendo sua plena realização e dignidade
consideradas como um fim a ser obtido por intermédio de uma sociedade baseada
no afeto, a família.
Em segundo lugar, mas com importância primordial, verifica-se, a implantação
pelo texto constitucional da chamada pluralidade familiar, deixando, assim, de ser o
matrimonio instrumento único para a formação dos núcleos familiares.
De fato, a Norma Constitucional, em seus arts. 226 227, que estabelece
regras e princípios relativos à família, de maneira expressa, abarca no âmbito das
sociedades familiares: A “comunidade formada por qualquer dos pais e seus
descendentes” e a “união estável entre homem e mulher” (BRASIL, 1988, p. 226-
227).
Com efeito, o casamento deixou de ser a exclusiva forma de constituição da
comunidade familiar. Sendo assim igualmente consideradas a união estável entre
homem e mulher e as chamadas famílias monoparentais, merecendo igual proteção
do estado.
Na verdade, o constituinte apenas normatizou a realidade de milhares de
famílias brasileiras, reconhecendo a família como um fato natural, que, “merecem
ser abrigadas sob o manto do direito de família”, nas palavras de Dias (2017, p.
293), que desfecha: “excluir do âmbito da juridicidade entidades familiares que se
13

compõe a partir do elo da afetividade que gera comprometimento mútuo e


envolvimento pessoal e patrimonial simplesmente é chancelar o enriquecimento
injustificado, é ser conivente com a injustiça”.
Outrossim, é preciso salientar que o rol constitucional acerca das entidades
familiares não é taxativo, constitui, portanto, enumeração exemplificativa (numerus-
apertus), possibilitando, em decorrência dos, igualmente constitucionais, Princípios
da Dignidade Humana e da Igualdade, estender a proteção estatal a diferenciadas
entidades baseadas no afeto, incluindo-se as chamadas famílias reconstituídas, a
União homoafetiva e o próprio concubinato (GONÇALVES, 2019).
Assim:

A não admissibilidade de quaisquer comunidades afetivas (denominadas


por algumas entidades para-familiares) como núcleos familiares, afastando-
as da incidência protetiva do direito de família, sob o frágil argumento de
não estarem explicitamente previstas no art. 226, colide, em linhas gerais,
com os princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade
substancial, por ser descabida discriminação de qualquer espécie à opção
afetiva de cada cidadão (CAHALI, 2018, p. 304).

Em arremedo de conclusão, vale ainda destacar outros importantes


balizamentos acerca da família estabelecidos pela Lex Fundamentallis de 1988,
quais sejam: A igualdade entre homem e mulher; A possibilidade da mudança do
nome pelo homem e pela mulher; A igualdade entre os filhos; o planejamento
familiar e a paternidade responsável; A facilitação da dissolução do casamento
(recentemente ampliada pela EC nº 60); A proteção às famílias monoparentais,
homoafetivas, reconstituídas, ampliada e substituta (BRASIL, 1988).

1.2 O casamento

Sendo o foco deste trabalho o contrato de convivência e seus efeitos


patrimoniais, aplicável à união estável, imagina-se ser conveniente apresentar,
inclusive para que se possa estabelecer parâmetros de comparação ente uma
situação e outra, breves considerações a respeito do casamento.
Sua natureza jurídica sem dúvida é negocial, por depender da vontade das
partes, entendimento que se fortaleceu com o advento da Lei n. 11.441/07 que
passou a permitir sua dissolução consensual em cartório (WELTER, 2019).
Todavia, deve submeter-se a normas de natureza cogente, o que
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drasticamente mitiga a autonomia da vontade dos nubentes, limitada, a essa altura,


a liberdade de casar, optar pelo regime de bens, e dissolver o casamento.
De fato, segundo Rodrigues (2019), diferentemente de um contrato que se
opera no âmbito das relações meramente obrigacionais, no casamento não se
admite qualquer condição, termo ou encargo.
Desta maneira, normatizado pelas disposições constitucionais (Art. 226, §§ 1ª
e 2º) e pelo Código Civil (art. 1511 e seguintes), in verbis: “O casamento estabelece
comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos
cônjuges” (BRASIL, 2002, p. 1511).
Ao casamento restou caracterizado pelos seguintes pontos: Estabelecimento
de Comunhão de vida; solene; regulado por normas de natureza cogente;
Diversidade de Sexos; estrutura monogâmica, insuscetível a condição termo ou
encargo; passível de dissolução por vontade das partes.
A esse ponto, julga-se importante ressaltar que a união estável pode ser
convertida em casamento, todavia conforme redação do art. 1726 do Código Civil, in
verbis: A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos
companheiros ao juiz e assento no Registro Civil (BRASIL, 2002, p. 1726).
Tal conversão exige procedimento judicial. Dessa maneira torna-se óbvia a
conclusão de que é mais difícil converter a união estável em casamento, vez que
este último tramita em cartório sem a necessidade de chancela judicial.
Não poder-se-ia, antes da conclusão deste tópico, deixar de assinalar a
existência, decorrente do da inteligência do art. 1516 em seu § 2º da Lei Civil, do
chamado casamento religioso com efeitos civis posteriores, in verbis:

Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a


validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no
registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração
(BRASIL, 2002, p. 1516).

Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos


requisitos exigidos para o casamento civil.
§ 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de
noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao
ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja
sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o
referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
§ 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste
Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a
qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a
autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.
§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele,
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qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil


(BRASIL, 2002, p. 1516).

Tal dispositivo, procurando sanar situação corriqueira decorrente da


desinformação dos casais, faculta àqueles casados apenas (ou seja, sem as
formalidades civis) eclesiasticamente, formular pedido de habilitação do casamento
ao oficial do registro. Comprovando que são casados no religioso.
2 O REGIME DE BENS

Todo casamento é submetido a um determinado regime de bens, que pode


ser livremente escolhido pelos nubentes. Calcado na liberdade de escolha e na
autonomia privada, gera efeitos meramente econômicos, logo disponíveis, numa
entidade familiar.
Sendo assim, prevalece a autonomia da vontade dos nubentes quanto à
escolha do regime de bens que regulará não só a propriedade, mas também a
administração, o gozo e a disponibilidade dos direitos patrimoniais, como também a
responsabilidade por dívidas, durante vigência do casamento e no ato de sua
dissolução.
Mais do que isso:

A liberdade de escolha extrapola os regimes de bens apresentados pelo


CC, podendo os nubentes, através do “Pacto Antenupcial”, estipular regimes
mistos ou até inovadores, desde que não haja vedação legal. Coroa a
autonomia da vontade o advento da possibilidade da mutação do regime de
bens na vigência do casamento. Inovação do Código Reale, todavia: de
motivação relevante; requerimento de ambos os cônjuges; e chancela
Judicial; além de citação de credores e publicação de editais (CAHALI,
2018, p. 309).

Todavia, toda essa liberdade não é plena. Em primeiro lugar não existe a
faculdade de não se adotar regime algum, ou seja, caso não haja opção dos
nubentes por qualquer dos regimes disponíveis, adotar-se-á, supletivamente a
vontade não expressa, o chamado “Regime Legal de Bens”, ou seja, “União Parcial
de Bens”.
Desta Maneira, nas palavras de Gomes (2019, p. 555): A lei intervém por
“deliberação imperativa”
Ainda de acordo com o art. 1.640, in verbis: “Não havendo convenção, ou
sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da
16

comunhão parcial” (BRASIL, 2002, p. 1).


Outrossim, nas hipóteses elencadas pelo art. 1.641 do Código Civil, in verbis:

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:


I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas
suspensivas da celebração do casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial
(BRASIL, 2002, p. 1).

Assim sendo, é compulsória a adoção do regime da “separação obrigatória”.


É o denominado regime legal obrigatório ou regime de bens compulsório.
Tal regime, entretanto, foi desde sempre atacado pela doutrina por
nitidamente violar princípios constitucionais. Conforme posição de Rodrigues (2019,
p. 234): “tal restrição, a meu ver, é atentatória à liberdade individual. A tutela
excessiva do Estado, sobre pessoa maior e capaz, decerto é descabida e
injustificável”.
Seus efeitos, todavia, anularam-se após a edição da Súmula 377 do Supremo
Tribunal Federal por confundir-se ou mesmo igualar-se, em seus efeitos, com o
“Regime Legal”:

AGRAVO DE INSTRUMENTO SUCESSÃO - ARROLAMENTO SUMÁRIO -


'DE CUJUS' CASADO SOB O REGIME DA SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA
DE BENS - Decisão que indeferiu o pedido de partilha de bens -
Inconformismo da viúva Acolhimento- Aplicabilidade da súmula 377/STF
Direito da viúva à meação, ou seja, 50% do imóvel adquirido no curso do
casamento - Herdeiros, filhos do falecido, têm direito à outra metade do
imóvel, a título de herança- Viúva que não concorre com os herdeiros na
sucessão – Inexistência de impedimento a cônjuge sobrevivente ser
nomeada inventariante - Decisão reformada Recurso provido (BRASIL,
2011, p. 1).

De fato, no regime de separação legal de bens comunicam-se os adquiridos


na constância do casamento.

2.1 O pacto antenupcial

Havendo opção distinta do regime legal supletivo exige-se a lavratura do


Pacto Antenupcial pelos nubentes. Segundo Rodrigues (2019, p. 293): trata-se da
estipulação do regramento econômico na vigência do casamento, ou seja, instituto
nitidamente negocial, onde, mais uma vez, prevalece a autonomia privada.
17

Tais estipulações de cunho negocial não se limitam aos regimes “balizadores”


do Codex. Sendo perfeitamente possível, por exemplo, a estipulação de
porcentagens diversas de 50% para cada um dos nubentes, a reserva de bens
específicos para cada um deles, bem como a doação de bens de um para outro.
Entretanto, conforme Dias (2017, p. 300): “Nada impede que aos noivos
disciplinem também questões não patrimoniais. Ora, se a lei impõe deveres e
assegura direitos ao paras, não há qualquer impedimento a que se estipulem
encargos outros”.
Todavia, como não poderia deixa de ser, a autonomia da vontade, também
quanto às estipulações do pacto antenupcial, encontra seus limites nas normas de
natureza cogente, na matéria de direito público, bem como naquelas pertinentes a
manutenção da dignidade da pessoa humana.
Segundo o art. 1.655, in verbis: “É nula a convenção ou cláusula dela que
contravenha disposição absoluta de lei” (BRASIL, 2002, p. 1655).
Neste diapasão o teor do aresto a seguir colacionado:

APELAÇÃO - DECLARATÓRIA Pretendida declaração de validade de pacto


antenupcial celebrado por casal já falecido e, com fulcro nele ver declarada
como herdeira da falecida, sua irmã - Extinção do processo, sem julgamento
do mérito, com fundamento no inc. V do art. 267 do Código de Processo
Civil Recurso do autor Alegação de que a decisão proferida em processo de
jurisdição voluntária não impede o manejo do processo contencioso
competente Decisão proferida no Juízo de inventário com amparo na norma
do art. 984 do Código de Processo Civil - Exclusão de colateral da
sucessão, de qualquer forma, que se mostra de rigor face à ordem de
vocação hereditária segundo o Código Civil vigente à data do óbito
Inexistência de herdeiros de classe preferencial (descendentes e
ascendentes) autorizando o cônjuge supérstite a herdar todo o patrimônio
deixado pela falecida esposa, qualquer que seja o regime de bens do
casamento - Carência mantida, com amparo no inc. VI do art. 267 do
Código de Processo Civil Negado provimento ao recurso (BRASIL, 2011, p.
1).

Sua validade requer que seja celebrado por escritura pública, enquanto sua
eficácia interpartes submete-se a efetiva celebração do casamento.
Sua eficácia perante terceiros, “erga-omnes”, por sua vez, exige registro em
cartório de imóveis, in verbis:

Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e
ineficaz se não lhe seguir o casamento (BRASIL, 2002, p. 1653).

Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica


condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de
18

regime obrigatório de separação de bens (BRASIL, 2002, p. 1654).

Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final


nos aquestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis,
desde que particulares (BRASIL, 2002, p. 1656).

Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros,


senão depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de
Imóveis do domicílio dos cônjuges (BRASIL, 2002, p. 1657).

Todavia, como não poderia deixa de ser, a autonomia da vontade, também


quanto às estipulações do pacto antenupcial, encontra seus limites nas normas de
natureza cogente, na matéria de direito público, bem como naquelas pertinentes a
manutenção da dignidade da pessoa humana.

3 A UNIÃO ESTÁVEL

3.1 Histórico doutrinário, jurisprudencial e legislativo:

O Código Civil de 1916 considerava o matrimônio como sendo única forma


legitima de constituição da entidade familiar.
Além de exclusivo, era o casamento dotado de caráter indissolúvel, ou seja,
perdurava até o advento da morte de um dos cônjuges (GONÇALVES, 2015).
Diante deste cenário, qualquer união entre homem e mulher que não
instituída pelo casamento era considerada ilegítima e intitulada “concubinato”.
Tal instituto, o concubinato, não dispunha de nenhuma proteção ou
consideração legal no âmbito do direito de família, gerando apenas efeitos no campo
dos direitos das obrigações.
Desta maneira o primeiro amparo jurisprudencial direcionado a garantir
direitos patrimoniais os concubinos foi a Súmula 380 do Supremo Tribunal Federal:
“Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua
dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum”
(BRASIL, 2015, p. 1).
A reboque, a Súmula 338 dispõe: “vida em comum sob o mesmo teto, “more
uxorio” não é indispensável à caracterização do concubinato” (BRASIL, 2015, p. 1).
Todavia, o esforço de retirar do concubinato a imagem de relacionamento
indigno, adulterino e clandestino partia exclusivamente dos Tribunais, mantendo-se
19

o Legislativo (FARIAS; ROSENVALD, 2019).


Neste sentido, inerte até a edição do Decreto-Lei n. 7.036/44 (que garantia ao
concubino o direito ao recebimento de indenização por acidente de trabalho de seu
companheiro).
Mais adiante, a Lei 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos) reconheceu o direito
do uso do sobrenome do companheiro à concubina.
Neste passo, à doutrina coube diferenciar o “Concubinato Puro” do o
“Concubinato Impuro”, sendo o primeiro referente à união de fato de casais que
poderiam se casar, enquanto que o segundo refere-se a casais que não poderiam se
casar, por incerto ou adultério (GONÇALVES, 2015).
De acordo com Gomes (2019, p. 599): “Não se admite que pessoa casada,
não separada de fato, venha constituir união estável, nem aquela que convive com
companheiro venha a constituir outra união estável”.
Por fim, a Constituição Federal de 1988 elevou o antigo Concubinato Puro à
condição de entidade familiar, parando a ser este chamado de União Estável: União
informal entre homem e mulher, a partir de então tratada no âmbito das famílias, não
mais no das Obrigações decorrentes das sociedades de fato.
Desta forma o termo “concubinato” acabou por se restringir as situações
delineadas pelo termo “concubinato impuro”, tal qual expõe, in verbis: “Art. 1.727. As
relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem
concubinato” (BRASIL, 2002, p. 1727).
Em seguida, a Lei 8.971/94 passou a disciplinar o direito dos companheiros a
alimentos e sucessão, todavia estabelecendo para a configuração da União Estável
pelo menos 5 (cinco) anos de convivência. Lapso temporal este posteriormente
afastado, com a edição de Lei 9.278/96.
Em arremedo de conclusão, cumpre salientar-se que o art. 1.727 do atual
Código Civil, distingue com clareza solar os conceitos de concubinato e união
estável:

Art. 1.727. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o


homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e
duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
§ 1oA união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos
do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a
pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2oAs causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da
união estável (BRASIL, 2002, p. 1727).
20

Que se completa com a inteligência do art. 1.521 do mesmo diploma, in


verbis:

Art. 1.521. Não podem casar:


I - os ascendentes com os descendentes seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o
foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro
grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de
homicídio contra o seu consorte (BRASIL, 2002, p. 1521).

Ressalte-se por oportuno, que as causas suspensivas previstas no art. 1.523,


a seguir colacionadas, não impedem a caracterização da União Estável, in verbis:

Art. 1.523. Não devem casar:

I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer
inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido
anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da
sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a
partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos,
cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não
cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes
sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste
artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o
herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso
do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de
gravidez, na fluência do prazo (BRASIL, 2002, p. 1523).

Haja vista, as causas suspensivas previstas não impedem a caracterização


da União Estável

3.2 Elementos caracterizadores da união estável:

A conjugação da norma constitucional do art. 226 § 3º, com o art. 1.521 do


Código Civil, obrigam, para que seja estabelecida a união estável, a presença dos
seguintes elementos caracterizadores, quais sejam: diversidade de sexos;
estabilidade; publicidade; continuidade; ausência de impedimentos matrimoniais.
21

Todavia, a tais elementos de constatação objetiva deve acrescentar-se o


elemento primordial da União Estável, este, por sua vez, de caráter subjetivo: o
“Animus-Familiae”, ou seja, o desejo de constituir família, conforme o seguinte
aresto:

Ementa: União Estável - Ação de reconhecimento e dissolução –


Improcedência - Não comprovação de estabilidade e continuidade da
relação - Inexistência da intenção de constituir família e da união de
esforços para fins financeiros - Apelação não provida (BRASIL, 2011, p. 1).

O chamado “more-uxório” é o elemento subjetivo capaz de diferenciar a União


Estável das chamadas Uniões Livres, como o namoro ainda que prolongado ou o
noivado.
Por oportuno, de acordo com Gomes (2019, p. 621), vale acrescentar que a
constatação do “Afectio-Maritallis” prescinde de lapso temporal determinado, ou
mesmo do convívio sob o mesmo teto.
Em continuidade, compre esclarecer que a requerida estabilidade pressupõe
um relacionamento não momentâneo, não acidental. A continuidade, por sua vez,
um relacionamento ininterrupto, ou ao menos sem interrupções frequentes.
A Publicidade, um relacionamento não secreto ou clandestino, ao contrário,
notório, declarado e presenciado pela sociedade e pela família (GONÇALVES,
2019).
Curioso quanto a esse ponto é notar que a publicidade se confunde como
elemento caracterizador e principal meio de prova da União estável.
Assim resume Dias (2017, p. 455): “o envolvimento mútuo acaba
transbordando o limite do privado, começando as duas pessoas a ser identificadas
no meio social como um par”.
Por todo exposto, inevitável deduzir que a União Estável pode ser putativa, ou
seja, todos os elementos incidem em apenas um dos companheiros, estando este
de boa-fé.
Tal situação, analogamente ao Casamento Putativo, a que o art. 1.561 do
Código Civil, do ensejo a possibilidade de existência de dois núcleos familiares
simultâneos (GONÇALVES, 2015).
Gerando, uma vez comprovada a boa-fé do companheiro inocente, efeitos
jurídicos de ordem família, como direito ao uso do sobrenome, partilha de bens e
22

herança.

3.3 Efeitos patrimoniais da união estável

3.3.1 Regime de bens

Conforme já dito alhures, no artigo 1.725 do Código Civil, na União Estável,


salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se o regime de comunhão
parcial de bens.
De acordo com Rodrigues (2019), é o regime pelo qual se estabelece: “o que
é meu é meu, o que é seu é seu e o que é nosso, metade de cada um, ressalvando
a titularidade exclusiva dos bens particulares e estabelecendo a comunhão dos bens
adquiridos, a título oneroso, durante a convivência”.
Dessa forma, qualquer um dos companheiros poderá reclamar, na dissolução
por ato inter vivos, a meação dos aquestos, com presunção absoluta da colaboração
de ambos os companheiros.
Segundo o Enunciado 115, da Jornada de Direito Civil: “Há presunção de
comunhão de aquestos na constância da união extramatrimonial mantida entre
companheiros, sendo desnecessária a prova de esforço comum para se verificara a
comunhão de bens” (BRASIL, 2002, p. 1).
Situação digna de nota, resultado da “informalidade” que caracteriza a União
estável é a desnecessidade da outorga do companheiro para alienação ou onerar
bens imóveis, bem como para fiança ou aval, normalmente exigida para pessoas
casadas, conforme art. 1.674 do Código Civil.
Tal regra se justifica como medida em defesa do terceiro de boa-fé, que não
teria como constatar eventual União Estável em que vive o (a) alienante do imóvel.

3.3.2 Alimentos na união estável

Desde a edição das Leis 8971/94 e 9278/96 estabeleceram-se regras


especificas à união estável no que se refere aos alimentos.
Decorrência do dever de mútua assistência entre os companheiros, prevista
no art. 1.724 do Código Civil, o dever de prestar alimentos, conforme art. 1.694 do
mesmo diploma legal equipara-se àquele entre cônjuges (GONÇALVES, 2019).
23

Da mesma forma equiparada, operam-se os aspectos substantivos que


afetam e limitam o dever de prestar alimentos, quais sejam, o binômio “capacidade
de quem os presta e necessidade de quem os recebe”, e a eventual “culpa” do
companheiro, que limita o “quantum” dos alimentos prestados aos chamados
essenciais e necessários (GONÇALVES, 2015).
Ainda, quanto aos aspectos processuais, aplica-se, igualmente aos
companheiros, o procedimento especial previsto na Lei. 5.487/68 (Lei dos
Alimentos).

3.3.3 A sucessão do companheiro

Também quanto à sucessão, as Leis 8971/94 e 9278/96 já estabeleciam


regras especificas no caso da União Estável.
Todavia, o Código Civil de 2002 estabeleceu regra que modificou a então
vigente, distinguindo de maneira drástica a sucessão do cônjuge àquela do
companheiro, in verbis:

Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do


outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união
estável, nas condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns terá direito a uma quota equivalente à
que por lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a
metade do que couber a cada um daqueles;
(III)
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança
(BRASIL, 2002, p. 1790).

Note-se, em primeiro lugar, que de uma análise literal do caput do artigo


acima colacionado, conclui-se que o companheiro só participa da sucessão dos
aquestos.
No entanto é preciso esclarecer que desses aquestos, o companheiro
sobrevivente já é meeiro, art. 1.725 do Código Civil, in verbis: Na união estável,
salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no
que couber, o regime da comunhão parcial de bens (BRASIL, 2002, p. 1725),
levando a supor que a mal elaborada redação do art. 1.790 refere-se à metade dos
aquestos pertencente ao decujus.
Ora, o cônjuge sobrevivente, ao contrário, participa da sucessão de todos os
24

bens dos quais não for meeiro. Assim, in verbis:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo


se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da
separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no
regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens
particulares (BRASIL, 2002, p. 1725).

Outro contrassenso é o fato de do o companheiro sobrevivente concorrer com


todos os parentes sucessíveis, enquanto que o cônjuge concorre apenas com
ascendentes e descendentes, in verbis: “Art, 1.729 III - se concorrer com outros
parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança” (BRASIL, 2002, p. 1729).
Assim, inúmeras são as vozes que reclamam a inconstitucionalidade do art.
1790 do Código Civil, dentre as quais a Welter (2019, p. 343): “O poder Judiciário
não tem o direito de agasalhar a desigualdade sucessória entre cônjuges e
companheiros devendo julgar inconstitucional o art. 1.790 do Código Civil de 2002”.
Além do já exposto, contrariamente ao que ocorre com o companheiro, o
cônjuge sobrevivente goza da garantia de suceder no mínimo a quarta parte da
herança se for ascendente dos com quem concorre.

Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I)


caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não
podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for
ascendente dos herdeiros com que concorrer (BRASIL, 2002, p. 1832).

Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os


ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente (BRASIL, 2002,
p. 1832).

Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge


tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só
ascendente, ou se maior for aquele grau (BRASIL, 2002, p. 1832).

Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a


sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente (BRASIL, 2002, p. 1832).

Por todo exposto resta evidente a inconstitucionalidade do art. 1790 do CC,


flagrantemente contrário a prometida “Proteção do Estado” à União Estável, assim
considerada como entidade familiar, e ao princípio basilar da isonomia.
Não se poderiam encerrar estes breves comentários acerca dos efeitos
patrimoniais da União Estável sem que se mencionassem seus aspectos
previdenciários.
Assim cumpre anotar que, com o advento da edição da Lei 8213/91 e do
25

Decreto 357/91, o companheiro foi reconhecido como dependente segurado, em


idêntica situação ao cônjuge.
Por fim, vale assinalar que, da mesma maneira, goza o companheiro dos
mesmos direitos conferidos ao cônjuge em situações pertinentes ao Bem de Família
e ao Direito real de Habitação.

4 O CONTRATO DE CONVIVÊNCIA

4.1 Escorço histórico

Persiste até os dias de hoje omissão legislativa quanto ao contrato de


convivência. Todavia, após a promulgação da Constituição Federal de 1988 a falta
de positivação do referido instrumento não resulta, contudo, em sua vedação.
O Código Civil de 1916 não admitia entidade familiar formada de modo
diverso ao matrimonio, e por força do Art. 145, II a V daquele diploma legal, que
tratava da nulidade dos negócios jurídicos, o contrato de convivência não teria
validade nem mesmo entre os concubinos contratantes (GONÇALVES, 2015).
Tal vedação não era atenuada pelos tribunais da época, onde o entendimento
predominante era pela indisponibilidade do objeto almejado pelo contrato de
convivência, restando este ilícito e até mesmo imoral.
Dessa maneira a única evolução jurídica à época, quantos aos efeitos
26

patrimoniais fora do casamento, era a súmula 380 do STF.


Depois das sensíveis e imediatos avanços jurisprudenciais concernentes a
união estável e consequentemente ao contrato de convivência, ocasionados pelo
reconhecimento e proteção constitucional da união de fato como entidade familiar,
não demoraram a aparecer as inovações legislativas.
A Lei 8.971/1994 assegurou o direito a alimentos e a sucessão do
companheiro. Todavia tal diploma nada dispôs quanto ao contrato de convivência
em especifico.
De acordo com Rodrigues (2019), a Lei 8278 de 1996, que se propunha a
regulamentar o Art. 226, § 3 da Constituição, previa, em seu projeto (n. 1888/1991),
as estruturas do contrato de convivência. Todavia tais artigos, por efeito do veto
presidencial, não entraram em vigor.
Por sua vez, o Código Civil de 2002, em consonância com a Lei 9.278/96,
estabelece que o regime de bens na união estável será o da comunhão parcial,
salvo disposição escrita em contrário, in verbis: “Art. 1.725. Na união estável, salvo
contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que
couber, o regime da comunhão parcial de bens” (BRASIL, 2002, p. 1725).
Esta pequena exceção à aplicação regime legal, prevista do art. 1.725 do
Código Civil vigente dá ensejo a interpretação de que não é vedada as partes o livre
acordo acerca dos direitos disponíveis envolvidos na União Estável.
O Instituto Brasileiro do Direito de Família encabeça o Projeto de Lei n.
2.285/2007, o chamado Estatuto das Famílias, que visa revogar todo o livro de
Família do Código Civil vigente, e estatuir expressamente o Contrato de
Convivência.

4.2 Especificidades

Por não especificamente prescrito em lei e consequentemente desprovido de


forma determinada. Todavia inexista total liberdade de contratar, sendo vetadas
clausulas contrarias a dispositivos legais, e constitucionais.
Como qualquer contrato, segue a regra do art. 104 do Código Civil, in verbis:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:


I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
27

III - forma prescrita ou não defesa em lei (BRASIL, 2002, p. 104).

Acrescido, obviamente, pela necessidade de existência da união de fato.


Sendo assim, a validade do contrato de convivência e condicionado a
realidade da União Estável.
A única exigência legal quanto a forma do contrato de convivência reside no
próprio Art. 1725 do Código Civil qual seja, a forma escrita.
Vale acrescentar, que a lei não faz menção a necessidade ou não do
instrumento ser público, ou quanto a necessidade e número de testemunhas.
Nesse sentido:

Ementa - Reconhecimento e dissolução de união estável, com pedidos


cumulativos de declaração de nulidade de contrato de convivência e da
partilha de bens - Sentença de parcial procedência - Apelo do autor -
Contrato de convivência - Desnecessidade de instrumento público -
Declaração de vontade que só necessita de forma especial quando
expressamente previsto em lei - Má-fé da apelada não configurada –
Ausência de vedação a quem não possui bens de firmar contrato de
convivência com regras análogas às de casamento sob o regime da
comunhão universal de bens - Sentença mantida - Apelo desprovido
(BRASIL, 2010, p. 1).

Quanto ao tempo da celebração, o Contrato de Convivência pode ser


celebrado a qualquer tempo, desde que durante a união Estável. Todavia, nade
impede que alcance situações futuras e pretéritas, anteriores à relação, como
aquisição de imóveis, por exemplo.
Quanto às cláusulas, poderá o contrato de convivência tocar apenas direitos
disponíveis.
Desprovido de qualquer rigor, o Contrato de Convivência será, segundo
Cahali (2018, p. 333), limitado apenas pela: “Ordem Legal, Moral, de Bons
Costumes e Boa-fé” ou: “desde que se contenha nos limites de lei especial, das
normas de ordem pública, em especial aquelas relativas ao casamento e aos
princípios gerais do Direito”.
Nas palavras de Viana. Nada impedindo a inclusão de cláusulas como a de
arbitragem, por exemplo.
Sem dúvida, a mais importante limitação do Contrato de Convivência é quanto
a seus efeitos, que não atingem terceiros (erga-omnes), apenas os contratantes
(inter-partes).
28

4.2.1 Disposições sobre o regime de bens

Sem dúvida, e conforme evidente estatística, o principal objetivo do contrato


de convivência é afastar a presunção de condomínio ou meação dos aquestos,
decorrente do regime de comunhão parcial de bens, ou seja, o regime legal aplicado
supletivamente (no caso de silêncio dos conviventes), a relação.
A manifestação quanto ao regime de bens escolhido deve ser clara e
expressa, pois caso haja dúvida, aplica-se o regime suplementar. Importante
salientar, que, a exemplo do pacto antenupcial, o regime estabelecido poderá ser
hibrido, misturando situações de cada um dos regimes estipulados pelo Codex a
incidirem sobre determinados bens.
Proporções de partilhas diversas de 50% são igualmente permitidas, “afastar
por inteiro, ou parcialmente, a participação de cada um em 50% do patrimônio
adquirido a título oneroso pelo outro” conforme Cahali (2014, p. 494).
Ainda Cahali, não exaustivamente, apresenta outras possibilidades

(1) podem as partes estipular comunhão universal apenas ao patrimônio


futuro, e não preexistente ao casamento, de tal sorte que, em linhas gerais,
a herança e as doações após as núpcias comunicam-se, mas os bens
anteriores ao matrimônio permanecem particulares”, (2) podem ainda
“estabelecer a incomunicabilidade de certos e determinados bens,
prevalecendo a presunção legal da comunhão quanto aos demais”; (3)
podem ainda os conviventes “escolher um destes regimes, ou modificá-los e
combiná-los entre si, de modo a formar uma espécie, como se, por exemplo,
convencionam a separação de certos e determinados bens em comunhão
de todos os demais. Neste caso torna-se misto o regime e cada espécie de
bens é regulado pelos princípios do regime cardeal a que é sujeito (CAHALI,
2014, p. 500).

Condições, termos, encargos, cláusulas penais, estipulação de indenizações


tem sido considerada nulas pela maioria da doutrina e jurisprudência, por
incompatíveis com os direitos das famílias. Salienta-se por oportuno, que a
competência para dirimir questões pertinentes ao Contrato de Convivência é do
Juízo de família.
A extinção do contrato de convivência se dá pela morte de um dos
conviventes, pela separação de fato, ou simplesmente pelo destrato, que pode dar-
se a qualquer tempo desde que haja anuência entre as partes, será substituído por
outro contrato, ou, no silencio pelo regime supletivo legal de bens.
29

5 O CONTRATO DE NAMORO

Ao longo da história, o ser humano, sempre vivenciou um conflito entre


conciliar
as duas de suas mais importantes necessidades humanas: a constituição familiar
em prol da perpetuação da espécie, através da procriação, e o acumulo e
manutenção de patrimônio.
As sociedades mais antigas agrupavam-se em núcleos formados por famílias
endogâmicas, onde se davam em casamento dentro do mesmo núcleo familiar, com
o intuito de não se distanciarem dos seus costumes, suas tradições, perpetuarem o
30

nome, a raiz e o tronco familiar, e também, a manutenção do patrimônio dentro da


mesma família através da herança.
Percebe-se que o afeto não era o fator fundamental para a constituição da
base familiar.

5.1 O surgimento do contrato de namoro

Nota-se que o contrato de namoro não surgiu por um simples capricho


humano, não tendo surgido por acaso, mas através da legalização da “União
Estável”.
A evolução desse tema é tão interessante, deixando de lado os critérios
objetivos rígidos e atentando para critérios mais subjetivos, passando a admitir a
existência da União Estável pelo simples fato de um homem e uma mulher
conviverem de forma pública e duradoura, com o objetivo de constituir família.
Daí surge a dúvida, afinal também é esse o objetivo de um namoro, nas
palavras de Gomes (2019, p. 672): “Observar as afinidades, tornar a relação publica,
e possivelmente caminhar em direção a um casamento”.
Haja vista, enquanto isso não ocorre, um namoro é apenas um namoro, e
como tal, não pode ter prejuízos materiais em rompimentos.
Contudo, é necessário reconhecer que algumas interpretações podem dar
margem de benefícios a pessoas mal intencionadas, já que diferença do simples
namoro para a união estável tornou-se tênue, senão nebulosa, passando a
depender sobremaneira do juízo de convencimento do magistrado.
Qualquer relação, não importando o seu tempo de existência, poderia,
teoricamente, desde que verificada a estabilidade e o objetivo de constituição de
família, converter-se em união estável (GONÇALVES, 2019).
Com isso, o que se tem visto nos escritórios de advocacia, na visão de Welter
(2019), são a busca incessante de “contratos de namoro” para que o término do
relacionamento não venha acompanhado com uma desagradável discussão judicial
sobre a natureza dessa relação.
Ludicamente, sabe-se que a paixão cega os afortunados por ela, e que
algumas índoles de personalidade, são demonstradas apenas no momento do
rompimento:
31

Então uma maneira sociologicamente jurídica de tentar recompor esse


desequilíbrio é a proposta de tal documento, mas deve-se a rir ao analisar a
situação, pois devemos andar com um modelo desse contrato na bolsa pra
quando desejar conhecer alguém mais profundamente pedir para assinar
antes de poder declarar o amor ou desejo? Tudo no intuito de preservar o
patrimônio? (CAHALI, 2018, p. 524).

Chega a ser pilhérico, mas é fato real. Observa-se que esse contrato pode
desestabilizar algumas relações ou desencaminhar algumas boas intenções, mas de
qualquer forma, é o avanço social vindo ao encontro da tentativa frustrada de propor
o equilíbrio jurídico, que tenta acompanhar a ideologia fútil de descarte da relação
afeto-familiar.

5.2 As diferenças entre união estável e namoro

Longe de equilibrar o tão controverso tema que envolve a diferença entre a


união estável e o namoro, mas vislumbrando o desejo de estabelecer liames que
futuramente poderão minimizar os efeitos gerados pela diferença tênue desses
institutos, alguns estudos vêm trazer uma ilustração que os diferencie.
O namoro não é conceituado pela lei, e se a lei não o regula, não há
requisitos a serem observados para sua formação, a não ser os requisitos morais,
impostos pela própria sociedade e pelos costumes locais (TESSARI, 2017).
A união estável é um fato da vida, uma situação fática reconhecida pelo
Direito de Família que se constitui durante todo o tempo em que as partes se portam
como se casados fossem.
Salientando esta característica, Venosa (2015, p. 191), festejado civilista
nacional, lembra que enquanto o casamento é um negócio, a união estável,
diferentemente, é um “fato jurídico”.
Neste sentido, analisa-se dois julgados da 4ª Câmara de Direito Privado do
Tribunal de Justiça de São Paulo:

UNIÃO ESTÁVEL - Convivência que pressupõe vida comum –


Caracterização que exige certos requisitos, bem delineados pela doutrina •
Necessidade da existência da posse de estado de casado, consistente de
relacionamento público, notório, duradouro, que configure um núcleo familiar
- Artigo 1.723 do Código Civil - Exigência de vida em comum, more uxório,
não necessariamente sob o mesmo teto, mas com sinais claros e
induvidosos de que aquele relacionamento é uma família, cercada de afeto
e de uso comum do patrimônio - Existência de pacto concubinário, onde as
partes declararam expressamente não ter intenção de estabelecer uma
32

entidade familiar - Inexistência de provas concludentes que infirmem tal


declaração, ou indicativas de vício de consentimento - Situação que se
aproxima de namoro qualificado, sem o propósito de constituir família - Ação
improcedente - Recurso não provido”.

“UNIÃO ESTÁVEL - Requisitos - Relacionamento público, notório,


duradouro, que configure núcleo familiar - Convivência estável e duradoura,
por quase doze anos - Prova dos autos que demonstra características do
relacionamento do casal, que ultrapassam os contornos de um simples
namoro - Réu que arcava com as despesas do lar, inclusive de sustento dos
filhos exclusivos da companheira, assumindo a condição de verdadeiro
chefe de família - Auxílio financeiro que perdurou para além do término do
relacionamento, revelando dever moral estranho a simples namoro - Partilha
de bens - Desnecessidade da prova de esforço comum na aquisição dos
bens - Art. 5º da Lei n. 9.278/96 - Comunicação ‘ex lege’ apenas dos bens
adquiridos onerosamente na constância da união - Ação parcialmente
procedente - Recurso provido em parte”.

O primeiro deles, não reconhece a união estável por não observar a


presença do requisito do objetivo de constituir família.
O segundo caso, ao contrário, reconhece a união estável, por verificar a
presença do requisito do objetivo de constituir família.

5.3 Os efeitos do contrato de namoro

Que o contrato de namoro surgiu como um reflexo produzido pelas Leis


8971/94 e 9278/96 que consolidou a união estável e trouxe aos seus participes um
tratamento justo, equitativo e digno, regulamentado por normas positivadas, isso já
se sabe.
Também se sabe que o avanço de tal instituição se deu pela preocupação em
tirar da família o peso da união de cunho patrimonial e elevar os laços afetivos, mas
o que torna esse estudo bastante interessante, é observar que em uma fase anterior
a essa vivida:

Tinha-se uma família constituída pela preservação patrimonial e com essa


intenção, que assim se davam em casamento, para manter ou aumentar o
patrimônio existente, porém, com o tempo os casais, por várias razões,
passaram a não regularizar seu estado civil e deixaram de oficializar sua
união para possivelmente evitar o transtorno do estado de permanência do
matrimonio indissolúvel ou, posterior a isso, de um divórcio. Contudo, a
desagradável partilha de bens, daí surgiu uma infinidade de
relacionamentos onde o bordão que tentava sustentar a boa-fé dessa
relação era: “amigado com fé, casado é!”, e percebeu-se que a possível
dissolução dessa união instável, trazia uma nova injustiça patrimonial, onde
colocaria um dos participes, no risco de sair da relação com um prejuízo
afetivo somado ao material, ao tentar reequilibrar essa situação, o
Legislador estabeleceu regras que configurariam a união estável, e assim,
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poder preencher com a lei a lacuna que a sociedade criou (CAHALI, 2018,
p. 766).

Todavia a lei não tem como prever todas as possibilidades que os seus
efeitos podem causar e exatamente por isso depende, de várias formas de
interpretação, inevitavelmente ao tentar equilibrar uma relação com uma imposição
por lei, normas cogentes, de ordem pública, surge um novo desequilíbrio e no caso
em questão, a desarmonia pendeu em outra gama das relações afeto-sociais, onde
geralmente nasce uma relação de afeto, no momento embrionário desta, o namoro.
Corroborando o acima exposto, o namoro, com o novo requisito subjetivo para
o reconhecimento de uma união estável, onde o limite que difere a união estável de
namoro é uma linha interpretativa e imaginária que dificilmente pode ser mensurada
e não é necessariamente uniforme e recíproca a ambos os namorados, além disso,
depende de uma interpretação que já nasce cercada pela sombra da falibilidade
humana, trazendo uma insegurança jurídica ainda maior (TESSARI, 2017).
Ao tentar evitar o dissabor de um término de um namoro transformar-se em
uma ação de dissolução de união estável, casais de namorados procuram assegurar
essa “tranquilidade” com um “contrato de namoro”, que nada mais é que uma
declaração de não estabilidade da relação.
Nota-se que um contrato como esse é inusitado e inovador, sem
regulamentação que o defina, mas que tem o bom senso de exigir uma renovação
contratual a cada seis meses, pois para que após uma duração razoável da relação,
possa-se entender se houve ou não modificação nessa visão de composição dos
solidariamente “amantes sem compromisso jurídico”, de acordo com Gomes (2019,
p. 877).
Outra análise que pode ser feita ao observar esse fenômeno jurídico é que,
em todos os tempos, a sociedade, enquanto instituição humana, sempre teve seu
interesse focado entre relacionamento afetivo e/ou patrimônio.
Entretanto, a longa experiência no tempo, mostra que esses dois elementos
não combinam bem entre si, são heterogêneos, não podendo chegar a uma medida
harmônica onde eles estiverem conjugados, ou abre-se mão de um para preservar o
outro ou vice e versa, com raríssimas exceções o termo “meu bem”, usado
carinhosamente para tratar o parceiro amado, durante a relação, transforma-se em
“meus bens pra cá”, no momento da dissolução, elucida Welter (2019, p. 722).
Estável ou não, uma relação requer desprendimento afetivo e isso não pode
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ser comparado a coisas, afinal, deve-se lembrar que a definição de “bem” em direito
é tudo o que pode proporcionar utilidade aos homens e todos os bens são coisas,
mas nem todas as coisas tornam-se bens (VENOSA, 2015).
Por isso, essa conjugação sempre vai trazer controvérsias.
Comparativamente, é como o dito popular “água fria em óleo quente”, mas de
qualquer forma, deve-se intentar que ambos são inestimáveis ao homem e
almejados por todos.
Observando a falta do preenchimento dos requisitos necessários pra
configuração de uma relação estável, atentando que apenas está regulamentada por
normas de Direito Civil, e que não há como afastar os efeitos oriundos da
Constituição Federal da República do Brasil, não há que se falar em litigância entre
partes envolvidas por rompimento de um relacionamento tão prematuro como se dá
um namoro. Sendo assim, o tão discutido contrato não teria validade jurídica.

5.4 Da invalidade do contrato de namoro

Ainda que os parceiros estejam apenas namorando, com aspectos


contemporâneos como passar dias e noites na casa do outro (e vice-versa), de
frequentarem ambientes públicos, realizarem viagem juntos, quem observa-os,
diante dessa convivência, que é pública, contínua, duradoura, poderá concluir que
estão diante de uma união estável.
Entretanto, torna-se ainda mais difícil a comprovação de que se trata apenas
de namoro quando há a coabitação. Ou seja, se a união estável é reconhecida até
mesmo sem a coabitação, dificilmente não será quando há tal requisito (VENOSA,
2015).
Contudo, de acordo com Rodrigues (2019), apesar da aparência no primeiro
instante, de união estável, faltará ao relacionamento um requisito essencial: o
compromisso, o objetivo, a vontade de constituir uma família, tratando-se, portanto,
apenas de um namoro prolongado, permeado por características consequentes da
sociedade atual.
Caberá, neste caso, a delicada análise do judiciário, de saber interpretar,
diferenciar e julgar um namoro da união estável.
Isto pois, há inúmeros julgados e doutrinas que afastam a caracterização do
namoro de união estável.
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Como já explicado anteriormente, uma das características mais importantes


do namoro é a de que não há em tal relacionamento, direitos e obrigações
decorrentes de lei, exigidas pelos institutos jurídicos. Existe apenas a obrigação de
cunho moral.
É com base nessa ausência de obrigações que os parceiros estão optando
por contratos de namoro, visando afastar as características da união estável.
Sabe-se que, os bens adquiridos a título oneroso na constância de uma união
estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, pertencem a ambos os
companheiros, devendo ser partilhados, em caso de dissolução, com observância
das normas que regem o regime da comunhão parcial de bens (TESSARI, 2017).
E o reconhecimento de que a relação se converteu em companheirismo e que
geraria efeitos jurídicos de alta significação como direito a alimentos, à herança,
partilha de bens, deveres recíprocos de convivência, a diferença do simples namoro
para a união estável tornou-se preocupante entre os casais que namoram.
Assim, qualquer relação, não importando o seu tempo de existência, poderia,
teoricamente, desde que verificada a estabilidade e o objetivo de constituição de
família, converter-se em união estável.
Nessa análise, o contrato de namoro seria uma alternativa para que esses
casais mantivessem sua relação fora do âmbito de incidência das regras da união
estável.
Mas, chegando ao ponto-chave, o contrato de namoro é desprovido de
validade jurídica. Há ausência de validade judicial no contrato de namoro, pois ele
não pode gerar direitos e deveres entre as partes, pela impossibilidade jurídica do
objeto.
Salientando esta característica, Venosa (2005, p. 239) ressalta que:
“enquanto o casamento é um negócio, a união estável, diferentemente, é um fato
jurídico”.
Por isso, não se poderia reconhecer validade a um contrato que pretendesse
afastar o reconhecimento da união, cuja regulação é feita por normas cogentes, de
ordem pública, indisponíveis pela simples vontade das partes, tratando-se, pois, de
um contrato nulo.
Relembrando ainda que a Lei n. 9.278/96 teve alguns artigos vetados
exatamente porque se pretendia admitir a união estável contratual, em detrimento do
princípio segundo o qual a relação de companheirismo seria um fato da convivência
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humana e que não poderia ser previamente discutida pelas partes em um contrato.
Ainda que o namoro e a união estável não exijam, para sua configuração, o
que se denomina de convivência more uxório, ou seja, sobre o mesmo teto, a
relação de namoro não pode obter o mesmo amparo, pois não gera efeitos jurídicos.
Mas, e para provar a caracterização de união estável, diferente da de um
namoro?
Conforme o art. 421 e seguintes do Código Civil, in verbis: “contrato é o
negócio jurídico que cria, modifica ou extingue direitos e obrigações” (BRASIL, 2002,
p. 421).
Como já citado anteriormente, em uma relação de namoro não existem
direitos e obrigações. As limitações daí decorrentes limitam-se à vida social, mas
não à jurídica.
A união estável não é uma situação apenas jurídica. Ela depende de
circunstâncias de fato, como a publicidade e a ostensividade do relacionamento, a
intenção de constituir família.
Atualmente, é juridicamente impossível e imprevisível às partes, ainda que
expressando vontade sem vício, pactuar que as circunstâncias de fato que envolvem
um namoro, por força de um contrato, não irão evoluir para um relacionamento que
caracterize união estável.
De tal modo, o contrato de namoro por meio do qual se pretenda impedir o
reconhecimento da união estável tem objeto juridicamente impossível, podendo
constituir mero indício declaratório, e, mesmo assim, precário, porque, ainda que
celebrado com prazo indeterminado, a situação descrita pode ser desconstituída
com prova em contrário a qualquer tempo durante a sua pretensa vigência, cedendo
com facilidade diante de testemunhas, documentos ou qualquer outra evidência da
publicidade do relacionamento ou de que a intenção das partes é constituir família.
Para reforçar, o art. 104 do Código Civil estabelece que a validade do negócio
jurídico requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e
forma não prescrita ou não defesa em lei (BRASIL, 2002).
Assim, mais uma vez, afirma-se que o contrato de namoro é completamente
desprovido de validade pela impossibilidade jurídica do objeto. Além do mais, um
contrato que afasta responsabilidades de ordem pública não tem validade, pois o
direito de contratar é relativo.
A união estável é um fato da vida, uma situação fática reconhecida. Não se
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poderia reconhecer validade a um contrato que pretendesse afastar o


reconhecimento da união, cuja regulação é feita por normas cogentes, de ordem
pública, indisponíveis pela simples vontade das partes. Trata-se, pois, de contrato
nulo, pela impossibilidade jurídica do objeto, como já mencionado.
Com a existência dessa complexidade, há o posicionamento jurisprudencial
que, ao longo dos anos, vem reiterando não ser o namoro uma modalidade de
entidade familiar, logo, não pode ser confundida com a união estável, bem como,
reiterando a nulidade dos contratos de namoro:

ENTIDADE FAMILIAR. O namoro ou noivado não configuram este novo


conceito de família chamado inicialmente de sociedade de fato e hoje de
união estável, susceptível de gerar sequelas patrimoniais. Apelo provido em
parte. (Tribunal de Justiça do RS. Apelação Cível Nº 597176346, Sétima
Câmara Cível. Relator: Maria Berenice Dias (BRASIL, 2018, p. 1).

APELAÇÃO CÍVEL. UNIÃO ESTÁVEL. IMPROCEDÊNCIA. Não se


caracterizando o namoro mantido entre os litigantes uma união estável, ante
a ausência de comunhão de vida e de esforços entre eles para o progresso
do relacionamento, mantém-se a improcedência da ação. Apelação
desprovida (BRASIL, 2019, p. 1).

O namoro prolongado, mesmo com congresso íntimo, desenrolado


enquanto as partes resolviam anteriores casamentos, não induz união
estável. Apelação desprovida e agravo retido rejeitado (BRASIL, 2019, p. 1).

UNIÃO ESTÁVEL. PRESSUPOSTOS. AFFECTIO MARITALIS.


COABITAÇÃO. PUBLICIDADE DA RELAÇÃO. PROVA. 1. Não constitui
união estável o relacionamento entretido sem a intenção clara de constituir
um núcleo familiar, ficando comprovado que eram namorados e que
pretendiam futuramente constituir uma família, tanto que chegaram a noivar,
pouco antes de romperem a relação entretida. 2. A união estável
assemelha-se a um casamento de fato e indica uma comunhão de vida e de
interesses, reclamando não apenas publicidade e estabilidade, mas,
sobretudo, um nítido caráter familiar, evidenciado pela affectio maritalis. 3.
Não comprovada a entidade familiar, nem que a autora tenha concorrido
para aquisição do imóvel, a improcedência da ação se impõe. Recurso
desprovido (BRASIL, 2019, p. 1).

UNIÃO ESTÁVEL. Ausência de provas quanto a posse de estado de casada


pela autora. Requisitos da união estável não configurados. Ausência de
relacionamento público, notório, duradouro, que configure núcleo familiar.
Prova dos autos que demonstram características do relacionamento do
casal, que não ultrapassam os contornos de um namoro intenso.
Documento intitulado "Contrato particular de união estável" acostado aos
autos pela autora que não passa de uma declaração para fins de inclusão
do requerido como dependente no plano de saúde da requerente. Namoro
prolongado com intuito de constituir família futuramente que não configura
união estável. Não há presunção de que os bens adquiridos em nome do
requerido foram fruto da colaboração comum. Cabia à autora comprovar
que realmente contribuiu para a aquisição dos bens, numa típica sociedade
de fato. Manutenção da r. sentença. Recurso improvido.
(2161520128260333 SP 0000216-15.2012.8.26.0333, Relator: Francisco
Loureiro, Data de Julgamento: 08/11/2012, 6ª Câmara de Direito Privado
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(BRASIL, 2020, p. 1).

O entendimento pela invalidade do contrato de namoro se afirma por


tratarem-se de normas de Direito de Família cogentes, sendo que um contrato
escrito não pode as afastar, pois vigoram em detrimento da vontade particular das
partes.
O Princípio da Autonomia da vontade aqui não vigora, prevalecendo o que a
norma pública determinou.
Dessa forma, o contrato de namoro é nulo de pleno direito, pois afasta as
normas que regulam a união estável. Normas estas de ordem pública, inderrogáveis
por vontade das partes, sendo desnecessário e inválido perante o ordenamento
jurídico brasileiro.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da relevância do trabalho, conclui-se que sempre se vê a sociedade


tentando compor uma maneira equilibrada para manter a união e a estabilidade
protegidos, sendo assim, após a atual modalidade, inovadora do momento, em
tentar preservar o afeto sem misturá-lo aos bens, como tenta o objeto do estudo,
haverá uma nova forma de preservar o possível e futuro desequilíbrio que o, bem
intencionado, contrato de namoro pode causar.
Apesar de todas as tentativas de tentar conciliar o patrimônio material do
relacionamento afetivo, os estudos do tema, apontam que essa situação está longe
de chegar ao fim, pois sempre que surge uma novidade jurídica que tenta tutelar
uma desestabilização, e essa desarmonia fica juridicamente equilibrada, surge um
novo desequilíbrio, que muitas vezes são decorrentes da força coercitiva de
reequilibrar a
questão anteriormente tutelada.
Da mesma maneira que o Contrato de Convivência é na grande maioria das
vezes utilizado para afastar o regime supletivo da união parcial de bens, o contrato
de namoro visa afastar qualquer regime e qualquer relação.
Sendo assim, utilizado para afastar a presunção de união de fato. Todavia
este documento não afasta nem faz prova contra a realidade, tornando-se inócuo
contra situações quotidianas que caracterizam a união estável.
Sendo assim, é um documento desprovido de validade, igualmente àquele
contrato de convivência desprovido de união de fato.
Por todo o exposto resta concluir que a união estável, ainda que simples
manifestação natural e fática, recebe da Constituição Federal reconhecimento e
proteção como entidade familiar legitima, gerando também efeitos patrimoniais.
Embora caracterizada pela informalidade, a União Estável já é tutelada pela
legalidade e pelo direito de maneira bastante satisfatória e avançada, quedando em
patamar inferior ao casamento apenas no que tange aos direitos sucessórios do
companheiro.
Todavia, entende-se que tal diferença se dá pela própria informalidade
pretendida pelo casal, que gera inevitavelmente obrigações inter partes, mas de
maneira salutar, resguarda terceiros, sejam estes herdeiros ou adquirentes de boa-
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fé.
O entendimento pela invalidade do contrato de namoro se afirmar por
tratarem-se de normas de Direito de Família cogentes, sendo que um contrato
escrito não pode as afastar, pois vigoram em detrimento da vontade particular das
partes. O princípio da autonomia da vontade aqui não vigora, prevalecendo o que a
norma pública determinou.
Dessa forma, o contrato de namoro é nulo de pleno direito, pois afasta as
normas que regulam a união estável. Normas estas de ordem pública, inderrogáveis
por vontade das partes, sendo desnecessário e inválido perante o ordenamento
jurídico brasileiro.
Em reforço a essas considerações, vale frisar que a pesquisa não esgota o
assunto, pois ele pode desdobrar-se em pesquisas de maior fôlego, que exijam
maior tempo de consulta teórica, tais como pesquisas de campo e pesquisa-ação, a
fim de se confrontarem os pressupostos teóricos com os dados empíricos coletados
na vivência jurídica.
Todavia, em que pesem as limitações do trabalho, ele tem a virtude de
apontar caminhos para futuros pesquisadores, além servir de referencial teórico
inicial para quem já trabalha na área, sem, no entanto, ter tido ainda a oportunidade
de conhecer as ricas e amplas possibilidades, pertinentes ao direito.
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REFERÊNCIAS

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