Você está na página 1de 18

1

As máquinas possibilitam a
construção
A construção é o objetivo final de um projeto; e essa transformação de um projeto
em uma estrutura ou edificação útil é conseguida por meio de homens e máquinas.
Juntos, os homens e as máquinas tornam realidade uma planta projetada, e, à me-
dida que as máquinas evoluem, há uma transformação contínua de como os proje-
tos são executados. Este livro descreve os conceitos fundamentais da utilização de
máquinas. Ele explica como a capacidade dos equipamentos mecânicos pode ser
adequada de maneira econômica às exigências específicas de um projeto. Os es-
forços que as construtoras e os fabricantes de equipamentos dedicam ao desenvol-
vimento de novas ideias levam ao avanço constante da capacidade das máquinas.
Contudo, ao mesmo tempo que aumentam as opções de equipamentos disponíveis,
torna-se mais importante o planejamento cuidadoso das operações de construção.

SER COMPETITIVO
A última década foi caracterizada por uma mudança nos prazos de conclusão dos
projetos, com os clientes solicitando alternativas para acelerar a finalização das
obras. As construtoras têm respondido adequadamente e vêm executando os pro-
jetos com muito mais rapidez. Um elemento crucial para que se consiga acelerar a
execução de uma obra é o planejamento, que deve incluir análises detalhadas do uso
dos equipamentos. Além disso, também devem existir planos de contingência para
responder a todos os imprevistos possíveis. Outra maneira de assegurar a rápida exe-
cução dos projetos é trabalhar com atividades concorrentes e em frentes múltiplas, o
que significa que o conhecimento da produtividade dos equipamentos é fundamental
para aqueles que buscam serem competitivos nesse novo ambiente de negócios.
O Viaduto da Ilha de Yerba Buena (Yerba Buena Island, YBI) leva a rodovia
Interstate 80 através da Ilha Yerba Buena e conecta o vão leste da ponte da baía de
San Francisco–Oakland (San Francisco – Oakland Bay Bridge, SFOBB) ao túnel da
Ilha de Yerba Buena. Um trecho do viaduto, com 106 metros de extensão, precisava
ser substituído. Decidiu-se construir a nova estrutura ao lado da existente e depois
demolir rapidamente o trecho antigo e inserir o novo. O tráfego da ponte foi fechado
às 20h da sexta-feira. Como não havia espaço para remover o vão da superestrutura
existente, a construtora decidiu demolir a estrutura de 6.500 toneladas in loco em

Peurifoy_01.indd 1 23/06/15 14:52


2 Planejamento, equipamentos e métodos para a construção civil

dois dias. As antigas vigas do tabuleiro da ponte (cada uma com 23m de comprimen-
to) foram serradas e transportadas pelo lado leste da ponte até um aterro em Oakland.
A infraestrutura foi demolida com o uso de martelos de demolição. O levantamento
e a instalação do novo vão do viaduto levaram pouco menos de três horas. A folga
entre o novo trecho do viaduto e a estrutura preexistente era 7,5cm em cada extremi-
dade. A superestrutura foi apoiada sobre seus novos pilares e os pinos dos pilares fo-
ram então instalados. Os pinos dos pilares foram colocados através de furos pré-mol-
dados na viga de borda, entrando nos orifícios também pré-moldados dos pilares. O
sucesso da instalação dos pinos de coluna foi um desafio, devido à mínima tolerância
para erros que a construtora teve de respeitar durante a construção e instalação do
trecho do viaduto. Às 6h da tarde de segunda-feira, foi reaberto o tráfego da ponte da
baía de San Francisco–Oakland, 11 horas antes do horário planejado para a abertura,
que seria às 5h da manhã de terça-feira. No site da McGraw-Hill que complementa
este livro, você pode assistir a um vídeo da operação de demolição parcial da ponte e
instalação do novo trecho. Esse projeto é um exemplo claro do que se pode conseguir
quando um serviço é planejado adequadamente.
Este livro é uma introdução aos fundamentos de engenharia para o planejamen-
to, a seleção e a utilização de máquinas. Ele o ajudará a analisar os problemas opera-
cionais e a encontrar soluções práticas para executar obras de construção. Seu foco
é a aplicação dos fundamentos de engenharia e análise das atividades de construção,
bem como a comparação econômica das opções de máquinas.
A capacidade que uma construtora tem em conseguir contratos e executá-los
de modo a ter lucro é determinado por dois ativos vitais: pessoas e equipamentos.
Para que sejam economicamente competitivos, os equipamentos de uma construtora
também devem ser competitivos tanto em termos mecânicos como tecnológicos. As
máquinas velhas, que exigem manutenção e reparos caros, não têm como concorrer
com os custos mais baixos e a produtividade mais elevada dos novos equipamentos.
Na maioria dos casos, um equipamento isolado não é utilizado como se fosse
uma unidade independente: os equipamentos são empregados em grupos. Uma esca-
vadeira carregadeira carrega os caminhões, que transportam o material de construção
ao local onde o projeto será executado. Neste ponto, o material é descarregado, e
um buldôzer (trator com lâmina), por exemplo, o espalha no subleito de uma nova
rodovia. A seguir, um rolo compactador compacta o material até que se consiga a
densidade desejada. Portanto, um grupo de máquinas – neste caso uma escavadeira,
caminhões, um buldôzer e um rolo compactador – compõe o que geralmente é co-
nhecido como uma frota de máquinas.
É essencial que se otimize a gestão de uma frota de máquinas, tanto para con-
seguir preços competitivos nos orçamentos como para acumular o capital de giro
corporativo necessário para o financiamento da ampliação da capacidade de execu-
ção de projetos. Esta obra descreve as características operacionais básicas dos prin-
cipais tipos de equipamentos pesados de construção. No entanto, mais importante do
que isso, é que ela explica os conceitos fundamentais da utilização das máquinas, os
quais permitem o estabelecimento de uma relação economicamente viável às exigên-
cias de construção de uma obra específica.
Não há apenas uma solução para o problema da seleção de uma máquina que
será empregada em um projeto de construção particular. Todos os problemas de se-
leção de equipamentos são influenciados pelas condições ambientais externas. O

Peurifoy_01.indd 2 23/06/15 14:52


Capítulo 1 As máquinas possibilitam a construção 3

ruído e as vibrações causados pelas máquinas e operações de construção afetam as


pessoas que estão próximas ao canteiro de obras. Os moradores do bairro reclamarão
do barulho e do excesso de luz causados por sistemas de iluminação temporários e
os códigos de construção municipais restringirão as operações. Consequentemente,
devemos entender que a seleção de uma máquina para um projeto envolve o enten-
dimento do local, em termos do tipo de solo e de suas condições de umidade – ou
seja, conhecer o ambiente físico do canteiro de obras – e também em termos do local
circunvizinho que sofrerá o impacto das operações de construção.

A HISTÓRIA DOS EQUIPAMENTOS DE CONSTRUÇÃO


As máquinas são sistemas mecânicos e/ou elétricos que ampliam a energia humana,
melhoram nosso nível de controle e processam informações. Elas são recursos vitais
para a execução da maioria dos projetos de construção civil (veja a Figura 1.1). Um
dos problemas mais óbvios na execução de um projeto é como transportar materiais
de construção pesados. E as máquinas oferecem a solução para esse problema. A
prova de o quanto o projetista compreendeu o trabalho a ser realizado e de se ele se-
lecionou as máquinas apropriadas para aquela finalidade é revelada quando se conta
o dinheiro que restou quando o contrato foi terminado. A empresa teve lucros ou
arcou com prejuízos?
Desde a época em que os primeiros hominídeos decidiram construir uma estru-
tura singela para se protegerem até a construção das pirâmides egípcias, da Grande
Muralha da China, dos monumentos incas de Machu Picchu, e mesmo até meados do
século XIX, as obras eram feitas praticamente só com a força dos músculos dos ho-
mens e animais. Quando Ferdinand de Lesseps começou a escavar o Canal de Suez

FIGURA 1.1 Uma carregadeira hidráulica moderna com pneus pneumáticos.

Peurifoy_01.indd 3 23/06/15 14:52


4 Planejamento, equipamentos e métodos para a construção civil

corveia em abril de 1859, trabalhadores em regime de corveia, fornecidos pelo


Trabalho não remunerado vice-rei egípcio, executaram o trabalho de escavar a vala no deserto.
exigido em substituição ao
O trabalho humano para a abertura do canal, auxiliado por apenas
pagamento de tributos.
umas poucas máquinas continuou durante quatro anos. Mas, em 1864,
Lesseps e seus engenheiros começaram a experimentar o uso de máqui-
nas e, após algum tempo, havia em funcionamento 300 dragas mecânicas com motor
a vapor. Essas máquinas, nos últimos três anos do projeto, escavaram a maioria dos
74 milhões de metros cúbicos de solo do canal principal. A mecanização – ou seja, o
uso de máquinas – transformou aquele projeto e ainda hoje continua transformando
o modo como os projetos são executados.

Os sonhos
O desenvolvimento dos equipamentos de construção aconteceu depois de profundas
mudanças nos meios de transporte. Onde o comércio e as viagens eram realizados
por vias fluviais e marítimas, as construtoras começaram a sonhar com máquinas que
pudessem ajudar a dragar portos, rios e canais. Já em 1420, o veneziano Giovanni
Fontana sonhava com máquinas de dragagem e as desenhava. Leonardo da Vinci pro-
jetou uma dessas máquinas em 1503, e pelo menos um de seus modelos projetados foi
efetivamente construído, mas a fonte de energia era um mero andador estacionário.
Em 4 de julho de 1817, em um terreno perto da cidade de Rome, no estado de
Nova York, foram iniciadas as obras para a construção do Canal Erie, que teria cerca
de 580 km de extensão. O canal foi escavado com o esforço de trabalhadores locais
e imigrantes irlandeses, isto é, com mão de obra humana. No entanto, na década de
1830, as principais obras de construção nos Estados Unidos já estavam deixando
de ser a abertura de canais, que davam lugar às ferrovias. O Canal Middlesex, que
conectou a cidade de Boston ao Rio Merrimack em Lowell, já estava em funciona-
mento desde 1803, mas em 1835 foi inaugurada a Ferrovia Boston & Lowell. Ainda
assim, a construção, seja de canais, seja de ferrovias, ainda era feita basicamente
com a força muscular de homens e animais.

As máquinas a vapor
Em 1837, William S. Otis, um engenheiro civil da construtora Carmichael & Fairbanks
de Filadélfia, construiu a primeira escavadeira mecânica a vapor com utilidade prática
em 1837 (Figura 1.2). O primeiro “Yankee Geologist” (“geólogo ianque”), como era
chamada sua máquina, entrou em funcionamento em 1838 na construção de uma ferro-
via de Massachusetts. A edição de 10 de maio de 1838 do jornal Springfield Republican
de Massachusetts noticiou: “Na estrada da parte leste da cidade, há um espécime que os
irlandeses chamam de digging by stame (‘escavadeira a vapor’). Ao atravessar a colina
de areia, esta máquina de cavar a vapor deve estar poupando muita mão de obra”.
O desenvolvimento subsequente da escavadeira mecânica a vapor foi determina-
do pela demanda por escavadeiras de grande porte que fossem econômicas. No início
da década de 1880, iniciou-se uma era de grandes projetos de construção. Estes proje-
tos exigiam máquinas que escavassem grandes quantidades de terra e rocha. Em 1881,
a empresa francesa de Ferdinand de Lessep começou a trabalhar no Canal do Panamá.
Menos de um ano antes, em 28 de dezembro de 1880, havia sido fundada a indústria
Bucyrus Foundry and Manufacturing Company, em Bucyrus, Ohio. A Bucyrus se tor-

Peurifoy_01.indd 4 23/06/15 14:52


Capítulo 1 As máquinas possibilitam a construção 5

FIGURA 1.2 A escavadeira mecânica a vapor de Otis. Observe que esta máquina era
dotada de rodas de aço que corriam sobre trilhos.1

nou um dos principais fabricantes de escavadeiras mecânicas a vapor, e 25 anos de-


pois, quando os norte-americanos assumiram as obras do Canal do Panamá, a Bucyrus
Company já era um dos principais fornecedores de escavadeiras da obra.
Todavia, a mais importante inovação que contribuiu para o desenvolvimento
das escavadeiras foi a estrada de ferro. Entre 1885 e 1897, aproximadamente 110
mil quilômetros de ferrovias foram construídos nos Estados Unidos. William Otis
desenvolveu sua máquina de escavar por que a construtora Carmichael & Fairbanks,
para a qual ele trabalhava e na qual seu tio Daniel Carmichael era um dos principais
sócios, se dedicava à construção de ferrovias.
Já a Bucyrus Foundry and Manufacturing Company surgiu por que Dan P.
Eells, o presidente de um banco de Cleveland, investia na construção de várias ferro-
vias. Em 1882, a Ohio Central Railroad fez à companhia de Otis seu primeiro pedido
de uma escavadeira mecânica a vapor e logo depois foram feitas várias vendas a
outras ferrovias.

Motores de combustão interna


Em 1890, o poder judiciário de vários países europeus decidiu que o motor a gaso-
lina de quatro ciclos patenteado por Nikolaus Otto era uma invenção valiosa demais
para ser mantida restrita. Após a derrubada desta barreira legal, muitas empresas
começaram a tentar a fabricação de carruagens com motor a gasolina. The Best Ma-
nufacturing Company (a antecessora da Caterpillar, Inc.) fez a demonstração de um
trator a gasolina em 1893.

1
“Steam Excavating Machine”, London Journal of Arts and Science, vol. 22, 1843.

Peurifoy_01.indd 5 23/06/15 14:52


6 Planejamento, equipamentos e métodos para a construção civil

FIGURA 1.3 Uma fotografia com anotação de Eisenhower sobre o estado de uma estra-
da federal.
Cortesia da Biblioteca Dwight D. Eisenhower

A primeira aplicação do motor de combustão interna em um equipamento de


escavação foi feita em 1910, quando a Monighan Machine Company de Chicago
enviou uma draga dotada de um dos motores de Otto à Mulgrew-Boyce Company
de Dubuque, Iowa. Henry Harnischfeger criou uma escavadeira mecânica com mo-
tor a gasolina em 1914. Após a Primeira Guerra Mundial, o motor a diesel come-
çou a surgir nas escavadeiras. Um mecânico autodidata chamado C. L. “Clessie”
Cummins, trabalhando em um velho moinho de Columbus, Indiana, desenvol-
veu o motor a diesel Cummins no início da década de 1900. Logo depois, o mo-
tor Cummins substituiu a máquina a vapor até então empregada nas escavadeiras.
Warren A. Bechtel, que começou a se dedicar à construção em 1898 no território de
Oklahoma Territory e rapidamente se tornou conhecido como um bom construtor de
ferrovias, foi o pioneiro no uso de caminhões motorizados, tratores e escavadeiras a
diesel na construção civil.
No inverno do final de 1922 e início de 1923, foi levada ao estado de
Connecticut a primeira escavadeira mecânica a gás; e, na primavera de 1923, ela foi
empregada em um projeto federal de apoio à construção de estradas. Havia começa-
do a terceira fase da construção de vias de transporte e as construtoras precisavam
de equipamentos para a execução de estradas. Em 1919, Dwight D. Eisenhower,
o futuro presidente norte-americano, na época ainda um jovem oficial do exército,
conduziu um comboio através do país, para experimentar as condições das rodovias

Peurifoy_01.indd 6 23/06/15 14:52


Capítulo 1 As máquinas possibilitam a construção 7

nacionais (veja a Figura 1.3). Todavia, quando o país estava começando a melhorar
sua rede rodoviária, irrompeu a Segunda Guerra Mundial e a construção de estradas
foi praticamente paralisada durante todo o período.

As incubadoras da inovação de máquinas


O aqueduto de Los Angeles Os grandes projetos de construção foram solo fértil
para as inovações nos equipamentos mecânicos. William Mulholland, o engenheiro
responsável pela Secretaria de Obras da cidade de Los Angeles conduziu um ver-
dadeiro exército de cinco mil homens durante a construção do Aqueduto de Los
Angeles, que percorre cerca de 380 km, do Rio Owens até Los Angeles. Em 1908,
a Holt Manufacturing Company (a outra antecessora da Caterpillar, Inc.) vendeu
três tratores de lagartas com motor a gasolina à cidade de Los Angeles, para o uso
na construção do aqueduto. Além de cruzar várias cadeias de montanha, o aqueduto
passou através do Deserto do Mojave, um terreno muito árduo para o trabalho de
qualquer máquina. O deserto e as montanhas serviram de campo de testes para as
máquinas Holt, e Benjamin Holt considerou todo o projeto como um experimento e
exercício de aprimoramento de seus produtos.
Entre outras coisas, Holt descobriu que as engrenagens de ferro fundido eram
rapidamente desgastadas pela abrasão da areia, então as substituiu por engrenagens
feitas de aço. O terreno brutal também quebrava as molas de suspensão e queimava
as transmissões de duas velocidades de seus tratores. Além disso, as marchas baixas
simplesmente não eram baixas o suficiente para que as máquinas pudessem subir as
montanhas. Holt fez adaptações nos tratores, trabalhando tanto em sua fábrica como
no próprio deserto. Seu gerente de oficina, Russell Springer, instalou oficinas de ma-
nutenção nos canteiros de obra do aqueduto. Após o término do projeto, Mulholland,
em seu relatório final, considerou os tratores de Holt como a única aquisição insatis-
fatória que havia sido feita. Mas Holt havia aproveitado a experiência para desenvol-
ver uma máquina muito superior.
A Barragem de Boulder No hiato entre as duas Guerras Mundiais, um projeto de
construção em particular se destaca em virtude dos avanços em maquinaria que re-
sultaram da obra. O projeto da Barragem de Boulder (posteriormente rebatizada
como Barragem Hoover) foi um enorme campo de provas para equipamentos e téc-
nicas de construção.
O uso de conexões parafusadas para a união de peças de máquinas foi aban-
donado no deserto de Nevada quando o projeto se tornou o campo de provas para as
inovações de R. G. LeTourneau em equipamentos soldados e conexões com cabos.
LeTourneau, por meio de suas inúmeras inovações no projeto de tratores e escrêi-
peres (unidades escavo-transportadoras), tornou possíveis as máquinas que futura-
mente construíram campos de aviação no mundo inteiro durante a Segunda Guerra
Mundial. Outros avanços resultantes do projeto da Barragem de Boulder incluíram
as fábricas de agregados sofisticados, as melhorias no preparo e lançamento do con-
creto e no uso de sistemas de longas esteiras rolantes/ para o transporte de materiais.

Três avanços significativos


Após a Segunda Guerra Mundial, intensificou-se a construção de estradas e, em
1956, Eisenhower, agora presidente dos Estados Unidos, sancionou a lei que lançou

Peurifoy_01.indd 7 23/06/15 14:52


8 Planejamento, equipamentos e métodos para a construção civil

o Interstate Highway Program (um programa de rodovias federais). Para dar suporte
a este esforço pela construção de estradas, a capacidade dos escrêiperes aumentou de
10 para 30 jardas cúbicas (cy, de 7,64 m³ para 22,94 m³). Com o desen-
conversor de torque volvimento do conversor de torque e da transmissão com sistema de
Acoplamento com fluido
acionamento hidráulico, ou transmissão power-shift, as carregadeiras
que permite que um motor
se torne relativamente frontais começaram a substituir as antigas escavadeiras do tipo “dipper”.
independente da As centrais e usinas de concreto deixaram de ser lentas engenhocas con-
transmissão.
troladas manualmente e passaram a ser equipamentos com controle ele-
trônico e operação hidráulica. Mas os três avanços mais importantes
foram os aços de alta resistência, os pneus de lona (malha) de náilon e os motores a
diesel de alto rendimento.
1. Os aços de alta resistência. Até o término da Segunda Guerra Mundial, as
estruturas das máquinas eram fabricadas com aços com limite de escoamento
no intervalo entre 30 e 35 mil lb/in2 (207 a 241 MPa). Após a Guerra, foram
introduzidos os aços com limite de escoamento entre 40 e 45 mil lb/in2 (276 a
310 MPa), com propriedades de resistência à fadiga proporcionalmente melho-
res. Estes novos aços de alta resistência possibilitaram a produção de máquinas
com peso total muito reduzido. O peso de uma carroceria de caminhão fora-
-de-estrada com capacidade de 40 ton foi reduzido de 11.300 kg para 7.300 kg,
sem nenhuma mudança em sua confiabilidade.
2. Pneus de lona (malha) de náilon. O emprego do fio de náilon nas estruturas
dos pneus tornou possível a produção de pneus maiores e com capacidade
de carga e resistência ao calor também superiores. O náilon permitiu que o
número final de capas (camadas) em um pneu fosse reduzido em até 30%,
mantendo-se a mesma resistência da estrutura, mas com uma espessura ou
um volume muito menor. Isso possibilitou que os pneus se aquecessem me-
nos e alcançassem uma melhor capacidade de tração, aumentando a produti-
vidade das máquinas.
3. Os motores a diesel de alto rendimento. Os fabricantes desenvolveram novas
maneiras de obter potências maiores por polegada cúbica de cilindrada do mo-
tor. Foram elevados os coeficientes de compressão e as velocidades dos moto-
res e a arte da turbocompressão foi aperfeiçoada, resultando em um acréscimo
de 10 a 15% na potência no volante.
Hoje já não se vislumbram equipamentos radicalmente inovadores, mas os fa-
bricantes estão continuamente aperfeiçoando as invenções do passado e o desenvol-
vimento de novos acessórios solidários significará a melhoria da funcionalidade da
frota da construtora. O futuro da tecnologia ou inovação dos equipamentos pode ser
dividido em três grandes categorias:
• Nível de controle: os avanços nos equipamentos que transferem o controle ope-
racional das mãos humanas para a máquina.
• Ampliação da energia humana: a transferência das exigências energéticas do
homem para a máquina.
• Processamento de informações: a coleta e o processamento de informações
pela máquina.

Peurifoy_01.indd 8 23/06/15 14:52


Capítulo 1 As máquinas possibilitam a construção 9

O futuro
Talvez chegue o dia no qual a máquina básica seja considerada apenas como um con-
trapeso móvel com um motor hidráulico. A máquina básica executará uma variedade
de tarefas por meio de múltiplos acessórios. Esta tendência começou com as escava-
deiras hidráulicas que possuem muitos acessórios solidários, como martelos, com-
pactadores, tesouras e equipamentos para o manuseio de materiais. As carregadeiras
sobre rodas, que já deixaram de ser as máquinas com caçamba padrão, também têm
adotado o conceito do “suporte de ferramenta”. Outros acessórios, como escovas,
garfos e grampos já estão disponíveis, de modo que uma carregadeira pode execu-
tar uma diversidade de tarefas. Outros acessórios serão desenvolvidos, oferecendo à
construtora mais versatilidade para uma base de investimento.
Os equipamentos de segurança e as melhorias na cabine do operador estão
se desenvolvendo para compensar a mão de obra menos experiente típica de nossa
época. Uma questão que se relaciona com a qualidade da mão de obra é o aumento
do número das tecnologias de controle das máquinas de apoio. A navegação dos
equipamentos é um tema amplo, que cobre um grande espectro de tecnologias e apli-
cações diferentes. Ela se baseia tanto em técnicas muito antigas como em algumas
das últimas inovações da engenharia e da ciência aeroespacial.
O novo campo da engenharia geoespacial está rapidamente se expandindo e
uma variedade de tecnologias está sendo desenvolvida para os fins de navegação
aeronáutica, navegação de robôs móveis e geodésia. Esta tecnologia está sendo rapi-
damente transferida a aplicações na construção civil (Figura 1.4).
GPS O sistema de orientação a laser e GPS (global positioning system,
Um sistema extremamente ou sistema de posicionamento global) está se tornando mais comum e
preciso de navegação com
o apoio de satélites. reduzindo a necessidade de que topógrafos loquem as obras. No futuro,
tudo o que o operador de uma motoniveladora ou um buldôzer terá de
fazer é alimentar o computador de bordo com um modelo digital do terreno e então

FIGURA 1.4 Uma motoniveladora trabalhando com um controle automático de lâmina.

Peurifoy_01.indd 9 23/06/15 14:52


10 Planejamento, equipamentos e métodos para a construção civil

guiar a máquina aos pontos indicados pelo mostrador. O posicionamento da máqui-


na, junto com as informações sobre os cortes e aterros do terreno, estará o tempo
todo no monitor à frente do operador. Isso pode transformar o trabalho do operador
em uma espécie de video game.
Em última análise, talvez chegue o dia em que serão totalmente dispensados
os operadores que ficam dentro da cabina das máquinas. A Caterpillar está inclusi-
ve desenvolvendo e testando unidades automáticas para o transporte de rochas em
serviços de mineração. Estes equipamentos são acionados por rádio de dentro de um
escritório e acompanhados por GPS. O operador precisa apenas usar um notebook
para enviar o sinal de partida e os caminhões fazem o resto, partindo em intervalos
programados e seguindo o percurso determinado. O operador acompanha o progres-
so de cada máquina no computador. Caso um caminhão tenha algum problema, a um
sinal é enviado ao controlador, para que ele tome as medidas corretivas necessárias.
Os projetistas de máquinas imaginam que no futuro os operadores trabalharão
em suas próprias casas. As operações em campo seriam projetadas por grandes mo-
nitores nas paredes de um cômodo e os operadores controlariam as máquinas usando
estas imagens, que seriam aprimoradas com o uso de óculos 3D. Os dados sobre o
desempenho das máquinas seriam enviados diretamente para a empresa contratada
para a manutenção dos equipamentos. Os dados históricos e os arquivos eletrônicos
dos projetos guiarão as atividades de controle dos operadores. Os dados de trabalho
das máquinas também alimentarão diretamente os arquivos do cronograma de um
projeto à medida que uma obra é desenvolvida.

O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL


Em função da própria natureza da atividade, as construtoras trabalham de acordo com
um conjunto específico de condições de produção que afetam diretamente a adminis-
tração dos equipamentos. Enquanto a maioria das empresas manufatureiras tem uma
fábrica permanente na qual entram as matérias-primas e saem os produtos acabados
em um processo repetitivo e de linha de montagem, as firmas de construção civil le-
vam “sua fábrica” de um canteiro de obras a outro. Em cada novo local, a empresa se
instala e começa a executar um projeto único. Se os trabalhos de construção saírem
conforme o planejado, o serviço será finalizado dentro do prazo e gerará lucro.
Os projetos intensivos em termos de equipamento apresentam maiores riscos
financeiros. Muitos projetos que envolvem obras de terraplenagem são orçados com
base em preços unitários e podem existir grandes variações entre as quantidades es-
timadas e as efetivamente realizadas. Alguns projetos exigem uma alocação de equi-
pamentos desproporcional ao valor que a construtora receberá para executar uma
obra. Tal situação o obriga a contratar uma sequência contínua de serviços que possa
sustentar o pagamento de equipamentos no longo prazo.
Outros fatores de risco que as construtoras enfrentam nas obras com uso in-
tenso de maquinaria incluem a estrutura de financiamento, os níveis de atividade
na construção (isto é, a quantidade de trabalho que será incluída em um contrato),
a legislação e os contratos trabalhistas e as normas de segurança. O tamanho de um
projeto e a quantidade de serviços que dependem das condições climáticas também
contribuem para alongar a duração das obras. No setor da construção civil, não é raro
ver projetos que exigem dois ou mais anos para sua execução.

Peurifoy_01.indd 10 23/06/15 14:52


Capítulo 1 As máquinas possibilitam a construção 11

As ações do Estado que afetam seriamente o ambiente de trabalho das cons-


trutoras civis são a legislação trabalhista e as normas de segurança. Em cada uma
dessas áreas, muitas normas afetam as operações das construtoras. Essas interven-
ções podem influenciar diretamente as decisões relativas aos equipamentos. Entre as
normas trabalhistas que exercem pressão direta sobre as questões de equipamento
estão aquelas relacionadas com os salários mínimos para cada tipo de trabalhador
da construção e aquelas que criam exigências de segurança nos canteiros de obra.
Nos Estados Unidos, por exemplo, mais da metade do custo com mão de obra nos
serviços de construção civil com uso intensivo de equipamentos está sujeito às im-
posições da lei Davis-Bacon, o que afeta profundamente os custos com mão de obra
das construtoras. Já a OSHA (Occupational Safety and Health Act, lei da segurança
e saúde ocupacional norte-americana), ao tornar obrigatório o uso da estrutura pro-
tetora contra acidentes na capotagem, aumentou significativamente o custo dos equi-
pamentos da construção quando exigiu que sistemas de segurança e proteção à saúde
fossem incluídos como itens obrigatórios nas máquinas básicas. Esta lei em particu-
lar teve um efeito significativo e imediato nas decisões tomadas sobre os equipamen-
tos, de modo bastante similar à introdução de uma nova tecnologia de equipamentos.
Da mesma maneira, existe sempre a possibilidade de que sejam instituídas normas
de segurança adicionais. A geração de ruídos e a emissão de poluentes também são
questões que tem recebido mais atenção das agências reguladoras. Alguns clientes,
ao inserir cláusulas no contrato de execução de uma obra, estão limitando os níveis
de ruídos gerados pelas máquinas.

Os equipamentos de construção aceitos para a execução dos serviços estão


listados na Tabela XX, que deverá ser mantida no canteiro de obras.
Os equipamentos que estiverem em uso na obra deverão ser testados a cada
seis meses. Todo equipamento utilizado durante a construção pode estar sujeito
a testes confirmatórios de níveis de ruídos executados pelo próprio construtor,
conforme a solicitação do engenheiro.

SEGURANÇA
A taxa de acidentes pessoais com ferimentos e mortes no trabalho resultantes dos
serviços de construção civil é alta demais. Entre todas as principais classificações
industriais, a construção apresenta um dos piores desempenhos em termos de segu-
rança. Nos Estados Unidos, o setor da construção emprega aproximadamente 6,4
milhões de trabalhadores – cerca de 6% da mão de obra do país. Contudo, de acordo
com o National Safety Council (conselho de segurança nacional norte-americano), o
setor é responsável por cerca de 23% das mortes e 10,3% dos acidentes de trabalho
com ferimentos de cada ano. Isso significa que, nas construções norte-americanas,
todo ano entre 1.150 e 2.000 pessoas morrem e cerca de 400 mil sofrem acidentes
graves. O Construction Industry Institute (instituto do setor da construção dos Es-
tados Unidos) estima que os custos diretos e indiretos dos acidentes da construção
civil possam chegar a 17 bilhões de dólares por ano. As principais causas de morte e
ferimentos são quedas de alturas, eletrocuções, concussões causadas por equipamen-
tos, esmagamentos provocados por máquinas e soterramentos durante a escavação

Peurifoy_01.indd 11 23/06/15 14:52


12 Planejamento, equipamentos e métodos para a construção civil

de valas. E nós, por participarmos desse setor econômico, somos os responsáveis


e responsabilizados por estas tristes estatísticas. Cabe aos gerentes de obra criar os
programas de segurança que venham a evitar acidentes (Figuras 1.5 e 1.6). Temos o
dever moral e profissional de fazer isso. A questão-chave é fornecer as lideranças, os
programas e os incentivos para criar um setor seguro.
No final da década de 1960, o Congresso dos Estados Unidos, começou uma
investigação das normas de segurança, e em 1970, aprovou a Lei Williams-Steiger,
que geralmente é chamada OSHA (Ocuppational Safety and Health Act). Esta lei
estabeleceu um conjunto abrangente de normas e regulamentos de segurança, pro-
cedimentos de inspeção e exigências de registros de segurança. Em suma, ela impôs
padrões de segurança nacionais para o setor da construção civil norte-americana. Ela
também permitiu que os estados criassem suas leis de segurança e saúde ocupacio-
nal próprias, desde que a legislação estadual fosse no mínimo tão exigente quanto a
federal. De acordo com essa lei, os empregadores são obrigados a oferecer um local
de trabalho seguro a seus empregados e a manter registros abrangentes de segurança.
A lei também estabeleceu uma entidade, a Occupational Safety and Health
Administration (OSHA), que tem escritórios regionais em cidades de todo o país.
A OSHA é responsável pela fiscalização do cumprimento da legislação e a criação
de normas complementares e regulamentos necessários à implementação da lei. As
normas e os regulamentos da OSHA são publicados no Federal Register (Registro
Federal). O padrão OSHA Safety and Health Standards, Title 29, Part 1910, contém
as exigências de segurança que devem ser incluídas nos projetos de construção exe-
cutados por um arquiteto ou engenheiro.
Já o regulamento Construction and Health Regulations, Code of Federal Regu-
lations, Part 1926, se aplica especificamente às construtoras e às obras de construção

FIGURA 1.5 Os guindastes tombam com facilidade se não forem operados


adequadamente.

Peurifoy_01.indd 12 23/06/15 14:52


Capítulo 1 As máquinas possibilitam a construção 13

FIGURA 1.6 A limpeza e a organização do canteiro de obras e da oficina são importan-


tes, por questões de segurança.

civil. A lei estabelece punições tanto civis como criminais para violações dos regu-
lamentos da OSHA. A penalidade civil para quem deixar de corrigir uma infração
autuada é de sete mil dólares por dia, chegando ao máximo de 70 mil dólares. Já as
punições criminais podem ser a aplicação de multas e a pena de prisão. O objetivo da
OSHA é estabelecer um conjunto uniforme de normas de segurança que seja aplicá-
vel à construção civil e possa ser exigido constantemente. As empresas de construção
devem manter um arquivo atualizado das normas impostas pela OSHA e trabalhar de
modo proativo para cumprir tais exigências.

OS CONTRATOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL


As construtoras trabalham em um mercado bastante peculiar. As plantas e especifi-
cações para a execução de uma obra, que são fornecidas pelo cliente, ditam as con-
dições de venda e o produto, mas não o preço. Quase todos os serviços no campo da
construção com uso intensivo de equipamentos são contratados com base em orça-
mentos, que podem ser solicitados a fornecedores específicos ou abertos ao mercado
em geral. No método de contratação para a execução de um projeto com preço fixo,
a construtora estabelece um preço após estimar o custo, com base em um projeto
completo fornecido pelo cliente. O preço apresentado inclui as despesas gerais ou
indiretas, as contingências do risco do projeto e o lucro desejado.
Hoje vemos uma tendência a contratos do tipo “projeto e construção”, nos
quais a construtora também controla a elaboração do projeto. Neste tipo de contrato,
a construtora deve apresentar um preço garantido antes de finalizar o projeto. Isso
aumenta seu risco, pois a estimativa da quantidade de material necessária à execução

Peurifoy_01.indd 13 23/06/15 14:52


14 Planejamento, equipamentos e métodos para a construção civil

total de um projeto se torna muito subjetiva. Porém, a vantagem para a construtora é


que o projeto pode ser adequado do modo mais vantajoso possível à capacidade de
construção da empresa. Em ambos os casos, pressupõe-se tacitamente que a cons-
trutora vencedora tenha conseguido superar os concorrentes em função de um plano
de trabalho mais eficiente, de custos gerais e indiretos inferiores ou do interesse em
trabalhar com uma margem de lucro inferior.
No entanto, não é raro que a variação entre as propostas com preço menor e
maior esteja muito acima do que tais fatores poderiam justificar. Uma das principais
causas da variação nos preços das propostas é a incapacidade dos construtores de
estimar precisamente os custos. A maior parte da diferença em um orçamento prova-
velmente não é causada pelas diferenças entre projetos do passado e do futuro, mas
pela falta de registros de custos precisos. A maioria das construtoras tem sistemas
de registros de custos, mas em inúmeros casos os sistemas não conseguem alocar as
despesas às fontes corretas, resultando em conclusões falsas quando tais informações
são utilizadas em bancos de dados históricos para a orçamentação de obras futuras.
O proprietário de uma construtora frequentemente usará tanto o volume de con-
tratos como a rotatividade de contratos para medir a força de sua empresa. O volume
de contratos se refere ao valor total em numerário em função dos contratos assinados
que a firma tem em sua contabilidade em determinado momento. Já a rotatividade de
contratos mede as receitas obtidas com a construção que a empresa consegue executar
durante determinado intervalo de tempo. O volume de contratos é um indicador da
magnitude dos recursos que a empresa conseguiu alocar em determinado período e
que provavelmente gerarão lucro se o serviço for completado conforme a estimativa.
Todavia, o volume de contratos não consegue responder a quaisquer questões relacio-
nadas ao prazo. Uma empresa de construção que, tendo o mesmo volume de contratos
que a concorrência, conseguir terminar suas obras mais rapidamente e, portanto, tiver
um índice de rotatividade de contratos superior mantendo a relação entre receitas e
despesas, conseguirá ter lucros superiores. Ou seja, as construtoras que conseguem
terminar suas obras antes do cronograma, geralmente ganham mais dinheiro.

O PLANEJAMENTO DO USO DOS EQUIPAMENTOS


Cada equipamento de construção é projetado especificamente por seu fabricante para
executar determinadas operações mecânicas. A tarefa do projetista ou orçamentista de
um projeto ou do engenheiro responsável é escolher a máquina certa ou a frota ideal de
máquinas para a tarefa em questão. Considerando-se as tarefas individuais, a qualidade
do desempenho é mensurada pela adequação da produção de uma frota de equipamen-
tos em relação a seu custo. A produção é o trabalho realizado: pode ser o volume ou
o peso de material removido, o número de componentes de um material cortados, a
distância percorrida ou qualquer outra medição similar de progresso. Para estimar o
quanto os equipamentos significam no custo de um projeto, o projetista ou orçamentista
primeiramente deve calcular a produtividade das máquinas, que é determinada pelos
princípios de engenharia e pela capacidade de gerenciamento. O Capítulo 5 cobre os
mais importantes fundamentos de engenharia que controlam a produtividade das má-
quinas. Cada nível de produtividade tem um custo correspondente associado ao esforço
dispendido. Os gastos efetuados por uma empresa com a compra e o uso de máquinas,
bem como os métodos para analisar tais custos são apresentados no Capítulo 2.

Peurifoy_01.indd 14 23/06/15 14:52


Capítulo 1 As máquinas possibilitam a construção 15

Embora cada tipo principal de equipamento tenha diferentes características


operacionais, nem sempre é óbvio qual o tipo de máquina ideal para uma tarefa
específica do projeto. Após estudar o projeto e as especificações, visitar o terreno
do projeto e fazer a quantificação, o planejador deve visualizar qual seria a melhor
maneira de empregar equipamentos específicos para realizar o trabalho. Seria mais
caro fazer uma escavação com escrêiperes ou caminhões de carregamento por cima
com o apoio de uma draga? Ambos os métodos são possíveis para se alcançar o re-
sultado final, mas qual seria o método de ataque mais econômico para as condições
de projeto dadas?
Para responder a essa questão, o planejador desenvolve um plano inicial para
o emprego de escrêiperes e então calcula sua produtividade e o custo resultante. O
mesmo processo é seguido para o cálculo do uso dos caminhões de carregamento
por cima. O tipo de equipamento que tiver o menor custo total estimado, incluin-
do o deslocamento das máquinas até o canteiro de obras, será selecionado para o
serviço.
Para realizar essas análises, o projetista deve levar em consideração tanto a
capacidade das máquinas como seus métodos de uso. Para desenvolver as técnicas
de emprego de equipamentos adequadas, o projetista deve ter o conhecimento das
quantidades de material envolvidas. Este livro não cobre a quantificação de materiais
em si, mas esse processo é extremamente afetado pelos equipamentos e métodos que
serão considerados. Uma vez que se sabe que diferentes equipamentos e métodos se-
rão utilizados durante o avanço de uma escavação, é necessário dividir as diferentes
quantificações de tal maneira que sejam compatíveis com o uso dos equipamentos
propostos. A pessoa que fizer a quantificação deverá calcular as quantidades de tal
modo que grupos de materiais similares (terra seca, terra úmida, rocha) sejam fa-
cilmente avaliados. Não é meramente uma questão de se estimar a quantidade total
de rocha ou a quantidade total de material que será escavado. Todos os fatores que
afetam o desempenho dos equipamentos e a escolha da técnica de construção devem
ser considerados na quantificação, como a localização do lençol freático ou dos veios
de argila ou areia, as dimensões do terreno, a profundidade das escavações e as exi-
gências de compactação.
Os modos de operação normais dos tipos de equipamentos específicos serão
discutidos nos Capítulos 5, 7 a 19 e 21. No entanto, essa apresentação não deve fa-
zer com que o leitor ignore outras aplicações possíveis. As empresas de construção
mais bem-sucedidas são aquelas que, para cada projeto individual, estudam cuida-
dosamente todas as abordagens possíveis ao processo de construção. Essas empresas
usam técnicas de pré-planejamento de projeto, de identificação dos riscos e de quan-
tificação de riscos para abordarem seus serviços. Uma vez que não há dois projetos
exatamente idênticos, é importante que o projetista comece cada novo projeto com
uma mente completamente aberta e analise todas as opções possíveis. Além disso,
as máquinas estão sendo aprimoradas constantemente e novos equipamentos estão
sendo introduzidos no mercado.
Os equipamentos pesados costumam ser classificados ou identificados por dois
métodos: a identificação funcional ou a identificação operacional. Um buldôzer (tra-
tor com lâmina), utilizado para empurrar uma pilha de material, pode ser classifica-
do como uma máquina de apoio para uma fábrica de produção de agregados; e na
mesma categoria poderíamos incluir as pás-carregadeiras frontais. Mas o buldôzer

Peurifoy_01.indd 15 23/06/15 14:52


16 Planejamento, equipamentos e métodos para a construção civil

poderia também poderia ser classificado como uma escavadeira, se levarmos em


consideração sua função. Neste livro, são utilizadas combinações de agrupamentos
funcionais e operacionais. O objetivo básico é explicar as características de desem-
penho crítico de um equipamento particular e então descrever as aplicações mais
comuns para aquela máquina.
Os esforços das construtoras e dos fabricantes de equipamento que têm a cora-
gem de desenvolver novas ideias estão constantemente aumentando a capacidade das
máquinas. À medida que a variedade de equipamentos úteis se expande, aumenta a
importância de um planejamento cuidadoso e da execução das operações de constru-
ção. As novas máquinas possibilitam maiores economias. Cabe ao orçamentista e ao
pessoal do canteiro de obras adequarem os equipamentos às situações de projeto, e
este é o foco central deste livro.

RESUMO
As civilizações são construídas pelos esforços de construção. Cada civilização do
passado teve seu próprio setor da construção, que promoveu seu crescimento e a
melhoria da qualidade de vida. Este capítulo apresentou uma história resumida dos
equipamentos de construção, um panorama das obras de construção e os riscos as-
sociados à elaboração de um orçamento de construção. A produção das máquinas, a
quantidade de terra removida ou de concreto lançado são apenas um dos elementos
do processo de seleção de máquinas. Também é necessário saber qual é o custo asso-
ciado àquela atividade. O objetivo de aprendizado crítico é
• Entender como os equipamentos e as máquinas de construção vêm sendo de-
senvolvidos em resposta às demandas das obras realizadas
Este objetivo é a base dos exercícios propostos a seguir.

PROBLEMAS
1.1 Pesquise na Internet os seguintes engenheiros e escreva uma redação de uma página
sobre suas realizações:
William Mulholland
Stephen D. Bechtel Sr. Benjamin Holt
R. G. LeTourneau
William S. Otis
1.2 Pesquise também na Internet as seguintes façanhas da engenharia e escreva uma reda-
ção sobre os equipamentos utilizados para sua construção:
Barragem Hoover (antiga Barragem de Boulder)
Canal do Panamá
Programa de Rodovias Federais dos Estados Unidos (Interstate Highway Program)
1.3 Qual é a função da OSHA (Occupational Health and Safety Administration;
http://www.osha.gov)?
1.4 Por que alguns trabalhadores da construção civil resistem ao uso de equipamentos de
segurança, como capacetes ou cintos de segurança contra quedas? Por que perdura
esse hábito de resistir ao uso dos equipamentos de segurança? O que devemos fazer
em relação a isso?

Peurifoy_01.indd 16 23/06/15 14:52


Capítulo 1 As máquinas possibilitam a construção 17

1.5 Analise várias edições de uma publicação como a Engineering News Record (ENR;
http://enr.construction.com/) a fim de encontrar relatórios sobre acidentes na constru-
ção civil. Prepare-se para apresentar à turma suas ideias sobre o que você acha que
deveria ser feito sobre os tipos de acidente mencionados nos relatórios.

FONTES DE CONSULTA
Building for Tomorrow: Global Enterprise and the U.S. Construction Industry (1988).
National Research Council, National Academy Press, Washington, DC.
Davis-Bacon Manual on Labor Standards for Federal and Federally Assisted Construction
(1993). The Associated General Contractors (AGC) of America, Alexandria, VA.
OSHA Safety & Health Standards for Construction (OSHA 29 CFR 1926 Construction
Industry Standards) (2003). The Associated General Contractors (AGC) of America,
Alexandria, VA.
Schexnayder, Cliff J., and Scott A. David (2002). “Past and Future of Construction
Equipment,” Journal of Construction Engineering and Management, ASCE, 128(4), pp.
279–286.

FONTES DE CONSULTA NA INTERNET


Informações adicionais significativas sobre o setor da construção civil podem ser
encontradas nos seguintes sites.

Associações e organizações
Estes são sites sobre associações e organizações de construção:
http://www.asce.org A American Society of Civil Engineers (ASCE) é uma organização
profissional de membros de todas as disciplinas da engenharia civil dedicadas ao
desenvolvimento de lideranças, ao progresso da tecnologia, à promoção do aprendizado
continuado por toda a vida e à promoção da profissão.
http://www.asme.org A American Society of Mechanical Engineers (ASME) é uma
organização educacional e técnica sens fins lucrativos que publica muitas normas sobre
equipamentos de construção.
http://www.agc.org A Associated General Contractors of America (AGC) é uma organização
de construtoras e empresas relacionadas ao setor da construção civil.
http://www.construction-institute.org O Construction Industry Institute (CII) é uma
organização de pesquisa que tem a missão de melhorar a competitividade do setor da
construção civil. O CII é um consórcio de proprietários de construções e edificações e
construtoras que se uniram para buscar maneiras melhores de planejar e executar grandes
programas de construção.

Códigos e normas de construção


Entre os sites que oferecem informações sobre os códigos e as normas que afetam o
setor da construção civil podemos destacar os seguintes:
http://www.osha.gov O Department of Labor, Occupational Safety and Health Administration
(OSHA) dos Estados Unidos estabelece normas de proteção, fiscaliza essas normas e oferece
assistência técnica e programas de consultoria aos empregadores e empregados. A missão do
OSHA e garantir locais de trabalho seguros e saudáveis nos Estados Unidos.

Peurifoy_01.indd 17 23/06/15 14:52


18 Planejamento, equipamentos e métodos para a construção civil

http://www.nist.gov/welcome.html O National Institute of Standards and Technology


(NIST) é uma agência federal não reguladora que pertence à Technology Administration do
Commerce Department dos Estados Unidos. O NIST desenvolve e promove os indicadores,
as normas e a tecnologia.
http://www.ansi.org O American National Standards Institute (ANSI) é uma organização
privada sem fins lucrativos que administra e coordena a normalização voluntária e o sistema
de avaliação da conformidade nos Estados Unidos.
http://www.iso.ch A International Organization for Standardization (ISO) é uma organização
não governamental. Ela é uma rede de institutos nacionais de normalização de 148 países,
tendo um membro de cada país e um secretariado central (Central Secretariat) em Genebra,
Suíça, que coordena o sistema.
http://www.astm.org A ASTM International, antigamente conhecida como The American
Society for Testing and Materials, é uma organização sem fins lucrativos que promove um
foro global para o desenvolvimento e a publicação de normas consensuais voluntárias sobre
materiais, produtos, sistemas e serviços.

A segurança
http://www.nsc.org O National Safety Council (NSC) tem uma excelente biblioteca para os
consultores de segurança no trabalho e gerentes de recursos humanos que oferece inúmeros
recursos, informações sobre seus membros, serviços e publicações.
http://www.osha.gov O site da Occupational Health and Safety Administration Occupational
Safety and Health Administration (Administração da Segurança e Saúde Ocupacional dos
Estados Unidos) oferece notícias, estatísticas, regulamentos, normas e fontes de consulta.
http://www.ntsb.gov O National Transportation Safety Board (NTSB) é uma agência federal
independente que realiza investigações sobre acidentes de trânsito significativos e oferece
sinopses e informações gerais sobre audiências públicas.
http://www.crmusa.com A Contractors Risk Management (CRM), Inc., oferece manuais,
planos personalizados e programas de treinamento para diretrizes de saúde e segurança do
setor da construção civil.
http://www.agc.org A Associated General Contractors of America (AGC) se dedica a
questões relativas a contratações, questões de segurança e às leis da construção civil.

Peurifoy_01.indd 18 23/06/15 14:52

Você também pode gostar