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Direito Aeronáutico
Universidade do Sul de Santa Catarina
Este livro contém o estudo das normas correlatas
nacionais e internacionais, além de aspectos
históricos e estudo sobre as Autoridades
Aeronáuticas Civil e Militar. Sua pretensão é
demonstrar a estrutura normativa pátria para
Direito
servir de esteio a aeronautas e aeroviários,
buscando o aumento da consciência situacional
Direito Aeronáutico
pelo conhecimento das regras aplicáveis à
Aviação Civil.
Aeronáutico
Ciências Aeronáuticas
w w w. u n i s u l . b r
Universidade Sul de Santa Catarina
Direito Aeronáutico
UnisulVirtual
Palhoça, 2018
Copyright © UnisulVirtual 2018
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Livro Didático
Professor conteudista Diagramação
Orlando Flávio Silva Noemia Mesquita (2ª ed. atual.)
Designer instrucional Revisão Ortográfica
João Marcos de Souza Alves Diane Dal Mago
Marina Cabeda Egger Moellwald ISBN
(2ª ed. atual.) 978-85-506-0135-9
Projeto Gráfico e Capa E-ISBN
Equipe UnisulVirtual 978-85-506-0136-6
S58
Silva, Orlando Flávio
Direito aeronáutico: livro didático/Orlando Flávio Silva ; [design instrucional
João Marcos de Souza Alves, Marina Cabeda Egger Moellwald (2ª ed. atual.)]. – 2.
ed. atual. – Palhoça: UnisulVirtual, 2018.
312 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-506-0135-9
e-ISBN 978-85-506-0136-6
CDDir 341.8
Direito Aeronáutico
Livro didático
2ª edição atualizada
UnisulVirtual
Palhoça, 2018
Sumário
Introdução | 7
Capítulo 1
Noções introdutórias de Direito Aeronáutico | 9
Capítulo 2
Código Brasileiro de Aeronáutica
e Normas Internas | 49
Capítulo 3
Agência Nacional De Aviação Civil (ANAC) | 117
Capítulo 4
Os Regulamentos da Autoridade
Aeronáutica | 157
Capítulo 5
Empresas de transporte aéreo | 203
Capítulo 6
Atribuições do COMAER no contexto da Aviação
Civil | 239
Considerações Finais | 297
Referências | 299
Não que os outros ramos do Direito não contribuam direta ou indiretamente com
o Direito Aeronáutico, mas a observância dessas regras normativas comuns é
subsidiária ao corpo desta especial Unidade de Aprendizagem, sendo sua utilização
orientada pelos princípios característicos do direito afeto à atividade aérea.
A proposta deste livro didático foi a de mostrar a ampla rede das normas
incidentes à aviação civil, partindo do aspecto mais amplo, relacionado à aviação
internacional, e chegando ao conjunto de normas pátrias, com destaque aos
principais órgãos governamentais que se responsabilizam pela atividade aérea civil.
Da leitura deste texto, você será capaz de identificar a estrutura normativa global
que incide sobre a atividade aérea. Conhecerá, além das normas, os órgãos
governamentais que se responsabilizam pela aviação civil, tanto em plano
internacional quanto interno, será capaz de identificar as diferenças entre leis e
regulamentos, enfim, saberá utilizar as normas a favor da segurança da operação
aérea, sendo esse o mais importante objetivo perseguido por essa obra e este curso.
Vamos lá?
A melhor equipe estará ao seu lado nesta caminhada pelo Direito Aeronáutico.
Tenha sempre em mente o lema da Academia da Força Aérea, verso do poema
Thebaida, do poeta latino Publius Papinius Statius: Macte Animo! Generose
puer, sic itur ad astra (Coragem Jovem! É assim que se sobe aos céus).
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Capítulo 1
Seção 1
Traços gerais e históricos
A navegação aérea incipiente no início do século vinte impeliu os dirigentes das
nações e os estudiosos do direito a indagarem acerca das modificações jurídicas
introduzidas por esse novo meio de transporte, que colocou em evidência institutos
importantes – mas cambiantes àquela época, como território e soberania, além da
emergência de outros, como espaço aéreo e direito aeronáutico.
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Direito Aeronáutico
Nas palavras de Henrique Barros (2006, p. 149), “é claro que num voo livre a
incerteza é convidada”.
11
Capítulo 1
1
Código Brasileiro de Aeronáutica, Lei 7565/86, Artigo 11: O Brasil exerce completa e exclusiva soberania
sobre o espaço aéreo acima de seu território e mar territorial.
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Direito Aeronáutico
Território
De acordo com o Dicionário Aurélio, Território tem a definição de “base geográfica
de um Estado, sobre a qual exerce ele a sua soberania, e que abrange os rios,
lagos, mares interiores, águas adjacentes, golfos baías e portos”. Até o advento
da aviação, esse conceito cabia em si mesmo, mas quando a atividade aérea
tomou vulto, essa definição ficou deficitária, vez que o espaço acima da parte
terrestre e aquática dos territórios não está contemplado nem por equiparação,
e como por meio desse elemento poder-se-ia ter acesso sem restrições naturais
ao interior dos países, conduzindo muitas coisas entre as fronteiras, livres de
quaisquer fiscalizações, era necessário definir se o espaço aéreo é componente
do “território”, ou seja, se é parte integrante do país.
Em 1911, o grande jurista cearense Clovis Bevilacqua publicou a sua obra Direito
Público Internacional e no Tomo I, Título II está disposta sua construção acerca
de soberania territorial: “é uma relação jurídica de ordem política, exprimindo a
auctoridade (sic) superior do Estado sobre as pessoas e as coisas que se acham
em seu território” (1911). Segundo José Afonso da Silva, “território é o limite
espacial dentro do qual o Estado exerce, de modo efetivo e exclusivo, o poder de
império sobre pessoas e bens” (2004, p. 98).
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Capítulo 1
Mas até que altitude deve ser considerado o espaço aéreo como sendo
“território” do Estado a que está subjacente?
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Direito Aeronáutico
Clovis Bevilacqua, em sua obra de 1911, considera que pode ser aceita a
sugestão de Fauchille, de 1.500 metros (1911, p. 91), mas essa altitude não
é considerada razoável nos dias de hoje, em função do poder da evolução
tecnológica em proporcionar voos além do alcance da visão e da audição.
Em termos jurídicos, o critério utilizado pelo Dr. Hélio de Castro Farias, Ex-
Secretário Geral da Sociedade Brasileira de Direito Aeroespacial, tende a ser
o mais razoável. Em síntese, o seu raciocínio baseia-se no aparelho que pode
adentrar o espaço aéreo e nele circular: a própria aeronave. De fato, segundo
o art. 106 do Código Brasileiro de Aeronáutica, “considera-se aeronave todo
aparelho manobrável em voo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo,
mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas e coisas”. Essa
definição relaciona diretamente este aparelho, aeronave, com o elemento ar;
assim sendo, o limite acima do território, considerado “território”, é onde o avião
ainda encontra ar para lhe proporcionar as reações aerodinâmicas essenciais ao
voo. É necessário acrescentar que a FAI 2 considera como atmosfera a coluna de
ar de 100 km de altura, iniciada ao nível do mar. Esse limite entre a atmosfera e o
espaço exterior chama-se Linha de Kármán.
Além do limite desta coluna de ar, ou seja, além desta altitude limite onde o ar se
torna rarefeito ao ponto de impedir a atividade aérea, ou mesmo é inexistente,
afasta-se o Direito Aeronáutico e deve-se procurar o aparato legal em leis
internacionais específicas, como, por exemplo, os Princípios Reguladores das
Atividades dos Estados na Exploração do Espaço Cósmico, de 19/12/1966, que
foi promulgado, no Brasil, pelo Decreto 64.362 de 17/04/1969.
2
FAI - Fédération Aéronautique Internationale, Federação Aeronáutica Internacional, órgão que regula
esportes aéreos no mundo, fundada em 1905. Também é responsável pelo registro internacional de
recordes em aeronáutica e astronáutica.
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Capítulo 1
Seção 2
Teoria Geral dos Tratados Internacionais sobre
Aviação Civil
Tendo concluído o breve estudo sobre os traços históricos e firmado a noção de
território e soberania, deve-se voltar ao estudo dos Tratados Internacionais que
versam sobre aviação civil, mas com uma observação preliminar importante: o
Brasil é signatário de vários tratados internacionais que versam sobre aviação
civil, mas o estudo de todos esses tratados não cabe nos contornos do presente
trabalho, pelo que tomaremos como paradigma dois tratados importantes: a
Convenção de Varsóvia, que, com suas atualizações formam um sistema, o
Sistema Varsóvia-Haia (assim chamado por alguns doutrinadores), e a Convenção
de Chicago. Foram esses dois tratados escolhidos por sua extrema relevância
para a aviação civil e para o Direito Aeronáutico e serão estudados nesta seção.
Antes, porém, de iniciar o estudo em espécie dessas Convenções, devemos
entender o que são essas normas.
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Direito Aeronáutico
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Capítulo 1
Os tratados são constituídos de acordos, que, por sua vez, são “atos jurídicos
exarados de cada um dos interessados, formando um ato complexo” (HUSEK,
2004, p. 58). Para esse autor,
Assim sendo, todos os acordos sobre aviação civil que serão estudados adiante
com a denominação de “convenção” têm a mesma definição, qual seja, aquela
indicada no início deste estudo: é um ato solene celebrado entre pessoas
jurídicas de direito internacional destinado a unificar os interesses entre as partes.
Duas ressalvas são necessárias: a da denominação “carta”, que é reservada
para tratados institucionais, como, v. g., a Carta da ONU, Carta da OIT e a
denominação “concordata”, que é o nome dos atos bilaterais em que uma das
partes é a Santa Sé, tendo por objeto as relações entre a Igreja Católica local e
outro Estado (HUSEK, 2004, p. 59).
3
O Presidente da República Federativa do Brasil é o representante em negociações internacionais, porque é Chefe
do Estado Brasileiro e Chefe do Governo Federal – Chefe do Poder Executivo da União. (SILVA, 2004, p. 492).
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Direito Aeronáutico
Mas o tratado ainda não entrará em vigor se não houver a sua adoção por uma
quantidade mínima estipulada de Estados. Isso quer dizer que em tratados
multilaterais há um número mínimo de ratificações para dar validade a esse
tratado, ou seja, somente com a entrega desse número mínimo de ratificações é
que os termos do tratado passam a valer para todos os Estados, isto é, passam a
viger. Essa entrega do documento de ratificação é chamada de “depósito”.
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Capítulo 1
Restam dois pontos acerca da teoria geral dos tratados. O primeiro refere-se ao
acolhimento do tratado entre as leis do País.
Isto porque não é possível a um tratado sobrepujar a Lei Máxima de uma nação
- a sua Constituição, e nem das Leis que a complementam, então, os tratados
têm sido considerados como tendo o posto de Lei Ordinária, a não ser quando
se trate de tratado internacional que verse sobre direitos humanos: nesse caso,
se o Congresso Nacional submeter um tratado que verse sobre direitos humanos
ao procedimento especial previsto no § 3 do art. 5° da Constituição, ou seja,
votação em dois turnos e exigência de três quintos dos votos em cada casa do
Congresso Nacional, então, o tratado será incorporado ao nosso ordenamento
como Emenda Constitucional.
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Direito Aeronáutico
Com o exposto até aqui, é possível elaborar uma ideia perfunctória, mas
abrangente, do assunto “tratado internacional”, na medida em que se presta ao
presente e que permite a continuidade do estudo sem lacunas e na medida da
importância dos tratados para o Direito Aeronáutico Brasileiro. De fato, segundo
o Código Brasileiro de Aeronáutica, Lei 7565/86, em seu artigo 1°: O Direito
Aeronáutico é regulado pelos Tratados, Convenções e Atos Internacionais de que
o Brasil seja parte, por este Código e pela legislação complementar.
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Capítulo 1
4
IATA - International Air Transport Association, Associação Internacional de Transporte Aéreo.
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Direito Aeronáutico
Seção 3
Tratados Internacionais sobre Aviação Civil em
Espécie
Tratado de Varsóvia
É o mais antigo Tratado Internacional ainda em vigor a que o Brasil faz parte.
Foi ratificado pelo Brasil e entrou no nosso Ordenamento Jurídico por meio
do Decreto n° 20.704, de 24 de novembro de 1931. A denominação completa
é Convenção Para Unificação de Certas Regras Relativas ao Transporte Aéreo
Internacional. Na verdade, a data atribuída à Convenção de Varsóvia é o dia em
que ela foi aprovada e assinada pelos Estados Membros, mas sua redação foi
feita pelo Comitê Internacional de Especialistas de Direito Aéreo, formado por
expertos indicados pelos Estados participantes da 2ª Conferência de Direito
Privado Internacional de 1926.
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Capítulo 1
Os valores das indenizações aos danos indicados acima também estão dispostos
na Convenção, com uma curiosidade: a moeda escolhida para padronizar o valor
dessas indenizações foi chamada de “franco-poincaré”, moeda inexistente, mas
posta como parâmetro de atualização e conversão dos valores; trata-se de uma
homenagem ao Primeiro Ministro Francês Raymond Poincaré, idealizador da
Convenção de Varsóvia (FREITAS, 2003, p. 59). Na verdade, a moeda indicada
na Convenção era o franco francês, constituído de sessenta e cinco e meio
miligramas de ouro, ao título de novecentos milésimos de metal fino; era também
chamada de franco-ouro.
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Direito Aeronáutico
A Convenção estabeleceu ainda que será nula qualquer cláusula contratual que
exonere o transportador de sua responsabilidade, aqui compreendida no sentido
largo da acepção, ou seja, não poderá o transportador se eximir de qualquer
responsabilidade prevista no texto da Convenção: dano à carga, dano ou extravio à
bagagem e lesão ou morte de passageiro, assim como são proibidas cláusulas que
estabeleçam valores inferiores aos descritos nela. Essa determinação foi acolhida
por nosso Código Brasileiro de Aeronáutica, Lei 7565/86 que, em seu artigo 247,
estabelece: “É nula qualquer cláusula tendente a exonerar de responsabilidade
o transportador ou a estabelecer limites de indenização inferior ao previsto neste
Capítulo, mas a nulidade da cláusula não acarreta a do contrato, que continuará
regido por esse Código (art. 10)”. Esses valores foram modificados e atualizados,
sendo que um dos mais importantes instrumentos foi o Protocolo de Haia, de
1952; antes, porém, de estudar este protocolo, deve-se lançar um olhar sobre as
Convenções de Roma, para a manutenção de uma unidade cronológica.
As Convenções de Roma 5
A Primeira Convenção de Roma aconteceu em 1933 e unificou as regras relativas
ao sequestro preventivo de aeronaves, aqui entendido sequestro no sentido de
medida cautelar assecuratória de direitos, ou seja, a pessoa que comprar uma
aeronave para pagamento em parcelas e não honrar os compromissos pode
ter ajuizada uma ação contra si; para assegurar que a demora na prestação
jurisdicional não prejudique seus interesses, o credor pode solicitar tutela
de urgência na forma de sequestro, que é a guarda provisória da aeronave
(pode mesmo deixar a aeronave sob cuidados do devedor, em determinadas
circunstâncias). Isto é o sequestro e sua previsão legal no novo Código Civil, Lei
13.105/15, está no artigo 300 e seguintes. No que tange à Primeira Convenção de
Roma, essa foi aprovada no Brasil pelo Decreto-Lei n° 559 de 1938, ratificada em
1939 e promulgada pelo Decreto n° 3.931 de 1939.
5
Deve-se reafirmar que essa convenção não faz parte do Sistema Varsóvia, e consta desta sequência de estudo por
mera facilidade didática, vez que os institutos de responsabilidade civil se assemelham aos daquela convenção.
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Capítulo 1
Esse instituto é importante haja vista que as aeronaves podem ser arrendadas,
e assim o proprietário não será responsabilizado por um acidente a que não
deu causa. A Lei Brasileira também responsabiliza o explorador em caso de
danos a terceiros na superfície, desde que o contrato de arrendamento esteja
devidamente lançado no Registro Aeronáutico Brasileiro.
No Brasil, o Decreto que trata dos danos causados a terceiros na superfície por
aeronave estrangeira, ou seja, que promulgou a Convenção de Roma, é o 52.019/63.
Protocolo de Haia
Voltando ao sistema Varsóvia-Haia, após 26 anos de vigência, a Convenção de
Varsóvia sofreu sua primeira modificação por meio do Protocolo de Haia, de 1955,
promulgado pelo Brasil por meio do Decreto 56.463, de 15 de junho de 1965.
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Direito Aeronáutico
Convenção de Guadalajara
Assinada no dia 18 de setembro de 1961, a finalidade precípua dessa Convenção
foi definir regras relativas ao transporte aéreo internacional feito pelo transportador
de fato, que pode ser distinto do transportador contratual, incluindo-o na relação
jurídica e fechando uma lacuna até então existente. Por esse motivo, esta
Convenção é chamada de Convenção Complementar à de Varsóvia (PACHECO,
2006, p. 23). Foi promulgada no Brasil pelo Decreto 60.967, de 7 de julho de 1967.
Protocolo da Guatemala
Neste protocolo (assinado em 8 de março de 1971 por algumas nações), foi
aumentado ainda mais o limite indenizatório estatuído pela Convenção de
Varsóvia, a saber, para 1.500.000,00 francos, aproximadamente 100.000,00
dólares; inobstante, esse protocolo não obteve as ratificações necessárias para
viger (FREITAS, 2003, p. 63).
Protocolos 1 a 4 de Montreal
Esse protocolo foi elaborado pela OACI, Organização da Aviação Civil
Internacional, e assinado na sede dessa Organização, em Montreal, Canadá. Nos
protocolos 1 e 2 houve a modificação no padrão utilizado para pagamento das
indenizações previstas na Convenção de Varsóvia, de franco-ouro, ou franco-
poincaré, para Direito Especial de Saque – DES. Na página do Banco Central do
Brasil é possível encontrar o valor atualizado do Direito Especial de Saque.
Antes de aprofundar essa questão, vale a pena comentar que alguns autores
consideram que esses protocolos ainda não entraram em vigor em função da
adesão, por 30 países, até 1993 (FREITAS, 2003, p. 64), o que, para fins deste
trabalho, diz respeito indiretamente, pois os decretos promulgando esses
Protocolos (2.860 e 2861 ambos de 7/12/98) estão em vigor.
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Capítulo 1
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Capítulo 1
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Capítulo 1
Esse instituto da passagem livre e da escala técnica fazem parte das chamadas
“liberdades do ar”. Consta que as empresas aéreas envidaram esforços sem
sucesso para obter ampla liberdade de circulação aérea durante a Convenção
de Chicago e “elaboraram paralelamente o Acordo sobre o Direito de Trânsito e o
Acordo Sobre Transporte Aéreo. Na primeira edição foram dispostas 5 liberdades
do ar; hoje são 8.” (PACHECO, 2006, p. 57).
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Direito Aeronáutico
É importante ressaltar que não há, nas disposições da Convenção, normas que
possam afetar a soberania dos Estados. Nesse sentido, temos a opinião de Elaine
Barbosa Santana e Carlos Rocha (2008, p. 37):
6
Cabotagem: termo cunhado em homenagem a Sebastião Caboto, navegador italiano que percorreu a
costa americana no século XVI.
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Capítulo 1
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Capítulo 1
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Essa Convenção foi elaborada quando o mundo ainda estava em guerra, mas já
havia a disposição expressa de adesão por parte dos países que permaneceram
neutros durante o conflito, assim como todas as nações do mundo, desde que
mediante a aprovação de quatro quintos dos votos da Assembleia e ainda se
sujeitarem às condições especiais que ela prescrever, e ainda a aprovação de
qualquer Estado invadido ou agredido por esses países durante a Guerra. Não
obstante, o artigo 93-BIS indica que se um país for privado de sua qualidade de
membro da ONU pela Assembleia das Nações Unidas, esse deixará imediatamente
de ser membro da Organização da Aviação Civil Internacional, OACI.
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• Anexo 9 – Facilitação.
• Anexo 14 – Aeródromos.
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Capítulo 1
Não acaba aqui. A Convenção também foi sensível às diferenças regionais dos
Estados contratantes, que possuem práticas e condições próprias, o que pode
contribuir decisivamente na dispersão dos procedimentos. Para tentar equilibrar
essas diferenças, foram estabelecidos os SUPPS (Supplementary Procedures),
ou Procedimentos Suplementares. Esses Procedimentos Suplementares estão
contidos em um só documento, o Documento 7030, que divide as Regiões de
Navegação Aérea mundial em 8 segmentos codificados como:
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Direito Aeronáutico
A IATA foi sucessora da Air Traffic Association, uma organização formada por
empresas aéreas de 5 países, que se reuniram em Haia, em 1919, ano do início
das operações de transportes aéreos regulares. (FARIAS, 1999, p. 2). Em 1939,
a empresa aérea americana Pan American associou-se àquela organização que,
então cresceu e se tornou influente mundialmente. Depois da segunda guerra
e da Convenção de Havana, a IATA espalhou-se pelo mundo e suas normas
tornaram-se cogentes a revelia do direito interno das nações.
De acordo com o seu princípio, segundo o qual as empresas aéreas não deveriam
promover disputas entre si, no tocante ao preço das tarifas, a IATA proporcionou um
incremento na qualidade dos serviços prestados pelas companhias aéreas, vez que
a competição somente era admitida quanto à qualidade dos serviços prestados, pela
rapidez, conforto, frequência e tipos de equipamentos. É claro que isso beneficiou as
grandes companhias aéreas, que poderiam investir muito mais nesta gestão e assim
atrair maior número de usuários. Nesse sentido, Farias (1999, p. 2) ensina que:
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Capítulo 1
No Brasil, houve a criação da Panair do Brasil S.A, para participar dessa enorme
empresa, mas que faliu em 1965.
Apesar de, teoricamente, a IATA ser uma associação não governamental, foi
criada para cooperar com a OACI, no tocante ao transporte aéreo internacional.
Inclusive sua sede fica na mesma cidade que sedia a OACI, Montreal, no Canadá,
mas o seu principal escritório localiza-se em Genebra, Suíça.
Nas conferências de tráfego são votadas as alterações dos preços das tarifas
aéreas internacionais, de observância cogente pelas companhias. Essas
alterações necessitam de unanimidade de votos, com direito a veto por parte das
companhias que se sentem prejudicadas. Deve-se notar que essas tarifas passam
a viger imediatamente à sua aprovação nos países, sem que haja qualquer
exigência de ordem formal por parte dos órgãos governamentais. (FARIAS, 1999).
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Direito Aeronáutico
Finalizando, é necessário informar que a IATA integra hoje 244 empresas aéreas
internacionais, que representam 94% do transporte aéreo regular internacional de
passageiros e cargas. Segundo a própria IATA, as aeronaves dessas companhias
associadas transportam dois bilhões de passageiros e 41 milhões de toneladas
de carga por ano.
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Capítulo 1
Síntese
Seguindo atentamente a linha de aprendizagem sugerida neste capítulo, o aluno
teve a capacidade de entender o próprio motivo de existência das disposições
normativas em plano internacional e de que maneira é influenciado o direito
interno. A atividade aérea modificou o direito internacional público, e a forma de
pacificar os conflitos advindos da necessidade de liberdade aérea foi a celebração
de tratados internacionais específicos sobre o tema, como a Convenção de Paris
de 1919, a Convenção de Varsóvia de 1929 e a Convenção de Chicago de 1944.
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Direito Aeronáutico
Atividades de Autoavaliação
1. Foi na França que as primeiras tentativas de voar foram feitas, seja por sua
efervescência científica no início do século XX, seja pelo fato daquele país
proporcionar estímulos aos pioneiros que faziam experimentos com suas
máquinas. Foi também na França que essas experiências deram os primeiros
resultados, promovendo uma preocupação generalizada entre os países
acerca da invasão de seus territórios por aqueles aeronautas e seus engenhos
voadores. Assim, foram estabelecidos os primeiros tratados internacionais
para regular a atividade aérea, como a Convenção de Varsóvia. Quais foram
os dois preceitos mais importantes dessa Convenção?
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Capítulo 1
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Capítulo 2
Código Brasileiro de
Aeronáutica
e Normas Internas
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Capítulo 2
Seção 1
Preceitos Normativos Primários e Legislação
Extravagante
Face à supremacia formal da Constituição Federal e de sua ascendência direta
nas demais leis internas, deve-se tomar essa Carta como marco inicial do estudo
das normas internas, mesmo porque sem previsão na Lei Maior da República não
há base legal para a edição de normas infraconstitucionais.
Após verificar brevemente a provisão constitucional, devemos olhar para as
demais normas afetas à atividade aérea comercial. De plano, destaca-se o Código
Brasileiro de Aeronáutica, mas também existem preceitos em outros diplomas
normativos com possibilidade de aplicação nas relações advindas do transporte
aéreo e, para fins do presente, foram escolhidos o Código Civil, o Código Civil e o
Código de Defesa do Consumidor.
É certo que algumas situações podem ensejar a aplicação de outras leis,
até mesmo leis penais, mas foram escolhidas apenas duas por sua reiterada
invocação nas relações do transporte aéreo e pela desnecessidade de se
construir, doutrinariamente, situações que provocariam a aplicação das
numerosas leis que compõem o mundo jurídico brasileiro. Inobstante, se a análise
dessas leis extravagantes à atividade aérea pode ser breve sem prejuízo do
entendimento, o estudo do Código Brasileiro de Aeronáutica deve ser minucioso,
vez que seus institutos permeiam todos os recantos da atividade aérea, formando
o seu núcleo jurídico, a sua base legal em plano interno.
Na sequência, em função de sua grande importância para os profissionais da
aviação, estudaremos o instituto da responsabilidade civil, que possui previsão
constitucional e menção expressa no CBAER e no Código Civil (e em outros
diplomas normativos). Os profissionais da aviação comercial certamente vão
passar por situações que demandam o conhecimento mínimo das teorias que
cercam a responsabilidade civil, seja por força contratual ou por previsão legal,
pelo que, em face dessa imperiosa necessidade, a Autoridade Aeronáutica exige
nos currículos dos cursos a explanação doutrinária acerca da responsabilidade
civil e criminal, essa última estudada com base nos preceitos contidos no CBAER.
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Direito Aeronáutico
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Capítulo 2
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Direito Aeronáutico
1
A exemplo do Anexo 18 da Convenção de Chicago, das Conferências de Tráfego da IATA, quanto
ao transporte de qualquer substância ou material que possa trazer risco à operação – mesmo que
indiretamente.
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Capítulo 2
O valor da indenização
CBAER é predeterminado para
todos os casos.
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Direito Aeronáutico
Acerca das indenizações, é necessário também destacar que danos morais não
têm previsão indenizatória no Sistema de Varsóvia, nem no Código Brasileiro de
Aeronáutica. Inobstante, posto que os incisos V e X do artigo 5° da Constituição
Federal, que sobrepõe a todas essas leis, indicam a necessidade expressa
de indenização quando da violação dos direitos subjetivos previstos naqueles
incisos, é muito comum esse instituto (indenização por danos morais) permear as
demandas envolvendo o transporte aéreo, considerando-se caso a caso, mesmo
sem disposição expressa na Lei especial.
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Capítulo 2
Seção 2
Código Brasileiro de Aeronáutica, Lei 7.565/86
Conforme dito, o primeiro código brasileiro de leis da aeronáutica civil foi
promulgado pelo Decreto Lei 483 de 08/06/1938, com o nome de Código
Brasileiro do Ar, atualizado em 1966, pelo Decreto-Lei 32, de 18 de novembro,
mantendo a denominação. O atual Código Brasileiro de Aeronáutica passou a
constar do nosso ordenamento como o advento da Lei 7.565/86. Sua estrutura
será indicada a seguir, mas a análise dos seus preceitos e institutos seguirá
o desenvolvimento desse trabalho e aparecerá pontualmente, na medida da
importância do tema.
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Direito Aeronáutico
Título I – Introdução
O Título I do CBAER trata das normas gerais do Direito Aeronáutico internacional
e nacional, indicando a disposição do Brasil em obedecer aos Tratados e
Convenções Internacionais aos quais faça parte. As condições desses tratados,
a aplicabilidade do Código e a legislação complementar interna sobre Direito
Aeronáutico, todos esses dispositivos estão sob a predominância da Constituição
Federal. Ressalte-se que qualquer norma advinda desses tratados somente terá
aplicação no Brasil se não houver colidência com os dispositivos da Carta Magna
e se tiver cumprido o trâmite para a devida ratificação por parte do Congresso
Nacional e promulgação por parte do Poder Executivo.
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Capítulo 2
Deve ser lembrado que desde o advento da Lei 11.182/05, a maioria dessas atribuições
está sob a égide da Agência Nacional de Aviação Civil; também é necessário
lembrar que a denominação Ministério da Aeronáutica foi alterada para Comando da
Aeronáutica, instituição militar subordinada ao Ministério da Defesa, por força do inciso X
do artigo 17, da Medida Provisória 2216-37, de 31 de agosto de 2001.
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Direito Aeronáutico
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Capítulo 2
2
Normalmente, pelo CGNA (Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea), órgão do DECEA
(Departamento de Controle do Espaço Aéreo brasileiro).
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Direito Aeronáutico
1. Sistema Aeroportuário
2. Sistema de Proteção ao Voo
3. Sistema de Segurança de Voo
4. Sistema de Registro Aeronáutico
5. Sistema de Investigação de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
6. Sistema de Facilitação, Segurança e Coordenação do Transporte
Aéreo
7. Sistema de Formação e Adestramento de Pessoal destinado à
Navegação Aérea e à Infraestrutura Aeronáutica
8. Sistema da Indústria Aeronáutica
9. Sistema de Serviços Auxiliares
10. Sistema de Coordenação da Infraestrutura Aeronáutica 3
Um esclarecimento importante acerca do vernáculo “sistema” indicado no § 2°
do artigo 25, in verbis:
3
Esse sistema não existe mais. Por esse motivo, não será abordado aqui.
61
Capítulo 2
É por isso que, apesar da palavra “sistema” não aparecer no título do Capítulo X
(Dos Serviços Auxiliares), ele pode ser classificado como tal.
Cabe, ainda, esclarecer que toda a infraestrutura aeronáutica será estudada com
mais vagar por mais dois motivos:
Sistema Aeroportuário
O sistema aeroportuário compõe-se da totalidade dos aeródromos brasileiros,
militares e civis, aptos a oferecer condições de pouso, decolagem, operação de
aeronaves, controle dessas aeronaves no solo e em seu espaço aéreo, facilidades
aos passageiros e usuários, informações e apoio aos tripulantes, além de
comportar toda a estrutura necessária ao despacho de cargas transportadas por
via aérea e, ainda, a segurança de todas as atividades que se desenvolvem em
suas dependências e adjacências.
62
Direito Aeronáutico
4
Em que pese possuir a cidade de São Paulo uma das maiores frotas de helicópteros do planeta, operando,
principalmente, a partir do Campo de Marte e, ainda, na área de exploração marítima do litoral do Rio de
Janeiro.
5
Assim considerado como de uso comum, e não de propriedade governamental.
63
Capítulo 2
Os aeroportos são, por óbvio, sempre civis, mas os aeródromos podem ser
classificados como civis e militares, conforme sejam construídos para utilização
pública ou para utilização por aeronaves militares. A realidade brasileira não
permite que todas as bases aéreas possuam seus próprios aeródromos, e assim
muitas delas utilizam a pista dos aeroportos adjacentes a elas para a operação
de suas aeronaves. Mas, se as aeronaves militares podem utilizar sem reservas
os aeródromos civis, as aeronaves civis somente podem utilizar aeródromos
puramente militares, sob necessidade premente ou sob autorização do
Comandante da base que o administra.
6
Como os aeroportos são equiparados a bens públicos (art. 38 CBAER), a competência policial é da
União, por meio da Polícia Federal.
64
Direito Aeronáutico
65
Capítulo 2
Conforme site do DECEA, icam os ACCs nos Centros Integrados de Defesa Aérea
e Controle de Tráfego Aéreo, CINDACTAs:
•• CINDACTA I – Brasília;
•• CINDACTA II – Curitiba;
•• CINDACTA III – Recife 7;
•• CINDACTA IV – Manaus.
7
O ACC-AO, que se responsabiliza pela área do oceano Atlântico, também é baseado na cidade de
Recife, ou seja, no CINDACTA III.
8
Sistema de Vigilância da Amazônia, formado por centros de comando e controle em terra, radares e
modernas aeronaves equipadas com meios eletrônicos de alta tecnologia.
66
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67
Capítulo 2
68
Direito Aeronáutico
69
Capítulo 2
9
Tais como: radares de controle do espaço aéreo, radares meteorológicos, balizas fixas emissoras de
sinais, estações meteorológicas, indicadores visuais etc.
70
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71
Capítulo 2
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Capítulo 2
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Direito Aeronáutico
10
Equipamento de apoio no solo; nesse caso, escadas e rampas de acesso às aeronaves.
11
Convenção Para a Repressão de Atos praticados a Bordo de Aeronaves de Tóquio de 1963,
Convenção Para a Repressão ao Apoderamento Ilícito de Aeronaves de Haia de 1970 e a Convenção
para a Repressão de Atos Ilícitos Contra a Segurança da Aviação Civil de Montreal de 1971.
75
Capítulo 2
De acordo com a Secretaria de Aviação Civil, o CONAC era presidido pelo Ministro
de Estado da Defesa, atualmente pelo Ministro da SAC (Secretaria de Aviação Civil),
criada pela Medida Provisória 527 de 18/03/2011 e é composto pelo Ministro de
Estado das Relações Exteriores, pelo Ministro de Estado da Fazenda, pelo Ministro de
Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, pelo Ministro de Estado do
Turismo, pelo Ministro Chefe da Casa Civil da República, pelo Ministro de Estado do
Planejamento, Orçamento e Gestão, pelo Ministro de Estado da Justiça, pelo Ministro
de Estado dos Transportes e pelo Comandante da Aeronáutica. São convidados
permanentes do CONAC o Diretor-Presidente da ANAC, o Presidente da Infraero, o
Diretor-Geral do DECEA e o Diretor-Geral do Departamento da Polícia Federal.
76
Direito Aeronáutico
77
Capítulo 2
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Direito Aeronáutico
79
Capítulo 2
12
No contexto mundial, a Embraer ocupa o 3° lugar em faturamento, depois da Airbus e da Boeing. (MIRANDA,
2007, p. 102).
13
Motores, asas, partes da fuselagem, sistemas eletrônicos e hidráulicos, trem de pouso, entre outros.
80
Direito Aeronáutico
14
Uma curiosidade acerca desta aeronave produzida pela Neiva em Botucatu, São Paulo, é o seu
motor movido a álcool, para as últimas séries, uma adaptação que permite economia de recursos na
operação e um aumento de 5% na potência disponibilizada.
81
Capítulo 2
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Direito Aeronáutico
83
Capítulo 2
Como dito, as aeronaves devem estar registradas no serviço próprio para esse fim,
isso, no caso brasileiro, é o RAB (Registro Aeronáutico Brasileiro). As aeronaves
registradas no RAB são de nacionalidade brasileira e terão marcas de nacionalidade
e matrículas próprias, inobstante que tenham matrícula anterior no país de origem,
mas sem prejudicar os atos jurídicos realizados anteriormente ao novo registro.
Admite-se a matrícula provisória (nos casos elencados no artigo 111).
Adm. federal
Pública Adm. estadual
Adm. municipal
Civil
Aeronaves De transporte publico (TPU)
De transporte privado (TPR)
Privada
De serviços p/ ind. e comércio (SIC)
De serviços especializados (SE)
De instrução (I)
De recreio (R)
Militar
Fonte: Comentários ao Código Brasileiro de Aeronáutica, 2006, p. 179.
84
Direito Aeronáutico
15
Também chamado arrendamento mercantil, uma modalidade de compra de aeronave em que o usuário
paga um valor fixo por certo prazo e, ao final, tem a opção da compra da aeronave.
85
Capítulo 2
86
Direito Aeronáutico
Por último, cabem algumas considerações acerca dos RPAs 16. Para efeitos
jurídicos, os RPAs não são considerados aeronaves. Existe um corpo de regras
dispostas pela Autoridade Aeronáutica Civil (ANAC), específicas para utilização
desses aparelhos. Tais regras foram elaboradas em parceria com o DECEA
(Departamento de Controle do Espaço Aéreo) e devem ser observadas por todos
os operadores sob pena de confisco e multa.
Título V – Da tripulação
O Título V do CBAER trata da tripulação das aeronaves, que, por sua vez, é
composta pelos tripulantes de aeronave, os chamados Aeronautas, quando em
serviço remunerado a bordo de aeronaves. Os tripulantes de aeronave, segundo
sua função a bordo, recebe denominação diferente. De fato, segundo a Lei
13.475/17, temos:
16
RPA (Remotely-Piloted Aircraft) ou VANT (veículo aéreo não tripulado), também chamado de "drone"
(zangão, em inglês).
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Capítulo 2
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Direito Aeronáutico
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Capítulo 2
17
Extended Twins-Engine Operations são operações estendidas para aeronaves bimotoras. É uma regra criada pela
FAA (Federal Aviation Administration, Administração Federal da Aviação, órgão governamental dos EUA) que
permite a todos os aviões de transporte comercial bimotor voar em rotas que podem distar 60, 90, 120 ou 180
minutos de um aeroporto para pouso alternativo de emergência.
18
A presença desse profissional era fundamental quando as comunicações eram mais eficientes pelo código Morse.
90
Direito Aeronáutico
Dessa forma, são as companhias aéreas que prestam diretamente o serviço público
de transporte de passageiros e carga, mediante remuneração, e sob regência de
contrato de transporte previsto no CBAER e por normas complementares. Em se
tratando de transporte aéreo internacional, as normas constantes dos tratados e
convenções internacionais também deverão ser observadas.
91
Capítulo 2
92
Direito Aeronáutico
93
Capítulo 2
Sejam por acordos ou por imposição, as regras internas dos países sempre vão
permear todas as autorizações, para que as particularidades normativas de cada
um sejam sempre observadas, notadamente nos quesitos patrimoniais, já que
as obrigações contraídas no país em que a empresa estrangeira opera terão
como garantia o seu patrimônio, que permanece naquele território, pelo que as
empresas aéreas internacionais deverão sempre manter um representante com
plenos poderes para tratar de quaisquer assuntos relacionados a esse patrimônio.
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Capítulo 2
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Direito Aeronáutico
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Capítulo 2
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Direito Aeronáutico
Algumas possibilidades de crimes: Lei 5.786/72, art. 1°. Constituem crimes contra
a segurança, punidos com reclusão de 12 a 30 anos, apoderar-se ou exercer o
controle, ilicitamente, de aeronave ou tentar praticar qualquer desses atos. Lei
6.620/78 (crime contra a segurança nacional): Comprometer a Segurança Nacional,
sabotando quaisquer instalações militares, navios, aviões, material utilizável pelas
Forças Armadas, ou, ainda, meios de comunicações e vias de transporte, estaleiros,
portos, aeroportos, fábricas, depósitos ou outras instalações.
99
Capítulo 2
De acordo com a lição de Pacheco (2006, p.461), em seu comentário a este artigo:
No artigo 303, que inicia o capítulo IV, há a enumeração das hipóteses de detenção,
interdição e apreensão de aeronaves. Como indicado, essas são providências
administrativas da Autoridade Aeronáutica para coibir transgressões às normas.
100
Direito Aeronáutico
O artigo 316 indica que se um operador adquirir uma aeronave e essa possuir um
vício ou defeito oculto, deverá ajuizar ação redibitória no prazo de 6 meses para
diminuir o valor dela ou para rescindir o contrato, desde que a aeronave não tenha
sido vendida em hasta pública.
101
Capítulo 2
Seção 3
Responsabilidade civil no Direito Aeronáutico
Conforme mencionado, esta parte do CBAER merece um estudo mais detalhado,
o que será feito agora. Preliminarmente serão colacionados excertos doutrinários
para firmar o entendimento.
102
Direito Aeronáutico
Responsabilidade objetiva
É a obrigação de indenizar, advinda de ato de omissão, independente da
existência do elemento dolo ou culpa, assim como previsto em Lei e baseada no
nexo causal.
Responsabilidade subjetiva
É característica da responsabilidade subjetiva a violação do direito por erro de
conduta e pode ser imputada ao agente a título de dolo ou culpa. “É a infringência
de uma norma preexistente ou erro de conduta a acarretar dano e nexo de
causalidade.” (FREITAS, 2003, p. 15).
19
A designação aquiliana deriva da Lex Aquilia de Damno, do século III a. C., e "introduziu no direito à
ideia de culpa como pressuposto de indenizar”.
103
Capítulo 2
Então, qual é o estatuto jurídico que deve ser aplicado quando o conflito
nascer do contrato de transporte aéreo internacional?
104
Direito Aeronáutico
Os termos dessa Convenção, segundo o seu artigo 55, vale apenas entre os países
que dela são Estados Partes; em caso de litígio entre o Brasil e outro território que
não faz parte da Convenção, em função de uma operação de transporte aéreo que
envolva os dois países, as normas internacionais que prevalecerão sobre esse litígio
serão as estabelecidas entre ambos, o Brasil e este Estado.
105
Capítulo 2
106
Direito Aeronáutico
Nessa Lei brasileira, na parte que rege o transporte, não há a distinção entre o
transporte aéreo internacional e nacional. No seu capítulo XIV está expresso:
Com essa disposição, pode-se inferir que tanto a Convenção de Montreal quanto
o Código Brasileiro de Aeronáutica podem ser aplicados aos contratos de
transporte (aéreo, por óbvio), vez que não há dispositivos nesses dois diplomas
normativos que contrariem o comando expresso neste artigo do Código Civil, e
ambos são enquadrados na parte final desse código: o CBAER é uma lei especial
e a Convenção de Montreal é um tratado internacional.
107
Capítulo 2
Mas também há uma corrente que afasta a aplicação do CDC por força do
disposto no artigo 9 da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro:
“Art. 9. Para qualificar e reger as obrigações aplicar-se-á a lei do país em que
se constituírem.” Nesse sentido, conforme o acórdão EmbInf 613765301:
“Impossível aplicar-se aqui os dispositivos do Código Brasileiro de Defesa
do Consumidor para impor sanção por fato ocorrido no exterior e regido por
legislação específica.” (Relator Alvares Lobo).
Qual seria, então, a mais justa solução a um litígio advindo do transporte aéreo
internacional? Segundo Noronha (2002), a melhor solução seria separar as
relações de consumo com as que não teriam essa natureza, para, dessa forma,
buscar a solução no Diploma Legal adequado. Infelizmente, Noronha não indica
como seria possível separar as relações de consumo no âmbito do transporte
aéreo de passageiros e carga.
108
Direito Aeronáutico
Com o devido respeito à opinião de Almeida, o Art. 178 da Constituição deve ser
interpretado segundo todos os seus princípios, pois os tratados somente terão
constitucionalidade se não contrariarem os princípios dispostos na Lei Máxima,
inclusive quanto ao princípio da defesa do consumidor disposto no inciso XXXII, do
Art. 5°, da CF. Essa é a opinião do Juiz Federal Marcelo Honorato que respondeu
à questão sob consulta do autor do presente trabalho, em junho de 2011, e
complementou informando que o STF não decidiu de forma plena sobre a questão,
especialmente por haver conflito com o CDC. O assunto ainda é decidido tendo a
Convenção aplicação, em certos casos, obter dictum, o que significa que algumas
decisões não consideram o texto da Convenção como ratio decidendi, ou seja,
não há aplicação desta convenção a todos os litígios advindos do transporte aéreo
e, ainda, as decisões acerca do assunto não possuem força vinculante sobre os
casos subsequentes a respeito da mesma matéria. Esse juiz acredita que o risco
da operação aérea é do explorador, de forma objetiva, mas não integral, assim
como podem ocorrer excludentes que romperiam com o nexo de causalidade.
109
Capítulo 2
Se o transporte for feito pelo Correio Aéreo Nacional, não haverá indenização de
qualquer natureza, salvo se restar provado que houve culpa ou dolo por parte dos
operadores da aeronave, quando, então, a União pode ser demandada em função
do disposto no artigo 37, § 6° da Constituição Federal, que consagrou o instituto
da responsabilidade objetiva da União por danos causados por seus agentes.
20
Em caso de transporte doméstico, pois aqui entra a controvérsia a respeito das indenizações, se o
transporte gratuito for internacional.
110
Direito Aeronáutico
Segundo Pacheco (2006, p. 425-426), há dois tipos de acidentes em que isso ocorreu:
O mesmo vale:
111
Capítulo 2
Enfim, cabem aqui algumas considerações acerca dos valores das indenizações
indicadas no CBAER: eis que quando da sua promulgação, em 1986, o Brasil
estava sob o jugo de um dos famigerados planos econômicos que instituiu
uma moeda chamada OTN (Obrigação do Tesouro Nacional), e, assim, todos
os valores das indenizações constantes do CBAER também foram instituídos
nessa moeda, hoje extinta, e assim foram convertidos e atualizados caso a caso,
até o advento da Resolução da ANAC n° 037, de 07 de agosto de 2008, com a
seguinte disposição:
112
Direito Aeronáutico
Síntese
Como se pode perceber, o aparato normativo interno das leis de Direito
Aeronáutico foi influenciado decisivamente pelas Convenções Internacionais.
Inobstante, as peculiaridades do Brasil mitigaram institutos tidos como absolutos
nos textos das resoluções em função, as mais das vezes, de sua colidência com
os princípios dispostos em nossa Constituição Federal.
Mas todas essas normas e institutos visam a cercar a atividade aérea de uma
rede protetora contra erros ou ações dolosas. Para além de apenas uma atividade
laboral, o voo ainda é um dos mais fascinantes trabalhos que existe. Também é
um dos mais complexos, pelo que é dever dos que se envolvem com a atividade
aérea conhecer todos os seus aspectos, mesmo que possuam elevado grau de
abstração, como é o caso das normas de Direito Aeronáutico.
113
Capítulo 2
Atividades de autoavaliação
1. A atividade aérea é um conceito largo, que engloba qualquer utilização dos
aviões, em todos os segmentos sociais. O transporte aéreo público é um dos
desdobramentos da atividade aérea comercial, caracterizando-se pela oferta de
meio de locomoção pelo ar, tanto para pessoas como para mercadorias. Sabe-se
que é função dos órgãos oficiais proporcionar esse serviço público, mas como
não existem empresas de transporte público que exploram economicamente
esse mister, a prerrogativa é transmitida a empresas privadas que oferecem o
transporte em troca da cobrança de tarifas. Qual o liame jurídico que cerca a
outorga do serviço público de transporte aéreo a particulares?
114
Direito Aeronáutico
115
Capítulo 2
116
Capítulo 3
117
Capítulo 3
Seção 1
Histórico da Autoridade Aeronáutica Brasileira
As nações foram profundamente transformadas pelo advento desse novo meio
de transporte que é o avião. Isso levou, como se sabe, os Estados a entabular
negociações, visando a proporcionar o ambiente adequado à operação das
aeronaves entre as fronteiras dos países, sem ferir sua soberania. Os tratados
foram organizando juridicamente a atividade aérea e os países adaptaram as
novas regras em diplomas normativos internos.
Como a atividade aérea comercial tem grande importância para qualquer país,
não somente pelos aspectos econômicos da atividade, mas também pelo
prestígio que as companhias aéreas trazem para seu país de origem, a regulação
e a fiscalização da atividade aérea comercial sempre ficou sob a égide dos
governos centrais.
118
Direito Aeronáutico
Antiga que é essa noção, a aviação comercial tem sido considerada estratégica
pelos governos brasileiros, desde a fundação das primeiras companhias aéreas.
Mesmo antes do início das operações regulares por parte dessas empresas no
Brasil, já havia a preocupação com a regulamentação das atividades aéreas,
como se pode inferir pelo disposto no Decreto 14.050, de 5 de fevereiro de 1920,
que trata do Regulamento da então Inspetoria Federal de Navegação, vinculada
do Ministério da Viação e Obras Públicas (Governo de Epitácio Pessoa), verbis:
Art. 1° A Inspectoria Federal de Viação Marítima e Fluvial passará a denominar-se
<<Inspectoria Federal de Navegação>> (sic). Essa modificação foi feita para retirar
o caráter restrito da Inspetoria, para alcançar todo tipo de navegação, inclusive
a aérea. Assim, quando a VARIG ou mesmo o Sindicado Kondor iniciaram suas
operações no Brasil, já havia uma norma de regência da atividade aérea, mesmo
incipiente, e uma autoridade aeronáutica civil.
119
Capítulo 3
120
Direito Aeronáutico
121
Capítulo 3
Seção 2
A ANAC, criação, atribuições e natureza jurídica
A ANAC 1, Agência Nacional de Aviação Civil, foi criada pela Lei 11.182/05, sendo
estabelecida a sua natureza no artigo 1° desta Lei, in verbis:
1
Com a Medida Provisória n° 527, de 18 de março de 2011, foi criada a SAC, Secretaria de Aviação Civil,
a quem a ANAC passou a ser vinculada. Essa medida foi confirmada pela Lei 12.462/11.
122
Direito Aeronáutico
A autarquia ANAC
Quando um Estado possui um modelo liberal de governo, teoricamente as suas
tarefas estão precipuamente limitadas à defesa nacional, em âmbito externo e à
segurança das instituições internas, funções correlatas ao indelegável poder de
polícia que presume força, coerção sobre os desvios, visando ao bem comum.
Ocorreu que os Estados modernos foram assumindo tarefas mais amplas no
campo social interno, mas sem possuir a habilidade de gestão que caracteriza
a iniciativa privada. O resultado foi o desprendimento de recursos em serviços
prestados pelos órgãos públicos, de maneira nem sempre eficiente. A solução mais
próxima seria a descentralização dos serviços públicos por meio da participação de
entidades privadas, que poderia explorar economicamente esses serviços.
Além disso, havia a necessidade de inversão cada vez maior de recursos nessas
empresas, para conservar sua operacionalidade, o que trazia, por consequência,
o risco da atividade ao Estado, pois em caso de insucesso das empresas
privadas, o Estado perderia o investimento e o serviço não seria prestado,
justamente o que deveria ser obtido com a concessão. Foi então buscada a
solução nas autarquias:
123
Capítulo 3
Também podem ser criadas pessoas jurídicas de direito privado para essa tarefa,
mas “normalmente são escolhidas as pessoas jurídicas de direito público, por
apresentarem características consoantes com a finalidade do Estado, quais sejam:
124
Direito Aeronáutico
Mas a ANAC é uma autarquia sob regime autárquico especial, e assim precisamos
de uma definição do que seja esse regime.
125
Capítulo 3
126
Direito Aeronáutico
127
Capítulo 3
A estrutura da ANAC
Organização
A ANAC é formada por uma diretoria (cinco diretores e um diretor-presidente,
compondo o conselho consultivo), um Gabinete, uma Procuradoria, uma
Ouvidoria, Corregedoria, Assessoria de Comunicação Social, Assessoria Técnica,
Assessoria Parlamentar, Auditoria Interna, Gerência Geral de Análise e Pesquisa
de Segurança Operacional, Assessoria de Imprensa, Junta Recursal e as unidades
especializadas (superintendências, em número de 10).
128
Direito Aeronáutico
129
Capítulo 3
As receitas da ANAC
A atividade da ANAC é financiada por recursos da União, de recursos do Fundo
Aeronáutico, recursos provenientes de pagamento de taxas, notadamente a
TFAC, Taxa de Fiscalização da Aviação Civil, acrescentada na Lei 11.182/05
pela Lei 11.292/06, cujo fato gerador, segundo o texto normativo, é o exercício
do poder de polícia decorrente das atividades de fiscalização, homologação e
registro da atividade aérea civil, nos termos da Lei 7565/86, Código Brasileiro de
Aeronáutica, entre outros recursos a ela destinados.
130
Direito Aeronáutico
131
Capítulo 3
132
Direito Aeronáutico
Hélio Paes de Juliano Alcântara José Ricardo Pataro Ricardo Fenelon Ricardo Sérgio Maia
Barros Júnior Noman Botelho de Queiroz Junior Bezerra
Diretoria
Gabinete Ouvidoria
Plenário (GAB) (OUV)
Conselho Assessoria de
Assessoria Parlamentar
Comunicação Social
(ASPAR)
(ASCOM)
Assessoria de Corregedoria
Articulação com o (CRG)
Sistema de Investigação
e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos Auditoria Interna
(ASIPAER) (AUD)
Assessoria de
Assessoria Técnica Julgamento de Autos
(ASTEC) em Segunda Instância
(ASJIN)
Superintendência Superintendência de
Superintendência de Superintendência de
de Planejamento Tecnologia da
Gestão de Pessoas Administração e Finanças
Institucional Informação
(SGP) (SAF)
(SPI) (STI)
133
Capítulo 3
134
Direito Aeronáutico
As superintendências administrativas
São aquelas ligadas diretamente ao Diretor Presidente, em número de 5. Elas têm
caráter predominantemente administrativo ou de operação interna, e são as seguintes
(em cada uma são indicadas algumas de suas atribuições e as suas gerências):
135
Capítulo 3
136
Direito Aeronáutico
As superintendências operacionais
Essas superintendências são assim chamadas em função da sua gestão direta
sobre os aspectos relacionados à aviação civil, ou seja, são elas que efetivamente
administram a atividade aérea, promovem a segurança, estabelecem diretrizes,
padrões e requisitos, mantêm contato diretamente com os interessados na
atividade aérea, fiscalizam e autuam, homologam e certificam, enfim, realizam
diretamente a função precípua da Agência Nacional de Aviação Civil. Essas
superintendências são em número de 5, também:
137
Capítulo 3
138
Direito Aeronáutico
Mas o processo de certificação não exaure as tarefas da SAR, pois faz parte de suas
atribuições o acompanhamento da aeronavegabilidade do produto aeronáutico, o que
quer dizer que ela fiscalizará a aplicação dos requisitos de utilização e manutenção
do produto aeronáutico, com a finalidade de manter segura a sua operação. Em caso
da constatação de uma condição da qual possa advir insegurança para a operação, a
SAR emite uma DA, ou diretriz de aeronavegabilidade.
139
Capítulo 3
Mas esse regulamento tem aplicação geral, o que não afasta os regulamentos
específicos aplicáveis a certos produtos aeronáuticos.
Alguns deles:
Superintendência de
Aeronavegabilidade
(SAR)
Gerência-Geral de Gerência-Geral de
Certificação de Produto Aeronavegabilidade
Aeronáutico Continuada
(GGCP) (GGAC)
140
Direito Aeronáutico
141
Capítulo 3
142
Direito Aeronáutico
Superintendência de
Padrões Operacionais
(SPO)
Gerência de Operações
Gerência Técnica de Gerência Técnica de Certificação
da Aviação Geral
Normas Operacionais (GTCE)
(GOAG)
(GTNO)
Gerência Técnica de
Gerência de Certificação Organizações de Formação
de Pessoal (GTOF)
(GCEP)
Gerência Técnica de
Fatores Humanos
(GTFH)
143
Capítulo 3
144
Direito Aeronáutico
145
Capítulo 3
146
Direito Aeronáutico
Superintendência de
Infraestrutura Aeroportuária
(SIA)
Gerência Técnica de Gerência de Controle Gerência de Normas, Análise de Autos Gerência Técnica
Controle e Cadastro e Fiscalização de Infração e Demandas Externas de Normas
(GTCC) (GFIC) (GNAD) (GTNO)
147
Capítulo 3
148
Direito Aeronáutico
149
Capítulo 3
É a SRA quem recebe e analisa propostas nesse sentido, verificando se tudo está
dentro dos padrões exigidos e elabora o parecer para apreciação da Diretoria da
ANAC, que autoriza a concessão ou autorização. Depois de concedido, o contrato
é fiscalizado por essa superintendência, que, em caso de falha na prestação do
serviço, pode advertir, suspender ou recomendar a resolução do contrato.
Superintendência de Regulação
Econômica de Aeroportos
(SRA)
Gerência Técnica de
Assessoramento
(GTAS)
150
Direito Aeronáutico
A Gerência de Qualidade de Serviços (GQES) é formada por uma equipe que vai
acompanhar a prestação dos serviços outorgados durante a execução do contrato.
151
Capítulo 3
A SAS promove e divulga estudos relacionados ao setor aéreo, bem como elenca,
acompanha e divulga indicadores específicos sobre as condições do mercado de
transporte aéreo; também implementa programas de incentivo para o aumento
da produtividade do setor aéreo e para viabilizar o acesso à infraestrutura e ao
transporte aéreo para as localidades não atendidas por esse serviço público, bem
como assegura todos os direitos ao usuário do transporte aéreo.
A seguir, o organograma da SAS:
Superintendência de
Acompanhamento de
Serviços Aéreos
(SAS)
Gerência Técnica de
Assessoramento
(GTAS)
Gerência Técnica de
Outorgas de Serviços Gerência Técnica de Gerência Técnica de
Aéreos Coordenação de Slots Análise Econômica
(GTOS) (GTCS) (GTEC)
152
Direito Aeronáutico
2
Slot - Em inglês, abertura, em linguagem de aviação, é o horário alocado às companhias aéreas entre o
pouso e a decolagem em determinado aeródromo.
153
Capítulo 3
Síntese
A Autoridade Aeronáutica Civil, ANAC, como se pode perceber, é o órgão oficial
direto quando o assunto é aviação civil. Dado o volume das operações aéreas da
atualidade em nosso país, aliado ao desenvolvimento de novas tecnologias, tende
a tornar o trabalho dessa autarquia algo gigantesco, mas que deve ser feito. As
diversas gerências estão se especializando diariamente na busca da consecução
do princípio da eficiência, previsto em nossa Constituição, pelo que suas áreas de
especialização devem ser conhecidas por todos os que estão envolvidos com a
atividade aérea comercial.
154
Direito Aeronáutico
Atividades de Autoavaliação
1. A Autoridade Aeronáutica é órgão estatal responsável pela organização e
segurança da aviação civil. Com base no texto, indique os órgãos oficiais que
formam a Autoridade Aeronáutica Civil.
2. De acordo com o Art. 1º da Lei 11.182/05, a ANAC é uma autarquia sob regime
especial. O que esta afirmação significa?
155
Capítulo 4
Os Regulamentos da
Autoridade Aeronáutica
157
Capítulo 4
Seção 1
Noções do Processo Legislativo Brasileiro
O Direito Aeronáutico nasceu em função da necessidade de se consolidar e
juntar as regras estabelecidas para organizar o transporte aéreo comercial entre
as nações. As normas constitucionais e ordinárias brasileiras, capitaneadas pelo
Código Brasileiros de Aeronáutica, estabelecem um nível de comando abstrato
e de larga abrangência, que, as mais das vezes, produzem dúvidas quanto a
sua aplicabilidade. Para que as diversas situações do cotidiano possam ser
contempladas pelo manto da legalidade, e para que as pessoas não tenham
dúvidas acerca da norma, a Autoridade Aeronáutica detalha o real alcance e
comando da lei por meio da edição de regulamentos e instruções.
Esses regulamentos e instruções não possuem a força de lei, nem podem inovar
no direito, mas apenas esclarecer quais situações fáticas ensejam a aplicação das
normas constantes da lei a que estão vinculados, bem como indicar como será
feito. Isso ocorre porque a Autoridade Aeronáutica é parte do Poder Executivo do
Brasil, que não possui função legiferante, ou seja, não pode produzir leis, função
típica do Poder Legislativo.
158
Direito Aeronáutico
Com isso, podemos dizer que muito dificilmente haverá conflito entre leis, visto
que o processo legislativo brasileiro estabelece diferentes funções e aplicações
para as leis. É difícil acontecer, mas acontece. Ainda assim, essa é uma situação
atípica, em que um fato jurídico sofre aplicabilidade de mais de uma lei com
diferentes desideratos, sendo o conflito solucionado de acordo com o caso
concreto pelo Poder Judiciário.
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Capítulo 4
160
Direito Aeronáutico
Regulamentos
Os preceitos contidos no Código Brasileiro de Aeronáutica estão em vigor e sua
obediência é cogente. Assim, não é possível desobedecer às regras dispostas
em seus artigos, sob pena de se incorrer em sanções previstas no próprio texto
e em outras leis, notadamente o Código Penal. Isso porque suas normas são
de ordem pública, de interesse de toda a coletividade. De fato, se alguma regra
disposta no CBAER for desrespeitada 1, tal desrespeito pode trazer risco para
toda a população, vez que as aeronaves sobrevoam centros urbanos densamente
povoados, para citar apenas um exemplo.
Algumas dessas regras têm aplicação imediata, pelo que seus comandos são claros
e sua eficácia é plena, mas outras estão dispostas abstratamente no texto legal
e, então, é necessário que o legislador indique como quer que sejam obedecidos
tais preceitos. O legislador, prevendo tal possibilidade, determinou que as regras
do Código Brasileiro de Aeronáutica seriam obedecidas segundo regulamentos
elaborados por um órgão do Poder Executivo, a Autoridade Aeronáutica, que
até 2005 era um braço do Comando da Aeronáutica, o DAC, (Departamento de
Aeronáutica Civil), e hoje é a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil).
1
Como, por exemplo, a vedação de se transportar material bélico em aeronaves civis sem autorização do
Ministério da Defesa.
161
Capítulo 4
É claro que permeando essas normas e com aplicação na atividade aérea estão
outras Leis, tanto Ordinárias, como CBAER, quanto Complementares, como a LC
97/99, que trata do emprego das Forças Armadas Brasileiras, cujo texto previu a
criação da ANAC.
162
Direito Aeronáutico
D I P A A
((61) 3364-8811
Com base no que estamos estudando, vamos construir um exemplo prático sobre
a profissão de piloto da aviação civil.
163
Capítulo 4
Mas quais seriam esses requisitos? Percebe-se que a lei não os indica, pois
o CBAER é a lei geral de regência da atividade, o que significa dizer que os
detalhes devem ser discriminados em regulamentos para que os postulantes
à profissão de piloto saibam como podem reunir as condições necessárias
à habilitação e, finalmente, exercer a atividade aérea. Sabendo-se que os
regulamentos são postos pela Autoridade Aeronáutica, devemos procurar em sua
produção regulamentar as informações que buscamos. Como os regulamentos
da Autoridade Aeronáutica chamam-se RBHA ou RBAC, entre esses está o que
necessitamos.
Uma busca rápida na biblioteca virtual da ANAC indica que o regulamento que
contém os requisitos à habilitação é o RBAC 61 – Licenças, Habilitações e
Certificados Para Pilotos. Nesse regulamento estão, finalmente, os requisitos.
Mas o postulante verifica no regulamento que existe um certo treinamento “IFR”.
164
Direito Aeronáutico
RBAC 61
IS 61 - 002
Seção 2
Regulamentos em Espécie
A Autoridade Aeronáutica atual, ANAC, possui um acervo de publicações de
interesse da aviação civil. Assim, quando o interesse repousa nas profissões da
aeronáutica civil, pilotos, por exemplo, basta procurar pelo assunto e todas as
normas que envolvem o exercício da profissão estarão disponíveis. O mesmo vale
para empresas aéreas, aeródromos etc.
165
Capítulo 4
Deve ficar claro que os tópicos apresentados nesses quadros são meramente
exemplificativos, vez que a ANAC não disponibiliza mais os regulamentos
agrupados na forma de catálogo.
166
Direito Aeronáutico
Seção 3
Aparato Normativo das Profissões da
Aeronáutica Civil
Neste ponto do estudo das normas da Autoridade Aeronáutica, serão dispostos
os regulamentos técnicos e laborais da profissão dos aeronautas e aeroviários.
Conforme dito, esse arcabouço é formado por normas técnicas da Autoridade
Aeronáutica e por normas trabalhistas advindas, principalmente, da Lei 13.475/17
para os aeronautas e do Decreto-Lei 1.232/62, para os aeroviários, além dos
dispositivos constantes da Consolidação das Leis do Trabalho, Decreto-Lei
5.452/43, que possuam aplicabilidade nas relações contratuais de trabalho entre
os profissionais e as empresas aéreas.
Para efeitos didáticos, serão consideras as duas vertentes, mas deve-se ter em
mente o aviso dado.
2
Os aeronautas são os profissionais ligados ao voo e os aeroviários são os profissionais que trabalham em certas
áreas da infraestrutura da atividade aérea.
167
Capítulo 4
Aeronautas
Os aeronautas são os trabalhadores que desempenham funções principalmente em
voo. De acordo com a antiga Lei do Aeronauta, Lei 7.183/84, artigo 2°, “Aeronauta é o
profissional habilitado pelo Ministério da Aeronáutica [ANAC], que exerce atividade a
bordo de aeronave civil nacional, mediante contrato de trabalho.”.
•• Piloto;
•• Mecânico de voo;
•• Comissário de voo;
O piloto
Piloto aeronáutico é a pessoa habilitada à condução de aparelhos em voo. Essa
assertiva, apesar de direta, demanda as definições de praticamente todos os
elementos que a compõem, a saber, piloto aeronáutico, habilitação, e aparelhos
voadores (em sua acepção jurídica).
3
A nova lei do Aeronauta, Lei 13.475/17 suprimiu antigas profissões de aeronautas: o Radiotelegrafista de voo, o
Engenheiro de voo e o Operador de Equipamentos Especiais.
168
Direito Aeronáutico
•• avião;
•• helicóptero;
•• planador;
•• balão livre;
•• dirigível.
4
Aeronave cuja sustentação no ar provém, principalmente, de forças aerodinâmicas. Exemplos: aviões, planadores,
helicópteros, autogiros, motoplanadores e ultraleves.
5
Aeronave mais leve do que o ar, que pode elevar-se e manter-se sustentada no ar pelo emprego de invólucros
cheios de ar, com o conjunto pesando menos do que o ar deslocado por tais invólucros.
169
Capítulo 4
Existem outras categorias e definições que aqui não importam, como “Aeronave
de Controle Pendular” e “Aeronave de Sustentação por Potência”. Nos
inteiraremos das categorias em sentido largo.
Por fim, existe a figura das habilitações segundo a proficiência nas diversas
operações, que compreendem:
6
Nesse caso, a habilitação pressupõe uma licença de piloto privado e mais 15 horas de instrução de voo em avião
multimotor, sendo 3 horas no avião em que o piloto vai ser checado, tudo dentro de um período de 6 meses
precedentes ao cheque.
7
Todas as normas pertinentes ao CMA estão constantes do RBAC 67 – Requisitos Para Concessão de Certificados
Médicos Aeronáuticos, para o Credenciamentos de Médicos e Clínicas e Para O Convênio Com Entidades
Públicas.
170
Direito Aeronáutico
8
Piloto privado, Piloto Comercial e Piloto de Linha Aérea são as três graduações existentes na carreira de um piloto.
Permeando a graduação de Piloto Comercial e Piloto de Linha Aérea, há a figura do Piloto de Tripulação Múltipla.
171
Capítulo 4
Por fim, os postulantes à carreira de piloto devem ser proficientes na língua pátria
e na fraseologia aeronáutica, sendo que, para comunicações internacionais, a
língua utilizada é a inglesa. Deve-se ressaltar que desde 5 de março de 2009,
os pilotos de avião e helicóptero devem demonstrar a habilidade em falar e
compreender a língua utilizada para comunicações radiotelefônicas.
•• Piloto aluno
É considerado piloto aluno o postulante de uma licença de piloto privado que
não possua qualquer outra licença de piloto de aeronave. Apesar da aparente
tautologia da assertiva, deve-se lembrar que pode haver pilotos habilitados
em uma categoria ou classe de aeronave e pretendem operar em outra; esses
também são chamados de alunos, mas para efeitos do regulamento próprio,
piloto aluno é aquele que está dando seus primeiros passos na atividade aérea.
Em primeiro lugar, o postulante deve ter 18 anos completos ou pelo menos 16 anos,
com uma autorização do responsável para iniciar o treinamento; de toda sorte, o
piloto aluno não pode voar solo sem ter completado a idade mínima de 18 anos.
172
Direito Aeronáutico
A quarta exigência é quanto à instrução, que deve ser ministrada por instrutor
qualificado nesse nível pela ANAC.
Vencidas essas etapas, resta o voo solo, em que também deverão ser observadas
algumas regras: a notificação de voo local solo deve ser assinada pelo piloto aluno
e por um instrutor qualificado. Se o pouso for planejado para outro aeródromo que
não o da decolagem, o aluno deve portar, além do CMA, uma autorização emitida
pela entidade homologada (aeroclube, as mais das vezes), assinada por um
instrutor de voo, autorizando o voo e o pouso naquele aeródromo, cuja operação
e regras de tráfego e de segurança devem ser do conhecimento do aluno e
repassadas em briefing, que são instruções prévias ao voo.
É necessário também ressaltar que o voo solo não pode ser feito em aeronaves
transportando passageiros ou carga, entre fronteiras de países, em qualquer
aeronave que exija mais de um piloto para operação e em condições IMC
(Instrument meteorological conditions), condições de voo por instrumentos.
•• Piloto privado
A licença de piloto privado corresponde à habilitação técnica:
173
Capítulo 4
9
Regulamentação aeronáutica, incluindo as normas da profissão de piloto privado, Código Brasileiro de
Aeronáutica, Regulamentos Brasileiros de Homologação Aeronáutica e normas, métodos e procedimentos
relativos ao serviço de controle de tráfego aéreo.
10
Grupos motopropulsores, instrumentos de aeronaves, limitações operacionais, manuais de voo, desempenho,
efeito de carga e distribuição de peso, cálculo de peso e balanceamento, uso e aplicações práticas dos dados
de decolagem/aterrissagem, planejamento de voo, notificação de voo, ajuste de altímetro, operação em zona de
tráfego intenso, meteorologia, navegação aérea com a utilização de cartas e documentos aeronáuticos, como
AIP e NOTAM, código e abreviaturas aeronáuticas, procedimentos normais e de emergência, teoria de voo,
comunicações com fraseologia adequada e desempenho e limitações humanas.
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Direito Aeronáutico
Ainda quanto à experiência de voo, e na parte em que o piloto aluno deve ter
recebido 20 horas de instruções em duplo comando, o instrutor deve certificar-se
de que ele possui experiência operacional ao nível de piloto privado, no mínimo
nos seguintes aspectos:
175
Capítulo 4
Após a demonstração de perícia nos quesitos citados, das horas de voo mínimas
voadas e do CMA válido, será emitida a devida licença ao novo piloto privado,
que poderá exercer as prerrogativas autorizadas por ele, que é a função de piloto
em comando ou copiloto de aeronave privada TPP (serviços aéreos privados)
ou PET (privada experimental) de sua propriedade ou de proprietário que tenha
autorizado a operação. Pode ainda pilotar aeronaves classificadas como PIN
(instrução pública) ou PRI (instrução privada), alugada por ele na entidade que
a opera (deve estar o piloto associado a ela); pode, ainda, operar aeronaves
classificadas como TPX (serviços de transporte público não regular), desde que
tenha arrendado a aeronave e o contrato esteja registrado no RAB.
Resumindo, o piloto privado pode operar aeronaves de sua propriedade ou de
outros, desde que arrendada ou autorizada a operação aérea em seu próprio
benefício, sendo proibido a ele prestar serviços aéreos remunerados a terceiros.
Neste momento, terá a oportunidade de aproveitar para sentir aquilo que impele
tantas pessoas a buscar o voo: a sensação única de vencer a força da gravidade,
de estar em um ambiente diferenciado, de conduzir um aparelho de grande
complexidade, enfim, de fazer algo que não é possível para todos.
•• Piloto comercial
O postulante à licença de piloto comercial deve ter 18 anos de idade e concluído
o ensino médio. Deve, ainda, apresentar proficiência e conhecimento em todos
os aspectos exigidos para obtenção da licença de piloto privado, mas em nível
adequado ao exercício da função de piloto comercial. Deve ter conhecimento
aprofundado da aeronave para a qual é solicitada a licença e quanto aos
procedimentos operacionais para o transporte de carga, inclusive de cargas
externas, quando a licença for para helicóptero. Deve se precaver quanto aos
riscos potenciais vinculados a mercadorias perigosas ou cargas proibidas;
requisitos e métodos de instrução a passageiros, entre as quais as precauções
que devem ser observadas ao embarcar e desembarcar da aeronave.
Quanto à experiência de voo, para obter a habilitação, o postulante à licença de
piloto comercial deve comprovar o seguinte:
a. Avião: 200 horas como piloto de avião, ou 150, se essas forem
efetuadas durante a realização completa e, com aproveitamento,
de um curso de piloto comercial homologado pela ANAC;
dessas, 100 horas devem ser como piloto em comando (ou 70
em curso homologado); 20 horas de voo em rota como piloto em
comando, que incluam um percurso de, no mínimo, 540 km (300
milhas náuticas), com a realização de aterrissagens completas
em dois aeródromos distintos; 10 horas de instrução de voo por
instrumentos (5 das quais podem ter sido realizadas em simulador);
e mais 5 horas de voo noturno, durante o que devem ser realizadas
5 decolagens e 5 aterrissagens como piloto em comando.
176
Direito Aeronáutico
A quantidade de horas, na categoria aviões, pode ser reduzida nos seguintes casos:
177
Capítulo 4
178
Direito Aeronáutico
11
Capítulo III do Título V do CBAER: Do Comandante da Aeronave, arts. 165 a 173.
12
Exemplos de superfícies de aumento de sustentação: flaps de tripla fenda e slats de arqueamento variável do
Boeing 747.
179
Capítulo 4
a. Avião: 1500 horas de voo como piloto de aviões, sendo 500 horas
como piloto em comando ou sob supervisão ou 250 horas como piloto
em comando somente; 200 horas de voo em navegação, sendo 100
horas como piloto em comando; 75 horas de voo por instrumentos,
podendo ser 30 realizadas em um simulador; 100 horas de voo noturno.
Dessas 1.500 horas de experiência, o postulante pode reduzir 600
horas como piloto comercial ou de linha aérea de helicóptero. Pode
também incluir até 100 horas de treinamento em simulador.
Após o postulante ter demonstrado a perícia nos quesitos indicados e ainda for
possuidor do CMA de 1ª classe válido, será emitida a devida habilitação, e o novo
piloto de linha aérea terá as seguintes prerrogativas:
13
Podem ser consideradas 75 horas como piloto em comando, além do número adicional de horas necessárias,
realizadas como copiloto de linha aérea de helicóptero, desempenhando as funções de piloto em comando e sob
supervisão.
180
Direito Aeronáutico
O mecânico de voo
O mecânico de voo é o aeronauta especializado nos sistemas da aeronave,
responsável pela monitoração em voo dos diversos instrumentos que indicam
as condições em que eles operam. É o auxiliar do comandante especializado na
parte técnica da aeronave, principalmente no seu motor, sendo proficiente na
manutenção básica e operação dessas aeronaves.
181
Capítulo 4
Para obter uma licença de mecânico de voo para operação em uma determinada
aeronave, o postulante ao cargo deve apresentar os seguintes requisitos:
14
AC: Alternating Current, corrente alternada; DC: Direct Current, corrente contínua.
182
Direito Aeronáutico
A experiência de voo para licença de mecânico de voo deve ter sido na aeronave
em que se postula a habilitação, sendo que a quantidade mínima é de 100 horas
de voo. Dessas, podem fazer parte 50 horas de voo feitas em simulador durante
um curso homologado pela ANAC.
183
Capítulo 4
O comissário de voo
O postulante ao cargo de comissário de voo 16 deve ter 18 anos (para ser checado,
ou seja, para ser avaliado na prática), certificado de conclusão do ensino médio, o
CMA de 2ª classe, certificado de conclusão de curso específico homologado pela
ANAC e obtido aprovação no exame teórico.
15
CRM (Crew Resource Management), Gerenciamento de Recursos da Tripulação, espécie do gênero CRM
(Corporate Resource Management), que engloba todas as pessoas da empresa aérea. Doutrina de segurança de
voo que preconiza o envolvimento de todos na busca do voo seguro.
16
“A primeira comissária de bordo foi uma enfermeira, Ellen Church, que prestava atendimento aos passageiros
em caso de enjoo e mal-estar a bordo. Em 1933, a American Airlines passou a treinar enfermeiras para serem
aeromoças. A ideia deu tão certo que logo foi adotada por todas as companhias aéreas.” (CIGERZA, 2008, p. 18).
184
Direito Aeronáutico
O comissário de voo, assim como o piloto, deve ter experiência recente para
poder compor uma tripulação: de fato, segundo o RBAC 121 – Requisitos
Operacionais: Operações Domésticas, de Bandeira e Suplementares, o
comissário de voo deve, nos 360 dias anteriores à escala, ter cumprido 10 ciclos
de pousos e decolagens na aeronave em que trabalha.
185
Capítulo 4
186
Direito Aeronáutico
17
Será considerado como parâmetro, doravante, para todos os institutos, o serviço aéreo no transporte público
regular e não regular, excetuando-se a modalidade de taxi aéreo.
187
Capítulo 4
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Direito Aeronáutico
Turbo-hélice 85 850
Jato 80 800
Helicóptero 90 930
18
Lembrando que esses números se referem à operação regular e não regular, excluindo-se taxi aéreo.
19
Em caso do número de pousos ser ampliado para 5, a critério do empregador, devem ser acrescidas 2 horas ao
repouso que precede a jornada. Pode haver, ainda, o acréscimo de mais um pouso em caso de necessidade
de alternar o aeródromo de destino (para todas as tripulações). Por último, em caso de operação de aeronaves
convencionais ou turbo-hélice, os limites podem ser aumentados em mais 2 pousos.
189
Capítulo 4
190
Direito Aeronáutico
Esses são alguns dos institutos que permeiam o regime de trabalho do aeronauta.
Ainda são aplicados institutos da CLT, da NR 15 e 16 da Portaria 3.214/78 e das
convenções coletivas acertadas entre o Sindicato Nacional dos Aeronautas e o
Sindicato das Empresas Aéreas. Importantíssima esta última assertiva a respeito
do SNA: de fato, a Lei dos Aeronautas concedeu muita importância aos acordos
coletivos e permitiu que vários institutos dispostos em seu texto fossem alterados
por tais acordos.
Infrações
O Código Brasileiro de Aeronáutica, Lei 7.565/86, indica algumas ações
consideradas como infrações próprias da profissão dos aeronautas, ao que
a Autoridade Aeronáutica pode suspender, revogar ou cassar a licença ou o
certificado do aeronauta que nelas incorrer.
De toda sorte, será aplicada multa pela prática das seguintes infrações, conforme
o artigo 302 do CBAER:
20
A Lei 13.475/17 indica em horário zulu este período, ou UTC (Universal Time Coordinated – Tempo Universal
Coordenado), e para o horário de Brasília, sem horário de verão, devem ser considerados 18:00h de um dia até
06:00h do dia seguinte.
191
Capítulo 4
Aeroviários
Aeroviário é o trabalhador que, não sendo aeronauta, exerce função remunerada
nos serviços terrestres relacionados diretamente à atividade aérea. Para fins
desse trabalho, serão estudadas as profissões dos mecânicos de manutenção
aeronáutica em suas especialidades e os despachantes operacionais de voo.
Essas profissões, com seus requisitos, bem como com as normas técnicas e
trabalhistas, serão estudadas separadamente.
192
Direito Aeronáutico
21
APU (Auxiliary Power Unit) e GTC (Gas Turbine Compressor) são motores auxiliares a jato instalados na aeronave,
que a proveem de ar condicionado, energia elétrica, hidráulica e, ainda, ar sangrado, para auxiliar na partida
pneumática ou elétrica de grandes motores.
193
Capítulo 4
O curso é divido em três partes, cada uma com uma quantidade de horas/aulas
que perfazem, ao final, o mínimo de 1014 horas:
194
Direito Aeronáutico
22
Este CHT tem validade de 3 anos, contados a partir da emissão, e após este prazo deverá o mecânico solicitar o
recadastramento junto à ANAC.
23
Como fichas de inspeção, de delineamento, entre outros.
195
Capítulo 4
•• Reabastecimento
•• Peso e balanceamento
•• Plano de voo
•• Temperatura do campo;
•• Comprimento da pista;
•• Pressão atmosférica;
•• Nível de voo;
•• Condições atmosféricas.
O cálculo deve ser preciso para que não seja gasto combustível transportando
combustível, vez que o peso do avião influencia no consumo, e assim o combustível
que estiver a mais nas asas faz com que o motor consuma mais para transportá-lo.
196
Direito Aeronáutico
Todas essas tarefas devem ser cumpridas no menor espaço de tempo possível,
sendo que as companhias aéreas atuais estabelecem um tempo médio de 60
minutos entre um pouso e a decolagem, devendo, dessa forma, estar tudo
pronto na metade desse tempo. O responsável pela coordenação e execução
de todas estas tarefas é o chamado DOV (Despachante Operacional de Voo), o
“comandante do solo”.
24
NOTAM (Notice to Airman), Aviso aos aeronavegantes, informações de rota e de aeródromos, disponível na sala
AIS quando o plano de voo é redigido.
197
Capítulo 4
198
Direito Aeronáutico
Regime de Trabalho
a) Duração: A duração normal do trabalho do aeroviário é de 8 horas diárias e
44 semanais, sendo permitida a prorrogação até o máximo de 2 extraordinárias
por dia, desde que não seja disposto em contrário por Lei ou acordo coletivo.
Em trabalhos contínuos que excedam 6 horas, será assegurado ao aeroviário um
descanso de 1 hora, no mínimo, e para aqueles que ultrapassam 4 horas, haverá
um intervalo de 15 minutos para descanso.
É necessário esclarecer que esse serviço de pista envolve, a maioria das vezes, a
operação de aeronaves nos aeroportos nos intervalos entre pouso e decolagem,
normalmente a manutenção na forma de pós-voo, limpeza, reabastecimento
de combustíveis e lubrificantes, troca de componentes, pequenos reparos,
conferência do diário de bordo etc.
25
Tais como manutenção, manutenção preventiva, reparos e modificações.
199
Capítulo 4
Síntese
Neste capítulo, foi possível a explanação do processo legislativo brasileiro,
atribuição típica do Congresso Nacional. Mas a produção normativa vai até a
lei ordinária, e, não sendo a finalidade dessa indicar a totalidade das situações
fáticas que podem ser por elas abrangidas, são editados regulamentos com essa
finalidade, sendo essa uma das atribuições do Poder Executivo.
200
Direito Aeronáutico
Atividades de Autoavaliação
1. O processo legislativo brasileiro, constitucionalmente previsto, é utilizado para
dar forma aos comandos contidos na própria Constituição. Dessa maneira, todas
as leis são editadas e promulgadas segundo seus ditames, não podendo contrariar
seus princípios e de acordo com a vontade e necessidade do povo brasileiro.
Dentro desse contexto legislativo, quais as bases constitucionais de suporte
da operação das companhias aéreas, ou seja, quais os dispositivos insertos na
Constituição Federal utilizados para autorizar o funcionamento de uma companhia
aérea, além de indicar os diplomas normativos ordinários e regulamentares?
201
Capítulo 5
203
Capítulo 5
Seção 1
Traços normativos gerais
As empresas aéreas brasileiras são as responsáveis pelo transporte aéreo público
de passageiros e cargas, mas não são titulares dessa obrigação que, por força
constitucional, é da União. Neste capítulo, vamos entender um pouco sobre
a estrutura jurídica das empresas de transporte aéreo, bem como o aparato
normativo que envolve a relação jurídica criada pelo comando constitucional de
se prestar o serviço público de transporte de passageiros. Isso será demonstrado
inicialmente, seguido por um estudo das normas que regem a organização e o
funcionamento das empresas aéreas. As operações, regulares e não regulares,
também serão objetos de estudo, esquematizando seus desdobramentos para
perfeita assimilação. Por fim, será disponibilizado um estudo histórico da criação,
evolução e extinção das companhias aéreas tradicionais brasileiras, VARIG, VASP
e TRANSBRASIL, a par de uma breve explanação acerca do desenvolvimento da
aviação comercial brasileira em sentido largo.
Assim, de acordo com a Constituição: “Art. 21. Compete à União: XII – explorar,
diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: c) a navegação
aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária.” (BRASIL, 1988).
1
Concessão para operações regulares de transporte aéreo e autorização para operações não regulares.
204
Direito Aeronáutico
2
Na década de 60 do século XX, houve a intenção de se criar uma empresa aérea governamental para exploração
(e monopólio) dos serviços aéreos públicos, a Aerobrás, mas a tentativa foi suprimida durante a primeira
Conferência de Petrópolis.
205
Capítulo 5
206
Direito Aeronáutico
Voltando aos serviços aéreos públicos, de acordo com o art. 181 do Código
Brasileiro de Aeronáutica (1986),
207
Capítulo 5
208
Direito Aeronáutico
Somente esse último motivo já seria suficiente para que o Estado criasse um
aparato de exigências para cumprimento das empresas aéreas visando à sua
própria segurança: não se pode esquecer que a função de prestar o serviço de
transporte aéreo é do próprio Estado e que a empresa aérea, apesar de exercer
essa prerrogativa em seu próprio nome, na sua atuação, sempre vai produzir
reflexos no governo e na sociedade se uma de suas aeronaves se envolver em
um acidente.
209
Capítulo 5
210
Direito Aeronáutico
211
Capítulo 5
212
Direito Aeronáutico
A manutenção a que se refere esse item é baseada no pós e pré-voo, por uma
equipe treinada para aquela aeronave, responsável por detectar quaisquer
anomalias mais evidentes na fuselagem, trem de pouso, motores, antenas e
superfícies de voo. Os reparos feitos por esses profissionais geralmente são de
pequena monta e mesmo as trocas de componentes somente são feitas quando
rápidas, ou seja, há a retirada de um componente por meio de desengates
rápidos e prontamente substituído por outros em condições de operar. Se a
aeronave apresentar alguma pane que a impeça de voar, essa deve ser trocada
por outra, permanecendo à disposição da equipe de manutenção vinda da sede
da empresa ou mesmo de empresas de manutenção locais, a depender do nível
do reparo. Mesmo esses procedimentos são objeto de fiscalização por parte
da autoridade aeronáutica: uma IAC especial informa acerca das inspeções de
rampa feitas por essa autoridade para fiscalizar se os procedimentos efetuados
em aeródromos permitem a operação continuada daquele equipamento; trata-se
da IAC 3002-91-0198 – Procedimentos Relativos à Realização de Inspeção de
Rampa em Aeronaves Operando Segundo o RBHA 121, 129 ou 135.
213
Capítulo 5
214
Direito Aeronáutico
Operações regulares
Operações regulares são aquelas que possuem planejamento antecipado do dia e
do local de pouso e decolagem, sendo esses dados disponibilizados previamente
ao público. Essas operações se dividem em três:
Tipos de aviões:
•• propelidos a jato;
•• propelidos a hélice: com capacidade de carga paga superior a 3.400
kg (7.500 libras), ou com mais de 9 assentos para passageiros.
Localidades:
Como se pode perceber, essa é a operação mais ampla que existe. É feita com
vários tipos de aviões e em qualquer localidade e se traduz na própria essência
do avião de transporte de passageiros e carga. Esse nome, “de bandeira”, tem
origem controversa, mas provavelmente se refere ao início das operações aéreas
comerciais, em que as empresas eram praticamente públicas, nacionalizadas, de
“bandeira”, portanto.
Tipos de aviões:
•• propelidos a jato;
•• propelidos a hélice: com capacidade de carga paga superior a 3.400
kg (7.500 libras) ou com mais de 9 assentos para passageiros.
215
Capítulo 5
Localidades:
Esse tipo de operação também pode ter pousos intermediários fora do território
nacional, se a necessidade operacional assim o determinar, como utilização de
aeródromo de alternativa em território estrangeiro por condições meteorológicas
adversas, sem descaracterizar a operação doméstica. Um ponto importante é a
proibição, pelo Código Brasileiro de Aeronáutica, em seu artigo 216, da consecução
da operação doméstica por empresas estrangeiras. De fato, apenas empresas
aéreas nacionais podem realizar operações domésticas em território brasileiro.
Tipos de aviões:
•• de asa rotativa;
•• propelidos a hélice: com capacidade de carga paga menor
que 3.400 kg (7.500 libras), ou com menos de 9 assentos para
passageiros.
Frequência:
3
Circuito fechado é uma operação em que a etapa inicia e termina no mesmo aeródromo, não
importando em quantas localidades a aeronave pouse e decole.
216
Direito Aeronáutico
•• de asas rotativas;
•• propelidos a jato, com capacidade de carga de menos de 3.400 kg
(7.500 libras) ou com menos de 30 assentos para passageiros;
•• propelidos a hélice, em operações cargueiras de capacidade de
carga paga menor que 3.400 kg (7.500 libras);
•• em qualquer aeronave com menos de 20 assentos para passageiros
ou capacidade de carga paga inferior a 2.720 kg (6.000 libras).
Essa operação é a mais característica e comum das não regulares. São pequenos
aviões que se caracterizam por preparo e deslocamento rápido para atender aos
passageiros que têm pressa e a pequenas, mas valiosas, cargas que justifiquem o
preço do transporte.
217
Capítulo 5
De bandeira
Por demanda
Autoriza – op. não regulares
Suplementar
A empresa aérea regular ou não regular não pode ficar inoperante por muito
tempo, ou seja, não pode manter suas aeronaves no solo por certo tempo, sendo
esse tempo proporcional ao tipo de operação, conforme o parágrafo 119.63
do RBAC 119, que dispõe sobre a chamada operação recente. Segundo esse
parágrafo, nenhum detentor do certificado de homologação pode conduzir uma
espécie de operação para a qual ele está autorizado, a menos que tenha se
passado um determinado número de dias consecutivos desde a última saída:
218
Direito Aeronáutico
No caso da empresa aérea permanecer com suas aeronaves no solo pelo período
indicado, isso deve ser avisado à ANAC com antecedência mínima de 15 dias,
antes de retomar aquela espécie de operação, para que a autoridade aeronáutica
decida acerca da necessidade de inspeções ou reexames para verificar a
segurança da operação.
219
Capítulo 5
O Piloto Chefe deve possuir uma licença de PLA com o apropriado CHT para
o avião mais complexo usado pelo detentor do certificado em suas operações.
Além disso, deve ter pelo menos 3 anos de experiência como piloto em comando
de aviões.
O Inspetor Chefe deve ser habilitado pela ANAC como mecânico de manutenção
aeronáutica nos grupos célula e motopropulsor; possuir pelo menos 4 anos
contínuos no exercício de atividades variadas de manutenção de grandes
aviões, dos quais pelo menos 1 ano como inspetor de manutenção ou de
aeronavegabilidade. O inspetor chefe pode também ser formado como técnico de
nível superior, registrado junto ao CREA/CONFEA, para o exercício de atividades
referentes a aeronaves, seus sistemas e componentes.
220
Direito Aeronáutico
221
Capítulo 5
Isso significa que as empresas aéreas hoje baseiam sua estratégia em duas
vertentes: baixo custo e, por conseguinte, baixa tarifa; e diferenciação do serviço,
promovendo melhorias na própria prestação do serviço. Ou seja, enquanto as
LCC oferecem tarifas mais baixas, as FSC oferecem o melhor serviço.
222
Direito Aeronáutico
223
Capítulo 5
Seção 2
História das companhias aéreas tradicionais brasileiras
Após o término da Primeira Guerra, alguns países que lutaram estavam com
excedentes de aeronaves. Ao mesmo tempo, as indústrias que desenvolveram
os aparelhos precisavam encontrar outros mercados para seus produtos, e
com isso foi fomentado o desenvolvimento aéreo nos países como o Brasil,
cujas dimensões continentais e a ausência de uma indústria aeronáutica própria
tornavam-no um mercado promissor.
224
Direito Aeronáutico
Essa companhia tinha a parte sul do continente americano toda para si, pois
tirando a atividade aérea militar, só havia seus aviões operando na área,
diferentemente dos EUA, que, desde 1914, já tinha uma linha aérea regular
operando de Tampa a St. Petesburgo, na Flórida; era a St. Petesburgo-Tampa
Airboat Liner (LUCHESI, 2003).
O Sindicato Condor iniciou uma linha que ia do Rio de Janeiro a Porto Alegre,
com uma extensão de 160 milhas para a cidade de Rio Grande. No mesmo
ano de 1927, a empresa alemã transferiu essa extensão para outra companhia
aérea recém-fundada por um ex-piloto alemão da Primeira Guerra; seu nome era
Otto Ernst Meyer e à companhia que fundou deu o nome de Viação Aérea Rio-
Grandense, ou VARIG, a primeira companhia brasileira de transporte aéreo.
Outra companhia que operou pelo Brasil nesta época foi a francesa Generale
Aeropostale, oferecendo apenas serviço postal e proporcionando maior rapidez
no transporte de correspondência, pois essa era transportada de Buenos Aires a
Paris em apenas 8 dias, ao invés dos 16 por meio de navio (DOLE, 1979).
225
Capítulo 5
Outra empresa importante que começou a operar no Brasil em 1930 foi a Panair
do Brasil (subsidiária da Pan American Airways), criada por compra da NYRBRA,
linha aérea ligando New York, Rio de Janeiro e Buenos Aires, operando também
de Miami a Buenos Aires (DOLE, 1979). Essa empresa iria desempenhar um papel
de destaque nas operações iniciais da Segunda Guerra, como se verá adiante.
No dia 4 de novembro de 1933, foi fundada a Viação Aérea São Paulo, VASP. Essa
companhia foi idealizada por alguns empresários de São Paulo, mas foi comprada
pelo Estado de São Paulo em 1934. Sua primeira aeronave foi um Monospar,
bimotor inglês com capacidade para transportar 2 passageiros. (CIGERZA, 2008).
226
Direito Aeronáutico
A entrada dos EUA na guerra e a neutralidade do Brasil por algum tempo produziu
um evento curioso: sendo o litoral brasileiro considerado estratégico pelo governo
americano, mas para não estabelecer bases militares no nordeste, afetando a
neutralidade do nosso país, os Estados Unidos alocaram recursos vultosos à
Pan American Airways System, uma grande companhia que possuía, como dito,
um ramo no nosso país, a Panair do Brasil. Assim, essa empresa pode iniciar a
construção de campos de pouso no Amapá, Belém, São Luís, Fortaleza, Natal,
Fernando de Noronha, Recife, Maceió e Salvador, sem afetar a neutralidade do
Brasil nem a popularidade do Presidente Vargas. A utilização seria americana
e brasileira, principalmente servindo como base aos aviões de patrulha que
operavam a partir do nosso litoral, mas esses aeródromos seriam integrados à
infraestrutura aeroportuária nacional. (GASTALDONI, 2007).
A Segunda Guerra Mundial produziu muitos reflexos no Brasil, mas vale a pena
citar a predominância de produtos dos EUA na aviação civil e militar brasileira,
principalmente pela adoção dos modelos de aeronaves fabricados naquele
país. Após a Segunda Guerra repetiu-se o ocorrido com as aeronaves militares
excedentes da Primeira Guerra, ou seja, as companhias civis aproveitaram
os excedentes de guerra que tinham baixos preços e adaptaram esses
equipamentos as suas finalidades.
227
Capítulo 5
228
Direito Aeronáutico
229
Capítulo 5
Pode-se iniciar o relato desses fatos pela errônea medida das companhias em
não manter os contornos do planejamento institucional do SITAR, abandonando
a utilização dos aviões de pequeno porte no transporte regional, e operando com
grandes e inadequados aviões, o que acarretava a diminuição da frequência dos
voos, afetando a qualidade do serviço e afastando os usuários. (RODRIGUES, 2007).
230
Direito Aeronáutico
Além disso, houve a autorização para os chamados VDC, Voos Diretos ao Centro,
às empresas regionais, que passaram a operar com exclusividade as ligações
entre aeroportos centrais, como Congonhas/Pampulha, Congonhas/Brasília,
Santos Dumont/Brasília. Essa prerrogativa permitiu um “salto qualitativo das
empresas até então marginais no mercado, que passariam a crescer de forma
acelerada: TAM e RIO SUL.” (RODRIGUES, 2007, p. 62).
Esses prejuízos foram agravados pela crise cambial de 1999, que iniciou na
Tailândia e se espalho pelo mundo; “o Real passou de uma cotação de R$ 1,20
para R$ 2,20 frente ao dólar, o equivalente a uma desvalorização de 80%.”
(RODRIGUES, 2007, p. 66). Como muitos dos gastos das empresas aéreas,
principalmente com combustível, são atrelados ao dólar, é fácil imaginar que essa
crise afetou profundamente todas as companhias do setor.
231
Capítulo 5
Transbrasil
Nascida da inspiração de Omar Fontana, a TRANSBRASIL era a terceira maior
companhia brasileira de aviação no início da década de 80. Ampliando sua frota
com aeronaves Boeing 767-200, o seu presidente se preparava para ampliar
também suas atividades, buscando operar no mercado internacional. Mas a crise
econômica das décadas de 70 e 80, agravada por sucessivos planos econômicos
que arrasaram a economia brasileira daquele período, fez com que a companhia
entrasse em crise. O seu presidente exigiu judicialmente a reparação pelas perdas
ocasionadas pelos planos econômicos, mas ao invés disso recebeu uma severa
intervenção federal que o afastou do comando de sua companhia.
232
Direito Aeronáutico
Vasp
No início da década de 80, a VASP possuía uma frota de vinte e três B737-
200, quatro B727-200, três Airbus e dois cargueiros B727. No final dessa
década, chamada de “perdida”, em função do desenvolvimento pífio da nação,
ocorrido por políticas estatais equivocadas, o governo de São Paulo anunciou
a necessidade de privatização da companhia, eis que não poderia mais investir
nela; essa privatização ocorreu no governo de Orestes Quércia, em 01 de outubro
de 1990. Nessa época, a VASP era a segunda maior companhia aérea brasileira.
Varig
De acordo com Farias Neto (2006), o congelamento das tarifas aéreas das
décadas de 80 e 90, uma administração deficiente e as mudanças sucessivas
de comando, fizeram com que a VARIG, a maior e mais antiga companhia aérea
brasileira, acumulasse uma dívida de 7 bilhões de reais no início do século XXI,
principalmente pelos resultados negativos apresentados a partir do ano de 1996.
233
Capítulo 5
234
Direito Aeronáutico
Síntese
Como se pôde perceber no presente capítulo, as companhias aéreas não são
empreendimentos comerciais comuns, seja pelo fascínio que as envolve, seja
por serem prestadoras de um dos serviços públicos mais relevantes, além de
contribuir decisivamente para o prestígio da nação perante os outros países.
A União é a titular da obrigação de prestar o serviço de transporte público de
passageiros e carga ao povo brasileiro, mas desde que não possua empresas
aéreas públicas, o serviço é repassado por concessão ou por autorização às
companhias aéreas particulares. Sendo prestadoras de serviços públicos,
essas empresas têm de pautar suas atividades pelos princípios constitucionais
da eficiência, moralidade, legalidade, entre outros, pelo que sua atividade é
fiscalizada pelo poder público pela Autoridade Aeronáutica, ANAC.
235
Capítulo 5
Atividades de Autoavaliação
1. Concernente às companhias aéreas e quanto ao regime jurídico que envolve
o transporte aéreo público de passageiros e carga, indique os possíveis regimes
jurídicos aplicáveis a essas companhias, de acordo com o tipo de operação.
236
Direito Aeronáutico
237
Capítulo 6
Atribuições do COMAER no
contexto da Aviação Civil
239
Capítulo 6
Seção 1
Sistema Aeroportuário
Antes de iniciarmos o estudo sobre o Sistema Aeroportuário, vamos a uma
contextualização necessária.
Mas não podemos olvidar que o espaço aéreo é parte da nação em que a
soberania é plena e ameaças a essa soberania e ao povo podem também vir por
meios aéreos, tanto em caso de guerra externa, quanto em caso de entrada de
substâncias ilícitas, como drogas e armas transportadas por aviões. Nasce de tal
premissa simples a natureza fundamental do controle e defesa do espaço aéreo,
240
Direito Aeronáutico
Interessa, aqui, esses dois últimos órgãos, o DECEA e o CENIPA, visto que detêm
as duas únicas atribuições sobre a aviação civil remanescentes da criação da
Autoridade Aeronáutica civil (ANAC), e, ainda, o sistema aeroportuário, apesar
dessa parte ter a gerência quase exclusiva de uma empresa pública, a INFRAERO.
O Brasil só entrou na guerra em 1942, mas o Presidente Getúlio Vargas e sua cúpula
já se preparavam para esse conflito desde que ficou clara a posição brasileira perante
os interesses que o deflagraram. Uma das medidas que o governo tomou como
preparação para o que viria foi a criação de um segmento militar especializado, que
estava em crescimento naquela época: a arma aérea, que nascera, no caso do Brasil,
no âmbito do Exército e da Marinha. Perante a necessidade de centralizar os recursos
para ampliar esse segmento, foi criado, em 1941, o Ministério da Aeronáutica, sendo
seu primeiro ministro o gaúcho Salgado Filho.
241
Capítulo 6
1
Infraestrutura aeronáutica é tudo que existe no solo com a finalidade de proporcionar à navegação
aérea os auxílios que necessita.
242
Direito Aeronáutico
•• Sistema Aeroportuário;
•• Sistema de Proteção ao Voo;
•• Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.
243
Capítulo 6
244
Direito Aeronáutico
Eis aqui um dos motivos porque não se pode utilizar o senso comum em
aeronáutica, sob pena de se chegar a becos sem saída como esse. Na verdade,
o que aconteceu foi o seguinte: os regulamentos de tráfego aéreo exigem
espaçamento mínimo entre aviões, operando em determinada aerovia ou em
determinada área de controle, como medida de precaução, o que autoriza a
decolagem das aeronaves somente com intervalo predeterminado entre elas. O
Controle de Tráfego Aéreo Brasileiro, apesar de não possuir os equipamentos
mais avançados nem pessoal em número suficiente para suprir a demanda da
aviação brasileira, poderia controlar, sem afetar a segurança, um número maior
de aeronaves do que determina o regulamento, e assim autorizava a decolagem
com uma separação em tal distância que permitia o controle sem problemas.
Depois, porém, do acidente da aeronave da GOL Linhas Aéreas, em que a busca
desarrazoada por culpados apontou para o Sistema de Controle de Tráfego como
um dos possíveis responsáveis pelo acidente, os profissionais controladores
decidiram que toda a operação seria pautada pela prudência do regulamento,
o que foi feito, ou seja, as decolagens foram autorizadas somente no tempo
previsto, o que ocasionou atrasos por todo o país. Como no Brasil, a opinião
publicada tem mais peso que a opinião pública, como já afirmou com acerto
Paulo Bonavides, os detalhes do que acontecia permaneceu na obscuridade,
enquanto o sensacionalismo de aeroportos lotados guarneceu os noticiários e
manchetes. Daí se pode notar a grande utilidade de se conhecer os rudimentos
do tráfego aéreo para se abstrair de influências falaciosas que vicejam em nossos
veículos de informação de massa.
245
Capítulo 6
Quanto ao aeródromo em si, não é necessário que a pista seja asfaltada, recoberta
com concreto, tarmac, ou qualquer outra cobertura especial para ter essa
denominação, bastando que ela proporcione o espaço suficiente para uma aeronave
pousar (e arremeter, em caso de treinamento ou falha, na aproximação), ao mesmo
tempo em que permita a rolagem sem obstáculos ou buracos que possam danificar
os pneus em caso de aeródromos terrestres, ou apresente espaço suficiente e sem
objetos flutuando próximo à superfície, no caso de locais adequados ao pouso
de hidroaviões. A pista terrestre pode mesmo ser recoberta de piçarras, desde
que a aeronave, ao manobrar, preveja a operação nesse tipo de aeródromo e para
ele esteja preparada, pois durante o pouso e a decolagem em uma pista dessa
natureza, o avião pode ser atingido por detritos na hélice ou na entrada do motor,
que pode parar seu funcionamento por ingestão de material estranho (FOD - Foreign
2
Sistema formado por todos os aeródromos e aeroportos brasileiros.
246
Direito Aeronáutico
Object Damage, ou dano causado por objeto estranho). Mas para pistas destinadas
a receber grandes aeronaves (acima de 5.700 kg), normalmente se utiliza o método
ACN-PCN, para se verificar a resistência dos pavimentos das pistas.
As pistas pavimentadas devem prever operações sob chuva, pelo que deve
oferecer boas condições de atrito quando molhadas; de acordo com o RBAC
154 – Projeto de Aeródromos, as medições das características de atrito de uma
pista nova ou repavimentada devem ser realizadas com um aparelho de medição
de atrito contínuo, utilizando funções de autoumedecimento, de modo a garantir
que os objetivos do projeto com relação às suas características de atrito tenham
sido atingidos, sujeitando ou não o pavimento à necessidade de aplicação de
ranhuras para escoamento rápido da água pluvial; essas ranhuras são chamadas
comumente de groovings e devem ser de, aproximadamente, 0,6 mm (padrão da
FAA) para que seja aperfeiçoado o comando existente na IAC 4.302 – Requisitos
de Resistência à Derrapagem para Pistas de Pouso e Decolagem, editada em maio
de 2001, que indica o valor do coeficiente de atrito nível de manutenção de 0,50.
Tem-se, então, no aeródromo, uma pista que permite o pouso e a decolagem com
segurança de aeronaves e essas estão espalhadas pelo Brasil e variam desde
grandes pistas destinadas ao recebimento das maiores aeronaves até pistas
improvisadas em fazendas, em campos de grama ou estradas poeirentas.
247
Capítulo 6
Pista para operação por instrumentos: são pistas habilitadas para o procedimento
de aproximação por instrumentos, que se desdobram em aproximação de não
precisão, provida de auxílios visuais e não visuais à navegação que fornecem, no
mínimo, orientação direcional adequada para a aproximação direta e aproximação
de precisão, que se subdivide em categorias e classes, a saber:
3
ILS – Instrument Landing System, sistema de pouso por instrumentos; MLS – Microwave Landing System, sistema
de pouso por micro-ondas.
248
Direito Aeronáutico
Essas informações das pistas dos aeródromos ou dos aeroportos são mantidas
atualizadas pelo DECEA, que, além disso, promove a divulgação em tempo real
de modificações ocorridas no entorno da pista ou no próprio aeródromo por meio
do NOTAM (Notice To Airmam, informações aos aeronavegantes), disponíveis no
órgão de atendimento direto aos pilotos e despachantes que preparam o voo – a
sala AIS (Aeronautical Information Service, Serviço de Informações Aeronáuticas).
Além do NOTAM, esse órgão disponibiliza todas as outras informações essenciais
ao planejamento do voo, de que se tratará mais adiante.
Aeroportos públicos
Os aeroportos públicos brasileiros são administrados pela Empresa Brasileira
de Infraestrutura Aeronáutica – INFRAERO, que, por sua vez, subordina-se à
Secretaria de Aviação Civil. A INFRAERO administra 67 aeroportos no Brasil, em
seu sítio estão disponíveis os dados operacionais desses aeroportos.
249
Capítulo 6
A utilização dos aeroportos por parte dos operadores civis está sujeita ao
pagamento de taxas previstas da Lei 6.009/73, que indica em seu Artigo 2°:
250
Direito Aeronáutico
Aeroportos militares
Os aeroportos militares são aqueles construídos em função do emprego e
finalidade da defesa nacional, e não são administrados pela INFRAERO, e sim
por autoridades militares da base aérea adjacente a eles. Mesmo assim, esses
aeroportos podem ser utilizados por aeronaves civis que necessitem, por motivo
de emergência, ou mesmo em situação normal, sob autorização da autoridade
que o mantém sob sua égide, sendo que as aeronaves militares podem utilizar
quaisquer aeródromos, sem o pagamento das taxas previstas na Lei 6.009/73.
No Brasil, existem vários aeródromos compartilhados por aeroportos civis e por
uma base aérea, e para esses casos a sua administração também permanece a
cargo da INFRAERO, até o limite da taxiway de acesso à Base Aérea, quando a
administração passa ao Comando da Aeronáutica.
251
Capítulo 6
Aeroportos privados
Os aeroportos privados compreendem aqueles construídos para fruição
de seu proprietário, mas sua construção, assim como todos os outros não
militares, depende de prévia autorização da autoridade aeronáutica civil, a
ANAC, que estabeleceu os critérios de construção e operação de aeródromos e
aeroportos no RBAC 139 (Regulamento Brasileiro de Aviação Civil), Certificação
Operacional de Aeroportos.
252
Direito Aeronáutico
A concentração urbana nas adjacências dos aeroportos também deve ser evitada,
mas nem sempre isso é possível, em função dos problemas habitacionais que
grassam em todas as cidades de grande concentração urbana, são justamente as
que demandam os maiores aeroportos. As pessoas que moram perto das pistas
de pouso e decolagem estão sujeitas aos perigos provenientes dos aparelhos que
transitam sob seus tetos a baixa altura, seja esse perigo advindo do alijamento
de combustível ou lançamento de objetos por aeronaves em emergência, das
próprias aeronaves que se dirigem para os aeroportos e podem cair por falha
humana ou mecânica, pela exaustão dos motores das aeronaves e também pelo
ruído produzido por rotores, motores e EAS utilizados nas partidas e cheques.
253
Capítulo 6
Seção 2
Sistema de Controle do Tráfego Aéreo no Brasil
(SISCEAB)
Esse sistema compõe-se de todas as atividades que proporcionam suporte à
atividade aérea regular por meio do controle, facilitação, coordenação, assistência
e, em caso de acidentes, de busca e salvamento. Os tópicos a seguir indicam o
estudo de alguns desses serviços, da maneira com que está previsto no Código
Brasileiro de Aeronáutica, destacando suas peculiaridades.
Esses centros têm por missão o gerenciamento do tráfego aéreo militar e civil,
a defesa aérea, as informações aeronáuticas, a meteorologia aeronáutica e a
coordenação de busca e salvamento.
254
Direito Aeronáutico
Para a aviação civil, estão nos CINDACTASs instalados os ACC`s (Area Control
Center), os Centros de Controle de Área, responsáveis pelo controle de tráfego
na região em que se situam, ou seja, o ACC-CW, de Curitiba é responsável pelo
tráfego do sul do Brasil, parte do sudeste e do centro-oeste, o ACC-RF, em Recife
pelo nordeste, o ACC-AZ, em Manaus, pelo norte e o ACC-BR, em Brasília,
pelo centro-oeste e sudeste. Outro importante órgão de controle é o SRPV-
SP, ou Serviço de Proteção ao Voo de São Paulo, que manteve sua estrutura e
denominação por gerenciar a área de maior tráfego aéreo do país, o eixo Rio
de Janeiro – São Paulo, o famoso “Tubulão”. Há um quinto ACC, o ACC-AO, ou
Atlântico, responsável pelo controle das aeronaves que trafegam naquele setor
em demanda da Europa ou da África, desde a costa brasileira até o meridiano 10°
W; está sediado também em Recife, no CINDACTA III.
Vale a pena um comentário acerca desse último ACC, o ACC-AO: até julho de
2008, o controle era feito principalmente pelas comunicações das posições
disponibilizadas pelos pilotos em contato por HF, (High Frequence, Alta
Frequência), que, apesar de ter longo alcance, não permite total clareza na
comunicação, por interferências atmosféricas, vez que essa faixa de frequência
utiliza a ionosfera para refletir as ondas portadoras. Esse fato deixava
controladores e tripulantes com certa ansiedade pela possibilidade de falhas no
controle da posição da aeronave sobre o oceano Atlântico. O DECEA, que sempre
envidou esforços no sentido de ampliar a segurança das operações aéreas,
buscou a solução em um sistema utilizado com êxito no projeto SIVAM – Sistema
de Vigilância da Amazônia: o FANS (Future Air Navigation System, Sistema de
Navegação Aérea do Futuro) que foi testado e passou a operar no ACC-AO.
Trata-se esse sistema do ADS/CPDLC (Automatic Dependent Surveillance/
Controller Pilot Data Link Communication), sistema de tratamento, transferência
e visualização de dados de voo. Em outras palavras, os dados de posição da
aeronave são digitalizados por um equipamento dentro da aeronave e enviados
para um satélite. Desses são repassados para um processador que pertence
a uma empresa privada, desenvolvedora do sistema. Os dados são então
digitalizados e disponibilizados na rede interna da aeronáutica brasileira.
255
Capítulo 6
256
Direito Aeronáutico
257
Capítulo 6
258
Direito Aeronáutico
259
Capítulo 6
260
Direito Aeronáutico
261
Capítulo 6
Cartografia aeronáutica
A cartografia aeronáutica também é responsabilidade do DECEA, por meio
do ICA, Instituto de Cartografia Aeronáutica (não confundir o ICA com a ICA,
Instrução do Comando da Aeronáutica), responsável pela confecção das
diversas publicações de procedimentos aeronáuticos (em sentido amplo), para
utilização no espaço aéreo brasileiro e cada passo da navegação aérea obedece
a parâmetros estabelecidos nessas instruções publicadas pelo ICA. Entre essas
cartas, destacam-se as seguintes:
262
Direito Aeronáutico
263
Capítulo 6
O ICA publica uma carta específica à indicação das aerovias, chamadas de ENRC
(Enroute Chart, Carta de Rota): essas se classificam em L1 e L2, que mostram as
aerovias inferiores existentes na área do litoral brasileiro (até o Maranhão), todo
o sul, todo o sudeste, uma parte do centro-oeste e grande parte do nordeste; L3
e L4, as quais indicam as aerovias nas demais áreas brasileiras; por fim, H1, H2,
H3 e H4 indicam as aerovias superiores nas mesmas áreas indicadas pelas “L”.
Todas são publicadas pelo ICA.
As aerovias podem ser navegadas por instrumentos ou ser navegadas
visualmente, quando, então, são utilizadas as WAC, já citadas, junto aos auxílios
próprios. Todas essas cartas, assim como as chamadas Cartas D`água, as cartas
utilizadas em patrulha ou busca marítima, são impressas pelo ICA. Quanto à
WAC, está em andamento o processo de desativação deste auxílio.
Os pilotos e navegadores devem ser proficientes em todas essas instruções
para que operem com segurança os aviões, vez que as cartas são importantes
auxílios para a navegação, inobstante as informações acerca dos fixos e de suas
frequências constarem das memórias dos equipamentos de navegação mais
modernos, que navegam e orientam a aeronave a voar diretamente para eles.
Meteorologia aeronáutica
O DECEA também administra o serviço de meteorologia aeronáutica por meio
de seus centros especializados nessa função. O órgão principal é o CNMA,
Centro Nacional de Meteorologia Aeronáutica, localizado em Brasília, que faz
parte do Sistema Mundial de Previsão de Área (WAFS) da OACI. O CNMA é
responsável por receber, armazenar, processar e divulgar os dados globais do
tempo significativo e prognóstico de vento e temperatura de altitude.
264
Direito Aeronáutico
265
Capítulo 6
266
Direito Aeronáutico
Busca e Salvamento
Data de 1947, a mobilização no sentido de viabilizar um serviço de busca e
salvamento no Brasil, quando foi estabelecida a Comissão Organizadora de Busca
e Salvamento, o que resultou na criação do Serviço de Busca e Salvamento
Aeronáutico Nacional, aprovado pela Portaria Ministerial n° 324, de dezembro de
1950. Foi esse um reflexo das determinações da OACI (Anexo 12 da Convenção
da Aviação Civil Internacional de Chicago de 1944). A evolução do serviço de
busca e salvamento levou à instituição do Sistema SAR Aeronáutico, o SISSAR.
267
Capítulo 6
4
Rescue Coordination Center, Centro de Coordenação de Salvamento, também localizados um em cada
CINDACTA de Brasília, Curitiba, Manaus e dois no CINDACTA III em Recife.
268
Direito Aeronáutico
A tarefa da coordenação cabe ao DECEA, por meio dos RCC’s, também são
chamados de Salvaero. São esses órgãos que recebem os alertas a respeito
do desaparecimento de aeronaves ou embarcações e, depois de acionar
preliminarmente um esquadrão de busca, (para que esse prepare uma aeronave
na configuração adequada e acione a tripulação de sobreaviso), confirma os
dados a respeito do possível acidente, prepara um padrão de busca a ser
cotejado com o esquadrão e então autoriza a primeira decolagem para a busca.
269
Capítulo 6
5
Alas são as antigas Bases Aéreas. Esta nova denominação foi criada com a reestruturação da Força Aérea
Brasileira.
270
Direito Aeronáutico
271
Capítulo 6
Seção 3
Sistema de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos (SIPAER)
Como o próprio nome indica, é este sistema o responsável por todos os aspectos
envolvendo a investigação de acidentes aeronáuticos, como missão secundária, e
pela prevenção de novos acidentes, como missão principal. O SIPAER é formado
por todos os seus Elos e administrado pelo CENIPA, Centro de Investigação
e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, que é também o órgão executivo do
Sistema. Nesse ponto do trabalho, será proporcionada uma visão abrangente do
que é esse Sistema, começando pela história da investigação e concluindo com o
problema da criminalização de acidentes.
Histórico
Desde o advento das primeiras tentativas de voar com aparelhos mais leves e
depois mais pesados do que o ar, os acidentes aeronáuticos acontecem. Santos
Dumont se envolveu em diversos acidentes e incidentes com seus dirigíveis,
como o que aconteceu com o N-1: o pai da aviação decolou com este aparelho
do Parque da Aclimação, em Paris, e se chocou contra as árvores do outro lado
do descampado; a multidão que a tudo assistia viu o balão, fuselado de 180
metros cúbicos de hidrogênio, transpor rapidamente o espaço aberto do parque
e se rasgar nas árvores vizinhas do outro lado. O risco de explosão era grande,
mas por sorte nada aconteceu, exceto a destruição parcial do invólucro. Santos
Dumont permaneceu no pequeno cesto, com o motor praticamente encostado
ao corpo, tendo o reservatório de gasolina e de óleo preso à necele, e poderia ter
sofrido graves ferimentos. (BARROS, 2006).
272
Direito Aeronáutico
Deve-se lembrar que a aviação civil, a essa época, era regulada e fiscalizada
pelo Ministério de Viação e Obras Públicas, que não dispunha de um corpo de
técnicos especializados em prevenção de acidentes aeronáuticos. Os registros de
acidentes e incidentes também são escassos por essa época, mesmo na aviação
civil internacional.
273
Capítulo 6
Aos 18 anexos à Convenção da Aviação Civil foi adicionado mais 1 apenas, desde
1944, e justamente na área de prevenção: em 2013 nasceu o Anexo 19, que trata
da Gestão de Segurança Operacional. Este importante documento nasceu em
função da demanda do cenário aéreo cada vez mais complexo, e visa a padronizar
os procedimentos de segurança por todo o planeta.
274
Direito Aeronáutico
275
Capítulo 6
Esse comando também faz parte das orientações regulamentares: de acordo com
a NSCA 3-6, item 5.8.1,
276
Direito Aeronáutico
O CENIPA
O Brasil ratificou a Convenção de Chicago e a promulgou por meio do Decreto
20.713 de 27 de agosto de 1946. Com isso, as SARPS da Convenção passaram
a nortear a legislação aeronáutica brasileira (as ratificadas pelo Congresso
Nacional).
277
Capítulo 6
278
Direito Aeronáutico
A estrutura do SIPAER
De acordo com a NSCA 3-2, a estrutura do SIPAER é formada pelos Elos-SIPAER,
que são os diversos órgãos de segurança de voo dos operadores e instituições
afetas ao voo, e as pessoas qualificadas e credenciadas pelo CENIPA.
6
Apesar da denominação GGIP ainda constar da NSCA 3-2, atualmente, o órgão responsável pelas atribuições
de segurança de voo da ANAC é a ASIPAER GGAP, Assessoria de Articulação com o SIPAER, de acordo com o
organograma daquela autarquia, atualizado em 13/04/2016.
279
Capítulo 6
280
Direito Aeronáutico
Este conjunto de procedimentos era chamado pela antiga NSCA 3-3 de GSO,
ou Gestão de Segurança Operacional, que, por sua vez, “é um conjunto de
métodos e procedimentos a serem adotados no âmbito de uma organização
para prevenção de acidentes aeronáuticos, visando à Segurança Operacional.”
(NSCA 3-3. 1.6.3). Palestras, cursos, treinamentos, gerenciamento, aulas, enfim,
todos os recursos são utilizados pelos Elos-SIPAER para formar uma doutrina de
prevenção em meio à unidade aérea ou companhia aérea chamada de Gestão de
Segurança Operacional.
Mas nem todo esse esforço pode impedir completamente as ocorrências que
podem trazer danos aos operadores ou ao equipamento. De fato, no momento
em que essas linhas são escritas, foi publicada uma notícia no site informativo
TERRA que indica a queda de mais uma aeronave Airbus A-330, uma das mais
modernas em operação, como um alerta de que ainda há muito que fazer para
estabelecer a segurança de voo em padrões aceitáveis.
281
Capítulo 6
Classificação e procedimentos
Os eventos que interessam ao Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos são classificados em três grupos principais, de acordo com a NSCA
3-3 – Gestão da Segurança de Voo na Aviação Civil Brasileira, e são:
As ocorrências de solo não serão todas investigadas, mas sim somente aquelas
cujas circunstâncias e consequências justificarem tais medidas, a critério do
Comando Investigador, ou seja, aquelas que são consideradas graves ou
282
Direito Aeronáutico
foram ocasionadas por algum ato ilícito. Exemplos de ocorrência de solo são
choques entre EAS e aeronaves, transbordamento de combustível quando do
reabastecimento, esvaziamento do pneu da aeronave, por passar em cima de
ferramentas, rompimento do acoplador do HF, quando da lavagem da aeronave,
enfim, todos os eventos que escapam à rotina da operação normal da aeronave,
que traga algum tipo de dano a ela ou aos seus equipamentos e que não se
enquadrem como incidente ou acidente (todos os exemplos aconteceram de fato).
7
Herbert William Heinrich (1886-1962) foi teórico da industrialização americana. Desenvolveu sua tese em
estudos da segurança industrial, mas é plenamente aplicável à aviação.
283
Capítulo 6
desembarcado e, durante o qual, pelo menos uma das seguintes situações ocorra:
284
Direito Aeronáutico
8
Esta NSCA foi revogada, mas este comando está presente em todas as demais NSCA, pelo que está
em plena vigência.
285
Capítulo 6
D I PA A
(61) 3364-8811
Voo 1907
Em 2006, houve um acidente no Brasil que envolveu duas aeronaves, as quais
colidiram em voo. Uma delas era de fabricação brasileira e registro norte-
americano, a outra era de fabricação norte-americana e registro brasileiro: uma
era o Boeing 737 8EH, matrícula PR-GTD, operada pela Gol Transportes Aéreos
S. A., e a outra era um Embraer Legacy, BEM-135BJ, matrícula N600XL, operada
pela empresa ExcelAire Services, Inc, dos EUA. Os detalhes são os seguintes:
286
Direito Aeronáutico
287
Capítulo 6
Voo 3054
Outro acidente de grandes proporções ocorreu no dia 17 de julho de 2007, no
aeroporto de Congonhas. Um Airbus A-320, matrícula PR-MBK e operado pela
TAM Linhas Aéreas, decolou do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, por
volta das 17h:15, com destino ao aeroporto de Congonhas, onde chegou às
18h:45.
Durante o pouso, a aeronave não conseguiu parar nos limites da pista 35L, que
estava molhada, derivando lateralmente à esquerda, saindo do perímetro do
aeroporto e colidindo com um edifício da própria TAM, matando 199 pessoas, 6
tripulantes, 181 passageiros e 12 pessoas no solo. O relatório deste acidente é o
A-067/CENIPA/2009.
Por outro lado, os órgãos judiciais, como guardiões da ordem e da paz social,
possuem a missão constitucional de apurar os acidentes para verificar a
existência de algum ilícito penal para debelar as causas e pacificar a sociedade.
O anexo 13 da Convenção de Chicago, que trata de normas de investigação de
acidentes e incidentes, ainda não foi ratificado no Brasil, e o texto da Convenção,
esse ratificado pelo Decreto 21.713 de 27 de agosto de 1946, não é claro quanto
às regras de inquérito paralelo conduzido pelos órgãos judiciais e policiais, pelo
que não há ainda um caminho claramente delimitado o qual possa satisfazer as
pretensões do CENIPA e desses órgãos concomitantemente.
288
Direito Aeronáutico
289
Capítulo 6
9
São os gravadores de dados e de vozes da cabine: CVR Cockpit Voice Recorder, Gravador de voz da cabine; FDR
Flight Data Recorder, gravador de dados do voo.
290
Direito Aeronáutico
4.5.4 DIVULGAÇÃO
4.5.4.1 Após o recebimento do RP, o RF deverá ser confeccionado o mais
rápido possível. No caso de acidentes e incidentes graves da Aviação Civil, se
for ultrapassado um ano da ocorrência, o CENIPA divulgará aos participantes da
investigação as informações sobre o andamento dos trabalhos.
4.5.4.2 Após sua aprovação, o RF deverá ser divulgado pelo CENIPA o mais rápido
possível, não devendo ultrapassar o prazo de 10 dias corridos.
4.5.4.3 O RF é divulgado como se segue:
a) Ao(s) operador(es) e ao(s) proprietário(s) da(s) aeronave(s) envolvida(s);
b) A cada Elo da(s) CCI envolvida(s);
c) A cada órgão envolvido nas recomendações de Segurança Operacional;
d) Ao operador, CI e a todos os Elos da CCI de outra aeronave envolvida, quando houver;
e) Ao fabricante e/ou detentor do projeto da aeronave, quando pertinente;
f) No caso de aeronaves civis, também para entidade de classe ligada diretamente à
aviação, quando por ela solicitado;
g) No caso de aeronaves civis, para qualquer pessoa física ou jurídica, desde que seja
em proveito da prevenção de acidentes aeronáuticos;
h) Nos casos previstos no Anexo 13 à Convenção de Aviação Civil Internacional,
também para a OACI (acidentes com aeronaves com peso máximo de decolagem
acima de 5.700 kg) e países envolvidos, incluindo qualquer Estado cujos cidadãos
tenham sofrido lesões graves ou tenham vindo a falecer e qualquer Estado que tenha
fornecido informações pertinentes, instalações importantes ou especialistas.
291
Capítulo 6
4.8.1 CLASSIFICAÇÃO
4.8.1.1 Os RAI e os RP recebem a classificação mínima de “RESERVADO”,
independentemente das circunstâncias da ocorrência.
4.8.1.2 As informações contidas no item 2.2.18 devem ser protegidas, sendo proibida
a sua divulgação total ou parcial antes da elaboração do RF.
4.8.1.3 O RF de aeronave civil recebe a classificação de “OSTENSIVO”, devendo
constar apenas os dados relevantes para a análise do acidente.
4.8.1.4 O RF de aeronave militar do Comando da Aeronáutica recebe a classificação
mínima de “RESERVADO”.
4.8.1.5 Qualquer alteração no grau de sigilo dos relatórios deverá ser solicitada
diretamente ao CENIPA, a quem caberá promover o devido processo.
Siglas:
RAI – Relatório de Ação Inicial.
RP – Relatório Preliminar.
RF – Relatório Final.
292
Direito Aeronáutico
Síntese
Conforme se depreende da leitura deste capítulo, a atividade aérea quando vista sob
o prisma de seus sistemas principais possui contornos muito específicos. O sistema
aeroportuário, o sistema de controle do espaço aéreo e o sistema de investigação
e prevenção de acidentes possuem características que em muito se diferenciam
dos demais escopos sociais que o direito envolve, mas esse mesmo direito está
profundamente inserto na aviação civil, com suas normas e regulamentos regendo
cada aspecto da mesma, intimamente ligado à realidade fática.
293
Capítulo 6
Atividades de Autoavaliação
1. O Código Brasileiro de Aeronáutica descreve dez sistemas que formam a
infraestrutura aeronáutica e desses sistemas se destacam três que, em sua
amplitude, formam a base operacional da atividade aérea no Brasil. Trata-
se do Sistema Aeroportuário, do Sistema de Controle do Espaço Aéreo e o
Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos. Desses três,
quais permaneceram sob a égide do Comando da Aeronáutica mesmo com a
criação da Autoridade Aeronáutica Civil, ANAC, bem como os órgãos oficiais
responsáveis por eles?
294
Direito Aeronáutico
295
Considerações Finais
É claro que o estudo não termina aqui, sendo esta obra apenas a seta que indica
o caminho e dá a ferramenta essencial ao operador da aviação civil ou mesmo
ao operador jurídico, que está inserto nesse deslumbrante mundo que é o da
aviação. É certo que o voo fascina e apaixona, mas o conhecimento da norma,
aliado à prudência da operação segura tem o condão de torná-lo mais seguro
e eficaz, sendo esse o objetivo, ou seja, o voo seguro, a intenção final de tudo
quanto se estudou até aqui.
297
Referências
ANDERSON, Dole Abel. Aviação Comercial Brasileira. João Pessoa: UFPb. 1979.
BASSANI, Luiz. O mundo do avião: e tudo o que você precisa saber para perder
o medo de voar. São Paulo: Globo, 2005.
299
Universidade do Sul de Santa Catarina
300
______. Direito das Obrigações. v. I. São Paulo: Saraiva, 2003.
SIMÃO, José Fernando. Direito Civil: Contratos. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2006.
301
Universidade do Sul de Santa Catarina
ÍNDICE DE LEGISLAÇÃO
Decretos
302
Decreto 65.144/69 – Institui o Sistema de Aviação Civil do Ministério da
Aeronáutica e dá outras providências.
Leis
Lei 8.617/93 - Dispõe sobre o mar territorial, a zona contígua, a zona econômica
exclusiva e a plataforma continental brasileiros, e dá outras providências.
Lei 12.970/14 – Altera o Capítulo VI do Título III e o Art. 302 e revoga os arts.
89, 91 e 92 da Lei 7.565, de 19 de dezembro de 1986 – Código Brasileiros de
Aeronáutica, para dispor sobre as investigações do Sistema de Investigação e
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – SIPAER e o acesso aos destroços de
aeronave; e dá outras providências.
Portarias
303
Universidade do Sul de Santa Catarina
Regulamentos
304
Sobre o Professor Conteudista
305
Respostas e Comentários das
Atividades de Autoavaliação
Capítulo 1
1. Os dois preceitos mais importantes da Convenção de Varsóvia foram:
a) Padronização da documentação relativa ao transporte aéreo (ticket de
passagem e conhecimento aéreo de carga);
b) Limitação aos valores de indenização por acidente ou dano causado pelo
transporte aéreo.
307
Universidade do Sul de Santa Catarina
Capítulo 2
1. Deve-se indicar o regime jurídico da concessão (vez que se trata de cobrança
de tarifas), passando-se, obrigatoriamente, pelos Arts. 21, XII. “c” e 175 da
Constituição Federal.
2. O conflito se dá pela possibilidade de aplicação do Código de Defesa do
Consumidor (norma interna) e a Convenção de Varsóvia (norma internacional),
no tocante ao valor da indenização, em caso de danos causados pelo
transporte aéreo.
3. Até 2005, a Autoridade Aeronáutica era o DAC, Departamento de Aviação Civil,
órgão subordinado ao Comando da Aeronáutica, que exerceu essa função
desde 1931. Com a criação da ANAC, foi elaborado um novo paradigma de
trabalho no que tange à aviação civil, mas orientado sempre pelos preceitos
das normas internacionais advindas, principalmente, da CACI, Convenção da
Aviação Civil Internacional. Inobstante, as dimensões territoriais brasileiras,
se por um lado favorecem o desenvolvimento da aviação, por outro, trazem
extensos problemas para a regular atividade aeronáutica. Nesse contexto,
a ANAC, dentro das limitações inerentes ao serviço público nacional,
desempenha o seu trabalho com dedicação, mas, como dito, está limitada à
realidade brasileira, pelas falhas que aparecem no panorama da aviação.
4. Em 1986, em que pese possuir a Força Aérea Brasileira alguns esquadrões de
busca e salvamento, seus recursos eram limitados, tanto em material quanto
em pessoal. O Código Brasileiro de Aeronáutica, promulgado em face dessa
realidade, determinou que todos os meios aéreos seriam utilizados na localização
- ao menos - de aeronaves que estivessem em perigo ou acidentadas, pelo que
as aeronaves civis poderiam ser engajadas nessa missão. Assim, as aeronaves
em voo ou prontas para decolagem poderiam ser chamadas a efetuar buscas
de aeronaves que estivessem em situação de perigo ou mesmo fora do controle
do espaço aéreo. O ressarcimento das despesas efetuadas neste mister
somente seria devido em caso de utilidade da busca, ou seja, se a aeronave civil
encontrasse a outra desaparecida. Hoje, depois de esforços públicos e também
para a consecução de ditames internacionais que exigiam do poder político
brasileiro a ampliação dos meios de resgate e, ainda, o avanço na tecnologia de
monitoramento de aeronaves, a realidade é diferente.
308
Direito Aeronáutico
Capítulo 3
1. A primeira Autoridade Aeronáutica Civil foi A Inspetoria Federal de Navegação
(1920); depois o Departamento de Aeronáutica Civil (1931), ambos parte
do Ministério de Viação e Obras Públicas; em 194,1 o DAC passou para o
Ministério da Aeronáutica, mudou de nome em 1967 para Departamento de
Aviação Civil e, em 2005, a Autoridade Aeronáutica passou a ser a ANAC,
Agência Nacional de Aviação Civil.
3. As duas atribuições que envolvem a aviação civil e que não estão sob a
égide da ANAC são parte de dois sistemas: SISCEAB, Sistema de Controle
do Espaço Aéreo Brasileiro, que é responsabilidade do DECEA e SIPAER,
Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, que é
responsabilidade do CENIPA; ambos, DECEA e CENIPA são subordinados ao
Comando da Aeronáutica.
Capítulo 4
1. O transporte aéreo de passageiros e cargas é um serviço público e deve
ser prestado pela União, consoante o art. 21, XII, “c”. A União não explora
diretamente esse serviço público, delega às companhias aéreas particulares
a sua prestação, que cobram diretamente do usuário na forma de tarifas. A
escolha das companhias aéreas se faz na forma do art. 175 da Constituição
Federal. Os diplomas normativos ordinários de regência da prestação de serviço
público de transporte aéreo de passageiros são: Lei 7.565/86, Código Brasileiro
de Aeronáutica e Lei 8.666/93, Lei de Licitações (no que concerne à escolha das
companhias aéreas interessadas em prestar o serviço). A regulamentação do
Código Brasileiro de Aeronáutica nas partes afetas às Companhias Aéreas se
dá, principalmente, nos termos do RBAC 119, 121 e 135.
309
Universidade do Sul de Santa Catarina
Capítulo 5
1. Caminho de resposta. Os dois regimes jurídicos possíveis são: concessão e
autorização. A concessão é prevista para empresas de transporte aéreo do
tipo regular, enquanto a autorização é devida às empresas que se dedicam ao
transporte não regular, a exemplo das companhias de táxi aéreo.
Capítulo 6
1. Caminho de resposta: Sistema de Controle do Espaço Aéreo, SISCEAB, sob
a égide do DECEA e Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos, SIPAER, sob a égide do CENIPA e ambos subordinados ao
Comando da Aeronáutica.
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Direito Aeronáutico
311
capa.pdf 1 08/12/2017 09:59
Direito Aeronáutico
Universidade do Sul de Santa Catarina
Este livro contém o estudo das normas correlatas
nacionais e internacionais, além de aspectos
históricos e estudo sobre as Autoridades
Aeronáuticas Civil e Militar. Sua pretensão é
demonstrar a estrutura normativa pátria para
Direito
servir de esteio a aeronautas e aeroviários,
buscando o aumento da consciência situacional
Direito Aeronáutico
pelo conhecimento das regras aplicáveis à
Aviação Civil.
Aeronáutico
Ciências Aeronáuticas
w w w. u n i s u l . b r