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Tradução: Chayra Moom

Revisão Inicial: Chayra Moom

Revisão Final: Jaque

Leitura Final: Anna Azulzinha

Formatação: Gaby B.
Thresh.

Apenas o nome sugere poder, domínio, perigo ... e o que o próprio homem sugere? Oh
cara. Nunca conheci ninguém como ele. Maior que a vida, exsudando o poder bruto.
Ele é uma montanha de sexo masculino e robusto.
Mas tenho paredes que nenhum homem, não importa quão grande ele é, nunca foi
capaz de romper. Entretanto, Thresh não sabe aceitar "não" como uma resposta. Ele
está determinado a superar todas as minhas defesas e mostrar o que eu tenho
perdido.
O único problema é que Thresh tem inimigos. Poderosos, mortíferos, implacáveis
inimigos que não têm nenhum problema em me usar para chegar até ele. E Thresh
está ferido, com um braço inútil.
Pode Thresh encarar sozinho homens armados e perigosos, prontos nos matar e o
meu trem de carga emocional?
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Capítulo 1

Maldito homem
Experimente o paraíso na exótica St. John! Eu folheei a
brochura, olhando fixamente para as fotos — não que Miami
não fosse bonita, porque era, mas Miami era casa, e eu
precisava de uma mudança de cenário, mesmo que apenas
por alguns dias.
Bela Belize! Eu joguei este na pilha de ‘de jeito nenhum’.
A América Central não me atraía, por qualquer motivo.
Venha ver a Tailândia! Não. De jeito nenhum. Eu ouvi
histórias, e Tailândia parecia um pouco demasiado...
aventureiro, para minhas primeiras férias em mais de três
anos.
Eu peguei o folheto de St. John novamente, e quando eu
estava passando por ele pela terceira vez, uma colega se
sentou ao meu lado no sofá no salão do médico da UTI.
— St. John, hein? — Ela disse, lendo por cima do meu
ombro. Lizzy era vários anos mais velha do que eu, casada e
tinha três filhos pequenos. — Parece bom, vamos! — Eu ri.
— Só você e eu, hein?
— Claro, por que não? John pode lidar com as crianças
por alguns dias.
Eu ergui uma sobrancelha para ela.
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— E a vez em que ele mandou a mais velha para a


escola usando dois sapatos diferentes e sem um almoço?
— Ela está usando dois sapatos diferentes desde então.
Diz que é a sua declaração de estilo. E a escola deu-lhe um
almoço quente. Estava bem. — Eu ri.
— Lizzy, você depois não falou com ele por três dias!
Ela encolheu os ombros.
— Sim, bem, eu tendo a reagir exageradamente. — Ela
bateu o folheto na minha mão. — De verdade, Lola. Você
precisa tirar férias. Você não tirou um único dia de folga em
três anos. Eu sei que não somos exatamente próximas, mas
mesmo eu posso ver que você trabalha muito.
Eu assenti, suspirando.
— Eu sei eu sei. Eu só... — Eu acenei uma mão em
frustração. — Eu não sei onde ir, e eu não sei o que eu faria.
Lizzy olhou para mim como se eu tivesse gerado uma
segunda cabeça.
— Sente-se na praia, beba muitos Mai Tais, e encontre
uma cabana de praia quente para vagabundear.
Eu nem sabia por onde começar. Beber demasiado
soava como divertimento, e a sentar-se na praia soava como
diversão, mas após o que aconteceu...
O sistema de PA do hospital estalava sobre os alto-
falantes, ao mesmo tempo que meu pager zumbia no bolso do
meu casaco. Dra. Reed se encaminhe para a emergência. Dra.
Reed para o ER.
Salva pelo pager, aparentemente. Descer aquela estrada
mental enquanto estava em turno era uma receita para um
desastre.
Meu pager confirmou o que o PA acabou de anunciar:
Eu era necessária no ER.
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Eu não sou médica de urgência. Eu odiava a pressão e o


ritmo do ER, e prometi depois de fazer a rotação de minha
escola de medicina que eu nunca trabalharia no ER
novamente. Eu gosto da paz e relativa quietude da UTI, e eu
gosto de ser capaz de acompanhar o progresso de meus
pacientes. Na UTI não há nada da agitação selvagem e da
loucura maníaca e frenética da emergência, paramédicos
empurrando carrinhos de emergência através das portas,
ambulâncias indo e vindo, enfermeiras em fuga, médicos
correndo de paciente para paciente, sem nunca ter um
momento para si mesmo, sem um momento para respirar.
Não. O ER não é para mim.
Assim sendo, ir para o ER era bem incomum. Eu me
perguntava o que eles queriam?
Eu me apressei para os elevadores, meus sapatos
chiando no chão de cerâmica. Eu viajei até o primeiro andar e
através do hospital para o departamento de emergência. Eu
encontrei a mesa de triagem, e o homem brusco, de cabelos
grisalhos trabalhando.
— Olá, sou a Dra. Reed. Eu fui chamada para o ER.
Ele não olhou para cima da tela do computador.
— Sala de espera. Paciente perguntando por você.
— Perdoe-me? — Não era que eu não compreendesse o
que ele disse, era justo que... o que disse pode também ter
sido um non sequitur1.
Ele finalmente voltou sua atenção para mim.
— A sala de espera. — Ele enunciou cada sílaba, falando
para mim como se eu fosse ou estúpida ou difícil de ouvir. —
Há um paciente pedindo por você pelo nome.
Quem no mundo...?

1
Non sequitur é uma expressão latina (em português "não se segue") que designa a falácia lógica na qual a
conclusão não decorre das premissas. Num non sequitur, coloca-se uma premissa como sendo verdadeira mas,
depois, define-se que ela é falsa ou que há exceções para a sua veracidade.
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Qualquer um que me conhecesse chegaria à UTI


procurando por mim. Ou ligaria para mim. Ou mandaria
mensagem. Ou me encontraria em casa. Quem viria ao ER e
perguntaria por mim?
Eu puxei as extremidades do estetoscópio em volta da
nuca, um hábito nervoso meu. Pisquei algumas vezes, e então
empurrei pela porta e fui para a sala de espera.
Eu examinei a multidão — era uma noite de sábado,
então o Jackson Memorial ER era um lugar saltitante. A sala
de espera estava cheia e havia pessoas em todos os lugares,
sangrando, segurando bandagens improvisadas, gemendo,
inclinando-se sobre os entes queridos. No início, eu não vi
ninguém que eu conhecesse.
E então... lá estava ele. O homem que eu apelidei em
particular de Atlas estava sentado ao lado da mesa de
admissões.
Oh, eu me lembrei dele. Dois metros de altura,
provavelmente em algum lugar perto de 130 quilos, talvez
140. Um monstro real. Mas... um monstro ridiculamente
lindo, se você já entrou nas montanhas de músculos que
envolviam as placas tectônicas de ossos, tudo revestido por
acres de pele bronzeada.
Mas, porra, aqueles olhos. Pálido, pálido, pálido azul
gelo. Quase brancos, eram tão azuis. Uma estranha, sombra
perfurante. E seu cabelo, louro platinado, raspado nos lados
para criar um moicano curto mas largo que se assemelhava a
uma crista de capacete romano, perfeitamente aparado e
moldado. O tipo de cabelo que em qualquer outro iria parecer
estúpido, ou pelo menos juvenil. Mas sobre esse homem?
Apenas se adequava a ele. Fez parecer ainda mais
assustador. Grossa barba loira em sua mandíbula. Deus,
aquele pescoço era delicioso.
Esteve aqui um pouco mais de um ano atrás,
protegendo um amigo ou colega de trabalho que foi baleado.
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Nicholas Harris? Eu acho que era o nome dele. Um cara mais


velho, de boa aparência de uma forma magra, afiada e
áspera. Levou quatro tiros, ou cinco? Viveu e saiu para
contar a história. A coisa mais maldita que já vi, e eu vi
muito.
E agora, aqui estava o Atlas novamente, me chamando
pelo nome?
Duas coisas eram imediatamente evidentes — o sangue
de seus ferimentos fez com que ele parecesse ainda mais
assustador e, apesar da sala de espera lotada, todo mundo
estava dando a ele um amplo espaço.
Eu podia ver que seu braço esquerdo era um desastre
sangrento. Todo o seu tronco estava coberto de sangue, mas
acho que o pior estava vindo de seu braço e, possivelmente,
de seu ombro. Uma parte do sangue estava seca e o sangue
em sua camiseta preta estava coberto de crostas, o que
significava que ele foi ferido há algum tempo.
Essa camisa era tão grande que eu provavelmente
poderia caber nela duas vezes, mas estava apertada sobre ele,
esticada em seu peito, e estourando nos bíceps.
Eu respirei fundo e caminhei até ele.
— Você novamente. — Eu mantive minha voz afiada. —
Como posso ajudá-lo?
Ele encolheu os ombros, indicando o braço ferido.
— Isto.
— Eu não sou um médica de emergência. — Gesticulei
para a sala de espera. — Este é o ER, você tem que...
— Estive esperando um pouco, doutora. Quero que você
me conserte.
— Eu não sou um médico de triagem, Sr...?
— O nome é Thresh. — Ele se levantou, lentamente, com
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cuidado. Esticando-se. Instintivamente, me aproximei dele,


coloquei meu ombro sob seu braço bom para sustentá-lo. Não
que eu pudesse fazer muito para apoiá-lo se ele fosse
desmaiar. — Não importa que tipo de médico você é.
Apenas... conserte.
— Você terá que passar pelos canais apropriados, Sr.
Thresh.
— Então eu só vou sangrar aqui, eu acho. Estou
sangrando por algum tempo. — Ele se inclinou em mim, e
seu peso quase me esmagou.
Eu fiquei debaixo dele, tensa e me endireitei.
Levantando.
— Você não pode me obrigar a cuidar de seus
ferimentos, Sr. Thresh.
— Apenas Thresh. — Sua cabeça afundou em seu
pescoço. Seu peso aumentou enquanto ele perdeu a
habilidade de se levantar sozinho. Eu sou uma bonita menina
devotada, mas não havia nenhuma maneira que eu poderia
segurá-lo por muito mais tempo. — Estou ficando fraco,
doutora.
Olhei para ele, para seus traços esculpidos, brutalmente
bonitos. Realmente parecia macilento e pálido. Eu me
perguntava quanto tempo ele estava sangrando — Por quanto
tempo ele estava esperando aqui. O que aconteceu com ele?
Eu afastei esses pensamentos; isso não importava.
— Primeiras coisas primeiro: Precisamos cadastrá-lo. —
Olhei por cima do ombro para a enfermeira atrás da mesa. —
Posso pegar seus papéis, por favor?
O enfermeiro, mais uma vez, não olhou para cima.
— Não o preenchi.
— Posso ter os formulários em branco, então, por favor?
Ele soltou um suspiro, como se eu tivesse lhe pedido
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para vender seu filho primogênito, ou um rim, mas ele me


trouxe uma prancheta com as formas de entrada.
— Aqui. Boa sorte. — Ele olhou para Thresh
cautelosamente, e possivelmente um pouco irônico. — Você
vai precisar.
Thresh rosnou, um som não muito diferente do rumor
de advertência que você poderia receber, oh, digamos, de um
urso pardo irritado.
— Ei, amigo, veja isso. Eu ainda posso esmagá-lo como
um maldito inseto.
O enfermeiro empalideceu, arrastou um passo para trás.
— Eu, eu sinto muito. Eu só...
— Cai fora, insolente, — Thresh disse.
O enfermeiro correu para a sua mesa. Eu odiava como
isso me fazia sentir, vendo Thresh colocar aquela pessoa
desagradável em seu lugar. Eu lutei para manter o sorriso
fora do meu rosto. Entreguei a Thresh a prancheta.
— Preencha isso, por favor.
Ele levantou uma sobrancelha.
— Foda-se a papelada. Não vou fazer um transplante de
pulmão, aqui. Sem alergias, sem problemas médicos
relevantes. Só as feridas de bala.
— Você ainda tem que preencher, Thresh. Pelo menos o
básico.
Com um suspiro irritado, Thresh pegou a prancheta e a
caneta de mim. A mão dele era grande o suficiente para que
ele pudesse quase atravessar a largura da prancheta entre o
polegar e o mindinho. Quando ele apertou a caneta entre os
dedos, quase desapareceu, engolida inteira pelo tamanho de
sua mão. Era ridículo. Ele era tão grande que assustava a
mente e desafiava a compreensão.
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Eu o assisti rabiscar o mais básico de informações -


nome: Thresh; Idade: 37; Altura: 2,20m; Peso: 148 quilos;
Sexo: Sim, por favor.
Revirei os olhos e suspirei.
— Sério? Você é Austin Powers, agora?
Ele apenas riu e me entregou a prancheta.
— Tome. Agora, podemos ir?
Olhei para ele.
— Thresh... nenhum sobrenome?
— Não. Apenas Thresh.
— Você tem que ter um sobrenome, Thresh.
Ele encolheu os ombros.
— Claro, eu tenho um. Mas eu não uso.
— E Thresh é o seu nome?
Ele me encarou.
— É o único nome que você está recebendo, doutora,
então é melhor parar enquanto você está à frente.
— À frente? Como eu estou à frente? Você não me dará
seu nome verdadeiro, não me dará seu sobrenome — Estou
começando a me perguntar sobre você. O que você tem a
esconder?
— Recebi um tiro há quatro horas atrás, doutora —
disse Thresh. — Não tenho certeza quanto tempo eu posso
aguentar.
— Quatro horas? — Eu gritei, exasperada. — O que você
esteve fazendo desde então?
— Voando para cá.
— O quê? Você pilotou para cá?
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— Não, meu chefe pilotou. Harris. Você foi sua médica


há um ano ou mais.
— Eu me lembro disso, — eu disse enquanto me movia
com ele para as portas que levavam para a área de triagem.
— Onde você estava não havia hospitais a menos de quatro
horas de distância?
Ele tropeçou, e quase caímos, mas ele se endireitou mal.
Eu tive que dobrar os joelhos e usar a minha forma
deadlifting1 para colocá-lo de pé novamente. Ainda bem que
eu malho.
— Jesus, doutora, você é uma verdadeira besta, não é?
— Sua voz era baixa, apenas eu podia ouvir, roncando no
meu ouvido.
Olhei para ele, sem ter certeza de seu significado.
— Desculpe-me?
Ele estendeu a mão boa — que estava vermelha-preta
com sangue endurecido — e apertou meu bíceps.
— Você tem algumas armas debaixo desse casaco de
laboratório.
Eu ruborizei, mas trabalhei duro para manter meu tom
neutro, mesmo um pouco afiado.
— Mãos fora, Atlas.
Ele riu.
— Atlas?
— Você é grande o suficiente para que você
provavelmente pudesse carregar o peso do mundo sobre os
ombros, então, sim. Atlas.
— Ele é da mitologia ou alguma merda, não é?
— Ou alguma merda, sim. Mitologia grega, para ser
específica. — Eu não pude deixar de rir. — Um Titã, filho de
1
Deadlift refere-se ao levantamento de peso morto (sem força), tais como pesos deitados no chão. É um dos
poucos exercícios de musculação padrão no qual todas as repetições começam com peso morto.
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Æther e Gaia, se você ouvir Hyginus. Deus da lua, em alguns


casos, e geralmente conhecido como o Titã encarregado de
sustentar o céu.
Senti seu olhar em mim.
— Não merda? E se você não ouvir Hyginus?
— Alguns estudiosos dizem que seu pai era o Titã
Iapetus, e sua mãe era a Ásia, a Oceanid. Alguns dizem
Clymene. As opiniões variam. Eu gosto de ir com Æther e
Gaia. Faz mais sentido para mim.
Estávamos na área de triagem, agora, e eu estava
desesperadamente procurando por uma cama para depositar
Thresh. Eu não podia suportá-lo por muito mais tempo e não
acho que ele estava fingindo a fraqueza — ele claramente
perdeu um monte de sangue. Havia uma cama no corredor,
recém-refeita. Eu o inclinei para ela, o apoiei, e ele caiu com
gratidão sobre ela, soltando seu braço em torno de meus
ombros. Senti-me leve, livre, como se eu pudesse flutuar,
agora que seu peso não estava se apoderando de mim. Rolei
meus ombros, e endireitei minhas costas.
Não perdi o jeito como seu olhar focado como lasers no
meu peito enquanto eu esticava. Não era como se ele pudesse
ver muito, desde que eu estava vestindo um sutiã esportivo,
bem como uma camiseta apertada sob a minha camisa de
botão. Eu gostava de manter minhas meninas bem contidas
enquanto trabalhava, porque não aprecio a atenção que
receberia se eu revelasse demasiado com decote. Realmente
me vestia conservadoramente desde que queria ser respeitada
por meu talento, habilidade, e ética do valor como uma
médica, não por causa de meus peitos de tamanho DD.
Mas ainda assim, ele olhou.
Certifiquei-me de que ele captou meu olhar, me
assegurei que soubesse que eu o pegara olhando fixamente.
Ele apenas sorriu, erguendo uma sobrancelha, sem olhar
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apologético, em absoluto.
Ele também não parecia tão fraco como agiu há pouco.
Mas ainda estava um pouco pálido, e estava claro que
perdeu muito sangue, e tinha que estar em uma enorme
quantidade de dor.
Eu empurrei seu ombro sem ferimentos.
— Deite.
Ele se moveu para cumprir, mas lentamente,
rigidamente. Como se não estivesse acostumado a deitar-se,
como se doesse fazê-lo. Ficou deitado de costas, parecendo
desconfortável e inseguro.
— Como é isso?
— É apenas uma cama, Thresh. Tente relaxar.
— Você tenta relaxar com um ulna1 quebrado. — Ele
rolou o ombro ferido, sibilando. — Ou um par de rodadas em
seu ombro.
Tão gentilmente quanto pude, afastei seu braço de seu
corpo; Ele estava mantendo-o apertado por muito tempo,
provavelmente estava apertado nessa posição. E sim, ele
estava certo em sua avaliação: seu ulna estava em muito mau
estado, embora eu não classificaria como quebrado. Mas
como uma fratura severa. Olhei para seu ombro, notando
duas feridas de entrada na carne de seu ombro e músculo
peitoral.
— Você pode balançar para o lado para mim? Eu preciso
procurar feridas de saída. — Eu puxei para ele, indicando a
maneira que eu queria que ele se movesse.
Ele ficou imóvel.
— Não adianta, doutora. Não há feridas de saída, porque
as rodadas ainda estão aí. Este não é o meu primeiro rodeio.
Eu sei quando é um por completo, e quando eles estão
1
O cúbito ou ulna é um dos ossos que formam o antebraço, sendo o maior deles
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alojados.
Suspirei.
— Bem, que tal, uma vez que eu sou a médica, eu
gostaria de ver por mim mesma, novamente, por favor. Deixe-
me dar uma olhada. — E, como eu suspeitava, havia duas
feridas de saída limpa. Tanto para sua perícia médica. — Eu
não sei se você vai ficar feliz ou triste com isso, mas o fato é
que você tem duas feridas de saída limpas.
— Hmmph, — foi tudo o que ele disse.
Eu desbloqueei as rodas da maca.
— Vamos encontrar um quarto para você, para que eu
possa começar a trabalhar. Eu tenho outras rondas para
fazer, você sabe.
— Eu sei que eu poderia usar alguns malditos
assassinos de dor. Você tem algum Tylenol naquela bata de
laboratório sexy?
Olhei para ele, com uma expressão vazia em meu rosto.
— Os médicos não guardam remédios em seus
laboratórios, Thresh. — Eu não conseguia evitar que minhas
sobrancelhas caíssem. — E o que você quer dizer com bata de
laboratório sexy?
— O quê? Ninguém nunca disse que você é sexy naquela
bata de laboratório?
Eu endureci.
— Não. Não que eu me lembre.
— Então, com quem quer que você tenha andado tem a
necessidade de ter os olhos verificados. Essa merda é sexy. —
Ele levantou em seu bom cotovelo, com uma expressão
maliciosa em seu rosto. — Você anda por aí vestindo apenas
aquele casaco de laboratório? Talvez algumas meias 7/8
pretas e um par de saltos altos? Tire esse seu cabelo grosso
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fora desse bolinho estúpido, solte-o em torno de seus ombros.


Foda-se, homem. — Ele caiu de volta. — Merda... eu estalei
um semi só de pensar sobre isso.
Nós viramos uma esquina, e eu empurrei o botão de
chamada do elevador.
Eu corri novamente, e então meus olhos, esses
traidores, deslizaram para baixo. Maldição, droga, maldição.
Não cheque seu pacote, Lola.
Eu verifiquei seu pacote; que grande protuberância era
um semi?
Fiquei um pouco fraca.
E então fiquei com raiva, tanto com ele por me fazer
olhar para sua virilha e pensar sobre como enorme seu pau
devia ser, e comigo por ser tão fraca e facilmente manipulada.
Eu não estava indo por aí novamente.
— Não, — eu disse. — Eu nunca fiz... o que você disse.
É estúpido.
— Você deve fazer. Você poderia dar a um homem um
ataque cardíaco, se fizer isso. Material real para o banco da
palmada, direto lá.
— Banco da palmada? — Eu senti minhas bochechas
ainda mais vermelhas do que elas já eram — não que ele
seria capaz de dizer, não com o meu tom de pele samoana,
mas eu sabia que estava corando, e isso só me irritou mesmo.
— Jesus, você é um verdadeiro porco, não é?
— Mais um urso do que um porco, eu diria.
Eu corri meu olhar sobre seu corpo, contra vontade.
— Deus, ele era enorme. Muito parecido com um urso.
Kodiak, talvez, ou um urso polar, com seu cabelo loiro e olhos
pálidos.
E merda, merda, merda, ele me pegou verificando. Mas
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não disse nada, apenas sorriu e cobriu os olhos com seu


braço bom quando as portas do elevador se abriram.
— Eu nem sequer possuo meias 7/8, — eu disse, e não
tinha certeza por que disse isso, ou de onde essa admissão
veio.
As portas se fecharam, e Thresh falou sem me olhar.
— Você deveria ter um par. Pernas agradáveis, grossas e
musculosas, como eu imagino que você tem embaixo dessa
maldita calça solta que você usa? Elas estariam parecendo
extremamente sexy, doutora. Impressionante. Combinando
com uma saia curta e saltos altos? Cara, eu estaria pronto.
Coloque um garfo em mim, seria como o jantar.
— Pare de falar comigo desse jeito, — eu disse, e admito
que rosnei.
— O quê? Um homem não pode apreciar uma mulher
bonita?
Eu odiava o calor que envolveu meu coração, a forma
como parte de mim queria sentar-se e implorar por mais da
maneira que ele estava falando sobre mim.
— Não. Sou médica e você é meu paciente. Além disso,
você está me objetivando, e eu não o aprecio.
Sua voz era nítida, agora.
— Ei. Eu não me importo com essa afirmação. Eu não
estou objetivando merda. Voei para cá, a maldita Nevada,
doutora, só para ter você, especificamente, olhando para as
minhas pequenas lesões. Porque respeito sua habilidade
como médica.
— Obrigada.
— E porque você é quente para caralho.
Suspirei.
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— Você é incorrigível.
— Uma mulher pode ser bonita e bem sucedida com
base em suas habilidades e educação, e eu sou perfeitamente
capaz de reconhecer isso. Não seja tão tensa, porra.
— Eu não sou tensa, — eu disse. Eu odiava ser
chamada assim, com uma paixão. — Eu sou reservada, e
privada. Não sou tensa.
Ele riu.
— Tudo bem, tudo bem. Acalme suas mamas.
— Me desculpe? — Eu rosnei.
As portas do elevador se abriram, mas eu não me movi.
Eu estava tão irritada.
— Acalmar... minhas mamas? — Eu me aproximei de
seu rosto. — Se você quer que eu cuide de suas feridas, então
sugiro que você mantenha uma língua civilizada e respeitosa
em sua cabeça. Você... porra, me entende?
Suas sobrancelhas levantaram, e eu acho que ele lutou
contra um sorriso.
— Sim senhora. Entendo alto e claro.
— E eu não classificaria seus ferimentos como
‘pequenas lesões’.
Ele acenou com a mão desdenhosamente.
— Bah. Eu já tive piores e continuei lutando.
Eu não queria pensar sobre essa declaração muito de
perto. Ou, pelo menos, isso é o que eu tentei dizer a mim
mesma. Porém, não pude deixar de me perguntar, o que ele
fazia. Um cara do exército, ou alguém das forças armadas,
seria visto em uma base militar, não em um hospital civil.
Então o que ele estava fazendo aqui?
A ideia de que ele viesse ao Jackson Memorial de Nevada
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apenas para me ver fez minha cabeça girar, me fez tonta e


fraca, fez certas coisas doerem e pulsarem, e não tinha
nenhum negócio doendo ou pulsando — e eu não estava
falando sobre a minha atração. Meu coração foi fechado e
desligado por um longo, longo tempo, e por boas razões. Sem
sequer tentar, Thresh abriu-o e deu vida a uma parte de mim
que eu já mantive há muito tempo adormecida.
Quando chegamos a um quarto e cortei sua camiseta,
eu pude ver que ele não estava mentindo: seu corpo era um
labirinto de cicatrizes, velhas e novas, linhas finas e feridas
de bala enrugadas e cortes irregulares.
Jesus, o que esse homem atravessou em sua vida para
acumular tanta cicatriz?
Encontrei os olhos dele, e por um momento sua
expressão estava cheia de cansaço do mundo, seguida por
uma dureza, uma astúcia fria e calculada que me
aterrorizava até o meu âmago, mas desapareceu tão
rapidamente como apareceu, enterrado e mergulhado sob
uma fachada de calor e humor.
Eu coloquei minhas emoções de lado, empurrando-as no
fundo, no lugar onde eu sabia que elas estavam protegidas.
Eu pedi ajuda. Demos-lhe alguns anestésicos locais, e
eu fui trabalhar em seu braço, primeiro. Eu limpei a ferida,
coloquei o osso, verifiquei se havia dano muscular, costurei e
fechei. Ele não precisaria de placas ou parafusos, felizmente,
como era uma ruptura bastante limpa, assim como as feridas
de bala, com feridas de entrada e saída limpas.
Antes de mandar as enfermeiras embora, pedi-lhes que
lhe desse uma antitetânica, bem como um monte de
antibióticos e analgésicos. Eu o observei por um momento,
sentado no pé de sua cama. Ele estava acordado, mas fora
dele e desaparecendo rapidamente.
Ele estava olhando para mim. Tonto. Cansado.
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— Descanse, Thresh. — Eu odiava o quão terna minha


voz soou.
Ele era um porco. Um bastardo. O maior, mais duro,
mais duro homem que eu já encontrei. Enorme, difícil e além
de ruim.
Mas a verdadeira má notícia, a pior das notícias, era que
ele era o tipo de homem que eu passei a vida inteira evitando.
E com muito sucesso, eu poderia acrescentar... até
agora.
Por que eu me sinto tão...
Atraída para ele?
Fiquei de pé, saí de seu quarto sem olhar para trás,
puxando as pontas do meu estetoscópio, irracionalmente
zangada.
Ouvi uma risada atrás de mim.
Maldito seja esse homem. Maldito seja ele no inferno.
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Capítulo 2

Em negação
Eu não tive a chance de verificar Thresh novamente
nesse turno inteiro. Fiquei ocupada com paciente após
paciente na UTI, até que finalmente meu turno acabou e eu
estava tão exausta que não conseguia pensar. Estava tão
cansada que mal conseguia manter um pé na frente do outro.
Peguei minhas coisas do meu armário, despedi-me das
enfermeiras no turno da noite e depois caminhei até a
estação do Metrorail. Quando ele me deixou fora na minha
parada, arrastei a minha bunda pelos quatro quarteirões até
em casa, para meu apartamento no terceiro andar.
Minha casa. Meu santuário. Minha fuga de todos e de
tudo.
No segundo que eu passei através da porta, joguei o
meu pager no balcão da cozinha, chutei os meus sapatos,
encolhi e esfreguei os meus ombros. Quando entrei no meu
quarto, estava nua. Quando minha cabeça bateu no
travesseiro, eu estava dormindo.
Não tive um sono sem sonhos, embora. Eu sonhei com
um pálido gigante com moicano e olhos azul-gelo e mãos tão
grandes que poderiam envergar minha cintura — e eu não
sou uma garota graciosa. Sonhei sobre como ele olhou para
mim. Eu sonhei que estava no escuro, e ele acendeu uma luz,
e de repente eu percebi que estava nua, exceto pelo meu
jaleco de laboratório, com meu estetoscópio ao redor do meu
pescoço e um par de meias brancas até o joelho. Ele me
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alcançou, no sonho, e eu deixei. No sonho, eu usava meu


jaleco, as meias, e nada mais... e não sentia nenhum
embaraço.
Que era como eu soubesse que era um sonho.
Eu não tenho problemas de imagem corporal — eu
apenas... não me sinto confortável me colocando lá fora
assim. E com uma boa razão.
Quando acordei, estava de mau humor. Eu estava com
raiva de Thresh por invadir meus sonhos, e... se não
soubesse melhor, eu diria que estava excitada. Mas isso não
poderia ser possível — aquela parte de mim fechou há muito
tempo.
Eu empurrei tudo para longe, a raiva, Thresh... e o
vazio, com fome, mas não para comida, querendo algo, frágil,
delicado, latejante interno. Qualquer que fosse essa sensação
estúpida, eu a empurrei profundamente e tranquei o alçapão
sobre ela, onde mantive todos os sentimentos que eu não
sabia lidar ou até mesmo não queria lidar com eles.
Que era a maioria.
Procurei na minha gaveta de pijama, tirei a minha
camiseta favorita, a velha camiseta da Florida State
University do meu pai, vários tamanhos maior do que o meu,
mais velha do que eu, macia como seda, com minúsculos
furos aqui e ali. Ela esticou-se apenas o suficiente para cobrir
minha bunda, com o tecido marrom estendendo-se ao redor
de meus peitos, que, deixados sem confinamento e sem
suporte, eram grandes o suficiente para forçarem o algodão
antigo quase ao ponto de ruptura. Havia realmente buracos
direto sobre os meus mamilos, onde o tecido estava
começando a romper, então meus mamilos jogavam peek-a-

boo1. Ou, mais a proposito, peek-a-boob1.

1 Não existe uma tradução literal pra isso. Peek A Boo seria aquela brincadeira que as
pessoas fazem com os bebês, de cobrir o rosto com as mãos e depois diz algo tipo
"Achooou!"
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Nenhuma alma vivente jamais me viu usando esta


camisa, e ninguém jamais o faria. Era meu segredo. Usá-la
era apenas o tempo que eu já senti mesmo remotamente
atraente, ou sexy. Era para mim, e ninguém mais.
Então por que eu estava me perguntando o que Thresh
pensaria, se ele pudesse me ver agora?
Ele provavelmente ficaria com uma ereção tão grande
que teria rompido a sua calça.
Sozinha, no meu próprio apartamento, eu me vi
corando.
E, sim, pensando em Thresh... ou mais precisamente,
imaginando o quão grande era a sua parte de homem.
Muito grande, eu diria.
Suas mãos, afinal, eram simplesmente enormes.
Esse velho ditado, sobre a relação entre o tamanho dos
pés de um homem e seu... você... sabe? Não é verdade. Não
há correlação real. Mas é verdade se você está usando o
tamanho de sua mão como comparação: a extensão do pulso
de um homem à ponta do dedo médio fornece uma
aproximação muito boa de como grande será, para baixo,
quando completamente ereto.
Você aprende um monte de coisas estranhas na escola
de medicina.
Eu preparei um café da manhã, assisti as notícias e
tentei deixar de pensar em Thresh. Consegui, na maior parte.
Tomei um banho, e foi tudo negócio. Entre, molhe-se,
limpe-se e saia. Nenhum negócio engraçado para mim.
Certamente não enquanto pensava em Thresh.
Deus, o que havia de errado comigo?

1 Seria como “Achou o seio”


P á g i n a | 27

Eu não me toquei, nem sequer tive um pensamento sujo


de qualquer tipo, em três anos. Nenhuma atividade sexual de
qualquer tipo em três anos.
E lá estava eu, no chuveiro, pensando em Thresh, um
perfeito estranho e um ser humano excepcionalmente
aterrorizante, bem como o homem mais sexy que eu já vi. Eu
não fiz nada sobre isso, mas eu pensei sobre ele, muito.
Estava distraída o suficiente para me esquecer de usar o
condicionador no meu cabelo, e tive que voltar para o
chuveiro.
Por mais de três anos, pensei que minha libido estava...
destruída. Sem utilidade. Morta.
Talvez, apenas talvez... não estivesse.
Não significava que eu jamais confiaria em um homem
novamente, mas pelo menos eu sabia que não estava
destruída.
Ou, provavelmente não. Não totalmente, pelo menos.
Certo?
Era quase hora de ir trabalhar, e eu soube que uma vez
que eu tivesse esse jaleco de laboratório sobre mim, eu
estaria no controle. Sem emoções, sem pensamentos
estranhos ou fora do lugar. Estritamente negócios. Eu era
uma médica, e uma boa.
Curiosamente, entretanto, ao me vestir, era a primeira
vez desde que fui contratada pelo Jackson Memorial que não
coloquei um sutiã esportivo super apertado e constritivo, em
favor de um sutiã de renda flexível da Cacique. Totalmente
coincidência.
Não tinha nada a ver com Thresh.
Não.
P á g i n a | 28

Eu tinha a intenção de verificar Thresh muito mais


cedo, mas estava inundada no momento em que cheguei na
UTI. Lizzy teve problemas com o carro e estava várias horas
atrasada, o que me deixou cobrindo toda a UTI sozinha. Eu
não tive tempo para parar mesmo para fazer xixi, muito
menos tomar o almoço, muito menos ter tempo para visitar
pacientes do ER. Como estava, eu não me aproximaria para
vê-lo até que meu turno acabasse.
Meu plano era fazer a visita, certificar-me de que ele
estava indo bem, e depois ir embora. Certificar-me de que ele
sabia que era isso, e tchau. Nada mais de Thresh. Não fazia
sentido. Nada de bom viria disso, ou dele. Nada em absoluto.
Quando entrei em seu quarto, ele estava sentado na
cama do hospital. Tinha seis sacos de papel no colo, cinco
deles fechados e um copo de 950 ml na mesa ao alcance da
mão. A TV estava ligada a uma luta no UFC, e tinha um
cheeseburger duplo em sua mão boa. Ele devorou metade de
um hambúrguer em uma mordida, engoliu depois de
mastigar três vezes, e depois terminou em outra mordida. O
segundo foi tão rápido. Ele cavou na sacola, produzindo mais
dois cheeseburgers duplos, e fez o trabalho curto daqueles,
também.
Nesse ponto, percebi que os seis sacos de papel estavam
cheios de hambúrgueres.
Minha mente vacilou com a quantidade de calorias e a
quantidade de comida.
— Jesus, Thresh! Você está tentando se dar um ataque
cardíaco?
Ele olhou para a porta, notou que era eu e sorriu.
P á g i n a | 29

— O quê?
Eu gesticulei para os sacos.
— Parece que você tem bastante besteira para obstruir
artérias aí, para alimentar um exército.
Ele enrolou os embrulhos, jogou-os no saco e abriu o
seguinte. E, com certeza, produziu mais dois hambúrgueres.
— Estou com fome, — ele disse de boca cheia.
— Claramente. — Eu cruzei a sala e puxei uma cadeira
perto de sua cama. — Quantos hambúrgueres têm aí, afinal?
Ele piscou para mim, olhou para as bolsas e depois para
mim. Claramente, um pouco envergonhado.
— Trinta e seis.
Eu tossi de surpresa.
— Trinta e seis? Você está planejando comer trinta e
seis cheeseburgers duplos? Só você? De uma vez?
Ele se eriçou.
— Você já me viu? Um ou dois não irão satisfazer. Não
com o sangue que perdi. Precisa de um monte de calorias
para alimentar um corpo tão grande quanto o meu.
Eu gesticulei para os sacos.
— Mas... esse tipo de comida? — Eu enruguei meu nariz
com desgosto. — Essa merda é horrível para você.
Ele estreitou os olhos para mim.
— Doutora, eu não sei se você notou, mas eu não estou
realmente em qualquer posição para ser exigente. Se você
sabe onde posso obter uma caixa de salmão fresco e uma
grelha para cozinhá-lo, deixe-me saber. Ou talvez você tenha
uma misturadora e um balde de proteína de soro de leite em
seu jaleco de laboratório?
P á g i n a | 30

Suspirei.
— Eu acho que você tem um ponto aí. Mas a cafeteria
aqui certamente tem alguma salada que você poderia comer,
ou...
— Doutora. Novamente, dê uma boa olhada em mim.
Você acha que um recipiente de isopor pequenininho de
alface murcha e frango emborrachado vai matar a minha
fome? Eu liguei para baixo, mas quando eu pedi uma dúzia
de hambúrgueres e uma pizza inteira, eles desligaram. Então
eu disse fodam-se, e mandei meu chefe obter algum alimento
entregue a mim.
Eu balancei a cabeça.
— Uma dúzia de hambúrgueres e uma pizza inteira?
Ele suspirou.
— Eu como muito, ok? Perdi uma porção de sangue e
dormi por dezesseis horas. Eu estive com um bocado de dor
por quatro horas antes de tudo isso, e eu estive em um
tiroteio antes disso. Preciso de um monte de calorias. Sim, eu
sei que hambúrgueres de fast food não é exatamente a
escolha mais saudável, mas quando você tem uma fome tão
grande como a minha, você faz o que você tem que fazer.
Eu levantei minhas mãos em rendição.
— Contanto que você não coma dessa maneira em uma
base regular.
Ele me olhou com diversão.
— Por que, Dra. Reed, eu acredito que soa como se você
apenas pudesse se importar.
— Não se lisonjeie, Atlas. — Eu fui traída pelo meu
estômago, que escolheu esse momento para promulgar o
rugido assustador de fome da hiena Mufasa de O Rei Leão.
Thresh sorriu para mim, tirou um hambúrguer do saco
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e me entregou. E, porra, cheirava bem, e eu não comi nada


em mais de doze horas. Eu olhei o hambúrguer embrulhado.
— Maldito seja você. — Eu peguei o hambúrguer,
desenrolei, e tomei uma mordida. Ele era tão bom quanto
cheirava. Eu comi em quatro mordidas, o que me valeu um
sorriso sarcástico de Thresh. — Cale-se. Não comi desde o
café da manhã.
Ele cavou no saco.
— Tem outro. Eu tenho bastante. — Ele me olhou. —
Tem um primeiro nome, doutora?
Eu terminei minha mordida.
— Lola. – Tomei o outro, engoli, e voltei seu olhar. — E
você? Tem um nome verdadeiro?
— Eu lhe disse. Meu nome é Thresh.
Eu não acreditava nele, mas havia um sinal de
advertência em seus olhos, então deixei ir. Eu tiraria isso
dele, de uma maneira ou de outra.
Espere, não, não faria. Eu acabei com ele, lembra?
Gah. Aparentemente não.
Que foi como eu acabei sentada no quarto de Thresh,
comendo ‘merda para mim’ mas delicioso cheeseburger duplo
e assistindo UFC. Eu considerava o UFC bárbaro e selvagem,
mas porra se não era fascinante.
Quando chequei meu relógio, percebi que passei duas
horas com Thresh, conversando sobre o UFC, sobre filmes e
programas de TV populares, música, esportes — ele jogou
como linebacker do FSU, o que significava que tínhamos o
futebol do estado da Flórida em comum.
O que não fizemos foi compartilhar qualquer informação
pessoal significativa de qualquer tipo.
Mas não era estranho. Nós apenas... estendemos. Ele
P á g i n a | 32

não fez nenhum comentário lascivo, não bateu em mim. Não


o que eu estava esperando. Foi uma, decididamente
inesperada, mas agradável visita. Eu não joguei conversa fora
com qualquer um em... Eu nem sabia quanto tempo. Eu
realmente não tinha amigos íntimos, ou... nenhum amigo, na
verdade. Eu tinha colegas com quem eu era amigável, como
Lizzy, e eu tinha meu pai, mas ele estava escondido em sua
cabana no Everglades, então eu só o via de vez em quando.
O que significava que eu passava a maior parte do meu
tempo no trabalho, na academia ou em casa. Às vezes eu ia
ver um filme sozinha, ou tinha um bom jantar. Sozinha.
Por escolha.
Tipo assim.
Meu raciocínio estava me deixando morosa, então eu me
levantei, limpei as migalhas e disse:
— Obrigada pela companhia, Thresh. Eu realmente
gostei.
E agora seu olhar finalmente fez o que eu estava
esperando toda a noite: desceu e fixou no meu peito. Ele
engoliu em seco, pestanejou, voltou seus olhos para os meus,
e tentou muito mantê-los lá, mas... era inútil. Eu olhei para
baixo também, e então me permiti um pequeno sorriso. Quer
dizer, eu podia ver por que ele olhava fixamente. É difícil não
olhar, afinal. Quando você tem seios tão grandes quanto os
meus, em um quadro como o meu? Eles não precisam de
muita ajuda para se destacar. Quando você os sustenta em
um sutiã flexível? Deus ajude qualquer homem hétero com a
visão. Ele ficaria preso, puxado para a órbita de meus peitos
colossais e naturais.
Thresh limpou a garganta, arrancou o lençol cobrindo
as pernas e virou os olhos para a TV. Com grande esforço,
notei.
— Não fique surpresa, — disse ele. — Posso ser boa
P á g i n a | 33

companhia, às vezes.
— Eu não quis dizer que soasse assim...
Ele sorriu para mim.
— Não se preocupe com isso. As pessoas fazem
suposições sobre caras que se parecem comigo. E, além
disso, você trouxe suas meninas, e você não as aprisionou em
algum sutiã esportivo estúpido.
Eu ri.
— Eu costumo trazer minhas meninas comigo em todos
os lugares, uma vez que elas estão meio ligadas a mim.
— Sim, bem, eu acho que eu poderia estar ficando
ligado a elas, também. — Ele emparelhou esta declaração
com um flagrante comer com os olhos.
— Você não pode realmente ver nada! Só estou usando
um sutiã normal.
— Eu posso ver a forma geral, e eu tenho uma
imaginação vívida. — Ele piscou para mim, e depois voltou
sua atenção para a TV.
— Oh? E o que sua imaginação lhe diz sobre meus
peitos?
Ele lentamente girou a cabeça para olhar para mim,
desligando a TV com o controle remoto ligado à cama sem
olhar para ela.
— Não tenho certeza se quer me fazer essa pergunta,
doutora. Não, a não ser que esteja pronta para a resposta. —
Sua voz era um ruído gutural baixo, um ronco, escura,
madura com uma promessa lasciva.
Eu engoli em seco, meu estômago incomodou e meu
sangue bateu em minhas veias. O olhar em seus olhos era
positivamente feroz. Fez algo a minhas entranhas, fez meus
joelhos aquosos. Eu nunca recuei de um desafio, no entanto,
P á g i n a | 34

e ele estava me atrevendo.


— Eu não teria perguntado se eu não pudesse segurar a
resposta.
Ele girou na cama, arrastando cabos de monitor e tubos
de intravenosa de lado. Ele deveria estar com dor, ainda.
Devia estar fraco. Em vez disso, irradiava poder. Exsudando
sensualidade e dominância. Força. Sexy, carisma masculino.
Sentado à beira de uma cama de hospital, vestido com um
vestido de hospital muito pequeno para ele, conectado a
monitores e intravenosas — ele não deveria ter sido capaz de
me transformar em desordem, de fazer minhas palmas
suarem e meus joelhos tremerem e minha pele formigar.
Mas ele fez.
Ele estendeu o braço bom, agarrou as extremidades do
meu estetoscópio e me puxou para ele. Eu não o deixei, por si
só, eu só... estava impotente para resistir.
Ele me puxou mais e mais perto, polegada por polegada,
até que eu ficasse entre seus joelhos, olhando para ele.
Respirando com força, o que fez meus seios — já
proeminentes — incharem ainda mais. Seu olhar foi para o
meu peito e ficou lá, observando-me respirar profundamente,
observando os meus seios forçarem contra os botões.
Como a maioria das meninas tão bem dotadas como eu
sou, nenhuma camisa de botão cabe-me direito. Elas eram ou
sem forma, ou muito grande em todos os lugares, ou muito
pequenas. Ou mesmo se elas encaixassem em meus ombros e
cintura adequadamente, os botões sobre meus peitos
estariam esticados na máxima capacidade, e haveria espaço
entre os seios, onde as pontas da camisa não se encontravam
completamente. A camisa que eu estava vestindo era da
última variedade, o que significava que do ângulo certo, ele
seria capaz de capturar vislumbres de pele e rendas.
Ele estava no ângulo certo, claramente.
P á g i n a | 35

Ele ergueu os olhos, impressionante o suficiente, para


encontrar os meus, e eles ficaram lá. Agora ele estava
olhando para mim. Em mim. Não só para mim, mas também
em mim. Perguntei-me o que ele viu, o que leu nos meus
olhos. Deus sabe que eu estava confusa o suficiente para que
eu mesma não tivesse ideia do que estava pensando ou
sentindo.
Seus olhos nos meus, ele estendeu a mão, deslizando a
ponta do dedo pela minha garganta. Onde a ponta do seu
dedo tocou, minha pele queimou; seu toque era elétrico, me
incendiando. Para baixo, após o colar, para o botão superior.
Eu abotoei tudo, exceto o botão superior, o que significava
que seu dedo só viajou uma curta distância. Mas, quando
alcançou o botão superior, ele não parou. Ele fez algo
impossivelmente habilidoso com seus dedos enormes, e o
botão deslizou livre.
— Thresh? — Minha voz era fina, fraca.
— Sim, doutora? — Ele era firme, forte, mas baixo.
— O que — aham. O que você está fazendo?
Ele desabotoou um segundo botão, e agora a divisão dos
seios era visível. Não muito, mas um pouco. E deus, aquele
terceiro botão... estava lutando valentemente para conter
meus peitos. Uma respiração profunda, e ele poderia apenas
pular livre.
Thresh ao salvamento... do botão. Ele o abriu, e agora
meus peitos derramaram-se para fora da abertura, uma
imensa extensão de pele de caramelo escuro montando sobre
o sutiã. Os olhos de Thresh arregalaram-se quase
comicamente, e um monitor emitiu um sinal sonoro em seu
ritmo cardíaco.
— Jesus, porra de Cristo em uma bicicleta, doutora, —
ele respirou. — Essa é a coisa mais fantástica que já vi.
— Eu ainda estou completamente coberta, — eu
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indiquei.
— E melhor do que todos os outros seios nus que eu já
vi, combinados.
— O caramba, você diz. — Eu tentei carregar, casual, e
acabou soando estúpido e argumentativo.
Ele voltou a encontrar meus olhos, e agora talvez ele
visse minha insegurança.
Espere, não. Eu não sou insegura. Eu sou apenas...
conservadora. Privada. Eu não gosto de vestir-me para
chamar a atenção.
Minha repreensão interna nada fez por mim. Eu pisei
fora do alcance, abotoei minha camisa de volta do jeito que
estava, todos menos um botão preso.
— Obrigada pelos hambúrgueres, Thresh. — Eu me
virei, e fui até a porta antes que ele falasse.
— Eu lhe disse.
Eu parei, a mão na maçaneta da porta, e olhei para ele.
— Me disse o quê?
— Você não gostaria da resposta.
— Sua imaginação lhe disse para desabotoar minha
camisa?
— Minha imaginação me disse para fazer muito mais,
doutora. — Sua voz era aquele rosnado lascivo novamente,
aquele que fez meus joelhos tremerem. — Mas eu não vou
fazer nada disso até termos estado em pelo menos um
encontro.
— Encontro?
— Sim. Um encontro. Você sabe, onde um cara e uma
garota saem e passam tempo juntos fazendo vários tipos de
atividades verticais?
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— As atividades verticais? — Minha inteligência, que era


geralmente bastante prodigiosa, parecia ter me abandonado.
— Ao contrário da variedade horizontal. — Ele fez uma
pausa para efeito, os olhos azuis pálidos eram ferozes,
quentes e penetrantes. — Com o que eu quero dizer, fodendo
um para o outro.
— Maldição, Thresh... você não pode dizer uma merda
assim para mim. — Eu mal consegui dizer as palavras.
— Ah não?
Sacudi a cabeça, e meu cabelo, comprido, preto,
ondulado, espalhafatoso, preso numa trança solta pendurada
por minhas omoplatas, saltou para frente e para trás.
— Não.
— Por que não?
— Porque nós não estamos indo em um encontro, muito
menos... o que você disse. — Eu estava bastante orgulhosa de
quão firme era a minha voz.
— O que é, doutora? Não pode falar sujo? — Ele parecia
divertido.
— Eu xingo todo o tempo.
— Grande diferença entre xingar e falar sujo, doutora. —
Ele sorriu para mim, mas não era um sorriso doce, ou um
inocente, ou mesmo tranquilizador. Longe disso, de fato. Foi
um sorriso que me lembrou um leão com presas fáceis à
vista.
— Verdade. Mas, independentemente, nada disso está
acontecendo. Nenhuma atividade, vertical ou horizontal.
Ele não parecia perturbado com a minha rejeição.
— Doutora. Por que você está mentindo? — Ele disse
isso com um sorriso arrogante.
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Virei-me para a porta e agarrei a maçaneta.


— Eu não estou mentindo. Não vou sair com você, e não
vou dormir com você. — Eu consegui realmente soar como se
eu acreditasse nisso.
Eu acreditei. Eu não tinha intenção de fazer nada com
uma má notícia monstro – pedaço de homem bolo de carne
como Thresh, horizontal, vertical, ou de outra forma.
Mas as intenções e o que se faz muitas vezes são muito
diferentes.
No entanto, eu disse a mim mesma que era verdade. Eu
quis dizer isso. Droga, eu não estava...
Ele estava bem atrás de mim, esticando os tubos da
intravenosa e os cabos do monitor até onde eles iam. Eu o
senti.
— Lola. — Ele rosnou meu nome.
Foi a primeira vez que ele disse isso, e o som fez meu
coração virar, meu estômago cair e meus joelhos ficarem
moles.
— O que, Thresh? — Eu me recusei a me virar.
— Quando eu saio desta ligação?
— Vou verificar seus gráficos. Amanhã, porém, seria o
meu melhor palpite.
— Amanhã é quinta-feira, então... — ele se aproximou
mais perto, e eu podia sentir seu corpo atrás do meu,
pressionando contra mim.
Senti um puxão no meu cabelo, e percebi que ele estava
embrulhando minha trança em torno de seu punho. Então
ele puxou minha cabeça para trás, gentil mas firmemente.
Meu rosto inclinou-se para cima, e senti sua respiração
quente em meu ouvido e ouvi — não, senti — sua voz como os
tremores de um terremoto distante.
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— Sexta-feira. Seis da noite, vou buscá-la em casa. —


Ele me soltou, então, e eu o ouvi arrastando de volta para a
cama.
Ouvi o protesto da cama enquanto ele se abaixava sobre
ela, e então eu ouvi a TV clicar, os sons da luta do UFC
retomando.
Eu finalmente consegui respirar, a minha primeira
respiração em quase um minuto.
Eu corri totalmente daquele quarto como uma gazela
assustada. Não que eu seja construída como uma gazela, mas
seja o que for.
Eu fugi sem olhar para trás, fugi tão rápido que minha
cabeça girou.
E enquanto eu fugia, eu cantava internamente: NÃO,
NÃO, NÃO, NÃO, NÃO.
Chame isso de piada.
P á g i n a | 40

Capítulo 3

Cabeceira
Eu arrasto um monte de boceta. Muito.
Não tanto quanto meu amigo e parceiro de armas, Duke,
simplesmente porque, muito honestamente, eu não sou tão
bonito quanto aquele filho da puta. Mas esse não é o ponto.
Duke e eu não competimos, nunca competimos e nunca
vamos competir. Não há necessidade. Nós somos alas.
Irmãos. Eu apoio suas peças, ele apoia as minhas, sem
perguntas. Se ele me pedisse para atacar Fort Knox com uma
arma Daisy BB, eu faria isso e não me preocuparia em
perguntar por quê.
De volta ao meu ponto, porém. Eu arrasto uma boceta
onde quer que eu vá, e não tenho que tentar. Caminho até o
clube como: "O que, eu tenho um grande pau!"1 — desculpe,
desculpe, essa música está presa na minha cabeça. A linha é
verdadeira para mim, no entanto. Meninas dão uma olhada
em mim e assumem, corretamente, que eu estou
empacotando tanto entre as minhas pernas como eu mostro
em qualquer outro lugar. Eu bato meu dedo, e tenho diversão
para a noite, ou o fim de semana, ou a semana. Nunca mais
de uma semana, porque não estou no mesmo lugar mais de
uma semana, exceto quando estou no complexo no Colorado.
Mas desde que Harris e Layla se engataram, aquele
maldito lugar sempre ecoa com os gritos de Layla, e isso não
é algo que eu queira ouvir. Harris é sacrossanto, e assim é

1 Música: "Thrift Shop" Macklemore & Ryan Lewis Feat. Wanz


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Layla. Duke e eu balançamos trios juntos, ou quartetos. Não


há problema. Não tenho problema em ouvi-lo fazer seu último
grito de conquista. Mas Harris é o CHEFE, e Layla é a
SENHORA CHEFE. E a senhora do chefe. Então, não, eu não
fico por perto para ouvi-la uivar. E, Jesus da foda, ela grita
alto.
De verdade, porém, eu juro que tenho um ponto para
tudo isso.
Meu ponto com a Dra. Lola Reed, M.D. é um pouco...
complicado. Eu a quero. Ela me quer. Mas ela está fechada e
desligada. No entanto, eu vejo relâmpagos de fogo nela de vez
em quando. Ela é sexy demais, e parece exótica. Vinda da
ilha, ou filipina, ou algo parecido. Misturada, talvez? Eu não
sei. Alta, com uns 1,80m, talvez 1,70m, 1,75m. Pele como
caramelo apenas um pouco mais escura, suave e sem falhas.
Uma figura muito sexy. Como... Eu fico todo emocional,
sufocado e excitado apenas olhando para ela completamente
vestida; eu não teria chance se tivesse que vê-la nua. A
garota tem curvas. Tonificada. Malhada. Ela claramente gasta
tempo na academia e come coisas saudáveis, mas não tem
nenhum problema entregando-se de vez em quando. Eu não
sei tamanhos ou algo assim porque não dou a mínima, então
não poderia dizer se ela é um M ou G, eu só sei que ela tem
uma bunda que não acaba, e seios que — nem tenho
palavras... eles são enormes. Perfeitos. Redondos, deliciosos
— parecendo globos de doce, carne doce. Eu ainda tenho que
ver o suficiente de suas pernas para dizer como elas se
parecem, mas se o que eu vi até agora é qualquer pista, eles
serão grossas, fortes, curvilíneas e musculosas.
Quando eu apareci pela primeira vez no ER, eu
realmente fiquei perto de desmaiar. Eu estava jogando
apenas um pouco, mas ela realmente apoiou o meu peso.
Quase carregou a minha bunda pesada, e isso não é tarefa
fácil. As garotas fortes são extremamente sexys, se você me
perguntar. Mas ela não é toda músculos, como uma
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fisiculturista. Ela é macia. Mulher. Merda, isso pode ter sido


chauvinista ou o que quer que seja, mas é assim que eu gosto
de uma mulher. Forte, mas ainda macia, curvilínea e
feminina.
E Lola tem tudo isso inquestionavelmente.
No entanto, ela esconde o corpo assassino sob roupas
conservadoras. Vestindo calça frouxa, blusas flácidas e
soltas, um sutiã esportivo apertado, sapatos sensíveis e
confortáveis para uma mulher que fica em seus pés o dia
todo.
Exceto ontem. Ela apareceu no meu quarto no final de
seu turno parecendo esgotada, com fome, estressada... e
vestindo um sutiã flexível que tinha seus seios apenas
implorando para serem liberados. Implorando para serem
lambidos, chupados, fodidos, vistos e adorados.
Ela não é imune a mim, eu vi seus olhares roubados, e
eu vi sua respiração pegar. Mas ela sempre se reúne, e me
derruba.
Bom para ela.
Não significa que eu vou deixá-la ir embora. Isso só
representa um desafio e, honestamente, quando se trata de
mulheres, nunca é realmente um desafio para mim.
E querida, eu adoro um desafio.

Lola estava fora nos próximos dois dias, então o médico


de plantão era um cara, um velho e grosseiro. Mas ele me
disse que eu estava bom para ir e ia aprontar os papéis para
me liberar naquela manhã, sexta-feira. Ele me dotou de
algum tipo de elástico experimental para o antebraço, que era
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suposto ser impermeável, removível, respirável e permitia


mais movimento do que um gesso tradicional. Eu estava feliz
por isso porque tinha muita merda para fazer para ficar preso
com um grande gesso ou uma monstruosidade de fibra de
vidro; além disso, Harris estava pagando a conta do hospital.
O médico amarrou meu braço contra o meu tronco com uma
facha apertada, com bandagens extensas ao redor do meu
ombro e no peito.
Felizmente foi o meu braço esquerdo e ombro, não o
meu direito, por que eu sou destro. Eu poderia ainda usar
uma arma de fogo, se necessário, e na maior das
circunstâncias eu poderia trabalhar uma arma com uma
mão, ou atirar com um rifle de assalto da cintura, com uma
mão. Não seria preciso em nada, mas faria os maus
pensarem duas vezes, pelo menos.
Eu assinei os documentos de alta, saí do hospital e
peguei um táxi para um hotel próximo e reservei um quarto.
Eu estava assumindo que a boa médica não morava longe do
trabalho.
Coloquei-me na cama do hotel, chamei Lear, meu amigo
de alta tecnologia, no meu celular. Ele tocou e tocou e
finalmente foi para o correio de voz. Eu não me incomodei em
deixar uma mensagem porque, conhecendo Lear, ele me
ligaria de volta... cinco... quatro... três... dois...
Brrrrring. Eu bati aceitar.
— Lear, amigo. Você pode me fazer um favor rápido?
Lear Winter era o especialista em tecnologia da Alpha
One Security, um hacker da mais alta ordem, ex-NSA e
malditamente assustador com qualquer coisa eletrônica. Ele
poderia fazer o tipo de besteira ‘do espião no céu’ que
mostram nos filmes; como alguém vagueando em todo o
mundo com um satélite hackeado enquanto está sentado em
sua maldita sala de estar. Só para mostrar, uma vez ele
sequestrou um satélite e ampliou uma praia de nudismo no
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Canadá em algum lugar, eu acho que era Wreck Beach em


Vancouver. Ele ampliou tão perto que você poderia
praticamente tocar as babás nuas que se bronzeavam. Foi
bizarro.
— Pela última vez, Thresh, não, eu não vou hackear a
lista de clientes da D.C. Madam para você.
— Engraçado, Lear, muito engraçado. Por que eu —
espera. Você pode fazer isso?
Ele bufou.
— No meu sono. Em um estupor bêbado, enquanto
vomito. O ponto é, você teria que estar disposto a chantagear
todo o governo dos EUA. Que, tendo trabalhado para eles, eu
não estou. — Eu o ouvi batendo no fundo, bem como o bater
rítmico de algum tipo de música eletrônica. — O que você
precisa, Thresh?
— Preciso do endereço de uma Lola Reed, MD. Ela é
médica em Miami. Trabalha no Jackson Memorial...
— Já a tenho, — interrompeu Lear, e leu o endereço
dela. — É um condomínio, terceiro andar, a poucos
quilômetros do hospital.
— Isso é estranho, Lear. Sério. Isso foi como, o que,
trinta segundos?
Eu quase podia ver seu encolher de ombros.
— Brincadeira de criança, Thresh. Encontrar alguém
que não quer ser encontrado é fácil o suficiente, a menos que
eles sejam profissionais. Alguém sem a concepção de ficar
fora da grade? Por favor. — O telefone murmurou, como se
estivesse trocando de mãos. Ou seja, ele fez isso em menos de
trinta segundos, com uma mão. — Eu tenho o perfil dela, se
você estiver interessado. Estudou na FSU...
— Não, obrigado. Apenas seu endereço está bem. Vou
descobrir o resto da maneira divertida. Obrigado, nerd-boy.
P á g i n a | 45

— Sem problema, cabeça de esteroides. Ei, como está o


braço?
— Braço e ombro, na verdade, mas... bem, quero dizer,
não está bem, mas está tudo bem. Sabe o que eu quero dizer?
Ele riu.
— Na verdade não. Nunca fui baleado.
— Você está perdendo, cara, é o mais divertido que você
já terá, eu juro. Ulna fraturado, músculos do ombro
rasgados. Estarei fora de serviço por um tempo, exceto por
emergências. Mas vou curar. Eu já estive pior.
— Sério?
— Você não quer saber. Você realmente não quer.
— Provavelmente não. Ok, bem, melhore. E se precisar
de mais alguma coisa com sua doutora, me avise. Dê-me um
par de minutos, eu posso provavelmente dizer-lhe que tipo de
pasta de dentes que ela usa, e onde ela compra sua lingerie.
— Bizarro, nerd-boy. Bizarro para caralho. Mas é por
isso que estou feliz por você ser meu amigo.
— Se você soubesse como facilmente eu poderia apagar
ou roubar sua identidade inteira, você pararia de me chamar
de nerd.
— Sim, bem, os esteroides mexeram com meu cérebro,
você sabe?
— Verdade. Muito bem, falarei com você mais tarde,
cabeça de carne.
— Tchau. — Eu desliguei, rindo.
Eu chamo Lear de nerd-boy porque é engraçado, e é
verdade, embora Lear tenha um aspecto de viciado em
adrenalina em sua personalidade que é inteiramente não —
nerd. Ele é bizarramente inteligente, bizarramente rápido com
a magia do computador, e totalmente desprovido de qualquer
P á g i n a | 46

senso comum quando se trata de fazer merda estúpida —


perigosa que pode matá-lo apenas para as merdas e risos
dele. Quer dizer, eu sou um mercenário — eu travo batalhas
de armas para ganhar a vida. Mas isso é diferente, desde que
eu sou pago para arriscar meu pescoço. Esse idiota louco faz
isso por diversão. Esquisitices de nerd.
E, para o registro, eu não uso esteroides. Isso é tudo
parte da piada interna entre Lear e eu. Só... você sabe, para
ser claro. As pessoas costumam olhar para mim e assumir
que ou eu uso esteroides, ou eu sou estúpido, e geralmente
ambos. A verdade é que eu nunca usei esteroides, não
importa o quão grande eu sou, e estou longe de ser estúpido,
embora não esteja nem perto de tão inteligente como caras
como Puck ou Lear.
Eu puxei seu endereço no Google Maps no meu telefone
— a trinta minutos a pé daqui, e havia vários bons
restaurantes na área.
Decidi tirar um cochilo; eu não durmo bem em
hospitais, nunca.
Era apenas meio-dia, então eu dormi por algumas
horas, em seguida, sai para caçar algumas roupas limpas,
voltei para um chuveiro, e era hora de começar a cortejar a
boa médica.
Ou talvez 'seduzir' era o termo mais apropriado...
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Capítulo 4

Apenas um beijo
Sexta-feira era meu dia de folga, e era também dia de
lavanderia, e de levantamento pesado na academia. Isso
significava que eu dormia até tarde, até as oito da manhã, o
que, no mundo de um médico, era tarde — comia um grande
café da manhã, recolhia até o último ponto de roupa que eu
possuía, exceto um par de shorts apertados, sutiã e um top
longo de alça.
Comecei uma carga de roupa e, em seguida, dirigi-me
para a academia. Trabalhei os pesos livres até que eu estava
uma geleia por toda parte, bati Jamba Juice para um shake
de proteína grande, troquei as cargas... e fui para o almoço.
Geralmente às sextas-feiras pego um filme entre o almoço e o
resto da lavanderia, mas hoje eu não sentia vontade.
Estava inquieta.
Eu trabalhei mais duro do que o normal, empurrando-
me até que eu não poderia fisicamente bater mais nada,
mesmo se a minha vida dependesse disso.
O tempo em que estava jogando roupas na lavadora e
dobrando a roupa seca, eu estava em conflito mental. Eu
tenho uma regra desde minha residência que nunca penso
em trabalho quando estou fora — eu nunca trago trabalho
para casa comigo. É a única maneira de permanecer sã. O
problema hoje, porém, era que se eu não pensasse em
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trabalho, estaria pensando em Thresh.


E isso era uma má ideia.
Eu não ousava pensar no que seu torso parecia, depois
de cortar sua camisa sangrenta. Como seus bíceps eram
maciços, quão grossos eram seus peitorais. Como planos,
duros e definidos eram seus abdominais. Deus,
definitivamente NÃO penso sobre aquele estúpido, bonito V,
onde seu abdômen sulcado dentro e angular debaixo de sua
calça militar camuflada do deserto. Eu não sei como eles são
chamados, camufladas? Calça de uniforme? Tanto faz. O V
desapareceu sob aquele cós como uma seta apontando o
caminho para a Terra Prometida.
Só... EU NÃO QUERO IR LÁ.
Eu não quero.
Realmente porra, realmente, eu não quero.
Mas eu não conseguia parar de pensar nele.
Esse rosnado, sua voz no meu ouvido... tão cheia de
fome sexual e promessa lasciva. Seus olhos em mim. O fato
de que sua expressão, não importa suas palavras, me dizia
que ele realmente me achava atraente.
Ok, tudo bem, então tenho um problema com a
autoconfiança. Há uma razão, porém, e não é realmente
sobre como eu sou construída. Eu trabalho a porra da minha
bunda para ficar em forma. Eu sou forte para caralho, eu não
sou pequena. Nenhuma parte de mim é pequena. Eu tenho
coxas grossas, braços grossos, e minha cintura não é fina.
Mas meus braços são grossos com músculo, e minhas coxas
também. Meus peitos são muito perfeitos, que mesmo eu
posso admitir — assumindo que você gosta de seios enormes.
E minha bunda é, sim, grande, mas também redonda,
esticada e muito firme, mas com apenas um balançar o
suficiente para lembrá-lo que eu sou toda mulher.
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Eu trabalho duro para parecer desse jeito.


Eu sou apenas... não magra.
Mas este não é um problema que tenho, mental e
emocionalmente, comigo mesma. Eu não me importo em ser
magra, juro. Eu amo a mim mesma, amo o meu corpo, e não
tenho nenhum desejo ou necessidade de perder peso.
A verdadeira razão para minha insegurança é...
complicada. Aprofunda-se na parte mais traumática do meu
passado, para coisas que eu não penso, e certamente nunca,
nunca, nunca falo.
Mas Thresh não sabia nada disso. Tudo o que sabia era
que gostava do que via. E ele queria o que via.
Mas... o que eu fiz sobre isso?
Há três anos eu jurei que nunca mais confiaria em um
homem. E eu não tenho confiado. Houve interesse. Eu fui
convidada para sair e paquerar, caras na academia tentaram
me trazer para casa para um sexo casual, colegas médicos
que procuram mais do que o sexo casual... Eu os rejeitei
todos, nem sequer pensei duas vezes. Nenhum deles me fez
hesitar. Apenas não. Não. De jeito nenhum. Não interessada,
obrigada de qualquer maneira.
Mas Thresh, Deus... ele faz algo comigo. À minha
cabeça, ao meu corpo. Até meu coração frio e morto parece
sentir algum tipo de coisa quando ele está por perto.
Mas como eu poderia confiar nele? Mesmo para algo
casual? Deus, perece o pensamento. Eu nunca poderia fazer
casual. Jamais. Mesmo antes de tudo o que aconteceu para
me fazer do jeito que eu sou, eu não poderia ter feito casual.
Mas agora? Foda-se não. Droga não, foda não, oh porra do
caralho... NÃO.
Então, onde isso me deixa, em termos do interesse de
Thresh por mim? De jeito nenhum, um cara como ele está
procurando algo mais do que rápido e casual. Ele voou para
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Miami apenas para que eu cuidasse dele, o que significa que


ele é móvel. Ele pode e vai a qualquer lugar, a qualquer
momento, por um capricho. Estou atada aqui, a Miami, ao
hospital; é minha casa, e eu não tenho nenhuma razão para
sair.
Além disso, ele é apenas uma má notícia. Tudo sobre ele
grita a jogador, e vai ser um dia frio no inferno antes de eu
ser jogada por outro jogador.
E ele tratou receber dois tiros como se fosse uma
ocorrência comum. Mais um inconveniente do que qualquer
outra coisa, realmente, é como ele agia. Tive a sensação de
que poderia ter tratado suas feridas sem anestesia se tivesse
tido que fazê-lo, e ele não teria se encolhido. Um homem só
obtém esse tipo resistência com longa experiência, e as
cicatrizes que eu vi em seu corpo contaram a história com
clareza suficiente.
Ele é, para colocar em termos precisos, um homem
muito, muito perigoso. Eu não preciso saber mais nada sobre
ele para saber disso. Ele só exala perigo e ameaça, e não é só
por causa de seu tamanho. Quero dizer, sim, ele tem mais de
2 metros de altura e mais de 140 quilos de músculo puro,
mas ele só... é apenas sua essência. Ele é mortal. Sai dos
seus próprios poros.
E isso me assusta.
Literalmente, me deixa com a boca seca.
Mas então... a boca seca também poderia ser da
potência da minha atração por ele.
O que apresenta o problema.
Estou apavorada com ele. Atraída tão poderosamente
que embaralha o meu cérebro e deixa meus hormônios em
tumulto.
Mas... Não posso confiar nele. Ele é um homem, por um
lado. E ele é, obviamente, um jogador usado para obter o que
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ele quer em seus próprios termos, e meus sentimentos e meu


futuro não contam. Além disso, ele não é de Miami, o que
significa que não importa o que queremos ou tencionamos,
não pode equivaler a nada de qualquer maneira.
Todas as evidências me dizem para ficar longe dele,
manter distância, desligá-lo, fechá-lo para fora, fazer o que eu
faço e não lhe dar outro pensamento.
Mas meu cérebro não parece estar prestando atenção à
sabedoria.
Porque todo o maldito dia, meus pensamentos
continuaram voltando para o maldito Thresh.
No momento em que toda a minha roupa estava lavada,
seca e dobrada, eram quinze para as seis da noite e eu levava
minhas roupas para casa, perdida em pensamentos, lutando
para manter Thresh fora de minha mente. Eu ainda estava
em meus shorts de treino e top, e eu não tomei banho na
academia, então eu fedia como suor velho, meu cabelo era
um ninho de rato desarrumado puxado para trás em um rabo
de cavalo bagunçado. Eu levei minhas roupas pelas escadas,
porque prometi anos atrás que nunca usaria o elevador e
esse é um voto que tenho mantido.
Quando cheguei à minha porta, eu já estava ansiosa
para tirar a roupa, tomar um banho, derramar uma garrafa
de vinho em minha taça de vinho favorita e assistir à TV
estúpida. Eu estava suando novamente, porque carregava
seis cargas de lavanderia por três lances de escadas, e a
correia da minha parte superior do top estava saindo do meu
ombro, deixando praticamente todo o meu peito esquerdo
exposto. Eu estava fazendo malabarismos na cesta de roupas
e na minha bolsa, tentando tirar minhas chaves sem baixar a
cesta, sem olhar para onde eu estava indo, e porque eu iria?
Minha porta estava no fim do corredor, então não haveria
ninguém vindo em minha direção.
Eu bati em algo, saltei, deixando cair meu cesto de
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roupa, minha bolsa e minhas chaves. Minha roupas


explodiram, tudo desdobrado e espalhado por todo o chão,
calcinhas, sutiãs, camisas, calças, vestidos, saias, blusas, por
todo o lugar. E minha bolsa... caiu. Toda a minha merda
rolou pelo chão. OBs, lenços, chaves, carteira, goma, recibos,
óculos escuros, toda a merda que uma mulher mantém em
sua bolsa.
E eu? Caí com a minha bunda no chão, atordoada,
confusa e chateada.
Quando olhei para cima vi Thresh recostado contra a
minha porta, o braço em uma tipoia em seu corpo, a boa mão
enfiada no bolso do quadril de um jeans azul escuro, aquele
seu cabelo de moicano ridículo e incrível, olhos como bolas de
gelo brilhando de diversão e uma camisa polo preta esticada
em seu peito e em torno de seus braços... Deus... vestido
casualmente, mas tão malditamente sexy, quase formal para
um cara como ele.
Eu só olhei para ele por vários segundos, olhando, boca
trabalhando, espasmos cerebrais, tentando e falhando
significativamente para chegar a algo para dizer, algum tipo
de resposta adequada.
Ele me bateu nisso.
— Boa noite, doutora. — Ele disse isso com um sorriso
arrogante, como se soubesse exatamente o efeito que estava
tendo em mim.
Desgraçado.
Isso fez meus cilindros dispararem novamente.
— Que merda, Thresh?
Ele tinha um enorme relógio no pulso, uma enorme
coisa preta emborrachada, parecendo cara, um cronógrafo
militar tático, provavelmente.
— Apenas perto de seis, e é sexta-feira. Temos um
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encontro.
Minha boca abriu e fechou um par de vezes.
— Não. Nós não temos.
— Sim, nós temos. Eu lhe disse antes de sair do meu
quarto no outro dia que eu lhe pegaria hoje às seis.
Eu finalmente me levantei, limpei minha bunda, e então
pisei para ficar na frente de Thresh, olhando para ele com
raiva.
— Isso não é como funciona pedir a uma garota para
sair, Thresh. Não diga a ela que vai sair. Você pergunta,
educadamente, e se ela disser que sim, então você tem um
encontro. Você deu ordens, e eu não quis responder. Isso
significa que não temos um encontro.
Ele apenas olhou para mim, segurando seu chão,
imperturbável.
— Você não disse não. Você não respondeu, e não sabe
como fez essa merda de propósito. Você fugiu como um pônei
arisco. Não conseguiu lidar com a intensidade do momento.
Foda-se ele e sua verdade.
Eu me virei, ajoelhei e comecei a guardar o conteúdo da
minha bolsa. — Eu não... eu não estava... — eu me cortei
com um furor zangado, e então comecei de novo. — Então eu
sou um cavalo, agora?
— O que eu disse foi ‘como um pônei arisco’, na
verdade, o que não é o mesmo. Mas se você quiser levá-lo
dessa maneira, claro.
Eu me levantei abruptamente, girando para encará-lo,
pronta para cobri-lo, mesmo com 30 centímetros de diferença
de altura e mais de 60 quilos de diferença muscular ser
condenado.
— Você está falando sério? — Eu até fui para esbofeteá-
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lo, mas me perdi, pelo fato dele estar agachado a alguns


metros de distância, dobrando minhas roupas e colocando-as
na cesta.
Suas patas grandes, ásperas, calosas e poderosas —
limpas, embora, e sim, eu notei que suas mãos estavam
limpas — estavam sobre minhas roupas. Rolando meu
tamanho de calcinhas doze em bolas bagunçadas, enchendo
um copo de meu sutiã de dentro para fora e dobrando-o ao
meio... mas não antes de verificar o tamanho: 34DD.
Dobrando minhas calças de ioga em terços, e dobrando
minhas mangas da blusa em primeiro lugar, bainha para
cima, então colarinho para baixo.
Dobrando minhas roupas femininas como se soubesse
exatamente como dobrar as roupas de uma mulher. Uma
habilidade estranha para um homem como ele ter. E tipo de
impressionante, especialmente considerando que ele estava
fazendo a maior parte com uma mão, apenas ocasionalmente
usando a mão de seu braço ferido.
Eu assisti com perplexidade por um momento, então me
lembrei de que eu estava com raiva dele, e também irritada e
envergonhada que ele estava lidando com minhas roupas e
verificando as marcas e tamanhos...
— Foda-se, Thresh. Tire suas patas sujas das minhas
roupas e deixe de ver as marcas de merda, maldito idiota. —
Eu peguei minha saia lápis favorita de suas mãos e o
empurrei para longe. — Você tem bolas para me chamar de
um maldito cavalo, e então você vai olhar para a etiqueta no
meu sutiã? Que merda você tem?
Ele levantou-se, desdobrando-se como uma árvore
crescendo em um lapso de tempo.
— Você me confunde, doutora. Ou, mais precisamente,
você assume que a comparação com um cavalo é um
negativo, que eu diria isso como um insulto. — Ele andou em
minha direção em pés inteiramente silenciosos, totalmente
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demasiado flexível e gracioso para um homem de seu


tamanho. Ele parou na minha frente, me arrancou a saia e
dobrou-a habilmente, então ficou de pé sobre mim, olhos
ferozes e sérios. — Os cavalos são animais incríveis, Lola.
Eles são poderosos, graciosos, inteligentes e bonitos. É um
elogio, ser comparado a um cavalo. Sim, os cavalos são
maiores do que as pessoas, mas um cavalo é um dos animais
mais bonitos que existe, doutora. Então, mesmo que fosse o
que eu disse a você, teria sido um elogio, não um insulto.
— Eu... — Foda-se novamente, por ter um ponto. Mas
eu não consegui responder, mesmo se soubesse o que dizer,
porque ele não terminou.
— Como verificar as etiquetas? Claro, eu vou lidar com
isso. — Ele conseguiu se aproximar ainda mais de mim, e seu
olhar era... hipnótico. Feroz, ardente e reluzente com uma
riqueza de emoções. Ele parecia... zangado. Comigo? Por
mim? Era difícil dizer. — Envergonhada, Lola? — Ele esperou
até que ficasse claro que ele esperava uma resposta. — Você
tem vergonha de eu saber que tamanho você usa?
— Sim, Thresh, estou envergonhada. Eu nem o conheço,
e você está dobrando a porra da minha calcinha?
Um sorriso breve rompeu sua expressão séria por um
momento.
— Você xinga tanto quanto eu, você sabe disso? E eu
sou um soldado.
— Isso o incomoda?
Ele balançou sua cabeça.
— De modo nenhum. É sexy. — Ele tocou meu queixo
com um dedo. — Mas não era isso que eu queria dizer. Sim,
com certeza, fique envergonhada que um cara que você
acabou de conhecer está dobrando sua calcinha. Entendi.
Mas eu não acho que é por isso que você está chateada.
— Então me ilumine, se você sabe tanto. — Eu lamentei
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o desafio assim que ele saiu da minha boca, porque de


alguma forma eu não tinha dúvida de que ele iria fazer para
fazer exatamente isso, e fazê-lo com muita precisão.
— Você está chateada por que eu olhei as marcas. E
nem mesmo porque era uma coisa rude, intrometida, idiota a
fazer, mas porque você está envergonhada com os números
nas etiquetas.
— Foda-se. — Isso foi dito em uma voz pequena, no
entanto.
— A parte engraçada é, você não parece realmente
insegura. — A confusão genuína em sua voz trouxe meus
olhos até os dele. — Isso é o que eu não consigo descobrir.
— Se você descobrir isso, me avise. Então pelo menos
um de nós ficará sabendo. — Eu tirei a saia dobrada de suas
mãos e a coloquei na cesta.
Sua mão segurou meu pulso, e ele me trouxe de volta.
— Você é malditamente sexy, Lola. — Ele tocou meu
queixo novamente, e eu me forcei a olhar para ele, para
encontrar seu olhar. — Você é muito bonita. De todos os
modos, da cabeça aos pés.
— Obrigada. — Eu me afastei dele, joguei o resto da
roupa desdobrada de volta na cesta em uma bola bagunçada,
em seguida, virei-me dele para destrancar a minha porta. —
Ainda não vou sair com você. — Eu empurrei minha porta e
entrei, chutando meu cesto de roupa na minha frente.
— Por que não? Diga-me isso, pelo menos. — Ele tinha
bolas, é claro, para me seguir no meu apartamento.
Eu girei sobre ele, empurrei-o para trás, usando todas
as minhas forças para fazê-lo.
— Porque eu não quero, seu maldito ogro!
Para meu crédito, e minha grande surpresa, ele
realmente tropeçou para trás um par de passos; ele parecia
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legitimamente chocado.
Ele mal conseguiu passar o umbral antes de eu tentar
bater à porta nele. A porta acabou acertando seu pé e seu
braço ferido, provocando um estreitamento de seus olhos e
um aperto de sua mandíbula.
— Você é uma mentirosa de merda, doutora, — ele
rosnou.
Suspirei.
— Bem. Quer que eu diga isso para você? Eu não quero
sair com você por muitas razões. Eu não quero sair com você
porque você nunca pediu. Você me disse, e assumiu que eu
diria que sim. Você aparece em minha casa de forma
inesperada... e como diabos você sabe onde moro, afinal? Isso
é muito assustador. Terceiro — ou é o quarto? Eu perdi a
conta. — Eu acenei uma mão em demissão. — Eu não quero
sair com você porque você me assusta. Você me deixa
nervosa. Você é perigoso, de muitas maneiras, e eu vivo uma
vida segura e simples. É assim que eu quero, e é assim que
eu gosto, e você iria confundir tudo isso.
Ele assentiu com a cabeça, pensativo e profundo.
— Isso é um monte de razões. Eu acho que posso
respeitar esse pensamento. — Ele se aproximou mais perto
de mim, naquela maneira predatória que ele tinha, estando
perto o suficiente para seu calor irradiar contra mim e eu
podia sentir o cheiro de água de colônia, picante, sedosa e
vertiginosamente deliciosa. — Mas você ainda é uma
mentirosa de merda.
— Eu não estou... — Eu tive que voltar atrás, para longe
dele, longe do seu cheiro inebriante, longe de sua presença
maciça e esmagadora. — Eu não estou mentindo.
Ele tinha a coragem de sorrir.
— Está sim. Você quer sair comigo, mas você não quer
querer. Assim como você me quer, mas você não quer esse
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desejo. Faz você se sentir desconfortável. Isso a assusta. Você


disse isso, doutora: eu a assusto.
— Thresh...
Ele se afastou de mim.
— Mas você disse que não queria, e nunca me forcei
para uma mulher. Ela diz ‘não, obrigado’, eu recuo. Apenas...
faça um favor a si mesma, Lola.
Engoli em seco.
— O que é isso?
— Tente ser honesta com você mesma sobre por que
você não quer sair comigo, se você não pode ser honesta
comigo.
Eu balancei a cabeça, irritada com sua visão e sua
persistência.
— Você é impossível. — Fui eu que me aproximei dele,
dessa vez, deixando a confusão de emoções que eu sentia se
espalhar em minha voz e minha expressão. — Sim, eu estou
atraída por você. Você é um homem atraente, Thresh. Eu não
nego o efeito que você tem em mim. Mas você é um risco que
eu não estou disposta a aceitar. E essa é a verdade honesta.
Respeito encheu seus traços.
— Tudo bem então. — Ele deu um passo, depois dois, e
então colocou a mão na maçaneta da minha porta. — Você é
outra coisa, Lola Reed.
Ele torceu o botão e abriu a porta. Ele parecia estar...
Hesitando, ou indo devagar, talvez esperando que eu
mudasse de ideia. E, honestamente, parte de mim queria.
Parte de mim estava gritando comigo, dizendo-me que um
homem como Thresh não aparecia com muita frequência, e
um homem genuinamente interessado em mim também não
aparecia com muita frequência. Eu seria uma tola para deixá-
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lo ir embora.
Mas meu medo, meus anos de condicionar-me contra os
homens, contra a confiança, contra as relações de qualquer
tipo... Essa parte estava ganhando. Eu simplesmente não
conseguia me soltar. Desejando-o, querendo... tudo o que
viria com um relacionamento com ele, por mais breve que
fosse — não era suficientemente forte para superar meu
medo profundamente arraigado.
Mas eu ainda sentia a decepção quando ele se afastou
de mim. Eu esperava que ele pudesse empurrar um pouco,
tentar um pouco mais difícil passar minhas paredes. Talvez
fosse uma bobagem estúpida, mas eu esperava que ele
tentasse me forçar além do meu medo, sabe?
Mas isso era estúpido.
Eu lhe disse que não, e ele estava ouvindo. Essa é a
coisa cavalheiresca, respeitosa e pensativa a fazer.
Eu estava prestes a me virar. Ele estava lá fora,
fechando a porta atrás de si. Com mais do que um pequeno
arrependimento borbulhando dentro de mim, eu assisti
aquele pedaço de luz do lado de fora estreito quando ele
fechou a porta, desaparecendo da minha vida para sempre.
Então algo aconteceu em um piscar de olhos. Eu
honestamente não conseguia entender como uma montanha
como ele, podia mover-se tão rápido, tão rapidamente que eu
nem registrei seu movimento até que eu estivesse em seu
abraço, o braço em volta da minha cintura, me levantando do
chão, girando em torno de mim, e prendendo-me contra a
parede. Num segundo eu estava a um metro da porta, no
seguinte eu estava contra a parede do apartamento ao lado
da porta, seu joelho entre minhas coxas, sua pata enorme
suavemente acariciando meu rosto, polegar roçando sobre
meus lábios. Eu parei de respirar. Meu coração parou de
bater. Meu estômago caiu.
— Só um beijo, doutora. — Sua voz era um sussurro,
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sua respiração em meus lábios.


Eu não podia falar. Não podia pensar.
Ele era tudo, esmagando todos os meus sentidos,
engolindo todos os aspectos do meu universo. Eu o sentia,
uma parede de mamute na minha frente, carne, osso,
músculos, calor, especiarias e assim, tão macho, tão
poderoso, me fazendo sentir minúscula, frágil, delicada...
Segura.
Eu me senti segura, aqui, seus ombros impossivelmente
largos apagando todo o mundo, sua mão em minha
bochecha, seus lábios milímetros dos meus.
Droga.
Meu rosto inclinou-se para cima, meus lábios se
separaram: dando permissão silenciosa.
Ele me beijou então, e eu derreti completamente.
Ele me beijou com habilidade e paixão; me beijou como
se eu fosse a única coisa que existisse, como se me beijar
fosse...
Um momento de desespero.
Sua língua deslizou através de meus lábios, provando-
me, e então eu estava perdida, porque eu provei dele, sua
respiração. Ele tinha gosto de limpo, como pasta de dente de
hortelã, antisséptico bucal e goma de hortelã. Ele cheirava
como o céu e sentia como bruta e robusta perfeição
masculina. Eu o beijei de volta, maldição, eu beijei. Eu não
pude evitar.
Você não é beijada como Thresh me beijou e não o beija
de volta. É simplesmente impossível.
Quanto tempo durou esse beijo? Eu não tenho ideia. Um
minuto? Uma hora? Longo o suficiente para me deixar tonta,
fazendo-me delirar, enviar uma pontada de desejo profundo e
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pulsante batendo em mim, uma sensação tão estranha para


mim que eu não sabia o que era no início, além de uma
necessidade, uma fome que eu não poderia satisfazer.
Eu só sabia uma maneira de saciá-lo: mantenha-se
beijando Thresh...
Mas ele se afastou, afastando-se de mim. Mão
estendida, como se perder o contato final com a minha pele
fosse fisicamente doloroso.
Porra, eu queria mais.
E ele também. Eu podia ver isso em seus olhos. A
protuberância atrás de seu zíper contou a história claramente
o suficiente, se nada mais.
Ele era fiel à sua palavra, no entanto. Um beijo. Ele se
foi antes que eu pudesse recuperar meu rumo, inclinando-se
para caber debaixo do portal, ido antes que eu pudesse
recalibrar.
Ele se foi, e eu me senti vazia.
Minha cabeça girou, meus lábios tremiam, e eu senti-me
duvidar de tudo o que eu pensava que sabia.
Maldito, Thresh.
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Capítulo 5

Escurecendo
Se eu não a deixasse então, eu não a deixaria em tudo.
Esse beijo, cara... ele me fodeu direito. Ela só tinha um sabor
tão doce, e era tão malditamente sensível, uma vez que ela
deu mais e começou a me beijar de volta, cara... Eu estava
acabado. Eu nunca fui muito de beijar, eu normalmente
usava beijar como uma ferramenta para fazer uma menina
trabalhada e ligada para que pudéssemos chegar a coisas
mais divertidas, mas esse beijo com Lola...
Era sua própria entidade. Era bonita por si só, e me
deixou tonto, me fez querer correr de volta para cima os três
lances de escadas e quebrar a sua frágil porta e beijá-la até
nenhum de nós poder respirar, até que nossas roupas
saíssem e...
Porra, porra, porra — eu parei no fundo da escada,
tentando obter minha libido furiosa sob controle.
Quando eu tive certeza de que não ia cortar o zíper da
minha calça jeans ou correr de volta ao apartamento de Lola
e arruiná-la sem sentido, deixei o prédio dela, movendo-me
de volta para o meu hotel.
A coisa sobre ser um soldado a sua vida inteira é que
você fica afiado em seus sentidos. Mesmo distraído, minha
mente e meu corpo estão sintonizados com meu ambiente. O
que significa que quando senti a nebulosa sensação de mal-
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estar na boca do meu estômago, sacudi todos os


pensamentos de Lola da minha cabeça e comecei a prestar
atenção. Algo estava acontecendo. Alguém estava me
observando ou me seguindo, ou algo estava prestes a
acontecer.
Eu me mantive andando, não retardei o meu ritmo ou
emiti qualquer sinal de que eu suspeitasse de qualquer coisa.
Levou dois ou três quarteirões antes de avistá-lo: Ele era
bom, mantendo cerca de seis metros atrás de mim,
indescritível, falando em um telefone celular, ou fingindo.
Altura média, construção média, cabelos pretos, jeans e uma
camiseta. Mas o jeito que ele andava, a maneira como se
mantinha... Um caçador sempre pode reconhecer seus pares.
Ele era discreto, ficando à distância, parando aqui e ali para
que ele não se aproximasse demais ou parecesse estar
obviamente me seguindo. Mas o que ele não tinha como saber
é que Anselm ensinou a todos nós que trabalhamos para
Harris como detectar uma cauda e como despistá-los.
Peguei meu celular e liguei para Anselm See, nosso
espectro residente. Não tínhamos certeza de onde Anselm
adquirira suas habilidades, exceto no emprego de algum
governo europeu ou outro. Ele era um fantasma, em todos os
sentidos. Eu não acho que ele existisse em qualquer
capacidade oficial, e oh sim... ele poderia colocar uma bala no
centro morto de um alvo a mil jardas, com risível facilidade.
Ele respondeu no primeiro toque.
— Ja? Está pegando algo, Bruder?
— Eu peguei uma cauda.
— Se há um que você vê, há certamente pelo menos um
mais que você não vê. Continue andando, e não faça nada
ainda.
— Eu não deveria tirá-lo?
— Nein. Isso os faria entender que você os viu, como
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dizem os meus colegas americanos.


— Eu estava apenas visitando uma... amiga. Você acha
que é possível que eles tenham alguém sobre ela?
— Essa é a sua amiga médica, Lola Reed?
— Sim. Lear lhe falou sobre ela?
— Naturalmente. Mas, de volta à sua pergunta, parece
provável que eles a teriam coberta.
— Porra. Não posso deixá-la ser puxada para o que quer
que seja.
Eu trabalhava para uma empresa chamada Alpha One
Security, e nossa última operação foi claramente de lado.
Tínhamos sido contratados para resgatar uma menina que foi
sequestrada por resgate. Nós fizemos isso, mas no processo
conseguimos chatear seriamente um chefe do crime do Leste
Europeu que passou pelo nome de código ‘Cain’. Ele era um
mestre implacável, impiedoso, bem conectado, com um
verdadeiro exército de bandidos, a maioria dos quais eram da
variedade não qualificada. Alguns, entretanto, pareciam ser
significativamente bem treinados. A palavra era que Cain
estava atrás de cada um de nós que trabalhava para Harris
na A1S, e estava disposto a usar qualquer tática necessária
para chegar até nós. O que significava que Lola, encontrando-
me — por mais breve que fosse — estava provavelmente em
perigo.
— Acho que o navio partiu. — Anselm ficou calado por
um momento. — Vou entrar em contato com Harris.
— Tenho um mau pressentimento sobre isso, Chewie.
— O quê? Não entendo o que você quer dizer.
— Guerra nas Estrelas? Tanto faz. Eu não gosto disso.
Acabei de sair do apartamento de Lola. Estou dando voltas.
Tenho que me assegurar de que não a tragam para isso.
— Se você voltar, você vai levá-los para ela, e ainda há
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uma chance de que ela não esteja no seu radar.


— Quem você acha que é? Os caras de Cain?
— Ja, Cain é a opção mais provável.
— Preciso de Duke.
— Como eu disse, vou entrar em contato com Harris.
Mantenha a calma, e não faça nada precipitado.
Eu bufei.
— Você me conhece?
Anselm suspirou.
— Você não conhece o plano deles. Você nem mesmo
sabe ao certo que isso é o que Cain está fazendo. Poderia ser
uma coincidência. Há muitos cenários potenciais, meu amigo.
— Você me ensinou a marcar uma sombra, Anselm. Ele
está me seguindo. Ele é bom, mas isso não é um engano.
— Eu acredito em você, ja? Mas se você sair dos trilhos
a meio caminho, você poderia piorar as coisas.
Eu ri.
— Você apenas misturou suas metáforas, cara.
— Seus ditos americanos são estúpidos, e eu não posso
nunca parecer fazê-los direito.
Eu andei mais um par de quarteirões no tempo que eu
estava no telefone com Anselm, e o cara ainda estava lá,
apesar do fato de que eu tomei várias voltas ao acaso.
Senti a agitação de algo vicioso dentro de mim, e tudo se
centrou em torno de Lola, em torno do pensamento de algum
maldito valentão de Cain botando as mãos sobre ela. Mesmo
se nada acontecesse entre nós, eu não poderia deixá-la ser
puxada para o meu mundo fodido. Não assim, inconsciente e
inocente.
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— Se eles estão me perseguindo, eles provavelmente


estão procurando pelo resto de vocês, também.
Ele deve ter ouvido a frieza entrar em minha voz.
— Thresh, por favor, pense em cada passo, cada ação.
— Eu estou ficando escuro, Anselm. Acabe com a
merda. — Eu terminei a ligação, e depois desliguei o telefone.
Continuei andando, e comecei a planejar mentalmente.
Eu tinha pouco dinheiro, e só tinha a minha pistola de
resistência, uma Sig Sauer P238. Estava embainhada nas
minhas costas, escondida debaixo da minha camisa. Um
clipe. Sem reservas. Nenhum suporte por várias horas na
melhor das hipóteses. E oh sim, meu braço esquerdo estava
fora de serviço.
Mas mesmo com uma mão, eu sou mais do que um
desafio para a maioria.
Eu não pensei muito nas chances da minha cauda,
agora que eu estava empenhado em ir para a ofensiva. Mas...
como Anselm apontou, se você viu um rabo, provavelmente
há outro que você não viu, além de seu suporte, e quem quer
que eles estão relatando.
Eu precisava de mais equipamento.
Em um momento de pura sorte, eu me vi passando por
uma loja de sobras do exército/marinha. Eu me abaixei,
comecei a navegar, mantendo um olho na porta. Eu escolhi
uma mochila, um rolo de corda, uma faca dobrável de quatro
polegadas e uma lâmina tática KA-BAR com uma bainha,
alguns MREs, uma lanterna, um par de luvas táticas de tiro e
um saco de dormir leve. Paguei de tudo com dinheiro, que
quase esgotou meus fundos líquidos limitados. Eu prendi o
KA-BAR ao meu cinto, enfiei a lâmina dobrável no meu bolso
e saí da loja.
Minha cauda estava do outro lado da rua, inclinada ao
lado de uma porta, fingindo estar absorvida em seu telefone
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celular. Assim que comecei a me mover, ele também.


Hora de despistá-lo.
Cheguei a uma interseção, aumentando lentamente o
meu ritmo até que eu estava me movendo em uma
caminhada bastante rápida. Eu vi uma parada de ônibus ao
virar da esquina, com um ônibus se aproximando. Eu saí em
uma corrida, correndo entre carros, ganhando buzinadas e
dedos médios, e mal peguei o ônibus. Eu peguei um
vislumbre sub-reptício de minha sombra, correndo pela rua,
passando as mãos pelo cabelo em consternação. Eu precisei
forçar-me a sentar e não olhar para ele, não fazer contato
visual. Eu era apenas um cara pegando um ônibus.
Eu fiquei no ônibus por duas paradas, saí, andei mais
dois quarteirões e peguei um ônibus indo em uma direção
diferente, por um trajeto diferente, transferindo duas vezes
mais ao acaso, mantendo meus olhos atentos para a cauda.
Quando eu tive certeza de que eu o despistei, andei até
encontrar um banco com um caixa eletrônico dentro do lobby
e usei para retirar tanto dinheiro quanto eu poderia, então
caminhei até encontrar outro ATM e fiz o mesmo, repetindo
até que eu atingi o meu limite de retirada diária, mas pelo
menos eu tinha alguns milhares de dólares nos meus bolsos
e na minha mochila. Em seguida, encontrei uma loja de
conveniência e comprei um telefone descartável, algumas
garrafas de água de litro, algumas barras de proteína, alguns
pacotes de carne seca e uma caixa de preservativos, só no
caso de as coisas seguirem para uma foda quente com a Dra.
Reed.
A parte seguinte era algo que eu lamentei ter que fazer,
mas minhas escolhas eram limitadas; eu precisava de rodas,
e muito, mas eu não podia arriscar um aluguel, não tinha
tempo ou recursos líquidos para comprar. O que significava
que eu tinha que... liberar... algo. Chame isso de empréstimo.
Passei lentamente ao longo da rua — não sabia ao certo
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qual, mas não importava. Uma vez que eu tivesse uma


carona, eu usaria o GPS para encontrar a casa de Lola
novamente.
Lá, do outro lado da rua, era o alvo perfeito — um idiota
falso— moderno, usando calças vermelhas pálidas e
apertadas com os calcanhares enrolados até os tornozelos,
com estúpidas botas de couro pré arranhadas, uma camisa
apertada de botão, com as mangas enroladas até meados de
bíceps, longos cabelos encaracolados no topo e cortado até a
pele nos lados. Ele estava no processo de carregar alguns
sacos de mantimentos no porta-malas de um doce Jeep
Grand Cherokee SRT, carmesim profundo com enormes
beiradas pretas e pinças vermelhas... um veículo rápido,
robusto, poderoso, mas não tão chamativo como para atrair a
atenção, ou ser super perceptível.
Eu andei furtivo atrás dele, puxei a KA-BAR — sete
polegadas de aço de carbono preto, lâmina afiada, parecendo
vicioso, intimidante, e eminentemente valiosa como uma
ferramenta para a supressão da vida humana. Eu amo uma
boa KA-BAR, cara.
Eu toquei no ponto para a coluna do idiota moderno,
bloqueando a visão de qualquer pessoa com meu corpo.
— Não grite, não hesite, e não brigue. Não tenho planos
de lhe fazer mal, se posso ajudá-lo. Só preciso pegar
emprestado seu carro por um tempo.
— Porra, cara. Não meu carro!
— Sim, meu homem. Seu carro. É um passeio doce, por
isso vou cuidar bem dele. — Eu cavei o ponto um pouco mais
profundo em sua coluna, apenas o suficiente para fazê-lo
doer um pouco. — Se eu tivesse outra escolha, acredite em
mim, eu iria para ela. Agora, me dê a chave — não vire.
— Porra. — Ele enfiou a mão no bolso, muito
lentamente, e trouxe um conjunto de chaves, separou o
chaveiro para seu Cherokee e estendeu-o atrás de suas
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costas. — Apenas... tente não destruí-lo, ok? Eu ainda estou


fazendo os pagamentos.
— Eu vou fazer o meu melhor para ter certeza que você
o receba de volta em uma peça. Como eu disse, eu só preciso
pedir emprestado. — Eu peguei o chaveiro, mas mantive a
lâmina contra sua coluna. — Você quer manter seus
mantimentos?
O idiota moderno bufou um riso.
— Sério? Este é o mais estranho dos roubos de carros,
homem.
— Não sei. Pegue seus mantimentos, coloque-os no
chão. Nenhum movimento súbito.
Ele colocou os sacos de papel no chão, e depois virou a
cabeça para olhar para mim.
Eu cutuquei o ponto em sua pele.
— Não olhe para mim, cara. Você quer a negação
plausível. Você nunca me viu, não sabe como eu sou. Não
relate esse roubo, e vai ficar melhor para você, sim?
— O quê?
— Eu estou tentando ficar fora do radar. Dê-me um par
de dias, e eu vou ter certeza que está cuidado, ok? Estou
falando sério, não quero que você tenha problemas, eu só...
Preciso de rodas e rápido. Isto é mais fácil, e honestamente,
eu escolhi você porque você tem um carro decente e se veste
como um vagabundo.
— Uau, isso foi um pouco duro. — Ele sorriu embora. —
É um carro doce, não é?
— Sim. Agora leve seus mantimentos de volta para a loja
e não olhe para mim.
Ele fez o que eu lhe disse, embora um pouco rígido. Pode
haver ou não uma mancha vermelha e molhada em sua
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camisa onde eu o piquei com minha faca. Assim que ele


estava dentro, eu fechei a porta do carro, pulei no assento do
motorista, jogando a mochila no assento do passageiro. Eu
tinha que mover o banco para trás, tanto quanto ele iria, e
incliná-lo para trás, e mesmo assim, realmente não me
encaixava. Mas então, em meu tamanho, eu não caberia em
muitos veículos.
Droga, este era um conjunto de rodas incrível. Couro
preto sedoso, GPS, estéreo superior... quando eu liguei a
ignição, o motor estourou em um ronronar grunhido, o som
de um motor poderoso e bem afinado. Eu parti, marcando o
endereço de Lola enquanto eu dirigia.
Dez minutos mais tarde, estava estacionando meu SUV
temporário a um quarteirão e meio da casa de Lola. Eu deixei
a mochila no chão na frente do assento do passageiro, vesti a
luva tática em minha mão direita. Circundei o quarteirão a pé
duas vezes, olhando telhados e transeuntes, procurando
alguém sentado em um carro, aparentemente ocioso.
Lá estava ele, do outro lado da rua do prédio de
apartamentos de Lola, sentado em uma Mercedes modelo
mais velha, ostensivamente ocupando-se de um leitor
eletrônico, mas eu notei que sua atenção tendia a voltar
constantemente para a porta do prédio de Lola. Ele estava
com a janela aberta, um braço pendurado para fora, o outro
apoiado para segurar o e-reader na frente de seu rosto.
A cinquenta metros de distância, com um perfil claro da
cabeça... ele seria um tiro fácil se eu tivesse as duas mãos.
Com uma mão, minha precisão cai bastante, de modo que eu
não gostava das chances de fazê-lo entrar em uma. Além
disso, um tiro atrai a atenção, que era algo que eu queria
evitar e minimizar o máximo possível.
Desde que sua atenção estava no edifício de Lola,
entretanto, talvez eu pudesse aproveitar esta oportunidade
para... provocar, digamos... informação?
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Atravessei a rua, abraçando o prédio à minha esquerda,


aproximando-me do Mercedes num passeio casual. Cheguei
atrás das minhas costas, puxei a minha P238, e mantive-a
baixo contra a minha coxa direita, por isso não era facilmente
visível. Isso pode ser complicado, de uma mão, maldito braço
de merda inútil.
Eu diminuí a velocidade quando alcancei a porta do
passageiro da frente, enfiei a arma no bolso do meu quadril,
abri a porta, sentei-me no banco do passageiro, fechei a porta
e puxei a pistola novamente, tudo de um só movimento
rápido. Ele nunca me viu chegar, o estúpido bastardo.
Eu apontei a Sig Sauer através do meu tronco,
firmando-a no cotovelo do meu braço esquerdo.
— Mãos no volante, idiota.
Ele se moveu devagar, pousando o e-reader — que
estava desligado — e colocou as duas mãos no volante.
— Posso ajudar? Meu carro não é tão novo, não muito
útil para você, eu não acho. Mas você pode tê-lo, se você
desejar. — Ele tinha um sotaque grosso, do Leste Europeu.
Checo, Ucraniano, algo assim.
— Corte a merda. Você está vigiando aquele condomínio.
— Eu recuei o martelo com um clique.
— Ah. — Ele olhou para mim, e eu vi o amanhecer de
reconhecimento. — Você é ele. A marca.
— Acho que sim. Você trabalha para Cain?
Ele encolheu os ombros.
— Ele me paga, sim.
— Qual é o trabalho com a garota? Vigiá-la? Agarrá-la?
— Vigiar. Se eu puder agarrá-la sem problemas... —
Mais um encolher de ombros para terminar o pensamento.
— Quantos outros estão aqui em Miami? O idiota
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tentando me perseguir, você, quem mais?


Isso dá de ombros novamente.
— Só isso. Dois, não mais. — Seus olhos se separaram,
embora, quando ele disse.
Suspirei. Botei a pistola atrás de minhas costas...
E puxei a KA-BAR, rápido para o raio, segurando o cabo
de modo que a lâmina estivesse virada para baixo. Coloquei-a
em sua coxa direita, enterrando a lâmina até o cabo. Ele
rangeu os dentes e gritou através deles. Eu deixei a lâmina
em sua perna e puxei a pistola de volta.
— Agora, vamos ter a verdade. Quantos?
Ele respirou irregularmente, jurando sob sua respiração
em sua língua nativa, o que quer que fosse.
— Mais três. Mais um para assistir essa garota, eu não
sei onde ele está, e os outros estão em um carro, a poucos
quarteirões de distância, no caso — hovno, isso dói — no caso
de algo assim acontecer. Um pouco mais de plantão se eles
forem necessários.
Eu verifiquei o espelho de visão lateral, escaneando a
rua em torno de nós: vazia, exceto por um ônibus lentamente
rodando em nossa direção, ‘fora de serviço’ na tela de rota.
Com certeza seria mais fácil se eu pudesse
simplesmente estourar esse cara na cabeça, rápido e fácil,
mas isso seria uma bagunça, e Harris ficaria chateado se
voltasse para ele. Então eu bati com a bunda da arma,
pegando-o bem na base do seu crânio. Ele gemeu, balançou
para frente — maldição... Eu tive que bater nele mais uma
vez para colocá-lo para baixo. Fazem isso parecer tão simples
nos filmes, mas na realidade, é realmente consideravelmente
complicado.
Eu verifiquei o corpo do homem inconsciente, encontrei
uma Glock e um clipe de reposição, e enfiei a pistola extra
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atrás do coldre na parte pequena das minhas costas e o clipe


no meu bolso do quadril. Eu retirei minha faca, limpei a
lâmina na perna de sua calça, deixei o carro, trotei através da
rua para o edifício de apartamentos. Era um edifício mais
antigo, com um sistema de intercomunicação; eu usei o
mesmo truque que tive na última vez, pressionando um botão
de intercomunicação aleatoriamente.
— Olá? — Uma voz grosseira masculina, mais velha.
— Entrega. — Eu lati, brusco, como se estivesse com
pressa.
— Tudo bem, sim.
O intercomunicador zumbiu e a fechadura estalou. Subi
correndo as escadas, levando-as três de cada vez até chegar
ao terceiro andar, com a arma ainda esticada. Examinei o
corredor quando saí da escada e corri para a porta de Lola.
Coloquei meu ombro nela, ouvindo a porta, tudo o que ouvi
foi a TV.
Bati duas vezes, suavemente.
Ela abriu a porta depois de um segundo, mas com a
corrente de segurança no lugar, mostrando apenas um
pedaço de seu rosto, e seu corpo vestido com uma fina túnica
roxa pegando seu corpo molhado. Seu cabelo pendia em
longas cordas pretas e úmidas ao lado de seu rosto.
— Thresh? O que você está fazendo aqui? Pensei...
Pensei que você tivesse ido embora?
— Você pode me deixar entrar? Nós precisamos
conversar.
— Está tudo bem?
Eu balancei a cabeça.
— Na verdade não. Deixe-me entrar, e eu vou explicar o
melhor que posso.
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Ela hesitou, olhando para mim. Seu olhar deslizou para


baixo, iluminado com a pistola no meu punho. — Um... Você
está armado?
Eu fiz uma careta para ela.
— Você me tratou por duas feridas de bala. O fato de eu
estar levando uma é realmente uma surpresa? — Eu me
inclinei para perto da porta aberta. — Eu sei que isso vai soar
como um filme de Tom Cruise ou algo assim, mas você está
em perigo, Lola.
— Você tem razão, isso soa como uma linha de um filme
de ação ruim.
— Vá para a sua janela da frente, olhe para fora. Há um
carro do outro lado da rua.
Ela fechou a porta, foi embora por alguns segundos, e
então eu ouvi a corrente deslizar e ela abriu a porta,
parecendo pálida e abalada.
— Quem... quem é... quem foi?
Eu empurrei por ela, fiz uma varredura rápida e
completa em seu apartamento, e então voltei para onde ela
ainda estava parada em choque na porta.
— Alguém estava observando você, com ordens para
raptá-la quando a oportunidade se apresentasse. Da próxima
vez que você fosse trabalhar, provavelmente. Mas ele não está
morto. Apenas temporariamente inconsciente.
— Raptar-me? Por que alguém iria me raptar?
Eu bati no meu peito com o cano da arma.
— Por minha causa. Eu meio que consegui me meter em
alguma merda, querida.
— Meter em alguma merda? — Ela cambaleou para trás,
batendo contra a porta. — O que... o que isso significa?
— Significa que você está em apuros só por me
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encontrar.
— Com quem? — Sem surpresa, ela soou fraca.
— Caras maus. Gangsters europeus, mercenários. A
versão curta é esta: O cara que você tratou no ano passado,
Harris — ele possui uma empresa de segurança chamada
Alpha One Security. Costumamos fazer merda de guarda-
costas pessoal, mas às vezes assumimos tarefas mais
perigosas, e a última nos colocou em confusão com um
personagem bastante desagradável chamado Cain. Nós o
irritamos, e agora ele está atrás de mim. Vendo como você me
conhece, isso a coloca em sua mira. Ele é do tipo que não vai
ter nenhum escrúpulo em machucá-la se chamar minha
atenção, e desde que eu gosto de você, eu não estou disposto
a permitir isso.
Seus grandes olhos castanhos encontraram os meus,
refletindo medo e confusão.
— Então você é... um mercenário?
Eu dei de ombros.
— Um tipo de. — Eu guardei a pistola atrás de minhas
costas, e então toquei seu ombro. — Posso explicar mais
tarde, mas agora precisamos tirá-la daqui. Aquele cara lá fora
não estava sozinho.
— Onde estamos indo?
— Não tenho certeza, imediatamente. Qualquer lugar
exceto aqui. Eu tenho um carro por perto, só precisamos
colocar alguma distância entre nós e os caras que procuram
por nós.
— Eu ainda não entendo por que eles me querem. Eu
mal o conheço. — Ela puxou as pontas do roupão mais
apertado, o que não ajudou a minha concentração, uma vez
que só serviu para moldar o algodão fino e úmido para seus
seios.
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Eu forcei meu olhar para longe de seus peitos — haveria


tempo para isso mais tarde... espero.
— Alavancagem. Se conseguirem, podem usar você para
chegar até mim.
— Será que vai funcionar? — Ela perguntou, olhando
para mim. — Eles poderiam chegar até você através de mim?
— Absolutamente. É por isso que estou aqui, para ter
certeza de que isso não aconteça. Posso lhe proteger, mas
você me ouviu. Agora, você precisa se vestir.
— Como eu sei que este não é um jogo para me tirar
nua e na cama?
Eu gesticulei para a janela.
— Isso pareceu um jogo para você? — Me aproximei dela
até que eu estivesse em seu espaço, preenchendo sua visão.
Deus, ela cheirava incrível, fresca, fora do chuveiro, ainda
úmida, shampoo e sabão e loção. — E além disso, doutora,
quando eu decidir levá-la nua e na cama, eu não precisarei
de jogos para fazer isso. — Eu puxei seu lábio inferior com
meu polegar, vi suas pupilas dilatarem, suas narinas se
alargaram, seu peito inchou. — Quando eu quiser você nua,
Lola, serão minhas mãos tirando suas roupas. E quando eu
quiser você na cama, será eu jogando você onde eu a quero.
— Oh. — Foi uma respiração, um sussurro.
Eu segui meu dedo indicador pelo seu esterno, entre as
pontas de sua túnica, puxando-a aberta um pouco, até o
cinto emaranhado. Eu puxei a ponta para soltá-la, e então eu
fui recebido com uma abertura cada vez maior de carne de
caramelo nua, o V da clivagem, as encostas superiores de
seus seios incríveis, uma fatia de barriga — eu não me
permitia olhar mais para baixo. Guarde isso para mais tarde.
Saboreie. Deixei-me respirar seu perfume, memorizando os
vislumbres preciosos de seu corpo...
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E então eu a empurrei em direção ao seu quarto.


— Vamos, Lola. Ponha algumas roupas.
Ela se moveu para seu quarto, e eu tive que morder o
lábio e forçar-me a ficar no lugar enquanto o manto se abria.
Um puxão, e ela estaria nua, de frente para mim. Toda aquela
carne, todas aquelas curvas doces, desnuda para mim.
Eu rosnei com o esforço necessário para me manter
onde estava, com mãos para mim.
Lola fez uma pausa, olhando para mim por cima do
ombro enquanto ela alcançava a porta do quarto.
— Por que você está grunhindo?
— Porque não temos tempo para o que eu quero, e você
está empurrando os limites do meu autocontrole.
Ela franziu o cenho.
— Eu não estou fazendo nada.
— Você não precisa fazer nada. Você me tenta apenas
existindo, doutora.
A pele, tão escura como a dela, não corou de verdade,
mas eu podia ver no jeito que ela olhava para mim, na pausa,
na luz confusa e contente em seus olhos. Sua boca se abriu,
mas depois se fechou de novo e fechou a porta entre nós.
Provavelmente era o mais seguro para ela. Dentro de alguns
minutos ela emergiu vestida com um par de calças pretas de
yoga apertadas como a pele e uma regata laranja apertada
que destacava a sombra exótica de sua pele e a perfeição
inacreditável de seus seios, cabelo em uma trança francesa
apertada, um par de velho desgastado e confortável, e — o
mais importante – sensível Chucks. Sem maquiagem, ela
estava vestida em dez minutos, incluindo aquela fantasia de
trança francesa.
— Droga, menina, isso foi rápido.
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Ela encolheu os ombros.


— Você me deu a impressão de que o tempo é essencial.
— Claro que é, querida. — Eu olhei para fora da janela
novamente, mas não vi nada de errado lá fora. — Pegue sua
bolsa e quaisquer necessidades. Não tenho certeza de quando
voltaremos aqui.
Desligou o telefone do cabo do carregador no balcão da
cozinha, jogou-o na bolsa e deslizou a bolsa sobre o ombro de
seu corpo.
— Eu tenho que trabalhar amanhã.
— Bem... você vai ter que avisar que está doente ou algo
assim. Mas agora não. Uma vez que estivermos livres de
perigo imediato. Algumas coisas que você precisa entender
antes de começar, ok? Número um, quando estivermos em
movimento, em uma situação quente — e eu não quero dizer
sexy quente, quero dizer, as pessoas tentando nos machucar
quente — você faz como eu digo, quando eu digo, e você
nunca hesita. Isso é o mais importante. — Eu coloquei minha
mão em volta da sua nuca, atraindo-a para perto de mim.
Deixei-a ver a verdade em meus olhos. — Em segundo lugar,
tão importante, é que não importa o que você me vê fazer,
saiba que eu nunca vou machucá-la, ou deixar alguém lhe
machucar. Ok? Você não precisa ter medo de mim.
Ela franziu o cenho.
— Você está me assustando um pouco, Thresh.
Eu mostrei a minha Sig Sauer.
— Você deveria estar um pouco assustada. Vou fazer
isso, mas... não vai ser uma caminhada no parque. Agora,
abra a porta, mas não se ponha em vista da abertura. Assim
que estiver aberto, fique atrás de mim e fique firme em minha
bunda. Estamos vivos, querida.
A adrenalina estava bombeando, disparando através de
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mim, pulsando em minhas veias. Lola ficou à esquerda da


porta, inclinou-se, torceu o botão e, em meu aceno de cabeça,
empurrou-a para fora, permanecendo fora da abertura. Assim
que ela abriu a porta, eu passei, com a pistola apontada pela
armação; o corredor estava vazio, mas ouvi uma voz ecoando
na escada, falando em voz baixa na mesma língua do leste
europeu que o cara do carro usara.
Fiz um gesto para que Lola ficasse onde estava, coloquei
a minha arma no coldre, tirei a faca — não fazia sentido fazer
mais barulho do que eu precisava, ou usar balas que
pudessem vir a ser úteis mais tarde.
O corredor estava limpo até o elevador, então eu fiz um
gesto para Lola se juntar a mim na entrada para a escada.
Mandei ela abrir a porta da escada para mim, não ouvi nada.
Descemos, Lola perto de mim, até o primeiro andar.
Algo me alertou. Esse mal-estar.
Segurei a KA-BAR de modo que a ponta de corte estava
voltada para cima, avançando em pés silenciosos para ficar
ao lado da saída da escada. Esperei, tenso, sem respirar.
Bloqueei Lola, bloqueei os nervos; se você não está um pouco
nervoso, um pouco assustado em uma briga, então você é
louco ou um mentiroso, e eu não sou nem uma coisa nem
outra.
Eu assisti enquanto a maçaneta da porta da escada era
torcida, e então a porta se moveu para dentro, e um corpo
apareceu na porta.
Ele me viu, eu o vi...
Eu bati em primeiro lugar, e bati mais forte. Há um
ponto, no lado esquerdo do corpo, a meio do tronco. Angulo a
lâmina para deslizar debaixo da caixa torácica...
Ele bateu no chão como um saco de carne, piscando,
ofegando, morrendo.
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Eu limpei a lâmina em suas roupas, o arrastei


completamente para a escada fora de vista do lobby
felizmente vazio, e depois me endireitei.
Lola viu tudo. Quando alguém com o tipo de pele escura
e exótica que Lola tinha fica pálida como um fantasma... ugh,
não é bom. Nada bom.
Eu enfaixava a faca, mantive minhas mãos visíveis, e me
aproximei dela lentamente.
— Lola. Ele tinha uma arma, ok? Esses caras não estão
brincando.
Ela se afastou de mim.
— Você... você só... — Ela sacudiu o punho para cima
em uma paródia do movimento que eu acabei de usar. —
Era... como... fácil. Tão rápido. Você acabou de matá-lo. Ele
nunca teve uma chance.
— Esse é o ponto, querida. — Eu fiquei um pouco mais
perto, mantendo minha voz baixa, suave e calmante. — Não
adianta dar a ele a oportunidade de me machucar, ou a você.
Meu trabalho é mantê-la viva, e fora das mãos dos maus. Não
vou brincar ao redor.
Ela apenas piscou para mim.
— Você já fez isso antes. Muitas vezes.
Suspirei.
— Sim, Lola. Não vou mentir sobre isso. Faz parte do
meu trabalho.
— Foi por isso que me disse que não precisava ter medo
de você.
Eu acenei com a cabeça, e ela me deixou chegar a curta
distância. Eu coloquei minha mão em seu braço, em seguida,
deslizei-a para cobrir seu pescoço, que parecia acalmar seus
nervos, por algum motivo.
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— Eu posso fazer coisas ruins, mas apenas para


pessoas que merecem, ok? Você realmente não quer saber o
que poderia acontecer com você se esses caras se apoderarem
de você. Agora... Temos de nos mover. Sei que há pelo menos
dois mais por aí, e não tenho tempo para lidar com os
policiais assim que o corpo for denunciado.
Ela começou a tremer quando passou pelo cadáver no
chão, com a piscina de sangue se espalhando debaixo dele.
— Não olhe, Lola, — eu disse, pegando a minha Sig. —
Você não precisa ver isso.
Ela balançou a cabeça, e desviou o olhar, e então nós
estávamos trotando abaixo as escadas.
— Sou médica, Thresh. Eu fiz minhas rondas na sala de
emergência, e eu trabalho na UTI. Perdi pacientes antes. Já vi
pessoas mortas antes.
Eu acenei para ela me seguir em frente ao lobby.
— Sim, eu entendi. Mas é diferente quando você assiste
a pessoa ser morta na sua frente. Mesmo corrigir ferimentos
de bala como você fez para mim é diferente do que reparar
ferimentos de arma de fogo que você assistiu ocorrer. Lidar
com os efeitos secundários da violência não é exatamente a
mesma coisa que estar envolvido na violência.
Ela estremeceu.
— Então estou aprendendo.
Uma vez que nós chegamos na rua, eu afastei minha
pistola e arrumei minha camisa sobre ela, então peguei a
mão de Lola na minha, enfiando nossos dedos juntos. Não
havia nenhum sinal de câmeras, o que significava
esperançosamente, dado o fato de eu ter usado luvas e que
não havia nenhuma testemunha, não haveria nenhuma
maneira de rastrear o cara inconsciente no carro ou o cara
morto na escada de volta para mim. O que eu vi foi um Range
Rover a um par de quadras de distância indo em torno da
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esquina em direção a nós com dois homens nele; um deles


levantou um telefone celular, marcou um número e segurou o
telefone ao ouvido; ele falou brevemente, e então terminou o
telefonema.
— Merda. — Eu puxei Lola em uma caminhada de
poder, longe da cena, em direção ao Jipe.
— O que é? — Sua voz era surpreendentemente
uniforme e constante, considerando os acontecimentos dos
últimos minutos.
— Fomos feitos.
— O que isso significa em linguagem de pessoa normal?
— Isso significa que o Range Rover lá é uma coisa muito
ruim, e os dois caras nele são homens muito ruins.
— E os bons? O homem para quem você trabalha,
Harris, ele sabe que está com problemas?
Chegamos ao Jipe, e gesticulei para Lola entrar.
— Eu estou supondo que ele saiba agora. Fiz um
telefonema. Deveremos ter ajuda em algum momento, mas
por agora... estamos sozinhos.
Uma vez no jipe, eu liguei o motor e puxei para nos
afastar, resistindo o impulso para acelerar. Não precisamos
de atenção, justo agora. O Range Rover seguiu de perto atrás
de nós.
As coisas estavam prestes a ficar divertidas, e rápido.
Virei à esquerda no cruzamento mais próximo, e assim
que eu estava ao virar da esquina, enterrei o pedal. O motor
rugiu, o torque entrou em ação, e nós dois fomos
pressionados de volta para os assentos do poderoso SUV, que
saltou para frente, transportando nossa bunda, passando os
carros em movimento mais lento. Eu tive que fazer um pouco
de condução criativa, fintando e desviando para o tráfego em
sentido contrário, de volta para a pista adequada, depois para
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a direita, para a esquerda novamente... Eu olhei nos


espelhos, e vi o Rover seguindo atrás, seguindo sua própria
rota através do tráfego.
— Qual caminho para uma autoestrada? – Eu perguntei.
Ela piscou, hesitando uma fração de segundo para
pensar.
— Aqui à esquerda, — ela disse, dando-me apenas o
tempo suficiente para bater os freios e virar em torno da
esquina, pneus guinchando, fumaça ondulando, a suspensão
fazendo o seu condenado para nos manter no nível quando a
força centrípeta lutou para empurrar-nos em um rolar.
Dois quarteirões passaram em questão de segundos,
mas pareciam minutos enquanto eu constantemente desviava
e travava para evitar carros, pedestres e ônibus. Então ela
indicou para a esquerda novamente, e depois à direita depois
de mais alguns quarteirões, e então a rampa de acesso estava
descendo e descendo. Eu bati duro no acelerador e nós
marcamos abaixo da rampa e para a autoestrada, que eu não
estava certo de qual era e eu realmente não me importava.
Fora, isso era o mais importante.
Estava estranhamente calmo e quieto por um minuto,
apesar do fato de eu estar fazendo 110mph e ainda estava
acelerando. O Rover estava atrás de nós, aparentemente
satisfeito em seguir-nos apenas por enquanto. Nenhum
tiroteio na autoestrada, eu acho? Eu não estava reclamando.
Bater qualquer coisa a partir de um veículo em movimento é
difícil o suficiente como é, muito menos tentando gerenciá-lo
com uma mão. Deus, sério, porra de braço deficiente.
Eu mantive um olho em nossos perseguidores, que
ficaram um par de comprimentos de carro para trás. Quando
se tornou óbvio que eles não estavam indo para montar um
assalto móvel, eu recuei o acelerador até que estávamos de
volta às velocidades legais.
Uma vez que estávamos cruzando suavemente, Lola
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cavou fora seu telefone da pilha e chamou o hospital,


reivindicando uma emergência inesperada da família que a
mantivesse ocupada por diversos dias. Depois disso,
dirigimos em silêncio por um tempo, saindo de Miami e longe
das áreas urbanas e suburbanas.
— Para onde vamos? — Lola perguntou.
Eu dei de ombros.
— Nenhuma ideia. Eles estão apenas nos seguindo por
agora. — Eu olhei para ela, observando sua expressão
pensativa. — Por quê? Tem uma ideia?
Ela balançou a cabeça de lado a lado em um gesto de
talvez.
— Bem, há um lugar, mas... Estou hesitante por um par
de razões. Primeiro, é difícil de chegar lá, o que é parte da
razão que eu mesma estou considerando, mas quando eu
digo difícil de chegar, eu realmente não estou brincando.
Remoto nem sequer começa a cobri-lo. Em segundo lugar, eu
realmente não gosto da ideia de liderar ninguém lá, porque é
... é a casa do meu pai. Eu não quero puxá-lo para esta
confusão, também. Ele é... um tipo eremita.
Eu considerei.
— De onde estamos falando?
— Ele tem este lugar na região das Dez Mil Ilhas, o tipo
de lugar que você tem que saber exatamente como entrar e
sair, ou você estará totalmente perdido para sempre.
— E você sabe como chegar lá?
Ela assentiu.
— Sim. Eu meio que cresci lá. Ele era nosso refúgio de
verão. Nós arrumávamos as malas logo que a escola acabava
e pegávamos o barco dele, e nós não voltaríamos até um dia
antes de eu começar a escola novamente. Então, quando
mamãe morreu, papai se mudou para lá em tempo integral.
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Não saiu desde então. Ele tem um amigo que entrega


suprimentos e eu o visito, às vezes, quando posso. —
Estávamos nos aproximando de uma rampa de saída para
uma autoestrada diferente, e ela me mandou pegar essa
saída, o que nos colocou em uma estrada menor de duas
pistas Sul e oeste fora de Miami.
— Então eu estou assumindo que não é acessível
através de um veículo, — eu disse.
Ela bufou.
— Sim, Thresh, há uma estrada agradável que leva até a
cabana feita à mão do meu pai no fundo dos Everglades. – Eu
não só recebi o bufo e o sarcasmo, eu também consegui um
rolar de olhos. Pontos bônus. — Essa é a parte complicada.
— Ela olhou para mim de lado, mastigando uma unha. —
Estou presumindo que você não acabou de comprar este
veículo desde que chegou em Miami...
Eu torci meu punho em torno do couro do volante.
— Não... exatamente, não. Eu mais... pedi emprestado.
Firmemente.
Ela riu.
— O que significa que você bateu um pobre babaca
sobre a cabeça e roubou seu jipe muito agradável?
Fingi arfar como se estivesse ofendido.
— Eu nunca bateria algum pobre idiota sobre a cabeça e
roubaria seu jipe muito agradável. — Eu afetava um tom de
arco. — Eu tenho padrões, eu vou fazer você saber. Para sua
informação, eu o segurei na ponta da faca e roubei seu Jipe.
Mas eu fui educado.
Ela ergueu ambas as sobrancelhas.
— Você roubou educadamente um veículo à faca?
— Sim. Nem sequer machuquei-o... — Eu inclinei minha
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cabeça para o lado com um encolher de ombros de um


ombro, — não muito. Apenas um pequeno ponto,
pequenininho, onde eu piquei-o com a faca. Nem precisará de
um Band-Aid.
Ela olhou para mim.
— Bem. Eu certamente não gostaria de saber o que
parece quando você não está sendo educado sobre alguma
coisa.
Eu atirei um olhar no espelho, procurando por nossos
perseguidores; eles pareciam um pouco entediados. Eu teria
que fazer coisas interessantes para eles, em algum momento.
— Você viu, — eu disse. — Pode ficar... bagunçado.
Isso a silenciou por um momento.
— Entendo. Acho que posso entender por que você
ficaria chateado, considerando tudo.
Eu ri completamente.
— Chateado? Eu não estou chateado em tudo. Isto é um
pouco de diversão, até agora. Seria melhor se eu não tivesse
recebido um tiro, mas então estes são os mesmos caras que
colocaram as balas em mim em primeiro lugar, e eu fiz um
número sobre eles durante a última operação, então eu estou
olhando isto como... retribuição, para ambos os lados.
Passaram-se mais alguns momentos de silêncio, e então
ela olhou de novo para mim.
— Qual foi a operação? Quero dizer, se eu vou me
arrastar para uma merda de um filme de Jason Bourne, eu
também poderia saber por quê.
Eu discuti sobre o que dizer a ela, e então percebi que
ela merecia saber a verdade pelas razões que ela deu.
— Primeiro, quando eu disse que eu era um empreiteiro
de segurança, eu realmente queria dizer isso. Geralmente,
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fornecemos segurança pessoal para clientes de alto perfil em


uma base de evento por evento. Como quando uma
celebridade da lista A está fazendo algum evento grande e
chamativo e eles querem reforçar sua segurança normal, eles
nos contratam. Meu trabalho é geralmente ser grande,
assustador e intimidante, honestamente. Assim, na maior
parte, eu não sou um mercenário, sou um contratado de
segurança. — Fiz uma pausa para mudar de faixa,
acelerando em torno de um RV lento. — Mas às vezes um
trabalho vem em nossa direção que é... não tão simples.
— Como matar pessoas?
Eu não tive que afetar o tom de voz ofendido.
— Eu não sou um assassino, Lola.
— Bem merda, Thresh, eu não sei quase nada sobre
você, então como eu deveria saber? Você matou aquele cara
com facilidade risível. Você nem pareceu afetado. Eu não
queria ofendê-lo, mas se você olhar para isso da minha
perspectiva por um segundo, não é uma suposição
completamente estranha.
— Eu acho que você tem um ponto, — eu disse. — Os
trabalhos que eu estou falando são coisas que vão além dos
limites da segurança básica. Não somos assassinos por
contrato, somos uma equipe de remoção de ameaças. Uma
equipe de inserção e extração. Se alguém precisa de
segurança contra uma ameaça ativa, onde há uma
possibilidade real de perigo, você nos liga. O trabalho que
causou toda essa fúria foi... diferente, mesmo para nós.
Lola girou em seu assento de modo que ela estava
parcialmente de frente para mim, aberta e avidamente
ouvindo, agora.
Eu suspirei e dirigi com meu joelho enquanto eu
esfregava a parte de trás do meu pescoço, em seguida, voltei
a pegar o volante.
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— Você conhece os atores Jon Lonigan e Callie


MacPhereson?
Lola bufou.
— Hum, duh?
— Certo. Bem, eles têm uma filha, três anos. Cleo. Uma
pequena coisa fofa, cabelo loiro, olhos azuis, inocente e doce
como açúcar. — Eu soltei um suspiro. — Ela foi sequestrada.
Estava... bagunçado. Os caras que a roubaram o fizeram em
plena luz do dia, quase mataram a babá no processo.
Enviaram uma nota de resgate com uma fotografia de algum
imbecil com uma grande faca do caralho na garganta desta
garotinha. Harris fez segurança para um amigo do Lonigan's,
então Harris recebeu a ligação. Vá buscar a garota. Custo
não era objeto, e ele não queria saber os detalhes de como
nós o faríamos. Apenas pegue sua garotinha de volta. Então
fizemos o que fazemos: Pegamos a garota de volta.
— Só que não foi exatamente simples. Os caras que
arrebataram Cleo não eram apenas alguns bandidos. Era um
trabalho profissional — as pessoas que Harris enfrentou em
seus dias de operações negras. Malvados fodidos e espertos.
Coordenados, bem armados, treinados e com números sérios.
O cara responsável descobriu que Harris estava envolvido, e
descobriu-se que os dois tinham sangue ruim entre eles. Eles
planejaram emboscar-nos, então montamos uma contra
emboscada... — Eu acenei uma mão, não querendo ir pesado
demais sobre os detalhes, por causa de nós dois. — As coisas
ficaram quentes e rápido. A coisa toda foi de lado. Nós mal
conseguimos fugir, e nós tiramos a maioria dos caras de Cain
no processo, mas não o próprio Cain, e Cain nunca
conseguiu seu dinheiro de resgate. Então agora temos um
mafioso europeu seriamente irritado, e esse cara... ele tem
dinheiro, tem conexões e é arrogante o suficiente para pensar
que pode enfrentar Harris e vencer.
Lola estava levando tudo isso a passos largos, até agora,
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mas então ela estava provando-se ser bastante imparável.


— Ele pode? Enfrentar Harris e ganhar, quero dizer.
Eu ri, forte.
— Querida, Harris faz com que Rambo e Chuck Norris
pareçam maricas. Coloque-os juntos, e eles ainda são
maricas em comparação com Harris. Cain não tem chance. E
agora que ele foi atrás de mim? Merda, o filho da puta
assinou seu mandado de morte, e eu ainda não estou
chateado.
— Apenas por curiosidade... O que aconteceria se você
ficasse chateado?
Pensei por um segundo, tentando descobrir como
responder a isso.
— Eu só perdi a paciência uma vez na minha vida. Eu
sempre fui maior do que todos, e meu velho, o porra sádico
que ele possa ter sido, se certificou de que eu soubesse que
eu tinha que manter uma tampa na minha merda. Ele
perfurou o autocontrole em mim desde muito jovem. Então...
Eu não fico irritado demais.
Lola franziu o cenho.
— Mas aconteceu uma vez?
Suspirei.
— Sim. Mas isso é... Não é algo que eu gostaria de falar.
Foi um mau momento.
Lola voltou-se para a frente.
— Entendo. Bem, lamento que tenha acontecido, seja lá
o que for.
— Assim. Este seu plano, para desaparecer no
pântano...
— Primeiro, não é realmente um pântano, é uma floresta
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úmida. É um lugar muito complicado e muito especial.


Eu rolei minha mão em um gesto de siga em frente.
— Ok, então, como entramos nesta floresta de áreas
úmidas muito complicada e especial de vocês?
Ela suspirou.
— É realmente um de somente três posições no mundo
a ser declarado...
Eu a cortei.
— Diga-me quando estivermos lá, querida. Vamos para
a parte da explicação onde eu posso planejar como perder
esses dois idiotas atrás de nós sem que você seja morta.
— Ou você. Não queremos que você morra.
Eu gritei.
— Querida, só há dois deles. Eles não poderiam me
matar se eles tivessem uma maldita bazuca. Tenho a certeza
de que posso lidar com dois pequenos amigos do Euro que
querem ser bandidos.
Lola revirou os olhos para mim.
— Ok, cara duro. O ponto é, você é minha proteção,
então eu preciso de você inteiro. — Ela olhou minha tipoia,
envolta em torno do braço. — Ou, pelo menos, no número de
peças que você já está dentro.
— Eu também gostaria. Apesar do que você pode
acreditar, levar um tiro não é divertimento, assim, gostaria de
evitá-lo se eu puder.
— Então o plano é usar o barco extra de papai.
Eu bocejei para ela.
— Barco extra? Por que você não disse isso?
— Porque você me distraiu com o seu absurdo educado
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roubo de um Jeep.
— Você começou isso, bolo de mel.
— Bolo de mel? O que diabos isso quer dizer?
— Significa dizer-me onde este maldito barco está para
que possamos ir buscá-lo.
Ela hesitou.
— Bem, a coisa é, chegar a ele é a parte fácil. Na
verdade, entrar no barco e na água? Um pouco mais difícil. —
Ela gesticulou atrás de nós. — Especialmente desde que eu
estou relativamente certa que eles tentarão nos parar.
— Relativamente certa, — eu ecoei. — Sim, eu concordo
com isso.
Ela bateu no GPS, digitando um endereço da Plantation
Island, onde quer que fosse — qualquer que fosse. — Primeira
parada, no tio Filipo.
— O que tem no tio Filipo?
— O barco.
— Estou confuso.
Ela revirou os olhos para mim. Parecia que ela fez isso
muito.
— Eu sei, é complicado. Outra complicação é que tio
Filipo não é realmente meu tio. Ele é o amigo do meu pai que
o traz consigo. Ele tem um barco — bem, na verdade é o
barco do papai se você quer ser técnico sobre isso, mas ele
está deixando o tio Filipo emprestá-lo mais ou menos
permanentemente, assim Filipo pode trazer comida e propano
para papai e qualquer outra coisa.
Eu fiz uma careta.
— Então é o barco do Filipo?
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Ela abanou a cabeça.


— Filipo é muito particular sobre este ponto. Não é o seu
barco, ele está apenas usando.
— E o que isso tem a ver com o nosso plano de
emprestar o barco?
— Bem, é ao lado do trailer de Filipo. — Ela fez aquela
hesitação novamente, aquela que significava que eu não
gostaria do que ela estava prestes a dizer. — É em um
reboque, e nós temos que rebocá-lo para a água.
— O que significa que temos que perder os caras atrás
de nós.
— Isso facilitaria, sim.
— Este lugar do seu pai... está listado? Como, ele está
na grade?
— Na grade?
— Pesquisável. Utilitários, endereço, registros de
telefones celulares, cartões de crédito?
— Oh. Não, ele está fora da grade, então. Sem
eletricidade ou água corrente, sem telefone celular,
obviamente. Ele tem uma conta bancária com suas
economias, mas ele não usa. Ele teria que deixar os
manguezais, e isso não está acontecendo. Não consigo pensar
em nada que possa levar a ele. Para o mundo em geral,
depois que a mãe morreu, ele simplesmente desapareceu. Eu
até mudei meu sobrenome para o nome de solteira da mamãe
depois que ela morreu, então não é fácil me amarrar ao papai
dessa maneira. Só Filipo e eu sabemos como encontrá-lo, ou
que ele ainda está vivo.
Eu balancei a cabeça.
— Isso é bom. Você pode se esconder lá até eu conseguir
tirar você do radar de Cain.
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— Como você vai fazer isso?


— Por ser charmoso e persuasivo, é claro. — Eu disse
isso com um sorriso, esperando que ela entendesse meu
significado sem ter que tê-lo escrito.
Ela balançou a cabeça com um suspiro divertido.
— Eu vejo. — Ela ergueu os punhos, sacudiu a
esquerda, — Charme... — então o direito, — ...e Persuasão?
Eu ri.
— Exatamente. Você me pegou, doutora.
Ela se retorceu em seu assento para olhar para atrás,
para o Range Rover, ainda seguindo dois comprimentos de
carro para trás.
— Alguma ideia de como cuidar deles?
Eu dirigi com meu joelho, puxei minha Sig para fora, e
coloquei-a em meu colo.
— Sim, atire neles.
Ela olhou pelas janelas para a autoestrada.
— O quê, aqui? Agora?
Eu dei de ombros.
— Agora que estamos no campo e longe do trânsito,
trocaremos de assento e cuidarei dos idiotas atrás de nós.
— Isso é fácil, hein?
Eu balancei minha cabeça de lado a lado.
— Fácil? Eu não diria fácil, exatamente. Eu diria que é
simples. O que não é o mesmo que fácil.
Ela suspirou.
— Tenho a sensação de que isso vai ficar interessante.
Eu sorri.
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— Lola, querida, quando você está comigo, tudo é


interessante.
Mais uma vez, ela revirou os olhos para mim.
–Então, eu estou descobrindo. O engraçado é que eu
estava perfeitamente contente com meu tédio.
Para provar um ponto, eu usei meu joelho no volante,
estendi a mão, passei a ponta do meu dedo sobre o joelho
dela, até o interior de sua coxa, então arrastei meu dedo
lentamente até o comprimento de sua coxa, retardando
enquanto eu me aproximava da junção de suas coxas.
— Lola, querida. Você chupa por mentir.
— Eu — eu... eu não estou mentindo, — ela gaguejou
quando eu puxei meu toque para dentro de uma polegada de
sua boceta, e depois recuei. — Sobre o que eu mentiria?
— Você não estava tão contente com o seu tédio. — Eu
brinquei mais perto de novo, e sua respiração pegou. — Você
estava morrendo por alguém forçá-la para fora de sua rotina.
— Eu não estava em uma rotina.
— Eu também. — Eu movi meu dedo para a outra coxa,
provoquei o interior do joelho para a boceta e para trás.
— Bem, se eu estivesse em uma rotina, havia uma razão
para isso. — Ela estava tentando agir casual, como se ela não
fosse afetada.
Ela não estava, embora. Ela estava se contorcendo.
Lutando para manter a respiração normal, para ficar em seu
assento.
— Oh? Qual a razão disso? — Eu passei minha mão
sobre seu núcleo, um toque leve e provocante.
— Pare com isso. — Ela agarrou meu pulso, mas não
aplicou nenhuma pressão para me parar enquanto eu
colocava minha mão sobre ela, esfregando o calcanhar de
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minha palma contra onde seu clitóris ficaria, debaixo da


calça de ioga e da calcinha.
— Pare? — Eu continuei esfregando, um pouco mais
difícil agora, em círculos lentos, e seus quadris começaram a
espelhar o movimento. — Você tem certeza que quer que eu
pare?
— Sim... — ela disse, mas sua mão contou uma história
diferente, fazendo mais para guiar meus movimentos do que
para pará-los. — Deus... você é um idiota... Você tem que
parar...
Puxei minha mão, então.
— Se você insiste.
Ela gemeu, contorcendo-se no assento.
— Porra, Thresh.
— O quê? — Eu a coloquei de novo. — Talvez você
queira revisar o seu pedido para eu parar?
Eu esfreguei contra seu clitóris em círculos lentos,
deliberadamente, apenas o suficiente para levá-la, para
insinuar o que eu poderia fazer.
Ela inclinou a cabeça para trás contra o assento,
flexionando seus quadris no tempo com meus movimentos.
— Eu te odeio.
— Não.
— Odeio muito.
— Por quê? — Eu me movi um pouco mais rápido,
agora. — Por que você me odeia, Lola? É porque você gosta do
jeito que eu estou tocando você, mas você não quer gostar?
— O que você está fazendo, Thresh? — Ela ofegou
quando meu toque acelerou. — Deus, o que você está fazendo
comigo?
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Porra, ela era tão malditamente responsiva. Eu mal a


tocava, nem sequer tocando a carne nua. Ela estava a poucos
minutos de gozar e eu só a toquei sobre suas roupas. Jesus,
as coisas que eu poderia fazer a esta mulher se eu a tivesse
despida e o tempo para fazer todas elas. Eu me perguntei se
ela era uma gritadeira. Se ela arranharia as unhas nas
minhas costas. Que tipo de reflexo ela teria.
Percebi que tínhamos pouco ou nenhum tráfego atrás de
nós. O Rover estava bem atrás de nós agora, mas ainda ficava
a cinquenta metros atrás. Agora era a hora, se eu fosse fazer
um movimento.
O problema era que agora eu tinha Lola trabalhada.
O que um cara deve fazer?
Olhei para Lola.
— Pegue o volante, querida. Estamos mudando de lugar.
— AGORA? Você faz isso agora? — Ela soltou seu cinto
de segurança e agarrou o volante, mesmo quando ela gritou
para mim.
Eu sorri para ela.
— O quê?
— Você sabe muito bem o quê! Você não pode me deixar
assim!
— Como o quê?
— Toda... você sabe. — Ela parecia envergonhada, por
alguma razão estúpida. Envergonhada. O que era estranho,
considerando quão descaradamente ela estava nisso apenas
alguns momentos atrás.
— Você tem que confiar em mim, doutora. Eu vou
cuidar de você, não se preocupe. — Eu alavanquei o assento
tão longe quanto ele iria, defini o controle de cruzeiro e, em
seguida, trabalhei meu volume através do console, atrás de
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Lola, e para o assento do passageiro. O que faz soar muito


mais fácil do que realmente era. — Vou cuidar bem de você,
você estará implorando por mais. Agora... dirija. Mantenha-o
andando, e estável.
Eu pendurei para fora da janela, a Glock roubada em
minha mão boa, dobrando para trás, mirei no motorista,
apertei o gatilho duas vezes — BANG-BANG! – formou uma
teia de aranha no para-brisa quando minhas balas o
despedaçaram completamente, mas o Rover manteve-se atrás
de nós — eu errei. Eu enviei mais duas rodadas no para-
brisa, visando onde o passageiro estaria, se ele fosse idiota o
suficiente para ainda estar sentado lá. Eu não acho que ele
seria um idiota, necessariamente, mas nunca machucou em
tentar.
Houve fogo de retorno então, uma mão segurando uma
pistola aparecendo pela janela do passageiro, balançando,
tiros ecoando, e o Jeep estremeceu como balas batendo no
para-choque traseiro; eles estavam tentando atirar em nossos
pneus, eu percebi.
De jeito nenhum.
Eu mirei um tiro no capô desta vez, e disparei alguns
tiros mais. A fumaça subia debaixo do capô, o Rover desviou,
derrapou, girou lateralmente, e então fez uma pausa.
— Pare, — eu disse a Lola, e ela obedeceu
imediatamente.
Assim que fomos parados, eu abri a porta e saltei,
nivelando minha arma no Rover. Uma arma latiu do lado do
motorista, e eu devolvi o fogo, enviando a rodada para o para-
brisa, que se quebrou completamente, então. O motorista
estava caído, ainda vivo, mas sangrando, e o passageiro
estava longe de ser visto.
Movi-me para frente meio agachado, atingi o capô,
circulei em torno do lado do passageiro, agachando-se
automaticamente, mantendo meu cano treinado na janela do
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passageiro. Aproximei-me, erguendo-me para olhar por cima


e entrar, pretendendo tapá-lo de repente.
Um tiro explodiu em mim e a rodada zumbiu perto de
minha orelha, faltando-me por uma questão de centímetros,
se isso. Quando uma bala passa por sua cabeça, você seria o
melhor pato; uma rodada faz buzzzzzz como uma abelha
irritada, é melhor você agradecer ao doce bebê Jesus, porque
aquela quase teve seu nome nele.
Eu amaldiçoei sob minha respiração, tomei um segundo
para retardar meu batimento cardíaco, e então agachado,
avançado para frente, espiei ao redor do lado do Rover. De
cócoras, coloquei minhas costas no Rover, esperei mais
alguns segundos... levantei alguns centímetros para olhar
pelas janelas, peguei um vislumbre dele na traseira do Rover,
tentando me flanquear através do porta-malas. Eu me abaixei
para baixo, esperei o som da abertura da porta. Esperei pelo
som dos pés no concreto. Ele apareceu por trás da
retaguarda; eu mirei em seu peito, e apertei uma rodada.
Ele tomou a redonda do centro, um vermelho floresceu
em sua camisa. Ele tropeçou para trás, seu aperto em sua
pistola afrouxou, e então ele se sentou duro, agarrando seu
peito em confusão. Esperei até que eu estivesse relativamente
certo de que ele estava além do ponto de ser perigoso, e
depois sai do lado do Rover. Eu chutei sua arma e mantive a
minha treinada sobre ele enquanto ele caía de costas,
segurando seu peito com uma mão, ofegando, piscando.
Ele tinha um celular na mão. Ele estava se
desvanecendo rapidamente, além de falar. Sua mão se
desdobrou, mostrando a tela do smartphone. O nome na
parte superior era ‘Cain’, e listou a duração da chamada
como sendo um pouco mais de cinco minutos... e contando.
Cain ainda estava na linha.
Eu me agachei, afastando minha pistola e peguei o
telefone. — Cain.
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— Ah, Thresh, eu suponho? — Sua voz era suave como


seda, ligeiramente acentuada, venenosamente fria. — Meus
homens estão mortos, então?
— O que você quer?
— Estamos além disso, e eu acho que você sabe. —
Houve um momento de silêncio. — Você pode continuar
correndo. Eu vou lhe encontrar. Seu amigo Mr. Winter não é
o único com habilidades de certo tipo tecnológico, você sabe.
Nem Anselm é o único capaz de encontrar pessoas. Divirta-se
com a Dra. Reed, Thresh.
A linha foi cortada, então.
Merda, merda, merda.
Ele sabia para onde estávamos indo? Como ele poderia?
Eu nem sabia exatamente para onde estávamos indo.
Não é bom, não é bom, não é bom. Larguei o telefone no
chão e esmaguei-o debaixo do meu calcanhar, apenas por
uma boa medida. Eu não tinha certeza de como Cain
pretendia nos encontrar, o que significava que minha única
opção seria continuar com o plano e esperar que Cain não
fosse tão bom quanto ele pensava, ou que eu seria capaz de
lidar com o que ele enviasse.
Não gostei das nossas probabilidades de qualquer
forma, mas ei... você faz o que você tem que fazer.
Quando me virei, Lola estava olhando para mim, para os
dois mortos. Pálida, tremendo, com a mão tapando a boca.
Então ela se curvou e vomitou, caiu de joelhos e
começou a soluçar.
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Capítulo 6

Destruir em quatro palavras


Sem a brincadeira que Thresh mantivera —
intencionalmente, eu supunha, para ocupar minha mente —
tudo isso meio que caiu sobre mim. O cara no carro,
nocauteado. O cara que eu assisti Thresh matar com uma
faca em um movimento, tão facilmente como eu administrava
uma injeção. Então esses dois caras... o perigo se tornou
ainda mais real quando as armas começaram a disparar e as
balas atingiram o Jipe. Thresh tratara com calma o
suficiente, o que era bizarro em si mesmo.
Com isso, eu estava correndo pela a minha vida com um
homem que eu não sabia nada, alguém que era claramente,
totalmente capaz de derramar sangue sem sequer vacilar.
E há apenas alguns minutos, ele estava me tocando...
me tocando da maneira que eu não fui tocada, nem por mim
mesma, em anos. Fazendo-me sentir coisas que eu não sentia
há anos. Quase tive um orgasmo, e ele nem tocou minha
carne.
E então ele parou, me deixando no limite... para matar
pessoas.
Não sei por que vomitei, honestamente. Eu não tenho
um estômago fraco. Eu vi muita merda feia na minha
carreira. Acho que foi o choque, realmente. Foi tão repentino.
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O ruído, a bagunça abrupta.


E então as lágrimas? Deus, eu odeio chorar. Odeio.
ODEIO, ODEIO, ODEIO. Eu não choro. Não desde... desde
tudo o que aconteceu. Eu jurei que não iria chorar, depois de
tudo isso, e eu não tinha.
E agora, na frente de Thresh, eu estava soluçando, e eu
não conseguia parar. Senti Thresh subir ao meu lado, mais
hesitante do que o habitual. Preocupado que eu tivesse medo
dele, eu acho. E eu deveria ter, não deveria? Ele poderia
matar sem compunção. Mas, eu não sentia medo dele.
Esperava, estava preparada para isso, mas nunca veio. Sabia,
no fundo, que ele nunca iria me machucar. Talvez eu
estivesse sendo ingênua, ou estúpida, ou talvez minha
capacidade de julgar as pessoas estivesse destruída — Deus
sabe que não seria um choque — mas o fato era que eu
confiava em Thresh.
Parecia estúpido confiar nele, no entanto. Não era?
Quem confiaria em um assassino? Estúpida Lola Reed, M.D.,
claramente.
Hormonal, emocionalmente instável, sexualmente fodida
em uma escala épica, e presa no meio do nada com um bruto
gigante, terrível e mortal ser humano... um que também era
estupidamente sexy. Ele só... fez coisas na minha cabeça, nos
meus hormônios, no meu corpo. Eu apenas... reagi com ele.
Eu não tinha controle sobre isso. Ele se aproximou de mim,
me tocou, falou na minha orelha naquele barulho pulsante e
seu baixo, e eu... fiquei em pedaços. Tudo o que eu pensava
que sabia, tudo o que eu pensava que queria e não queria,
saiu pela janela.
Mesmo agora, quando seu braço deslizou em torno de
minha cintura e puxou-me contra ele, eu reagi. Os soluços se
acalmaram, e minha respiração se estabilizou, e... ele estava
apenas... ali. Enorme, sólido, tranquilizador e poderoso.
Apenas me segurando.
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Ele olhou para mim e perguntou:


— Você pode voltar para o jipe?
Tudo que eu podia fazer era assentir.
Ele me virou para o jipe, abriu a porta do passageiro,
esperou até que eu estivesse dentro, e então fechou atrás de
mim. Ele entrou no lado do motorista, ligou o motor, olhou
para mim e disse:
— Vamos dar o fora daqui.
Continuamos indo para o sul e oeste em direção a
Plantation Island, nenhum de nós falando por vários
quilômetros.
— Você está bem, Lola? — Ele perguntou,
eventualmente.
Eu dei de ombros.
— Eu não sei.
— Eu não queria que você visse isso.
— O tiroteio parou, então eu pensei... — Fiz uma pausa
para tomar uma respiração profunda, e para limpar meus
olhos.
Ele tocou meu queixo, levantou meu rosto para que eu
estivesse olhando para cima em seus olhos azuis pálidos.
— Lembra do que eu lhe disse, antes, em seu
apartamento?
Eu balancei a cabeça.
— Eu lembro. Simplesmente não torna mais fácil
assistir você fazer essas coisas. Mesmo se eu puder
reconhecer que você está fazendo isso apenas para nos
proteger, é... ugh. Horrível.
— Não é bonito, não. Mas é o que eu faço. E pelo que
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vale a pena, desculpe ter-lhe feito isso.


Eu dei de ombros.
— Quem estava no telefone?
Um rosnado de infelicidade.
— Cain. Ele sugeriu que seria capaz de nos encontrar
tão facilmente como Lear ou Anselm.
— Quem são eles?
— Lear é um hacker. Trabalha para o Alpha One
comigo. Foi ele que conseguiu o seu endereço para mim. E,
por sinal, essa é a única informação sobre você que eu deixei-
o me dar.
— Havia mais?
Ele riu.
— Baby, se ele fosse olhar, Lear poderia dizer-lhe coisas
sobre si mesmo que você não sabia.
— Bem, isso é enervante. — Eu olhei para ele. — E você
não deixou que ele lhe dissesse nada sobre mim? Por que
não?
Ele sorriu para mim por um segundo.
— Porque, como eu disse a Lear, eu pretendo descobrir
tudo isso da maneira divertida.
Engoli em seco.
— Oh sim? Como é isso?
Seus olhos estavam na estrada, seu sorriso desapareceu
em algo mais feroz, com mais fome. — Você ficaria surpresa
com o que você pode descobrir sobre alguém depois de um
par de orgasmos.
— Um — um par? — Como, em um dia? Eu li sobre isso,
mas não achava que era real.
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Seus olhos se estreitaram e seus traços refletiram


suspeita.
— Você nunca teve um ‘O’ múltiplo antes, não é, Lola?
— Você tem alguma ideia de quanto tempo passou
desde que eu tive um único ‘O’? — Agora por que diabos isso
saiu da minha boca?
— Quanto?
Eu tentei parar de responder, mas aparentemente eu
tinha ideias conflitantes sobre o que eu queria. — Três anos.
Ele apenas piscou para mim por vários segundos, sua
expressão totalmente em branco. — Você — Você não teve
um orgasmo em três anos? Jesus, Lola, que tipo de
perdedores você esteve namorando?
— O tipo inexistente?
Ele inclinou a cabeça para o lado, começando a
compreender. Então... Você está dizendo que não fez sexo
algum em três anos? — Eu balancei a cabeça, sem olhar para
ele. — E seus dedos? Ou um vibrador? Você não tentou se
fazer gozar?
Estava ficando perigosamente perto de tópicos que eu
estudei evitar, mesmo pensar, muito menos falar sobre, por
muitos anos. Decidi que era hora de mudar a conversa para
assuntos mais seguros e menos dolorosos.
— E Anselm? Quem é aquele?
Ele suspirou.
— Evitando o assunto. Certo, sinal que há algo fodido
que você não quer falar.
— Tipo de como por que você perdeu a paciência uma
vez?
Ele estremeceu.
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— Touché. Eu deixarei isso ir, mas não por muito tempo.


— Ele fez uma pausa, soltando um suspiro curto, então
continuou, — Anselm é... uh... bem... é difícil falar sobre
Anselm com precisão. Ele é um susto. Um ex-espião, sabe?
Ninguém sabe porra nenhuma sobre seu passado, para quem
ele trabalhou, o que exatamente ele fez, de onde ele veio,
nada. Ele pode se misturar em qualquer multidão,
desaparecer como fumaça ao vento, e encontrar alguém em
qualquer lugar, a qualquer hora. Combine suas habilidades
de espionagem com as habilidades de hacking de Lear? Esses
dois me assustam. Quero dizer, eu posso colocar grandes
danos com qualquer arma criada, incluindo minhas mãos
nuas. Mas... eu não sou exatamente o mais sutil dos caras,
obviamente. Eu posso me esgueirar, fazer combate urbano,
em florestas e merda assim, mas o que esses dois são
capazes de fazer? É estranho. Está em outro nível. E Anselm
é... frio. Acha que sou frio? Eu sou como um pequeno filhote
de cachorro felpudo e morno, comparado a esse idiota. Mas
ele é meu amigo, e confio nele com minha vida. Todos os
caras com quem trabalho, confio assim. Imaginar Cain indo
atrás de meus amigos? Ah não. Foda-se. A merda vai ficar
quente muito rápido.
Eu refleti sobre o que poderia significar se um homem
como Thresh afirma estar assustado por algo — o
pensamento me fez estremecer. Para ignorar esses
pensamentos que induziam ao estremecimento, eu decidi
pressionar Thresh, um pouco, sobre seu passado. Ver o que
eu poderia tirar dele.
— Então... no hospital você mencionou que você jogou
futebol para a Estado da Flórida. Você se formou lá? — Eu
não estava apenas empurrando para obter informações, eu
estava honestamente curiosa. O que formou um homem
como Thresh?
Ele não respondeu muito rapidamente, e quando o fez,
era óbvio que ele estava escolhendo suas palavras com
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cuidado.
— Não, eu não. Eu... persegui outras oportunidades.
— Como o quê?
Ele olhou para mim.
— Bem, eu fui recrutado, se você realmente quer saber.
NFL. Feito através do campo de treinamento, joguei uma
temporada inteira com os Carolina Panthers.
Eu olhei para ele.
— Você jogou futebol profissional?
Ele não olhava para mim.
— Sim. Eu tinha o tamanho, força, velocidade e talento.
Naquela temporada, cara... Eu arruinei a merda. Foi um bom
ano. Muito divertimento, muito do dinheiro, montes de
cadelas, mulheres, eu quero dizer.
Eu revirei os olhos para ele.
— Por que se censurar agora, Thresh? Não é como se eu
não soubesse de seu status como um jogador de nível
profissional.
Ele encolheu os ombros.
— Eu não estou tentando me censurar, eu só...
— Você quer entrar nas minhas calças, e você acha que
será menos provável que eu deixe isso acontecer se estiver
constantemente sendo lembrada que você provavelmente
aperfeiçoou a arte de pegar e largar1?
Ele franziu o cenho para mim.
— Ok, agora segure a porra por um segundo. Isso não é
inteiramente justo. Não é assim, está bem? Eu não sou
assim. Posso dizer que eu nunca peguei e larguei antes? Não.
Eu era um animal na faculdade, e naquele ano com os
profissionais. Mas as coisas mudaram. Eu mudei. Eu não
1
Ter relações sexuais com uma garota, ignorando-a totalmente depois.
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jogo assim. Eu pratico monogamia? Não, nem mesmo a


monogamia. Eu sou um soldado, e tenho sido a minha vida
inteira. Eu viajo muito, e eu estou constantemente dentro e
fora de situações sinistras. Seria uma estupidez da mais alta
ordem que eu tentasse sobrecarregar uma pobre garota com
meu trem de merda.
Ele parecia genuinamente chateado com a acusação que
eu fiz.
— Eu explico, mesmo antes de me aproximar de uma
garota. Você não começa a primeira base comigo até que você
entenda o jogo. Não é que eu não queira ficar por perto, e não
é que a menina não valha a pena, ou qualquer coisa assim. É
a natureza do meu trabalho. Do jeito que minha vida é agora.
Eu vou seguir em frente. Podemos nos divertir até que eu seja
chamado, mas é isso. Não vai ser mais do que isso. Não pode
ser. Não será. Mesmo que pudesse ser — e doutora, houve
algumas vezes em que poderia ter sido algo — isso não pode
acontecer. Eu não vou deixar. Nenhum ponto. Nenhuma
garota vai ficar bem comigo pulando por todo o maldito globo
recebendo um tiro ou esfaqueado ou o que quer que seja. Mas
eu não fodo e saio, ok? Eu não jogo assim.
Eu encontrei seus olhos.
— Desculpe, Thresh, eu não queria insultar você. É só...
Como você pareceu, eu acho.
Um encolher de ombros.
— Entendi.
— Então, só uma temporada, hein? O que aconteceu?
Lesão?
Sua expressão fechou, apenas desligou.
— Não. Eu poderia continuar jogando. Provavelmente
deveria. — Ele torceu o couro do volante. — Senti o chamado
para servir o meu país, foi o que aconteceu.
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— Você saiu da NFL para se juntar ao Exército?


Ele olhou para mim.
— Que diabos não. Eu deixei a NFL para se juntar ao
maldito Corpo de Fuzileiros Navais. Merda estava
acontecendo no Iraque, e eu estava tomando bebidas depois
de um jogo no bar do hotel com esse cara. Ele era um
recrutador. Real negócio fodão, duro como foda, e fez parecer
legal. Contou algumas histórias doentes e me fez pensar. Ele
não fez parecer tudo honra e glória, sabe? Ele disse como se
fosse.
Um momento de silêncio.
— Nunca contei isso a ninguém. Você tem um jeito de
cabeceira, doutora, se você estiver me fazendo falar sobre
essa merda. Disse-me que eu desperdicei meu potencial de
jogar futebol. ‘Claro, você é um monstro’, — disse ele. ‘Claro,
você é rápido, resistente e pode derrubar QBs como
ninguém’, ele me disse. ‘Mas é para isso que você realmente
quer usar seu tamanho, força e dureza? Futebol? Um maldito
jogo?’ E a merda disso era, eu percebi que ele estava certo.
Então eu terminei a temporada, juntei-me aos fuzileiros
navais aos 21 anos. Eu joguei para a FSU como calouro,
segundo ano, e anos júniores. Fui recrutado para jogar na
Carolina no meu primeiro ano, joguei com eles na próxima
temporada. Ingressei nos fuzileiros navais. Fui recrutado
quando eu tinha vinte e três anos. Nunca olhei para trás.
— Então você foi um recrutado por... o que, quinze
anos?
Ele riu.
— Você está realmente pescando, doutora. Não. Eu fui
recrutado por quatro, cinco anos? Então eu fui recrutado
para uma equipe de operações negras. Tipo verdadeiro
secreto de merda. Fiz isso por um tempo, e então... — Ele
soltou um suspiro lento e pensativo. — Então eu saí. Alguma
merda aconteceu que fez óbvio que o tempo para sair passou.
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Eu fiz algumas missões com meu atual chefe, Harris. Ele saiu
antes de mim, trabalhou de segurança privado para Valentine
Roth. Acabou por criar sua própria empresa de segurança e
me contratou no segundo em que me tornei civvie.
— Civvie?
— Civil.
— Oh.
Eu o observei, observei a maneira como sua sobrancelha
se apertou, a maneira como seu punho apertou o volante.
— Estou chateando, não é?
Ele fez um esforço visível para sacudi-lo.
— Não, doutora. Você só... trouxe memórias que eu
normalmente guardo na caixa, é tudo.
Eu bufei.
— Sim, bem, então somos dois. — Eu dei para ele um
sorriso. — Então você conheceu Valentine Roth?
Ele inclinou a cabeça de lado a lado.
— Sim, algumas vezes. Ele é legal. Mais rico do que
tudo, mas ele é legal sobre isso.
— Eu li alguns artigos sobre ele. Parece uma pessoa
interessante.
Ele riu.
— Interessante é uma palavra para ele. Honestamente,
não há muitas pessoas como ele. Ele é um verdadeiro tipo.
Não é um garoto rústico que herdou o dinheiro de seu pai
mesmo que, pelo que eu entendo, ele veio de um dinheiro
sério.
— Conte-me sobre o resto de sua equipe.
— Tudo certo. Mas você tem que responder algumas
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perguntas em troca.
Engoli em seco.
— Justo. Mas... não leve com as coisas difíceis, ok?
— Agora, eu faria isso com você?
Eu fiz uma careta para ele.
— Sim, eu acho que você pode.
Ele riu.
— Na verdade, você está certa. Mas eu vou ser legal. —
Ele estendeu a mão, puxou o final da minha trança; e não, eu
não gostei, nem um pouquinho. — Que tal a família, isso é
um tema de abertura suficientemente seguro?
Suspirei.
— Na verdade não, mas então, não tenho certeza do que
seria, então vamos com isso. — Eu levei um momento para
me reunir, e meus pensamentos. — Minha mãe morreu
quando eu tinha dezesseis anos. Ela esteve em um acidente
de carro, e ela deveria ter se recuperado, mas ela teve uma
infecção e... nunca saiu do hospital. Papai sempre jurava que
foi negligência por parte do hospital, e falou sobre processar,
mas ele estava muito perdido sem ela. Então foi quando ele
se transformou em ermitão.
— Jesus, Lola, desculpa. Isso foi difícil.
Eu balancei a cabeça.
— Isso foi. Ela sofreu por duas semanas antes que
finalmente morresse e, quando morreu, foi um pouco de
alívio em alguns aspectos, porque finalmente a agonia
acabou. Esse sentimento de desamparo, observando-a
sofrer... foi isso que me fez querer ser médica. Se eu pudesse
ajudar alguém, diminuir o sofrimento de alguém, ajudá-los a
curar, trazer famílias de volta quando a minha foi rasgada...
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— Como era a sua mãe?


Olhei pela janela, observando os campos verdes
passarem.
— Ela era... incrível. Era uma terapeuta. Ela poderia
fazer você se sentir melhor apenas por estar no mesmo
quarto que ela. Poderia fazer com que alguém falasse sobre
qualquer coisa, e quando você terminasse de falar, tudo só...
teria mais sentido.
— E seu pai?
— Ah, papai. Papai é algo completamente diferente. Ele
é samoano. Ele cresceu e viveu lá até que tinha... trinta?
Mudou para os Estados com uma bolsa de estudos para a
FSU em ecologia. Conheceu minha mãe na FSU, me teve
quando tinha... trinta e cinco anos? Trinta e seis? Passei a
maior parte da minha infância estudando a ecologia nos
Everglades. Era sempre uma obsessão com ele, parte da
razão pela qual sempre passamos o verão aqui embaixo. Ele
adorava. Mamãe costumava brincar, dizendo que se
aposentaria para os Everglades e nunca mais voltaria. Bem...
quando mamãe morreu, ele fez exatamente isso. Não poderia
lidar com a vida aqui, as pessoas, as perguntas. Ele é um
cara enorme, sabe? Como um samoano típico, um cara
enorme? Esse é o meu pai. Não tão grande quanto você, mas
perto. Eu acho que é em parte porque eu estou tão atraída
por você, se você quer a verdadeira psicologia por trás disso.
Você não é nada como o meu pai, mas a sensação de
tamanho, estar perto de você, me faz sentir segura.
Consolada.
— Meu pai é... privado. Odeia as pessoas, odeia
multidões, odeia a civilização. Quando ele fala, é suavemente,
e você ouve, porque ele tem este jeito de apenas... cortar o
coração das coisas. Ele é um cara grande, mas ele é
dolorosamente tímido. Mamãe era realmente a única pessoa
que ele realmente chegou perto, mas isso era como mamãe
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era. É por isso que eles funcionavam juntos, eu acho.


Eu tive que parar, porque era tão difícil pensar em
mamãe, e como o papai meio que caiu para dentro depois que
ela morreu.
— Papai me ensinou a levantar peso, me ensinou a
amar trabalhar fora. Eu pareço com ele. Não sou nada como
mamãe, fisicamente. Ela era pequena, pequena, como cinco e
cinco, e magra. Ela era tão pequena ao lado do pai. Eu sou
como ela em personalidade, em alguns aspectos, embora. As
pessoas gostam de falar comigo, mas eu sou mais como o
papai em que eu realmente não quero falar com eles.
— Você levanta peso?
Eu ri.
— Faz sentido. Fora de tudo o que eu derramei, é isso
que você aproveita. — Eu bati no seu bíceps, que era como se
estivesse batendo no tronco de uma árvore. — Papai gosta de
levantar peso. Ele era religioso sobre o ginásio até mamãe
morrer, e eu sou da mesma maneira, mesmo ainda. É tudo o
que me mantém sã, alguns dias. Não posso lidar mais com as
pessoas, e se eu não posso lidar com a besteira — eu vou
para o ginásio.
Ele assentiu.
— Maldição. Ginásio é vida.
Estendi meu punho e ele bateu seus nós dos dedos
contra os meus. Honestamente, eu estava grata por ele ter
deixado a maior parte da merda dolorosa sem comentários.
— Ginásio é vida, — eu repeti. — Então, é a minha vez.
Sua família, vai.
Ele torceu o couro do volante novamente com o punho,
que eu estava começando a reconhecer como um gesto
nervoso.
— Bem, papai era uma merda doente, vamos falar sobre
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isso primeiro. Eu digo ‘era’, mas, tanto quanto sei, ele poderia
estar vivo em algum lugar. Eu só não tenho nenhum desejo
de colocar os olhos sobre o bastardo ruim nunca mais, porra.
— Eu fui uma dessas crianças estereotipadas abusadas,
eu acho que você poderia dizer. Ele me batia de modo regular,
mas às vezes ia além de uma simples surra. Tenho meu
tamanho dele, e ele nunca puxou seus socos comigo, a partir
de quando eu era apenas um pequeno em fraldas. Ele iria
quebrar ossos em dias ruins, mas nunca havia dinheiro para
um hospital, e ele não estava prestes a me deixar ir de
qualquer maneira, já que eu poderia falar.
— Mamãe foi uma enfermeira, então ela colocou meus
ossos no lugar quando ele quebrava. Mamãe era minha... ela
era a única luz em minha vida. A única coisa que eu já tive
que não era dor e desespero. Nós vivemos em um trailer no
meio do nada em Buttfuck, Mississippi. Não era nada além de
lugar nenhum, nada, e ninguém. Surpreendente eu ainda ter
qualquer escolaridade, para ser honesto. Mas eu estudei, e eu
fui examinado pelo FSU para o futebol, e você sabe o resto.
— Você está pulando muito.
Ele bufou.
— Nada de merda, doutora. Não vale muito repetir.
Papai bateu em mim todos os dias e mamãe me manteve vivo.
É isso aí.
Eu sentia a dor, as coisas que ele nunca diria, não a
ninguém. A merda que enterrou profundamente, há muito
tempo.
— Então, a única vez que você perdeu a paciência...
Ele suspirou — ou na verdade, não era realmente um
suspiro, era mais um grunhido, um estrondo tão profundo
que eu não sabia que um ser humano poderia produzir tal
som.
— A única vez que eu voltei. Depois que eu fiz o
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recrutamento. Eu ia ser enviado para fora, sabia que eu não


ia voltar, nunca. Então eu apareci para ver Mamãe, e... ele a
arruinou. Sem eu pegar o peso, ela só... — Ele balançou a
cabeça. — Ele a arruinou.
— Eu rasguei esse reboque ao meio, cada parafuso,
cada tábua, cada vara, eu destruí a maldita coisa toda.
Despedacei o velho também. Tomou dez policiais, quatro
tasers, spray de pimenta, e um bastão para a parte de trás da
cabeça antes que eu descesse. Quase matei aquele filho da
puta, e eu queria ter. Levei a mamãe embora — apenas a
levei embora. Usei cada centavo que eu já salvara e coloquei-
a na Flórida. Quando fui profissional, dei-lhe todo o meu
dinheiro. Cada centavo.
Pisquei as lágrimas.
— Porra, Thresh.
Ele piscou para mim.
— Ei, querida, está tudo no passado, agora. Não vale a
pena revisitar, então eu não faço tudo isso muito. — Na maior
parte, sua voz era bastante acentuada, lisa, inteligente e
claramente educada — mas às vezes, como naquele
momento, eu podia ouvir o Mississippi em sua voz.
— Eu sinto muito.
Ele apoiou a mão na minha coxa.
— Nem pense nisso, doutora.
Eu não ousei perguntar sobre sua mãe novamente. Tive
a sensação de que não era uma boa resposta.
Como as milhas continuaram a montar, nós
compartilhamos alguns minutos de silêncio. Eu ruminando
em meu passado, e no seu, e... principalmente, a atração
entre nós. Mas eu tinha mais uma pergunta, que eu não
tinha certeza que eu ia receber uma resposta.
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— Então... Thresh...
— Não. — Ele me cortou. — Eu não estou dizendo o meu
nome verdadeiro, doutora. Uma pessoa nesta terra sabe
disso, e essa pessoa seria o meu miserável, não bom,
malvado, abusivo e foda doente de um pai, e ele
provavelmente está morto bêbado em uma vala em algum
lugar no sertão do Mississippi, onde ele pertence.
— Como posso fazer você me dizer seu nome verdadeiro?
— Eu perguntei.
Ele me lançou um sorriso lascivo.
— Bem, se você é tão determinada, eu posso pensar em
alguns acordos.
Meu estômago revirou, e meu sangue correu.
— Oh? Tal como?
Ele verificou o espelho retrovisor, depois puxou fora da
estrada, empurrou a mudança para o estacionar, deixou o
motor ligado e o A/C explodindo contra o calor ardente do sul
da Flórida. Seu olhar queimou em mim, quente com luxúria.
— Você diz isso, doutora, mas você é todo tipo de
distante quando se trata de mim tocando em você. Algo de
ruim aconteceu com você, e eu não vou empurrá-la para me
dizer o que foi. Mas não é nenhum segredo que eu quero
você. Eu quero você de seis maneiras no domingo, e cada
momento que eu gasto com você eu estou pensando em novas
maneiras que eu poderia fazer você gritar meu nome.
Ele tirou seu cinto e depois o meu, e então estendeu a
mão, arrastou a palma da mão para cima da minha coxa, e
desta vez ele não parou de me provocar, ele apenas colocou
sua enorme mão sobre o meu núcleo, cobrindo-me
completamente, e então começou a esfregar o calcanhar de
sua palma sobre mim de uma maneira tão perfeita que eu
senti isso em meu estômago, no tremor de minhas coxas, na
falta de minha respiração, na maneira que meus olhos não
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poderiam ficar completamente abertos.


— Se você quer isso comigo, vai ter que deixar alguns
bloqueios mentais, querida.
— Eu... eu não tenho bloqueios mentais, — eu menti.
Ele sorriu para mim.
— Ah não? Então me diga o que estou fazendo com você,
agora mesmo?
Ele puxou os dedos para cima, encontrou o cós da
minha calça de ioga e roupa interior, e deslizou as pontas dos
dedos sob, contra a minha pele, e então começou lentamente
a escorregá-los, mais perto, mais perto, através do meu pelo
púbico. Não estava raspada, e eu não estava prestes a me
desculpar.
Ele parecia ler minha mente.
— Mmmm, doutora... você quer saber alguma coisa? Eu
realmente gosto que você não está depilada lá embaixo. Eu
não gosto de sentir que estou mexendo com uma garota que
não tem idade suficiente para crescer pelos.
— Eu... eu o cortei.
Ele se inclinou mais perto de mim, pressionou seus
lábios no meu pescoço, e continuou indo entre minhas coxas,
centímetro por centímetro, sem pressa em tudo.
— Eu posso sentir isso doutora. Está perfeito. Assim
como uma mulher deve ser, se você me perguntar. — Ele
finalmente atingiu o ápice do meu núcleo, e seu dedo médio
longo encontrou o início da minha abertura. Ele começou a
me provocar. E eu não podia respirar. De modo nenhum. —
Então agora, doutora, sobre o assunto dos bloqueios mentais.
O que estou fazendo a você, agora?
Engoli em seco, mas minha boca estava seca e minha
garganta estava se apertando, e meu intestino estava fazendo
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sua melhor impressão de uma montanha-russa.


— Você está... está me tocando.
— Não, merda, doutora. — Ele encontrou meu clitóris,
então, e qualquer respiração que eu deixei foi em um suspiro
agudo. — Onde?
— Entre minhas coxas.
— Diga, doutora. Diga-me onde estou tocando você.
— Meu... oh, oh, oh deus... — Sua ponta do dedo
apertou ligeiramente, delicadamente, perfeitamente contra
meu clitóris, e tudo dentro de mim começou a girar e
galvanizar, apertando e esquentando. — Minha... minha
vagina.
Ele riu completamente.
— Bem, sim, mas não é realmente a palavra mais sexy
que existe. Tente novamente. — Ele afastou a ponta do dedo
apenas o suficiente para que o frenesi selvagem das
sensações diminuísse, deixando-me dolorida e vazia. — Ou
eu vou parar.
— Não, não. Por favor, não.
— Você gosta, não é, Lola? — Ele sussurrou isso no meu
ouvido, sua voz grossa, sua respiração quente. — Você gosta
quando eu toco sua boceta?
Eu me contorci, procurando o toque, o pulso de calor, a
pressão.
— Sim... Deus, sim. Eu gosto disso.
— Como é que você gosta, Lola? Diga isso para mim.
Deixe-me ouvir você. Sussurre para mim.
Ele se inclinou mais perto, torceu a cabeça, e agora
meus lábios estavam roçando sua orelha. Ele me tocou de
novo, pressionando uma única ponta de dedo no meu clitóris,
dando-me um raio de intensa sensação que me deixou sem
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fôlego e dolorida. E então, rapidamente, abruptamente, ele


deslizou aquele dedo através de minha abertura e penetrou-
me com ele, deslizado através da minha umidade — Deus, eu
estava molhada, quente, pulsando... e seu dedo me encheu,
me fazendo sentir apertada. Então, de novo, e agora,
enquanto manchava minha própria essência sobre meu
clitóris, todas as sensações aumentavam.
Oh Deus, caralho, eu não era virgem, já há muito
tempo, mas eu não me lembro de qualquer coisa sentindo
bem assim. Nada se sentira assim. Ninguém jamais me tocou
assim. Fez-me sentir isso com tanta força. Deus, era bom.
Era viciante. Parecia uma droga ilícita, como se estivesse
saindo do universo e entrando em alguma dimensão
alternativa onde tudo o que existia era — o prazer. E aquela
palavra não era suficiente, não encapsulava nem
parcialmente o quão bom isso era. Seu dedo, deslizando para
trás em meu canal e recolhendo a minha essência e
manchando-o contra o meu clitóris, e, em seguida,
circundando um leve toque contra o meu clitóris.
— Diga-me o que estou lhe fazendo, Lola. Diga.
Ele tirou seu toque para longe, e desta vez eu gemi em
protesto e meus quadris flexionaram, dirigindo meu núcleo
para frente, procurando o toque, precisando dele. Eu
precisava disso. Necessitava. Foi um longo tempo e me senti
tão bem, melhor do que qualquer coisa que eu já senti, e eu
queria mais, eu estava doendo, afogando na dor, anos e anos
de acumulação, repressão, negando a frustração sexual há
muito enterrada, agora em ebulição e todos focados em meu
clitóris duro, palpitante, em seu toque, e ele continuou
parando porque queria que eu dissesse...
O quê? Eu nem sabia o que ele queria.
— O que eu deveria dizer, Thresh? Diga-me o que dizer e
direi. Só Deus, por favor, não pare de me tocar de novo.
Senti seu sorriso, triunfante e faminto. Ele beliscou meu
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lóbulo da orelha, e então eu senti sua voz. Tão poderosa, tão


forte, tão profunda, tão suave, quente e selvagem.
— Você quer que eu lhe diga o que eu quero ouvir?
— Sim, Thresh. Por favor.
— Me implore um pouco mais.
Foda-se ele e seus jogos.
— Por favor, Thresh. Por favor. Diga-me o que dizer.
Ele colocou o dedo onde eu precisava: Contra o meu
clitóris. Mas ele não o moveu, apenas... tocou. E não foi o
suficiente. Em nenhum lugar perto de suficiente.
— Sabe o que estou fazendo com você, Lola? Estou
tocando sua boceta. Estou dedilhando seu clitóris. — Ele
deslizou seu dedo dentro de mim, juntou a umidade e
manchou sobre mim, circulou, e eu ofeguei em partes iguais
de alívio e necessidade renovada. — É isso que estou fazendo.
E é isso que eu quero que você diga. Diga-me o que estou
fazendo com você, Lola.
— Você está... oh Deus... — Ele parou, e eu
choraminguei. — Porra, não pare, por favor!
— Então pare de pensar e comece a falar sujo para mim.
— Você está tocando minha boceta. — Ele circulou mais
rápido então, uma recompensa para mim dizendo uma
palavra suja, aparentemente. — Você vai, você vai me fazer
gozar.
Mais rápido e mais rápido então, e todos os
pensamentos voaram para fora da minha cabeça; toda a
capacidade de falar me deixou.
— Isso mesmo, Lola. Eu vou enfiar na sua boceta até
que você goze por toda a minha mão.
Oh Deus, oh Deus, oh Deus, por que era tão quente,
ouvi-lo falar assim? Por que isso fazia a minha boceta latejar
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ainda mais difícil, ainda mais quente? Por que o seu toque
rápido e em círculos era ainda mais delicioso?
— E quando você gozar, você vai gritar meu nome.
— Thresh... — Eu ofeguei.
Sim. Demais.
Meus quadris estavam dirigindo, empurrando, meu
clitóris pulsando sob seu dedo, e minhas mamas doíam e se
sentiam pesadas, e meus mamilos estavam duros e eu não
podia respirar, e eu estava para... oh, oh... ohhhh...
— Mais alto, Lola. Solte.
— Mais... Deus – mais — não pare, Thresh... por favor,
não pare, agora. É tão bom. — Eu não conseguia parar as
palavras, agora. Estavam fluindo como um rio. — Eu amo o
jeito que você toca minha boceta. Oh, meu Deus, quero...
quero...
— O quê, querida? Me diga o que você quer. Peça-me
por qualquer coisa, e eu vou dar a você.
Eu não podia deixar de arquear minhas costas para
expulsar meus peitos.
— Mais. Eu preciso de mais. Eu preciso que você me
toque aqui. — Eu estendi a mão, envolvi minha mão em torno
de sua cabeça, sentindo a pele macia e suave de seu couro
cabeludo raspado e a faixa suave, porém espinhosa de seu
moicano.
Seu dedo estava voando em círculos loucos e, em
seguida, pausando para deslizar em meu canal úmido
apertado e recolhendo orvalho e manchando-o contra o meu
clitóris e circulando novamente, e cada vez que ele parava,
mesmo por um segundo, eu ofeguei e choraminguei, mas
quando ele começou de novo só sentia tudo mais intenso,
melhor, mais profundo, e o clímax foi construindo, era uma
força dentro de mim esperando para ser solta, tanta pressão,
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tanto calor que era insuportável.


— Diga o que quiser, Lola, e eu darei a você.
Eu puxei a alça do meu sutiã, coração disparando,
palpitando incontrolavelmente, e então a outra alça. Eu
hesitei, porque eu estava cruzando uma linha, de alguma
forma, mostrando-me para ele. Tocar-me debaixo das minhas
roupas era uma coisa, mas deixá-lo me ver? Eu estava
assustada mesmo com a necessidade, mesmo que eu
precisasse sentir o toque dele na minha carne nua tão
insanamente, mesmo que meus mamilos doessem e
pulsassem e implorassem para serem incluídos, para serem
tocados, para serem lambidos e sugados, e quaisquer outras
maravilhas que Thresh pudesse dar para mim...
Para ambos dizermos, o que eu queria em tantas
palavras, e expor-me a ele? Mesmo no calor do momento, era
quase pedir demais.
O que eu passei me arruinou. Eu poderia admitir que,
no fundo da minha alma, naquele momento, eu poderia
finalmente admitir que o que Jeremy fez para mim me
arruinou.
Mas talvez Thresh pudesse corrigi-lo.
Eu queria ser consertada.
Eu queria sentir novamente.
Eu queria me divertir novamente. Meu corpo.
Sensações. Emoções. Eu os desligara por tanto tempo, e
Thresh simplesmente os arrancou de mim, espontaneamente,
e ele o fez tão facilmente.
— Você está pensando, doutora. — Sua voz rasgou
minha guerra interna. — Pare de pensar. Apenas sinta.
Deslizei para o lado uma alça do sutiã e, em seguida,
parei para tomar uma respiração fortificante... e afastei a
outra.
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— Eu quero sua boca nos meus seios, Thresh.


— Obrigado, porra, — ele respirou. Ele retirou a mão de
entre minhas coxas, e eu choraminguei em protesto. — Não
se preocupe, baby, eu não vou parar.
— Eu preciso disso, Thresh.
— Precisa do quê? — Ele perguntou enquanto suas
mãos alcançavam minha parte superior, entre o sutiã e a
carne, e puxou uma parte e depois a outra, deixando minhas
mamas caírem livres com um salto largo, minha carne escura
montando sobre o topo do sutiã, mamilos enrugados e duros,
escuros contra o marrom mais claro da minha auréola.
— Eu preciso gozar. Eu preciso tanto gozar.
— Você vai, querida. — Ele murmurou isso em meu
ouvido, e então puxou para trás e se abaixou para encontrar
meu olhar. Era difícil segurar aqueles olhos azul pálido e
vendo tanto, muito, não apenas meu corpo, mas minha alma,
meu coração, meus medos, minha insegurança, o
conhecimento de minhas falhas. — Eu vou fazer você gozar
tão duro que você vai ver estrelas. Eu vou fazer você gozar tão
duro que você vai ficar chorando com isso. Eu prometo.
— Eu odeio chorar.
— Você não será capaz de evitar, no momento em que
eu terminar com você.
— Pare de falar e faça isso, então. — Deus, isso soou
mandona, rude.
Mas Thresh só sorriu.
— Mmm. Diga-me o que fazer, Lola. Me diga o que você
quer. Faça-me dar a você. — Agora que meus seios estavam
descobertos, ele devolveu sua mão para o cós das minhas
calças. Colocou os dedos sob o elástico, mas depois parou. —
Vamos afastar essas coisas, não é?
Ele começou a puxá-la para baixo, mas eu peguei seu
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pulso.
— Não, Thresh. Ainda não. Isso é demais. Ok? Por
favor? Isso é o máximo que posso fazer agora. Mais e estou
sujeita a pânico.
Ele procurou meus olhos, e parecia ver a verdade ali.
— O que você precisar, Lola.
— Apenas... toque em meus seios. Você parece gostar
deles, e eu preciso... — Eu tive que me cortar para tomar um
fôlego, enquanto ele simultaneamente deslizava seus dedos
sob minha calcinha e entre minhas coxas, em minha boceta,
e abaixava sua boca para o meu peito esquerdo, a língua
batendo contra o meu mamilo, lambendo a minha auréola.
— Você precisa de quê? Diga, querida.
Eu não podia. Era demais. Tornando-me muito
vulnerável. Eu balancei a cabeça, arqueei minha espinha
para pressionar meu peito em sua boca, e deixei meus joelhos
desmoronarem para lhe dar um melhor acesso ao meu
núcleo. Deus, quem era esta, fazendo isto? Num carro, ao
lado da estrada, com um homem que acabei de conhecer. Um
assassino. Um guerreiro. Um gigantesco, insanamente
poderoso, auto admitido jogador.
Mas porra, um sexy. Um maldito ser humano lindo. Um
homem primordial, e um que parecia saber exatamente como
me tocar. Como me tirar de mim mesma, como me tirar do
passado, dos meus medos e inseguranças.
— Eu preciso...
Ele trabalhou seu dedo contra meu clitóris duro e rápido
agora, e cobriu meu mamilo com sua boca, e então — oh, oh,
ohhhhh, ele começou a mamar o mamilo duro e sensível.
Jesus, oh Jesus...
— Thresh, oh meu Deus Thresh...
— Isso é bom? — Ele perguntou, então inclinou-se para
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mim para chupar meu outro mamilo em sua boca e movê-lo


com a língua em tremulações que me tinha ofegante, com
respirações em staccato.
— Tão bom... tão malditamente bom.
— Termine o que ia dizer, Lola.
— Apenas me deixe gozar, Thresh. Não fale mais. — Eu
já estava expondo meu corpo; nenhuma maneira de eu poder
expor minha vulnerabilidade para ele, também. Era demais.
Demais. Ele era demais. Isso era demais.
Ele circulou meu clitóris algumas vezes mais, e agora
meus quadris estavam rolando contra seu toque, e eu estava
doendo por toda parte — e então ele deslizou o dedo dentro
de mim, enrolou-o e me tocou em algum lugar profundo e alto
por dentro e eu apenas -merda, acabei de perdê-lo
completamente, afundei-me contra a cadeira, me atrapalhei
com uma das mãos para a alavanca do lado do assento e
baixei as costas até que eu estivesse deitada, chorando alto,
sem palavras, gemendo, ofegante, enquanto ele esfregava
aquele ponto mágico dentro de mim. E então ele retirou o
dedo, bateu-o contra meu clitóris, uma vez, duas vezes,
rápidas batidas agudas, e eu — já sem fôlego — não
conseguia sequer conseguir um gemido. Mas oh, ele não
terminou, não senhora. Ele deslizou o dedo para dentro de
mim, mas desta vez foi... mais. Esticando-me mais; Deus,
dois dedos? Puta merda. Puta merda. Oh Deus. Dois dedos,
entrando e saindo do meu canal, e cada vez que ele
trabalhava aqueles dedos grossos e fortes em mim, ele batia
em meu clitóris com seus dedos e então aconteceu...
Relâmpago. Fogos de artifício. O calor soprando através de
mim, fazendo-me tremer, fazendo-me sacudir, sacudir e me
contorcer.
E gritar.
Deus, eu estava gritando.
Ele estava lambendo meus mamilos e amamentando-os
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e mordendo-os, e depois gentilmente e reverentemente


beijando minhas aureolas e as encostas superiores e os lados
inferiores...
Ele era... Deus, tudo dentro de mim estava enrolado,
apertado e tenso.
Ele estava fazendo amor com meus seios com sua boca.
E foi o suficiente para fazer meus olhos picarem. Para
fazer meu âmago agitar. Fazer meu coração palpitar e meu
peito apertar.
Porque com as mãos, a boca, os olhos arregalados sobre
mim e os meus olhos quando passavam de um peito para
outro — ele me fazia sentir bela.
Como uma mulher desejável.
Eu estava desmoronando e ele estava amamentando
meu mamilo esquerdo em sua boca — o mais sensível — e
então ele adicionou um terceiro dedo ao ritmo penetrante e
penetrante, e meus quadris estavam agitando, e eu estava
lutando para respirar, tentando gritar, e segurando as
lágrimas que ele prometeu que eu derramaria.
Lágrimas que significavam tanto.
Alegria, eu não estava destruída.
Alívio, porque três anos de frustração sexual reprimida
estavam finalmente chegando ao fim, e ele estava prestes a
quebrá-la, estourá-la, fragmentá-la em pedaços.
E lágrimas de puro, não adulterado êxtase, porque
nunca em minha vida jamais senti isso tão bom. Nada,
nunca.
Meus olhos estavam apertados, meus quadris estavam
se contorcendo, rolando e pulando incontrolavelmente, sem
vergonha cavalgando os seus dedos.
Quando começou a passar por mim e cair sobre mim,
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apertei minha mandíbula e meus olhos mais apertados, um


grito passou pelos meus dentes e meu corpo ficou tenso como
um fio de piano, pés pressionados contra o chão e ombros e
pescoço contra o encosto do banco, o resto do meu corpo
arqueou e suspendeu, os quadris flexionaram
involuntariamente como tudo dentro de mim estourando,
detonando.
Mas ele não me deixava ficar em paz. Ah não. Ele tinha
que falar.
— Abra seus olhos, Lola.
Meus olhos se abriram. E Deus, seus olhos eram tão
azuis, tão ferozes e penetrantes.
— Não se atreva a tirar seus olhos de mim. — Ele
continuou me dedilhando enquanto o orgasmo continuava a
se expandir, mas agora sua atenção estava exclusivamente
em mim. — Olhe para mim, Lola.
— Eu estou, oh Deus, oh Deus, oh Deus! — O último
Deus saiu soluçado, porque eu não podia mais evitar. Era tão
bom, tão perfeito, como se o universo estivesse se alinhando
para me fazer sentir essa felicidade pela primeira vez em
minha vida. — Eu estou olhando para você — oh, oh,
ohhhhhh foda, eu estou olhando para você, Thresh.
Ele mamou meu mamilo.
— Você...
Empurrou o outro com ponta de língua.
— Está...
Ele esfregou aquele ponto dentro de mim com seus
dedos, seu polegar contra o meu clitóris, e eu estava
estragada, ofegante e não podia olhar para longe de seu
hipnotizante olhar azul gelo.
— Assim...
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E então, maldito, maldito, maldito... Ele me beijou. Uma


vez, um beijo macio, breve, abrasador, língua emplumando
contra a minha, esfregando meus lábios, meus dentes e
minha língua, um único beijo que me balançou até o fundo
do meu coração arruinado.
— Bonita, — ele disse, afastando-se o suficiente para
sussurrar a palavra contra meus lábios.
E foi isso.
Eu não aguentava mais.
O clímax estava explodindo através de mim em ondas
intermináveis de êxtase, arrancando gritos de mim e
empurrando soluços fora de mim e fazendo-me bater e me
contorcer em seus dedos, e então quando ele falou essa frase,
cada palavra pontuada com um toque destinado a me
conduzir mais selvagem e selvagem, eu me perdi.
Tudo.
Cada último vestígio do meu domínio sobre os soluços.
Eu gozei, e eu fiz isso soluçando.
E seu olhar não me liberaria, não me deixaria desviar o
olhar.
Porque, maldição, ele quis dizer isso.
E foi isso que me destruiu. Mais do que o orgasmo,
embora fosse a sensação mais intensa, brutalmente
poderosa, erótica, emocionante, bela e perfeita que eu já
experimentara, aquelas quatro palavras que ele falava, com
seu olhar azul e aberto, luminoso com a verdade de sua
declaração... era demais.
Porque era exatamente o que eu quase disse.
Toque meus seios, eu disse.
Você parece gostar deles, eu disse.
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‘E eu preciso me sentir bonita’ é o que eu quase disse.


Eu gozei, gozei e gozei. Parecia que nunca iria acabar, as
ondas do clímax. Ele ordenou cada onda de mim, beijando
meus seios por toda parte.
E quando finalmente o orgasmo parou, ele retirou a mão
do meu coração e colocou meu peito em sua enorme palma,
rolando o pesado peso em sua palma, balançando o mamilo
— o que me fez ofegar, soluçar e voltar a vacilar novamente —
e então pesou o outro peito na mão. Ele estava brincando
com meus seios, eu percebi. Não para mim, não para me
fazer sentir bem, mas para seu próprio prazer.
Eu não podia respirar, e eu ainda estava soluçando.
Ele, um tanto tardiamente, percebeu.
— Lola?
— Você me disse que eu choraria, — eu disse.
Tentei me afastar, tentando encolher minhas alças do
sutiã de volta para cima e minha camisa de volta, tentei
meter os seios de volta nos bojos não olhando para ele e não
pensando em nada, não sentindo nada, porque estava tudo
atacando, todos os sentimentos que eu estive me afastando
por tanto tempo, além do orgasmo e o que ele disse, como
isso me fez sentir e o orgasmo, Jesus o orgasmo, ainda tremia
dentro de mim, fazendo-me tremer e estremecer como após
terremotos atingidos um após o outro.
— Bem, aqui estou eu, chorando. — Eu estava tentando
fazer tudo de uma vez, e não consegui nada disso.
Exceto o choro.
— Bem, merda, Lola, eu não quis dizer assim.
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Capítulo 7

Termine a dor
Merda, merda, merda.
Quando eu disse que eu a faria chorar, eu quis dizer o
tipo de choro que uma menina tem quando um orgasmo é tão
poderoso que ela não sabe como expressá-lo.
Não aqueles soluços que estremeceram e sacudiram
todo o seu corpo.
Essas não eram lágrimas boas.
Estas eram as lágrimas de alguém que teve algo tão
seriamente foda feito a ela no passado que a ferrou. Algo
suficientemente sério para fazê-la desligar e recusar de
qualquer tipo de sexualidade. Algo que a deixou incapaz de
sequer falar sujo.
Ela não olhava para mim.
Seus seios ainda estavam pendurados fora de sua
camisa — e Jesus foda e merda santo, aqueles peitos eram
pura perfeição. Mais perfeitos do que eu até fantasiei.
Enormes, suculentos, mais suaves do que qualquer coisa que
eu já senti, tremendo com cada movimento que ela fazia.
Deus, eu não consegui o suficiente deles.
Mas ela estava tendo um ataque de pânico completo,
agravado pelo fato de que ela estava nua da cintura para
cima e acabado de ter seu primeiro orgasmo em três anos, e
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não conseguia fazer suas mãos trabalharem porque ela


estava soluçando e tentando fugir de mim, ou de si mesma,
ou apenas de tudo.
— Lola.
Ela balançou a cabeça, e Deus, Deus, aquelas tetas
saltaram e oscilaram, e meu já dolorosamente pau duro como
diamante, endureceu ainda mais.
Não havia tempo para isso, entretanto.
Eu toquei sua mandíbula com o dedo indicador e
inclinei o rosto para mim.
— Olhe para mim, Lola. Por favor. Apenas... olhe para
mim.
Ela torceu a cabeça, olhando-me através de pálpebras
parcialmente fechadas, molhadas de lágrimas. Agitando,
soluçando soluços, dentes apertados, mãos tremendo.
— Não faça, simplesmente não.
— Olhe para mim, Lola.
— EU ESTOU! — Ela gritou.
Eu segurei seu olhar, firme, uniforme e calmo.
— Respire.
Ela balançou a cabeça novamente.
— Eu... eu não posso. Eu não posso. — Ela começou a
estremecer e ter solavancos convulsos assolando o seu corpo.
— Eu não consigo respirar... — Sob a dor ou o que quer que
fosse que eu causei, foi o ataque de pânico e o medo de não
ser capaz de respirar.
Eu me aproximei dela, lentamente, peguei a parte de
trás de seu pescoço, puxei seu rosto para o meu.
— Então tome minha respiração. — E eu a beijei.
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Suavemente, suavemente, lentamente.


Eu nunca beijei ninguém do jeito que eu beijei Lola Reed
naquele momento. Com cada emoção dentro de mim, com
tudo o que eu tinha, eu a beijei.
Ela afundou nele depois de um momento de surpresa, e
seus soluços diminuíram, e ela lentamente começou a se
perder no beijo, e Deus, eu poderia me perder também,
porque seus lábios eram tão macios, tão molhados, quentes,
maleáveis e ela me beijou desesperadamente, além da paixão,
além do desespero, como se me beijando pudesse consertar o
que estava errado com ela.
Eu não me deixei perder, no entanto.
Normalmente, quando eu beijava uma garota e ela
começava a entrar no clima, era quando eu fazia meu
movimento, deslizava suas alças para que eu pudesse chegar
aos seus peitos. Mas naquele momento, naquele beijo com
Lola, fiz o oposto.
Eu puxei uma alça de sutiã no lugar, e depois a outra.
Escondi um peito no copo vermelho de renda do sutiã, e
depois o outro. Levantei as alças da sua blusa, e então ela
estava coberta.
Triste, mas necessário.
Eu interrompi o beijo, e ela descansou sua testa contra
a minha e respirou profundamente, segurou-as por três ou
quatro segundos cada, e então as soltou lentamente. Seus
dedos se enroscaram em minha camisa sobre meu peito
enquanto lutava para acalmar-se. Então, após um minuto, ou
assim, de respirar, ela se afastou, esfregou meu peito, então
deslizou suas mãos em volta da minha nuca e parte de trás
da minha cabeça, e seus olhos encontraram os meus,
finalmente, ainda lacrimosa, mas mais calma e mais clara.
— Obrigada, — ela sussurrou.
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Eu fiz uma careta.


— Pelo quê?
Ela bufou uma risada incrédula, balançando a cabeça.
— Eu não sei. Eu não sei, Thresh. Tudo? Por me fazer
gozar? Por me dizer que você acha que eu... — ela parou,
balançou a cabeça, esquivando-se. — Por me dizer que você
acha que eu...
Ela não podia nem dizer isso?
— Linda, Lola. Essa é a palavra que você está
procurando. — Eu toquei em seu queixo, levantei seu rosto
para o meu. — Mais que bonita. Você é sexy. Você é linda.
— Pare, Thresh.
— Incrível. Deliciosa. Muito boa. Sexy para caralho.
Ela riu da última.
— Meu Deus. Pare!
Segurei sua mandíbula para que ela não pudesse
desviar o olhar.
— Não vou parar, doutora, então é melhor você prestar
atenção. — Inclinei-me, provocando um beijo. — Você é a
mulher mais linda que já conheci, Lola.
Ela saiu do meu aperto, girando e se afastando.
— Quase me convenceu, Thresh.
— Olhe-me nos olhos e me diga que eu estou de
besteira, Lola.
Ela hesitantemente voltou para olhar para mim, e eu
dei-lhe tanta honestidade nos meus olhos quanto eu pude
reunir. Eu quis dizer o que eu disse. Ela realmente era a
mulher mais sedutora, linda e sexy que eu já conheci. Ela
simplesmente não acreditava nisso.
P á g i n a | 133

— Eu conheci atrizes de Hollywood, modelos, estrelas


pornô, estrelas pop. — Eu levantei uma mão para evitar o
protesto que vi formando. — E sim, essas garotas eram todas
lindas. Mas todas tinham uma falha.
Ela revirou os olhos para mim.
— Deixe-me adivinhar: elas não eram eu. — Ela se virou
de novo. — Boa tentativa, Thresh.
— Isso não é o que eu ia dizer, de fato.
Isso despertou sua curiosidade.
— Oh? Então o quê? O que eu poderia ter que modelos e
estrelas pornô não tem?
— Nenhuma delas me excitou. Elas não me deixaram
louco. — Eu palmei sua bochecha. — Você... Lola, você me
deixa louco. Você me faz pensar, dizer, e fazer coisas que são
completamente diferentes de mim. Você me faz ficar tão
excitado que dói, e isso foi antes de eu começar a ver seus
peitos. Eu quase gozei em minha calça apenas tocando você.
Eu ainda estou tão malditamente duro que eu vou ter bolas
azuis por uma semana.
— Thresh... — Sua voz era pequena, hesitante.
— E doutora, deixe-me tranquilizá-la, isso não é normal
para mim. De jeito nenhum.
Seu olhar baixou dos meus olhos para a minha virilha,
que estava inchando em proporções cômicas. Eu tive que me
ajustar da pior maneira, mas não ousei. Se roçasse um pouco
meu pau, eu estaria todo sobre mim mesmo — o que não fiz
desde que tinha doze, porra — ou estaria implorando que ela
terminasse comigo.
E ela não estava preparada para isso.
Mas quando seus olhos se fixaram em minha virilha, ela
não conseguia desviar o olhar.
P á g i n a | 134

— Jesus, Thresh. — Sua mão veio em minha direção. —


Isso parece... desconfortável.
— Você não tem ideia. — Eu segurei seu pulso. — Mas
eu vou ficar bem. E eu não disse isso só para fazer você fazer
algo sobre isso. Você não está pronta para isso. Eu só quero
que entenda o quão louco você me faz. Você nem me tocou, e
estou prestes a explodir. Isso é o quanto você me excita, só
por existir, Lola.
Isso chamou sua atenção.
— Thresh...
— Alguém lhe fodeu. Fez você sentir... Eu não estou
certo de exatamente o que. Feia? Talvez eles tenham tanta
vergonha? Eu não sei. Algo horrível. E se eu pudesse pôr
minhas mãos sobre ele...
Ela tirou a mão do meu aperto.
— Não me diga para que não estou preparada, Thresh.
— Seu olhar era feroz, determinado.
— Eu não estou tentando, eu só... você... — Eu perdi a
noção do que eu estava dizendo, porque ela tinha a palma da
mão sobre a minha protuberância.
— Você está certo, — disse ela. — Alguém fez algo
realmente horrível para mim, e me ferrou.
— E eu não quero empurrá-la para algo que você não
está pronta.
Ela riu.
— Se isso fosse verdade, então eu não teria tido o
orgasmo mais incrível de toda a minha vida. Você quer me
empurrar.
— Mas não...
Ela me cortou.
P á g i n a | 135

— E eu quero você, se eu posso ser honesta sobre isso.


Você me faz sentir coisas que eu pensei que nunca
conseguiria sentir novamente. — Seu olhar foi para o meu,
seus brilhantes olhos castanhos inabaláveis, repletos de uma
onda de emoções muito numerosas para eu resolver. — Isso é
assustador, especialmente porque eu sei que você não vai
ficar por aí. Mas eu gosto do jeito que você me faz sentir. E eu
quero mais. O que quer que eu possa tirar de você, eu quero.
— Lola... — eu comecei, mas ela tinha outras ideias.
Ela colocou seu dedo sobre meus lábios.
— Cale-se. Eu não tenho ideia do que estou fazendo
agora, mas vou fazer isso, e você vai me deixar. — Ela
manteve seu dedo sobre meus lábios para me manter calado.
— Apenas... sente-se aí. Não se mova. Não fale. Só... deixe-me
fazer o que for que eu vou fazer e, espero, que você goste.
— Lola, espere. — Ela levantou uma sobrancelha em
questão. — Não faça nada por... por mim. Eu não preciso de
nada. Eu não fiz você gozar esperando nada.
Ela sorriu para mim, e eu vi essa determinação em sua
expressão, bem como medo, nervosismo... e desejo.
— Thresh?
— Sim, doutora?
— Cale-se. — Ela encolheu seus ombros soltando as
alças do seu sutiã, puxou os copos para baixo para definir
suas mamas livres, e então fez um oscilar sensual que os
colocou saltando e balançando. — O fato de você ter me
coberto enquanto eu estava tendo um ataque de pânico e o
fato de que você foi capaz de me ajudar a respirar novamente,
apenas me beijando — isso me fez algo. Me deixa louca. E
você me faz querer coisas. Quero mais. Eu quero mais. De
você. Disto. De... Seja lá o que for, estamos indo. E eu gosto
do jeito que você me olha, do jeito que você me faz sentir
quando me olha. Eu gosto do jeito que você me faz sentir
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quando me toca. Esse orgasmo, Deus, Thresh. Essa foi a


coisa mais incrível que já senti. Honestamente, foi.
— E agora você quer me tocar?
Ela ainda tinha a mão na minha protuberância. Não
fazendo nada, apenas segurando, esfregando, sentindo. E eu
sei que ela me sentiu estremecer, e depois endurecer ainda
mais quando ela mostrou suas enormes tetas maravilhosas
para mim. Deus, eu estava tão duro que estava consumindo
tudo. Cada gota de sangue no meu corpo estava correndo
para o meu pau, e eu não podia pensar, não podia sentir
nada, além da necessidade de alívio, e ela estava apenas
colocando a mão sobre o meu zíper, com as tetas
penduradas, exuberantes, deliciosas e saborosas, enormes
globos perfeitos de carne escura com aréolas largas alguns
tons mais escuros do que seus seios, e os apertados ainda
mais escuros mamilos... foda-se, eu estava pronto para
estourar, mas eu não podia, porque eu estava todo torcido na
minha calça, dobrado, torto e incapaz de endurecer a todo o
meu comprimento, não importa o quão duro eu esteja, e foda,
isso dói. E aqueles seios... Jesus, eles só pioraram, o que eu
quero dizer é muito melhor — e foda-se, eu queria que ela me
tocasse. Eu precisava disso. Eu precisava muito mesmo.
Mas se ela foi desgraçada por um cara tão ruim que ela
nem se tocou — por três anos? Estava finalmente passando
por toda essa merda, e eu estava honrado que ela estivesse
me deixando ajudá-la a passar por isso, e eu não estava
prestes a estragar tudo, empurrando-a muito rápido.
Então eu faria o que ela instruiu: Bastava sentar aqui e
suportar a dor, e deixá-la fazer o que quisesse.
— Sim, Thresh. Eu quero lhe tocar. Mas eu não estou
me deixando pensar sobre isso, porque se eu o fizer, entrarei
em pânico ou congelarei, ou não sei o quê. E eu quero isso,
mas eu só... — Ela balançou a cabeça. — Viu? Estou
pensando demais. Apenas pare de falar, está bem? Por favor?
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Apenas sente-se aí, seja enorme e bonito e deixe-me... deixe-


me fazer o que eu quero, sem interferência.
Inclinei meu assento o suficiente para que eu pudesse
reclinar, enganchei minha mão atrás da minha cabeça.
— Eu sou todo seu, Lola. Nem uma palavra, e não vou
mexer um músculo.
Seus olhos ficaram quentes, escuros e ardentes.
— Perfeito.
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Capítulo 8

Mais que um boquete


Parte de mim não podia acreditar que eu estava fazendo
isso.
Parte de mim estava gritando para começar um
movimento porque, porra, eu poderia nunca colocar minhas
mãos em um homem como este, nunca mais.
Eu estava nervosa, animada e assustada de uma só vez.
Eu o senti sob a minha mão. Enorme não começa a
cobrir o escopo do que eu senti esticar debaixo daquele jeans
escuro. Ele tinha o encosto do banco para que ele estivesse
parcialmente reclinado, sua mão direita sob a cabeça,
tentando parecer casual. Mas eu vi através dele. Queria
atacar. Ele estava com dor, dor física real. E ele me queria; ele
me queria.
Ele acha que eu sou bonita.
Sexy.
Ele me fez gozar tão duro que eu realmente vi estrelas.
Tão duro que eu chorei. Pela primeira vez em três anos, tive
um orgasmo. Isso não foi uma façanha pequena.
E... pela primeira vez em três anos, eu senti desejo.
Senti o vazio dolorido da necessidade. Senti a fome ansiosa, a
emoção excitada.
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Eu o queria.
Eu não me importava com nada a não ser este
momento. Eu me recusei a deixar meus medos sequestrarem
isso de mim. Estávamos absolutamente sozinhos, ao lado de
uma estrada desolada, longe, longe de qualquer pessoa ou
coisa parecida. Isso era seguro. Ele estava a salvo.
Isso não era igual.
Thresh não era... ele.
Para afastar essa corrente de pensamento, eu foquei a
atenção em Thresh. Com o braço atrás da cabeça, o tamanho
improvável de seu bíceps ficou destacado, a circunferência, a
redonda e dura veia, a curva de seu ombro e o ângulo de seu
trapézio... Deus. Ele era tão bem desenvolvido. Perfeitamente
esculpido.
Tendo crescido sendo tutoreada na arte do
halterofilismo por meu pai, observando-o esculpir seu próprio
corpo, eu apreciava profundamente a beleza de um homem
com físico bem desenvolvido. E Thresh? Ele era o homem
mais bonito que eu já vi. Não muito, não um corpo super
desenvolvido, apenas... muito musculoso, esculpido, largo,
duro. Mas eu também o vi se mover, atacar mais rápido do
que uma serpente, e mover com pés silenciosos, tão gracioso
e predatório como um jaguar perseguindo um cervo.
Eu precisava ver mais dele; eu peguei seus olhos,
empurrando para cima na bainha de sua camisa polo preta.
Ele ergueu uma sobrancelha para mim, deu de ombros, e
então puxou a camisa em um movimento suave, agarrando a
parte de trás do colarinho e sacudindo-o, puxando-o
cuidadosamente para além de seu corpo — e... Santo Jesus, o
jeito que seus músculos se moveram sob sua pele bronzeada
quando ele fez isso? Eu estremeci, meu núcleo — minha
vagina — apertou e tremeu. Deus, seu corpo. Tão glorioso.
E todas aquelas cicatrizes? Eu queria lamber cada uma,
beijar cada uma, e descobrir a história por trás de cada uma.
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Ele foi baleado tantas vezes, apunhalado, cortado e


queimado, junto com outras cicatrizes cujas causas eram
menos óbvias.
Eu esculpi minhas mãos sobre seu corpo, correndo-as
para cima dos planos duros e cumes de seu ventre definido,
escavando seus lados e, em seguida, deslizando em seu
peitoral, circulando os discos planos de seus mamilos,
movendo-me sobre seus ombros. Apenas tocando-o.
Observando seu rosto enquanto eu fazia isso, observando sua
expressão mudar, os olhos estreitarem, a mandíbula apertar.
Oh, e essa protuberância. Não me esqueci disso.
Eu estava... trabalhando a coragem de fazer algo sobre
isso.
Era uma vez, voraz. Corajosa. Destemida.
E depois...
NÃO, NÃO, NÃO.
Feche essa merda, ASSIM QUE POSSÍVEL.
Eu empurrei para longe aqueles pensamentos girando, e
amaldiçoei novamente a minha incapacidade de desligar
meus pensamentos, como os caras pareciam serem capazes.
Eu queria simplesmente desligá-los e apreciar o corpo de
Thresh, mas eu não podia. Eu não podia esquecer, não
conseguia bloquear totalmente tudo.
Tudo que eu podia fazer era empurrá-lo.
Quem eu fui uma vez? Eu me deixei sentir, lembre-se
disso.
Eu fui jovem, protegida e com tesão. Quando eu
finalmente fiquei por conta própria, eu fui um pouco
selvagem, mas eu sempre preservei a minha sexualidade,
mantive em segredo, mantive privado. Bebida, festa, fazer
merda estúpida com meus amigos, certamente. Ter um
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pequeno desperdício em uma kegger1 e talvez dançar em uma


mesa, ou uma escapada com alguns meninos da
fraternidade? Certamente. Qual é o mal nisso? Travessuras
típicas de meninas da faculdade. Mas eu sentia, porém, o
desejo, a fome, os hormônios furiosos. A necessidade. Tanto,
tão feroz, tão quente, tão primitivo e selvagem. Mas eu
segurei de volta, mantive-o privado, mantive-o desligado.
Tampado e freiado.
Até que eu conheci...
NÃO. Ainda não pode ir lá.
Volte para Thresh. Toque-o. Sinta-o. Ele é real. Ele é
forte, e é seguro. Ele me mantém segura. Eu sabia que ele
nunca faria nada para me machucar. O oposto era verdade:
Ele faria qualquer coisa para me manter segura. Senti aquela
verdade em meus ossos.
Tente de novo.
Eu era jovem, selvagem e excitada.
Conheci alguém que eu queria tanto que deixei minha
guarda baixa, deixei-o entrar, deixei-o trazer tudo isso para
cima e para fora de mim, e eu descobri um animal insaciável
esperando dentro de mim, espreitando no fundo — e quando
finalmente ficou livre, eu fui voraz. Imparável. Nada poderia
me satisfazer. Nunca houve o suficiente. Ele não podia
continuar, verdade seja dita.
Então eu fui traída e perdi tudo. Enterrei tudo de volta
tão fundo que eu tinha certeza de que nunca mais iria
aparecer novamente.
Isso era o mais perto que eu podia ficar e ficar no
controle de minhas emoções.

1 Uma festa selvagem onde a cerveja é servida (geralmente em copos plásticos descartáveis) a partir de
um barril. Keggers são geralmente associados com o ensino médio e estudantes universitários, mas
ninguém pode jogar um se eles têm um monte de amigos e pelo menos um barril de cerveja.
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Thresh estava me observando, e parecia saber que eu


estava trabalhando com as coisas, e estava pacientemente me
permitindo fazer o que eu precisava.
Maldito o homem, e como ele sempre parecia saber
exatamente o que eu precisava.
Porque agora? Inexplicavelmente, algo sobre Thresh
estava trazendo para fora de mim esse animal selvagem
insaciável, voraz, cheio de hormônios. Eu estava lembrando
dela, encontrando-a novamente.
E homem, oh homem... ela se sentia bem. Poderosa.
Primordial. Possessiva. Cheia de necessidade, fome, desejo e
todas aquelas emoções que eu achava que perdi... Eu estava
recuperando, e em espadas... Thresh estava me dando.
Corri minhas mãos sobre seu corpo, deixando-me
percorrer a ampla extensão de sua robusta beleza masculina.
Eu tracei cada músculo, cada cicatriz. Os buracos de bala no
lado direito, dois deles lado a lado; aqueles tinham que ter
apenas falhado órgãos vitais. Uma ferida de uma faca de seis
polegadas de comprimento saindo do mamilo esquerdo
diagonalmente para baixo até as costelas do lado direito, um
nó grosso e fibroso de carne cicatrizada. Eu sou uma idiota
por um abdômen de tanquinho, e maldição, Thresh tem isso.
Não era o tipo de abdômen afiado que você vê no tipo magro,
esguio dos caras; o tanquinho de Thresh era enorme, pesado,
com músculos duros como ferro, era mais como um
revestimento de armadura do que carne humana.
Deus, eu não poderia me ajudar, então. Eu me inclinei
sobre ele, e pressionei meus lábios contra seu peito. Bem no
centro, entre seus peitorais. Minhas palmas esfregaram seus
abdominais, vagaram para baixo mais perto da cintura de
sua calça jeans. Senti seus abdominais apertando, e eu sabia
que ele queria mais, queria que eu o desabotoasse, o tirasse.
E Deus, eu queria isso.
Eu deixei esse sentimento infiltrar:
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Desejo.
Eu tentei lembrar o quanto eu amei minha sexualidade,
uma vez que fui desencadeada; eu queria aquela parte de
mim mesma de volta.
Uma vez que eu tive um gosto da carne de Thresh, eu
precisava de mais. Eu beijei através de seu peito, subindo
mais perto de banhar a minha boca sobre a sua garganta,
debaixo de seu queixo, através de sua mandíbula, deixando
minhas mãos vaguearem mais e mais para sul ao longo de
seu abdômen, ao redor de sua cintura, de volta ao seu
abdômen, acima de seu peito, e de volta ao seu abdômen.
Deus, eles eram tão duros, tão grossos, tão perfeitos.
Finalmente, eu me senti pronta.
Eu me deixei olhar para a protuberância.
Era montanhosa. Esticando.
Eu coloquei minha mão sobre ele novamente, sentindo o
poder de tensão atrás do denim. Esfreguei um pouco, apenas
para testá-lo, e senti Thresh mudar sob mim.
Olhei para ele; seus olhos estavam pesados, sua
mandíbula enrijecida, sua respiração chegando em profundas
correntes de ar, o punho cerrado atrás da cabeça.
Um momento, então, com meus olhos trancados nos
dele quando eu finalmente agarrei o botão de sua calça jeans.
Eu o abri. Ele respirou fundo, segurou e soltou lentamente,
observando-me atentamente.
Eu tive que romper com seu olhar, então, porque era tão
intenso, tão atento. E também, porque eu queria
desesperadamente ver o que eu estava desencadeando.
Eu apertei a aba de seu zíper entre dedo e polegar e
puxei para baixo. Uma mistura de algodão elástico/rayon
abaulou para fora entre as beiradas do zíper, uma espessa
haste dobrando contra o tecido. Oh Jesus. Seu pênis estava
P á g i n a | 144

enrolado lateralmente, pressionando contra a cintura


elástica, e agora que o jeans estava aberto, estava começando
a se endireitar, o contorno claramente visível. Em poucos
segundos, estaria espreitando por cima de sua cueca,
independentemente do que eu fizesse em seguida.
O que era para provocar-me, e a ele.
Eu coloquei o cume, segui a curva, acariciei para cima e
para baixo o comprimento enrolado algumas vezes, o que o
fez endurecer, fez o monstro desdobrar e se endireitar mais
rápido.
Eu olhei para ele, mordendo meu lábio inferior, então
puxei seu jeans com as duas mãos. Ele levantou seu traseiro,
e eu puxei a calça jeans para baixo, passando por sua bunda,
até os joelhos. Quando voltei a minha atenção para cima, um
pouco de rosa estava aparecendo sobre o topo de sua cueca
boxer preta e apertada.
Não perdi mais tempo. Eu queria sentir a carne na
minha mão.
Eu queria sentir Thresh na minha mão.
Enrolei meus dedos na cintura de sua cueca, um
polegar em cada lado de sua ereção agora reta e ainda
florescente, olhei para ele, e então puxei para baixo. Ele
ergueu-se, deixou-me puxar a roupa de baixo e para baixo
após sua ereção, passando por seus joelhos.
E então, oh... porra, porra, porra, porra — ele estava
descoberto para mim.
E, literalmente, quase desmaiei ao vê-lo.
Tinha, caralho, 30 centímetros de comprimento e quase
tão grosso quanto meu pulso, ou eu era uma garota branca
de tamanho zero.
— Jesus Cristo, Thresh. — Eu olhei para ele, tonta,
chocada, e agora... me sentindo decididamente voraz.
P á g i n a | 145

Ele sorriu maliciosamente.


— Nenhuma parte de mim é pequena, querida.
— Sem merda.
Estava enrolado na base por uma coroa de cabelos loiros
bem apertados contra a pele. Bolas do tamanho de ameixas,
pesadas. E o pau mesmo... oh Deus. Passei alguns momentos
apenas olhando para ele. Direto como uma flecha, de pé
contra a barriga, um pouco mais pálido que o resto de sua
pele dourada. Cabeça gorda, ampla, larga, circuncidada.
Aquelas veias, estando escuras contra sua pele pálida.
Olhei para ele de novo, nervosa de novo. Era apenas...
tão — muito — pau. Eu não sabia o que fazer com tudo isso.
— Eu não estou movendo um músculo, Lola, — ele
disse, sua voz era apertada com contenção. — Eu prometi.
Isso é tudo com você. Diga a palavra, e eu estarei vestido e
poderemos seguir nosso caminho.
— Não! — Eu protestei. — Eu só... tem sido um longo
tempo, e... — Eu olhei para a sua ereção enorme e tensa, —
...Você sabe o quê? Foda-se.
Eu estendi a mão, envolvi-a em torno de seu pênis; ele
sugou uma respiração, e eu senti seu abdômen ficar tenso
novamente.
— Ok? — Eu perguntei, lançando um olhar para ele.
— Lola. Você tem a sua mão no meu pau, e você está
perguntando se eu estou bem?
— Sim, eu estou perguntando.
— Estou melhor do que bem.
— Você parece tenso, é tudo. — Eu adicionei a minha
outra mão, e havia ainda mais dele espreitando para fora
acima de meu punho e abaixo.
— Eu o tenho duro por você desde o momento em que
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eu entrei no hospital, doutora. — Sua voz era um barulho


profundo baixo, espesso com necessidade e luxúria. — E eu
não tive exatamente tempo para fazer nada sobre isso, se
você sabe o que quero dizer.
Eu deslizei os dois punhos para cima, e depois de volta
para baixo, lentamente, cautelosamente, hesitante, e querido
doce céu, ele estava tão bem em minhas mãos. Tão bom.
Voltar, antes... Eu costumava amar isso, a sensação de um
pau em minhas mãos. O poder disso, como qualquer mulher
vai dizer, é saber que você pode fazê-lo perder o controle,
fazê-lo se sentir tão bem apenas com as mãos, ou com a sua
boca — e eu amava usar ambas. Sim, houve. Mas eu
também... Adorava um pau. Era um órgão bonito, quando
ereto. Suave, mas duro. Quente e suave. Livros Eróticos
gostavam da frase ‘seda sobre aço’, que era clichê, elegante e
estúpido, mas tão apto.
Eu fui acusada de brincadeiras mais de uma vez
simplesmente porque eu iria tomar meu tempo, apenas
brincando, sentindo, curtindo. Brincando com seu pênis só
para meu próprio prazer. O que, aparentemente, não era
legal. Eu não estava com pressa para obter o orgasmo do cara
que eu estava, eu só gostava de senti-lo em minhas mãos,
tocando-o, acariciando-o. E sim, eu gosto dele também.
Beijos e lambidas, e talvez um pouco de chupar, mas
novamente, que geralmente não era para ele, mas para mim.
E isso é o que eu me encontrei fazendo com Thresh,
apenas tocando-o, brincando com ele. Acariciando seu
comprimento com uma mão, depois com a outra, depois com
as duas. Não realmente bombeando ou sacudindo ou
acariciando com qualquer ritmo, apenas... tocando.
Memorizando a sensação de seu pau monstro em minhas
mãos, as veias esfregando em minha palma, a cabeça
espremida em meu punho, suas bolas enormes em minhas
mãos, brincando com elas sempre tão delicadamente, com
cuidado.
P á g i n a | 147

Perdi a noção do tempo, me perdi no puro prazer de


apenas sentir isso de novo, de encontrar prazer no físico. Eu
vivi na minha cabeça por tanto tempo, vivi apenas para o
trabalho, mantendo todo o resto na baía que agora, me
deleitando com a sensação física, e encontrando prazer em
algo que eu perdi...
Eu nunca queria parar.
— Porra, Lola. Você está me deixando louco. — Ele
rosnou isso, sua voz era áspera, baixa, tensa.
Eu olhei para ele, e ele estava visivelmente tenso,
esforçando-se. Mandíbula apertada, segurando a nuca com a
mão boa, olhando para mim. Cada linha do seu corpo estava
endurecida, tensa, retesado.
— Desculpe, Thresh, eu só... eu não quero lhe provocar.
— Não se desculpe, — ele rosnou. — Eu disse que isso
era sobre você. Você quer apenas me tocar e nada mais,
então eu vou sentar aqui e deixá-la fazer isso. Eu não vou ser
sempre este passivo ou complacente, apenas para que você
esteja ciente, mas por agora? Isto é apenas para você. O que
você quiser. Eu sei que você não está me provocando de
propósito.
— Eu não estou, eu juro, estou apenas...
reaproximando-me com meus próprios desejos, eu acho que
você poderia dizer.
— Reaproxime-se, então. Mas se você continuar fazendo
isso, eventualmente eu vou explodir minha carga — Você
sabe disso, certo? — Ele gemeu silenciosamente enquanto eu
acariciava seu comprimento da ponta a raiz lentamente,
apertando e torcendo meu punho para baixo. — Porra, Lola.
Eu realmente amo ver você me tocar, sentindo suas mãos em
mim. Estou contando ovelhas como um louco por aqui.
— Contando ovelhas? — Fiz uma pausa e olhei para ele,
confusa.
P á g i n a | 148

— Para segurar.
Eu fiz uma careta.
— Eu pensei que era para adormecer?
Ele encolheu os ombros.
— Nunca fiz merda para me ajudar a adormecer, mas
faz maravilhas para me impedir de gozar muito cedo.
— Então você está segurando ativamente agora? — Eu
perguntei.
Eu deslizei meu punho até a cabeça de seu pênis,
espremi, torci, e esfreguei meu polegar através do topo.
Esmaguei para baixo outra vez, bombeei meu punho na base,
a seguir fiz exame de suas bolas em minha outra mão, as
envolvi, massageando-as. Ele gemeu, e então, quando eu
acariciei seu comprimento em um ritmo lento, começou a
flexionar seus quadris, o único movimento que ele se
permitiu, até agora.
— Vem e vai. Eu posso segurá-lo de volta, então ele
começa a se levantar novamente e eu empurro para trás, e
então você faz -merda sagrada, isso — você faz algo assim... e
eu, oh foda, fooooda, Lola, isso é tão bom.
Seus olhos se fecharam e sua cabeça inclinou para trás,
mas ele rapidamente abriu os olhos e viu como eu comecei a
acariciá-lo mais ritmicamente. Lentos, longos e longos
passeios do meu punho até o seu comprimento, brincando
em suaves apertos e carícias em torno da cabeça, então de
volta para a raiz, onde eu iria torcer, golpear de volta para
cima. Eu adicionei a outra mão, acariciando-o de mãos
dadas, cada vez mais rápido até que ele não conseguiu evitar
a maneira como seus quadris se flexionavam com meu toque.
Deus, ele era tão lindo. Seu abdômen tenso e
endurecido enquanto ele se flexionava em meus punhos, e
sua mandíbula apertava e soltava, e Deus, seu pênis, aquele
belo órgão perfeito, latejava em minhas mãos. Eu soube que
P á g i n a | 149

eu tinha que jogar com seu pau por um longo tempo naquele
ponto, e eu soube que ele tinha que estar morrendo pelo
orgasmo. Eu sabia que tinha que dar a ele — eu queria trazê-
lo para a sua liberação.
Porque eu me lembrei de quanto eu amei isso, também,
uma vez. Vendo o cara perder o controle, ir animal,
bombeando, indo selvagem, gritando, grunhindo,
amaldiçoando, suando, tudo só porque eu estava o tocando.
Um cara grande e forte, e ele era um escravo de minhas duas
pequenas mãos, e minha boca.
Eu queria sentir Thresh perder-se. Vê-lo se separar. Sei
que eu poderia nivelar um gigante como ele, sei que eu tinha
esse poder, ainda. Sabia que minhas mãos podiam lhe dar
prazer, que meus lábios e minha língua poderiam deixá-lo
louco.
Posso fazer isso com ele? Agora mesmo? Eu ousaria?
Foda-se, eu ousei.
Algo sobre Thresh me fez sentir corajosa. Me fez sentir
no comando. Fez-me querer colocar os meus medos na rua,
enfrentá-los e triunfar sobre eles. Não deixar o passado
atrapalhar meu presente ou meu futuro. Sim, eu realmente
gostava de Thresh. Eu estava realmente atraído por ele, tanto
fisicamente como por quem ele era como pessoa. Mas
enquanto isso era verdade, eu não tinha ilusões de que esta
coisa entre nós iria a algum lugar sério. Eu sabia o placar.
Mas ele trouxe as coisas para fora em mim, ele suscitou
fortes emoções e desejos, coisas que eu não senti em muito
tempo e realmente acreditava que estavam mortos e
arruinados. Então eu estava absolutamente preparada para
deixá-lo me ajudar a ultrapassar minhas questões,
especialmente porque ele parecia disposto a fazê-lo sem
conhecer os detalhes.
Eu simplesmente não podia olhar muito de perto, ou
pensar muito sobre o que tínhamos ou para onde estava
P á g i n a | 150

indo. Eu não podia me deixar ficar presa.


Mas eu podia desfrutar muito do que eu tinha quando
estava na minha frente.
E agora, eu tinha um pau de 30 centímetros — pelo
menos 30 centímetros, se não mais — na minha frente, e era
duro, bonito e apenas implorando por mais do que minhas
mãos.
Ele estava implorando pelos meus lábios. Pela minha
língua.
Eu agarrei sua ereção com ambas as mãos, inclinando
através do espaço entre nós, apertei um beijo em seu peito.
Outro, mais baixo, enfiando as pernas sob mim. Mais uma
vez. E então eu estava beijando seus abdominais, cada cume
e sulco, mexendo minha língua e entre cada músculo
delineado. Abaixei-me, cada vez mais, cada beijo de seu
pênis, meus punhos, que o acariciavam vagarosamente,
lentamente, ambas de uma vez, deslizando para cima e para
baixo.
— Lola? — Ele parecia dolorido, falando por trás dos
dentes.
Eu estava lá, guiando seu pênis contra minha bochecha,
através de meus lábios fechados, inclinando meu rosto para
olhar para ele.
— Thresh?
— Você não...
— Quieto, — eu disse, e apertei-o com força suficiente
para que ele ouvisse. — Você não pensou que eu deixaria
você doendo, não é? Eu apenas tive que trabalhar até isso.
— Mas eu não quero que você pense...
Acariciei seu pênis na base, e acariciei a parte superior
de sua ereção com meu rosto.
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— Vamos fazer uma coisa, Thresh. Estou fazendo o que


eu quero. Eu perdi essa parte de mim por um longo tempo, e
você de alguma forma conseguiu devolvê-la para mim. Então
não se engane: Eu estou fazendo o que eu quero, para mim. E
o que eu quero agora é que você pare de segurar, e deixe-me
fazer você se sentir melhor do que você já sentiu em sua vida.
Não mais segurando. Apenas deixe ir.
Eu enfatizei a minha declaração, levando-o na minha
boca, e merda santa, eu tive que esticar a mandíbula para
ajustá-lo. Eu não poderia tomar muito, e não tentei. Isso não
é coisa minha. Eu apreciei a sensação dele na minha boca, o
gosto de sua carne, cheiro penetrante e a mancha de sua
essência vazando em minha língua. Eu o beijei, os lábios para
a ampla beleza elástica da cabeça de seu pau, como se eu
estivesse fodendo com ele. Lambi acima do lado, lentamente,
longas lambidas ao longo de seu comprimento, girando
minha cabeça para o lado e tomei seu comprimento em
minha boca horizontalmente, deslizei até a ponta e movi
minha cabeça para trás verticalmente para fazer o exame de
sua cabeça entre meus lábios. Deixei-o deslizar em minha
boca até que empurrei contra minha bochecha, alarguei a
minha mandíbula o bastante para que pudesse deslizá-lo
para dentro e para fora em cursos rápidos, a língua vibrando
sobre ele.
— Eu não posso — eu estou, merda, merda, Lola, eu
não vou durar muito mais, querida. É muito bom. Tão bom, a
maneira como você faz isso.
Eu dei-lhe outro olhar quando deslizei minha língua até
seu comprimento, assistindo como eu fazia amor com seu
pau com a minha boca. Isso é o que eu estava fazendo, a
maneira que ele adorou minhas mamas, eu estava fazendo
isso com seu pênis.
E eu não pude evitar um pensamento de estourar em
minha cabeça, e então para fora da minha boca.
P á g i n a | 152

— Quando chegarmos a algum lugar privado, você vai...


Eu não consegui o resto. Ele me interrompeu, sua voz
feroz, como o ruído de um urso pardo.
— Lola, querida, no momento em que eu tiver você em
algum lugar que tivermos privacidade, eu vou fazer tantas
coisas para você. Deus, você não tem ideia. Eu vou fazer você
gritar tão alto eles vão lhe ouvir na porra de Miami.
— O que você vai fazer? — Eu perguntei, me sentindo
mais ousada.
Sua mão deixou a parte de trás de sua cabeça,
finalmente — eu estava me perguntando quanto tempo ele
duraria. Ele segurou minha trança, um leve, mas firme
agarre, e não aplicou pressão, apenas segurou quando eu o
levei em minha boca e trabalhei para frente e para trás,
lentamente no início mas mais rápido com cada golpe de
meus lábios e língua.
— Oh... foda-se. Porra. Eu vou... oh, droga, Lola, vou
desnudá-la e beijar cada polegada perfeita do seu glorioso
corpo. Vou começar pelas suas mãos e depois pelos seus pés
e trabalhar para entrar em todas as melhores partes, e vou
salvar a sua doce boceta para durar. Até o momento eu
chegar lá, você estará me implorando para lamber sua
boceta. E eu vou, baby, eu vou lhe lamber até... oh, porra, oh,
porra, Deus, Lola, não pare agora.
Tirei-o da minha boca e sorri para ele.
— Não? Não pare? Como você fez, mais cedo? Me levou
até o limite, e então escolheu aquele momento especial para
emboscar os caras maus?
Ele bateu a cabeça contra o apoio de cabeça.
— Sabia que eu pagaria por isso.
Eu acariciei seu comprimento novamente, os
centímetros superiores agora molhados com minha saliva. Eu
P á g i n a | 153

reuni um bocado de saliva e, certificando-se de que ele estava


assistindo, deixei-a cair na minha palma, e, em seguida,
esfreguei-a em sua cabeça e usei ambas as mãos para
espalhá-la por cima dele, de cima para baixo — só que havia
muito dele e eu tive que cuspir em minha mão outra vez
apenas para revestir seu comprimento inteiro, maciço e
bonito. E quando ele estava completamente coberto, eu
envolvi as duas mãos ao redor dele na base, uma sobre a
outra, e comecei a bombear seu comprimento. Não mais
fodendo ao redor, agora. Sem mais brincadeiras. Sem mais
jogar.
Ele gemeu longo e alto, então, quando eu comecei a
acariciá-lo mais rápido, com longos e suaves cursos para
cima e para baixo de seu pênis inacreditável.
— Diga-me o que mais você vai fazer comigo, Thresh. —
Abaixei meu rosto para seu pênis, sorrindo para ele. — Diga-
me o que você vai fazer para minha boceta.
Ohhhh, eu estava torcendo de desejo, apenas pensando,
apenas dizendo isso. Falar sujo nunca foi algo que eu fiz, era
novo, era sexy e erótico e eu poderia ter gozado de novo, se eu
o deixasse me tocar.
— Meu Deus, Lola. Eu vou lhe comer, querida. Eu vou
lhe lamber e foder com meus dedos e lhe fazer gritar, e eu vou
fazer isso até que você goze tão duro, tantas vezes que você
me implorará para parar. Eu vou lhe ensinar o significado
dos orgasmos múltiplos, Lola. E depois...
Ele parou, então, porque eu o levei em minha boca e
estava acariciando-o na raiz e balançando minha boca para
cima e para baixo em sua coroa, lambendo a glande cada vez
que eu descia, chupando enquanto eu me movia para cima, e
eu estava dando isso para ele duro e rápido e sem
misericórdia.
Ele pulsou entre meus lábios, e eu sabia que ele estava
perto, sabia por causa da forma como ele ofegou, do jeito que
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ele não podia totalmente empurrar, mas estava pulsando


seus quadris em tensos movimentos, do jeito que ele provou
na minha boca, dos grunhidos indefesos que estava fazendo.
Eu parei o suficiente para murmurar em torno de seu
pau.
— O quê? O que mais?
— Eu vou gozar, Lola. Eu vou gozar tão duro, oh
Jesus...
Eu perguntei novamente.
— O que mais você vai fazer, Thresh?
Assim que ouvi sua voz, dei-lhe a minha boca, dei-lhe o
golpe de meus punhos.
— Eu vou colocar meu pau dentro de você.
— Vai me foder com força? — Eu não pude deixar de
perguntar. E Deus, eu queria isso também — naquele
momento, pelo menos.
— Não.
Parei em surpresa, atirei-lhe um olhar chocado.
— Não?
Ele envolveu minha trança em torno de seu punho, mas
ainda não tentou me empurrar em seu pênis. Ele me deu um
olhar tão faminto, tão feroz e tão intenso que tive que desviar
o olhar ou correr o risco de ser queimada até as cinzas de
onde eu estava sentada.
— Não. Eu vou lhe foder devagar. Tão lento que não vai
ser foda. — Nisto, eu não pude fazê-lo esperar mais. Eu
envolvi meus lábios em volta dele, acariciei seu comprimento
com uma mão e coloquei suas bolas na outra, massageando-
os Eu acariciei seu comprimento, chupei e lambi sua coroa.
— Oh... oh, oh foda, Lola, sim, sim, Deus sim, por favor não
pare. Eu nunca implorei nada na minha vida, mas eu estou
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implorando agora, baby, Lola — por favor, não pare.


Eu zunia em torno dele: mmmm— mmm, significando
não, eu não ia parar.
Ele continuou falando; Deus abençoe o belo gigante com
o pau perfeito.
— Eu vou lhe mostrar como deve ser adorada, Lola,
porque mulher, você é uma deusa polinésia, e você merece
ser adorada, e é isso que eu vou fazer, Lola, é para isso que
eu estou porra, estou aqui, estou tão perto.
Adorada?
Deusa polinésia?
Era um esforço para não chorar.
Eu queria isso, tão malditamente.
Eu queria ser adorada.
Eu queria saber como é sentir isso. Mais do que eu
sempre quis algo na minha vida, eu queria isso. E eu queria
isso de Thresh.
Senti seu punho puxar minha trança duas vezes, e eu
me lembrei do sinal também.
Eu cantarolei uma afirmação em torno de seu pau —
mmmmm, hmmm — mas isso se transformou em gemidos de
prazer, porque Deus, sim, sentia que era bom tê-lo perdendo-
se, sentir sua perda de controle, saber que eu poderia dirigir
esse homem, fazê-lo passar do seu ponto de ruptura e levá-lo
para o êxtase, e Deus, sim, eu amei a sensação de seu pau na
minha boca deslizando contra a minha língua e dentro e fora
do meu punho.
Agora…
Estava na hora de saboreá-lo.
Eu mantive gemendo, porque eu me sentia bem, e eu
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sabia que ele amava quando eu gemia nele.


E eu continuei sugando, acariciando seu enorme
comprimento, massageando suas bolas.
— Oh, ohhhhhhhhh, foda...— ele ofegou.
Mmmmmmm... mmmmm... mmmmm, de mim, alto, cada
gemido sincronizado com o furioso balançar da minha cabeça
e o golpe do meu punho em torno de sua raiz, meus seios nus
drapejados contra suas coxas.
Eu estava fodendo seu pau com minha boca.
Quando eu o senti tenso, então, diminui a velocidade.
Mudei de foder seu pau para fazer amor com ele. Lento,
levando-o para a parte de trás da minha garganta e depois
apenas beijando a ponta, como eu tive antes, sugando-o,
lambendo-o e acariciando-o com os dois punhos agora, de
cima para baixo, da ponta a raiz, chupando...
— Lola...
Foi tudo que ele disse quando gozou.
Salgado, úmido, quente, o calor grosso salpicou em
minha língua – Deus, eu amava seu gosto, com uma sugestão
de doçura, e almíscar. Eu o engoli e continuei sugando,
continuava acariciando, acariciando seu pau com as duas
mãos, orando no seu orgasmo, gemendo até que ele jorrou na
minha boca novamente, e eu engoli isso, gemi, acariciei,
suguei e acariciei-o através de um terceiro espasmo, e então
deixei-o cair da minha boca. Eu olhei para ele. Solto, frouxo,
a mão apoiada nas minhas costas, ainda ofegante.
E seu pênis ainda estava tão duro que eu poderia subir
e montá-lo para outro orgasmo...
— Lola, merda, Lola. — Ele gemeu, impotente, sem
fôlego.
Ele me levou até o rosto pela minha trança, sussurrou
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contra meus lábios.


— Lola, isso foi... porra, eu nem sei como explicar o que
foi.
— Bom? — Eu respirei.
Ele me beijaria depois ter gozado na minha boca?
— Querida, bom não é a palavra.
Eu sussurrei de volta, minha respiração em seus lábios.
— Qual é a palavra, então?
Ele me beijou, devagar, profundamente. Completamente.
Pilhando minha boca, mostrando-me onde suas palavras
falharam.
— Melhor. Sempre.
— Melhor boquete de todos, hein? — Eu tentei ser
casual, e falhei.
Ele puxou meu rosto para trás, então eu estava olhando
para ele.
— Lola. Isso foi muito mais do que um boquete. Para
você e para mim. — Ele limpou meus lábios com seu polegar.
— Então não finja que não foi.
Ele estava tão certo, e o fato de que ele podia ver e
reconhecer o significado do que eu estava fazendo... enviou
algo quente e forte torcendo através do meu coração, algo tão
potente que me preocupou, me assustou.
Porque agora, fora do momento, com o calor
diminuindo, eu sabia que teria que dizer-lhe o que aconteceu
comigo.
Eu queria mais.
Eu queria o que ele me prometeu, que ele me adoraria.
Será que nem todas as garotas queriam mostrar o que
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sentia ser adorada?


Maldição, mas eu queria que fodesse, tanto. Depois do
que aconteceu comigo, o que me foi feito... Eu precisava
disso. Eu precisava dessa afirmação.
Eu só não tinha certeza de que eu poderia começar a
falar-lhe sobre isso sem perdê-lo.
E eu também sabia que provavelmente iria ter uma
grande surpresa quando ele tentasse fazer sexo comigo,
quando fossemos fazer sexo real. Tocando-o, beijando-o, e
chupando o seu pau lindo, eram um avanço com certeza, mas
as minas terrestres emocionais reais estavam todas
enterradas em torno do ato do sexo. A intimidade. A
confiança. E como completamente isso foi arruinado para
mim.
Eu não tinha certeza se poderia passar por isso, não
importa o quanto eu precisasse e queria.
Pelo menos, não sem ter um grave ataque de pânico
antes, possivelmente durante e definitivamente depois.
E Thresh merecia saber, merecia um aviso justo, se e
quando chegarmos a esse ponto.
Ele esfregou o polegar em meus lábios, e seus olhos
eram penetrantes, sabendo.
— Estou perdendo você, não estou? Você está caindo em
sua própria cabeça.
Eu dei de ombros.
— Sim, mais ou menos.
— Pode compartilhar?
Eu balancei a cabeça, encolhi os ombros, mas também
não consegui.
— Só... há muito.
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— Que você não disse.


— Certo.
Ele assentiu.
— Entendi. Mas, querida, nem pense nisso. Vamos
cobri-lo quando chegar a hora.
Eu balancei a cabeça.
— Não, você não entendeu — você não entendeu. Eu
vou enlouquecer com você. Se alguma vez chegarmos ao
redor — Todas as coisas que você prometeu fazer comigo,
como você me foderia longo e lento, que você me adoraria? Há
muita porcaria entre nós e esse é o ponto, Thresh.
Ele colocou meu rosto em sua palma, me inclinou para
que eu tivesse que olhar para ele, e me foder se a expressão
em seu rosto não me destroçasse.
— Talvez sim, doutora. Mas eu vou levar tudo, cada
pedaço disso, se isso significa que eu terei você no final.
Porque, querida, você vale a pena.
Eu caí contra seu peito.
— Você não apenas citou a Quinta Harmonia para mim.
— Talvez eu tenha. E o quê? — Ele riu. — Não significa
que não é verdade.
Bem... merda.
Esse plano para apenas aproveitar o que Thresh estava
oferecendo no momento?
Disparou tudo para o inferno.
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Capítulo 9

Dentro do Everglades
Ela foi tranquila o restante do trajeto para nosso
destino, que acabou sendo um reboque estacionado nas
bordas de algum lugar chamado Plantation Island. Era um
pequeno oásis de civilização no meio da área das Dez Mil
Ilhas dos Everglades, na extremidade sudoeste da Flórida.
Principalmente ocupado por guias turísticos dos Everglades,
foi... bem, remoto não era a palavra, como Lola apontou mais
cedo. Um lote inteiro que não era muito — não ocupava nem
quatrocentos acres, e tinha uma população de menos de
duzentos...
Sim, se você gostava do seu espaço e privacidade, este
era o lugar onde você deveria ir.
E este era o ponto de partida para chegar ao pai dela?
Sim. Os ermitões são estranhos, cara. Quer dizer, eu
gosto do meu espaço. Eu gostaria de alguns quilômetros
entre mim e o próximo cara, mas eu também gostaria de ser
capaz de ir para a cidade e pegar um Starbucks e um
hambúrguer, ou sentar-me em um bar e tomar um copo de
bourbon com Duke, olhando as senhoras passarem lá fora.
Mas aqui? Não havia nada.
E eu odiava isso. Odiava.
Porque me lembrou de onde eu cresci. Casa para mim
foi um lugar decrépito, dilapidado, literalmente no meio de
lugar nenhum. Apenas se sentava em um pequeno lugar uns
bons trinta quilômetros de qualquer coisa, porra. A única
razão pela qual tínhamos água corrente ou eletricidade era
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porque havia um depósito de frete não muito longe do nosso


trailer, então quem quer que tivesse ocupado o local onde
morávamos tinha de alguma forma convencido os poderes
que seriam para executar uma linha e algum tubo para o
lugar, se eu souber como, ou por que. Eu só sei que era
terrivelmente remoto.
Eu tinha uma caminhada de seis milhas até a parada de
ônibus mais próxima e mais quarenta minutos para o ônibus
até a escola, e eu considerava isso uma bênção, porque me
tirava do maldito trailer e para longe do meu velho.
Significava estar fora de seu olhar embriagado, longe de seu
punho e bota. Isso significava que eu tinha comida fresca na
parte da tarde, de pessoas que pareciam dar pelo menos
metade de uma merda sobre mim.
Não quero dizer mamãe, quando digo isso. Mamãe
cuidava, provavelmente demais. Ela sempre tentava ficar
entre o velho e eu, tentava chamar sua atenção para si
mesma, para me poupar a surra, mas quando tive idade
suficiente para descobrir o caminho das coisas — quando eu
tinha quatro anos ou mais — tinha certeza que ele iria atrás
de mim. Eu não podia suportar vê-lo ir atrás dela. Ela era
uma coisinha. Frágil. Fraca. Mas ela era meu anjo, a única
coisa boa em minha vida, a única razão que eu tinha para
existir, então tive que protegê-la. Tive. O que significava que
eu aprendi a levar uma puta de uma surra sem piar quando
tinha cinco ou seis anos. Ele quebrou meu antebraço com
uma garrafa de uísque vazia uma vez, e não acho que eu
sequer chorei; eu tinha apenas sete anos.
Lola lançou-me alguns olhares enquanto lentamente
serpenteávamos pela estrada até a Plantation Island.
Finalmente, ela falou.
— Você está muito calado de repente, Thresh.
— Este lugar me lembra onde eu cresci, é tudo.
— Os reboques?
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Eu balancei a cabeça.
— Isso, e o afastamento dele. O silêncio. O vazio. —
Olhei pela janela para os barcos rebocados, montes de sucata
e varandas improvisadas. — Me leva de volta.
— E isso não é uma coisa boa, não é?
— Não tanto, não.
— Bem, se tudo correr bem, o Tio Filipo vai ter-nos na
água muito rápido, e podemos tirá-lo daqui.
Eu não disse, mas eu ficaria grato por isso. Minhas
mãos estavam ficando nervosas, e isso nunca era bom para
ninguém.
Lola apontou para um trailer indistinguível de qualquer
um dos outros.
— Aqui.
Eu bufei quando vi a... embarcação, eu acho que você
poderia chamá-la... no gramado da frente.
— Barco? Querida, isso é um copo de lata com um
motor ligado a ele.
Ela olhou para mim.
— Já esteve lá fora?
— Não, — eu admiti.
— Um, há uma lei de não despertar. Dois, você não pode
ir rápido de qualquer maneira, ou você vai perder um turno,
bater em algo, pode ser enlaçado, qualquer número de coisas.
Confie em mim, esta é a melhor opção.
Olhei o barco com ceticismo.
— Será que vai me segurar? Eu não sou exatamente
delicado, não sei se você notou.
Ela revirou os olhos para mim.
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— Se ele pode suportar meu pai, Filipo, e eu, tenho


certeza que ele pode controlá-lo.
— E você sabe para onde estamos indo?
Ela olhou para o céu; era o início da noite.
— Está ficando escuro em breve e eu, com certeza, não
gosto de fazer a viagem à noite. Filipo poderia fazê-lo, e assim
poderia papai, mas se eu estiver navegando? É melhor nos
movimentarmos.
— Isso não está exatamente inspirando minha
confiança, doutora.
Ela apenas deu de ombros.
— Sim, bem, eu sou o que você tem.
— Perder-se no Glades não vai ajudar nosso caso, Lola.
Um homem apareceu na porta do trailer. Mais velho,
alto, obviamente foi poderoso uma vez, mas a idade tirou dele
a sua massa muscular. Cabelo comprido puxado para trás
em um rabo de cavalo, protegendo seus olhos contra o sol
com uma mão. A outra mão agarrou uma espingarda serrada.
— Quem lá fora? — Ele gritou.
Lola saiu do jipe, acenando.
— Olá, tio Filipo!
— Lola? O que está fazendo aqui? Talofa, menina, o a
mai oe?
— Eu... — Ela parou, obviamente lutando com o que
dizer. — Preciso ver papai.
— Ele estava perguntando sobre você. Faz um tempo.
— Eu sei, tio. Eu só... estava ocupada, sabe?
Filipo encolheu os ombros.
— Não tão ocupado por aqui, querida. — Ele se
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agachou, tentando ver mais de mim. — Rodas novas, hein?


Quem é você?
Ela me lançou um olhar, sacudiu a cabeça para indicar
que eu deveria sair também. Eu desliguei o motor, peguei
minha mochila, desdobrei do veículo.
Filipo arregalou os olhos quando alcancei toda a minha
altura.
— O'ai oe?
Lola fez um gesto para que eu me juntasse a ela
enquanto se dirigia para a casa.
— Tio Filipo, este é o meu — este é Thresh.
Filipo não se moveu, não relaxou, mas também não me
nivelou a espingarda.
— Que tipo de nome é esse?
Eu levantei um ombro.
— O nome que tenho.
— Não o que sua mãe lhe deu, embora. — Isso não
parecia exigir uma resposta, então eu não ofereci uma. Filipo
voltou sua atenção para Lola. — Tai não gosta de estranhos,
garotinha. Você sabe disso. Especialmente não um grande
assim.
— Sem merda, Filipo. Acha que eu não sei disso? Eu
não o teria trazido até aqui se não fosse importante.
Filipo considerou.
— Você nunca foi valea, então eu acho que está tudo
bem. Mas você tem que entrar e me dizer em que problema
você se meteu. — Ele ficou na porta quando Lola e eu fomos
para dentro, e eu sei que o velho cauteloso e de olhos afiados
não perdeu a faca no meu cinto, Ou a arma nas minhas
costas.
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O interior do reboque correspondeu ao exterior.


Confuso, sujo, velho. Ele estava aqui há muito tempo, e não
se importava muito com as aparências. Garrafas de cerveja e
latas de refrigerante estavam agrupadas em uma mesa de
café, junto com um cinzeiro transbordante, sacos de
empreiteiro cheios de mais garrafas vazias, recipientes para
viagem, pratos e mais do que qualquer outra coisa, artes de
pesca. Enfrentamos caixas, iscas, moscas, hastes, carretéis e
galochas. Se havia algo que ajudasse a pegar peixes, Filipo
tinha vários deles de diferentes idades e qualidades.
Ele limpou o sofá, varrendo o braço dele para bater o
detrito no chão, e depois chutando-o de lado. Lola sentou-se
ao lado dele, enquanto eu fazia o possível para me aproximar
da porta. O trailer era pequeno o suficiente para que eu mal
limpasse o teto se eu estivesse ereto, o que só serviu para me
fazer sentir ainda mais conspícuo e claustrofóbico. O cheiro
de cigarros e bebidas velhas, as falsas paredes de painel, o
sofá esfarrapado, a merda em todos os lugares, o calor
opressivo e a umidade... Eu estava de volta no trailer do
Mississippi novamente. Eu enganchei meu polegar no bolso
do quadril e concentrei-me em manter minha respiração
uniforme.
Filipo focou em Lola.
— Por que está aqui, Lola? Conversa real.
— Eu só... há problemas. Preciso ir embora por um
tempo. Pensei em ir ver papai por alguns dias. — Ela olhou
para mim. — Ele está me ajudando.
— Ajudar você a fazer o quê?
— Afaste-se do problema.
— Qual é o problema?
— Quanto menos você souber, melhor para você, — eu
disse.
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Olhos escuros e negros fixaram em mim.


— Esse problema, hein? Então você está correndo para
o Glades para fugir?
— Vou levá-la até lá, certificar-me de que ela chegue lá
bem, e então eu vou cuidar das coisas.
— Problema com isso é que você entra, você não sai, a
menos que saiba o caminho.
Eu não considerei esse aspecto.
— Eu vou descobrir algo. Tenho que levá-la para um
lugar seguro. Nós precisamos do barco, então Lola pode nos
levar lá.
Filipo bateu no cano da espingarda contra sua palma,
olhando-me pensativamente.
— Seu problema... ele vai chegar até aqui?
Eu balancei minha cabeça de lado a lado.
— Talvez. Parece provável, honestamente. — Eu
empurrei meu queixo para sua espingarda. — Alguém
aparece, que não seja eu ou ela, atire primeiro e faça
perguntas mais tarde.
Filipo assentiu com a cabeça.
— Entendi. Não tenho como aguentar isso. Minha
menina, aqui. — Ele acenou com a cabeça para Lola. — Você
e ela...
— Ua lava, Filipo. Isso é o meu negócio.
— Esse susopoki o que você fez sobre...
Os olhos de Lola brilharam.
— Eu disse o suficiente, Filipo. Isso é... meu... negócio.
Ele ergueu as mãos.
— Muito bem. — Apontou um polegar para mim: — Mas
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esse pukio, se ele...


— Filipo! — Lola sibilou.
Deixou escapar um suspiro, levantou-se e deu um
tapinha no ar.
— Você sabe que eu vou me preocupar. Mas você cuida
disso. Tanto faz. Vou botar o barco na água.
Ele saiu do trailer com um golpe da porta de tela, e
aquele som, o estrondo da porta... foda-se, cara. Atire em um
fodido canhão ao meu lado, eu não vou vacilar. Granadas
saindo de todos os lados? Sem problemas. A batida da porta
de tela? Eu pulei meio pé.
E aposte seu traseiro que Lola notou.
— Thresh, você está bem?
Eu balancei a cabeça.
— Esse maldito trailer, cara. Continuo esperando ver
meu velho tropeçar fora daquele banheiro. — Eu tive que
fechar os olhos e balançar a cabeça para limpar o
pensamento. — Quanto mais cedo nós formos, melhor.
Eu empurrei a porta de tela, sai do trailer, com cuidado
para não deixar a porta bater — velho hábito. Lola não estava
muito atrás de mim, sua mão no meu ombro enquanto eu me
movia em direção ao Jipe.
Ela não disse nada, o que era bom, já que não havia
muito a ser dito.
Eventualmente, ela olhou para mim, cavando um dedo
no chão.
— Para onde estamos indo, não há sinal de nenhum
tipo. Você quer se comunicar com seus caras, é melhor você
ligar para eles agora.
Eu acenei com a cabeça, tirei o meu telefone descartável
do meu bolso, liguei para o Duke. Soou, tocou e tocou... o
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que não era como ele. Ele sempre respondeu no segundo


toque, sempre. Especialmente se fosse eu chamando. A
preocupação se arrastou através de mim. Disquei para o
Puck.
— Quem é?
— Aqui é Thresh. Telefone descartável.
Ele respondeu no quarto toque.
— Ei, Thresh, não posso falar muito, cara. Tem alguma
merda acontecendo.
— Essa merda vem na forma de bandidos Euro-lixo? —
Eu perguntei.
— Tem um. Você também?
— Sim. Estou prestes a sair da grade e queria checar.
Você ouviu falar do Duke?
— Negativo. Ele ficou em silêncio por alguns dias.
Anselm me ligou, porém, me deu uma cabeça para cima. O
problema é que esses caras não são os típicos bandidos
cabeça de osso que Cain normalmente contrata. Esses caras
conhecem a merda deles. Cuidado com a cauda, grande
homem.
— Isso é o que ele quer, você sabe. — Eu soltei um
suspiro frustrado. — Separando-nos, mantendo-nos fora de
equilíbrio.
— Está certo, e está funcionando. — Ouvi o farfalhar no
fundo, o ruído de um trem. — Tenho que ir, minha carona
está aqui e eu vou lhe perder. Ouve, lembra do lugar que lhe
mostrei? Os Ozarks? Onde atirávamos latas e ficamos com
merda?
— Sim, — eu respondi.
— Me encontre lá. Assim que você conseguir. Temos que
coordenar, tirar esses fodidos e ir atrás de Cain. Essa merda
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não vai voar. Eu tenho planos, e eles não incluem correr em


torno deste maldito globo fugindo das balas.
— Ouça isso, Puck, ouvi isso. Não posso dizer quando
vou conseguir, mas estarei lá.
— Verifique mais tarde.
— Certo. — Eu terminei a chamada, disquei outro
número.
Três toques, e Anselm respondeu.
— Thresh. Você perdeu a cauda?
Perguntei-me se eu queria saber como Anselm sabia que
era eu, já que eu estava em um descartável.
— E um par de outros.
— Eles estão na cola de Puck, e Duke não está
respondendo à comunicação. Estou em busca de seu último
paradeiro conhecido.
— Sim, eu só falei com Puck. — Eu abaixei a minha voz,
embora houvesse apenas Lola perto. — Falei com o próprio
Cain, brevemente.
Uma pausa atordoada.
— Eu vejo... e?
— Acho que Cain pode ser um pouco mais esperto do
que Harris lhe dá crédito. Ele vai atrás de todos nós do A1S.
De uma vez, eu acho.
Anselm parou por um momento.
— Eu não notei uma cauda, mas então, eu acho que
alguém teria um tempo difícil em me encontrar de qualquer
maneira, mesmo se soubessem onde procurar. Eu vou ficar
fora de seu alcance, enquanto eu puder, ver o que eu posso
fazer.
— Vou levar Lola para algum lugar seguro. Você precisa
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ter certeza de que todos saibam o que está acontecendo.


— Onde é esse lugar seguro?
— O pai dela é um eremita, vive no fundo dos
Everglades, em algum lugar. Achei que ela pudesse se
acalmar com ele até conseguirmos resolver isso.
— Acho que você deveria ficar com ela, Thresh. Eu sei
que você discordará, mas você foi ferido recentemente...
— Eu perdi uma cauda e tirei três outras. Acho que vou
ficar bem.
— Devemos começar a assumir que Cain é uma ameaça
muito real, com um alcance maior do que o que inicialmente
considerávamos.
— Você tem razão, mas...
— Thresh. — Anselm me cortou, sua voz era dura, o que
chamou minha atenção. Anselm era infalivelmente educado
sob todas as circunstâncias, e nunca levantou a voz. Então,
para ele me agarrar...
— Anselm?
— Você nunca, nos anos que eu conheci você,
manifestou interesse por qualquer mulher, na medida que
você tem por esta Dra. Reed. Isso significa algo para mim.
Você deve protegê-la. Se a encontrassem, quando nenhum de
nós conhecia o seu nome, acho que esse perigo vai além do
nosso alcance de compreensão. Fique com ela. Proteja-a. Vou
ter o Lear começando a segui-lo, e depois organizar uma
extração. Para que ela esteja segura, e para que tenhamos o
uso de suas habilidades em sua plena capacidade, então ela
deve estar em um lugar que podemos controlar.
— Bem. Concordo.
— Das ist gut. Espere um telefonema de Lear.
— Obrigado, Anselm. — Eu estava prestes a desligar,
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quando me lembrei de uma promessa que fizera, de volta a


Miami, para um certo idiota moderno. — Anselm, outra coisa.
Eu meio que peguei emprestado um carro. Está estacionado
fora de um reboque em Plantation Island, Flórida. Gostaria
que voltasse ao seu proprietário original, se possível, ou o
cara recompensado, se não.
— Considere isso feito.
— Obrigado novamente.
— Es ist nichts.
Desliguei, então, e Lola se inclinou contra mim.
— O que está acontecendo? — Ela perguntou.
— Apenas fazendo planos, — disse eu.
— Quais são?
— Bem, por agora, continuamos com o nosso plano
original para ir ver o seu pai, e depois ficamos apertados.
Meu menino Lear vai usar sua magia de hacker para nos
rastrear, e alguém vai aparecer para uma extração.
— Uma extração? O que isso significa exatamente?
Eu dei de ombros.
— Não sei. Um helicóptero, provavelmente.
— Não haverá lugar para pousar, e a corrente pode
causar grandes danos, — disse Lola.
— Não será esse tipo de extração, querida. Harris vai
passar por aqui com um helicóptero, aparecer em uma
plantação a uma centena de metros acima, e alguém estará
na parte de trás para abaixar um cabo que vamos pendurar
enquanto eles nos levam.
Lola olhou para mim, parecendo cética.
— Isso soa engraçado?
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Eu ri.
— Não se preocupe, doutora, eu vou manter um bom
abraço em você. — Quando ela apenas franziu o cenho mais
duro, eu revirei meus olhos para ela. — Você será içada por
um cabo. Vai ficar tudo bem. Já fiz isso dezenas de vezes.
— Se você diz.
Eu gesticulei para o rio próximo, que eu assumi que
levava para os canais e canais em que estávamos em breve
para nos aventurar.
— Estou confiando em você para nos levar lá, você
confia em mim para nos tirar, ok?
Ela assentiu.
— Bem. Mas não estou muito interessada em
helicópteros.
— E eu não sou super interessado em cavalgar em uma
vasilha de lata através de uma vasta zona úmida. Em tempos
como esse, você faz o que tem que fazer.
Meu telefone descartável tocou naquele momento.
Aceitei o telefonema.
— Lear, fale comigo.
— Tenho que fazer isso rápido, Músculos. Fique na
linha para mim enquanto eu executo a triangulação... — A
linha ficou quieta por vários momentos, e então eu ouvi Lear
apertar os dedos na outra extremidade. — Peguei. Droga,
você está bem lá fora, cara.
— Estou começando, meu amigo. Não vou ter sinal para
onde vou.
— Isso não importa. Agora que eu tenho sua localização
ping, eu posso ficar de olho em você. Harris está recebendo
um sinal dessa forma, e então ele vai embaralhar um de seus
passeios mais rápidos para chegar lá.
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— Todos os outros são contabilizados? Falei com Anselm


e Puck, e agora você, e você falou com Harris.
— Duke é o único que não podemos conseguir. Layla
está com Harris, obviamente.
— Você pode fazer alguma coisa para encontrar o Duke?
— É por isso que eu estou tentando lhe arrumar o mais
rápido possível. Ou ele está intencionalmente escuro, ou algo
aconteceu, porque eu estou tendo problemas para encontrá-
lo. Eu sei que Anselm está trabalhando coisas em seu fim,
também. Vamos encontrá-lo.
— Eu não estou preocupado com ele, — eu menti. — Eu
estou preocupado que ele vai ter toda a diversão sem mim.
— Ele nunca faria isso. — Lear estava batendo em um
teclado no fundo. — Ok, Harris está indo até você. Ele disse
para esperá-lo em poucas horas.
— Ótimo. Vejo você em breve, amiguinho.
— Oh, foda-se, sua maldita árvore. — Ele desligou com
uma risada divertida.
Eu enfiei o telefone de volta no meu bolso, e passei a
minha palma sobre o meu moicano com um suspiro
frustrado.
— Porra, Duke.
— Alguém está faltando?
Não me incomodei em esconder a preocupação em
minha voz; algo me disse que Lola não iria vê-lo como uma
fraqueza.
— Sim, meu amigo Duke. Ele nunca está fora de
comunicação. Ele está permanentemente preso a esse fodido
iPhone dele. Ele ainda tem uma capa à prova de balas que ele
fez por encomenda, para que ele possa levá-lo para fora em
operações sem arriscar que ele seja explodido. Para ele não
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responder a ninguém, muito menos a mim? Não é como ele.


Mesmo que ele esteja no meio de fazer isso com uma garota,
se um de nós ligar, ele responde. Mesmo que apenas para
dizer que ele vai ligar de volta quando acabar. Mesmo Anselm
e Lear estão tendo um momento difícil em conseguir um
bloqueio sobre ele. É preocupante, e não me preocupo com
facilidade.
— Tenho certeza que ele vai ficar bem. Ele
provavelmente está fazendo a mesma coisa que nós.
— Sim, mas você não conhece Duke. A sutileza é ainda
menor seu temperamento forte do que o meu. E ele não pode
sequer parar para verificar com alguém antes que ele vá em
uma fúria se ele fosse pegar o vento de alguém seguindo-o. O
cara é o meu igual em todos os sentidos quando se trata de
cevar ruína, mas uma vez que ele começa a sua ira para
cima, é quase impossível refreá-lo, eu aprendi cedo como
desligar a minha merda. Duke... não tem esse botão de
desligar. E pode cegá-lo.
Os olhos de Lola estavam suaves nos meus.
— Você é muito próximo do Duke, não é?
Eu tive que desviar o olhar, porque a expressão em seu
rosto estava fazendo algo estranho para o meu coração, e a
minha preocupação com Duke colocou um nó na minha
garganta.
— Sim. Todo mundo na A1S é família, e a única família
que eu tenho, mas Duke... ele é o irmão que eu nunca tive.
— Ele vai aparecer. Ele vai ficar bem.
Filipo se aproximava a pé, acenando para nos juntarmos
a ele.
— É melhor, ou Cain vai ver um lado de mim que ele vai
desejar que ele tivesse deixado enterrado. — Eu acenei com a
cabeça para Filipo. — Hora de ir.
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Desde que estava quase no pôr-do-sol, Filipo insistiu em


nos levar ele mesmo, e notei que Lola não discutia muito.
A viagem foi lenta, opressivamente quente, e absurda.
Mosquitos me morderam sem parar, e cada canal parecia o
mesmo que o último. Oh claro, era lindo o suficiente, mas
não era a minha coisa. Dê-me montanhas ou praias de areia
branca e, de preferência, os coelhos de neve e coelhos de
praia para ir com eles. Este mourejar infinito através de um
canal idêntico e canal após o outro, os bancos deslizando em
cada lado em lodo lento, o motor zumbido fracamente, o
nosso arco apenas causando uma ondulação...?
Não, obrigado.
Eu entendi dentro de dez minutos o que Lola quis dizer
por ter que saber exatamente onde você estava indo, embora,
porque isso é o quão rápido eu estava perdido. Filipo, no
entanto, obviamente sabia exatamente para onde estava indo,
porque nunca hesitou quando se tratou de se mudar em um
ramo menor, ou atravessar uma baía maior e entrar em outro
canal minúsculo. Quando atingimos áreas maiores e mais
abertas, Filipo acelerava o motor um pouco, o que sempre me
causou alívio, mas, na maioria das vezes, ele pegou pequenos
canais estreitos, serpenteando lentamente para o sul e para o
oeste. Pelo menos, é assim que eu interpretei o nosso vetor
geral. Era difícil manter o controle.
Depois do que eu pensei ser mais de uma hora, e
provavelmente mais perto de duas, Filipo abrandou para um
rastreamento, varrendo o banco em nosso lado esquerdo.
Quando eu digo banco, quero dizer uma parede de árvores de
mangue, ramos contínuos, espessos, acenando suavemente
em uma brisa quente e lenta, uma árvore ocasional
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arqueando para fora sobre a água. Eu não sei o que Filipo


estava procurando, já que não parecia haver nada para
encontrar, mesmo enquanto eu digitalizava o mesmo banco,
procurando qualquer tipo de irregularidade. Filipo apenas
arrastava ao longo, lento o suficiente para que eu pudesse ter
saído e rastejado em minhas mãos e joelhos mais rápido, com
o braço inútil e tudo.
E então, aparentemente ao acaso, ele balançou o leme
do barco para angular o arco em direção ao banco. À medida
que nos aproximávamos, eu via uma abertura nas árvores,
tão estreita e tão bem obscurecida por galhos baixos que você
passaria se não estivesse procurando com muito cuidado e
soubesse o que procurar à frente em tempo.
Enquanto cortávamos em direção à abertura, Filipo
cortou o motor de popa e inclinou-o para fora da água, e
então puxou um remo comprido e grosso de um conjunto de
ganchos soldados por pontos a borda interna do barco ao
longo do lado direito. As árvores que escondiam a abertura
estavam se aproximando rapidamente, apesar de nosso ritmo
lento, e não foi até que Filipo falou que eu percebi exatamente
quão baixos eram aqueles.
— Melhor abaixar, cara, — ele me avisou, — ou você
leva um golpe desagradável na cabeça.
Eu me abaixei, bem a tempo, e mesmo assim os ramos
raspavam e agarravam minha cabeça enquanto deslizávamos
debaixo deles. Uma vez passado, nos encontramos em um
túnel envolto em árvore, a água tão superficial que era uma
maravilha não encalharmos. Filipo cavou o remo na água,
ainda sentado, e usou-o para nos empurrar para frente,
puxando o remo até ele chegou ao final, quando estendeu o
seu controle, plantando o fim no fundo do canal para
empurrar/ puxar-nos.
— Esta pequena entrada é invisível do ar, — disse Lola.
— Papai me mostrou uma vez, quando eu era criança. Ele
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tinha um amigo que nos levou em um passeio de helicóptero,


e passamos por este ponto. Você nem saberia que estava lá.
Eu bufei.
— Querida, quando disse que seu pai vivia longe, você
não estava brincando.
Ela sorriu.
— Thresh, querido, espere até ver este lugar. Ainda
temos um bom caminho a percorrer.
Ela me chamou de querido.
Eu tentei não ler muito nisso, mas era difícil. Chamei-a
de todos os tipos de nomes estúpidos, mas era assim que eu
era. As palavras como mel, baby e o querida apenas
estalaram fora quando eu estava falando a uma menina que
eu cavava sobre, e eu escavei Lola duramente. Anselm estava
certo nesse ponto.
Viajamos por locomoção de remo por mais dez ou vinte
minutos, e então o canal era meio morto em uma copa de
árvores de manguezal de aparência antiga, cujas raízes se
estendiam do banco para a água. Filipo apenas nos mantinha
andando em direção ao banco, e então quando a proa raspou
a areia, ele pulou fora.
— Vamos à pé, sim? — Filipo murmurou. — Tenho que
ver se o Tai está por perto.
— Quer dizer, é melhor você ficar aqui até encontrar o
papai. Visitantes não anunciados, mesmo eu e Filipo,
fazemos papai agitado. — Lola tirou seus sapatos e meias e
estava rolando suas calças de ioga até os joelhos, e então ela
saltou do barco e na água, ajudando-me a transportar o
barco até o banco.
Havia outro barco ali na margem, uma canoa longa,
estreita e de pouca profundidade, esculpida a mão no tronco
de uma árvore, com um flutuador que se estendia para um
P á g i n a | 178

lado.
— O barco do seu pai?
Lola olhou para ele. — Sim. Chama-se paopao. Ela
sorriu. — Papai mostrou-me como construí-los, na verdade.
Fizemos um juntos, um verão. Foi divertido. Eu fiz um ensaio
sobre o processo e tive crédito extra no próximo ano.
Eu ri.
— Agradável.
Ela fez uma careta. — Papai me fez, de fato. Apesar do
fato de eu ter um M.D, eu realmente odiava a escola.
— Eu ainda tenho aquele que você fez, você sabe, — veio
uma voz doce e lenta, cavernosamente profunda, de fora, a
minha esquerda. Ele tinha um sotaque, mas era suave,
arqueando suas vogais, apenas fazendo suas palavras
cantarem, ao contrário do sotaque de Filipo, que era
pronunciado e densamente polinésio.
Lola olhou para mim, e seu rosto se iluminou.
— Pai!
Ela correu de mim para os braços de um indivíduo
verdadeiramente gigantesco. Vindo de mim, isso é dizer
muito. Ele não tinha muito mais de 1,90m, talvez 1,95m, mas
o que lhe faltava em altura, ele compensava em massa. Lola
disse que ele foi um fisiculturista, e eu acreditei. Vestido com
uma calça cortada no comprimento do joelho e um par de
sapatos de água e nada mais, eu podia ver que ele perdeu a
definição ultra afiada de um fisiculturista, mas claramente
embalou em massa adicional na forma de puro músculo.
Cada polegada de sua parte superior do corpo do pulso
ao pulso, através de seus ombros e para baixo seu peito para
seu diafragma, era coberta com intrincadas tatuagens tribais
feitas em grossas linhas pretas e ângulos e espirais, e os
desenhos continuaram para baixo sob a cintura de sua calça
P á g i n a | 179

e reapareceram em suas panturrilhas, terminando em seus


tornozelos. Ele tinha uma kukri1 arranhada e maltratada em
uma mão, e uma moderna vara de pescar e uma corda de
mais de uma dúzia de peixes enormes na outra.
Sua voz, enquanto falava com sua filha, era calma,
afetuosa.
Mas quando seu olhar fixou em mim...
Ele não estava feliz em me ver.
— Quem é este, Lola La'ei Solomon? — Sua voz, agora,
estava fria. Ainda baixa, ainda calma, mas... gélida.
— Eu sou Reed, agora, e você sabe disso. — Lola
colocou-se entre mim e seu pai. — E ele é meu amigo. Eu sei
como você se sente sobre visitantes, mas eu... bem, eu não
tive muita escolha. Você sabe que eu não o teria trazido aqui
se eu pudesse evitá-lo.
— Eu faço você mudar seu nome, querida, mas você
sempre será uma Solomon. — Ele olhou para mim além do
ombro de sua filha. — Você não me visitou sozinha há mais
de seis meses, e agora você traz um estranho?
— Eu sei, papai. Eu só... é complicado, ok?
Ele olhou para ela.
— Complicado? — Ele olhou de mim para Lola. — Está
em problemas.
— Em uma palavra, sim.
Ele me olhou de novo, avaliando. Era difícil suportar
aquele olhar penetrante. Era ainda mais difícil sentir como se
eu me mantivesse à altura de seus padrões.
— Você está envolvida com ele? — Ele voltou seu olhar
para Lola, e agora sua expressão estava abertamente
desaprovando.
— Mais uma vez, é... complicado. — Lola se virou. —
1
Uma faca curvada.
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Não podemos fazer isso, papai? Por favor?


Se eu não soubesse melhor, eu diria que era quase um
sorriso em seu rosto.
— Papai? Você nunca me chama assim. Não desde que
você tinha seis anos.
— Sim, bem... tem sido um longo dia. — Ela parecia
visivelmente murchando, como se a exaustão de tudo o que
tínhamos passado chegou aqui e estava se acomodando em
seus ombros. — Eu só quero descansar, ok?
Tai pousou a mão em seu ombro.
— Vá. Quero falar com seu... amigo. — Ele olhou para
Filipo. — Tenho algumas esculturas para você levar de volta
com você, desde que você está aqui, então não vá ainda.
Filipo assentiu com a cabeça.
— Eu vou ver Lola para o fale e coletar mais madeira.
Quando estávamos sozinhos, Tai se aproximou de mim,
movendo-se com aquela graça lenta e fácil que parecem ter
homens de nosso tamanho e poder.
— Qual o seu nome?
Estendi a mão.
— Thresh.
Apertamos as mãos, e seu aperto era firme, mas ele não
estava tentando me intimidar esmagando minha mão. Boa
sorte com isso, de qualquer maneira.
— Tai Solomon. — Ele me soltou, e então me deu a
corda de peixe. — Sabe como limpar o peixe?
Eu balancei a cabeça.
— Certo.
Ele apontou para minha faca.
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— Então, use isto.


Havia uma tábua de madeira plana na areia perto da
escadaria da cabana, então eu joguei o peixe na prancha e
consegui trabalhar esvaziando-os.
Tai apenas assistiu.
— Da última vez que minha filha se meteu em algum
tipo de problema, ela mudou, e não para melhor. — Havia
uma acusação nessa declaração, e uma advertência, bem
como uma pergunta.
Escolhi cuidadosamente minhas palavras.
— Não conheço a sua filha há muito tempo, senhor, mas
tenho algumas pistas sobre o que aconteceu com ela. E posso
lhe assegurar um par de coisas. Primeiro, o problema que nos
trouxe aqui não é esse tipo de problema, e dois, o que quer
que tenha acontecido, eu nunca permitiria que algo assim
acontecesse. Eu não preciso saber os detalhes para saber que
faria qualquer coisa para protegê-la de tudo o que poderia ter
acontecido, ou qualquer outra coisa.
— Pelo que eu entendo, já que em todo esse problema
Lola não fez muito, além de ir para o trabalho e para o
ginásio. Estou tendo dificuldade em entender como ela teve
problemas. – Ele fez uma pausa. — O que me leva a me
perguntar sobre o seu envolvimento em tudo isso.
Eu reservei um peixe limpo, e coloquei outro na tábua,
cortando o seu ventre com a minha KA-BAR.
— Não seria impreciso dizer que eu a levei para isso,
mas não foi nada que eu pudesse ter previsto ou impedido,
posso lhe jurar isso. Eu nunca teria intencionalmente trazido
alguém para meus problemas.
— Você tem uma arma, e usa essa faca como se
estivesse confortável com isso. — Ele se encostou em uma
árvore próxima e cruzou seus braços maciços sobre seu peito
largo e pesado. — Eu não estou gostando do que isso diz
P á g i n a | 182

sobre você.
— Essa merda veio a mim, senhor, e Lola foi arrastada
nela apenas por se associar comigo — e confie em mim, ela
estava fazendo um excelente trabalho me enviando para
longe. Estou fazendo tudo o que posso para tirá-la e
certificar-me de que permaneça assim.
— Minha filha tem problemas com a formação de
relacionamentos.
Eu não pude deixar de rir.
— Sem merda. Eu peguei aquela parte.
— Mas ainda assim trouxe você aqui. Ela sabe que eu
não ficaria feliz em ver alguém novo, mas trouxe você aqui de
qualquer maneira. — E uma pausa espessa e significativa. —
E ela lhe deixou sozinho comigo.
— Só posso me aventurar a imaginar que ganhei um
pouco de sua confiança, então.
— Como?
— Quanta verdade você realmente quer, aqui, Tai?
Ele ergueu o queixo.
— Diga como é.
— Esta é uma coisa de trabalho. Há um grupo de
pessoas que realmente não gostam da empresa que eu
trabalho, e eles estão... agressivamente tomando medidas
para demonstrar isso. Qualquer pessoa envolvida com
qualquer um de nós é um jogo justo, parece que só a
verdadeira extensão do preconceito não era aparente até que
eu já tivesse entrado em contato com Lola. — Eu não vi a
necessidade de detalhes, mas eu tinha um sentimento de que
Tai não ficaria satisfeito até entender a coisa toda.
E eu não era um para dissimular.
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— E como isso aconteceu?


— Meu chefe passou pela UTI quando ela estava no
turno, e ela e eu... bem, eu não diria que nos demos bem,
mas parecia que havia algo lá. Então quando a oportunidade
se apresentou, eu... decidi ver onde as coisas poderiam ir.
— Se você tivesse me perguntado, eu teria dito que as
coisas não iriam muito longe. Ela foi muito ferida por alguém
em quem uma vez confiou, e a experiência a fechou. Para
sempre, pensei.
— Então eu entendi. E não parecia que as coisas entre
nós fossem longe demais, mas então esse problema surgiu, e
quando você passa por algo peludo com alguém por quem
está atraído... as barreiras tendem a cair mais rápido do que
poderiam de outra forma.
Tai estava quieto quando eu terminei de destruir o
peixe. Quando terminei, entreguei a ele.
Ele pegou meu olhar e segurou-o.
— Minha filha pode tomar suas próprias decisões. Ela
trouxe você aqui, então deve confiar em você, mas isso não
significa que eu confio. Então tudo que eu vou dizer é isto: eu
não fui para o continente em dezesseis anos, e eu não tenho
planos de voltar, nunca. Mas se eu descobrir que você deixou
alguma coisa acontecer com minha filha, vou lhe encontrar.
Entendeu?
Eu balancei a cabeça.
— Eu diria que é justo, senhor.
Ele se afastou de mim e se dirigiu mais para dentro da
floresta de mangue. Enquanto caminhávamos, ele falou por
cima do ombro.
— Espero que goste de peixe, e não se importe de dormir
a céu aberto.
Eu puxei minha bolsa um pouco mais alto no meu
P á g i n a | 184

ombro.
— Não me importo de comer peixe, e dormir ao ar livre
não me incomoda tanto assim. Embora, não me importaria
em ter algum spray contra insetos.
Isso só me rendeu um bufo sarcástico.
— Não temos nada disso aqui. Os insetos ficam ruins o
suficiente, você poderia esfregar alguma lama.
— Já imaginava.
Entramos numa clareira, no meio da qual havia uma
estrutura circular em forma de cúpula, formada por troncos
de árvores inteiras para sustentação vertical, com telhado de
palha e lados abertos, e um piso suspenso a três metros do
chão. Eu podia ver algum tipo de sombras ou ripas que
poderiam ser abaixadas para manter o tempo inclemente. Tão
astuciosamente formada era a habitação que até eu percebi o
que eu estava olhando, eu não imediatamente reconheci
como estrutura feita pelo homem. Apenas misturado
perfeitamente com o resto dos arredores. O teto do telhado
era tecido de folhas de palmeira que, considerando tudo o
que eu vi na viagem — eram manguezais, eu presumi que ele
deve ter trazido de outro lugar para este fim. Tendo ido para a
FSU, eu tomei alguns cursos de preenchimento na história da
Flórida e dos Everglades, e dos Seminoles que uma vez
habitaram esta área, então eu reconheci alguns elementos da
estrutura como sendo de origem Seminole, mas as fotografias
e desenhos que eu vi mostraram as habitações Seminole
como retangulares, enquanto que esta era mais arredondada.
Algo estava fora sobre a estrutura, mas eu não poderia
indicar o que.
Tai percebeu que eu parei e estava olhando para a
estrutura.
— Não conseguiu descobrir?
Eu balancei a cabeça.
P á g i n a | 185

— Antropologia não é realmente minha coisa, Tai. Eu sei


que há algo, mas... eu não posso apontar.
— Não há vergonha. Levaria familiaridade com as
moradias tradicionais de duas culturas diferentes para
localizá-lo. Ele bateu o peito com um enorme punho. — Sou
samoano. Eu nasci lá e morei lá a maior parte da minha vida,
e meu tama foi um grande crente nos velhos costumes. Ele
ensinou-me a construir o va'a e o paopao. — Ele indicou a
tinta decorando seu corpo. — Eu tenho o pe'a a maneira
antiga, de um tufuga ta tatau. Ele também me ensinou a
construir o fale, à maneira antiga. Mas então eu vim para cá,
e descobri os manguezais, e aprendi da cultura Seminole. Há
uns vinte anos, encontrei um velho, velho Seminole, que me
mostrou alguns dos seus velhos hábitos. Então, quando eu
decidi fazer um lugar para mim mesmo aqui, eu fundi os
estilos da minha cultura e do Seminole. Então, o que você
está vendo é uma combinação de estilo de estruturas de
habitação Seminole e Samoan.
Agora que ele explicou, eu podia vê-lo. Eu também
passei algumas semanas de férias nas ilhas polinésias e
encontrei algumas das casas de estilo antigo, que, como essa,
eram arredondadas, com os telhados se estendendo para
baixo a apenas alguns metros da terra, e aquelas foram
construídas no chão. Os Seminoles, que viviam em um
pântano, construíam suas habitações retangulares um par de
pés fora do chão, e não estendiam tanto o telhado. Eu
balancei a cabeça maravilhado; a fusão dos dois estilos foi
brilhante, misturando ambas as culturas para criar uma casa
para si próprio que se adequava ao clima, usando materiais
locais e era praticamente invisível até que você estivesse
direto em cima dela. Além disso, quando ele finalmente
morresse e os anos passassem, tudo retornaria à terra sem
deixar qualquer marca permanente de sua presença.
Se você quer ser um eremita, esta era a maneira de fazê-
lo.
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Havia um fogo construído no chão perto da habitação,


com algumas cadeiras feitas à mão de comprimentos de
madeira e cordas. Em uma dessas cadeiras, descalça, vestida
apenas com calça de ioga e sutiã, comendo fruta de uma lata
com uma faca de desossar de seis polegadas, estava Lola.
Não havia nada de especial no momento. Ela nem
sequer me notou. Ela estava descansando na cadeira,
espetando pedaços de fruta da lata com a faca, uma perna
enganchada sobre o lado da cadeira, o pé chutando. Seu
cabelo estava solto, descendo da trança para vibrar na brisa,
lindo, maravilhosamente longo, passando por suas omoplatas
até quase a meio da espinha. As calças de ioga foram
puxadas até os joelhos, mostrando panturrilhas tonificadas e
musculosas, e sua parte superior do seu corpo estava nua,
apenas com o sutiã, e eu só...
Eu não conseguia descobrir o que estava acontecendo
comigo.
Não era a sensação usual que eu tinha quando via uma
mulher quente, que era o desejo de rasgar sua roupa fora,
fodê-la e depois ter uma bebida. Quer dizer, sim, isso estava
lá, porque Lola era a mulher mais sexy que eu já vi. Agora
que eu estava realmente olhando, e não estava cego pela
luxúria, eu percebi como ela era extremamente musculosa.
Ela tinha um belo desenvolvimento muscular, a partir do
bíceps duro, arredondado e ombros planos, tonificada,
abdômen definido... era ridículo. A garota tinha um crédito
sério no ginásio. Ela estava muito bem construída e
musculosa.
O que tornava sua estranha insegurança ainda mais
inexplicável. Claro, ela não era uma modelo de passarela,
uma menina magra. Mas ela era linda. Merda, se você me
perguntasse, ela era linda por causa disso. Ela era
musculosa, forte, em forma, saudável como um todo. Mas ela
ainda era toda mulher. Porra, perfeita.
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Então por que diabos ela jurou parar de fazer sexo? Por
que ela estava tão fechada? Não poderia ser insegurança
física. Ela tirou sua parte superior facilmente o suficiente e
sem escrúpulos, e não tentou encobrir. Ela também não era
claramente uma novata quando se tratava de sexo; a maneira
como ela me tocou, a maneira como colocou sua boca em
mim... Porra, a garota sabia o que ela estava fazendo. E
novamente, isso era uma tesão para mim.
Mas então ela apenas... jurou parar de fazer sexo por
três anos, incluindo a masturbação? Que diabos?
Além disso... o que diabos foi essa torção no meu
intestino quando eu olhei para ela? Por que me sentia tão
protetor? O pensamento dos valentões de Cain botando suas
mãos sujas de merda nela, fazendo algo com ela para me
atacar? Isso fez meu temperamento bem controlado disparar.
E apenas olhando para ela sentada lá, completamente
inconsciente, quente para caralho, casual e confortável em
um acampamento no meio do nada, em um lugar tão rústico
que era quase da era do bronze. Tudo dentro de mim parecia
apenas... merda, eu não conseguia nem encontrar a palavra.
Era uma espécie de desejo, tipo de necessidade, tipo de
proteção, e algo mais, algo mais profundo, mais forte... mais
tudo isso enrolado em uma bola retorcida, emaranhada com
intensidade fervente.
Tentei me sacudir, mas o sentimento inquietante não
desapareceu. Se alguma coisa aconteceu, ele se intensificou.
E foi então que percebi que Tai estava me observando
atentamente. Ele bateu a mão no meu ombro, e falou em um
tom agudo apenas para os meus ouvidos.
— Filho, acho que você acabou de ficar viciado.
Eu me encolhi e olhei para ele.
— U, um, o quê?
P á g i n a | 188

Ele sorriu maliciosamente.


— Lola. Aquele olhar que você estava dando a ela. Você
está preso, enganchado, linha e chumbada.
Eu balancei a cabeça.
— Não, eu só foda, cara, eu não sei.
Ele riu, então.
— Não adianta lutar contra isso. Ela é como a mãe dela,
tem esse jeito de apenas puxar você para dentro. — O humor
desapareceu sob uma onda de dor antiga com a menção de
sua esposa. — Não sabe o que está acontecendo até que seja
feito.
Eu olhei para ele.
— Do que você está falando, Tai?
Ele bateu no meu ombro novamente.
— Uma palavra, quatro letras. Rima com calor. E você
tem medo disso.
Oh.
Ohhhhh.
Bem... merda.
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Capítulo 10

Significa algo
Eu tenho uma relação amor-ódio com o lugar do papai.
Passei muitos verões aqui, pescando, vivendo perto da
fogueira e da luz das estrelas, comendo frutas enlatadas,
peixe assado, carne de veado e as várias colheitas que o pai
cultivava aqui e ali em várias ilhas: batata doce, milho, melão
e até mesmo um pequeno arremedo de abóboras e alguns
bastões de uvas.
Passei meus verões ajudando-o a plantar e retirar erva
daninha de suas colheitas, ajudando-o a caçar, reparando a
casa, limpando peixes, cozinhando, fazendo canoas. Um
verão inteiro foi gasto substituindo o telhado de palha, um
trabalho que levou papai, Filipo e eu três meses trabalhando
de sol a sol para completar, de importar os rolos pesados de
folhas de palmeira para rachar e amarrar a madeira. Fiquei
feliz em voltar para a vovó e vovô naquele outono.
Eu adoro isso aqui. É pacífico. É lindo. É um mundo
totalmente diferente, totalmente removido da azáfama e do
caos de Miami. É um mundo primitivo, e graças ao papai,
ainda me sinto confortável aqui, mesmo que eu não saia
muito frequentemente.
Mas também odeio, porque este lugar roubou meu pai.
Quando mamãe ficou doente, ele começou a passar mais e
mais tempo aqui entre visitas ao hospital. Eu era a única que
se sentava ao lado dela o dia todo enquanto ela definhava.
Papai não podia assistir. Só não podia. Então ele desapareceu
nas florestas de mangue em seu pequeno paopao, pescou e
caçou até que ele se sentiu forte o suficiente para enfrentar
sua forma murchada novamente. Mas ele não ficaria muito
tempo e as visitas se tornaram cada vez menos, até que os
P á g i n a | 190

médicos lhe dissessem que ela iria morrer a qualquer dia, e


então ele se sentou no chão ao lado da cama, estendeu a mão
para segurá-la e disse a ela que era a hora de ir.
Então ela foi.
E ele também.
E então a floresta o levou.
Passaram-se anos antes que ele voltasse a ser como o
velho ele. Durante os dois primeiros anos, nem mesmo Filipo
sabia onde estava papai. Acho que ele apenas remou as Dez
Mil Ilhas em seu paopao, sobreviveu de peixes, tubérculos, e
se concentrou em esquecê-la. Ele não falou seu nome desde
então — e é por isso que eu tomei seu sobrenome, então pelo
menos um de nós teve que se lembrar dela — mas eu sei que
ele pensa nela. Eu o pego olhando para o pôr-do-sol às vezes,
que era sempre a hora do dia favorita da mamãe, e é quando
papai diz uma oração pelo seu espírito, enquanto o sol
afunda sob o horizonte.
Eu sentei na minha cadeira favorita junto à fogueira e
deixei meus pensamentos vagarem.
Eu sabia que mamãe iria querer que eu confiasse em
Thresh. Ela queria que eu lhe desse uma chance. O que isso
significa, o que parece, eu não sei. Ela veria a pessoa doce e
suave enterrada sob o duro exterior do guerreiro. Ela iria
levá-lo a falar sobre o seu passado e as coisas que compõem
sua personalidade. Ela perguntaria sobre cada cicatriz em
seu corpo, e ouviria as histórias, não importa o que eram. Ela
entenderia.
Mas não tenho certeza se sou tão forte quanto mamãe.
Eu sou mais como papai. Quando algo não faz sentido,
ou me machuca, ou me assusta, é mais fácil empurrar o que
quer que esteja para longe, fugir dele, esconder-se dele, não
enfrentá-lo.
Mas eu não posso fazer isso. Não mais. Não com Thresh.
P á g i n a | 191

É... inexplicável, de certa forma. Não é como alma gêmea,


onde eu estou apenas caindo imediatamente sobre ele, para
ele. É química instantânea, sim. É algo sobre ele, seu
tamanho, sua força, sua beleza masculina acidentada, sua
bravura, e agora, porra... o jeito que ele me tocou, a forma
como ele me beijou. Tudo isso, sim, é mais forte do que
qualquer coisa que eu já senti. Mas isso não significa que
estou apaixonada por ele.
E o que isso significa, afinal? Apaixonada?
Eu pensei que estava apaixonada, uma vez, e veja como
isso acabou.
Sim, foda-se.
De jeito nenhum.
Mas lá estava ele, parado na beira da clareira, olhando
para mim com uma expressão atordoada em seu rosto.
E havia papai, com uma corda de peixe limpo na mão,
sua kukri embainhada ao seu lado, carregando sua vara de
pesca favorita e o carretel. Ajoelhou-se à beira do fogo e
começou a trabalhar, fazendo o peixe assar, e eu, por hábito,
fui ajudar.
Trabalhamos em silêncio, companheiros por alguns
momentos, e então papai me olhou de soslaio.
— Ele entendeu mal.
— Pai.
— Apenas dizendo.
— Não basta dizer. Eu cuido disso.
Ele trabalhou em silêncio por mais alguns momentos,
cortando o peixe e colocando-os sobre a pedra de assar.
— Eu tenho um bom pressentimento sobre ele. Não vai
ouvir quaisquer argumentos de mim. Talvez ele possa ajudá-
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la a colocar tudo o que você passou para atrás.


Eu me sentei de volta em meus calcanhares.
— Papai, de verdade. Pare, por favor.
— Por quê? — Ele perguntou, inclinando a cabeça para
um lado.
— Porque... é... porque eu...
Ele escondeu um sorriso, esquivando-se para pegar
outro peixe.
— Ohhhh, eu entendi. Você o quer tanto, e você está tão
assustada.
— Desde quando você é intrometido?
Ele encolheu os ombros.
— Desde que minha garotinha finalmente encontra um
homem que vale metade de uma merda. E aquele? Me parece
que vale muito mais do que isso se você dá a ele a chance de
mostrar isso.
— Você acabou de conhecê-lo, pai.
— Assim fez você. Mas você está me dizendo que não
tem o mesmo sentimento dele? Você tem meu senso sobre as
pessoas. A maioria deles não valem uma merda. É por isso
que eu fico longe, não suporto a maioria. Filipo, sua mãe... foi
isso. Somente pessoas em quem confio. Mas eu tenho um
senso sobre as pessoas, e ele é um bom.
— Ele é um soldado. Ele matou pessoas.
— Assim é Filipo. Ele lutou no Vietnã.
— Realmente? — Eu não sabia disso; eu sabia que Filipo
era mais velho do que papai, mas se Filipo lutou no Vietnã,
ele tinha que ser quase dez ou quinze anos mais velho do que
papai. — Ele nunca fala sobre isso.
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— Você nunca perguntou. — Resposta típica do pai.


— Eu o assisti, Thresh... eu o assisti...
— Foi só porque? Para se divertir? Ele gostou?
— Ele é bom nisso... mas não, ele estava fazendo isso
porque eles estavam vindo atrás dele, ou de mim, ou ambos.
Eu não sei. Mas ele é tão bom nisso, é assustador. Ele fez
isso com tanta facilidade. Ele não gostava, mas era bom
nisso.
— Não faz dele uma pessoa ruim. Ele só sabe o que é
bom, e é algo um pouco assustador.
— Matando pessoas?
— Protegendo. — Ele se levantou de seus joelhos, tomou
uma cadeira perto da minha, e enxugou as mãos em seus
shorts. — E você sabe, Lola. Não aja como se não soubesse.
Você não teria ousado trazê-lo aqui se não soubesse disso,
confie nisso. E certamente não o deixaria sozinho comigo,
sabendo que eu ia atrás dele, pegaria sua medida.
— Você conseguiu? Pegou sua medida?
Papai riu.
— Por que você acha que eu estou aqui falando com
você sobre isso? Eu tenho sua medida, e ele não está
faltando. — Ele ficou em silêncio. Estávamos sozinhos; eu
não tinha certeza de onde Thresh foi, ou Filipo para esse
assunto. — Depois que comermos, Filipo e eu vamos verificar
as lavouras. Eu vou ficar na minha fale de pesca, você sabe
qual. Você ajudou a construir, lembra?
Deus, eu sabia. Esse foi mais um verão de trabalho
brutalmente duro. O ‘fale de pesca’ de papai era uma cabana
aberta, mas ainda mais rudimentar do que essa. Quatro
pilares, um piso elevado, um telhado de palha, apenas grande
o suficiente para duas pessoas deitarem, em uma ilha perto
do local de pesca favorito do papai, a poucos quilômetros
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daqui.
Basicamente, papai estava dizendo que ele estava dando
privacidade para Thresh e eu.
Maravilhoso.

Thresh comeu uma enorme quantidade de peixe, e ainda


mais batatas doces, e fez conversa ociosa com papai e Filipo.
Era estranho, vendo Thresh interagir com os dois homens
mais importantes da minha vida — e, realmente, minha
única família desde que a vovó e o vovô morreram. Ele estava
à vontade, parecia em casa aqui fora, confortável com minha
pequena família, mesmo neste lugar incomum. Não conheço
muitos homens que pudesse trazer para o campo primitivo de
meu pai eremita no meio do deserto. Thresh apenas levou
tudo em um passo.
Uma vez que todos nós comemos até encher, papai
beijou minha bochecha, e precedeu Filipo fora da clareira.
Eles estavam indo para o outro lado da ilha, onde papai
amarrou seu va'a, o barco maior de duas pessoas.
Thresh observou-os desaparecer, e então ele olhou para
mim.
— Onde eles estão indo?
— Ostensivamente para verificar as colheitas do pai.
— E na realidade?
Eu dei de ombros, tentando soar muito mais casual do
que me sentia.
— Pescar e nos dar privacidade.
— Privacidade? — A voz de Thresh soou estranha,
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cansada, tensa.
— Papai nos aprova, aparentemente. — Eu sorri para
ele. — Ele gosta de você. Isso é uma façanha. Ele não gostava
de ninguém desde que conheceu Filipo, e isso foi há trinta
anos.
— Ele é um cara legal. Estou feliz por ele gostar de mim.
Eu não me intimido, mas se o fizesse, ele faria isso. — Ele
olhou para a casa atrás de nós; eu ainda pensava nisso como
uma casa, mesmo que não fosse, não no sentido próprio da
palavra — estava em casa, para mim, aqui fora. — Uma vida
que ele fez para si mesmo.
— É realmente. Vacilei entre invejá-lo por isso e me
ressentir por isso.
— Por que você se ressentia dele?
Suspirei. Aí veio a conversa séria.
— Porque eu o perdi para este lugar. Quando mamãe
ficou doente, ele... não conseguia lidar com isso. Eu me
ressinto por não ter coragem de ficar, por mim. Eu precisava
dele, mas ele não podia fazer isso. Não poderia enfrentar a
vida sem ela. Então, fui morar com meus avós em Fort
Lauderdale, até chegar à FSU.
— Eles ainda estão por aí?
— Meus avós? Não. Eles morreram quando eu tinha
vinte e seis anos, ambos no mesmo ano. Vovó primeiro,
depois vovô.
— Eu sinto muito. — Ele moveu sua cadeira mais perto
da minha. — Parece que você perdeu um monte de entes
queridos. Seu pai está aqui fora, então ele está... por perto,
tipo, vivo, mas você tem que fazer aquela viagem louca só
para vê-lo, então...
— Sim. Quase todo mundo se foi. O trabalho torna difícil
sair e ver o pai, e... honestamente, é difícil para mim estar
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aqui. Não posso sair por um fim de semana, sabe? Este lugar,
para viver aqui, você tem que mudar seu estado mental.
Especialmente como o papai faz isso. Totalmente fora da
terra, a maneira como as pessoas sobreviveram por milhares
de anos antes da civilização assumir. Não é fácil.
— Sim, eu notei.
Thresh acrescentou outro pedaço de pau ao fogo — não
era grande, e era parte de uma árvore morta. Papai se
recusava a cortar árvores a menos que fosse absolutamente
necessário, visto que era ilegal, número um, e que as árvores
estavam em perigo e, portanto, protegidas. Recolher ramos
mortos era outro trabalho diário enorme, encontrá-lo,
empilhá-lo, colocá-lo para secar, se necessário.
O outro benefício de um fogo de madeira morta é que
emite muito pouca fumaça, e a pouca que havia era dissipada
pelas árvores, por isso mesmo alguém passando diretamente
sobre a cabeça não saberia que estávamos aqui.
Eu estava lutando uma batalha interna, nesse ponto.
Eu sabia que Thresh tinha perguntas, e eu sabia que lhe
devia respostas. Mas isso significava arrastar memórias que
eu fiz o meu melhor para reprimir, suprimir e, de outra
forma, bloquear totalmente. Mas se eu sentia essa intensa
atração por Thresh, se eu sentia como se ele fosse alguém
verdadeiramente confiável, e se eu estivesse disposta a
assumir esse risco, então eu tinha que colocar fora toda a
merda que eu mantive enterrada por tanto tempo.
— Eu era muito selvagem na faculdade, — eu disse, por
meio de abertura. Thresh usou um longo pau para picar as
brasas, olhou para mim para me dizer que estava ouvindo. —
Coisas típicas da faculdade, você sabe? Bebia muito, fui a
festas, me meti em encrenca. Brinquei com garotos da
faculdade. Mas até que eu fui para a faculdade, eu fui
bastante protegida. Papai manteve uma rixa apertada em
mim, não me deixou namorar, e assustou todos os caras que
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mostraram interesse. Isso foi o ensino médio, para mim.


Protegida, impedida de realmente encontrar-me, ou que é
como eu olhei para ele, então, pelo menos. Fui um pouco
louca, honestamente. Eu saía com os caras, encontros
instantâneos em balcões ou em carros, e era apenas tempo
absolutamente desperdiçado. Mas tudo isso era uma
cobertura, porque eu era virgem. Eu nunca deixei nada ir
muito longe com os caras, mesmo quando eu estava em
amassos. Papai nunca veio direto para fora e disse isso em
tantas palavras, mas ele tornou óbvio que minha virgindade
era especial. Algo a ser dado à pessoa certa, quando eu
estivesse pronta. E desde que eu nunca namorei, eu não
sabia como. Eu não sabia o que estava procurando em um
cara. Então eu me enganei, certo? O que fizemos no carro
hoje, foi o máximo que as coisas foram para mim. Acho que
foi por isso que foi mais fácil para mim do que... — Eu
pisquei forte. — Do que o sexo seria... será.
— Alguém a machucou.
Eu balancei a cabeça.
— Mas não como você está pensando. — Eu encontrei
seus olhos brevemente, antes de voltar para o fogo. — Não foi
estupro, nem assalto, nem nada disso.
— Então o que aconteceu?
Suspirei.
— Conheci o Jeremy. Ele era o cara mais legal, mais
doce que eu já conheci. Alto, musculoso, o suficiente para
que eu não sentisse que o quebraria. Alguns caras, eles eram
apenas... não era sobre o tamanho, era que eu sabia que eu
era muito mais forte do que eles, e eles sabiam, e intimidava-
os, e me fazia sentir... — Eu procurei a palavra. — Eu não
sei. Como se eu fosse quebrá-los, se eu ficasse muito...
excitada, sabe?
Thresh assentiu com a cabeça.
P á g i n a | 198

— Eu sei muito bem, querida. Um cara do meu


tamanho, com aquelas pequenininhas? Não posso fazer isso.
Eu me sinto como se eu tivesse realmente em coisas, eu
apenas as quebraria como galhos.
— Exatamente. Jeremy não me deu esse sentimento, e
ele me fez sentir bonita. Eu comecei a aceitar e amar o meu
corpo desde então, mas naquela época, eu ainda lutava com
as coisas, às vezes. Ser mais alta e mais forte do que não
apenas as outras meninas, mas alguns caras também. Eu
sabia que tinha curvas, especialmente porque não levava a
aptidão tão a sério quanto agora, então havia ainda mais
curvas. Mas Jeremy me fez sentir como se ele genuinamente
apreciasse a forma como eu parecia. Ele era... Deus, ele era
tão quente. — Eu olhei para Thresh. — Desculpe, eu sei que
não deveria...
— Não se desculpe, Lola. Não me incomoda.
Eu respirei aliviada.
— É parte disso, a maneira como ele parecia. Porque
havia um elemento para mim como, Deus, eu realmente não
mereço este cara. Ele era popular. Todos na FSU o
conheciam, o amavam. Estrela quarterback, quatro pontos —
oh a média de notas, quente como pecado, e apenas
realmente parecia um grande cara. Não me pareceu arrogante
ou coisa parecida.
Thresh franziu o cenho.
— Você está falando sobre Jeremy Hofflinger, certo?
Eu balancei a cabeça.
— Sim, é ele.
— Kid tinha uma porra de um braço. Grande líder,
também.
Suspirei; descobri que Thresh sabia de quem eu estava
falando.
P á g i n a | 199

— Esse é o Jeremy. As pessoas gostavam dele, as


pessoas se reuniam com ele. Apenas... o seguiam. Ele tinha
uma equipe, todas essas pessoas que só queriam estar perto
dele, e quando ele mostrou interesse em mim, isso me
colocou no centro disso. Me fez sentir bem. Eu nunca fui
impopular, mas nunca fui parte da verdadeira multidão,
sabe? Ele foi incrível. Eu tinha amigos legais, e eles faziam
essas festas incríveis nos condomínios de Miami, ou em
iates... e só ficou melhor. Eu amava Jeremy, e ele me amava.
— Eu parei.
— Eu acho que é relevante salientar que eu não conheci
Jeremy até que eu estava no meu programa de pós-
graduação. Então eu não era uma ingênua de dezenove anos
de idade. Eu tinha vinte e quatro anos quando o conheci. Nós
namoramos por quatro meses antes de eu ter a coragem de
dizer que eu ainda era virgem. Ele foi ótimo sobre isso,
também. Não se divertiu comigo nem nada, e prometeu que
levaríamos as coisas devagar. E nós fizemos. Nós não fizemos
sexo por mais dois meses, e quando o fizemos, era — bem, a
primeira vez não era nada para escrever, mas eu podia dizer
que ele estava se atrasando, indo devagar e gentil para mim.
— As coisas ficaram... intensas, depois disso. Eu
realmente, realmente gostei. Tipo, um monte de merda. Eu
sempre senti isso... desejo, ou essa parte louca de mim, mas
até que eu fiz sexo com Jeremy, eu não sabia o que era, ou o
que isso significava. Era apenas esta... unidade, que eu
mantive uma espera. E então Jeremy, e eu... — Eu parei para
rir, porque olhando para trás, era um pouco engraçado. —
Ele ficou chocado com o que ele desencadeou, uma vez que
eu tive o meu primeiro gosto de sexo. Eu era imparável.
Insaciável. As coisas ficaram bastante intensas muito rápido.
Eu não conseguia o suficiente. Eu deixei Jeremy esfarrapado,
honestamente.
O olhar de Thresh era ilegível.
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— Pobre Jeremy — disse ele, com a voz seca.


— Sim, pobre Jeremy. — Eu tive que fazer uma pausa
para reunir coragem. — Nós namoramos pelos próximos
cinco anos. Durante todo o resto do meu programa de pós-
graduação e meu doutorado e em minha residência. Pensei
que fosse ele. Nós conversamos sobre casamento, até
conversamos sobre crianças, uma vez que eu terminei com
minha residência. — Eu tive que parar, sufocada, pensando
em todos esses planos, como eu estava animada por nossa
vida, o quanto eu o amei.
Thresh sentiu que isso estava ficando difícil, estendeu a
mão, me pegou em seu único braço bom. Eu agarrei seu
pescoço quando ele me ergueu facilmente e se acomodou em
sua cadeira comigo em seu colo. Deus, isso era muito certo.
Bom demais. Seu batimento cardíaco estava debaixo do meu
ouvido e seus braços estavam ao meu redor, e ele só fez tudo
bem, e isso me assustou.
— Quanto mais tempo estávamos juntos, melhor era a
nossa vida sexual. Experimentamos muito, tentamos um
monte de coisas. — Eu me enterrei contra ele. — Mais uma
vez, sinto muito por trazer essas coisas, mas é relevante.
Sua voz era algo que eu sentia mais do que ouvia, com
minha orelha contra seu peito assim.
— E, novamente, estou dizendo que não se preocupe
com isso. Eu não estou bem com você se machucar,
obviamente, mas eu não sou ameaçado pelo seu passado ou o
que quer que seja. Todos nós temos história, Lola. Não se
pode gostar de alguém e não aceitar o seu passado.
— Certo. Bom ponto. — Eu respirei profundamente,
deixei sair lentamente. — Então eu não vou picar palavras.
Jeremy... ele gostava de nos assistir. Ele colocou um espelho
no teto, que eu achava quente. Eu poderia olhar para cima, e
vê-lo, e eu, e... sim. Mas então ele queria nos gravar, e foi
estranho no começo, mas eu entrei nisso depois de um
P á g i n a | 201

tempo.
— Merda.
— Sentiu onde isso está indo, hein?
— Espero que não.
Eu deixei tudo isso passar por mim, deixei crescer e
explodir. Todas as feridas, a raiva, a confusão, o embaraço, a
traição. Deixei-me apenas... sentir.
— Ele iria assistir nossos vídeos. Como, muito. Ele iria
viajar, olhando para nós. Eu não podia entendê-lo
totalmente, mas eu estava bem com isso. Melhor que a
pornografia ou batota ou o que quer, certo? Ele estava saindo
por nós, por mim. Então eu estava bem com isso. Ele tinha
um estoque desses cartões de memória SD. Ele tinha uma
câmera montada em nosso quarto, e ele nos gravava, toda vez
que fazíamos sexo. E ele iria levá-la conosco se nós fossemos
a algum lugar, ou me convencer a ter relações sexuais com
ele fora, em algum lugar. Sempre nos gravando. Era
estranho, eu acho, mas um fetiche inofensivo, já que eu sabia
sobre isso e estava bem com isso. — Eu parei novamente,
respirando, sentindo. — Eu só disse isso uma vez, que ele
nunca poderia deixar ninguém ver esses vídeos. Quer dizer,
eu esperava que fosse óbvio, certo? Eu presumi que era.
— Ele mostrou alguém?
Eu acenei com a cabeça em seu peito.
— Pior. — Eu engoli em seco, tentei continuar
respirando. — Ele não apenas mostrou a um amigo ou algo
assim. Eu teria ficado chateada e provavelmente teria
terminado com ele, mas não teria... não teria me fodido do
jeito que ele realmente me fodeu. Merda, isso não faz sentido,
não é?
— Eu sei o que você está dizendo.
— Isso é realmente, muito difícil, e eu estou tentando
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não chorar, e...


— Sinta o que você sente, Lola. Não lute contra isso.
— Eu odeio chorar.
— Eu também. Só fiz isso uma vez, quando minha mãe
morreu. Mas eu não lutei então, porque ela valia a pena
chorar. — Ele correu suas mãos em círculos sobre minhas
costas. — Então me diga o que aconteceu, o que aquele
fodido fez, e se você quiser chorar, chore. Só tem eu aqui,
querida.
Eu balancei a cabeça.
— Ele fez um filme. Como, com Final Cut. Editado, e ele
colocou uma trilha sonora. Toda a nossa relação, desde a
primeira vez que ele gravou, que foi no primeiro ano depois
que nós fizemos sexo juntos, tudo até o fim. Tudo o que
fizemos. Eu estava... selvagem, Thresh. Eu nunca me segurei,
não tinha inibições. Eu queria tudo, fiz tudo com ele. E ele
gravou todas as coisas, e colocou em um filme, e enviou-o
para a Internet. Todos os sites pornográficos pegaram,
compartilharam.
— Filho da puta. — A voz de Thresh era terrivelmente
fria e dura. Viciosa. — Por quê? Por que ele faria isso?
Eu balancei a cabeça, encolhi os ombros.
— Eu não tenho ideia. Então ele se mudou. Apenas
desapareceu. Eu não sei por que ele faria isso. Foi tudo um
longo golpe? Algum maldito, fodido, jogo de longo prazo? Eu
não sei. Eu nunca recebi uma resposta. Eu não podia pagar
um advogado para tirá-lo e, honestamente, pelo que o
advogado disse, é como jogar Whack-a-Mole. Retire, e ele
volta. Uma vez que algo está lá fora na Internet, está lá para
ficar — é quase impossível obter algo removido
completamente.
— Ainda está lá?
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Eu assenti, as lágrimas agora estavam fluindo, a


garganta apertou.
— Sim. É chamado de ‘Lola Loves to Fuck’, e tem mais
de um milhão de visualizações, na última vez que verifiquei.
— Jesus, — disse Thresh, em voz baixa. — Eu aposto
que eu poderia pedir a Lear para escrever algum tipo de
programa. Um vírus ou algo para peneirar, rastrear e
derrubá-lo. Provavelmente poderia até mesmo fazê-lo infectar
o computador de qualquer um que acessasse.
Eu balancei a cabeça.
— Então ele o veria.
— Lear é um profissional. Ele não iria assistir.
— Não importa.
— Tem importância, — insistiu Thresh.
— Por quê? Não vai mudar nada. Eu ainda estou lá para
que todos possam ver. Não vai mudar nada. Retirá-lo não vai
me consertar. — Eu estava chorando duro agora. — Ele me
gravou me masturbando. Dando-lhe boquetes, levando-o por
trás, montando-o, fora... tudo. E os comentários, Deus, os
comentários. Os nomes que as pessoas me chamaram. As
coisas que os rapazes disseram que queriam fazer comigo. Eu
ainda sou reconhecida de vez em quando. ‘Ei, você é Lola, de
Lola Loves to Fuck’, e eles acham que Jeremy colocou esse
vídeo lá, e que eu sou uma estrela pornô ou uma prostituta
ou algo assim, e eles simplesmente assumem que eu sou
fácil. Aqueles momentos eram privados. E não era como se
fosse um estímulo do momento, ou um pequeno clipe de seu
telefone enviado por acidente. Ele trabalhou duro por um
tempo longo nesse vídeo. Ele até fez dissoluções e cortes, uma
introdução e uma trilha sonora. Ele fez isso de propósito. É
um vídeo de quarenta e cinco minutos. De mim, fazendo
sexo.
— Isso é... Jesus, Lola. — Ele passou os dedos pelo meu
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cabelo. — Isso é honestamente a coisa mais ferrada que eu já


ouvi.
— Sim. — Eu pensei que eu quebraria quando eu contei
esta história. Pensei em soluçar. Eu estava chorando, mas eu
não era uma confusão feia e chorosa como eu pensei que
seria. Claro, tudo o que eu estava fazendo era falar. — E é por
isso que eu não fiz sexo em três anos. Eu simplesmente não
podia. Eu parei de querer. Eu desliguei. Eu consegui um
lugar em uma clínica particular, meu sonho se tornou um
trabalho verdadeiro — e todos assistiram. Todos viram isso.
Isso é como eu descobri, na verdade, de um dos outros
médicos. Eu saí, peguei o trabalho na UTI, parei de falar com
todos os meus amigos, porque todos assistiram. Eu não podia
— eu mal conseguia falar com as pessoas depois disso.
Depois de um tempo, eu curei o máximo que pude, mas
nunca fiz novos amigos, e eu não conseguia nem pensar em
sexo. Porque eu só... — Eu nem sequer tinha palavras para
isso. Eu tentei, mas nada veio. — Eu simplesmente... não
podia.
— Droga, Lola. Não era de admirar que você parecesse
tão nervosa.
— Você... tem algo sobre você. Você me faz sentir
segura. Eu só... Eu não sei, eu só confio em você. Mas isso
me assusta, porque eu também confiava em Jeremy. Eu o
amava. Eu realmente o amei. Eu pensei que ele me amava
também. Então não era apenas o vídeo que estava lá, era a
traição, a perda de Jeremy, o fato de que ele fez tudo,
repentinamente, e então simplesmente desapareceu, puf, se
foi. Eu estava de coração partido em cima de um sentimento
traído. Eu confiava nele. Eu realmente confiava.
— Mas você... você é diferente. Jeremy ganhou minha
confiança com um relacionamento de cinco anos. Pode ter
havido sinais que eu perdi, eu não sei... — Eu inclinei minha
cabeça para olhar para Thresh. — Quero confiar em você. Eu
gosto de você. Você me assusta, mas eu também sei que
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estou segura com você. E nós temos química, Thresh.


Realmente. E eu... eu gosto disso. Você me faz sentir como a
velha eu. A Lola que não tinha inibições, que não tinha medo.
Quem era... corajosa, feroz, sexy. Você me faz querer
encontrar aquela garota de novo. Ser ela novamente.
Ele segurou meu rosto com sua mão enorme, dura,
áspera e gentil.
— Eu queria que fosse tão fácil quanto eu dizer que você
pode confiar em mim, mas eu sei que não é. Você pode, no
entanto, você sabe. O que esse malvado filho da puta fez, se
eu alguma vez puser minhas mãos sobre ele... — A ameaça
na reticência era suficiente para enviar um arrepio na minha
espinha.
E ele poderia encontrar Jeremy, e essa era a parte
realmente assustadora. As pessoas com quem ele trabalhava
podiam encontrar Jeremy em uma fração de segundo. Eu
tentei não pensar se eu queria isso ou não. Eu duvidava que
Jeremy sobreviveria à experiência, por uma coisa, e eu não
tinha certeza de que eu estaria tão chateada. O que ele fez,
era uma espécie de estupro, não era? Eu nunca, nunca
compararia o que eu passei com o que uma vítima de estupro
real atravessa, porque eles não eram de forma alguma o
mesmo, mas... ainda era uma violação.
— O que eu estou dizendo, Thresh, é que eu confio em
você. É apenas assustador. Uma parte de mim não quer
confiar em você. Mas eu confio.
— Eu nunca vou deixar que nada aconteça com você.
Eu balancei a cabeça.
— Você não pode dizer nunca, Thresh. — Eu olhei para
cima e encontrei seu olhar azul pálido. — Isso é parte da
minha mania, com você. Você não vai ficar em Miami. Você
vai seguir em frente. Isso é quem você é. Não espero nada
além disso.
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— Não ponha expectativas sobre mim, Lola. Você não


sabe o que é possível. Meu chefe, Harris, ele acabou de se
casar. Sua esposa está na equipe, até mesmo vai em alguns
trabalhos conosco. E antes dela? Ele era tão casado com o
trabalho e a vida de solteiro como qualquer um de nós. Tudo
é possível, ok? Isso é tudo o que estou dizendo. Só porque eu
nunca me acalmei, só porque eu salto ao redor o tempo todo
agora, não significa que é assim que sempre tem que ser.
Eu pisquei para ele.
— O que você está dizendo, Thresh?
Ele gemeu, enxugou o rosto com a mão.
— Eu não sei. Não sei, Lola. Só que... O que quer que
seja entre nós, não é casual para mim. Eu nunca tive nada
menos que casual, então eu, com certeza, não sei o que
parece ser sério, e eu não saberia o que estou fazendo, mas...
— Ele parou, pensou por alguns segundos. — Eu estou
dizendo que eu gostaria de pensar que há algo real entre nós.
É o que eles dizem, certo? Nos livros e filmes — que temos
algo real? Eu gostaria de tentar? Podemos descobrir algo.
— Thresh. — Eu me levantei, andei até a beira da
clareira, de frente para longe dele. — Eu não sei o que dizer.
— Eu também não.
— Parece que você está dizendo muita coisa.
— Sim, bem, não significa que eu sei do que estou
falando. Estou atirando de um quadril, aqui. Eu gosto de
você. Eu respeito você. Estou insensatamente atraído por
você. Eu me sinto como... com você, eu realmente poderia
ser... totalmente eu. O que você disse sobre sempre se
segurando? Foi assim que senti toda a minha vida, com todo
mundo com quem estive. Segurando. Não queria machucá-los
ou assustá-los. E toda a força que é tudo o que sou? As
garotas pensam que podem cavar, pensam que podem
segurá-lo, mas não podem. — Ele estava atrás de mim. — Eu
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sinto que você poderia. Você poderia me tratar, tudo de mim,


tudo que eu sou, e você não teria medo de mim.
Eu mal podia encontrar minha voz.
— Eu me sinto da mesma forma.
Sua mão deslizou em meu estômago, e ele me puxou
para trás, então eu estava nivelada contra a sua frente.
— Então por que não veríamos se... se pudesse haver
um nós? — Seus lábios tocaram minha orelha. — Porque
Lola, querida, eu acho que poderíamos ter algo incrível.
Eu não pude deixar de rir um pouco.
— Sinceramente, não tenho certeza se o mundo está
pronto para o que aconteceria se nos reuníssemos de
verdade. As temperaturas globais podem subir alguns graus.
— Poderíamos causar mudanças tectônicas, talvez.
Havia humor em sua voz, mas também calor.
Eu girei no lugar, e seu peito estava lá, seus batimentos
cardíacos trovejando contra minha bochecha. Sua mão estava
nas minhas costas, baixo, na base da minha espinha e
ousado, mais baixo. Apertei-me contra ele, amando muito
poderosamente a maneira como meus seios se sentiam
esmagados contra seu peito, a forma como sua mão se sentia
em meu corpo, deslizando dedos ousados sob a bainha da
minha camisa para encontrar a pele nua.
Eu amei.
E eu sabia que queria mais.
Eu queria ver tudo dele. Senti-lo acima de mim.
Tentei imaginar, sentir, o corpo maciço de Thresh acima
de mim, movendo-se, empurrando...
O pânico me agarrou.
Eu enterrei meu rosto contra seu peito e me concentrei
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em respirar, como meu terapeuta me ensinou.


— Lola? — Thresh, infelizmente, não perdeu minha
reação. — O que está errado?
Ele me puxou de volta para a cadeira, sentou-se e me
puxou para o seu colo, aconchegou-me contra ele, e porra,
porra, porra — eu me sentia como se estivesse em casa, e
isso assustou o amor excessivo fora de mim.
— Eu peguei este cara em um bar, como três meses
depois que Jeremy carregou o vídeo. O cara — eu nem me
lembro do nome dele — ele não tinha ideia, eu tinha certeza.
Nós dois estávamos meio bêbados, mas suficientemente
sóbrios para eu saber o que eu estava fazendo. Deixei-o levar-
me para casa, para a sua casa. Nós fizemos, e eu estava bem.
Ele começou a tatear, eu estava bem. Foi bom. Ele era bom
com as mãos, eu me lembro disso. Beijava decente, também.
Ele tirou-me a camisa, até me irritou com os dedos. Então
ficou sério, e as roupas dele saíram, assim como as minhas, e
ele pegou um preservativo e... — Eu respirei fundo, deixei
escapar lentamente pela minha boca. — Isso foi o mais longe
que conseguimos. Eu assustei. Como, fusão total. Isso me
atingiu fora da porra do nada. Eu não conseguia respirar,
não conseguia me mexer, não conseguia pensar. Era... era
tão estranho e terrível. Senti-me como se as pessoas
estivessem me observando. Como se houvesse uma câmera
ao vivo transmitindo toda a coisa. Eu sabia, intelectualmente,
que não era verdade. Mas saber algo mentalmente não ajuda
quando você está censurando a porra. O pobre rapaz, ele não
tinha ideia do que fazer. Ele pensou que era ele, e não era,
realmente não era. Assim que ele percebeu que eu estava
tendo um problema, ele parou e estava tentando ajudar, mas
eu só — eu mal consegui chegar em casa. O cara era tão
legal, me colocou na minha roupa e me pegou um táxi,
realmente foi comigo de volta para casa e se assegurou de
que eu chegasse lá bem. Eu gostaria de poder agradecer
àquele cara, porque ele era um verdadeiro cavalheiro. Nunca
P á g i n a | 209

disse nada negativo. Há pessoas boas lá fora. Eu sei disso.


Mas o segundo que ele estava em cima de mim, eu só — eu
assustei. Eu realmente não consegui um controle sobre mim
mesma até vinte e quatro horas mais tarde. Eu tive que ligar
para o trabalho e ser um bebê todo o dia seguinte.
— Jesus. Não admira que tenha deixado de fazer sexo.
Eu balancei a cabeça.
— Sim. Eu não parei de querer, embora. Como, sozinha,
eu sentiria os pensamentos, o desejo, a necessidade e a
frustração. Então eu tentava cuidar das coisas sozinha, e eu,
de novo, mesmo sozinha, no meu próprio apartamento,
tocando-me, senti que alguém estava me observando. Como
se eu não estivesse sozinha. Como se Jeremy saísse de algum
lugar com aquela maldita câmera. Eu simplesmente não
podia. Tentei tantas vezes, e fiquei tão zangada, tão frustrada,
porque sabia que não havia razão para isso, ninguém estava
lá, ninguém estava assistindo, mas eu não conseguia abalar a
sensação. Eu até tentei sexo novamente. Desta vez com este
garoto quente fazendo sua residência. Super sexy, super
doce, tinha uma queda séria por mim. Eu deixei ele me levar
para sair. Mais de uma vez, porque não era um pouco
aleatório no bar — o que, por sinal, eu nunca fiz, antes desse
cara ou desde então. Então eu deixei Mike, o médico quente,
me levar algumas vezes para sair, levei-o para a minha casa,
e novamente, através das preliminares eu estava bem. Talvez
porque Jeremy não costumava gravar essa parte? Eu não sei.
Beijos e quando ele caía em mim, às vezes. Nem sempre. Mas
raramente preliminares, geralmente apenas o sexo real. Mike
e eu estávamos quentes e pesados, e foi ótimo. Ele era super
sexy e tão doce e tinha essas mãos de cirurgião super
talentoso. Ele estava planejando ser cirurgião, uma vez que
tivesse terminado sua residência, então ele tinha essas
mãos... — Eu parei meu monólogo. — Não é demais, não é?
— Está tudo bem. — A expressão e as palavras de
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Thresh não flutuaram.


Eu fiz uma careta para ele.
— Thresh.
Ele bufou.
— Ficando um pouco detalhado, talvez, mas conte sua
história à sua maneira e não se preocupe comigo. É tudo
passado, não é?
Eu balancei a cabeça.
— Sim. É tudo passado. De qualquer maneira, Mike e eu
passamos das preliminares muito bem. E quando chegou a
hora de começar a trabalhar de verdade, eu me assegurei de
estar no topo. Eu amo assim, ou eu costumava. Eu pensei
que talvez se eu estivesse em mais controle, eu... talvez eu
não entrasse em pânico.
Thresh fez um som estridente.
— Nenhum dado?
Eu balancei a cabeça.
— Sem dados. — Eu odiava a memória do rosto de Mike
quando eu o assustei, rolei fora dele, amontoada no canto do
meu quarto hiperventilando. Ele assumiu o que alguém
assumiria logicamente, nessa situação. — Pobre Mike. Ele era
tão sem noção.
— Aposto que fez o trabalho estranho.
Eu ri.
— Sim, só um pouco. — Eu tentei classificar através do
turbilhão de meus pensamentos e sentimentos. — Às vezes
me pergunto se talvez parte do problema com o primeiro cara
e com Mike foi que eu não estava realmente investida, você
sabe? Como, quando Jeremy e eu tivemos relações sexuais,
eu já estava muito apaixonada por ele. Isso... significou algo
para mim, sabe? Talvez você não entenda. Eu não digo isso
P á g i n a | 211

para insultar você, eu juro, mas se tudo o que você já teve é


sexo casual, pode ser difícil para você entender como o sexo
casual é diferente de quando isso significa alguma coisa.
Então eu só me pergunto se eu estivesse emocionalmente
investida, se poderia ser mais fácil. Se eu pudesse trabalhar
com isso. Acho que ainda entraria em pânico, mas eu poderia
ser capaz de trabalhar com isso.
— Eu entendo o que você quer dizer. — Sua voz era
tranquila, tão suave e gentil como eu já ouvi. — Houve
alguém, uma vez. Depois que eu terminei o básico, eu tinha
como dez dias ou mais de tempo de licença antes de eu ter
que informar ao Camp Lejeune para SOI. Eu não tinha para
onde ir, ninguém para visitar, nada para fazer. Então eu só
meio que chutei em Charleston sozinho. Enganchado com
essa garota que eu conheci, Deus, eu nem me lembro como.
Bar? Praia? Realmente não importa. Ela era uma garota legal.
Muito divertida para conversar, fácil de estar ao redor. Marie.
Foram apenas dez dias, mas parecia uma vida inteira. Eu a
conheci no primeiro dia em que eu bati em Charleston, e
nunca nos separamos por essa semana e meia. Eu lhe disse
imediatamente que eu tinha que retornar e quando, então ela
sabia. Fez tudo mais intenso. Estávamos juntos a cada
segundo, e era... incrível. Nós nunca falamos de emoções,
porque nós dois sabíamos que tinha uma data de validade,
mas elas estavam lá. Eu nunca fui bom com emoções, então
isso meio que assustou-me, e eu iria esconder isso dela, você
sabe? Cobrir o que eu estava sentindo por dentro, sentindo-
me bem lá fora, para poder afastá-la um pouco mais. Ela
estava fazendo a mesma coisa, eu acho. — Ele ficou calado
por um momento. — Eu sempre pensei, no fundo, quando me
sinto introspectivo — geralmente depois de uma conversa
fechada, como quando algo acontece em um trabalho que me
faz lembrar de minha própria mortalidade — eu penso em
Marie e que talvez eu pudesse ter caído de amor por ela. Ou
que talvez eu tenha feito, um pouco. O ponto é que o sexo
com Marie significava algo. Não era apenas uma merda
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casual. Nós não usávamos palavras para dizer tanto, mas nós
dois sabíamos, você sabe?
Eu balancei a cabeça.
— Então você sabe o que quero dizer.
— Claro, para caralho.
Eu torci para olhar para ele.
— Você acha... você acha que faria alguma diferença
para nós? Para ser investido?
Ele soltou um longo e lento suspiro, e não respondeu
imediatamente. Eu gostava de Thresh, como ele sempre
considerava suas palavras antes de responder.
— Talvez. Se a pessoa com quem você está compreende
de onde você está vindo e o que esperar, eu acho que pode
definitivamente fazer a diferença, porque ela poderia ouvir e
fazer o que você precisa para ajudá-lo através disso.
Esfreguei minha palma contra seu peito.
— Você sabe exatamente o que eu estou dizendo, então
pare de picar as palavras.
— Estou tentando não assumir nada.
— O que é doce de você, mas eu penso que nós já
passamos disso.
— Mal nos conhecemos, há três dias? Quatro?
Eu inclinei minha cabeça para olhar para ele.
— Onde você quer chegar? Parece-me que você está
trabalhando contra si mesmo, aqui, amigo.
— Apenas jogando de advogado do diabo. Por sua causa.
Você estaria emocionalmente investida, se você e eu
tivéssemos relações sexuais?
Eu mantive meus olhos nos dele, mas meu olhar se
P á g i n a | 213

transformou em algo mais — algo mais quente, algo mais


escuro, algo intenso.
— Você estaria?
— Claro, que diabos, doutora. — Ele tocou meu queixo
com a ponta de um dedo. — Se eu não estivesse investido, eu
não teria ido atrás de você. Não teria tirado aqueles caras.
Não estaria aqui fora, com a bunda sentada em nenhuma
parte, sendo comido vivo por fodidos mosquitos. Sim, Lola,
estou investido. Não sei onde isso deveria ir, ou como eu
deveria lidar com isso ou qualquer coisa, mas merda, sim,
estou investido.
— Mesmo que, como você disse, só forem alguns dias?
— Não pretendo saber muito sobre essa merda, Lola.
Mas eu não acho que nós realmente escolhemos a quem
nossas emoções se prendem ou o quão rápido.
— A quem nosso coração se aferra, você quer dizer.
— Sim. Isso. Por razões que eu realmente não entendo,
você significa algo para mim. O pensamento de qualquer
coisa acontecendo com você me faz ver vermelho. Me faz
sentir todo em pânico, e doutora, eu não tenho pânico. Na
minha linha de trabalho, o pânico faz você morrer.
— Mas você tem esses sentimentos todos trabalhados
dentro de mim, e foda se eu sei o que fazer com eles. Eu nem
sequer sabia o que isso significava, mas seu pai mostrou-me,
muito útil que, nas suas palavras, rima com calor e que
tenho medo disso.
— Você está?
— O quê?
— Assustado.
Ele assentiu lentamente.
— Sim senhora. Tenho certeza de que sim. Porque eu
P á g i n a | 214

não tenho nenhuma, desta vez. A última vez que senti algo
tão forte por uma mulher, eu era um garoto apenas um
punhado de anos fora da minha adolescência, e eu tive um
fora, algo que eu não poderia e não iria sair. Eu não tinha
escolha a não ser andar.
Ele enterrou os dedos no meu cabelo.
— Baby, eu não sou mais jovem. Eu não sou velho, não
por um longo tempo, mas eu não sou um jovenzinho
qualquer. O que torna a potência disso ainda mais
assustadora. Porque, sim, nós acabamos de nos conhecer, e
como posso sentir isso por alguém que eu mal conheço? Mas
eu a conheço, não é? Quer dizer, há uma vida inteira de
merda para aprender um com o outro, mas acho que você
pode conhecer uma pessoa, o material importante, muito
rapidamente.
— Então você está indo para isso com os olhos bem
abertos?
— Muito mesmo. Não menos assustador, mas sim.
— E se começarmos a ter relações sexuais, e eu pirar...
— Eu pararia se você precisasse parar, eu a abraçaria se
você precisasse ficar abraçada. Eu não deixaria você correr, e
quando você estivesse pronta para tentar de novo,
começaríamos devagar, e conseguiria você calma, se fosse
isso que você queria.
— E se eu dissesse que eu queria manter as coisas no
nível que estavam esta tarde? — Eu não, mas eu queria saber
o que ele diria.
— Eu não tenho certeza que eu comprei, mas se é isso
que você quer, eu iria encontrar uma maneira de segurar.
— Isso significaria um monte de boquetes.
Ele sorriu e balançou a cabeça.
— Baby, não se engane, aqui. Você está oficialmente
P á g i n a | 215

convidada a me dar o maior número de boquetes que você


quiser. Quanto mais melhor. Eu nunca vou me cansar do
jeito que você me fez sentir mais cedo.
— Eu sinto um ‘mas’ vindo, — eu disse.
— Mas um boquete não é substituto para as coisas que
eu quero fazer com você. Do jeito que eu quero lhe sentir.
Você me diz: 'Thresh, tudo o que eu quero fazer agora é lhe
chupar', eu vou sentar e deixar você me levar, e quando você
terminar, eu vou me ajoelhar entre suas carnes de caramelo e
fazer você gritar mil vezes. Mas nunca será o mesmo que
como eu posso apenas imaginar que sentirei afundando
dentro de você, para senti-la envolver suas pernas em torno
de minha cintura e gritar meu nome enquanto você goza em
meus braços. — Ele sussurrou em minha orelha, então,
sussurrou um segredo quente e sujo. — Eu quero lhe dobrar
e foder por trás, sentir aquele maldito traseiro fenomenal
bater em mim. Quero você de quatro, tomando-me como os
animais que somos. Eu quero que você monte em mim e eu
quero fazer amor com você doce, lento e gentil, e eu quero
foder você áspero e duro.
— Oh... — Bem, porra... soava incrível.
Isso soou como o meu tipo de céu, a verdade seja dita.
— E querida, nenhuma quantidade de boquete nunca
chegará perto de como isso vai me fazer sentir. — Ele inclinou
meu rosto para o dele, e suas palavras seguintes foram
murmuradas contra os meus lábios, foi o que me empurrou
para passar por quaisquer possíveis objeções. — Porque Lola,
conectando-me com você, dando-lhe uma parte de mim, que
eu não tinha certeza de sequer existir, muito menos que
nunca dei a qualquer outra... isso, querida, vai significar
alguma coisa.
Eu acariciei a sua bochecha áspera de barba.
— Então me beije como se isso significasse algo...
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Quando sua boca baixou para a minha, eu sussurrei a


mais profunda verdade.
— E desta vez, Thresh... não pare.
P á g i n a | 217

Capítulo 11

Não combatendo-o mais


Quando ela disse isso, eu estava pronto. Coloque um
garfo em mim, pronto. Merda, eu estava pronto muito antes
disso. Não sei exatamente quando, mas em algum momento
eu vim a perceber que eu não estava saindo desta situação
com Lola Reed com o meu coração intacto.
Então, ela disse:
— E desta vez, Thresh... não pare.
No momento em que minha boca encontrou a dela, eu
sabia que não podia parar. Não. Não tinha capacidade para
isso.
No entanto, apesar de todas as suas forças físicas e
emocionais, ela ainda era frágil. Ela estava me dando algo
especial, confiando em mim. Eu tinha que honrar isso. Eu
nunca fiz isso com uma virgem, mas eu sentia que era assim
— na mesma esfera. Se eu estragasse tudo, empurrando-a
muito rápido ou muito forte, dissesse ou fizesse a coisa
errada... Eu senti como se tivesse a capacidade de destruí-la
além de todos os reparos. Senti o peso dessa
responsabilidade, e era um belo e precioso fardo. Ela tinha
um núcleo de aço, a força que a ajudou a ir quando sua mãe
estava morrendo e seu pai estava muito ferrado para estar lá,
a força que a empurrou para passar pelo insano e ferrado
desastre que seu ex cretino a colocou.
P á g i n a | 218

Deus, o bastardo fez isso com ela... Eu poderia esfolar o


filho da puta. Se eu tivesse minhas mãos sobre ele, eu o faria,
provavelmente.
Eu sabia, de fato, certo como eu estava respirando, eu ia
soltar os meninos sobre ele. Lear iria hackeá-lo e, Anselm o
localizaria, e eu... bem, honestamente, os caras me
conheciam bem o suficiente para que eles nunca me
deixassem perto dele. Esse pequeno pedaço de merda
pagaria, tão certo como o sol nasce no leste e se põe no oeste;
isso era tudo que importava.
A fúria que sentia me dizia tudo o que eu precisava
saber, quando se tratava de Lola.
Um pequeno segredo sobre ser soldado: ficamos
entediados a porra de um muito. Então eu li uma merda de
livros, e o fato de eu ser o primeiro homem na minha unidade
a conseguir um e-reader significava que ninguém mais sabia
sobre o que eu lia. Descobri uma espécie de por acidente, era
segredo, quase ilícito, quente, que vem com aqueles livros
femininos eróticos. Eu nunca iria admitir, mesmo sob
tortura, mas eu costumava ler muito dessa merda. Longas
semanas e meses cercados por caras, sim, fica um pouco
solitário. Claro que eu tinha revistas, mas eu gosto de
variedade. E porque eu gostava de ler, parecia natural que eu
tivesse lido a merda fumegante para me ajudar a aliviar a dor
em minhas pobres bolas negligenciadas.
O ponto aqui é que eu li sobre isso, sobre o que eu
estava sentindo: macho alfa cai pela menina, fica com medo
de seus próprios sentimentos, que ele sempre achou como
sendo para bichas e fracos, e quando ele finalmente admite
que ele está caído por uma garota, começa a ficar todo
protetor, cheio de energia e merda.
Sim, isso era eu:
Grande, rasgado, macho alfa? Confirma.
Combati meus sentimentos até que foi inútil fingir mais?
P á g i n a | 219

Confirma.
Super protetor, e pronto para enfrentar Satã com uma
faca de bife se minha menina for ameaçada? Confirma.
Espere, minha menina? Viu? Fodido.
Eu estava em apuros. Um grande problema.
— E desta vez, Thresh... não pare.
Tão fodido. E eu nem estava lutando mais. Eu ia correr
com isso até onde fosse, porque uma vez que eu me
comprometo com algo, eu sou tudo, venha inferno ou água
alta, com cada partícula do meu ser.
Sua palma estava em minha bochecha, sua outra mão
estava deslizando sob minha camisa polo para acariciar meu
peito, suas grandes mamas exuberantes foram empurradas
para fora, rebentando fora de seu sutiã, em exibição bonita
apenas para mim, e sua bunda estava em minhas coxas, e…
Porra. Eu não poderia beijá-la rápido o suficiente, forte o
suficiente, completamente o suficiente. Eu queria esmagar
minha boca contra a dela e esmagá-la com meu beijo. Mas eu
não fiz. Eu senti como se ela pudesse até querer isso, um
duro e brutal beijo fodido, mas seria um rodeio para nós dois.
Duro e rápido iria nos empurrar muito rápido, passando as
emoções difíceis e intensas envolvidas em tudo isso.
Tínhamos de ir devagar. Deixar-nos realmente
experimentar tudo, momento a momento.
Então, em vez de bater meus lábios nos dela e devorar
sua boca como uma besta esfomeada, eu segurei minha mão
em seus cabelos, juntei um punhado de seus longos e
grossos cabelos pretos, retorcidos até meu aperto naquela
massa negra inacreditavelmente longa e reluzente era firme e
inquebrável, e eu puxei seu rosto mais perto do meu,
inclinando-me sobre ela, então ela estava olhando para mim,
envolvendo-a com meu corpo. Afogando o mundo,
bloqueando tudo, segurando-a comigo.
P á g i n a | 220

Eu a beijei lentamente, deslizando meus lábios


cautelosamente sobre os dela, provocando no início,
esquivando-me quando ela tentou fechar em muito duro e
rápido. Suavemente, ternamente, eu a beijei, apenas lábios a
princípio. Eu a beijei como se eu nunca tivesse beijado
ninguém, deixando meu coração levar. Normalmente meu
pau estava no controle do beijo, mas ela merecia mais do que
isso. Eu a estava beijando — e naquele momento eu estava
beijando-a apenas por causa do beijo, não precisando de
mais nada, não querendo nada mais, delirando apenas para
beijar seus lábios macios, doces, úmidos, quentes e nunca
parar.
Deus, era como afogar-me e ganhar vida ao mesmo
tempo. Sua respiração misturando-se com a minha, seus
lábios deslizando sobre os meus, lutando por vantagem e
domínio, o beijo descendo em fome frenética, sua língua
encontrando a minha primeiro, procurando minha boca,
cortando e entrelaçando com a minha. As duas mãos estavam
em meu rosto agora, me segurando no lugar para que eu não
pudesse escapar desse beijo, como se eu pudesse, como se eu
devesse, como se eu quisesse.
E eu não queria.
Eu queria que o beijo durasse para sempre; eu queria
viver neste beijo, porque sentia como se estivesse finalmente,
pela primeira vez, descobrindo o que um beijo realmente
deveria ser, o que poderia ser. Toda outra vez que eu beijei
qualquer outra pessoa era uma sombra, um precursor, uma
pálida imitação disso.
Lola se afastou do beijo primeiro, mas ela o fez com um
gemido perdido, os lábios entreabertos, grandes olhos
castanhos claros, apaixonados e frenéticos.
— Thresh... — Sua voz quebrou.
Ela estava sentindo a intensidade disso, sentindo, como
eu era, que ela nunca seria a mesma, porque aquele beijo
P á g i n a | 221

tinha...
Bem, significou alguma coisa.
Eu não sou bom com palavras, nunca fui, nunca serei.
Mas sou bom em coisas físicas. Como mostrar a ela que
eu tinha problemas em formular palavras. Eu tirei a tipoia de
lado, rocei sua bochecha com aqueles dedos, esfreguei meu
polegar sobre seus lábios inchados de beijo. Deixei-me sentir
tudo, porque eu sabia que brilharia através dos meus olhos.
Ela viu. Oh, ela viu. Nenhum erro lá.
— Mais, — ela disse, enrolando sua mão em volta da
minha cabeça, puxando-me de volta para sua boca.
Mais, de fato. Perdi a noção do tempo, beijando-a ali
junto ao fogo. Segurando-a, vagando seu corpo com minhas
mãos, não me importando com o ocasional chute de dor se eu
empurrava ou movia meu braço ferido de modo errado. Não
importava. Tocá-la era tudo o que importava. Sentir sua pele,
suas curvas.
Eu deixei que ela ditasse o ritmo, porém, deixei-a decidir
o que vinha a seguir.
Ela começou a puxar a minha camisa, e então guiou
minha mão ao redor dela para o fecho de seu sutiã. Fiz as
honras com extremo prazer, apertando e soltando os fechos,
puxando a roupa de baixo e jogando-a de volta na habitação
— o fale. E então, meu deus, a luz prateada da noite banhou
sua pele e fundiu-se com o brilho alaranjado do fogo, seus
belos seios maravilhosos empurraram para mim, implorando
por meu toque, meu beijo, sua pele escura brilhando. Ela
suspirou contra meus lábios, um suspiro que era igual a um
gemido, e Deus, esse som, me matou. Apenas me rasgou, me
deixou louco. Era um som pequeno, frágil e necessitado.
Apenas uma respiração, um suspiro, um sussurro de som
além de seus acordes vocais. E isso me deixou absolutamente
louco.
P á g i n a | 222

Coloquei-a para trás sobre meus joelhos, suas pernas


penduradas ao lado da cadeira, sua cabeça embalada em
meu braço bom, o dedo indicador e polegar de minha mão
enrolados em seus mamilos, minha boca descendo para
devorar a carne macia e suave de sua garganta exposta,
beijando aquela elegante coluna para sua clavícula, para seu
esterno, cada beijo de meus lábios provocando um ofego dela.
Finalmente, porra, finalmente eu tive meus lábios em volta de
seus mamilos novamente, lambendo e chupando a pele
incrivelmente sedosa de seus seios, levando seus mamilos
duros e escuros na minha boca e amamentando um e depois
o outro para frente e para trás, e para frente e para trás, até
que estivessem tensos e eretos, e depois balançando cada um
deles por sua vez com a minha língua. Ela se contorceu no
meu colo, arqueando a coluna para cima, curvando-se,
empurrando seus seios contra o meu rosto.
— Deus, eu poderia gozar apenas com o jeito que sinto
sua boca em meus peitos, Thresh.
Eu tinha algo mais em mente. Eu a ajudei a sentar-se.
— Braços em volta do meu pescoço, querida, e segure-
se. — Ela agarrou meu pescoço, enterrando seu nariz em
minha garganta e inalando, estremecendo. Eu me levantei
com ela, enganchei meu braço bom sob ela, conseguindo um
bom aperto em sua bunda.
— Você está me segurando com um braço?
Eu me curvei, erguendo-a mais alto.
— Você é leve como uma pena, querida.
Ela riu e enterrou o nariz no meu pescoço novamente.
— Mostre.
Eu coloquei meu próprio nariz em seu cabelo, inalando
seu perfume.
— Sim, eu vou me exibir. Se este não é o momento de
P á g i n a | 223

mostrar o que posso fazer, não sei quando é.


Eu andei em torno da cadeira, trouxe-a para a beira do
fale, coloquei-a na plataforma. E você não sabia,
considerando quão alto eu era, a altura de três pés da
plataforma levantada — um elemento estilístico do design de
moradia Seminole — coloquei-a perfeitamente em posição
para todos os tipos de coisas bonitas e sujas.
Ela chutou as pernas e olhou para mim, com um sorriso
nervoso em seus lábios.
— Mostre-me todos os seus truques, Thresh.
Eu arrastei minha palma sobre seus seios, e então
coloquei na sua cintura.
— Eu pretendo, Lola. Cada um deles.
Ela mordeu o lábio, franzindo as sobrancelhas enquanto
enganchava meus dedos no cós de suas calças de ioga.
— Aposto que você sabe um monte de truques.
— Alguns, sim. — Deslizei um lado do algodão elástico
abaixo no seu quadril, então o outro lado, usando minha
única mão boa. Um lado, depois o outro, até que as calças
estavam em seus tornozelos, e então eu os puxei-a para fora e
joguei-a sobre seu ombro no fale junto com seu sutiã e minha
tipoia. — Você teve um de meus truques mais cedo, uma
demonstração de minha destreza manual e facilidade com o
orgasmo feminino.
— Eu recompensei você por esse esforço, — ela respirou,
e de repente nós estávamos jogando um pequeno jogo. Boa
ideia, faça isso ser divertido, mantenha sua mente fora dos
nervos. — Qual é a próxima demonstração?
— Habilidades orais. — Eu coloquei a mão na parte de
trás de seu pescoço, beijei sua boca, e desta vez eu não me
segurei, desta vez eu dei-lhe a boca cheia, lambendo-a e
esfregando seus lábios com os meus, implacavelmente, até
P á g i n a | 224

que ela estivesse ofegando em minha boca e caindo contra


mim.
— Jesus, Thresh. Onde diabos você aprendeu a beijar
assim?
Eu dei de ombros.
— Não sei. Você só... tira isso de mim.
— Bem, está trazendo algo de mim, — ela murmurou, e
então não pôde falar porque ela estava ofegante novamente
quando eu a coloquei de volta na plataforma e me inclinei
sobre ela, tomando seu peito na minha boca, então o outro,
dando a seus seios a mesma atenção que eu dei a sua boca.
— Bom, — eu disse, em volta de um bocado de seio
samoano exuberante. — Bota tudo para fora.
— Eu planejo. Do jeito que você usa essa boca, eu acho
que não tenho escolha.
Eu beijei para baixo, então, e senti meu coração pulsar
mais rápido, porque embora eu tivesse meus dedos em sua
vagina, eu não a vi ainda, não obtive realmente a experiência
completa da mesma, e eu estava tão sordidamente animado
para vê-la nua para mim, sentir seu corpo nu, colocar minha
boca nela... eu me sentia como um adolescente, eu estava tão
tonto.
Felizmente eu não perdi o meu autocontrole adulto ou
resistência, porque como um adolescente eu realmente não
tinha muito de qualquer um. Agora, porém, eu tinha os dois e
muito. Os homens podem e devem fazer Kegels 1, deixe-me
dizer-lhe. Opera maravilhas para se segurar. Isso além de
contar ovelhas? Eu poderia segurar quase à vontade, até que

1 Exercícios Kegel - é o nome de um determinado tipo de exercício físico que foi criado por
Arnold Kegel, na década de 1940, e que tem como finalidade fortalecer o músculo pubococcígeo.
Os homens também podem usar os exercícios de Kegel para fortalecer o músculo pubococcígeo,
que poderá permitir que cheguem ao orgasmo sem ejaculação e até obter vários clímax durante
a atividade sexual. Nos homens, este exercício eleva os testículos, e também reforça o músculo
cremáster e o esfíncter anal. Enquanto as mulheres podem potencializar o exercício oferecendo
resistência isométrica à contração, por exemplo, comprimindo um objeto como uma esponja ou
mesmo o pênis do parceiro, não se conhece nenhum exercício funcional para aumentar a
resistência aos exercícios de Kegel no caso masculino. Alguns acreditam que
colocando uma toalha sobre o pênis ereto e elevando-a pode ser uma maneira
de potencializar o exercício.
P á g i n a | 225

eu estivesse pronto para soltar. Embora eu nunca tenha


estado com alguém como Lola, uma mulher que me excitava
tanto, me deixava tão duro sem me tocar. Então eu poderia
não estar tão no controle como eu normalmente estaria.
Ela estava usando uma tanga. Azul como o mar do
Caribe, nada além de uma faixa de renda de uma polegada de
largura em torno de seus quadris e um triângulo minúsculo
sobre sua vagina, e mesmo assim, a renda mal disfarçava o
seu sexo, mostrou-o em lampejos e sugestões tentadoras. Eu
já estava duro como a porra de uma pedra, mas quando vi
isso, a levantei de volta, a deixei deitada na plataforma, as
mamas se elevando e balançando para cada lado, os quadris
largos, em forma de sino, perfeitos, e essas coxas, meu Deus,
essas coxas, musculosas, grossas e macias, moldando sua
boceta em uma cunha apertada...
Eu imediatamente comecei a doer. Fui tão duro que me
dobrei ao meio enquanto o topo do meu pau endireitava o teto
da minha cintura.
— Foda-se, Lola, — eu rosnei.
Ela levantou a cabeça e olhou para mim, perplexa pelo
fato de eu ter parado de tocar, e pelo tom em minha voz.
— O que há de errado, Thresh?
— Errado? Nada está errado, querida. — Eu deslizei
ambas as mãos acima de suas canelas para suas coxas. —
Tudo é perfeito. Você é perfeita. Juro por Deus que nunca vi
uma mulher mais perfeita em toda a minha vida.
Ela fechou os olhos e deixou a cabeça bater para baixo
na plataforma de madeira.
— Oh pare.
Eu rosnei.
— Estou falando sério. Você é tão sexy que eu nem
consigo lidar com isso.
P á g i n a | 226

Ela se levantou para descansar em seus cotovelos. Seus


cabelos emolduraram seu rosto e parcialmente obscureceram
seus seios, e sua expressão era... Eu não tinha certeza. Tão
feliz, tão grata ela estava perto de lágrimas? Vamos com isso.
— Obrigada, Thresh.
— Não, Lola, eu agradeço a você. — Eu corri minhas
mãos de suas coxas até a cintura, enganchei meus dedos na
cinta de renda em torno de seus quadris. — Obrigado por
confiar em mim. Obrigado por me dar este presente.
Ela franziu a testa, intrigada.
— Que presente?
Eu retirei aquela ridiculamente, incrivelmente erótica
tanga para baixo, e ela levantou a sua bunda para deixar-me
removê-la; eu joguei-a em nossa crescente pilha de roupas.
Eu me ajoelhei, e agora ela estava em perfeita altura-rosto.
Encontrei seu olhar, deixando minhas mãos em suas
coxas, então a segurei, sacudindo suavemente.
— Este. Você. — Eu puxei minhas mãos separadamente,
e ela lentamente, relutantemente me deixou abrir suas coxas.
— Você é o presente, Lola. Eu a despi, agora me deixe
degustar você.
— Estou um pouco assustada, Thresh. — Sua voz era
pequena.
Eu mantive meus olhos nos dela.
— Me veja. Olhe para mim. Não feche os olhos.
— Vou tentar.
Coloquei os lábios no interior do joelho, depois no outro.
Banhei de beijos o interior de suas coxas, um lado e outro,
empurrando suas pernas mais afastadas com cada beijo,
conforme eu ia. De vez em quando eu olhava para ela,
certificando-me de que ela estava olhando para mim. E ela
P á g i n a | 227

olhou o tempo todo. Os olhos arregalados, as sobrancelhas


arqueadas, o lábio inferior preso entre os dentes. Quanto
mais me aproximava da sua vagina, mais ela respirava; pelo
tempo que minha respiração estava sobre sua boceta, ela
estava quase hiperventilando.
— Continue respirando, querida. Respirações lentas,
dentro e fora. E se você quiser que eu pare, tudo que você
tem a fazer é dizer isso. Vou parar imediatamente.
— Estou totalmente em pânico agora, mas não se atreva
a parar. Entretanto, posso estrangulá-lo com minhas coxas.
Eu me movi um pouco mais para ela, cutucando suas
coxas mais afastadas, empurrando seus pés mais perto de
suas nádegas, e agora ela estava estendida para mim, aberta
para mim. E Deus, que vagina linda. Apertada, um fino e
aparado tufo de cabelos negros encaracolados... Deus. Eu
queria isso. Eu precisava prová-la. Olhei de volta para Lola.
— Continue, Thresh. Apenas... vá devagar.
Acabei de tocá-la no começo. Um dedo, meu dedo
indicador, arrastando do topo de sua vagina para baixo. Ela
estremeceu enquanto eu rastreava sua abertura,
emplumando meu toque sobre os lábios firmes e suaves. Eu
gentilmente apertei o belo e pequeno botão duro de seu
proeminente clitóris e ela ofegou, e então eu rodeei minha
ponta do dedo contra ela, apenas tocando, e sua cabeça caiu
de volta em seu pescoço, choramingando.
— Olhe para mim, Lola, — eu comandei. — Veja como
ponho o dedo em sua boceta.
Ela levantou um pouco mais, observando enquanto eu
corria o dedo em volta do clitóris.
— Isso é muito bom, oh Deus...
Eu movi meu dedo para baixo, para a entrada de seu
canal, e deslizei meu dedo em seu calor úmido e apertado.
Arrastei sua umidade para fora dela e manchei-a contra seu
P á g i n a | 228

clitóris.
— Você está molhada para mim, Lola. — Eu deslizei dois
dedos dentro, em seguida, tirei-os fora dela e mostrei-lhe
meus dedos lisos e brilhantes. — Veja como você está
molhada?
— É você, a maneira que você me toca. Você me deixa
tão molhada. Você me faz doer.
— Você está doendo? — Eu perguntei, deslizando meus
dedos para dentro, puxando-os para fora e depois
empurrando para dentro, então indo para seu clitóris
novamente, fazendo círculos lentos em torno do centro
nervoso agora lubrificado de seu sexo. — Dói por quê?
— Oh... mmmmm... — Ela moveu seus quadris, cabeça
recostando novamente. — Mais.
Eu circulava mais rápido, até que seus quadris estavam
girando.
— Mais do quê?
— Você.
— Você pode ter o que quiser, Lola.
Ela levantou a cabeça para me olhar.
— Isso de novo? — Ela soou tão irritada e se ligou
quando ela frustrou. — Você vai me fazer falar, não é?
— Droga, está certa, — eu disse. — Eu gosto de ouvir
você falar sujo. É tão sexy demais, porra.
Eu diminui meu toque, corri minha língua ao longo de
sua coxa interna direita e ao longo do vinco onde a parte
interna da coxa encontrava os lábios, e ela ofegou, uma
respiração ofegante, gemendo afiado no ar.
— Isso, Thresh. Sua boca. — Ela empurrou seus
quadris para mim, procurando mais dos meus lábios. —
P á g i n a | 229

Ponha sua boca em mim.


Eu beijei em torno de sua vagina, por cima, apenas
faltando seu clitóris, então para baixo do outro lado.
— Minha boca está sobre você.
Ela bufou.
— Maldito seja você... — Ela caiu, correu o traseiro até a
beirada da plataforma, e alcançou suas mãos para agarrar
minha cabeça. — Lamba minha boceta, Thresh. Faça-me
gozar com sua boca. Não pare, não importa o que eu diga ou
faça.
Eu quase gozei na calça, então, mas consegui segurá-lo
de volta.
— Brinque com suas mamas enquanto eu chupo a sua
boceta, Lola.
Eu assisti enquanto ela passava as mãos pelos seios, e
isso também era tão erótico que mal conseguia me conter. Eu
deslizei meus dois dedos profundamente dentro dela,
enrolando-os para seu ponto-G, e quando ela levantou seus
quadris fora da plataforma, eu sabia que eu encontrei, e foi aí
que eu mergulhei, mexendo minha língua sobre seu clitóris,
um primeiro gosto saboroso. Ela ofegou, e seu aperto em
minha cabeça apertou. Eu lambi de novo, do fundo de sua
vagina até o topo, pressionando no ápice para nivelar minha
língua contra seu clitóris, e então eu comecei a dar voltas,
alternando com movimentos lado a lado, mudando ao acaso,
olhando para cima agora e em seguida, para vê-la rolar seus
mamilos entre as pontas dos dedos, em seguida, espremer
seus seios duros e amassá-los, em seguida, voltar a agitar,
beliscar e rolar os mamilos.
Quanto mais eu lambia seu clitóris, mais sua respiração
ficava agitada e frenética, até que ela estava quase
hiperventilando novamente, cada respiração era um soluço,
em pânico, frenética.
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— Oh porra, oh foda, Thresh, Jesus... — ela mordiscou,


e então sua cabeça se levantou bruscamente e ela parou de
brincar com seus seios para se apoiar em seus cotovelos,
apenas observando agora. Seus olhos giraram ao redor, e eu
percebi que ela estava sentindo pânico então, sentindo os
olhos nela.
Hora de amplificá-lo. Deslizei meus dedos para dentro e
para fora, curvando-me enquanto os deslizava para roçar o
ponto G, e depois deslizando para fora, cada vez mais rápido,
aumentando o ritmo da minha língua contra o clitóris. Ela
caiu de volta para a plataforma, e suas unhas cavaram em
meu couro cabeludo e ela estava empurrando-me contra sua
vagina, montando meu rosto, moendo contra mim, pernas ao
redor de meus ombros e apertando. Todo o tempo, ela estava
soluçando, ofegante, periodicamente empurrando os olhos
abertos para encontrar o meu olhar.
— Foda-se, porra, porra! — Ela gritou. — Oh, Deus, por
favor, por favor...
Eu não sabia o que ela estava implorando, a quem ela
estava implorando, mas eu não parei, mesmo quando seus
soluços tomaram conta, substituindo os suspiros e os
gemidos. Lágrimas escorreram pelo seu rosto, mas ela estava
contorcendo-se contra mim e tinha a minha cabeça em um
aperto de morte, segurando-me tão duro contra sua vagina
que eu não poderia ter parado, mesmo se eu tivesse tentado.
Ela estava apoiada nos cotovelos, olhando para mim, e eu vi o
medo, o pânico, mas também vi que ela estava trabalhando
através dele, deixando-se sentir.
Ela se separou em um soluço. Sua espinha saiu da
plataforma, seus ombros levando seu peso, os pés escavando
contra meus ombros, afastando-se, empurrando-se para cima
e para longe, mesmo quando ela se agarrou à minha cabeça
com ambas as mãos, minha língua movendo-se em um
frenesi selvagem, duro e rápido, sufocando em seu canal
P á g i n a | 231

molhado, trazendo-a para cima, para cima...


— THRESH!
Ela arqueou, paralisada, a coluna vertebral se curvou,
os quadris tremulando em pequenos círculos indefesos
enquanto eu a lambia passando seu orgasmo, passando por
seu clímax.
Finalmente, ela relaxou, deixando sua espinha e bunda
se encontrar com a plataforma mais uma vez, os quadris
ainda sacudindo com os choques pós-orgasmo, e eu lambi
através disso, também.
Ela finalmente me afastou, ofegando.
– Para, para. Deus, por favor, pare agora... É demais,
porra, é demais...
Eu deixei que ela me parasse, afundasse de volta em
meus quadris e assistisse, o peito arfando, os seios saltando
com cada respiração desesperada. Eventualmente, eu me
levantei, lambendo sua essência de meus dedos enquanto ela
observava.
— Você gozou tão linda, Lola, — eu disse. — Eu acho
que preciso ver você gozar mais algumas vezes.
Ela balançou a cabeça enquanto eu me inclinava sobre
ela, reclamando sua boca.
— Mmmm, mmm, — ela disse, e se afastou do beijo. —
Minha vez. Sua vez, quero dizer.
Ela rasgou o fechamento do meu jeans, abrindo o botão,
empurrando o zíper, empurrando-o para baixo de meus
quadris, liberando meu pau para balançar e saltar,
endurecendo ainda mais sob seu olhar.
— Foda-se, Thresh. Esse pau é muito bonito. — Ela
envolveu sua mão ao redor dele; olhou para mim e depois
para baixo. — É tão grande, tão muito. É perfeito, e eu estou
P á g i n a | 232

com medo que não vai caber.


Eu contei ovelhas e cerrei meus músculos, enquanto ela
acariciava meu comprimento.
— Vamos devagar. Você precisa gozar novamente.
Quanto mais você gozar, mais solta e mais pronta para mim
você estará.
— Não tenho certeza se vou estar pronta, — disse ela. —
E não tenho certeza se posso voltar.
— Esfregue-me contra seu clitóris, — eu disse a ela. —
Use meu pau como um vibrador.
Ela apertou a cabeça do meu pau contra o clitóris e
esfregou em círculos, e fodeu, fodeu, fodeu, eu tive que
apertar, tive que segurar, porque eu a sentia tão bem, apenas
o calor suave de seu clitóris contra a minha coroa parecia o
céu. Não demorou muito, apesar da preocupação de não
poder voltar. Era quase demais, observando-a me usar para
se fazer sentir bem, observando a sua mão em volta do meu
pênis, me usando para estimular seu duro clitóris até que ela
se contorcesse contra meu pau, agora ofegando,
choramingando, girando.
Eu tive que fechar os olhos, apertar e me concentrar,
porque eu estava no limite, e se eu não me parasse agora, eu
iria gozar por toda a sua barriga, vagina e as duas mãos, e
então ela estaria coberta com o meu sêmen...
Eu tive que sacudir fora de seu aperto e tropecei para
trás, respirando com os dentes cerrados, contando para fora
ruidosamente.
— Um... dois... três... quatro...
— Você está tão perto?
— Você quase me fez gozar por toda parte, — eu disse.
— Oh... — Isso era ofegante, excitado. — Isso teria sido
P á g i n a | 233

muito quente, eu acho.


— Porra, não me encoraje, mulher.
— Você quer gozar em mim?
Eu abri meus olhos em fendas, ainda respirando com
dificuldade, mesmo que eu estivesse sob controle por esse
ponto.
— Um dia desses eu vou gozar em você. Vou pintar seus
seios com o meu gozo, e vê-lo gotejar seu estômago.
Ela estendeu a mão para mim, palmeou minha bunda e
me puxou de volta entre suas pernas, então envolveu suas
mãos em torno de minha ereção, seu toque no meu pau era
gentil, suave, seus olhos apaixonados e semicerrados com o
calor erótico.
— Você gozaria na minha cara? — Ela respirou.
— Só se você me pedir.
— Eu nunca fiz isso antes, — Lola murmurou,
acariciando-me lentamente. — Mas eu pensei sobre isso.
Talvez eu deixe, em algum momento.
Eu alcancei entre suas coxas e encontrei seu clitóris,
dei-lhe o toque que ela gostou mais.
— Você quer isso, querida? Você quer embrulhar as
duas mãos ao redor do meu pau e me chupar e me empurrar
até que eu atire o meu gozo por todo o seu rosto?
— Oh, oh foda, você e suas malditas mãos talentosas,
Thresh! — Ela disse, ofegante, — Como você pode me fazer
gozar tão rápido? Jesus, oh, porra, está certo, assim, não
pare, não foda, oh, porra, não pare! Sim! Eu quero aquilo!
Ohhhhh...
Eu a fiz cavalgar de novo, e desta vez tudo o que eu
tinha que fazer era deslizar para dentro dela e pressionar
meu polegar contra seu clitóris e deixá-la se contorcer contra
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meu dedo e ela fez todo o trabalho, fodendo meus dedos duro
e rápido, ela apertou meu pênis misericordiosamente
apertado, apertando duro involuntariamente até que eu
sibilei a dor, mas era bom, porque assisti-la foder meus dedos
era a coisa mais quente.
— Eu estou chegando, Thresh, eu estou gozando de
novo!
— Goze duro para mim, linda, — eu murmurei, — deixe-
me sentir você apertar os meus dedos.
Ela apertou seus músculos duramente em torno de
meus dedos.
— Como isso? Oh, oh, ohhhhh...
— Caralho, Lola, você faz isso em torno do meu pau e eu
não vou ter uma chance.
Eu não estava exagerando. Se ela apertasse como estava
fazendo em torno dos meus dedos, e depois apertasse ainda
mais? Eu iria gozar tão difícil e tão rápido que não seria
mesmo engraçado.
Ela se contorceu e moeu em meus dedos,
choramingando e ofegando através de seu clímax, e então
flutuou para trás, ofegante.
Eu fiquei de pé e olhei para baixo para sua beleza
exótica, que estava ainda mais intoxicante no brilho de dois
orgasmos.
— Você é tão linda, Lola.
Ela se sentou. Olhou para mim por vários longos
momentos, e eu não conseguia ler seus pensamentos, dessa
vez.
— Você tem proteção?
Eu balancei a cabeça.
— Na minha bolsa, — eu disse, indicando a mochila no
P á g i n a | 235

chão junto ao fogo.


— Pegue.
— Você tem certeza? — Eu coloquei seu rosto,
inclinando-se para beijá-la. — Nós podemos tomar isso tão
lento quanto você...
— Estou com tanto medo, e eu estou mais ligada do que
eu já estive, — disse ela. — Eu estou dividida entre querer
foder tão forte e rápido como eu possa, mas eu estou
assustada com minha cabeça fodida, e quero saltar em seu
pau e montá-lo como um mustangue no rodeio.
Deus, quando ela disse uma merda assim, era a coisa
mais difícil não agarrar seus quadris e começar a foder. Eu
precisava dela demais. Eu nunca quis alguém tanto assim,
nunca precisei de nada tão desesperadamente. Eu precisava
estar dentro dela. Eu precisava gozar. Eu precisava sentir sua
boceta enrolada ao meu redor, apertando, latejando, gozando.
Levou cada grama de autocontrole que eu tinha em
mim, para manter as mãos em meus lados, para não
aproveitar e levá-la do jeito que eu queria.
Mas isso não era sobre mim, isso era sobre ela.
Alfa ruim. Menino baixo.
Eu respirei, deixei escapar.
— Lola...
Ela se inclinou para frente e pegou meu pênis na boca
antes que eu pudesse reagir, me fechando instantaneamente,
os punhos deslizando e tremulando na minha base, e então
ela me levou profundamente, chupou duro e caiu sobre mim
uma vez, duas vezes, três vezes, se afastando quando eu gemi
através dos dentes cerrados.
— Eu estou escolhendo a segunda opção, Thresh, — ela
disse, sua voz sensual e baixa, — então pegue a maldita
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camisinha.
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Capítulo 12

Gritando nos manguezais


Meu coração estava martelando tão forte no meu peito
que meu estômago doía. Eu estava apenas mal no controle do
meu pânico. Senti os olhos. Senti-me observada. Eu estava
constantemente lutando contra o desejo de varrer a clareira a
procura de câmeras escondidas. Até agora, eu estava
ganhando. E graças a Deus por isso, porque Thresh era...
incrível não era uma palavra suficientemente forte. Seus
dedos, sua boca... as coisas que ele poderia fazer com eles.
Deus, eu estava estremecendo, ainda sentindo, ainda
tremendo das réplicas.
Mas suas palavras?
Eu não acho que ele entendia o quão poderoso era seu
elogio constante. Tive a impressão de que ele não achava que
era bom com as palavras, mas sempre parecia saber
exatamente o que eu precisava e queria ouvir. Ele poderia me
enlouquecer apenas falando, apenas me dizendo o que ele ia
fazer.
Eu realmente disse que eu queria que ele gozasse em
mim? Isso sempre foi uma linha dura para mim, como —
antes. Uma das poucas coisas que nunca tínhamos feito...
mas agora, com Thresh na minha frente, com seu enorme e
duro pau, como uma barra de ferro grossa, balançando na
frente do meu rosto, apenas implorando para que eu tocasse,
lambesse e chupasse, que o montasse e o fizesse gozar uma
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dúzia de maneiras diferentes, porra, eu queria vê-lo gozar,


queria apenas acariciá-lo com as mãos tão lentamente e
durante o tempo que eu pudesse, até que ele atirasse a sua
carga em minhas mãos... Eu tremi, desenhando, imaginando
como me sentiria, como ficaria, seus olhos apertados
fechados, traços ásperos e bonitos retorcidos em êxtase,
enquanto eu deslizava minhas mãos para cima e para baixo
naquele pau maciço e glorioso, aquele espécime perfeito de
virilidade, e então ele me avisaria, ou melhor ainda, ele não
faria isso, ele ficaria tão preso em quão bom eu estava
fazendo ele se sentir que acabaria gozando, ele iria esguichar
fora do seu pau como uma fonte, e ele iria bater em meus
seios, quente, molhado, espesso e viscoso, ou talvez — Deus,
talvez eu apontasse seu pau para o meu rosto e tomaria esse
leite, a semente almiscarada em meu rosto, pegajosa, quente
e salgada em meus lábios e abaixo de meu queixo...
Senti o calor apertar entre as minhas coxas, e eu percebi
que estava ficando sozinha pensando nisso. Então eu fui com
ele. Melhor do que o medo, o pânico, a preocupação
irracional.
Ele ficou na minha frente, seu olhar era quente, mas
cheio de compaixão e preocupação. Eu ainda estava
ruborizada e solta do segundo orgasmo que ele acabara de
me dar. Ele me tocou, caiu sobre mim, e fodeu sua língua
dentro de mim, batendo contra meu clitóris, que era o
material de fantasias, seus dedos dentro de mim... mas
usando seu pênis para esfregar meu clitóris, era muito
melhor do que uma fantasia.
Eu ainda mal conseguia respirar pelo poder de quão
duro gozei, e agora estava doendo toda de novo, latejando, e
ele estava parado ali, com força e com atenção, implorando
por mim.
Eu precisava de mais.
E estava pronta para mais.
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A fome, a lascívia, o brilho lascivo em seus olhos, estava


lá e foi em um rápido brilho, me dizendo qual opção ele
preferia. A maneira como seu pênis se contraía e se
endireitava, visivelmente endurecido, o modo como suas
mãos se enrolavam em punhos, a forma como seus músculos
se esticavam enquanto lutava pelo controle, lutando contra o
desejo de me devastar...
Ele estava me segurando, por mim, eu percebi.
Ele era um homem duro, dominante, e ele estava
mantendo esses instintos à distância, por mim. De nenhuma
maneira eu chegaria tão longe, através de tanto de meu
próprio absurdo mental, se ele tivesse vindo para mim do
jeito que eu pensei que ele normalmente teria, apenas
agarrando, comandando, ordenando e levando o que queria.
Eu era uma bagunça, e precisava de um bom bocado de
delicadeza.
Oh, eu sabia que uma vez que estivesse em plena posse
de minha velha libido, eu quereria seu domínio, quereria que
ele me levasse a qualquer lugar e em qualquer lugar e a
qualquer hora. Eu esperaria isso dele. Mas por enquanto, eu
estava mais do que grata por ele estar trabalhando tão duro,
como eu poderia dizer, para me deixar definir o ritmo, dando-
me tempo para trabalhar-me além de minhas barreiras e
medos.
Porra, caralho, vê-lo se segurar era a coisa mais sexy
que eu já vi. Sua calça jeans estava ao redor de suas coxas,
suas bolas pesadas e esticadas contra o seu eixo, e uma
sugestão de coxas de tronco de árvore.
— Lola, — ele começou a protestar, mas não havia nada
para ele dizer.
Agarrei seu eixo, maravilhada com o modo como meus
dedos do meio não encontraram meus polegares, acariciando-
o perto da raiz. Inclinei-me para frente e enchi minha boca
com ele, dando-lhe golpes de minhas mãos em torno de sua
P á g i n a | 240

base enquanto eu recebia mais de seu maldito perfeito pau


na minha boca, rolando minha língua contra ele, levando-o
para a parte de trás da minha garganta, chupando, E então
me comprometi com ele, me enrolava nele, fazendo a minha
melhor impressão de uma estrela pornô, fodendo seu pau
com minha boca algumas vezes, até que eu o senti tenso e o
ouvi chiar, e então eu sabia que tinha que parar, Porque
tanto quanto eu realmente queria assistir e senti-lo gozar
assim, não era o que eu precisava.
Eu precisava ser fodida.
Não, isso não estava certo. Antes, foi mais do que uma
chupada, e isso... o que Thresh e eu estávamos prestes a
fazer... ia ser muito mais do que uma foda.
Encontrei seu olhar.
— Eu estou escolhendo a segunda opção, Thresh, então
coloque o maldito preservativo.
Eu não tive que lhe dizer duas vezes.
Ele fez as duas coisas ao mesmo tempo, então,
arrancando uma bota e depois tirou a meia, depois fez o
mesmo com o outro pé, enquanto procurava na mochila pela
caixa de preservativos - Magnums1, obviamente, e isso me
lembrou de quão enorme o homem era, especialmente o seu
pau.
Ele tirou a calça jeans em um piscar de olhos, e então
ele estava lindamente, intoxicantemente nu, e boa maldição,
que homem. Que porra de homem. Enorme, maior que a vida,
maciço e exalando poder, um colosso da vida real, um Titã
feito de carne. Ondulando os músculos, rasgados e nodosos,
com cicatrizes, cinzelado em mármore vivo, mas nenhuma
estátua esculpida nunca jactou as proporções vertiginosas do
homem que está orgulhosamente diante de mim; eu
certamente nunca vi uma estátua com um pau de 30
centímetros.

1 Marca de preservativos.
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Eu estendi a mão, agarrei seu rosto bonito e robusto nas


palmas das minhas mãos e o trouxe até mim, busquei seu
beijo, porque, porra, o homem poderia beijar como um Deus,
e seus beijos nunca deixaram de apagar quaisquer medos,
nunca deixou de silenciar meu pânico e nunca deixou de
acrescentar combustível à minha libido furiosa.
Mas havia algo... faltando. Algo me segurando de volta.
Eu me afastei, olhei em seus olhos, o segurei e respirei,
e então, num instante, ele me atingiu, a única coisa que eu
estava perdendo naquele momento.
— Eu, Thresh, eu preciso de algo, antes de fazer isso.
— O quê, querida? Qualquer coisa, me diga.
— Seu nome. Preciso do seu verdadeiro nome.
Ele abaixou a cabeça, puxando seu olhar do meu. Um
suspiro, dois, e eu me perguntava se era um disjuntor de
negócio para ele, comecei a me perguntar se ele não iria
responder.
— Eu odeio meu nome, — ele disse. — E há uma razão
pela qual eu não uso, porque ninguém sabe disso.
— Eu não vou usá-lo, eu só...
Ele falou sobre mim.
— Mas porque é você... — Ele suspirou. — Thomas
Harding.
Eu pisquei. Eu estava esperando algo estranho, algo
embaraçoso.
— Thomas Harding? — Eu fiz uma careta para ele. —
Seu nome verdadeiro é Thomas Harding?
Ele assentiu.
— Eu fui chamado Tommy até o ensino médio, e odeio
isso, porra, e sempre odiei ser chamado de Tommy, e Thomas
P á g i n a | 242

soa como um nerd, ou um advogado idiota que tem três


nomes e usa camisa polo para jogar uma rodada de Golfe. –
Ele deu um rosnado de irritação. – A pior parte é,
tecnicamente, eu sou um 'Junior', ou 'o segundo', porque
meu pai é Thomas Harding, também. E, realmente, é por isso
que me recuso a usar esse nome. Não quero nada com esse
homem. Eu não sou ele. Eu não sou nada como ele, e eu não
quero nada dele, especialmente não seu nome de merda. Eu
nem quero falar o nome dele, nem fodendo, nunca.
Eu acariciei sua bochecha com meus dedos.
— Você não é ele, e você não é como ele, Thresh. — Eu
me certifiquei que seus olhos estavam nos meus. — Você é
você. Você é Thresh. Você é doce e gentil, inteligente e
amável, e tão sexy que eu nem consigo lidar com isso.
Ele soltou um suspiro e olhou para longe de mim.
— Minha mãe morreu, eu disse a você, e eu acho que
meu pai também, mas eu não sei ao certo e eu não quero
saber. O que faz de você a única pessoa que sabe o meu
verdadeiro nome, com exceção de um casal de altos
executivos militares, e todos eles têm segurança secreta, e os
ameacei dentro de uma polegada de suas vidas antes de eu ir
embora. Então, sim, Lola. Você é a única. Nem mesmo Harris
sabe o meu verdadeiro nome.
Eu beijei sua mandíbula, o canto de sua boca, então
seus lábios, uma roçada suave e doce de meus lábios sobre
os dele.
— Obrigada, Thresh. — Eu puxei para ele até que ele
olhou para mim, realmente olhou para mim. — Quero dizer.
Obrigada por confiar em mim com seu nome.
Ele segurou a parte de trás da minha cabeça para que
eu não pudesse escapar do beijo.
— Só para você, querida. — Ele pegou minha boca
então, me reivindicou, me marcou. — Apenas para você.
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Outro beijo, este mais quente, empurrando calor através


de mim, lembrando-me que eu precisava deste homem, e o
fato de que ele compartilhou seu nome comigo quando era
claramente uma questão difícil para ele... essa confiança
afundou em meu coração e abri-me para ele, que tomou o
que já estava construindo entre nós e aprofundou-o,
reforçou-o. E então quando ele me beijou assim, como se ele
estivesse morrendo de fome e só eu pudesse saciá-lo... Deus,
isso me despedaçou, me deixou louca, me fez delirar por ele.
Fez-me doer por ele. E então suas mãos começaram a se
mover, procurando, acariciando, escorregando pelas minhas
costas, pelos meus quadris, pelas coxas, levantando e
amassando meus seios, enviando desespero e me abrasando.
— Nós terminamos de falar agora? — Ele rosnou,
esfregando meu mamilo entre suas ásperas pontas dos
dedos.
Eu pulsava entre minhas coxas, e não pude evitar que
meus dedos mergulhassem lá em baixo, deslizando entre
minhas pernas e encontrando meu clitóris e, a julgar pelo
modo como ele triturou os dentes e a maneira como seu pênis
se contraiu e a maneira como ele abriu a caixa e libertou um
preservativo, eu sabia que ele não se importava.
Senti um frenesi ferver dentro de mim quando eu me
toquei, senti o calor borbulhante, a tensão e a pressão em
construção quando eu circulei meu clitóris. Acrescentando à
loucura ardente que cobria dentro de mim, eu apertei meus
mamilos com força, até que estivesse arquejando e ofegante.
Quando ele rolou a camisinha em seu comprimento em
três pancadas de sua mão de pata de urso eu respirei,
— Nós acabamos, eu preciso de você.
— Lola, — ele rosnou, sua voz um barulho de profundo
trovão, seus dedos substituindo os meus, circundando meu
clitóris dolorido, me conduzindo mais alto, mais perto do
clímax. — Eu preciso de você também, querida. Eu... Deus,
P á g i n a | 244

preciso de você tão malditamente.


As lágrimas brotaram em meus olhos, o pânico se
apoderando de mim enquanto ele cutucava seu pênis contra
a minha abertura, o pânico se apertava ao redor de meus
pulmões como bandas apertadas, mesmo quando um terceiro
orgasmo explodiu em mim, roubando o fôlego que eu deixei,
minha boceta totalmente lisa e molhada com a necessidade.
Mais forte do que o pânico, no entanto, foi o desespero.
O fogo. O calor pulsante. A dor em minha barriga e o pulsar
entre as minhas coxas. A paixão. Estava ali, fervendo,
transbordando, aquela paixão, aquela selvageria, aquela
necessidade maníaca e insaciável. Thresh trouxe tudo de
volta, e estava brilhando através de mim, um incêndio
desencadeado em uma floresta seca e inflamável.
Eu estava na beirada da plataforma, exatamente na
altura da cintura de Thresh, em perfeita posição para levá-lo
dentro de mim assim. Eu agarrei seu rosto com uma mão,
agarrei a parte de trás de seu pescoço com a outra, meus
lábios tremendo contra os dele, e então eu alcancei com a
minha mão entre nossos corpos, encontrei seu duro, e pronto
pau coberto com o preservativo e, oh foda sim, aquele
preservativo concebido para o prazer.
Meus olhos estavam abertos, assim como os dele, e eu
segurei sua nuca, minha boca aberta, meus lábios tremendo,
olhando para ele, para seus olhos azuis gelo, os olhos da cor
exata da parte de baixo de um iceberg. Eu apertei seu pau,
enrolei minhas pernas em torno de sua cintura, enganchei
meus pés juntos, prendi a minha respiração e guiei-o para
minha abertura.
Ele sibilou através de seus dentes, nunca piscando, não
se movendo, e me deixando fazer isso do meu jeito, ao meu
ritmo.
Senti-o, e as lágrimas voltaram a picar os meus olhos,
mas não eram lágrimas de pânico ou de medo, eram lágrimas
P á g i n a | 245

de alívio, de prazer, de êxtase esmagador, de milhares de


emoções e sensações incríveis misturando-se em algo sem
nome, algo que eu só poderia chamar de perfeito, só poderia
chamar de finalmente encontrar minha casa.
A cabeça larga e gorda abriu minha boceta, esticou-me,
e eu tive que esperar, ofegante, embora eu ainda estivesse
tremendo de meu último orgasmo, porque foi tão longo e ele
era tão grande. Eu me aproximei dele, senti que ele deslizava
para mim um pouco mais, e agora eu realmente engoli e
depois solucei, porque ele me esticou tanto, me encheu tanto
que eu não conseguia respirar, só podia respirar fundo e
queimar, a dor, a bela e abrasadora plenitude.
— Lola... — ele resmungou. — Porra, você está ...
— Cale a boca, Thresh, apenas, por favor, baby, apenas
continue e deixe-me sentir isso.
Baby? Eu não era de carinhos, nunca.
Mas... chamei Thresh de baby?
Isso acabara de... sair dos meus lábios, tão facilmente e
naturalmente como respirar.
Ele tinha uma mão na minha cintura, segurando, mas
não exercendo pressão. Eu olhei para aquela mão, branca
contra a minha pele escura, e naquele momento eu amei isso,
o tamanho de sua mão contra meu quadril, o contraste de
sua pele contra a minha, a forma como sentia seu toque,
apenas segurando-me. E então eu desloquei meus olhos para
onde estávamos unidos, e eu senti meu peito apertar, meu
estômago virar e meu coração apertar como belo e lindo era
também, como perfeito, o primeiro par de polegadas de seu
pênis engolido por minha boceta, alongando meus lábios em
torno de seu eixo quando ele esfregou contra o meu clitóris.
Eu olhei então quando eu me inclinei para frente um pouco
mais, me aproximando dele, e eu amei o som da minha voz
choramingando quando ele deslizou mais fundo em mim,
enchendo-me mais, mais polegadas de seu pau
P á g i n a | 246

desaparecendo em meu canal. Seu aperto no meu quadril se


contraiu e ele sibilou novamente.
— Tão apertada, Lola, porra... você está tão apertada.
Mordi seu lábio inferior e choraminguei enquanto
lentamente fechava o espaço entre nossos corpos, encostou
minha bochecha na dele para que eu pudesse vê-lo entrar em
mim, polegada por polegada, perfeito.
— Tão bonito, Thresh. Você... nós, vendo você me
encher, é tão bonito.
— Você é, querida. É só você.
Quanto mais dele eu tomava, melhor era o sentimento, e
mais eu precisava, e eu estava dividida, dolorida, latejante e
ainda havia muito dele, mas eu não conseguia parar, não iria
parar, porque era perfeito. Era tudo, era todo o universo
clicando no lugar com cada centímetro de Thresh que eu
levava dentro de mim.
Tirei o máximo que pude, naquele momento, e tudo o
que eu podia fazer era cair em frente a ele e respirar,
choramingando, ardendo pelo puro prazer de tê-lo dentro de
mim finalmente.
— Deus, Thresh, eu não sabia, eu não sabia que
qualquer coisa poderia se sentir assim, — solucei.
Ele respirou contra minha bochecha.
— Eu também, querida. — Ele rosnou, os quadris
tensos e mudando. — Preciso me mover, Lola. Eu não
aguento mais. Preciso me mover.
Eu me agarrei ao seu pescoço com as duas mãos, me
ergui, as pernas enroladas em sua cintura.
— Leve-me, Thresh. — Eu me inclinei de volta para o
olhar em seus olhos, senti-me explodindo — coração, mente,
corpo e alma — da intensidade de tudo isso, dele, de nós. —
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Me dê, querido. Deixe-me sentir que você se move.


Cada palavra, cada carinho, cada exortação parecia tão
natural como respirar, tão familiar e tão confortável como
deitar-me na própria cama depois de uma longa viagem.
Ele empurrou uma vez, lentamente, suavemente em
uma exalação de alívio tremendamente crua.
— Oh... graças a foda.
Outro impulso e eu fui levantada por ele, sua mão sob a
minha bunda, amassando, agarrando, e eu fui mantida no
alto por seu pau empalando-me e meus braços estavam ao
seu redor, e minhas pernas se agarrando à cintura dele. Ele
estava explorando minha bunda, acariciando, tocando e
amando-a com sua mão.
Isto era apenas ele e eu, e ele procurou meus olhos
enquanto empurrava em mim profundamente, me forçando a
gritar. Ele me fez subir mais alto, então eu estava sentada em
seu antebraço, e sua mão amarrada na tipoia se levantou
para tocar meu rosto e traçar minha bochecha, seu polegar
roçando meus lábios, três dedos afastando meu cabelo do
meu rosto.
E então flexionou seus quadris; eu gritei quando ele me
perfurou, e isso abalou todo o meu ser. Isto... ele dentro de
mim, dando-me outro impulso lento, buscando... era tão
perfeito que doía, tanto êxtase que eu não podia contê-lo, só
poderia segurar seu pescoço com as duas mãos e me puxar
mais alto enquanto ele deslizava para fora de mim, e então eu
soltei meu peso para cair sobre ele quando ele empurrou para
cima, girando seus quadris e empurrando para cima em seus
dedos do pé. E, oh foda, oh foda, oh foda, ele estava tão
profundo agora. Eu estava completamente cheia com seu pau
duro, deslizando quando senti um terremoto começar,
enviando tremores através de mim, erradicando qualquer
força que eu tivesse. Tudo que eu podia fazer era me agarrar
ao pescoço dele, segurar com minhas pernas, e subir e cair
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quando ele empurrava dentro de mim.


Senti a umidade em minhas bochechas quando enterrei
meu rosto no seu pescoço, ofegando, soluçando em sincronia
com cada impulso lento e poderoso.
Ele não parou, mas se inclinou para trás e afastou meu
rosto com a mão, passando-a contra minha bochecha.
— Tudo bem, querida?
Eu assenti, acariciando sua garganta.
— Tão bom, Thresh. É só... é tão bom quando você está
dentro de mim, não sei como já... como eu vivi sem isso, sem
você...
Os tremores do terremoto estavam se intensificando:
tremores e arrepios balançando-me com cada impulso
poderoso aprofundando dentro de mim. Cada tremor me fez
me agarrar mais apertado e contorcendo-me mais forte nele,
erguendo-me mais alto e afundando-me mais baixo para o
aprofundar. Eu olhei para baixo para assistir, me inclinando
para trás para que eu pudesse vê-lo deslizar dentro e fora de
mim, e foder, ele estava indo tão profundo, e ainda não
poderia caber todo ele dentro de mim.
Ele ainda estava se segurando.
Senti um clímax crescer dentro de mim, senti-o
erguendo-se, retesando, e eu não podia imaginar como ele
ainda era capaz de me segurar com um braço, mesmo que eu
estivesse agarrada a ele para o resto da vida. O poder e a
força que possuía eram desconcertantes. Ele ainda estava
apenas empurrando lentamente, deslizando e ia cada vez
mais profundo com cada impulso.
Senti o orgasmo agarrar-me, e fez todos os outros que
vieram antes parecerem pálidos em comparação. Ele
flexionou seu corpo para que pudesse empurrar em mim em
um ângulo, seu pau deslizando ao longo do meu clitóris
quando ele empurrou e então, no último momento, se
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inclinou para a frente e bateu meu ponto G.


Perdi-o, simplesmente perdi-o, gritando contra o seu
ombro com picos de calor e prazer tão agudos, e consumindo
todo o meu ser estreitando para baixo para me concentrar em
Thresh, em seu pau dentro de mim, sentindo cada polegada
dele deslizar sobre o meu Clitóris e, em seguida, atingir esse
local perfeito. Eu só podia gritar seu nome.
THRESH! — THRESH! — THRESH!
Enquanto eu estava sufocada por tremores, fiquei fraca,
mole e solta, e tive que travar os dedos atrás de seu pescoço
para evitar cair.
— Eu não posso... Thresh, eu não posso segurar. Deite-
me, querido, não aguento mais.
Ele girou no lugar, sentou-se na beirada da plataforma,
e depois se deitou de volta, me levando com ele para que eu
fosse capaz de colapsar em seu peito. Meu corpo inteiro se
encaixava perfeitamente em cima dele, meus seios esmagados
em seu peito, nossos quadris batendo, coxas com coxas,
meus dedos se curvando enquanto o orgasmo estremeceu
através de mim. Eu ofeguei contra sua garganta, meu peito
arfando, o suor deslizando em minha pele.
— Lola... — ele sussurrou, colocando meu cabelo atrás
da orelha, inclinando meu queixo para encará-lo. — Você
gozou tão linda, querida. Ver você gozar, sentir você tremer
em meus braços, sentir você apertar em torno do meu pau,
foi a coisa mais incrível que eu já experimentei.
Eu ri, palmei suas bochechas e beijei, um doce e íntimo
roçar de lábios sobre os dele.
— E você ainda não gozou.
Ele passou a mão pela minha espinha e segurou minha
bunda.
— Leve-me até lá, Lola.
P á g i n a | 250

Passei minhas mãos ao longo de seu torso até que


estava sentada em cima dele. Impossível como pareceu, eu
tomei todo ele. Seus quadris estavam alinhados contra os
meus e eu nunca vi nada tão bonito quanto a maneira como
estávamos agora conectados.
Levantei-me, as palmas das mãos contra seu estômago
duro, e me inclinei para deixá-lo deslizar para fora de mim.
Eu puxei meus pés debaixo de mim, apoiando meu peso em
seus ossos do quadril. Ele gemeu enquanto eu rodava meus
quadris ao redor, puxando seu pênis em círculos largos,
deixando apenas sua ponta dentro de mim.
Eu encontrei seus olhos enquanto eu o brincava com
aqueles círculos, e então inclinei meus quadris em direção a
seus pés, flexionando seu pau longe de seu corpo até onde ele
iria, e agora ele estava duro contra meu clitóris. Eu me
afundei nele, lentamente, e ele gemeu, sua palma na minha
bunda, tentando me empurrar para baixo, querendo estar
dentro de mim, querendo estar mais profundo.
— Porra, Lola.
Eu sorri para ele, um sorriso lúdico e promissor.
— Não basta, Thresh?
— Você está me provocando, mulher, — ele disse,
tentando empurrar em mim, tentando me empurrar para
baixo sobre ele. Mas eu não o deixaria. Eu estava mantendo-o
onde eu queria que ele estivesse agora, apenas a cabeça
gorda aconchegada entre os lábios doloridos e molhados de
minha boceta.
— Droga, eu estou certa, agora fique quieto e me deixe
fazer tudo. — Movi-me, outro traço lento e superficial para
baixo. — Eu vou levá-lo até lá, querido. Eu prometo.
Ele enfiou a mão sob a cabeça.
— Para você... qualquer coisa.
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Recompensei-o com outro golpe, tão lento, tão


superficial, apenas levando uma polegada ou duas. Ele
gemeu em cada um deles, seu estômago estava tenso com a
necessidade de se mover, o desejo de subir em mim. Eu
precisava disso também, mas eu queria saborear isso, a
ausência de medo, a ausência de pânico.
Eu queria me afogar na felicidade dele, o sentimento de
nós, a corrida alegre e decadente de ser penetrada, cheia de
um orgasmo e ainda desesperada por mais. Eu queria me
divertir no poço que bocejava no buraco do meu âmago que
só podia ser preenchido por Thresh, uma fome que só podia
ser saciada por ele. Não havia nada ruim, nada assustador,
nada a temer, porque era só ele e eu, e eu confiava nele com
todas as fibras do meu ser. Eu me senti segura e protegida e
não poderia obter o suficiente deste sentimento.
Mas eu não podia segurar mais.
Eu me ergui, pressionando seu peito com minhas mãos,
as minhas coxas apertando enquanto me levantava. Com
meus olhos nos dele, nenhum de nós ousava olhar para
longe, nós dois sabíamos o que estava próximo. Ele acariciou
meus seios, sacudia meus mamilos quando eu tirei o
momento para fora, pairando com ele mal dentro de mim...
E então eu bati com força, minha bunda golpeando suas
coxas, um grito rasgando de meus lábios, um rugido dos dele.
Fiquei sem fôlego, dolorida, dividida por ele, cheia dele. Só ele
existia. Ele não estava apenas dentro de mim; ele era parte de
mim, misturando-se com a minha alma. Perdi-me nele,
afogando-me em seu olhar, gemendo com a lâmina úmida e
lisa dele, enquanto eu me afundava sobre ele uma e outra
vez, sem fôlego enquanto ele me penetrava.
Eu sentia isso crescer dentro de mim novamente, este
era mais quente, mais profundo e mais afiado do que o
passado, e quando eu senti que ele começou a bater para
cima através de mim eu não conseguia me controlar. Eu só
P á g i n a | 252

poderia buscá-lo, perseguindo o alto.


Era um milhão de relâmpagos que me abrasava toda, ao
mesmo tempo que eu me levantei e caí sobre ele mais rápido
agora, gritando, gritando e gritando. Eu me afundei em cima
dele, mais rápido e mais duro, até que era um deslize perfeito
infinito e maravilhoso dele dentro e fora de mim, minhas
coxas queimando com o esforço quando eu arremessava a
minha bunda para cima e para baixo com total abandono,
sentindo os globos pesados saltando na subida e batendo alto
sobre ele. Ele estava gemendo sem parar, rosnando,
grunhindo...
E então eu colapsei em cima dele, caindo para frente, o
peso em minhas canelas, e meus braços serpenteando sob
seu pescoço para bater minha boca contra a dele, paralisada
e tremendo, enquanto o orgasmo tremia através de mim,
meus lábios tremendo contra os dele, minha respiração fina e
rasa, e então eu engasguei um gemido quando eu bati minha
boceta em torno dele, um golpe de enchimento duro e
completo, sentindo-o empurrar tão profundo que não tinha
certeza onde ele terminava e eu começava.
Eu estava no ápice do clímax quando, mais rápido do
que a mordida de uma cobra, ele rolou-nos, seu braço bom
levando todo o peso. Ele estava em cima de mim, acima de
mim, seus quadris forçando minhas coxas bem abertas, sua
mão ferida enfiada em minha bochecha, dedos me
acariciando, imóvel por um longo momento, olhando para
mim, enterrado profundamente.
Ele estremeceu, soltou um hálito irregular e então
empurrou para dentro de mim, um impulso lento mas
poderoso.
Eu agarrei seu traseiro e puxei para mim.
— Forte, Thresh. — Eu enrolei minhas pernas em torno
das costas de suas coxas, peguei seu traseiro duro com as
duas mãos. — Dê para mim, Thresh. Não segure-se. Vamos,
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querido.
Ele balançou a cabeça, fazendo um passo lento. Mas ele
estava tremendo por toda parte, e eu podia dizer que ele
estava tenso, os músculos todos duros e tensos, cada um
empurrado de controle medido.
— Eu não quero lhe machucar.
— Você não vai, Thresh. Posso pegar tudo o que você
tem. Quero isso. Quero tudo o que você é. Pare de se segurar.
Desista do controle. — Flexionei meus quadris para cima
dele, encontrando-o empurrando, mas eu o empurrei mais
rápido, aumentando nosso ritmo, puxando em sua bunda,
agarrando o músculo de ferro, usando minhas pernas para
puxá-lo mais perto.
Ele enterrou o rosto em meus peitos, e eu movi uma
mão até a parte de trás de sua cabeça, acariciando o restolho
e os cabelos mais grossos de seu moicano, passando minha
palma sobre seu couro cabeludo, mas mantendo seu rosto
contra meus peitos. Eu gemi enquanto ele mordia os meus
mamilos e respirava contra a minha auréola e acariciava
entre meus seios, seus quadris dirigindo mais duro agora.
Arqueei minhas costas, esfregando meus quadris mais e
mais rápido, combinando seu ritmo e aumentando a
velocidade, exigindo mais.
Ele gemeu, seu corpo pesado e perfeito em mim, seu
rosto áspero e delicioso entre meus seios, seus quadris
dirigindo seu pênis em mim, mais e mais profundo, e estava
tão longe além de belo eu estava superada, oprimida, não
com clímax, mas com a sobrecarga emocional. Isso era quase
muito prazer, demasiada perfeição, muita felicidade para uma
alma mortal conter. Ele ainda estava indo, mas eu poderia
dizer que ele ainda estava segurando.
— Deus, Thresh, sim, assim, — eu gemi, — Eu amo
tanto sentir você dentro de mim. Mais, mais, foda-me,
Thresh, foda-me como você disse que queria. Eu quero isso,
P á g i n a | 254

eu quero tudo de você, querido.


— Lola... Lola... — e ele se moveu mais rápido, me fodeu
mais forte, seus movimentos perderam a suavidade do
controle.
— SIM, Thresh, apenas assim! — Eu encontrei-o
batendo forte a cada impulso, tomando tudo dele e ofegando
para mais. — Mais forte! Mais duro!
Ele rosnou, um som feroz, primordial, e senti a
mudança nele, senti que se perdia, senti que ele desistia do
último vestígio de controle. Ele apertou-se na palma da mão,
puxou os joelhos para baixo e se endireitou até a altura do
joelho. Eu, ansiosamente, me movi mais rápido para ele e
envolvi minhas pernas em torno de suas costelas enquanto
ele empurrava uma vez, com força, e então achava seu ritmo,
mais duro e mais rápido do que nunca, seu rosto era um rito
de abandono desesperado, prazer selvagem, todo o controle
foi abandonado.
Eu dei voz ao meu êxtase, muito por ele como por
incrível como me sentia. Eu estava gritando o mais alto que
pude com cada impulso, cada um trazendo-o mais perto de
sua liberação.
Ele estava grunhindo sem parar, sons não verbais em
algum lugar entre um grunhido e gritar, enquanto ele fodeu-
me tão lindamente, perfeitamente duro. Foi um prazer que eu
nunca conheci até então, nada jamais me fez sentir assim, e
tudo que eu podia fazer era gritar.
— Eu... — ele ofegou, — Eu vou... Lola, Lola, foda...
LOLA, eu estou gozando!
Ele empurrou para dentro, segurou, empurrou
profundamente, os quadris apertando contra os meus, e eu
senti o empurrão, senti o pulsar dentro de mim, senti o gozo,
e então ele estava se movendo novamente, fodendo-me com
tudo o que ele tinha, totalmente perdido, olhos nos meus,
P á g i n a | 255

amplo, ardente e repleto de emoção.


— Santa porra, Lola... Jesus...
— Oh foda sim, Thresh, eu também! Goze comigo, goze
comigo agora, goze tão duro, só para mim, querido... por
favor, por favor — mais duro, querido... Deus sim, sim! SIM!
Mais duro!
Ele me fodeu do jeito que eu estava implorando, duro,
rápido, brutalmente bonito.
Finalmente, seus movimentos abrandaram e ele
enterrou o rosto no meu pescoço, ainda empurrando
esporadicamente. Eu agarrei a parte de trás de sua cabeça e
seu traseiro e coloquei meus lábios em seu ouvido e sussurrei
para ele.
— Deus, sim, isso foi... Deus, eu nem tenho palavras...
tão incrível. — Eu mordi o lóbulo da sua orelha e suspirei
quando ele finalmente ficou quieto. — Fique assim, querido.
Deixe-me sentir você em mim, em mim.
— Eu vou lhe esmagar, — ele murmurou, mas não se
moveu, ofegando para respirar, suado, empinado, ainda duro
dentro de mim, mas agora relaxando.
— Não, é perfeito, — eu sussurrei. — Você é perfeito.
Isso foi perfeito.
Ele beijou onde seus lábios estavam pressionados
contra a minha garganta.
— Lola, isso foi...
Eu o empurrei para onde eu poderia olhar em seus
olhos.
— A melhor coisa que já experimentei em toda a minha
vida.
— Eu nunca... — Ele balançou a cabeça, tão
sobrecarregado quanto eu estava. — Nunca em toda a minha
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vida... nunca houve nada...


Eu estremeci.
— Eu sei. Eu também.
Ele me beijou, e foi outro Thresh Special, o tipo de beijo
que fez meus dedos do pé se curvarem e virar meu interior
para gelatina e tive minha vagina ainda tremendo e
contraindo novamente.
Ele rolou fora de mim, puxando para fora, e me colocou
na curva de seu braço. Eu me curvei contra ele...
E me senti em casa de uma forma que eu não sabia que
mesmo existia.
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Capítulo 13

Arruinado
Lola acabara de me arruinar para todas as outras
mulheres, para ter sexo com outra pessoa. Eu perdi o
controle com ela de uma maneira que eu nunca me permiti,
nunca antes, com ninguém. Nem mesmo perto. Eu sempre
estive no controle total, certificando-se de dar a minha
parceira tantos orgasmos quanto eu poderia antes de eu
finalmente empurrar através do meu próprio. Isso sempre foi
bom, grande, surpreendente, mesmo que eu fosse cuidadoso
medindo as minhas batidas, não indo demasiado duro ou
profundo, mesmo se estivesse implorando para mais.
Com Lola, eu apenas... me soltei.
E não só ela tomou tudo, cada golpe brutal, aceitando
cada impulso que eu dei a ela, mas ela exigiu mais, implorou
por mais, e quando eu estava terminado, ela foi terna e doce e
sussurrou coisas para mim que me fizeram tremer, tudo
dentro de mim se torceu fazendo minha garganta fechar e
meu coração se apertar.
Deus, o que ela estava fazendo comigo?
Eu estava solto, meu pau descansando contra a minha
coxa, a ponta do preservativo abaulada com o meu gozo. Lola
estava enrolada contra mim, a bochecha no meu ombro, os
seios esmagados contra o meu lado, a coxa sobre a minha,
uma mão enfiada entre nós, a outra traçando padrões ociosos
no meu peito. Ela riscou meu peitoral, meu mamilo, a linha
P á g i n a | 258

dura do meu esterno, então o outro lado do meu peito, e


então para baixo os sulcos e cumes do meu abdômen, ainda
agitado apesar de meus esforços para obter a minha
respiração sob controle.
E então ela alcançou minha virilha, olhou para mim com
um pequeno sorriso travesso, e puxou o preservativo fora de
mim, amarrou, e jogou-o de lado. Então ela voltou sua
atenção para o meu pau.
Eu a observei, curioso.
— O que você está fazendo, Lola?
Ela encolheu os ombros.
— Apenas tocando você. Brincando com você. Obtendo
você duro novamente.
— E depois?
Outra elevação de seu ombro.
— O que eu quiser.
— Eu posso lidar com isso.
Ela riu.
— Eu aposto que você pode. — Com um olhar astuto
acima em mim, e então de volta para baixo para o meu pau,
ela me tomou em sua mão. — E se eu dissesse que eu queria
fazer isso?
— Isso o quê?
Ela flutuou meu pau de um jeito e depois outro.
— Apenas... brincar com você. — Ela piscou para mim,
brincando comigo. — Sem boca, sem boceta, apenas com a
minha mão.
Eu gemi.
— Eu não tive apenas um trabalho de mão em... Deus,
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eu nem sei.
Lola riu.
— Thresh, docinho... apenas um trabalho de mão?
Eu dei de ombros.
— Como eu sempre pensei nisso.
— Então, deixe-me mudar de ideia.
Eu esfreguei minha mão para cima e para baixo do seu
lado, segurando seu quadril.
— Faça o seu pior, ou o seu melhor, ou qualquer outra
coisa.
Ela não respondeu com palavras.
Em vez disso, ela manteve seu foco no meu pau,
esfregando o polegar sobre a ponta, deslizando-o para frente e
para trás em toda a minha barriga, fazendo um anel de seu
dedo indicador com o polegar e deslizando-os para cima e
para baixo do meu comprimento, ainda fraco. Ela se mexeu,
levantando o peito para onde eu podia ver. Deus, por que isso
era tão eficaz? Talvez fosse o olhar de adoração em seu rosto,
a maneira terna, doce, amorosa e atenciosa que ela estava me
tocando, como se meu pau fosse um presente inestimável
destinado apenas para ela, como se ela pretendesse me
prodigalizar com todo o amor e carinho que ela possuía, com
tudo o que ela manteve reprimido e trancado por três anos,
me dando tudo, em meu pau.
Apenas um trabalho de mão?
Algo me disse que isso seria tão alterado quanto o sexo.
Deus, o sexo.
Isso foi tanto... mais... do que qualquer coisa que eu já
experimentei. Eu ainda não conseguia enrolar minha cabeça
em torno disso, nem acreditar que eu senti, que eu cheguei a
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compartilhar isso com esta mulher.


Não era só sexo, não era apenas merda. Quer dizer, nós
fodemos, e duro, mas era muito mais do que isso.
Eu não sabia o que fazer com isso, ou comigo mesmo
nesta nova e emotiva paisagem, onde cada toque tinha
sentido, onde cada beijo era uma sedução.
Eu sempre quis acreditar no amor, mas nunca tive.
Eu não o vi crescendo, como uma criança. A NFL
certamente não mostrou para mim, e nem a vida militar.
Merda, eu vi amigos de batota com suas esposas com as
habitantes locais e prostitutas, e depois ir para casa e agir
como marido amoroso. Eu vi esposas deixarem seus homens
fiéis. Eu assisti casamento após casamento se desintegrar por
uma grande variedade de razões.
E então eu conheci Harris, e Harris conheceu Layla, e
eles se apaixonaram, e não havia nenhuma maneira que eu
pudesse duvidar do que eles tinham. Eu vi, e eu acreditei
nisso.
E sim, no fundo, eu queria isso para mim. Eu nunca
esperava encontrá-lo.
E então... conheci a Lola. Desde aquela primeira vez que
a vi, do jeito que ela se levantou para mim no hospital, tão
determinada em seus cuidados com Harris que ela não se
limitou a se levantar para mim, mas me empurrou para trás
de uma maneira que ninguém nunca tinha antes. Eu saí,
mas nunca a esqueci. Um ano se passou, missões, empregos
e fora o tempo — e sim, outras meninas — mas eu nunca a
esqueci. Ela estava apenas enganchada em minha mente, em
minha alma. Então eu apareci em seu hospital e encontrei-a,
conheci-a realmente, e passei um pouco de tempo com ela, e
esses ganchos foram afundados mais profundamente.
Cada momento em sua presença cavava aqueles
ganchos mais fundo.
P á g i n a | 261

Observá-la gozar em meus dedos naquele jipe do lado da


estrada... foi a primeira realização, quando eu inicialmente
compreendi que esta coisa com ela não seria um pouco de
diversão na cama e talvez uma pequena aventura juntos fora
dela. Isso seria outra coisa, inteiramente.
Ela foi capaz de passar por algum tipo de medo, algum
tipo de nervoso, e ela me tocou de volta, caiu sobre mim.
Essa foi a minha segunda realização. Por causa desse
boquete, sentia-me melhor do que qualquer outra coisa
antes. Algo em seu toque foi além do simples prazer físico.
Não era algo que eu pudesse realmente colocar em palavras.
Era apenas... melhor... de alguma forma.
Então ela fez... isso.
O jeito que ela se agarrava a mim, a maneira como ela
me pediu que eu desse mais a ela, implorando por mais, a
maneira como ela me olhou, as coisas que ela disse, o
completo abandono que vi nela. Ela se comprometeu
totalmente comigo. E então ela foi para mais, passou por seu
próprio prazer para tirar mais de mim, para me levar a um
lugar que não pensei possível. Foi uma libertação total, um
desapego de tudo, para nós dois. E essa foi a minha terceira
realização.
Eu sabia, mesmo que estivesse com ela a menos de uma
semana, eu nunca mais iria querer outra mulher novamente.
Perdido em meus pensamentos, perdi a noção do que
estava acontecendo ou onde eu estava, mas Lola me trouxe
de volta. Eu estava endurecendo novamente, e a sensação
arrancou-me fora de meus pensamentos e de volta ao
presente, à terra. A ela.
Ela me fez ficar ereto em tempo recorde, alguns minutos
escassos, quinze no máximo — e ela não estava sequer com
pressa. Ainda encolhida contra mim, ela parecia totalmente
satisfeita, como ela disse, apenas em brincar comigo.
Era tão insuportavelmente erótico, olhando para baixo,
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observando-a brincar com meu pênis, carícias ociosas,


carícias preguiçosas, torcendo o punho ao redor da cabeça,
traçando as veias ao longo dos lados com suas pontas dos
dedos – merda isso fazia cócegas. Ela raramente repetia o
mesmo tipo de toque duas vezes seguidas, o que era
enlouquecedor e incrível.
O tempo parou.
Sério, eu não tinha ideia de quanto tempo ela estava
contente em brincar com meu pau, acariciando e esfregando,
nunca definindo um padrão, nunca realmente tentando me
levar para a conclusão.
Era totalmente enlouquecedor.
Era bonito.
Era frustrante.
Era tão erótico que eu não podia lidar com isso, mas vez
após vez eu mordi minha língua e me segurei, me obriguei a
apenas assistir, apenas deixá-la fazer o que ela queria,
enquanto ela quisesse.
A dor cresceu.
E cresceu.
Tornou-se um pulsar em minhas bolas, uma tensão em
minha barriga, eventualmente tornando difícil respirar,
impossível segurar. Cada toque me tinha contraindo, girando,
empurrando em sua mão, mas ela me ignorou e apenas
manteve seu toque impossível de prever.
— Você tem um pênis tão bonito, Thresh – ela
murmurou, depois de longos, incontáveis minutos de silêncio.
— Obrigado?
— Seria estranho se eu lhe dissesse que amo o seu pau?
— Não mais estranho do que se eu dissesse que eu amo
seus peitos. E sua boceta. — Eu belisquei seu mamilo, e
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então encostei em seu quadril. — E sua bunda.


Ela sorriu para mim, segurando meu pau firmemente na
base.
— Então... não é estranho?
Eu balancei a cabeça.
— De modo nenhum.
— Bom, porque maldição, Thresh, eu amo seu pau. É a
coisa mais perfeita que já vi. Sinto-me tão sortuda por estar
aqui, com você, conseguindo tocar você assim. — Ela
encontrou meus olhos, curiosa. — Tem certeza de que não
estou brincando com você?
— Oh, você está me provocando, tudo bem.
Ela deslizou seu punho até meu comprimento sem olhar
para longe de mim, então acariciou de volta para baixo.
— Você sabe que eu não vou deixar você pendurado,
certo?
Eu balancei a cabeça.
— Claro. Além disso, mesmo se você me deixasse
pendurado, apenas sentir seu toque é prazer suficiente, Lola.
De verdade, eu sou o sortudo aqui. Você, nua, em meus
braços, me tocando? Eu não acho que poderia ficar melhor.
Ela sorriu para mim, aquele sorriso pequeno, secreto e
íntimo que eu passei a desejar.
— Você não acha, hmmm?
— Vai provar que estou errado? — Eu perguntei.
— Tão errado. — Ela agarrou meu eixo com as duas
mãos e acariciou-me lentamente. — Muito, muito errado. Eu
posso fazer isso, muito melhor.
Eu me esforcei para soar casual.
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— Oh sim? Como?
Ela segurou sua mão até minha boca.
— Cuspa.
Eu cuspi em sua mão, e então ela colocou a mão dela
em sua própria boca e seu cuspe juntou o meu, e então
untou tudo em meu pau, esfregando-o sobre a cabeça e
espalhando-o para baixo, usando as duas mãos agora,
Merda, ela não estava brincando. Ficou melhor. Muito
melhor. Eu fechei meus olhos e simplesmente me joguei na
sensação, suas mãos deslizando para cima e para baixo do
meu comprimento liso, seus punhos apertados juntos e
deslizando em uníssono, da raiz a ponta e de volta para
baixo, tão lentamente, agonizantemente lento, e quando eu
finalmente abri os meus olhos, ela estava sorrindo para mim,
satisfeita consigo mesma.
— Melhor?
— Deus, sim. Isso é incrível, Lola.
Ela rolou sobre suas costas, puxando-me de joelhos,
escarranchando-se, olhando para mim com aqueles olhos
castanhos tão cheios de emoção, tão cheios de desejo, tão
cheios de afeto e...
Eu ainda não estava pronto para ir lá, mas estava
presente. Eu vi isso.
Eu senti...
Amei.
A maneira como ela me tocou disse tudo.
Ela continuou as lentas carícias do meu comprimento,
para cima e para baixo, para cima e para baixo,
tortuosamente lento. E então ela puxou meu pau para baixo e
me encaixou entre seus peitos, esmagou-os juntos ao meu
redor, e eu não pude evitar de empurrar entre eles, sentindo
a suavidade deles ao meu redor, e como eu empurrei, ela
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lambeu minha ponta, balançando sua língua contra mim.


Ela olha para mim. — Eu vou fazer você gozar, agora. —
Ela acariciou meu comprimento mais rápido, ambas as mãos,
deslizando e deslizando. — Mas você tem que me prometer
uma coisa.
— O que é isso, querida?
— Nunca segure, nunca mais. Do jeito que você estava
no final? Isso é o que eu quero o tempo todo. Deixa-me louca,
Thresh. Faça o que quiser. Me tome, no entanto, onde quer
que seja, sempre que quiser.
— E se eu quiser puxar seu cabelo quando eu a foder
por trás? E se eu quiser espancar essa bunda suculenta até
que ela esteja vermelha?
Ela gemeu.
— Você está prometendo?
Minha vez de gemer.
— Porra suas mãos, Lola, como é que suas mãos são tão
boas?
Ela estava manuseando meu comprimento mão sobre
mão, adicionando mais saliva de vez em quando, me
mantendo liso e quente em suas mãos, e então, quando eu fiz
essa pergunta, ela começou a bombear meu comprimento,
raiz para ponta, cada vez mais rápido.
— Prometa-me, Thresh.
— Eu prometo.
— Prometo o quê? Diga? Prometa-me tudo o que você
vai fazer.
— Eu não vou me segurar. Eu vou lhe dar tudo o que
tenho, sempre.
Mais rápido, mais rápido, ambas as mãos ainda,
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deslizando todo o meu comprimento tão rápido que suas


mãos eram um borrão e eu senti meu orgasmo aumentando.
Eu não podia evitar foder com as suas mãos, não pude deixar
de grunhir.
— Foda-se, Thresh, seja o animal, foda as minhas
mãos, me dê seu gozo. — Ela olhou para mim, as palavras
sujas em seus lábios, mamas enormes e pesadas, bonitas e
escuras. — Goze para mim, querido, agora mesmo.
Ela soltou uma mão, usou-a para cobrir minhas bolas e
pressionar um dedo embaixo, para massagear minha
mancha, e até se aproximou mais da minha bunda,
pressionando seu dedo lá. Eu assobiei e empurrei em seu
punho. Uma mão me empurrando com uma velocidade
ardente, nosso cuspe me lubrificando de modo que seu
punho deslizou liso e fácil para cima e para baixo de meu
comprimento, rolando seu dedo contra mim lá atrás,
massageando minhas bolas, olhando para mim com aqueles
olhos, Deus, era muito, muito. Eu estava perdido, e fui
embora.
— Me prometa que você vai me espancar e me foder por
trás. Prometa-me que você vai puxar meu cabelo e foder
minha boca e botar o dedo em minha bunda.
— Tudo isso e muito mais.
— Promete-me que você vai fazer amor comigo, lento e
suave?
Era difícil falar, a maneira como ela estava me tocando,
me trazendo cada vez mais perto, sua mão era um borrão ao
longo de meu comprimento.
— Prometo... tão suave, tão doce, tão lento. Eu vou lhe
amar a noite toda, até o amanhecer. O dia todo.
— Me prometa que vai me foder tanto que eu não vou
conseguir respirar? Me prometa que vai me foder tanto que
não vou poder andar no dia seguinte?
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— Oh, porra, Lola, Deus, eu...


— O quê, Thresh? Conte-me.
— Estou tão perto. Estou muito perto, porra.
Ela diminuiu a velocidade, então.
— Quão perto?
Eu moí em seu punho, gemi enquanto ela torcia o seu
punho em torno de mim, correu os dedos sobre a minha
ponta enquanto voltava para baixo, voltando para os cursos
lentos e deliberados.
–Porra...
— Você quer isso duro ou lento, Thresh? Diga-me o que
você quer e eu vou dar a você.
Eu engasguei, os quadris girando para frente e para
trás, fodendo sua mão, arqueando e curvando-me.
— Isso... isso, não pare, Lola, assim.
Ela manteve os movimentos de deslizar lentamente
torcendo, não se apressando, mesmo que eu ficasse cada vez
mais desesperado.
E então ele estava rugindo através de mim, o sangue
correndo em meus ouvidos, o coração martelando, a pele
formigando, as bolas apertando, o pau pulsando, enquanto
meu orgasmo rasgava através de mim, tão duro e tão rápido
que eu não tive tempo para avisá-la.
Ela gemeu quando eu gozei, ainda indo devagar,
manchando meu gozo sobre o meu pau e esfregando seu
polegar sobre a ponta entre os jorros. — Deus, sim, querido,
assim. Tão lindo, Thresh, você é tão sordidamente lindo
quando goza, seu grande homem perfeito. Dê para mim,
deixe-me sentir você gozar em meus seios.
Eu abri meus olhos e a assisti acariciar meu pau com
carícias lentas e amorosas, assisti meu gozo disparar de mim
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e acertar sua pele, branco contra sua carne escura, e ela


apenas continuou acariciando-me e eu gozei repetidas vezes,
até que o meu gozo era uma piscina branca em seus seios,
escorregando abaixo em seus mamilos e entre seus seios e
escorrendo para baixo das encostas interiores, e quando eu
acabei de gozar ela ainda estava acariciando-me, até que eu
caí fora dela e para as minhas costas, estremecendo...
E foi então que ela se inclinou sobre mim e tomou meu
comprimento ainda duro na boca e sugou, então lambeu o
lado, me encaixou lateralmente em sua boca e lambeu, então
me sugou em sua boca novamente, sugando mais algumas
gotas de mim.. E me fazendo tremer e tremer, até que minha
coluna deixou a plataforma e fiquei paralisado por isso, sem
fôlego e tremendo.
— Jesus, Lola, — eu ofeguei. — Jesus.
Ela olhou para mim, levantou a mão para observar o
meu gozo pingando através de seus dedos. Ela o lambeu.
Eu não conseguia me mexer por alguns momentos,
incapaz de fazer nada além de lutar por respirar e me
maravilhar com o que Lola acabara de fazer por mim.
— Isso foi... — Eu tentei me sentar, e falhei, voltei a cair.
— Porra, Lola. Só... foda.
Ela se enrolou no canto protetor do meu braço, com um
sorriso satisfeito em seu belo rosto.
— Então?
— Eu nunca vou olhar para um trabalho de mão da
mesma maneira, nunca mais. — Eu inclinei meu braço sobre
seu ombro, através de seus seios, enfiando meus dedos nos
dela. — Ou estas mãos.
Ela enfiou o rosto no meu pescoço de novo, um gesto
tímido, mas vertiginoso, que eu estava chegando rapidamente
a amar.
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Merda, eu só pensei nisso?


Talvez eu ainda estivesse negando um pouco os meus
sentimentos.
Compreensível, porém, certo? Foi menos de uma
semana. Como isso era possível? Eu sempre revirava os olhos
para como as coisas aconteciam rapidamente nos livros que li
em segredo. Pssshhh, certo. Ninguém se apaixona tão rápido.
Suponho que estava errado, hein?
— Diga-me o que você está pensando agora, sem
hesitação, sem besteira. — Ela estava olhando para mim, eu
percebi, examinando-me de perto, tentando ler meus
pensamentos.
Eu soltei um suspiro nervoso, forçando meus
pensamentos divagantes em palavras.
— Eu estava pensando sobre como eu adoro quando
você coloca o seu rosto no meu pescoço assim, toda tímida e
feliz ao mesmo tempo — e então eu percebi que eu pensei em
voz alta em minha própria cabeça - se você sabe o que eu
quero dizer, eu amei isso, e isso me assustou, como, um
monte. Porque eu conheço você há menos de uma semana, e
é loucura pensar nisso, pensar que eu poderia sentir isso. —
Eu pisquei na escuridão, nervos e até medo disparando
através de mim, de uma forma que nem sequer sentia
durante um tiroteio. — Isso é... isso é o que eu estava
pensando.
Ela beijou minha mandíbula, entre o queixo e a orelha.
— É uma loucura. É totalmente louco.
Eu ri.
— Obrigado?
Ela riu comigo.
— Não, quero dizer, é loucura, porque eu estava
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pensando a mesma coisa. Ou... similar, pelo menos. Eu


estava pensando o quanto eu amo isso aqui, com você. Como
você me faz sentir mais viva e mais... mais como a minha
velha eu, exceto que ainda melhor. Eu não tenho mais medo.
Eu tenho-me de volta, minha sexualidade de volta. E tenho
que lhe agradecer por isso. Você acabou de apagar todas as
minhas preocupações, e nem sei como o fez, nem como o fez
parecer tão fácil e sem esforço.
Ela fez uma pausa para beijar minha mandíbula de
novo, então a minha bochecha, logo abaixo do meu olho, e
isso fez tudo dentro de mim apenas... torcer, e tremer, da
maneira que ela me beijou assim.
— Eu não quero voltar para isso.
— Você não precisa, — eu disse.
Ela suspirou.
— Mas não podemos ficar aqui fora para sempre. Papai
vai querer a sua fale de volta, por um lado, e há pessoas lá
fora nos caçando, e seus amigos, por outro. Nós dois temos
empregos. Não podemos nos esconder nos Everglades para
sempre.
— Vamos descobrir algo.
— Nós vamos? Eu entrei nisto não esperando nada de
você. Eu sabia que nós tínhamos química sexual, e eu
realmente estava esperando que você fosse capaz de me
ajudar a passar o meu fodido episódio psicológico de corte
sexual, mas eu não estava esperando mais do que isso.
— Nós já conversamos sobre isso, Lola. — Eu me movi
para que ela estivesse deitada no meu peito, então eu poderia
olhar em seus olhos. — Eu não sei como as coisas vão
funcionar, mas vamos descobrir. Isso não era apenas sexo,
Lola, e nós dois sabemos disso. Está tudo acontecendo
loucamente rápido, mas eu nunca recuei de um desafio em
minha vida e não estou prestes a fazê-lo agora. Eu não sei
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como será a nossa coisa, mas eu não tenho problema em não


rotular se isso facilitar as coisas para nós dois.
Ela acariciou-me.
— Eu acho que estou assustada por como isso ficou tão
intenso tão rápido.
— Você e eu, querida, é isso que estou dizendo. Mas
parece certo, no entanto.
Um aceno de cabeça.
— Isso parece. — Ela deixou o silêncio pendurar por um
tempo, e então ela se sentou. — Hora do banho.
Eu dei a ela um olhar interrogativo.
— Há um banheiro por aqui?
Ela sorriu.
— Tipo assim. — De pé, ela pegou minha mão e puxou
até que eu me levantei. — Vamos, eu vou lhe mostrar.
Lola me levou pela mão pela floresta de mangue, ambos
ainda nus. A lua estava brilhante sobre a cabeça, filtrando
através dos ramos em brilhos de prata. Eu perdi o controle de
onde estávamos, mas Lola parecia saber exatamente onde ela
estava indo.
Eventualmente, nós encontramos um córrego de
tamanho decente percorrendo a floresta, e Lola seguiu isso
por um tempo, até que o chão inclinou para baixo em direção
a uma clareira, onde mergulhou sobre uma beira abrupta em
direção a uma piscina. No começo, eu pensei que estava
vendo uma cachoeira natural com um lago no fundo, mas
então eu olhei mais de perto e percebi que isso era mais do
trabalho inteligente de Tai. A encosta da terra era natural,
mas Tai esculpiu parte da encosta e construiu uma parede de
rocha, e depois cavou uma piscina de cerca de dez metros de
diâmetro e provavelmente um metro e meio ou mais de
profundidade. Ao lado da piscina, em frente à pequena
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cachoeira, Tai permitiu que o ribeirão continuasse pela


floresta em direção ao resto da via fluvial. O fluxo constante
de água mantinha a piscina fresca e limpa, e mesmo que Tai
criou artificialmente a cachoeira e a piscina, ele o fez de tal
forma que parecia totalmente natural. Mais importante ainda,
porque ele também limpou e afastou os arbustos em torno da
piscina, ele não deixou nenhum esconderijo para cobras. Eu
sabia o suficiente sobre os Everglades para saber que a
algodão, também conhecida como mocassins de água, era um
problema, uma das principais razões para nunca entrar na
água nos Glades, especialmente à noite, quando as cobras
noturnas e predatórias estavam mais ativas.
Eu sorri para Lola.
— Deixe-me adivinhar, outro projeto de verão?
Ela fingiu um olhar dramático.
— Na verdade, fizemos isso durante as férias de Natal.
— Um riso. — Eu não me queixei de fazer este projeto, porque
até nós criarmos este nós tínhamos que tomar banhos pela
maneira dura, carregando baldes de água através da ilha à
mão, aquecendo-os, e despejando na banheira minúscula,
que na verdade era apenas um tanque de rega de gado. Era
uma dor super difícil na bunda, e eu entendo perfeitamente
por que as pessoas nos velhos tempos não tomavam banho
muito frequentemente, se essa era a única maneira de fazê-
lo.
Eu a olhei com respeito renovado.
— Então você realmente cresceu aqui, não foi?
Ela assentiu.
— Eu passei metade da minha vida aqui, sem
encanamento, sem eletricidade. Merda, não havia sequer
paredes. Eu posso caçar, pescar com um arco e flecha, posso
dizer-lhe quais plantas são comestíveis, e eu sei como tratar
uma mordida de cobra. Quando eu voltava para o primeiro
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dia de escola, passava por um choque cultural de novo.


Concordei e apontei a piscina com a cabeça.
— Então não há cobras aqui, certo?
— É por isso que a construímos, para um banho livre de
cobras.
Ela escolheu ir descendo a colina para o lado da piscina,
sentou-se na beira, e então deslizou dentro da água que era
profunda o suficiente para cobrir seus seios, o que significava
que provavelmente iria bater-me na altura da cintura, talvez
um pouco mais. Eu deslizei depois dela, agradavelmente
surpreso ao encontrar a água fresca o suficiente para ser
refrescante, mas não frio o suficiente para fazer minhas bolas
retraírem.
Há momentos na vida que você apenas sabe que nunca
esquecerá. Eventos que se queimam em sua mente, bom ou
ruim, e você está ciente, mesmo que esteja acontecendo, que
você sempre será capaz de lembrar todos os detalhes com
clareza perfeita, enquanto você viver.
Eu não tenho muitos, e a maioria deles não são... os
mais agradáveis.
Mas esse momento com Lola na piscina da cachoeira era
um daqueles momentos que foram instantaneamente
queimados em minha alma. Este era mais brilhante, mais
claro, mais nítido, mais profundo, e era um que eu nunca iria
querer esquecer, mesmo se eu pudesse.
A cena era uma montagem de tantas imagens que
prendiam: Lola, iluminada pela lua prateada, seus seios não
completamente cobertos pela água, sua pele brilhando em
caramelo escuro, parecendo doce o suficiente para comer. A
queda da água, a forma como salpicava e espalhava
ondulações através da piscina. A forma como Lola se
agachava debaixo da água, seus cabelos se espalhando pela
superfície como um spray de tinta. Ela encontrando minhas
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pernas sob a água, subindo meu corpo, emergindo, molhada,


gotejando, deslumbrante, seus braços em volta do meu
pescoço para me puxar para um beijo. O gosto de sua boca, o
deslizamento molhado de sua pele lisa sob minhas mãos.
Cada momento desse tempo na piscina está
permanentemente queimado em minha memória.
Tai construiu uma pequena prateleira na parede de
pedra atrás da cachoeira, e havia uma barra de sabão e duas
pequenas garrafas de xampu e condicionador. Ficamos
debaixo da água e lavamos um ao outro, o que se
transformou em mais beijos, que se transformaram em Lola
contra a parede da rocha, levando-me dentro dela, nua, lisa,
macia, molhada e quente, contorcendo-se contra mim através
de seu orgasmo, Em seguida, deslizando para fora dela,
quando ela me satisfez com as mãos, o meu gozo manchando
contra sua pele e em suas mãos e barriga, lavado pelo spray
de água.
O que significava lavar de novo, mas você nunca vai me
pegar reclamando de uma desculpa para colocar minhas
mãos na pele de Lola.
Eventualmente, tivemos que sair, e ainda estava quente
o suficiente para que pelo tempo que chegamos ao fale,
estávamos ambos secos.
Abaixamos a rede mosquiteira que Tai instalou ao redor
do interior do fale, e deitamos no ninho de lençóis e
travesseiros no centro da plataforma. Lola se aconchegou
contra mim, sua espinha em minha frente, em conchinha,
puxando minha mão apertada em seu peito. E, pela primeira
vez na minha vida, eu estava completamente em paz.
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Capítulo 14

Companhia
Eu não tinha certeza do que me acordou no início.
Thresh era uma enorme presença quente atrás de mim,
sua mão moldada caída sobre mim, com seus dedos
apertando meu peito. Apesar de ter dado a ele quatro
orgasmos, seu pênis estava ereto novamente e apertado
firmemente entre os globos da minha bunda. Eu dormi por
alguns momentos, contemplando ociosamente que se as
coisas continuassem assim com Thresh, eu precisaria
começar a controlar a natalidade, porque eu finalmente
encontrei um homem tão sexualmente insaciável quanto eu.
Pensei em como poderia acordá-lo, esfregar minha
bunda contra ele, ver se conseguia fazê-lo gozar antes que ele
mesmo acordasse.
Mas então alguma coisa me abalou.
O que foi isso?
Algo me acordou.
Pisquei, abrindo os olhos, focalizando meus sentidos. O
fogo se apagou, uma fina trilha de fumaça escorria para o céu
no escuro cinza do amanhecer.
Então me atingiu: os pássaros estavam em silêncio, as
rãs se acalmaram. Por aqui, nunca foi silencioso.
Então eu ouvi: o baixo zumbido de um motor de popa.
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Perto, e se aproximando.
Papai nunca usaria um barco a motor e, por fim eu
sabia, Filipo ainda estava com ele.
Eu rolei em minhas costas, sacudi o ombro de Thresh.
— Thresh, — eu assobiei. — Acorde.
Ele piscou duas vezes, e deve ter visto algo no meu
rosto. Ele bateu duas vezes na orelha, então se inclinou para
mim.
— Motor de popa, — eu sussurrei. — Definitivamente
não é papai, e se é Filipo, há algo errado. Ele nunca viria tão
cedo, e isso assumindo que ele voltou para casa. Quem quer
que seja, eles estão muito próximos.
Thresh assentiu, se levantou e se agachou ao meu lado.
— Fique aqui.
Ele vestiu-se rapidamente, entrando em sua calça jeans
— havia um pequeno coldre preso à parte de trás do seu
jeans, com a ponta de sua pequena pistola saindo dele e a
bainha de sua enorme adaga pendurada no cinto à sua
direita, no quadril. Ele puxou sua camisa, em seguida,
colocou as suas meias e botas de combate. Abaixou-se sob a
rede de mosquitos, revistou sua mochila e pegou uma pistola
maior, dois clipes extras de diferentes tamanhos que ele
enfiou em cada bolso do quadril para mantê-los separados.
Olhei enquanto ele verificava as cargas de cada pistola e, em
seguida, substituía a de suas costas, sua pistola original, e
manteve na mão a que eu assumi que ele pegou de um dos
vilões que ele derrubou.
Até agora o zumbido do motor de popa estava ficando
mais alto, significando que o barco estava se aproximando
deste lugar.
Thresh estava de volta à plataforma.
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— Mudança de planos, querida. Vista-se e fique comigo.


Eu estava vestida em um flash, e quando eu deixei o fale
para ficar ao lado de Thresh, ele me entregou a arma menor.
— Sabe como usar isso? — Ele perguntou.
— Aponto para o cara mau e puxo o gatilho? — Eu
brinquei.
Ele encolheu os ombros.
— Essencialmente. Não empurre o gatilho, porém,
esprema-o suavemente, e tente não antecipar o estrondo. Use
as duas mãos, assim... — Ele ajustou minhas mãos para que
uma das mãos estivesse segurando o cabo, o dedo ao longo
do protetor do gatilho, a outra enrolada na frente dessa mão
para segurá-la. — E não atire até que você tenha certeza de
seu alvo. Poderia ser seu pai, ou Filipo, ou eu, se nos
separarmos. Mas se não é um de nós, e se essa pessoa tem
uma arma, não hesite, basta atirar. Não importa o que eles
digam. 'Nós só queremos conversar, não vamos machucá-la,
nós só queremos o Thresh,' não importa. Eles estão
mentindo. Acredite, e não hesite. Aponte para a massa do
centro, e mantenha disparando até que a pessoa bata no
chão.
— E se forem seus amigos?
— Não são. Eles sabem exatamente onde estamos, e eles
vão se aproximar por helicóptero.
Ouvimos um pau quebrando atrás de nós e Thresh
reagiu instantaneamente, girando para se colocar na minha
frente, a pistola balançando para cima. Eu não me incomodei
em reagir, porque eu cresci com o papai. Ele era um
fantasma na floresta, totalmente silencioso em todas as
circunstâncias. Então, se ele quebrou um galho, foi de
propósito, e como o som do motor ainda estava longe, eu
sabia que era ele.
Ele saiu das árvores, com a kukri na mão, sinalizando
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para o silêncio. Thresh saiu da postura agressiva e se moveu


em direção a papai.
— Sabe alguma coisa sobre aquele barco? — perguntou
Thresh num murmúrio.
Papai balançou a cabeça.
— Só que não são amigos. Filipo saiu ontem à noite, e
esse não é o seu barco. Conheço esse som; tem um tic na
rotação. Quem quer que eles sejam, eles estão se dirigindo
firmemente dessa maneira por um tempo, mas não
diretamente.
— Alguma hipótese segura?
Papai considerou.
— Eu acho que seus problemas encontraram Filipo e
eles o estão fazendo mostrar-lhes o caminho para cá. Mas ele
é muito esperto para isso e, a menos que você conheça esta
área, você pode circular para sempre e não encontrar a
entrada certa. Ele está nos avisando.
Thresh assentiu com a cabeça.
— Faz sentido. — Ele gesticulou para a kukri do papai.
— Você já usou algo assim em uma pessoa?
Outra sacudida da cabeça do papai.
— Não. Mas eu vou, para proteger minha filha e minha
casa, embora eu não tenha nenhum desejo de fazê-lo.
— Vou tentar mantê-lo assim, então. Tem um lugar
onde você pode se esconder com ela? — Ele me indicou.
— Eu vou ficar com você, Thresh, — eu protestei.
Thresh apertou suas mandíbulas juntas.
— Não tenho tempo para discussões, querida. Vou para
a ofensiva, e eu posso fazer isso mais rápido e mais eficaz se
eu souber que você está escondida. Você tem a arma, use-a
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se necessário. Você me ouve assobiar assim, — ele soltou um


assobio baixo, simples, de três tons, — e você saberá que sou
eu, está claro. Você me ouve chamar para você sair, em vez
de assobiar, você fica. Entendeu?
Eu assenti, agora me sentindo nervosa.
— Por que...
O som do motor era alto o suficiente agora que eu sabia
que eles estavam perto da entrada que iria trazê-los aqui. Eu
conhecia Filipo o suficiente para saber que ele atrasaria as
coisas o máximo que pudesse, mas também sabia que papai
não iria querer que ele arriscasse sua vida para proteger este
acampamento. Ele acabaria trazendo-os aqui, e parecia que
isso estava acontecendo em breve.
Fechei os dentes sobre a minha pergunta.
— Vá. Nós ficaremos bem.
Papai me puxou para longe, e eu sabia para onde
estávamos indo: um bosque de árvores no centro da ilha, tão
denso e grosso que você mal podia se espremer entre as
árvores, e no centro do bosque havia uma pequena mas
profunda piscina, o suficiente para que você pudesse
levantar-se nele e apenas o nariz e os olhos apareceriam por
cima da água.
Voltei-me para Thresh, e o homem com quem estive
desapareceu. Oh, ele ainda estava lá fisicamente, na clareira
da fale. Mas não era Thresh, o homem que me beijou, me
tocou, me amou.
Era a versão do homem que balançou uma faca uma
vez, e matou um homem. Esse Thresh de alguma forma
parecia maior, mais duro, mais nítido. Sua postura era
diferente, a forma como ele girou a cabeça para examinar a
clareira, a luz branca, fria, calculadora em seus olhos... ele
era o predador, o assassino.
A última coisa que vi ele fazer foi colocar a pistola atrás
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das costas e retirar a faca, testando a ponta da lâmina com o


polegar, observando como papai me levou pela floresta e para
fora da vista.
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Capítulo 15

Emboscada
Assim que Tai mandou Lola se mover em direção a
qualquer lugar escondido que ele tinha em mente, eu rastejei
para fora da clareira de volta para onde a canoa de um
homem estava amarrada, a paopao. A lancha que nós
chegamos foi embora, e eu me perguntava quando Filipo
estaria aqui para pegá-lo, e se ele ouviu qualquer coisa...
Eu desliguei essa linha de pensamento, forte. Sem
tempo ou espaço para isso.
Sou grande demais para me esconder, a maior parte do
tempo, mas essa floresta era suficientemente grossa para que
eu pudesse ir até o lado da enseada, onde ficaria fora de
vista, a menos que soubessem onde procurar por mim. A
alvorada ainda não estava completamente quebrada, o que
significava que certas partes da floresta ainda estavam
sombreadas, a entrada ainda estava escura. Eu encontrei um
ponto onde eu pudesse ver a água e me estabelecer para
esperar.
Depois de quinze minutos ou mais, eu ouvi o patinhar
de água, vi as ondulações se espalhando à frente, e lá estava
a lancha, com o motor parado, Filipo empurrando
lentamente. Ele estava varrendo os bancos, eu podia ver,
procurando por mim. Levantei-me só um pouco, e os olhos de
Filipo pararam em mim, só por uma fração de segundo, mas
o suficiente para que eu soubesse que ele me viu. Ele
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balançou a cabeça quase imperceptivelmente.


Havia três homens no barco com ele, cada um
carregando uma metralhadora subcompacta, UMP-45s,
parecia, além de braços laterais.
Isso tornava as coisas complicadas. Três homens, todos
mais armados do que eu, com a vida de Filipo em equilíbrio.
Não é uma situação onde eu poderia apenas começar a atirar
e esperar o melhor.
Eu esperei até que Filipo tivesse encalhado o barco,
permanecido a posto, enquanto os três homens saltaram para
fora primeiramente, olhando para cobrir a área, fazendo uma
varredura para ameaças imediatas; eles sabiam que eu
estava aqui. Quando estavam confiantes que a área era clara,
um deles gesticulou para Filipo.
— Onde estão eles? — Perguntou.
Filipo encolheu os ombros, gesticulando para onde
estava o acampamento.
— Por aí, eu acho. Eles provavelmente nos ouviram
chegar, então eles poderiam estar em qualquer lugar. Eu lhe
disse, eu lhe trago aqui, mas eu não posso fazê-los ficar
quietos para você.
O homem que falou bateu o tambor de sua subcompacta
no peito de Filipo.
— É melhor você achá-los, ou eu mato você.
Filipo deve ter bolas de aço, porque ele apenas riu.
— Continue. Você nunca vai encontrar a sua saída.
Você vai ser isca de crocodilo e jacaré em poucos dias. Isso é
se esse alelo assustador e grande não o encontrar primeiro.
Você será isca de jacaré mais cedo, se ele encontrar você.
— Onde? — Isto foi rosnado, com outro golpe vicioso do
cano da arma.
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— Ufa! — Filipo disse com os dentes cerrados, e


cambaleou para trás sob o golpe, esfregando seu peito. Fez
um gesto para a trilha estreita que atravessava a floresta. –
Por ali, susu poki. Eu posso lhe ajudar melhor, mesmo se
você me bater.
Dois deles voaram pela trilha e desapareceram, com
armas levantadas, rastejando lentamente. Esses caras
tinham treinamento, julgando pela forma como eles
seguravam suas subcompactas e agachavam, um assistindo
a frente, o outro cobrindo a retaguarda. O terceiro ficou para
trás, mantendo Filipo coberto, então ele não iria sair com o
barco e sua única saída fora daqui, eu adivinhei.
Hora de fazer um movimento.
Havia uma vara debaixo dos pés, que eu joguei na água.
No respingo, o guarda girou em direção ao som, agachando-
se, nivelando a metralhadora com ambas as mãos, deixando
Filipo para trás.
Eu rastejei tão silenciosamente quanto eu poderia fora
de cobertura e, considerando meu tamanho e volume, eu
tendia a surpreender as pessoas por quão silencioso eu posso
ser se necessário. Isso só requer intenso foco e cuidado, cada
passo medido e lento. Enlouquecer, quando o tempo é a
essência. Como agora, com o guarda assistindo a água,
esperando um assalto, provavelmente.
Claro, eu sei, é o truque mais antigo do livro, jogar uma
vara para distrair o guarda deixado para trás, mas há uma
razão para isso ser comum em livros e filmes: isso realmente
funciona. O cara deixado para trás está sempre em alerta
máximo, especialmente se for deixado para trás com um
prisioneiro, e ele estará ainda mais no limite se ele souber
que uma ameaça mortal está lá fora.
Como eu, naquele momento.
Eu escorreguei pelo chão da floresta, a faca para fora,
indo por trás do guarda. Filipo pegou meu movimento pelo
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canto do olho e, quando me viu, sorriu. Eu apliquei minha


mão e pressionei minha palma para o chão, um gesto que
Filipo, sendo ex-militar, reconheceu como um comando para
abaixar no convés. Ele abaixou, e com agilidade, achatando-
se ao lado da canoa, onde havia menos uma chance para um
círculo de tiros bater nele. O velho não era um manequim.
Eu estava perto de dois metros do guarda quando ele
dispensou o ruído como incidental, provavelmente pensando
que era um animal ou algo. Ele girou, soprando meu plano
para matá-lo em silêncio. Assim que ele me viu, ele apertou
uma rajada de quatro tiros, que, se eu não fosse tão bom
quanto eu era, teria me rasgado ao meio. Como era, eu mal
consegui pular para o lado assim que eu vi ele se mover. As
balas passaram por mim, e então eu estava me lançando
para frente, o punho segurando a lâmina, cortando a ponta
para cima, puxando seu intestino. Nenhuma finesse,
nenhuma técnica, apenas a intenção de ferir o máximo
possível, o mais rápido possível. A lâmina entrou, eu me
retraí, mergulhei novamente, girei para o lado e arrastei a
lâmina ao longo de seu pulso interno, cortando os tendões e
comprometendo imediatamente seu aperto na metralhadora.
Ele a deixou cair, cambaleando para trás, segurando seu
intestino, e eu bati novamente, outra batida para cima, esta
foi inclinada para subir sob sua caixa torácica para bater em
seu coração. Eu bati meu alvo, e ele piscou duas vezes,
ofegante, e caiu no chão. Ele estaria morto em alguns
segundos. Peguei sua UMP, procurei por balas extras e enfiei-
as no meu bolso traseiro.
Olhei para Filipo.
— Saia daqui.
Ele se levantou e me olhou com desdém.
— Kissi la'u muli, kefe. Esse é o meu melhor amigo e
minha afilhada lá fora. — Ele foi até seu barco, alcançou
debaixo do assento pelo motor de popa e liberou uma
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espingarda serrada de sob o assento. — Nunca tive uma boa


chance de usá-la.
— Esses caras não são de brincadeiras, — eu avisei.
— É bom que eu não esteja brincando, então? — Ele
sacudiu a cabeça para a trilha. — Eles ouviram isso, eu acho.
Melhor sair do caminho.
Eu hesitei.
— Como eles encontraram você?
Filipo encolheu os ombros.
— Aquele jipe que você deixou, todo liso e novo. Acho
que foi, de alguma forma. Chutaram na minha porta, cedo.
Não sou nenhum tolo, então eu joguei ao longo, esperando
que você pudesse encontrar alguma maneira de aumentar as
chances ainda mais, sabe o que quero dizer?
— Lamento que você tenha se envolvido, Filipo.
Outro encolher de ombros.
— Sim, bem, nada mais a fazer senão o que temos que
fazer, hein?
— Acho que sim, — eu disse.
Eu me derreti na floresta, guardando minha faca agora
que o elemento de surpresa desapareceu. Usar uma UMP
com uma mão não era a minha noção de ideal, mas era uma
visão muito melhor do que uma 9 mm, então eu fui com isso.
Avançamos paralelamente a trilha, chegamos ao
acampamento, mas os outros dois não eram vistos. Ouvi
vozes, porém, duas delas, falando em voz baixa em uma
língua estrangeira. Eles estavam à frente, em torno de uma
curva, que eu percebi, à luz do dia, que levava à cachoeira.
Nós deixamos a floresta, indo atrás das vozes.
Eu nunca vi isso acontecer.
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Num segundo a trilha estava vazia, no próximo não


estava. Eles varreram para fora de qualquer lado da trilha,
com UMPs explodindo.
De vez em quando, tenho um momento de pura e
inexplicável sorte. Ou talvez seja o destino, ou Deus ou quem
quer que seja, dizendo que o meu tempo aqui não está
terminado. Esses momentos de sorte nunca são livres. A
sorte me levou, então. Eu senti as rodadas estalarem e
zumbirem passando minha bochecha, senti um arrancar de
algodão da minha camisa, senti uma outra marca no denim
do meu jeans.
Eles estavam a menos de 50 metros de distância, bem
dentro do alcance efetivo de um UMP-45, especialmente se o
atirador tem treinamento. Deveriam ter me acertado. Eu
deveria ter morrido.
Por alguma razão, não me acertaram. Eu nem sequer
tive tempo para apontar ou esquivar, eles apenas... erraram.
Filipo não teve a minha sorte.
Ele levou três rodadas no peito, smack, um baque
molhado batendo músculo e osso. Filipo ficou em pé,
empinou a espingarda, bateu um de volta com uma explosão,
rasgando seu peito em fitas vermelhas molhadas, e então ele
caiu.
Outra explosão de um UMP, e eu senti a arma em minha
mão empurrar e, em seguida, foi arrancada das minhas
mãos; mais sorte. Essa explosão deveria ter me atingido, mas
a arma em minhas mãos salvou minha vida.
Mas agora eu estava fora de opções. Ele fechou a
distância entre nós, UMP nivelado para mim.
— Onde ela está?
Eu apenas olhei para ele. De jeito nenhum eu desistiria
dela.
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Ele enfiou o cano da arma embaixo do meu queixo, o


metal quente abrasando minha carne.
— EU VOU MATÁ-LO! VENHA PARA FORA, CADELA!
— Por que você a quer? Ela nem sequer está envolvida,
— eu perguntei.
Ele encolheu os ombros.
— Ordens. Cain a quer. Você está protegendo-a,
significa que ela vale algo para você. Significa que Cain a
quer. Poder, eu acho.
— Não vai funcionar.
Outro encolher de ombros.
— Vamos ver se funciona. Se não, eu vou lhe matar e
acabar com isso. A cadela pode apodrecer aqui para tudo que
me importa. — Ele lançou um olhar para Filipo, que estava
contorcendo e ofegante na sujeira. — E ele também.
Alguns momentos de silêncio, e então Lola apareceu,
com minha Sig em sua mão, segurou baixo ao seu lado.
— Deixe-o ir. Você pode me ter.
Uma risadinha.
— Não é como isso vai. Deixa cair, ou ele morre. — Ele
cavou o cano da pistola mais fundo na carne macia sob o
meu queixo, o que, digamos, não estava muito quente.
Lola não largou a arma. Em vez disso, ela levantou,
apontou.
— Você pode matá-lo. Você provavelmente vai de
qualquer maneira. Então você atira nele, eu atiro em você. De
jeito nenhum você vai pegá-lo e depois a mim, não antes de
eu pegar você. Ou, deixe-o ir e eu irei com você, sem lutar.
— Droga, Lola, — eu disse, com medo de me pegar.
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Isso não estava acontecendo.


Atire em mim. Me torture. Foda-se, faça qualquer coisa,
mas deixe-a em paz. Eu não poderia dizer nada disso, porém,
porque ele tomaria isso como um desafio.
Meu captor deu aquela estúpida risada novamente.
— Essa cadela, ela tem bolas, hein?
— Você não tem ideia, — eu disse. Eu encontrei o olhar
fixo de Lola. Querida o que você está fazendo?
Ela encolheu os ombros.
— Eu acho que você vai me perseguir. Não se preocupe.
Eu não conseguia manter a raiva e o medo fora da
minha voz.
— Sim mas...
— Cale a boca. — O cano batendo na minha mandíbula
era uma maneira eficaz de me acalmar. — Bem. Conte até
três, eu abaixarei a minha, o solto, e você abaixa a sua e vem
comigo.
Lola assentiu. — Bem. Um...
— Não faça isso, Lola, — eu rosnei. — Esses caras não
cumprem suas promessas.
— Eu cumpro, — disse o cara ao meu lado.
— Dois... — Lola começou lentamente a baixar a pistola
agachada em direção ao chão enquanto ela o fazia.
— Maldito seja. — Eu estava tenso, pronto para me
mover. — Lola, você não pode. Você não sabe o que está
fazendo.
O pânico me pegou pela garganta, me pegou pelas bolas.
Eu não estava prestes a deixá-la ir. Não com esses caras. Eu
já consegui Filipo morto, eu não estava prestes a deixar Lola
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ir também...
Mas havia algo em seus olhos enquanto se agachava,
uma advertência? Um apelo, um olhar significativo.
— Três...
Os próximos segundos foram um borrão. Eu nem tinha
certeza do que aconteceu até que acabou.
Assim que Lola disse ‘três’, a arma no meu queixo foi
abaixada, e ele caminhou em direção a Lola, alcançando-a,
pela arma que ela pôs no chão. Mas ela não se levantou,
ainda estava agachada. E então houve um borrão de algo
negro voando pelo ar, e havia o barulho úmido de esmagar de
metal cortando carne, e o meu antigo captor estava
cambaleando para trás, com a enorme kukri de Tai enterrada
até o punho em seu peito.
Ele não estava morto, porém, tentando com seu UMP,
ofegante, amordaçando, tropeçando. Ele conseguiu apertar o
gatilho, enviando um spray de balas no chão aos seus pés.
Eu ataquei com a minha mão boa, arrebatando o UMP
para longe; liguei uma única rodada através de sua testa. Ele
caiu para trás, atingindo o chão com força, morto
imediatamente. Eu me inclinei, puxei a kukri livre.
O silêncio caiu grosso, como um cobertor.
E então Lola vomitou, e Tai caiu de encontro a um
tronco de árvore, olhando fixamente para as suas mãos como
se não as reconhecesse.
Filipo estava no chão, o sangue se juntando debaixo
dele, os olhos piscando rapidamente, a boca trabalhando. Ele
se foi, seu corpo simplesmente não captou esse fato ainda.
Tai cambaleou e caiu de joelhos ao lado de Filipo.
— Uso... não, não, não.
Eu ainda estava segurando a kukri, sangue em minhas
P á g i n a | 290

mãos, pingando o ponto da lâmina na sujeira.


— Sinto muito, Tai. Eles nos emboscaram, eu nunca...
eu não vi isso acontecer.
Culpa. Muito culpado. Deveria ter sido eu. Por que eu
sai limpo e Filipo estava morto? Não é um sentimento
estranho. Fiz uma turnê no Iraque, e outra no Afeganistão, e
eu tive minha parte de companheiros de pelotão descendo ao
meu redor. Uma bala corta um par de polegadas de um lado,
e você está morto, um par de polegadas do outro, é seu
amigo. Por que ele e não você? Isso é parte da culpa. O resto
é o fato de que eu sou o profissional aqui, eu deveria ter visto
isso vindo, não deveria ter deixado Filipo ir comigo, deveria
ter sido mais cuidadoso.
Além disso, nada disso estaria acontecendo com essas
pessoas se eu não tivesse conseguido Lola arrastada para a
minha besteira.
Eu ajoelhei, limpei a kukri na perna da calça do morto,
colocando-a ao lado de Tai.
— Eu... — Eu não sabia o que dizer. — Sinto muito, Tai.
Ele apenas acenou com a cabeça.
— Filipo não era um para ficar para trás. Não é sua
culpa.
— É, no entanto. — Eu peguei a Sig de onde Lola
colocou para baixo, colocando-a no meu coldre.
Um encolher de ombros.
— Talvez. O que está feito está feito.
Eu me inclinei, levantei a bagunça do primeiro cadáver
sobre meu corpo, o reboquei para o barco de lata, o joguei
para dentro. O segundo e terceiro corpos se juntaram ao
primeiro, e Tai nos pilotou para uma certa lagoa que ele
conhecia, onde crocodilos e jacarés eram conhecidos por se
reunirem. Nós lançamos os corpos sobre o lado, um por um,
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e então disparamos o motor para longe. Olhei para trás e,


quando estávamos a cem metros de distância, a água era
uma espuma borbulhante de sangue, enquanto os répteis
faziam um curto trabalho de uma refeição fácil. Bônus: havia
uma chance muito, muito pequena de qualquer parte desses
três nunca ser encontrada. Não que alguém estivesse
procurando, exceto Cain, mas ainda, menos três pontas
soltas para se preocupar.
Tai e eu retornamos ao acampamento para encontrar
Lola ainda sentada com Filipo, olhando para o espaço,
perdida em pensamentos.
Eu me ajoelhei ao lado dela enquanto os rotores de um
helicóptero se tornavam audíveis à distância. Olhei para
cima, embora o helicóptero estivesse suficientemente longe,
eu ainda não podia vê-los.
— Essa é a minha gente. — Olhei para Lola. — Hora de
fazer sua escolha, querida. Fique aqui com seu pai, ou venha
comigo. Você provavelmente estará segura aqui por um
tempo, mas eventualmente Cain vai enviar mais, se ele sabe
que você está aqui. Eu não sei como ele está nos rastreando,
mas se estamos aqui, ou você está aqui, isso vai acontecer de
novo. Vindo comigo é a maneira mais eficaz de manter seu
pai seguro e proteger sua privacidade. Mas é sua escolha,
querida. — Havia tantas outras coisas que eu queria dizer,
mas nada disso realmente importava no momento; desculpas
eram inúteis.
Ela pegou a mão de seu pai.
— Eu não quero lhe deixar, papai. Sem Filipo...
Tai se agachou na frente de Lola e encontrou seus olhos.
— Você vai. Venha me visitar quando puder. Eu ficarei
bem.
— Não, você não vai. Depois que você perdeu a mamãe...
— Chega, afafine. Você está indo. Você estará mais
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segura com ele. Mais feliz com ele. O que há em Miami para
você? Nada. Você pode conseguir um emprego em qualquer
hospital, em qualquer lugar. Você não precisa de mim, e se
eu souber que você está feliz, que alguém está cuidando de
você, eu vou me contentar. Eu terei os peixes, os manguezais,
minha fale, minha paopao. Você sabe que eu vou ficar bem.
— Tai finalmente me olhou, com tristeza gravada em seus
traços. — Traga ela de volta para me ver, às vezes, sim?
Eu balancei a cabeça.
— Eu irei, eu prometo.
Tai fechou os olhos, voltou-se para Filipo.
— Vá. Filipo é meu para enterrar.
Lola abraçou o pescoço de Tai, agarrando-se a ele por
longos e longos minutos, fungando.
— Eu o amo.
— Amo você também, Lola. Agora vá. — Ele olhou para
mim novamente. — Acabe com isso, Thresh. Eu não quero
mais visitantes indesejados.
Levantei meu queixo.
— Com extremo pesar, Tai. Eu juro.
Pegamos o barco de lata, que eu lavei o sangue o melhor
que pude. Tai empurrou-nos da entrada e na principal via
navegável, e quando saímos ao canal principal, Harris estava
circulando nossa localização geral no helicóptero. Ele nos
avistou de imediato, inclinado para nós, queimado em um
hoverar a uns bons cem pés acima. Um cabo com uma funda
foi abaixado para nós, e eu prendi Lola primeiro, puxei o cabo
para sinalizar, a assisti enquanto ela era puxada pelo
guincho. Eu era o próximo, mas eu não me incomodei
prendendo-me inteiramente, apenas prendi um pé em uma
cinta, levantei-me nele, e pendurei com minha mão boa.
Eu acenei uma vez para Tai, que segurou o remo no alto
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em despedida.
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Capítulo 16

Nenhum homem é deixado para trás


As próximas horas foram um borrão. O passeio de
helicóptero parecia interminável. Além do piloto, havia outro
homem na parte de trás do helicóptero com a gente, curto e
atarracado, corpulento. Peito de barril, braços quase tão
largos quanto os de Thresh, cabeça raspada, ostentando uma
barba cheia, preta, maciça e trançada em uma fila grossa,
pendurando abaixo a seu peito. Ele parecia nada mais que o
anão Dwalin de O Hobbit: Batalha dos Cinco Exércitos. E, sim,
eu sei os nomes dos anões do Hobbit.
O helicóptero aterrissou, os dois homens saíram
primeiro, e então Thresh envolveu seu braço em torno de
minha cintura e corporalmente me levantou até o asfalto.
Eu bati em seu peito.
— Eu posso andar.
Ele bufou.
— Você está em estado de choque, querida. Você não
falou uma palavra na última hora.
— O que eu deveria dizer? Filipo era família, e eu estou
deixando meu pai, deixando Miami, deixando tudo o que eu
já conheci. Sem mencionar, agora pessoalmente testemunhei
que você matou quatro homens em menos de vinte e quatro
horas.
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O homem barbudo lançou a Thresh um olhar de


sobrancelha levantada. — Isso tem que ser um registro de
contagem de mortes fora de serviço.
— Espere, Puck, — Thresh rosnou, sua voz baixa com
advertência venenosa. — Eu vou lhe contar mais tarde.
Seu nome era Puck? Como o personagem de
Shakespeare de A Midsummer Night's Dream?
Antes que eu pudesse comentar o nome do homem,
Thresh virou-se para mim.
— Lamento que tenha tido que testemunhar essas
coisas, Lola. Se eu soubesse que ia arrastar você para isso,
puxá-la através de tudo isso... — Ele suspirou, obviamente
lutando com o que dizer. — Eu gostaria de poder ter poupado
você, se nada mais. Eu não posso me fazer desejar nunca ter
lhe conhecido, entretanto. Eu simplesmente não posso, tão
egoísta como é.
Eu me encostei nele.
— Eu não gostaria de nunca ter lhe conhecido, Thresh.
Mas espero que conheça um bom terapeuta.
— Quando isso for resolvido, vou encontrar o melhor
que existe, juro, — respondeu Thresh.
Ele me guiou até uma escada móvel que levava a um
pequeno jatinho privado, esperando até que eu estivesse
amarrada no assento da janela e depois se sentou ao meu
lado.
Olhei pela janela e vi um homem alto e delgado saindo
da frente do helicóptero, com seus rotores ainda abrandando.
Ele correu em direção ao jato. Um momento depois ele
apareceu na porta. Ele estava na extremidade superior da
altura média, magro, esguio e parecendo duro de uma
maneira que me lembrou o punhal de Thresh. Tinha olhos
verdes penetrantes, cabelos castanhos e bagunçados,
disparados através das têmporas, com um pouco de cinza,
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uma barba bem aparada, em algum lugar entre o restolho e


uma barba de verdade. Ele exalava perigo, confiança e
autoridade.
Seus olhos estavam fixos em mim.
— Dra. Reed. Bem- vinda. — Ele se aproximou de mim,
estendeu a mão, que eu tomei e apertei automaticamente. —
Meu nome é Harris. Já nos conhecemos, acredito.
Eu balancei a cabeça.
— Sim, você foi meu paciente há um ano.
— Prazer em ter você conosco, embora eu sinta muito
sobre as circunstâncias.
— Sim, tem sido um pouco menos do que ideal.
A expressão de Harris escureceu, endurecida.
— Para todos nós. Ainda tenho um dos meus homens
desaparecido, e até mesmo os meus dois melhores ativos não
consigo encontrá-los. Mas, asseguro-lhe, vamos perseguir
isso com extremo pesar.
— Isso foi o que Thresh disse, ‘pesar extremo’. O que
isso significa em termos de pessoas normais?
Harris não respondeu imediatamente, mas finalmente
respondeu:
— Significa que vamos perseguir esses fodidos com tudo
o que temos, e não vamos nos preocupar com coisas pesadas
como as leis. Isso significa que vamos duro e rápido.
Eu balancei a cabeça.
— Eu não posso discutir com isso. Eles mataram meu
tio. — Eu engasguei, porque isso era ainda mais do que
fresco, tão fresco que eu realmente não processei o fato de
Filipo estar morto. — Pegue-os. E se você precisar de um
médico, eu sou a sua mulher. Apenas me traga alguns
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suprimentos.
Harris me olhou atentamente.
— Nós podemos esconder você em algum lugar até que
acabe. Eu tenho algumas cordas para puxar, mas eu posso
ter certeza que você ainda tenha um trabalho no hospital
quando estiver pronta para voltar. Você não tem que jogar
conosco, Dra. Reed.
— Me chame de Lola, — eu disse, olhando para Thresh,
que estava me observando cuidadosamente, antecipando
minha resposta, mas tentando não ir muito longe. — E eu já
o tenho, Sr. Harris.
— É só Harris. — Ele bateu Thresh no ombro. — E se
você precisar de ajuda para discutir este grande filho de puta
teimoso, me ligue.
Eu tentei sorrir, e só parcialmente consegui.
— Depois de superar a fachada de 'Eu sou um fodão',
ele é realmente apenas um grande ursinho de pelúcia. Mas,
obrigada.
Harris me deu uma expressão cética.
— Não tenho certeza que eu já vi esse lado de Thresh.
Mas se você insiste. — Ele parou por um momento, inclinou-
se na cabine do piloto, abriu um armário, e produziu um
bloco de notas e uma caneta, que ele me entregou. — Por que
você não passa algum tempo do voo fazendo uma lista dos
suprimentos que você precisa para estar bem abastecida e
pronta para praticamente qualquer coisa, e eu vou fazer
algumas chamadas, ver o que eu posso conseguir em minhas
mãos.
Eu apenas acenei com a cabeça.
— Tudo certo.
Harris olhou para Thresh.
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— Falo com você na cabine?


Thresh soltou um suspiro, hesitou, então se inclinou
para mim, palmeou meu rosto com sua pata, virou meu rosto
para o seu. Beijou-me longo, profundo e duro.
–Volto logo, — ele murmurou contra meus lábios.
— Ok, — eu sussurrei, ainda tonta pela força do beijo
inesperado.
Então, quando eu vi as expressões nos rostos de Harris
e Puck... tudo fazia sentido. Eles estavam olhando para
Thresh como se tivesse crescido uma segunda cabeça e
estava recitando poesia japonesa.
Thresh precedeu Harris na cabine do piloto, e então a
porta da cabine se fechou e eu estava sozinha com Puck, que
tomou o assento de Thresh ao meu lado e estava olhando
para mim com curiosidade aberta.
— Perdoe meu olhar fixo, bochechas doces, mas quando
você vê o impossível feito antes do café da manhã, isso tende
a tomar um homem de surpresa.
— Não me chame de bochechas doces, Dwalin. E o que é
impossível?
— Dwalin, isso é engraçado, — ele disse, com uma
gargalhada, dizendo que não se ofendia. Ele acenou com a
mão para mim, — Thresh... agindo como uma... merda, eu
nem sei. Como Harris está com Layla. Teria jurado que
Thresh ia morrer solteiro, com uma cadela quente em cada
braço, e outra em seu colo. As cadelas adoram Thresh, e ele
nem tenta.
Olhei para Puck.
— Oh séééério? — Eu arrastei a palavra.
Ele afetou uma expressão inocente, levantando as
palmas de ambas as mãos para fora.
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— Pelo menos, é assim que ele costumava ser. Agora ele


está aqui com você ao seu lado, e ele está lhe beijando como
se eu nunca tivesse visto ele beijar ninguém.
— E aposto que você já viu muito?
Ele encolheu os ombros.
— Se você quer saber como ele costumava ser, seria
melhor falar com Duke — esses dois são inseparáveis.
Pilotos, sabe o que quero dizer? — Puck esfregou um dedo ao
longo da costura de couro do assento perto de sua coxa. — É
claro que o traseiro de Duke está sumido no momento, o que
não nos faz nenhum favor.
Notei que a voz de Puck parecia vir e ir, e não era
realmente um sotaque tanto quanto o que eu suspeitava era
uma afetação, provavelmente destinado a esconder ou
disfarçar sua inteligência. Entretanto, seus olhos o traíram.
Você não podia olhar Puck nos olhos e perder a astúcia, o
cálculo. Ele era grande, corpulento, com uma barba para
fazer qualquer Anjo do Inferno ficar invejoso, uma tatuagem
de meia manga em um braço, do ombro ao cotovelo, mas era
óbvio que ele estava longe de estúpido e não perdia nada.
— Você também está preocupado com Duke?
— Todo mundo está. Duke não desaparece. Anselm?
Claro, o cara é um fantasma direto. Mesmo Lear tem uma
tendência para ir para o solo por dias, especialmente se ele
está executando um programa ou escrevendo código. Mas
Thresh e Duke? Tudo que você sempre tem que fazer para
encontrar esses dois é seguir o rastro de corações partidos e
garrafas vazias. E talvez alguns corpos aqui e ali. Esses
meninos são duros. Eles não são difíceis de encontrar, esse é
o meu ponto. Academia, um bar de mergulho, ou o composto.
É isso aí. Então para o Duke desaparecer? Não é bom.
— Você acha que Cain o tem?
Puck balançou a cabeça de lado a lado. — Possível.
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Provavelmente, mesmo. Mas Duke... nosso garoto pode


segurar o dele. Estou mais preocupado com os pobres, que
logo serão mortos, que o levaram. Duke é um menino bonito,
mas ele não é marica. Ele tem um temperamento feio. — Ele
gesticulou para a cabine. — Thresh mantém sua merda sob
controle. Ele é liso como um pepino, o seu homem. Mas
Duke, agora? Ele é cabeça quente, propenso a explodir a
qualquer momento, especialmente se você colocar as costas
para a parede. Encurralar alguém como Duke? Não vai ser
bonito.
— Você vai encontrá-lo, — eu disse. — Thresh diz que
vocês são como família um para o outro, e eu posso não ter
conhecido Thresh por muito tempo, mas eu o conheço bem o
bastante para saber que ele não deixa as pessoas para trás.
Ele não os decepciona, e ele não vai parar até que aqueles
que ele considera sua família estejam todos seguros.
Puck assentiu com a cabeça.
— Está certa. Nenhum de nós é o tipo de gente que você
escreveria. Todos temos sangue em nossas mãos e esqueletos
em nossos armários, e alguns de nós os temos no vestíbulo,
sabe o que quero dizer? Mas temos uma coisa que a maioria
não: lealdade. Fodendo sem compromissos, nenhum homem
deixou para trás um tipo de lealdade. E Thresh é o epítome
disso. Ele literalmente levou membros desta equipe em suas
costas em uma situação ruim, quando feridos, lutavam por
uma saída. E agora esses filhos da puta têm seu melhor
amigo? Esta merda vai ficar perigosa para caralho, e
malditamente rápido.
Houve uma longa pausa. Quando Puck falou de novo,
eu não tinha certeza se ele queria dizer suas palavras para
mim.
— Mas sim, estou preocupado com o Duke. Só espero
que possamos recuperá-lo em um peça quando tudo isso
acabar.
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Eu também, embora apenas pelo amor de Thresh.


Depois de mais alguns minutos, Thresh saiu da cabine
sentou-se ao meu lado, e empurrou o polegar para a cabine,
dirigindo-se a Puck.
— O chefe quer você na frente, Stubby.
Puck sorriu.
— Não, ele não quer, você só quer ficar sozinho para que
você possa colar com essa pequena moça, aqui. — Ele se
levantou, piscou para mim. — Não que eu o culpe.
Puck avançou até a cabine do piloto, assobiando uma
alegre melodia. Em segundos, os motores aceleraram até um
rugido e eu fui empurrada para trás em meu assento
enquanto nós decolamos.
Thresh olhou para ele, depois se virou para mim.
— Puck pode ser um gosto adquirido, — ele começou.
— ESCUTEI ISSO! — gritou Puck da frente. — EU SOU
WHISKY, CADELA!
Eu ri.
— Eu gosto dele.
Thresh parecia aliviado.
— Ele é um bom sujeito. Ou, bem, ele é um cara bom
para ter ao seu lado, pode ser uma maneira mais precisa de
colocá-lo.
— Então, você e Harris chegaram com um plano para
resgatar Duke? – Eu perguntei.
Thresh assentiu com a cabeça.

— Embora eu tenha a sensação de que estamos mais


resgatando os capangas de Cain do Duke do que do
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contrário.
— Foi o que Puck disse.
— Duke não fode, e ele não tem um interruptor
desligado. Mas não vamos correr riscos. Acho que Anselm
teve um bloqueio em sua última posição conhecida, e uma
testemunha ocular de seu sequestro. Então, pelo menos
temos um lugar para começar.
Desafivelei o cinto enquanto o jato se endireitava para
uma altitude de cruzeiro.
— Bem, não tenho certeza de que serei de ajuda durante
a operação ou o que for que você diga, mas se as últimas
vinte e quatro horas tiverem sido uma indicação, você vai
precisar de mim na mão para remendá-lo e como você os
chamou? Oh, sim, seus pequenos dodóis.
Thresh sorriu para mim.
— Eu tenho um dodói que você pode beijar agora.
Sentei-me na cadeira.
— Sim? Eu não sabia que você se machucou.
Seu sorriso ficou quente, cheio de promessas sujas.
— Eu não me machuquei, querida. Faz apenas algumas
horas que não a tenho, e toda a adrenalina me excita. Então
eu estou me sentindo um pouco... dolorido... se você sabe o
que quero dizer.
— Se vamos atrás de Duke, — eu disse, — você vai
precisar estar no topo do seu jogo, eu acho.
Thresh sorriu para mim.
— Eu diria que é uma declaração exata.
— Bem, você não pode entrar em uma situação perigosa
se sentindo todo... dolorido... agora você pode?
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— Não.
— Eu vou ter que lhe ajudar, não é?
— Eu acho que você vai, querida, — ele murmurou.
Meu coração martelou no meu peito quando eu me
abaixei para despi-lo, então puxei sua calça jeans até os
joelhos. Deslizei para o chão, peguei sua ereção em minha
mão, acariciei-o para endurecer, contorcendo, em seguida,
envolvi minha boca em torno dele, tomei tanto dele como eu
poderia, então recuei.
— Puta merda, querida, — Thresh grunhiu. — Eu não
quis dizer agora... maldição...
Eu sorri para ele, batendo em sua raiz.
— Você só tem que gozar depressa, então, não é?
Senti-me ousada, senti-me selvagem e louca, descendo
em Thresh neste minúsculo jato, seu amigo e chefe a poucos
metros de distância, do outro lado da porta. O pensamento
me excitou, sabendo que eles poderiam sair a qualquer
segundo. O velho medo, a paranoia... desapareceu. Eu não
era a velha Lola novamente, não, eu era alguém melhor,
alguém mais forte. Eu era mais voraz do que nunca, e eu
tinha um homem que não só podia me tratar como eu sou,
mas que me desafiava, me empurrava e podia igualar meu
insaciável apetite sexual.
Não demorou muito, não com a minha boca em volta
dele, minhas mãos sobre ele. Eu o levei ao orgasmo em
poucos minutos, engoli tudo que ele tinha e então pedi um
beijo dele.
Ele me deu o beijo, e então tocou seus lábios em minha
orelha.
— Apenas espere até que fiquemos realmente sozinhos,
querida.
— Oh, sim? — Eu sorri para ele, conheci seu pálido e
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intenso olhar azul. — O que você vai fazer?


— Eu vou lhe colocar de joelhos, — ele respondeu, — e
eu vou foder você tão duro por tanto tempo que você não vai
saber onde um orgasmo começa e os próximos terminam. Eu
vou fazê-lo nu, nenhum preservativo estúpido entre nós, e
quando eu terminar, eu vou puxar para fora e gozar em toda
a sua grande bunda bonita.
Eu me contorci, imaginando, desejando.
— Isso é uma promessa?
Ele mordeu meu lóbulo da orelha.
— Porra, está claro, doutora.
— Bom, porque isso soa como a melhor coisa que já
ouvi.
— E então... — ele sussurrou, — Eu vou lhe segurar a
noite inteira, e nós vamos acordar e fazer amor tão devagar
que será meio-dia antes de terminarmos.
Eu pisquei para ele.
— Fazer amor, hein?
Ele assentiu com a cabeça, sério, vulnerável.
— Fazer amor quente, doce e confuso.
— Eu menti, — eu sussurrei, — isso é a melhor coisa
que eu já ouvi.

Fim

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