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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ANGÉLICA BERNARDO MENESES


LINCOLN DE ANDRADE DORIGHETO
MARCELLY PIRES DE SOUSA RAMOS

ATIVIDADES DA DISCIPLINA DE ASPECTOS LEGAIS E ÉTICOS DA


ENGENHARIA DO SEMESTRE ESPECIAL EARTE 2020/1

VITÓRIA
2020

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ANGÉLICA BERNARDO MENESES


LINCOLN DE ANDRADE DORIGHETO
MARCELLY PIRES DE SOUSA RAMOS

ATIVIDADES DA DISCIPLINA DE ASPECTOS LEGAIS E ÉTICOS DA


ENGENHARIA DO SEMESTRE ESPECIAL EARTE 2020/1

Relatório apresentado para obtenção


de nota na disciplina de Aspectos
Legais e Éticos da Engenharia, Curso
de Engenharia Civil, Universidade
Federal do Espírito Santo.

Professor: Hebert Barbosa Carneiro

VITÓRIA
2020

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Sumário

1. NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO E DE DIREITO CONSTITUCIONAL PARA ENGENHEIROS ......... 7


2. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO PARA ENGENHEIROS............................................ 10
3. NOÇÕES DE DIREITO CIVIL PARA ENGENHEIROS ................................................................ 12
4. NOÇÕES DE DIREITO EMPRESARIAL PARA ENGENHEIROS .................................................. 14
5. NOÇÕES DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL PARA ENGENHEIROS ........................................... 16
6. NOÇÕES BÁSICAS DO DIREITO DO CONSUMIDOR PARA ENGENHEIROS ........................ 21
7. NOÇÕES DAS PROVAS NO PROCESSO JUDICIAL E IMPORTÂNCIA DA PERÍCIA DA
ENGENHARIA ............................................................................................................................... 23
8. ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA ................................................................ 25
9. NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO PARA ENGENHEIROS ............................................. 27
10. DIREITO PREVIDENCIÁRIO PARA O ENGENHEIRO ....................................................... 30

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1. NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO E DE DIREITO CONSTITUCIONAL
PARA ENGENHEIROS

a) Como você, futuro engenheiro, poderia contribuir para a construção


de uma sociedade livre, justa e solidária?

Nós, como engenheiros, somos responsáveis diretos para a construção


dessa sociedade que se almeja, livre, justa e solidária. A engenharia, dentro de
um contexto de criação e resolução de problemas, tem como foco basicamente
o atendimento a demandas para o bem estar social. Trabalha
multidisciplinarmente com às ciências tecnológicas, exatas, e humanas, de tal
sorte que busca entender, na sua essência o ser humano pelo seu
comportamento. É carregada de estratégias e técnicas para modelagens e
materialização de ideias, de modo que, desde o início de um projeto, o homem
e a sociedade podem, na realidade abstrair-se sentindo os efeitos da engenharia,
só tem sentido em suas obras e soluções, se for trabalhada a favor do benefício
coletivo social. Por isso, algumas atitudes para contribuir para a construção de
uma sociedade livre, justa e solidária são:

1. Não tendo nenhum tipo de discriminação (raça, religião e gênero) na


contratação dos funcionários, ou até mesmo na relação com os colegas de
trabalho;
2. Não tentar tirar vantagem, nem ser corruptível;
3. Não dar preferência na escolha de algum serviço se for ganhar por trás;
4. Sempre buscando ajudar uns aos outros, seja por meio de treinamentos
para disseminar o conhecimento, ou por conversas/reuniões de alinhamento.
Para que todos na empresa possam crescer juntos.
5. Pensar em algo que desenvolva a sociedade também, e não só ganhar
dinheiro.
6. Não abrir mão da qualidade, apenas com intuito de fazer muitos projetos
rápidos e ganhar mais dinheiro.
7. Pensar sustentável, tentar adotar tecnologias verdes no nosso escritório
ou no que projetarmos. Pensar na taxa de permeabilidade, gestão de resíduos.

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8. Realizar eventos/ações de conscientização da população sobre
patologias, regularização de imóveis, projetos.
9. Exercendo o papel de engenheiro com caráter, não aproveitando
oportunidades de corrupção para passar por cima de alguma pessoa, agindo
sempre de forma sustentável, se preocupando com a vida de quem vai trabalhar
conosco na futuro empresa que trabalharemos, etc.

b) Como uma empresa de Engenharia poderia contribuir para a


redução das desigualdades sociais e regionais?

O primeiro passo para minimizar as desigualdades (sociais, regionais, de


gênero, étnicas etc.) é tomar ciencia delas e estabelecer metas de redução.
Numa empresa, de engenharia ou não, isso pode ser feito através de um
controle quantitativo da heterogeneidade no quadro de funcionários.
Contabilizar mesmo a % de PPI, PCD, mulheres, não-brancos, contratados
regionais, etc., para que assim se adotem metas para aumentar a presença
desses grupos na empresa e, assim, sejam realizadas ações em prol desse fim.
Vale uma atenção especial no que diz respeito aos contratados regionais. Dar
preferência à mão de obra local é uma forma de desenvolver a economia do
entorno, não só por meio da injeção de dinheiro através do salário dos
funcionários, mas também com a contribuição do aumento da experiência e
conhecimento técnico dos colaboradores que, por sua vez, adquirem um maior
valor agregado aos seus serviços e em contratações futuras podem receber
maiores salários o que, novamente, beneficia a economia local.
Tomar medidas para promover o desenvolvimento técnico dos
funcionários é de extrema importância para a redução das desigualdades.
Capacitar e melhorar a qualidade da mão de obra (através de
treinamentos/cursos) faz com que os colaboradores tenham acesso a mais e
melhores oportunidades, o que reduz a estagnação profissional à qual muitas
pessoas estão submetidas não pela falta de vontade de evoluir, mas pela falta
de recursos ou de tempo fora do ambiente de trabalho. Dessa forma, tornar o
local de trabalho propício para o aprendizado contínuo é dar oportunidade para
essas pessoas progredirem profissionalmente.

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A respeito dessa ascensão profissional, é muito importante que a própria
empresa conte com processos internos de promoção bem definidos e
realizados de maneira justa e com transparência. Fazer um plano de
desenvolvimento individual ou plano de carreira com cada colaborador pode ser
um de modo que viabilizar que mais pessoas disputem cargos mais altos na
hierarquia e tenham iguais oportunidades para isso. Dessa forma, a tendência
é diversificar essas posições de liderança e, consequentemente, reduzir
desigualdades.
Uma outra ação pensando mais nos serviços de engenharia em si é o
envolvimento da empresa com obras públicas que têm impacto na redução de
desigualdades. Elaborar projetos, executar obras ou desenvolver materiais para
ações de ampliação do saneamento básico e pavimentação de estradas, por
exemplo, é uma forma de impactar enormemente a vida de muitas pessoas.
Ampliar o acesso ao saneamento básico é uma forma de reduzir desigualdades,
bem como melhorar a mobilidade da população (no caso da pavimentação de
estradas). São serviços que impactam diretamente na qualidade de vida e
segurança dessas pessoas, proporcionando melhores condições para que
estudem e trabalhem.
As obras públicas são só um exemplo do impacto dos serviços de
engenharia na redução de desigualdades. Existem empresas de engenharia
dos mais distintos setores: construtoras, escritórios de projetos, escritórios de
consultoria, empresas de TI, etc. Dessa forma, não se pode esperar que
empresas de segmentos tão variados adotem exatamente as mesmas ações
para minimizar desigualdades. Mas, uma medida comum a todas elas é a
responsabilidade de justiça nas contratações, promoções e remunerações.
Por fim, uma outra medida considerada é o investimento em bolsas de
pesquisa em instituições de ensino. A valorização da produção científica local
é um caminho muito importante para o desenvolvimento de produtos e serviços
e consequente desenvolvimento econômico da comunidade.

c) Como futuro empreendedor/empresário, quais seriam os valores


éticos adotados pela sua empresa de engenharia?

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• Valorização do colaborador e da comunidade
• Transparência
• Sustentabilidade plena
• Disrupção
• Comprometimento

2. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO PARA ENGENHEIROS

a) Considerando uma obra pública de engenharia, qual a importância


do projeto básico ou do termo de referência, bem como do projeto
executivo?
O projeto básico é importante para fazer a licitação, que as obras públicas
precisam. Podemos dizer que o projeto básico ou termo de referência bem como
o projeto executivo são importantes nesse contexto pois são eles que
caracterizam o objeto de licitação, já que são documentos elaborados a partir de
estudos técnicos preliminares e que contém os elementos necessários e
suficientes, com nível de precisão adequado. O mais importante é detalhar ao
máximo, para que a licitação possa ser ganhada. Na fase externa, após ter
enviado todos projetos e detalhamento, o edital é publicado e divulgado, as
propostas são recebidas e analisadas por uma comissão e, por fim, um contrato
é assinado com a empresa que ganhou a licitação. De acordo com o Art. 7 o:
As licitações para a execução de obras e para a prestação de serviços
obedecerão ao disposto neste artigo e, em particular, à seguinte sequência:

I - projeto básico;

II - projeto executivo;

III - execução das obras e serviços.

Basicamente, podemos concluir então que o termo de referência é um guia,


a empresa lê e vê se cabe fazer o que está descrito. Esse termo contém: para
qual fim a empresa está sendo contratada, orientações gerais para execução,
prazos e critérios, fiscalização, pagamento (preços) e normas usadas para a
execução. Enquanto o projeto básico contém: orçamento, memorial de cálculo e

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pranches. De acordo com o Estatuto das Licitações, o projeto básico deve conter,
entre outros aspectos:

1. clara identificação de todos os elementos constitutivos da obra;


2. identificação de todos os serviços, materiais e equipamentos que serão
integrados à obra, com suas especificações;
3. descrição das soluções técnicas, detalhadas de maneira a evitar a
necessidade de reformulações ao longo da realização;
4. orçamento detalhado do custo global do empreendimento.

O projeto básico, assim, deve trazer todas as informações que tornem


possível aos licitantes compreender a obra como um todo para que cada um
possa montar sua proposta em condições de igualdade. No que tange ao projeto
executivo, é basicamente complementar o projeto básico, ou seja, fornecer
informações para uma execução adequada e conforme às normas. Isto é, ele
compreende, de acordo com a Lei 8.666/93, “o conjunto dos elementos
necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as
normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.” É o
projeto executivo que vai direcionar as indicações do projeto básico para suas
devidas especializações: o engenheiro eletricista vai detalhar a instalação
elétrica, ar-condicionado, aquecimento; já as instalações hidráulicas, de esgoto,
e outras ficam a cargo de outro profissional; e assim por diante.

b) Considerando que você é engenheiro de um órgão público, quais os


argumentos para a escolha do tipo de licitação envolvendo técnica e
preço?

A Técnica e Preço refere-se ao critério de seleção em que a proposta mais


vantajosa para a Administração é escolhida com base na maior média
ponderada, considerando-se as notas obtidas nas propostas de preços e de
técnica. A modalidade de concorrência é mais utilizada quando as obras são
muito caras, porque vai exigir mais técnica.
O “menor preço” é o critério de seleção em que a proposta mais vantajosa
para a Administração é a de menor preço. É utilizado para compras e serviços

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de modo geral. Aplica-se também na aquisição de bens e serviços de informática
quando realizada na modalidade convite.
A “melhor técnica” refere-se ao critério de seleção em que a proposta mais
vantajosa para a Administração é escolhida com base em fatores de ordem
técnica. É usado exclusivamente para serviços de natureza predominantemente
intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização,
supervisão e gerenciamento de engenharia consultiva em geral, e em particular,
para elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e
executivos.
Se escolher pelo preço, as empresas podem jogar o preço lá embaixo e
não entregar o produto, pode ter atrasos na obra, usar produtos de qualidade
ruim, o que gera manutenção depois e também muitos outros aditivos, como
popularmente dizem “é o barato que sai caro”. Se contratar só pela qualidade,
não tem teto de preço, e o serviço pode ficar inviável. As empresas não vão
jogar o preço lá embaixo, porque não vão conseguir entregar a técnica. E as
empresas com muita técnica vão ter que baixar o preço para concorrer.

3. NOÇÕES DE DIREITO CIVIL PARA ENGENHEIROS

a) Considerando que uma empresa de Engenharia desvia de sua


finalidade ou que os sócios fazem retiradas não previstas pela legislação
comprovadamente, o que pode o Juiz determinar?

O desvio de finalidade por parte de uma empresa ou a realização de


retiradas não previstas pela legislação de forma comprovada caracteriza abuso
de personalidade jurídica, como consta no artigo 5 do Código Civil. Diante disso,
o juiz fica autorizador a desconsiderar a personalidade jurídica e, portanto, atingir
e vincular os bens particulares dos sócios da pessoa jurídica ao pagamento das
dívidas pertencentes a sociedade. Segue o Artigo 50:
“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio
de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte,
ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-
la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam

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estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa
jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei
nº 13.874, de 2019)
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da
pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos
de qualquer natureza. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre
os patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do
administrador ou vice-versa; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto
os de valor proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de
2019)
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela Lei
nº 13.874, de 2019)
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à
extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019

b) Quando os sócios utilizam a sua própria empresa para ocultar bens


e direitos (desconsideração inversa) o que o Juiz pode determinar?

Quando os sócios transferem patrimônio para a personalidade jurídica


agindo de má fé, para fugir de suas responsabilidades legais e/ou fiscais, o juiz
pode determinar a desconsideração inversa da sociedade jurídica. Tal ato está
previsto no artigo 133, §2º, do Código de Processo Civil.
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será
instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir
no processo.
§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os
pressupostos previstos em lei.
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa
da personalidade jurídica.

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4. NOÇÕES DE DIREITO EMPRESARIAL PARA ENGENHEIROS

a) Considerando que você participa de uma empresa “LTDA” de


Engenharia como sócio e que esta empresa passou a dever a seguridade
social além do imposto sobre a renda, qual será a sua responsabilidade
sobre esses créditos? (Pesquisar o art. 13, lei no8620/1993 e art. 135, III do
Código Tributário Nacional)

No caso de a empresa não estar quite com suas obrigações tributárias, o


Artigo 135 do Código Tributário Nacional dispõe:
“Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a
obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes
ou infração de lei, contrato social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de
direito privado”.
O “artigo anterior” ao qual o artigo 135 se refere responsabiliza:
“Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da
obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos
atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:
I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;
II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou
curatelados;
III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por
estes;
IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;
V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou
pelo concordatário;
VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos
devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu
ofício;

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VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de
penalidades, às de caráter moratório”.
Ou seja, enquanto sócios todos tem responsabilidade sobre a dívida fiscal
contraída pela empresa.
Além do que dispõe o código tributário, costumávamos ter também a referência
o artigo 13 da lei nº8620/1993, que previa:

“O titular da firma individual e os sócios das empresas por cotas de


responsabilidade limitada respondem solidariamente, com seus bens pessoais,
pelos débitos junto à Seguridade Social.”

Mas o artigo foi revogado pela Lei nº 11.941, de 2009.

b) Considerando que você uma empresa de Engenharia Limitada


possui apenas dois sócios (mínimo legal) e um dos sócios resolve se retirar
da sociedade, qual prazo legal para recomposição do quadro societário?
Caso tal fato não ocorra (falta de pluralidade) o que ocorrerá com a
sociedade?

O Código Civil (Lei nº 10.406/2002) estabelece, em seu art. 1.033, inciso


IV, que empresas envolvidas em processos de retirada, exclusão ou morte de
sócios, tenham até 180 dias para recompor o quadro societário ou alterar o tipo
jurídico – podendo reduzir-se a apenas um participante.
A inatividade do CNPJ leva a empresa a complicações cadastrais que vão
desde negativas comerciais a impedimentos fiscais. Segundo a legislação, após
180 dias sem o ingresso de novo sócio, a sociedade é considerada legalmente
dissolvida.
“Após o prazo para regularizar a situação, havendo a inatividade, todas as
operações com este CNPJ passam a ser consideradas ilegais, sujeitando a
empresa a multas por documentos emitidos, envolvendo inclusive o adquirente
da mercadoria ou serviço, por operar com empresa irregular, não tendo direito,
por exemplo, aos créditos tributários”, explica o contador José Maria Chapina

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Alcazar, presidente da Seteco e vice-presidente da Associação Comercial de
São Paulo (ACSP).
Entretanto, não só os problemas societários são passíveis de agravar os
problemas no CNPJ. Irregularidades fiscais como omissão de declarações,
acúmulo de débitos e envolvimento em crimes de sonegação são casos que
também podem prejudicar a continuidade da empresa.

5. NOÇÕES DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL PARA ENGENHEIROS

a) Considerando que sua empresa de Engenharia recebeu uma


encomenda tecnológica (Art. 27 do decreto de inovação no 9283 de 2018)
como deveria proceder no caso?

Art. 27. Os órgãos e as entidades da administração pública poderão


contratar diretamente ICT pública ou privada, entidades de direito privado sem
fins lucrativos ou empresas, isoladamente ou em consórcio, voltadas para
atividades de pesquisa e de reconhecida capacitação tecnológica no setor, com
vistas à realização de atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação que
envolvam risco tecnológico, para solução de problema técnico específico ou
obtenção de produto, serviço ou processo inovador, nos termos do art. 20 da Lei
nº 10.973, de 2004 , e do inciso XXXI do art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993 .
§ 1º Para os fins do caput , são consideradas como voltadas para atividades de
pesquisa aquelas entidades, públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos,
que tenham experiência na realização de atividades de pesquisa,
desenvolvimento e inovação, dispensadas as seguintes exigências:
I - que conste expressamente do ato constitutivo da contratada a realização de
pesquisa entre os seus objetivos institucionais; e
II - que a contratada se dedique, exclusivamente, às atividades de pesquisa.

§ 2º Na contratação da encomenda, também poderão ser incluídos os custos


das atividades que precedem a introdução da solução, do produto, do serviço ou
do processo inovador no mercado, dentre as quais:
I - a fabricação de protótipos;

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II - o escalonamento, como planta piloto para prova de conceito, testes e
demonstração; e
III - a construção da primeira planta em escala comercial, quando houver
interesse da administração pública no fornecimento de que trata o § 4º do art. 20
da Lei nº 10.973, de 2004 .

§ 3º Caberá ao contratante descrever as necessidades de modo a permitir que


os interessados identifiquem a natureza do problema técnico existente e a visão
global do produto, do serviço ou do processo inovador passível de obtenção,
dispensadas as especificações técnicas do objeto devido à complexidade da
atividade de pesquisa, desenvolvimento e inovação ou por envolver soluções
inovadoras não disponíveis no mercado.

§ 4º Na fase prévia à celebração do contrato, o órgão ou a entidade da


administração pública deverá consultar potenciais contratados para obter
informações necessárias à definição da encomenda, observado o seguinte:
I - a necessidade e a forma da consulta serão definidas pelo órgão ou pela
entidade da administração pública;
II - as consultas não implica desembolso de recursos por parte do órgão ou da
entidade da administração pública e tampouco preferência na escolha do
fornecedor ou do executante; e
III - as consultas e as respostas dos potenciais contratados, quando feitas
formalmente, deverão ser anexadas aos autos do processo de contratação,
ressalvadas eventuais informações de natureza industrial, tecnológica ou
comercial que devam ser mantidas sob sigilo.

§ 5º O órgão ou a entidade da administração pública contratante poderá criar,


por meio de ato de sua autoridade máxima, comitê técnico de especialistas para
assessorar a instituição na definição do objeto da encomenda, na escolha do
futuro contratado, no monitoramento da execução contratual e nas demais
funções previstas neste Decreto, observado o seguinte:

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I - os membros do comitê técnico deverão assinar declaração de que não
possuem conflito de interesse na realização da atividade de assessoria técnica
ao contratante; e
II - a participação no comitê técnico será considerada prestação de serviço
público relevante, não remunerada.

§ 6º As auditorias técnicas e financeiras a que se refere este Decreto poderão


ser realizadas pelo comitê técnico de especialistas.
§ 7º O contratante definirá os parâmetros mínimos aceitáveis para utilização e
desempenho da solução, do produto, do serviço ou do processo objeto da
encomenda.

§ 8º A administração pública negociará a celebração do contrato de encomenda


tecnológica, com um ou mais potenciais interessados, com vistas à obtenção das
condições mais vantajosas de contratação, observadas as seguintes diretrizes:
I - a negociação será transparente, com documentação pertinente anexada aos
autos do processo de contratação, ressalvadas eventuais informações de
natureza industrial, tecnológica ou comercial que devam ser mantidas sob sigilo;
II - a escolha do contratado será orientada para a maior probabilidade de alcance
do resultado pretendido pelo contratante, e não necessariamente para o menor
preço ou custo, e a administração pública poderá utilizar, como fatores de
escolha, a competência técnica, a capacidade de gestão, as experiências
anteriores, a qualidade do projeto apresentado e outros critérios significativos de
avaliação do contratado; e
III - o projeto específico de que trata o § 9º poderá ser objeto de negociação com
o contratante, permitindo ao contratado, durante a elaboração do projeto,
consultar os gestores públicos responsáveis pela contratação e, se houver, o
comitê técnico de especialistas.

§ 9º A celebração do contrato de encomenda tecnológica ficará condicionada à


aprovação prévia de projeto específico, com etapas de execução do contrato
estabelecidas em cronograma físico-financeiro, a ser elaborado pelo contratado,
com observância aos objetivos a serem atingidos e aos requisitos que permitam

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a aplicação dos métodos e dos meios indispensáveis à verificação do andamento
do projeto em cada etapa, além de outros elementos estabelecidos pelo
contratante.

§ 10. A contratação prevista no caput poderá englobar a transferência de


tecnologia para viabilizar a produção e o domínio de tecnologias essenciais para
o País, definidas em atos específicos dos Ministros de Estados responsáveis por
sua execução.

§ 11. Sem prejuízo da responsabilidade assumida no instrumento contratual, o


contratado poderá subcontratar determinadas etapas da encomenda, até o limite
previsto no termo de contrato, hipótese em que o subcontratado observará as
mesmas regras de proteção do segredo industrial, tecnológico ou comercial
aplicáveis ao contratado.

b) Considerando que sua empresa de Engenharia tem um produto


inovador (modelo de utilidade) como deveria proceder para obter a patente
junto ao INPI?

Foram separados 5 passos com intuito de facilitar e instruir a obtenção de


uma patente junto ao INPI:

• Passo 1 - Entenda:
Se você inventou uma nova tecnologia, seja para produto ou processo, pode
buscar o direito a uma patente. A patente também vale para melhorias no uso ou
fabricação de objetos de uso prático, como utensílios e ferramentas. Ela pode
ser uma Patente de Invenção (PI) ou Patente de Modelo de Utilidade (MU).
Para entender os conceitos básicos, leia o Manual do Usuário para
peticionamento eletrônico. Você também deve acessar a legislação sobre o
tema. Caso não seja isto que procura, veja os demais serviços.

• Passo 2 - Faça a Busca:


Verifique se o que você pretende solicitar não foi protegido antes por terceiros.
Mesmo não sendo obrigatória, a busca é um importante indicativo para decidir
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se você entra com o pedido ou não. Assim, para avaliar se o pedido atende aos
requisitos de patenteabilidade é aconselhável fazer uma busca prévia.

• Passo 3 - Pague a GRU:


Confira os valores das retribuições. Pessoas físicas e microempresas, entre
outros, têm direito a desconto. Para o pagamento de taxas no INPI é necessário
o cadastramento no e-INPI.
Emita e pague a Guia de Recolhimento da União (GRU), colocando o código
200. Guarde o número deste documento, pois ele será necessário para o início
do processo.

• Passo 4 - Inicie o Pedido:


Reúna os documentos: (1) conteúdo técnico - relatório descritivo, quadro
reivindicatório, listagem de sequências (para pedido da área biotecnológica),
desenhos (se for o caso) e resumo; e (2) comprovante de pagamento da GRU.
Para entender como o material deve ser apresentado leia o Manual para o
Depositante de Patentes. Depois, acesse o e-Patentes e preencha o formulário
online. Confira o manual do sistema online. Para o depósito em papel, acesse
os formulários necessários. Saiba como solicitar patente em outros países.

• Passo 5 - Acompanhe:
O processo passará por diferentes etapas, que poderão exigir o envio de novos
documentos. Entenda a tramitação do processo acessando os seguintes
documentos: Manual para o Depositante de Patentes e Acompanhamento do
Pedido de Patente.
Lembre-se: é responsabilidade exclusiva do usuário acompanhar o andamento
do pedido. Para não perder os prazos, faça o procedimento das seguintes
formas:
- Consulte a Revista da Propriedade Industrial (RPI), publicada às terças-feiras.
- Acesse o sistema de busca de patente. Lá você pode selecionar seu processo
e incluí-lo em "Meus Pedidos", sistema que avisa por e-mail quando houver
movimentação. Este é um serviço adicional prestado pelo INPI e não substitui a
consulta à RPI.

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Ao longo do andamento do pedido, você poderá ter dúvidas. Para
esclarecer suas questões, você pode entrar em contato com a Diretoria de
Patentes das 10h às 16h30 na Rua Mayrink Veiga, 9 - 11º andar – Rio de Janeiro
(RJ).

Após dar entrada no pedido:


Em alguns casos, é possível acelerar o exame de patentes: idade, uso indevido
do invento ou pedido de recursos de fomento; patentes verdes, e produtos para
saúde. Para mais detalhes, consulte as orientações para o exame prioritário.
Após o depósito, a patente fica até 18 meses em sigilo e, depois, o depositante
deverá pedir o exame ao INPI.
Você precisará pagar anuidades a partir do 24º mês de depósito do pedido até o
fim da vigência da patente. Além disso, existem taxas para o pedido de exame e
para a expedição da carta-patente, entre outras, dependendo do caso.
Conheça os códigos de publicação (kind codes) utilizados para pedidos de
patente de invenção, pedidos de patente de modelo de utilidade e certificado de
adição de acordo com a norma ST.16 (Códigos recomendados para identificação
de diferentes tipos de documentos de patente), da Organização Mundial da
Propriedade Intelectual (OMPI).
A patente de invenção é válida por 20 anos a partir do depósito e o modelo de
utilidade, por 15 anos.

6. NOÇÕES BÁSICAS DO DIREITO DO CONSUMIDOR PARA


ENGENHEIROS

a) Como uma empresa de engenharia deverá evitar o descumprimento


de normas técnicas em relação aos seus serviços e/ou produtos?

Para garantir o cumprimento das normas técnicas a empresa pode


realizar constantes apresentações das normas para seus funcionários, assim
como oferecer treinamentos referentes às práticas que algumas normas exigem.
Simultaneamente, a empresa deve cobrar o cumprimento das normas assim
como lembrar da sua importância, através de banners, anúncios nos ambientes

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de trabalho. Além disso, a empresa pode planejar alguma premiação ou
bonificação para os funcionários que cumprem e verificam o cumprimento das
normas, estimulando os demais colaboradores a fazerem o mesmo.
Vale lembrar que o descumprimento das Normas Regulamentadoras (NRs) pode
ocasionar inúmeros problemas para empregador e empregado:
• Responsabilidade administrativa
o Multas aplicadas pelo MTE (Ministério do Trabalho);
o Embargo da obra ou interdição do estabelecimento, máquinas ou
equipamentos.

• Responsabilidade Trabalhista
o Pagamento de adicionais de insalubridade e periculosidade;
o Estabilidade provisória para acidentado;
o Ação civil pública;
o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
• Responsabilidade Previdenciária
o Ação Regressiva Acidentária (Art. 120 da Lei n. 8.213/91).
• Responsabilidade Civil
o Em caso de lesão corporal, os reflexos do acidente do trabalho/doença
ocupacional na área cível são (art. 949 CC):
o Despesas com o tratamento médico;
o Lucros cessantes até a alta médica;
o Danos estéticos;
o Pensão vitalícia, em caso de morte do trabalhador, em decorrência do
exercício do trabalho: danos emergentes; danos morais e pensão mensal.
• Responsabilidade Tributária
o Aumento da alíquota do SAT/FAP (Seguro de Acidente do Trabalho / Fator
Acidentário de Prevenção).
• Responsabilidade Criminal
o Infração penal: Descumprimento das normas de segurança sem que haja
qualquer resultado lesivo ou risco ao trabalhador (Art. 19, §2º da Lei 8.213/91);

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o Crime de perigo: Descumprimento das normas de segurança no trabalho
que ocasione risco ou perigo à vida ou à saúde do trabalhador (Art. 132, Código
Penal);
o Lesão corporal: Descumprimento das normas de segurança no trabalho
do qual resulte dano físico ou lesão corporal ao trabalhador (Art. 129, §6º, Código
Penal);
o Homicídio: Descumprimento das normas de segurança no trabalho que
cause a morte do trabalhador. (Art. 121, Código Penal).

b) Considerando que uma empresa de engenharia necessita de


fornecimento de crédito ou financiamento, o que os bancos e os agentes
financeiros são obrigados a informar? Sugestão: pesquise o artigo 52 de
CDC.

Em consulta ao Artigo 52 da Lei nº 8.078 de 11 de Setembro de 1990:


Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.
Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito
ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre
outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre:
I - Preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;
II - Montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;
III - Acréscimos legalmente previstos;
IV - Número e periodicidade das prestações;
V - Soma total a pagar, com e sem financiamento.
§ 1° As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu
termo não poderão ser superiores a dois por cento do valor da prestação.
(Redação dada pela Lei nº 9.298, de 1º.8.1996)
§ 2º É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou
parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos.

7. NOÇÕES DAS PROVAS NO PROCESSO JUDICIAL E IMPORTÂNCIA


DA PERÍCIA DA ENGENHARIA

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a) Como o Engenheiro Perito comprovará sua especialidade na matéria
sobre a qual deverá opinar? OBS: Pesquisar o Art 156 parágrafo 5 º do
Código do Processo Civil

De acordo com o Código do Processo Civil, temos: Art. 156. O juiz será
assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico
ou científico.

§ 5º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo


tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre
profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do
conhecimento necessário à realização da perícia.
Em cima das ARTs, se forma um acervo técnico, todo documentado, em
que comprova a expertise no dia a dia, ou se for pesquisador, olhar no lattes
seus artigos. O normativo que merece realce, porque corrobora o entendimento
que sustentamos, está no novo § 2° do art. 145 que reza: "os peritos
comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante
certidão do órgão profissional em que estiverem inscritas e tal comprovação só
é exigida no contexto de aplicação do § Io , isto é, na hipótese de existir
profissional de nível universitário, além do órgão de classe, e surgir no curso da
produção da prova pericial dúvida sobre a habilitação técnica do nomeado (neste
sentido, nosso CPC Interpretado, ob. cit., p. 109, ainda). Ora, a exigência
expressa de prova da habilitação em caso de dúvida 389 põe às claras a vontade
da lei de retirar a eficácia processual de laudo elaborado por profissional sem a
devida habilitação técnica.
Vale ressaltar também que a prova pericial consistirá em exame, vistoria
ou avaliação, e poderá ser determinada de ofício[v] ou a requerimento das
partes. Será indeferida quando: a) não houver a necessidade de conhecimento
especial de técnico para prova do fato; b) o fato já estiver comprovado por outros
meios de prova; e, c) a verificação for impraticável (art. 464, § 1º, CPC).
Caso o objeto da perícia envolva aspectos de maior complexidade,
abarcando várias áreas do saber, o juiz nomeará mais de um perito, haja vista a
necessidade de que cada um seja especializado em sua respectiva área de
conhecimento (art. 475, CPC). A produção da prova pericial poderá ser
dispensada quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre

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as questões de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que forem
considerados suficientes pelo magistrado (art. 472, CPC).

b) Caso o Engenheiro Perito preste informações inverídicas, como o


juiz deverá proceder com relação ao CREA?

Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015


Código de Processo Civil.
Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas
responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em
outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das
demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo
órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis.

8. ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA

a) Como você futuro engenheiro estabeleceria uma política de


qualidade de acordo com a ISO 9001:2015 para sua empresa?

A Norma ISO 9001 2015 incentiva a qualidade dos processos de uma


organização, através da aplicação de importantes requisitos como: planejamento
das atividades, definição de metas, implementação de planos de ação e
relacionamento com clientes, fornecedores e colaboradores.
A princípio iria me instruir em relação a ISO 9001:2015, estuda-la e buscar
meios de como aplica-la. Além disso, buscaria exemplos de outras empresas
que possuem bons cases em relação a essa norma, e tentaria adaptar essas
medidas à minha empresa. Simultaneamente, estudaria metodologias de gestão
atuais, como a Metodologia Ágil: SCRUM, PDCA, dentre outras. Em relação aos
clientes, teria eles em primeiro lugar de prioridade, sempre buscando satisfaze-
los e encanta-los. Dessa forma, acredito que poderíamos chegar numa boa
qualidade referente à essa normativa.

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b) Como você futuro engenheiro elevaria o nível do seu gerenciamento de
obras/serviços? OBS: Pesquisar mobusscontrucao.com.br

O gerenciamento dos processos inerentes à construção civil é de extrema


importância para garantir a qualidade dos serviços prestados, atendendo aos
prazos estabelecidos e com economia. Para que um empreendimento seja
gerenciado com eficiência é fundamental que sejam adotadas algumas medidas
como:

• Centralização de dados e informações, fundamental para aumentar a


eficiência no controle de produção e na eliminação de perdas, além de otimizar a
tomada de decisões e a orientação dos trabalhos;
• Organização e armazenamento de todos os dados relacionados aos
empreendimentos, desde definições sobre materiais, tecnologias, funcionários,
maquinário, preços e prazos e quaisquer datas importantes, a fim de buscá-las
sempre que necessário e para manter o controle de tudo que acontece;
• Procedimento de acompanhamento de obras/serviços e desenvolvimento de
algum método de registro (relatórios diários de obra são uma ótima forma de fazer
isso), a fim de acompanhar os padrões de qualidade e segurança ter meios de
comprová-los;
• Monitoramento de indicadores, como a produtividade dos envolvidos, a
curva S e o histograma de mão de obra, a fim de acompanhar a evolução e as
características da obra/serviço;
• Controle do fluxo de informações e manutenção de uma comunicação
eficiente entre todos os envolvidos no empreendimento.

Para auxiliar nesses procedimentos existem alguns softwares de gestão que


apresentam recursos interessantes, como o Mobuss Construção.

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9. NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO PARA ENGENHEIROS

a) Qual a importância dos programas: Programa de Prevenção de


Riscos Ambientais PPRA, NR 09, e o Programa de Controle Médico e Saúde
Ocupacional PCMSO, NR 07?

PPRA: O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) é


regulamentado pela NR9, desde o ano de 1994, e estabelece a todos os
empregados e instituições a obrigação de promover ações com objetivo de
preservar a saúde e a integridade dos trabalhadores, por meio do
reconhecimento, antecipação, avaliação e consequente controle da ocorrência
de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho,
levando em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.
O PPRA é parte integrante de um conjunto mais amplo de iniciativas da empresa
no campo da preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo
estar articulado com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
(PCMSO).

• Objetivo: Estabelecer ações que garantam a preservação da saúde e


integridade dos trabalhadores, considerando possíveis riscos nos ambientes de
trabalho.

• Riscos ambientais: Os riscos ambientais são os agentes físicos, químicos


e biológicos existentes nos ambientes laborais que, em função de sua natureza,
concentração, intensidade e tempo de exposição, podem causar danos à saúde
dos trabalhadores.

• Obrigatoriedade: A elaboração e implementação do PPRA é obrigatória


para todos os empregadores que contratam trabalhadores para suas empresas.

PCMSO: O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional


(PCMSO) é regulamentado pela NR7, desde o ano de 1994, e estabelece o
controle de saúde físico e mental do trabalhador, a partir da avaliação de suas
atividades. Para que seja possível um eficiente controle médico, a legislação

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obriga o empregador a realizar os exames médicos admissionais, de mudança
de função, de retorno ao trabalho e exames médicos periódicos.

• Objetivo: Monitorar exames laboratoriais e identificar precocemente


qualquer problema que possa comprometer a saúde dos trabalhadores.

• Obrigatoriedade: A elaboração e implementação do PCMSO é obrigatória


para todos os empregadores que contratam trabalhadores para suas empresas.

• Caso um funcionário venha a contrair qualquer doença ocupacional, os


empregadores respondem judicialmente pelo dano causado. As indenizações e
os custos processuais assumem valores elevadíssimos podendo comprometer,
seriamente, a saúde financeira das empresas.

NR 09: estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por


parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como
empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, visando
à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da
antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência
de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho,
tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

NR 07: A NR 7 determina a implementação, nas empresas e instituições,


do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – o PCMSO. A norma
tem por objetivo, justamente, a preservação da saúde do conjunto dos
colaboradores, em todos os ramos de atividades. Esta é mais uma daquelas
situações onde a aplicação de recursos é investimento, não é gasto, pois
representa uma grande economia para a construtora ou incorporadora, no curto,
médio e longo prazo.

b) Qual o papel da comissão interna de prevenção de acidentes, NR 05


– CIPA nas empresas?

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA - tem como


objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo

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a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a
promoção da saúde do trabalhador.
O incremento das ações preventivas por parte da CIPA, consiste,
fundamentalmente, em observar e expor as condições de riscos nos ambientes
de trabalho; solicitar medidas para diminuir e extinguir os riscos existentes ou até
mesmo neutraliza-los; debater os acidentes ocorridos, solicitando medidas que
previnam acidentes parecidos e ainda, guiar os demais trabalhadores quanto à
prevenção de futuros acidentes na SIPAT (Semana Interna de Prevenção de
Acidentes).

c) Qual a importância dos equipamentos de proteção individual – EPIs,


NR 06, bem como dos equipamentos de proteção coletiva-EPCs?

A utilização de EPI e EPC serve para minimizar ou eliminar os riscos


inerentes às atividades realizadas pelos colaboradores da empresa, garantindo
a segurança da equipe. É importante salientar que a preocupação com ambas
as formas de proteção deve existir, pois cada uma possui um propósito
específico e uma não elimina a outra.
Dessa forma, mesmo que um colaborador utilize seus equipamentos de
proteção individual como capacete e botas, por exemplo, é necessário utilizar
cones, correntes e alertas para indicar os riscos e evitar acidentes.
A importância de se utilizar os equipamentos de segurança usados em
conjunto é grande pois somente assim é possível preservar a saúde e a
segurança de forma ampla. A utilização de apenas um ou outro não cobre a
maior parte dos riscos inerentes a uma operação. Cada empresa deve saber
quais deles são necessários de acordo com o tipo de atividade que realizam —
em algumas a necessidade pode ser maior do que em outras.
Deve-se salientar que o simples fornecimento dos EPIS e EPCs e a
exigência do seu uso não podem evitar acidentes. Um sistema eficaz de
segurança é caracterizado não apenas pelo cumprimento das exigências legais,
mas principalmente pela preocupação em fornecer aos empregados um
ambiente seguro, com equipamentos de proteção individual e segurança coletiva
mais adequados e um eficiente treinamento sobre a utilização do mesmo, não

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levando em conta apenas a minimização dos custos da empresa, mas também
a saúde de seus funcionários.

10. DIREITO PREVIDENCIÁRIO PARA O ENGENHEIRO

a) Quais os cuidados que uma empresa de engenharia contratante de


serviços recrutados mediante seção de mão de obra empreitada passou a
ter na retenção do valor para o INSS? Qual o percentual, o que deve conter
nota fiscal e qual dia do recolhimento?

Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão


de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por
cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher,
em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20
(vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura,
ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário
naquele dia, observado o disposto no § 5o do art. 33 desta Lei. (Redação dada
pela Lei nº 11.933, de 2009). (Produção de efeitos).
§ 1o O valor retido de que trata o caput deste artigo, que deverá ser destacado
na nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, poderá ser compensado por
qualquer estabelecimento da empresa cedente da mão de obra, por ocasião do
recolhimento das contribuições destinadas à Seguridade Social devidas sobre a
folha de pagamento dos seus segurados. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de
2009)
§ 2o Na impossibilidade de haver compensação integral na forma do parágrafo
anterior, o saldo remanescente será objeto de restituição. (Redação dada pela
Lei nº 9.711, de 1998).
§ 3o Para os fins desta Lei, entende-se como cessão de mão-de-obra a
colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de
terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não
com a atividade-fim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de
contratação. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998).

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§ 4o Enquadram-se na situação prevista no parágrafo anterior, além de outros
estabelecidos em regulamento, os seguintes serviços: (Redação dada pela Lei
nº 9.711, de 1998).
I - Limpeza, conservação e zeladoria; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998).
II - Vigilância e segurança; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998).
III - Empreitada de mão-de-obra; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998).
IV - Contratação de trabalho temporário na forma da Lei no 6.019, de 3 de janeiro
de 1974. (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998).
§ 5o O cedente da mão-de-obra deverá elaborar folhas de pagamento distintas
para cada contratante. (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998).
§ 6o Em se tratando de retenção e recolhimento realizados na forma do caput
deste artigo, em nome de consórcio, de que tratam os arts. 278 e 279 da Lei no
6.404, de 15 de dezembro de 1976, aplica-se o disposto em todo este artigo,
observada a participação de cada uma das empresas consorciadas, na forma do
respectivo ato constitutivo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)

b) O que uma empresa de engenharia prestadora de serviços deve


destacar na nota fiscal?

Na nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços, a empresa deve


destacar o valor da retenção sob o título “retenção para a previdência
social”, a qual deve ser identificada logo após a descrição dos serviços
prestados, somente para produzir efeito como parcela dedutível no ato da
quitação do documento, sem alteração do seu valor bruto. No caso de
ausência desse destaque, caracteriza-se infração ao parágrafo 1º do art.
31 da Lei nº 8.212, de 1991.

c) Quais os cuidados que uma empresa de engenharia deve ter com o


fator acidentário de prevenção (FAP)?

A Lei 10.666/2003, instituiu o FAP - Fator Acidentário de Prevenção - que


é um multiplicador variável entre 0,50 e 2,00 a ser aplicado sobre a alíquota RAT
- Riscos ambientais de trabalho a partir de janeiro de 2010. O RAT, antigo SAT

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é uma contribuição mensal (1%, 2% e 3%) calculada sobre os salários pagos
pelo empregador e recolhida através de GPS - Guia da Previdência Social.

O objetivo da instituição do FAP é o financiamento dos benefícios


concedidos em razão de acidente de trabalho como o auxílio doença,
aposentadoria por invalidez e a pensão por morte e acidente de trabalho. Isto
significa dizer que, as empresas com mais acidentes e acidentes mais graves
passarão a contribuir com um valor maior, enquanto as empresas com menor
acidentalidade terão uma redução no valor de contribuição.

Efetivamente, apenas as empresas de pequeno porte e com poucos


funcionários poderão ter redução na alíquota. Desta forma, a arrecadação da
Previdência Social aumentará significativamente. Para o empresário, significa
um acréscimo de despesas referente contribuição do INSS em até 10,5%.

O cálculo do FAP considerará a ocorrência de acidentes e doenças do


trabalho em cada empresa comparados a outras empresas na mesma atividade.
O índice é composto por três fatores: gravidade, frequência e custo. Após o
cálculo desses fatores, são atribuídos os percentis de ordem para as empresas
por setor (Subclasse da CNAE) para cada um desses índices.

Desse modo, a empresa com menor índice de frequência de acidentes e


doenças do trabalho no setor, por exemplo, recebe o menor percentual e o
estabelecimento com maior frequência acidentária recebe 100%. O percentil é
calculado com os dados ordenados de forma ascendente.

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