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Refrigeração e Climatização

Câmaras frias
Prof.: Dalmedson G. R. de Freitas Filho
e-mail: dalmedson.filho@unilasalle.edu.br
Câmaras frias

Câmaras frias são edificações ou partes de edificações que


oferece condições de estocagem controlada utilizando refrigeração.
Dois tipos básicos de câmaras são:
1) câmaras que protegem os alimentos em temperaturas próximas
de 0 °C – produtos resfriados;

2) câmaras de baixa temperatura que operam abaixo de 0°C,


normalmente próximo de -20°C, para prevenir deterioração e
manter ou estender o período de validade do produto.
Câmaras frias
Câmaras frias

As condições dentro da câmara fria devem ser mantidas para


preservar o produto estocado. Estas condições incluem:
● Temperatura uniforme
● Lançamento do jato de ar e incidência sobre o produto estocado
● Efeito da umidade relativa
● Efeito do movimento de ar sobre os operadores
● Ventilação controlada
● Temperatura de entrada do produto
● Tempo de estocagem
● Temperatura de saída do produto
Câmaras frias

As aplicações da refrigeração na conservação de alimentos


estão classificadas em categorias que são:
1. Câmaras com temperatura de 0°C ou acima - produtos resfriados
2. Câmaras para congelados de alta temperatura de -2 a -3°C
3. Câmaras para congelados mantidas usualmente de -20 a -29°C
4. Câmaras para congelados de -20 a -29°C com capacidade para
congelar produtos recebidos acima de -18°C
5. Túneis de resfriamento e congelamento
Câmaras frias

6. Câmaras com atmosfera controlada para armazenagem de longo


tempo de frutas e vegetais
7. Veículos para transporte de alimentos - caminhões, trens, navios,
aviões
8. Expositores frigoríficos, refrigeradores e congeladores comerciais
9. Refrigeradores e congeladores residenciais
Câmaras frias
Câmaras frias

Dimensionamento
O volume de uma câmara fria pode ser calculada com a base de
130 a 160 kg por metro cúbico, com média de 145 kg/m3.

Altura dos espaços refrigerados: entre 6,5 a 8,5 metros,


permitindo operação de empilhadeiras.

A altura prática das pilhas fica em torno de 4,5 a 5,5 m.


Câmaras frias

Dimensionamento

Densidade de estocagem de produtos por m³ bruto em câmaras


Descrição Kg/m³
Couve-flor, sorvetes, maçãs 150 a 199
Lagostas, lesmas, framboesas 200 a 249
Espinafre, carneiro (carcaça) 250 a 299
Carne moída, doces em lata, frutas, peixes 300 a 349
Porcos (carcaça), batatas fritas, frangos 350 a 399
Gansos e perus 400 a 449
Frutas congeladas 450 a 499
Manteiga, castanhas, massas, presunto, ovos 500
congelados
Câmaras frias

Dimensionamento
O espaço livre acima das pilhas é usado para os forçadores de
ar, distribuição de ar, iluminação.
Geralmente, 2 a 3 m acima das pilhas é suficiente para os
forçadores e linhas de drenagem.
Espaços superiores são baratos e não requerem grandes
aumentos na potência de refrigeração, recomendando-se no
mínimo 6 m de altura.
Pequenas câmaras podem ter altura total de 3 a 4,5 m.
Câmaras frias
Câmaras frias – carga térmica
Câmaras frias

Carga térmica de câmaras frias

1. Carga de transmissão: é calor transferido para dentro do espaço


refrigerado através de suas superfícies.

2. Carga do produto: é calor removido dos produtos ou produzido


pelos produtos existentes dentro da câmara.

3. Carga interna: é o calor produzido por fontes internas.

4. Carga de infiltração de ar: é o ganho de calor associado com o ar


que entra no espaço refrigerado.

5. Carga relacionada com o equipamento de refrigeração.


Câmaras frias

1. Carga de transmissão

O ganho de calor sensível através de paredes, piso e forro é


calculado em regime estacionário como :
Q̇ tr = UA Δ T

Onde o coeficiente global de transferência de calor U pode ser


calculado como:
1
U= N
1 x 1
+∑ +
hi 1 k h o
Câmaras frias

1. Carga de transmissão
1
U= N
1 x 1
+∑ +
hi 1 k h o
hi é o coeficiente de convecção interno
ho é o coeficiente de convecção externo
x é a espessura do material;
k é a condutividade térmica do material.

O coeficiente de calor por convecção é calculado como


h= 8,7+3,8 u
Onde u é a velocidade do ar junto a superfície, em m/s.
Câmaras frias

1. Carga de transmissão

A condutividade térmica de isolantes (e concreto) está listada na


tabela 1
Câmaras frias

1. Carga de transmissão

Para outros isolantes é preciso corrigir a espessura do isolamento


com a equação:
x= x T ( k /0,025)

Onde xT é a espessura da tabela 2 e k é a condutividade térmica.


Câmaras frias

1. Carga de transmissão
O diferencial de temperatura é calculado por:

Δ T = (T E − T I )+ AS

Onde:
TE é a temperatura externa, que depende da cidade;
TI é a temperatura interna, que depende das condições internas de
estocagem;
AS é o acréscimo por efeito de sol.
Câmaras frias

1. Carga de transmissão
Câmaras frias

1. Carga de transmissão
Câmaras frias

2. Carga do produto
As principais cargas devidas aos produtos colocadas dentro das
câmaras frias são:

● O calor que deve ser removido para reduzir a temperatura do


produto até a temperatura de estocagem;

● O calor gerado por frutas e vegetais.


Câmaras frias

2. Carga do produto
● O calor que deve ser removido para reduzir a temperatura do
produto até a temperatura de estocagem;
a) Calor removido para resfriar o produto desde a temperatura
inicial até outra acima do congelamento:
Q1 = mc1 (T 1− T 2 )

onde
Q1 é o calor removido, kJ;
m a massa de produto, kg;
c1 o calor específico do produto resfriado, kJ/kgK;
T1 a temperatura inicial acima do congelamento, °C;
T2 a temperatura final acima do congelamento, °C.
Câmaras frias

2. Carga do produto
● O calor que deve ser removido para reduzir a temperatura do
produto até a temperatura de estocagem;
b) Calor removido para resfriar o produto desde a temperatura
inicial até a de congelamento do produto:
Q 2= mc1 (T 1 − T f )

onde
Q2 é o calor removido, kJ;
m a massa de produto, kg;
c1 o calor específico do produto resfriado, kJ/kgK;
T1 a temperatura inicial acima do congelamento, °C;
Tf a temperatura inicial de congelamento, °C.
Câmaras frias

2. Carga do produto
● O calor que deve ser removido para reduzir a temperatura do
produto até a temperatura de estocagem;
c) Calor removido para congelar o produto:
Q 3= mhif

onde
Q3 é o calor removido, kJ;
m a massa de produto, kg;
hif calor latente de congelamento do produto, kJ/kg.
Câmaras frias

2. Carga do produto
● O calor que deve ser removido para reduzir a temperatura do
produto até a temperatura de estocagem;
d) Calor removido para resfriar o produto desde a temperatura de
congelamento do produto até a temperatura final de sub-
congelamento:
Q 4 = mc2 (T f − T 3 )

onde
Q4 é o calor removido, kJ;
m a massa de produto, kg;
c2 o calor específico do produto congelado, kJ/kgK;
Tf a temperatura inicial de congelamento, °C;
T3 a temperatura final de congelamento, °C.
Câmaras frias

2. Carga do produto
● O calor que deve ser removido para reduzir a temperatura do
produto até a temperatura de estocagem;
e) Calor removido para resfriar pallets, caixas, containers e outros
materiais de contenção dos alimentos:
Q5 = mC cC (T 1 − T 4 )

onde
Q5 é o calor removido, kJ;
mC a massa das caixas ou pallets etc., kg;
cC o calor específico das caixas ou outros materiais, kJ/kgK;
T1 a temperatura de entrada das caixas, °C;
T4 a temperatura final das caixas (igual a T2 ou a T3 , dependendo
do caso, °C.
Câmaras frias

2. Carga do produto
● O calor que deve ser removido para reduzir a temperatura do
produto até a temperatura de estocagem;
e) Calor removido para resfriar pallets, caixas, containers e outros
materiais de contenção dos alimentos:

Q5 = mC cC (T 1 − T 4 )

Tipo de Embalagem Calor Específico (Kcal / kg ºC)


Alumínio 0,2
Vidro 0,2
Ferro ou Aço 0,1
Madeira 0,6
Papel Cartão 0,35
Caixa de Plástico 0,4
Câmaras frias

2. Carga do produto
● O calor que deve ser removido para reduzir a temperatura do
produto até a temperatura de estocagem;
f) Calor removido para resfriar o produto desde a temperatura inicial
até a temperatura final:
Quando o objetivo é o resfriamento do
Q 1+ Q 5 produto até uma temperatura acima da
Q̇1 =
3600 n temperatura de congelamento.

Quando o objetivo é o resfriamento do produto


Q 2+ Q 3+ Q 4 + Q 5
Q̇1 = até uma temperatura abaixo da temperatura de
3600 n congelamento.

onde
Q̇ 1é a potência para resfriamento dos alimentos, kW, e n o intervalo
de tempo em horas em que os processos deverão ocorrer.
Câmaras frias

2. Carga do produto
● O calor gerado por frutas e vegetais.
g) Calor de respiração de frutas e vegetais:

Q̇ 2= mR
Onde
Q̇ 2 é a potência térmica dissipada pela respiração de frutas e
vegetais, W,
R é o calor de respiração de frutas e vegetais, W/kg.

Potência total de refrigeração devida ao produto:

Q̇ pr = Q̇ 1+ Q̇ 2
Câmaras frias

2. Carga do produto

Q̇ pr = Q̇ 1+ Q̇ 2
Câmaras frias

2. Carga do produto
Câmaras frias

3. Carga interna
Divide-se em equipamento elétrico, equipamentos de
movimentação, equipamentos de processamento e pessoas.

As lâmpadas podem ser calculadas com taxas de iluminação, por


exemplo 10 W/m² de piso.

O calor dissipado por motores elétricos pode ser visto na tabela


seguinte.
Câmaras frias

3. Carga interna
Câmaras frias

3. Carga interna
Pessoas:
A carga térmica de uma pessoa pode ser estimada como

Q̇ ps = N (272− 6 T )

Onde
N é o número de pessoas presentes no ambiente;
T é a temperatura da câmara fria, °C.
Câmaras frias

4. Carga do ar de infiltração
O ganho de calor associado ao ar de infiltração pode chegar a
metade da carga de refrigeração.
Câmaras frias

4. Carga do ar de infiltração
Este fluxo de calor pode ser calculado por

Q̇inf = Q̇ est Dt D f (1− E)

onde
Q̇inf é o ganho de calor médio no período em análise, kW,
Q̇ est é a carga de refrigeração sensível e latente para fluxo de ar
estabelecido, kW,
Dt o fator temporal decimal de abertura da porta,
Df o fator decimal de fluxo da porta e
E a efetividade do dispositivo de proteção da porta.
Câmaras frias

4. Carga do ar de infiltração
Este fluxo de calor pode ser calculado por
A
Q̇ est = (hi − h r )ρR u est
2

onde

u est = 0,442 F m
(ρR − ρI ) gH
ρR

A é a área da porta, m²,


hi a entalpia do ar de infiltração (ar externo), kJ/kg,
hr a entalpia do ar refrigerado, kJ/kg,
ρI a densidade do ar de infiltração, kg/m³,
ρR a densidade do ar refrigerado, kg/m³,
uest a velocidade do ar para fluxo estabelecido, m/s,
g a aceleração da gravidade, 9,81 m/s²,
H a altura da porta, m
Câmaras frias

4. Carga do ar de infiltração
Fm é o fator de densidade e é calculado pela equação:
1,5

( ())
2
F m= 1/3
ρR
1+ ρ
I

A densidade do ar pode ser retirada da carta psicrométrica para


temperaturas acima de -10°C, e para temperaturas menor que -
10°C pode ser calculada por
353
ρ=
T

Nesta equação a temperatura deve ser em Kelvin.


Câmaras frias

4. Carga do ar de infiltração
Para uso cíclico, irregular e constante da porta, o fator temporal de
abertura da porta pode ser calculado por

θ p θo
Dt= P θ = θ
d d

P é o número de passagens pela porta,


θ p é o tempo em que a porta fica aberta em cada passagem,
θo é o tempo que a porta fica aberta,
θd é o intervalo de tempo em análise.

Tipicamente o tempo θ p para portas convencionais fica na faixa de


15 a 25 s por passagem.
Câmaras frias

4. Carga do ar de infiltração
O fator de fluxo da porta Df é a relação entre a troca real de ar e a
troca de fluxo completamente estabelecido.

O fluxo completamente estabelecido ocorre somente quando a


porta fica aberta para uma grande sala ou para o exterior, e o fluxo
não é impedido por obstruções

Nestas condições de fluxo desimpedido, Df é 1,0. Em condições


normais, Df fica entre 0,7 e 0,8.

A efetividade E de dispositivos de proteção da porta como portas


automáticas rápidas, vestíbulos e cortinas de ar varia de 0,7 a 0,95.
Para portas sem dispositivos de proteção, E = 0.
Câmaras frias

5. Carga dos equipamentos de refrigeração e fator de


segurança

Ganhos de calor associados com a operação do equipamento


de refrigeração consiste essencialmente do seguinte:
● Calor do motor do ventilador do forçador de ar
● Calor de reaquecimento no caso de controle de umidade
● Calor de degelo onde a serpentina opera em temperatura abaixo
do congelamento e deve ser periodicamente degelada

É necessário inserir também um fator de segurança por possíveis


discrepâncias entre os critérios de projeto e condições de
operação.

Recomenda-se acrescentar 10 a 15% às cargas térmicas


calculadas para considerar os elementos acima comentados.
Câmaras frias

Carga térmica total:

Q̇ T = Q̇ tr + Q̇ pr + Q̇ int + Q̇inf +(10 a 15 %)


Câmaras frias

Exercício:
Projeto de Câmara fria para barris de cerveja em Porto Alegre. A
câmara deverá ter capacidade de armazenar 80 barris de 30 litros e
60 barris de 50 litros. O forro de cor clara recebe sol. A câmara
deverá ser isolada com poliuretano. Considerar o solo a 22°C. Duas
paredes da câmara são externas sem receber sol diretamente e
duas estão em contato com ambientes a 20°C. A câmara deve ter
potência para resfriar 10% de sua capacidade por dia recebendo o
produto a 20°C. A câmara tem uma porta que medem 1,00 m de
largura por 2,50 m de altura. A porta comunica a câmara com o
ambiente a 20°C e 80% UR. O fator de fluxo das portas Df é 0,7. A
porta que abre para o exterior tem passagem de produto 36 vezes
por dia ficando aberta 20s por passagem. A porta não têm
dispositivo de proteção contra infiltração. A iluminação deve ser
calculada com a taxa de 10 W/m². Considerar uma pessoa
trabalhando dentro da câmara. O ar interno é parado.

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