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Pontifícia Universidade Católica de Campinas

CEATEC – Faculdade de Química

Físico-Química B
Número da prática: 06
Data de entrega do relatório: 04/11/2021

DETERMINAÇÃO DA ENERGIA DE ATIVAÇÃO DE UMA REAÇÃO IÔNICA

Ana Flávia da Silva R.A. 20151684


Beatriz Sarti R.A. 20133450
Gustavo Biella de Brito R.A. 20113031

PUC-CAMPINAS
2021
1. INTRODUÇÃO
A determinação da energia de ativação de uma reação iônica pode ser
calculada a partir da equação de Arrhenius (1.1), que relaciona os conceitos de
colisão efetiva e dos níveis de energia da molécula (BALL; KEY, 2014).
− 𝐸𝑎
k = 𝐴𝑒 𝑅𝑇 (1.1)
Na equação de Arrhenius, a constante k determina a velocidade, 𝐸𝑎
representa a energia de ativação, R é a constante do gás (8,3145 J.K-1.mol-1), T a
temperatura, que deve ser indicada em Kelvin, A expressa o fator de frequência
com as unidades L.mol−1.s−1 (BALL; KEY, 2014).
Graficamente, a energia de ativação pode ser representada a partir da
seguinte equação (1.2):
− 𝐸𝑎 1
In (k) = . ( 𝑡 ) + In A (1.2)
𝑅

A energia de ativação pode ser determinada a partir da curva de Arrhenius


quando a constante de k for conhecida e vice-versa. A relação estabelecida entre
𝐸𝑎 e k são inversamente proporcionais, portanto, quando a energia de ativação
(𝐸𝑎) aumenta a constante de k é reduzida e, como resultado, a taxa de reação
também se reduz (RUSSELL, 2000).
Ainda segundo a equação de Arrhenius, a temperatura influencia a
velocidade da reação e esta relação pode ser observada experimentalmente. A
distribuição de Maxwell-Boltzmann explica esta associação a partir do princípio da
existência de uma distribuição de energias cinéticas moleculares em qualquer
temperatura. Por isto, em temperaturas maiores, a distribuição de energias
cinéticas das moléculas é deslocada para aumentar o número de moléculas rápidas
(RUSSELL, 2000).
No experimento de oxidação do íon iodeto pelo íon persulfato a equação de
Arrhenius pode ser aplicada para determinar a energia de ativação necessária para
a ocorrência desta reação iônica e biomolecular que é, inicialmente, de segunda
ordem (SHURVELL, 1966).
S2O82- + 2I- = 2SO42- + I2 (1.3)

− ⅆ[S2 O2−
8 ] -
= k2[S2 O2−
8 ]. [I ] (1.4)
ⅆt
No entanto, quando realizado mantendo-se a concentração de íon iodeto
constante, a reação deve ser definida como de pseudoprimeira ordem (SHURVELL,
1966).
− ⅆ[S2 O2−
8 ]
= k1[S2 O2−
8 ] (1.5)
ⅆt

2. OBJETIVO
Determinar o valor da energia de ativação de uma reação iônica através da
curva de Arrhenius, utilizando dados obtidos experimentalmente.

3. METODOLOGIA

3.1 MATERIAIS E REAGENTES


3 banhos-maria em 30, 35 e 40ºC 01 cronômetro
04 erlenmeyer de 250mL 01 conta gotas
01 pipeta volumétrica de 10mL Solução de amido 1%
02 pipetas volumétricas de 20mL Solução de tiossulfato de sódio 0,01M
02 termômetros Solução de persulfato de potássio 0,01M
01 pera de sucção Solução de iodeto de potássio 0,5M

3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL


A velocidade da reação depende das concentrações dos íons persulfato e
iodeto no meio reacional. Assim, a coloração azul (do amido em presença de iodo
livre) somente aparece depois que todos os íons tiossulfato terem sido consumidos.
Adicionando sempre a mesma quantidade de íons tiossulfato ao sistema, e como a
quantidade de iodo livre que se forma é diretamente proporcional ao consumo dos
íons persulfato da reação em estudo, o surgimento da coloração azul indica o
consumo de uma mesma quantidade de íons persulfato em cada reação.
A temperatura do banho termostático deve atingir 10°C para executar as
etapas. Em um erlenmeyer A foram adicionados 20mL da solução 0,5M de iodeto
de potássio, 10mL da solução 0,01M de tiossulfato de sódio e 10 gotas da solução
de amido como indicador para a reação. Ao segundo erlenmeyer B foram
adicionados 20mL da solução 0,01M de persulfato de potássio. Aguardou-se alguns
minutos para que as soluções no interior dos frascos atinjam a temperatura do
banho. Adicionou-se, rapidamente, o conteúdo do frasco A no frasco B e agitou-se
vigorosamente a mistura. A contagem do tempo foi iniciada ao final da adição dos
reagentes. A contagem do tempo termina quando surgir a primeira coloração
azulada. A reação foi repetida com o banho termostático nas temperaturas de 15,
20, 25, 30, 35 e 40°C.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com Russell (2000, p. 47), ao observarmos a velocidade de uma
reação química conseguimos observar também um aumento da temperatura. Isso
se deve ao fato da constante de velocidade k variar com a temperatura, conforme
demonstrado na equação de Arrhenius e podendo ser comprovado
experimentalmente de acordo com os dados coletados na tabela abaixo.

Tabela 1 – Resultados coletados durante o procedimento.


Temperatura Temperatura Tempo de 1/T ln (1/t)
(°C) (K) reação (s)
10 285,15 540 0,00351 - 6,29
21 296,15 329 0,00338 - 5,79
30 304,15 188 0,00329 - 5,23
35 309,95 133 0,00323 - 4,89
40 313,15 110 0,00319 - 4,70
Fonte: Elaborado pelos autores, 2021.

Isso se deve à Distribuição de Maxwell-Boltzmann, onde a temperatura mais


elevada irá deslocar essa distribuição para que haja um maior número de moléculas
se movimentando rapidamente do que moléculas se deslocando lentamente
(RUSSELL, 2000, p. 48).
Figura 1 - Gráfico do efeito da temperatura sobre as moléculas

Fonte: Russell, 2000.

A melhor forma de determinarmos a energia de ativação com os dados


obtidos é graficamente, a partir da equação de reta y = mx + b em que m = –Ea/R;
y = ln k e x = 1/T (RUSSELL, 2000, p. 49).

Gráfico 1 – Curva de Arrhenius feita a partir de dados obtidos experimentalmente.

ln (1/t) versus 1/T


0
0,00315 0,0032 0,00325 0,0033 0,00335 0,0034 0,00345 0,0035 0,00355
-1

-2

-3
ln (1/t)

-4 -4,7 -4,89
-5,23
-5
-5,79
y = -5160,3x + 11,743 -6,29
-6 R² = 0,9899
-7
1/T

Fonte: Elaborado pelos autores, 2021.


Com os dados obtidos experimentalmente e com o gráfico, podemos calcular
a energia de ativação na reação realizada em laboratório.
𝐸𝑎
m=−
𝑅
𝐸𝑎
- 5160,3K = −
8,315 𝐽.𝐾−1 .𝑚𝑜𝑙 −1
Ea = 42,9kJ.mol-1

5. CONCLUSÃO
As concentrações dos íons persulfato e iodeto são determinantes para a
velocidade de reação, assim como a temperatura em que se encontra a solução. O
sistema planejado permitiu avaliar a velocidade das interações entre os compostos.
Nas soluções de menor temperatura dos compostos, levou-se mais tempo até a
completa reação. Já nas soluções em que a temperatura estava elevada, a reação
completou-se em menor tempo. Assim, pudemos observar uma curva linear na
velocidade desta reação pela temperatura.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALL, D. W.; KEY, J. A. Introductory Chemistry: 1st Canadian Edition. Creative
Commons Attribution NonCommercial ShareAlike, v. 1, p. 865 – 869, 2014.
Disponível em: https://opentextbc.ca/introductorychemistry/. Acesso em: 1 nov.
2021.

RUSSELL, J. B. Química Geral. Pearson, v. 2, p. 47 – 52, 2000. Disponível em:


https://sigdoc.ap.gov.br/public/arquivo/5dde7decfcfe809646ac03b9. Acesso em: 28
out. 2021.

SHURVELL, H. F. The Activation Energy of an Ionic Reaction: A physical chemistry


experiment. Journal of Chemical Education, Kingston, v. 43, n. 10, p. 555 - 556,
10 out. 1966. Disponível em: https://pubs.acs.org/doi/pdf/10.1021/ed043p555.
Acesso em: 1 nov. 2021.

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