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PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS


PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

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Núcleo de Educação a Distância
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO.


Diagramação: Ayrton Nícolas Bardales Neves
Revisora: Priscila Alves de Brito

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua-
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ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo


importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!..

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professora: Priscila Silveira


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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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Esta unidade analisará os principais aspectos atinentes ao pro-
cesso e ao procedimento na seara penal. Especificamente, foram enfo-
cados os aspectos gerais do processo e do procedimento partindo de
sua necessária distinção, dos instrumentos hábeis a romper a inércia
da jurisdição e o necessário respeito ao devido processo legal enquanto
supraprincípio que reclama a necessária observância aos procedimen-
tos fixados em lei. No âmago da técnica, percorremos as disposições
legais e posições doutrinárias atinentes ao procedimento comum ordi-
nário, sumário e sumaríssimo e aos procedimentos especiais a fim de
demonstrar os pontos de aproximação e distanciamento entre os mais
diversos procedimentos penais. O estudo é salutar para a compreensão
lógica dos procedimentos nos âmbitos abstrato e prático.
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Processo Penal; Procedimento; Rito; Atos; Audiência; Instrução;


Julgamento; debates.

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Apresentação do Módulo _______________________________________ 11

CAPÍTULO 01
NOTAS INICIAIS SOBRE O PROCESSO E O PROCEDIMENTO

Diferença Entre Processo e Procedimento ______________________ 12


Ne Procedat Judex Ex Officio __________________________________ 14
Respeito ao Devido Processo Legal _____________________________ 16
Nulidades _____________________________________________________ 18
Processo e Procedimento: Entendimentos do STF ______________ 23

Recapitulando _________________________________________________ 31
CAPÍTULO 02
PROCEDIMENTO COMUM

Rito Ordinário _________________________________________________ 35


Resposta à Acusação __________________________________________ 39
Conflito de Jurisdição __________________________________________ 42
Restituição das Coisas Apreendidas ____________________________ 45
Incidente de Falsidade _________________________________________ 49
Incidente de Insanidade Mental do Acusado ____________________ 50 PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

Audiência de Instrução, Debates e Julgamento _________________ 52


Rito Sumário ___________________________________________________ 59
Rito Sumaríssimo ______________________________________________ 61
Recapitulando _________________________________________________ 64

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CAPÍTULO 03
PROCEDIMENTO ESPECIAL

Rito do Júri ____________________________________________________ 68


Rito dos Crimes de Responsabilidade dos Funcionários Públicos 73
Rito dos Crimes Contra a Honra _________________________________ 75

Rito dos Crimes Contra a Propriedade Imaterial __________________ 76


Rito da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006) ___________________________ 78

Suspensão condicional do Processo ___________________________ 81

Recapitulando _________________________________________________ 84

Fechando Unidade ____________________________________________ 88

Referências ___________________________________________________ 91
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O estudo do processo e do procedimento é essencial para a com-
preensão global e adequada às diversas nuances do direito processual
penal. O direito penal versa sobre o comportamento e a pena, enquanto
o processo penal visa à efetivação do direito penal, pois entre o crime e a
pena há um procedimento, isto é, a pena deve ser aplicada por meio de um
processo. Assim, o processo penal é o meio constitucionalmente adequado
para a efetivação do direito penal.
Diante da ocorrência de um crime, o Estado, enquanto detentor
do monopólio do direito de punir, deverá aplicar uma pena previamente
prevista na legislação penal. Para tanto, deve-se seguir um procedimento
que consagre, entre outros princípios e garantias, o necessário contraditó-
rio, a ampla defesa, a publicidade, a imparcialidade.
Nesse sentido, o processo penal é um conjunto de atos concate-
nados e lógicos que cuidam desde a ocorrência do crime à aplicação da
pena. Os princípios e garantias são as bases na qual o processo penal se
sustenta, tendo como principal fonte a Constituição Federal. Os princípios
são valores que norteiam a criação, a interpretação e a aplicação da nor-
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ma, enquanto as garantias permitem um processo justo, sem arbitrarieda-


des, por parte do Estado.
Dentro desse panorama, a observância dos procedimentos é es-
sencial para um processo válido e justo dentro do sistema processual penal
acusatório que se consagrou no Brasil. Nesse norte, a compreensão dos
diversos ritos consagrados na legislação processual penal pátria é essen-
cial ao estudioso do Direito.

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NOTAS INICIAIS SOBRE O
PROCESSO & O
PRECEDIMENTO
DIFERENÇA ENTRE PROCESSO E PROCEDIMENTO
Inicialmente é preciso diferenciar processo de procedimento,
PROMINAS

sendo o processo, segundo Tourinho Filho, “aquela atividade desenvol-


GRUPOPROMINAS

vida pelo Juiz com o concurso dos demais sujeitos processuais - partes
e auxiliares da Justiça - visando a solução do litígio” e “conjunto de
PROCEDIMENTO- -GRUPO

atos processuais que se sucedem, de forma coordenada, com a finali-


dade de resolver, jurisdicionalmente, o litígio, denomina-se processo”. E
PROCESSOEEPROCEDIMENTO

quanto ao procedimento, ensina ainda que é a “coordenação e ordem


dos atos processuais” (2010, p. 703).
É possível vislumbrar que, no processo penal, o procedimento
PROCESSO

se divide em comum e especial (art. 394 do CPP1). O procedimento co-


mum, por sua vez, se subdivide em ordinário, sumário e sumaríssimo.
Quanto aos procedimentos especiais, suas regras são colacionadas no
Código de Processo Penal, bem como pela Legislação Penal Especial e
serão objetos de estudo, os crimes de competência do júri, os crimes de

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responsabilidade dos funcionários públicos, os crimes contra a honra,
os crimes contra a propriedade imaterial e os crimes na lei de drogas
(Lei 11.343/2006).
Segundo a lição de Norberto Avena, se, por um lado, a finalida-
de do processo é possibilitar ao Estado a satisfação do jus puniendi e,
por outro, a realização desse direito de punir está condicionada à obser-
vância de garantias que permitam ao imputado opor-se à pretensão pu-
nitiva estatal, conclui-se que, para alcançar validamente seu desiderato
e atingir o fim a que se destina, o processo deverá ter desenvolvimento
regular, o que compreende2:

a) Instauração de uma relação jurídica processual triangularizada pelo juiz


(como sujeito processual imparcial a quem compete a solução da lide) e pe-
las partes (acusação no polo ativo e defesa no polo passivo). Define-se, as-
sim, relação jurídica como o vínculo que se estabelece entre os sujeitos que,
no processo, ocupam posições distintas e aos quais assistem faculdades,
direitos e obrigações.
b) A realização de uma sequência ordenada de atos, chamada de procedi-
mento, a qual abrange, necessariamente, a formulação de uma acusação
(pública ou privada), o exercício do direito de defesa, a produção das provas
requeridas pelos polos acusatório e defensivo e a decisão final.

Importante ter em vista que, tanto na relação jurídica estabele-


cida entre os sujeitos distintos quanto no procedimento propriamente
dito, deverão incidir os princípios processuais penais constitucionais,
assecuratórios de garantias como a do contraditório, da ampla defesa,
do devido processo legal, da publicidade dos atos, de ser julgado o réu
por juiz com competência previamente definida a partir de normas jurí-
dicas gerais (juiz natural) etc.

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Ação direta de inconstitucionalidade. Arts. 39 e 94 da Lei


10.741/2003 (Estatuto do Idoso). (...) Aplicabilidade dos procedimentos
previstos na Lei 9.099/1995 aos crimes cometidos contra idosos. (...)
Art. 94 da Lei 10.741/2003: interpretação conforme à CB, com redução
de texto, para suprimir a expressão “do Código Penal e”. Aplicação ape-
nas do procedimento sumaríssimo previsto na Lei 9.099/1995: benefí-
cio do idoso com a celeridade processual. Impossibilidade de aplicação
de quaisquer medidas despenalizadoras e de interpretação benéfica ao
2 Avena, Norberto Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual.
e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

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autor do crime. [ADI 3.096, rel. min. Carmen Lúcia, j. 16-6-2010, P, DJE
de 3-9-2010].

NE PROCEDAT JUDEX EX OFFICIO


Independentemente do procedimento a ser adotado, é certo
que o processo começa com a apresentação de uma petição inicial,
hábil a romper a inércia da jurisdição, dando início à ação penal. Theo-
doro Jr. recomenda que conceituemos a jurisdição não somente como
um poder, mas sim como uma função estatal, função esta de “declarar
e realizar, de forma prática, a vontade da lei diante de uma situação
jurídica controvertida”.
Diz-se ser tal ofício estatal, instrumental, pois é tão-somente
um “instrumento de que o próprio direito dispõe para impor-se à obe-
diência dos cidadãos”, a fim de executar ou declarar existente ou não
a pretensão de alguém com legitimidade e interesse em agir que se
dispôs a tirar a jurisdição de sua inércia natural. Em suma, podemos
dizer que a jurisdição é a função exclusiva e legítima do Estado, quando
provocado, de dirimir litígios trocando a vontade das partes pela vonta-
de da lei de forma definitiva3.
Por seu turno, a ação penal é o direito público subjetivo de
pleitear ao Estado a aplicação do direito penal objetivo, através do exer-
cício da tutela jurisdicional. Para tanto, será necessária a provocação
da jurisdição por aquele que detiver a titularidade da ação penal, uma
vez que a jurisdição é inerte, de modo que não haverá procedimento
de ofício. A afirmativa é expressão do princípio do ne procedat judex ex
officio. Interessante mencionar que, no caso de inércia do Ministério Pú-
blico, poderá o próprio ofendido propor ação penal privada subsidiária
da pública a fim de tirar a jurisdição da inércia.
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São exceções ao princípio do ne procedat judex ex officio o


habeas corpus, uma vez que pode ser concedido de ofício desde que
se verifique que alguém está sofrendo ou na ameaça de sofrer coação
à liberdade de locomoção e a decretação de prisão preventiva, no curso
da ação penal.
Nesse sentido, o início da ação penal, executando-se os pro-
cedimentos aplicáveis à espécie, depende do oferecimento de uma de-
núncia ou de uma queixa-crime.
A denúncia é a petição inicial utilizada, exclusivamente, pelo
Ministério Público para provocar a jurisdição a fim de se iniciar uma
ação penal pública condicionada ou incondicionada, enquanto a quei-
xa-crime é a petição inicial utilizada pelo ofendido/vítima ou seu repre-
sentante legal para provocar a jurisdição a fim de se iniciar uma ação

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penal privada.

O sistema processual penal acusatório, mormente na fase pré-


-processual, reclama
deva ser o juiz apenas um “magistrado de garantias”, mercê da
inércia que se exige
do Judiciário enquanto ainda não formada a opinio delicti do
Ministério Público. (...)
mesmo nos inquéritos relativos a autoridades com foro por
prerrogativa de função, é do Ministério Público o mister de conduzir o
procedimento preliminar, de modo a formar adequadamente o seu con-
vencimento a respeito da autoria e materialidade do delito, atuando o
Judiciário apenas quando provocado e limitando-se a coibir ilegalidades
manifestas. In casu: inquérito destinado a apurar a conduta de parla-
mentar, supostamente delituosa, foi arquivado de ofício pelo i. relator,
sem prévia audiência do Ministério Público; não se afigura atípica, em
tese, a conduta de deputado federal que nomeia funcionário para cargo
em comissão de natureza absolutamente distinta das funções efetiva-
mente exercidas, havendo juízo de possibilidade da configuração do
crime de peculato-desvio (art. 312, caput, do CP). [Inq 2.913 AgR, rel.
p/ o ac. min. Luiz Fux, j. 1º-3-2012, P, DJE de 21-6-2012.]

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Direito a mover ação penal privada subsidiária da pública. Art.
5º, LIX, da CF. Direito da vítima e sua família à aplicação da lei penal, in-
clusive tomando as rédeas da ação criminal, se o Ministério Público não
agir em tempo. Relevância jurídica. Repercussão geral reconhecida.
Inquérito policial relatado remetido ao Ministério Público. Ausência de
movimentação externa ao Parquet por prazo superior ao legal (art. 46
do CPP). Surgimento do direito potestativo a propor ação penal privada.
Questão constitucional resolvida no sentido de que: (i) o ajuizamento da
ação penal privada pode ocorrer após o decurso do prazo legal, sem
que seja oferecida denúncia, ou promovido o arquivamento, ou requi-
sitadas diligências externas ao Ministério Público. Diligências internas
à instituição são irrelevantes; (ii) a conduta do Ministério Público poste-
rior ao surgimento do direito de queixa não prejudica sua propositura.

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Assim, o oferecimento de denúncia, a promoção do arquivamento ou
a requisição de diligências externas ao Ministério Público, posterior ao
decurso do prazo legal para a propositura da ação penal, não afastam o
direito de queixa. Nem mesmo a ciência da vítima ou da família quanto
a tais diligências afasta esse direito, por não representar concordância
com a falta de iniciativa da ação penal pública. [ARE 859.251 RG, rel.
min. Gilmar Mendes, j. 16-4-2015, P, DJE de 21-5-2015, repercussão
geral, Tema 811.]

RESPEITO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL


Nesse elastério, a denúncia e a queixa-crime são instrumentos
essenciais ao jus persequendi, isto é, ao direito de perseguir em juízo
a aplicação da lei penal, por meio do processo. O jus persequendi se
dá, basicamente, em três etapas: o inquérito policial; a ação penal em
primeira, segunda e instâncias superiores e a execução penal. Nossos
estudos se voltam à segunda etapa do jus persequendi, mais especifi-
camente aos procedimentos que compõem o processo penal.
É certo que o processo penal, enquanto expressão do jus pu-
niendi, deve obediência ao devido processo legal, eis que uma decisão
válida deve ser construída em respeito aos seus procedimentos, é im-
portante ressaltar que em toda a persecução penal deve estar presente
o respeito ao devido processo legal, porque toda dinâmica processual
deve estar em consonância a ele para falarmos em um processo válido
e justo.
Pois este, segundo Neves, é o princípio base, norteador de
todos os demais princípios a serem observados no processo judicial,
trazendo conceito indeterminado de forma que tão-somente a previsão
do devido processo legal pelo legislador, seria capaz de suprir a pre-
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visão dos demais princípios processuais (perigosamente, entretanto),


visto que a partir dele seria capaz o juiz prever, no caso concreto, os
outros princípios dele derivados4.
No mesmo sentido, Theodoro Jr. afirma que o due process of
law traz, hodiernamente, a garantia a um processo justo, funcionando,
dentre outras coisas, como um superprincípio, no qual se busca a ra-
zoabilidade e formas que proporcionem a celeridade de sua tramitação.
Como, abaixo, assinala:

Nesse âmbito de comprometimento com o “justo”, com a “correção”, com a


“efetividade” e a “presteza” da prestação jurisdicional, o due process of law
realiza, entre outras, a função de superprincípio, coordenando e delimitando
todos os demais princípios que informam tanto o processo como o proce-
4 NEVES. Pág. 62 e 63.

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dimento. Inspira e torna realizável a proporcionalidade e razoabilidade que
deve prevalecer na vigência e harmonização de todos os princípios do direito
processual de nosso tempo5.

Vale-se, aqui, dizer que o devido processo legal traz consigo


dois aspectos: um substancial, no qual a decisão oriunda do provimento
jurisdicional deve fazer prevalecer, sempre, a supremacia das normas,
dos princípios e dos valores constitucionais. E outro procedimental em
que se impõe fiel respeito ao contraditório e à ampla defesa, decorrên-
cia do princípio constitucional da igualdade6.
Desse modo, é importante se falar em substantive due process
– devido processo legal em sentido material – pois não basta à presta-
ção judicial a mera regularidade formal – respeito ao procedimento fixa-
do em lei -, é-se necessário que esta seja substancialmente razoável e
correta. Daqui, então, emergem os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade, nos quais se ponderam os interesses em jogo, visando à
justiça do caso concreto.
Como afirma Câmara:

O devido processo legal substancial deve ser entendido como uma garantia
do trinômio ‘vida-liberdade-propriedade’. Através da qual se assegura que
a sociedade só seja submetida a leis razoáveis, as quais devem atender
aos anseios da sociedade, demonstrando assim sua finalidade social. Tal
garantia substancial do devido processo legal pode ser considerada como o
próprio princípio da razoabilidade das leis7.

Mas, outrossim, não se pode afastar, jamais, o seu sentido for-


mal, que nada mais é que o direito de processar e de ser processado,
de acordo com as normas processuais e princípios, devendo aquelas
serem produzidas de forma válida, respeitando, também, um devido
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processo legal em âmbito legislativo.
O devido processo legal guarda suas raízes no princípio da
legalidade, garantindo ao indivíduo que somente seja processado e pu-
nido se houver lei penal anterior definindo determinada conduta como
crime, cominando-lhe pena. Além disso, modernamente, representa a
união de todos os princípios penais e processuais penais, indicativo
da regularidade plena do processo criminal. Associados, os princípios
constitucionais da dignidade humana e do devido processo legal enta-
bulam a regência dos demais, conferindo-lhes unidade e coerência8.
5 THEODORO. Pág. 24.
6 THEODORO. Pág. 25.
7 CÂMARA. Pág. 35
8 Nucci, Guilherme de Souza Manual de direito penal / Guilherme de Souza Nucci. – 16.
ed. – Rio de Janeiro: Forensse, 2020.

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NULIDADES
O não respeito ao procedimento estabelecido em lei para de-
terminada persecução penal pode acarretar na nulidade do ato, conta-
minando, inclusive, os atos dele derivado.
O artigo 563 do Código de Processo Penal, entretanto, afirma
que: “Nesse sentido, se o ato atinge sua finalidade sem causar prejuízo
às partes, não deverá ser declarada sua nulidade por mera irregula-
ridade formal. Essa é expresso do princípio da instrumentalidade das
formas”.

PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. TRI-


BUNAL DO JÚRI. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 563 E 593, III, A,
DO CPP. INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE TRANSMISSÃO DO
CONTEÚDO DA MÍDIA DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA EM SESSÃO
PLENÁRIA. DECISÃO MOTIVADA. NULIDADE NÃO CONFIGURADA.
RESOLUÇÃO N. 213/CNJ. DESCABIMENTO DA ANÁLISE DE ATO
NORMATIVO QUE NÃO SE ENQUADRA NO CONCEITO DE LEI FE-
DERAL. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE EFETIVO PREJUÍZO.
ALEGAÇÕES GENÉRICAS. VERIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚ-
MULA 7/STJ. 1. Consoante orientação desta Corte Superior de Justiça,
não caracteriza cerceamento de defesa o indeferimento de requerimen-
to de produção de provas, quando o magistrado o faz, fundamentada-
mente, por considerá-las infundadas, desnecessárias ou protelatórias,
como na hipótese em tela, em que ficou reconhecida a prescindibilida-
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de, naquele momento processual, da reprodução da mídia contendo o


interrogatório do recorrente realizado por ocasião da audiência de cus-
tódia, tal como solicitada pela defesa, motivação legítima, fundamenta-
da na Resolução n. 213 do Conselho Nacional de Justiça. 2. Não cabe a
esta Corte Superior avaliar se foi ou não equivocada a adoção da citada
resolução pelas instâncias ordinárias, porquanto inviável em sede de
recurso especial a interpretação ou exame de ato normativo que não se
enquadra no conceito de lei federal. Precedentes. 3. O reconhecimento
de nulidades, no processo penal, com a consequente anulação do ato
processual, reclama uma efetiva demonstração do prejuízo à parte, sem
a qual prevalecerá o princípio da instrumentalidade das formas positiva-
do pelo art. 563 do Código de Processo Penal. 4. Na hipótese dos au-
tos, o recorrente não demonstrou, concretamente, a imprescindibilidade
18
da prova requerida, tendo suscitado genericamente a questão. Assim,
inviável o reconhecimento de qualquer nulidade processual, em aten-
ção ao princípio do pas de nullité sans grief. 5. Para se determinar se a
atitude da Juíza Presidente do Tribunal do Júri causou prejuízo concreto
ao réu, seria necessário profunda análise dos elementos fáticos cons-
tantes dos autos, o que é vedado, em recurso especial, pelo disposto na
Súmula 7/STJ. 6. Recurso especial improvido.
(STJ - REsp: 1717508 MT 2018/0001712-3, Relator: Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Julgamento: 26/02/2019, T6 -
SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 14/03/2019)
Nesse sentido, a falta ou a nulidade da citação, da intimação
ou notificação estará sanada, desde que o interessado compareça, an-
tes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim
de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do
ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito
da parte (art. 570, CPP).
No âmbito do processo penal, o artigo 564 traz interessante rol
exemplificativo segundo o qual a nulidade ocorrerá:
- Por incompetência, suspeição ou suborno do juiz. Ao tratar-
mos do procedimento comum ordinário, destinaremos algumas linhas
para tratar do procedimento das exceções de incompetência e de sus-
peição.
- Por ilegitimidade de parte.
- Por omissão de formalidade que constitua elemento
essencial do ato.
- Por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:

a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contraven-


ções penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante;
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

o disposto no Art. 167;
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente,
e de curador ao menor de 21 anos;
d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele
intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime
de ação pública;
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando pre-
sente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa;
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol
de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri;
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri,
quando a lei não permitir o julgamento à revelia;
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos
termos estabelecidos pela lei;

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i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri;
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua
incomunicabilidade;
k) os quesitos e as respectivas respostas;
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;
m) a sentença;
n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de senten-
ças e despachos de que caiba recurso;
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal
para o julgamento;

Demais a mais, ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos


quesitos ou das suas respostas, e contradição entre estas.
Cumpre mencionar, nos termos do art. 572 do Código de Pro-
cesso Penal, que a ausência de intervenção do Ministério Público em
todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte
ofendida, quando se tratar de crime de ação pública, a falta de intimação
do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei
não permitir o julgamento à revelia e a falta de intimação das testemu-
nhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos
pela lei considerar-se-ão sanadas: (a) se não forem arguidas, em tem-
po oportuno; (b) se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu
fim e (c) se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.
Quanto ao momento de arguição da nulidade, exemplificativa-
mente, temos que as nulidades:

A) Da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a


que se refere o art. 406, CPP9.
B) Ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julga-
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mento e apregoadas as partes (art. 447, CPP10);


C) Verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recurso ou
logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes;
D) Do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo
depois de ocorrerem.
Note-se, entretanto, que pelo princípio do venire contra factum
proprium11 e do nemo auditur propriam turpitudinem allegans12, nenhu-
ma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para
que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à
9 Art. 460, CPP. Antes de constituído o Conselho de Sentença, as testemunhas serão
recolhidas a lugar onde umas não possam ouvir os depoimentos das outras.
10 Art. 447, CPP. O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e
por 25 (vinte e cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constitui-
rão o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento.
11 Vedação do comportamento contraditório
12 Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza

20
parte contrária interesse (art. 565, CPP). Além disso, não será declara-
da a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão da causa (art. 566, CPP).
Sobre o nemo auditur propriam turpitudinem allegans, interes-
sante trazer à luz deste ensaio a jurisprudência abaixo, do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal, que embora trate de direito processual civil,
é pertinente ao entendimento do tema:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. NULIDADE


DE CITAÇÃO. NULIDADE DE ALGIBEIRA. NULIDADE DE BOLSO. NEMO
AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. DECISÃO MANTIDA.
1. Trata-se de Agravo de Instrumento contra decisão a qual rejeitou a de-
claração de nulidade do ato citatório, sob o argumento de que o causídico
constituído não possuía poderes para receber a citação em nome da deve-
dora. 2. Na espécie, cabível a aplicação da máxima latina nemo auditur
propriam turpitudinem allegans, ou seja, ninguém pode se beneficiar
da própria torpeza, uma vez que evidenciada tentativa de declaração
de nulidade de algibeira, em clara oposição aos Princípios Colaborativos
e de Boa-Fé que norteiam o Processo Civil atual. 3. Guardar a nulidade no
bolso e querer apresentá-la tão somente em momento que lhe convém
é comportamento altamente rechaçado pela Doutrina e Jurisprudência
pátrias e atenta contra os Princípios Gerais do Direito. 4. Agravo de Ins-
trumento conhecido, mas desprovido. (TJ-DF 07006377420188079000 DF
0700637-74.2018.8.07.9000, Relator: EUSTÁQUIO DE CASTRO, Data de
Julgamento: 22/08/2018, 8ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no
DJE:27/08/2018 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)

Quanto ao venire contra factum proprium, vejamos:

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 155, CAPUT, DO CÓDI-


GO PENAL. (1) IMPETRAÇÃO SUBSTITUTIVA DE RECURSO ESPECIAL.
IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. (2) SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

PROCESSO. AUSÊNCIA DE PROPOSTA. JUSTIFICATIVA DO MINISTÉRIO


PÚBLICO EM ALEGAÇÕES FINAIS. CONDUTA SOCIAL E CIRCUNSTÂN-
CIAS DO CRIME. JUÍZO NÃO DISCORDOU. MANTEVE-SE SILENTE. DE-
FESA EM ALEGAÇÕES FINAIS NÃO SE OPÔS. APÓS A SENTENÇA NÃO
MANEJOU EMBARGOS DECLARATÓRIOS. EXPECTATIVA DE CONDUTA
CONTRÁRIA À JÁ ASSUMIDA. BOA-FÉ OBJETIVA. VENIRE CONTRA FAC-
TUM PROPRIUM. NULIDADE. NÃO RECONHECIMENTO. (3) PENA-BASE.
ACRÉSCIMO. (A) CIRCUNSTÂNCIAS E CONSEQUÊNCIAS DO CRIME.
INCREMENTO JUSTIFICADO. (B) ANTECEDENTES. FEITOS EM CURSO.
SÚMULA 444 DO STJ. ILEGALIDADE. RECONHECIMENTO. (4) WRIT NÃO
CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1. É imperiosa a necessi-
dade de racionalização do emprego do habeas corpus, em prestígio ao âm-
bito de cognição da garantia constitucional, e, em louvor à lógica do sistema
recursal. In casu, foi impetrada indevidamente a ordem como substitutiva de

21
recurso especial. 2. Não há manifesta ilegalidade a ser reconhecida. A rela-
ção processual é pautada pelo princípio da boa-fé objetiva, da qual deriva
o subprincípio da vedação do venire contra factum proprium (proibição de
comportamentos contraditórios). Na espécie, depreende-se que, em sede de
apelação, a defesa pleiteou a nulidade, tendo em vista a ausência de propos-
ta pelo Parquet de suspensão condicional do processo, aduzindo que o Juízo
de primeiro grau não se manifestou. Todavia, verifica-se que o Ministério Pú-
blico, em alegações finais, asseverou que não ofertaria o sursis processual,
em razão da conduta social do paciente e das circunstâncias do crime. A
Defesa, na mesma ocasião, não se opôs. Proferida a sentença, a Defesa não
manejou embargos declaratórios. Ademais, é de ver que a pena do paciente
é superior a 1 (um) ano de reclusão, bem como é idônea a justificativa apre-
sentada pelo Parquet para não propor a suspensão condicional do processo.
3. A dosimetria é uma operação lógica, formalmente estruturada, de acordo
com o princípio da individualização da pena. Tal procedimento envolve pro-
fundo exame das condicionantes fáticas, sendo, em regra, vedado revê-lo
em sede de habeas corpus (STF: HC 97677/PR, 1.ª Turma, rel. Min. Cár-
men Lúcia, 29.9.2009 - Informativo 561, 7 de outubro de 2009. Na espécie,
constitui fundamentação adequada para o acréscimo da pena-base, em 1/6
(um sexto), considerar como negativas as circunstâncias e consequências do
crime (praticado contra uma irmã, com consequências graves para o patri-
mônio dela, o que autoriza a fixação da pena pouco acima do mínimo legal).
Todavia, notabiliza-se que não há como persistir o acréscimo com relação ao
antecedentes, uma vez que feitos em cursos não podem ser utilizados para
elevar a pena-base (Súmula 444 do STJ), sendo imprescindível o decote do
incremento sancionatório. 4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedi-
da, de ofício, a fim de reduzir a pena do paciente para 1 (um) ano, 1 (mês) e
15 (quinze) dias de reclusão, mais 11 (onze) dias-multa, mantidos os demais
termos do acórdão. (STJ - HC: 223432 RJ 2011/0259891-2, Relator: Ministra
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 29/08/2013, T6
- SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 12/09/2013)
No que tange a incompetência, reza o artigo 567 do Código de
Processo Penal que a incompetência do juízo anula somente os atos
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

decisórios, devendo o processo, quando for declarada a nulidade, ser


remetido ao juiz competente. Enquanto a nulidade por ilegitimidade do
representante da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante rati-
ficação dos atos processuais (Art. 568, CPP).
No mesmo sentido, as omissões da denúncia ou da queixa, da
representação, ou, nos processos das contravenções penais, da por-
taria ou do auto de prisão em flagrante, poderão ser supridas a todo o
tempo, antes da sentença final (art. 569, CPP).
De mais a mais, a exegese do art.  573 do Código Processo
Penal recomenda que os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada se-
rão renovados ou retificados. Mas, conforme dito alhures, a nulidade de
um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente

22
dependam ou sejam consequência, devendo o juiz que pronunciar a
nulidade declarará os atos a que ela se estende.
A lei denominada Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019) trouxe
a inclusão do inciso V ao art. 564 do Código de Processo Penal para
consignar expressamente a existência de nulidade quando se tratar de
decisão carente de fundamentação.
Denoto ainda que o art. 315 trata da necessidade de funda-
mentação das decisões. Como já disse, a própria Constituição, em seu
art. 93, IX, exige que todas as decisões do Poder Judiciário sejam fun-
damentadas. Essa exigência existe para que as decisões possam ser
controladas, de forma a ser avaliado o fundamento que embasa a de-
cisão judicial. Além disso, a fundamentação é essencial para permitir a
ampla defesa, já que o prejudicado pela decisão deve saber exatamen-
te os motivos que levaram o Juiz a proferir a decisão, a fim de que possa
atacá-la em seu recurso.

PROCESSO E PROCEDIMENTO: ENTENDIMENTOS DO STF


Percorridas temáticas como a necessária distinção entre pro-
cesso e procedimento e o imprescindível respeito aos procedimentos
legais, importa - a nós – adentrarmos, a título de elucidação prática, em
alguns entendimentos do Supremo Tribunal Federal sedimentados em
súmulas.
Nesse sentido, a súmula vinculante 11 prescreve que somente
será lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado re-
ceio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte
do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da au-
toridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere,
sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

Note-se da simples exegese do enunciado a necessidade de


justificativa por escrito pelo magistrado para o uso de algema em réu
preso, conforme ponderado pelo Ministro Luiz Fux:

No caso em comento, o enunciado da Súmula Vinculante 11 assentou o en-


tendimento de que a utilização de algemas se revela medida excepcional,
notadamente quando envolver processos perante o Tribunal do Júri em que
jurados poderiam ser influenciados pelo fato de o acusado ter permanecido
algemado no transcurso do julgamento. Com efeito, a utilização das algemas
somente se legitima em três situações, a saber: (i) quando há fundado receio
de fuga, (ii) quando há resistência à prisão ou (iii) quando há risco à integri-
dade física do próprio acusado ou de terceiros (e.g., magistrados ou autorida-
des policiais). Mais que isso, é dever do agente apresentar, posteriormente,

23
por escrito, as razões que o levaram a proceder à utilização das algemas. Do
contrário, haverá a responsabilização tanto do agente que efetuou a prisão
(criminal, cível e disciplinar) quanto do Estado, bem como a decretação de
nulidade da prisão e/ou dos atos processuais referentes à constrição ilegal da
liberdade ambulatorial do indivíduo. Ocorre que, in casu, a autoridade recla-
mada (Juízo da 2ª Vara Criminal da Comarca de Americana/SP) apresentou
extensa fundamentação ao indeferir o pedido de relaxamento da prisão. Daí
por que se mostra infundada a pretensão dos reclamantes. [Rcl 12.511 MC,
rel. min. Luiz Fux, dec. monocrática, j. 16-10-2012, DJE 204 de 18-10-2012.]

De mais a mais, cumpre asseverar, conforme vimos ao tratar-


mos de nulidades, que, sendo relativa, faz-se necessária a comprova-
ção de efetivo prejuízo à defesa em razão do uso injustificado de alge-
ma. Veja-se:

(...) é de registrar-se, tal como assinalado pelo Ministério Público Federal em


seu douto parecer, que o uso injustificado de algemas em audiência, ainda
que impugnado em momento procedimentalmente adequado, traduziria cau-
sa de nulidade meramente relativa, de modo que o seu eventual reconheci-
mento exigiria a demonstração inequívoca, pelo interessado, de efetivo pre-
juízo à defesa — o que não se evidenciou no caso —, pois não se declaram
nulidades processuais por mera presunção, consoante tem proclamado a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (...). O entendimento ora referido
reafirma a doutrina segundo a qual a disciplina normativa das nulidades no
sistema jurídico brasileiro rege-se pelo princípio de que “Nenhum ato será
declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou
para a defesa” (CPP, art. 563 (...)). Esse postulado básico — pas de nullité
sans grief — tem por finalidade rejeitar o excesso de formalismo, desde que
a eventual preterição de determinada providência legal não tenha causado
prejuízo para qualquer das partes (...). [Rcl 16.292 AgR, rel. min. Celso de
Mello, 2ª T, j. 15-3-2016, DJE 80 de 26-4-2016.].
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

Outra súmula vinculante, cuja observância interessa ao objeto


deste ensaio é a de súmula vinculante 14 ao rezar que é direito do
defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos
de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado
por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de defesa.
A referida súmula foi aprovada em 02 de fevereiro de 2009 e
teve como referências legislativas os artigos 1º, III; e art. 5º, XXXIII, LIV
e LV, CF/1988; 9º e 10, CPP/1941; 6º, parágrafo único; e 7º, XIII e XIV,
Lei 8.906/1994.
Importa-nos trazer à baila o voto do Ministro Cezar Peluso, no
Habeas Corpus 88.190, cujo brilhantismo serviu de precedente repre-
sentativo para sua edição. Vejamos:

24
Há, é verdade, diligências que devem ser sigilosas, sob risco de comprome-
timento do seu bom sucesso. Mas, se o sigilo é aí necessário à apuração e
à atividade instrutória, a formalização documental de seu resultado já não
pode ser subtraída ao indiciado nem ao defensor, porque, é óbvio, cessou a
causa mesma do sigilo. (...) Os atos de instrução, enquanto documentação
dos elementos retóricos colhidos na investigação, esses devem estar aces-
síveis ao indiciado e ao defensor, à luz da Constituição da República, que
garante à classe dos acusados, na qual não deixam de situar-se o indiciado
e o investigado mesmo, o direito de defesa. O sigilo aqui, atingindo a defesa,
frustra-lhe, por conseguinte, o exercício. (...) 5. Por outro lado, o instrumento
disponível para assegurar a intimidade dos investigados (...) não figura título
jurídico para limitar a defesa nem a publicidade, enquanto direitos do acusa-
do. E invocar a intimidade dos demais investigados, para impedir o acesso
aos autos, importa restrição ao direito de cada um dos envolvidos, pela razão
manifesta de que os impede a todos de conhecer o que, documentalmente,
lhes seja contrário. Por isso, a autoridade que investiga deve, mediante expe-
dientes adequados, aparelhar-se para permitir que a defesa de cada pacien-
te tenha acesso, pelo menos, ao que diga respeito a seu constituinte. [HC
88.190, voto do rel. min. Cezar Peluso, 2ª T, j. 29-8-2006, DJ de 6-10-2006.]

Alheio à vinculação em relação aos demais órgãos do Poder


Judiciário e à administração pública, importa-nos, igualmente, trazer à
luz outros entendimentos sumulados pelo Supremo Tribunal Federal,
conforme passaremos a listar.

Conforme estudado, o desrespeito procedimental pode ensejar na nulidade


do procedimento, nesse sentido o STF tem entendido que:

Súmula 155 - É relativa a nulidade do processo criminal por


falta de intimação da expedição de precatória para inquirição de teste-
munha. PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

Súmula 156 - É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri,


por falta de quesito obrigatório
Súmula 160 - É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra
o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os
casos de recurso de ofício.
Súmula 162 - É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri,
quando os quesitos da defesa não precedem aos das circunstâncias
agravantes.
Súmula 206 - É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a par-
ticipação de jurado que funcionou em julgamento anterior do mesmo
processo.
Súmula 351 - É nula a citação por edital de réu preso na mes-

25
ma unidade da Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.
Súmula 352 - Não é nulo o processo penal por falta de nomea-
ção de curador ao réu menor que teve a assistência de defensor dativo.
Súmula 361 - No processo penal, é nulo o exame realizado por
um só perito, considerando-se impedido o que tiver funcionado, ante-
riormente, na diligência de apreensão.
Súmula 366 - Não é nula a citação por edital que indica o dis-
positivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou
não resuma os fatos em que se baseia.
Súmula 431 - É nulo o julgamento de recurso criminal, na se-
gunda instância, sem prévia intimação, ou publicação da pauta, salvo
em habeas corpus
Súmula 523 - No processo penal, a falta da defesa constitui
nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova
de prejuízo para o réu.
Súmula 706 - É relativa a nulidade decorrente da inobservân-
cia da competência penal por prevenção.
Súmula 707 - Constitui nulidade a falta de intimação do denun-
ciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da
denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.
Súmula 708 - É nulo o julgamento da apelação se, após a
manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi
previamente intimado para constituir outro.
Súmula 712 - É nula a decisão que determina o desaforamen-
to de processo da competência do júri sem audiência da defesa.

O princípio do impulso oficial prescreve que, uma vez iniciado


o procedimento, a relação processual desenvolver-se-á por impulso ofi-
cial, seguindo a ordem procedimental. Nesse sentido, as partes devem
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

observar os prazos prescritos em lei. Sobre os prazos, o Supremo Tri-


bunal Federal sedimentou entendimento que:

Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de


intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira ime-
diata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no primeiro
dia útil que se seguir (súmula 310).
O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, em habeas
corpus ou mandado de segurança, é de cinco dias (súmula 319).
O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr ime-
diatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público (súmula 448).
Não exige a lei que, para requerer o exame a que se refere o art. 777 do
Código de Processo Penal, tenha o sentenciado cumprido mais de metade
do prazo da medida de segurança imposta (súmula 520).

26
É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da
execução penal (súmula 700).
No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da
juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem (súmula
710).

Veremos, em momento oportuno, ao tratarmos da fase de de-


cisão no rito comum ordinário, que encerrada a instrução probatória,
se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência
de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração
penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a de-
núncia ou a queixa. Todavia, adianta-se que a súmula 453 adverte que
não se aplica à segunda instância o referido instituto da mutatio libelli
disposto no art. 384 Código de Processo Penal.

No que diz respeito à fixação da competência, cumpre a obser-


vância das súmulas:

Súmula 603 - A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do


Juiz singular e não do Tribunal do Júri.
Súmula 611 - Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao
Juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.
Súmula 704 - Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do
devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do
corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.

A suspensão condicional do processo, a ser melhor estuda-


da mais adiante, está prevista no artigo 89 da Lei 9.099/95, de sorte
que nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a
um ano, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a
suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

cumpra determinados requisitos. Nesse elastério, segundo o STF, reu-


nidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do
processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz,
dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por
analogia o art. 28 do Código de Processo Penal13 (súmula 696), para
que este proponha a suspensão condicional do processo, designe outro
órgão do Ministério Público para propô-la, ou insista na não propositura.
Outrossim, importante salientar que com a entrada em vigar da
13 Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arqui-
vamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar
improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procu-
rador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para ofere-
ce-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender
(antiga redação, antes da Lei nº 13.964/2019).

27
lei denominada Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019),houve novas e
importante considerações no Código de Processo Penal, senão veja-
mos:
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer ele-
mentos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público co-
municará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os
autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na
forma da lei.
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o
arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do
recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância
competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União,
Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá
ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação
judicial.
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confes-
sado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência
ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério
Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde 7 que ne-
cessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de
fazê-lo;
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Pú-
blico como instrumentos, produto ou proveito do crime;
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período corres-
pondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços,
em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decre-
to-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que


tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou se-
melhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério
Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o
caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição
aplicáveis ao caso concreto.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais
Criminais, nos termos da lei;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que
indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insig-
nificantes as infrações penais pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometi-

28
mento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou
suspensão condicional do processo; e
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em
favor do agressor.
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será
firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu
defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada
audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da
oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade.
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as
condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos
ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com
concordância do investigado e seu defensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz
devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução
perante o juízo de execução penal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos
requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o
§ 5º deste artigo.
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Públi-
co para a análise da necessidade de complementação das investigações ou
o oferecimento da denúncia.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução
penal e de seu descumprimento.
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não
persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins
de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado
também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o
eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo.
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins
previstos no inciso III do § 2º deste artigo.
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo
competente decretará a extinção de punibilidade.
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo
de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos
autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.

Feitas as devidas considerações, passaremos no próximo ca-


pítulo ao estudo procedimento comum, disposto no Código de Processo
Penal.

29
SAIBA MAIS:

A TRAJETÓRIA DO DIREITO PENAL: MODERNIDADE;


GARANTISMO E CONSTITUIÇÃO
Acesse: CONPEDI

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 11ª


ed. Rio de Janeiro: 2009.
PEREIRA E SILVA, Igor Luis. Princípios Penais. 1ª Ed. Editora
Juspodivm, 2012.
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 21ª Ed. São Paulo:
Atlas, 2013.
REIS, Alexandre Cebrian Araújo; GONÇALVES, Victor Eduar-
do Rios. Direito Processual Penal Esquematizado. 3ª Ed. São Paulo:
Saraiva, 2014.
TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Di-
reito Processual Penal. 8ª Ed. Editora Juspodivm, 2013.
TOURINHO FILHO. Fernando da Costa. Manual de Processo
Penal. 13ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
TUCCI, Rogério Lauria. Do Corpo de Delito no Direito Proces-
sual Penal Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1978.
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

30
QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
Ano: 2006 Banca: CESPE Órgão: DPE-DF Prova: Procurador - As-
sistência Judiciária - Segunda Categoria
De acordo com o direito processual penal e com o Código de Pro-
cesso Penal (CPP), julgue os itens que se seguem.
Além do princípio constitucional da ampla defesa, o CPP estabe-
lece que a deficiência de defesa é causa obrigatória de nulidade
absoluta, sendo presumido o prejuízo. Nesse sentido, tal é o enten-
dimento delineado pelo STF.
a) Certo
b) Errado

QUESTÃO 2
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: Câmara de Altinópolis - SP Pro-
va: Procurador Jurídico
Assinale a alternativa que traz uma hipótese de nulidade proces-
sual.
a) No erro de forma do processo quanto à prática de seus atos que não
possam ser aproveitados, se praticados os que forem necessários a fim
de se observarem as prescrições legais.
b) No caso de improcedência liminar da ação, a ausência de citação
anterior à sentença.
c) Intimações pela publicação dos atos no órgão oficial, quando não
realizadas por meio eletrônico.
d) Ausência de publicação em processo onde constem os nomes das
partes e de seus advogados, com o respectivo número de inscrição na
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade
de advogados.
e) Falta de intimação do réu revel referente aos atos processuais poste-
riores à decretação da revelia com a aplicação de seus efeitos.

QUESTÃO 3
Ano: 2011 Banca: CESPE Órgão: STM Prova: Analista Judiciário -
Execução de Mandados – Específicos
Decorrem do princípio do devido processo legal as garantias pro-
cedimentais não expressas, tais como as relativas à taxatividade
de ritos e à integralidade do procedimento.
a) Certo
b) Errado
31
QUESTÃO 4
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: ALESE Prova: Analista Legislativo -
Processo Legislativo
Os princípios processuais da inércia da jurisdição, da isonomia e
da primazia do mérito significam, respectivamente, que o Judiciá-
rio
a) só age, como regra, quando provocado pelas partes; deve o juiz tra-
tar as partes com igualdade no processo; e deve, o juiz, priorizar a pres-
tação da jurisdição julgando o mérito da ação, sempre que for possível
suprindo e sanando irregularidades processuais.
b) age com menos eficiência do que deveria, mostrando-se inerte; o juiz
deve tratar as partes com igualdade; e o juiz deve julgar com prioridade
o mérito, sanando as irregularidades processuais sempre que possível.
c) só age quando provocado pelas partes; deve o juiz tratar as partes
com base na lei, observando o contraditório e a ampla defesa; e somen-
te quem tem mérito deve vencer o processo, não se permitindo privilé-
gios a ninguém por sua condição pessoal.
d) deve vencer sua inércia, visando a tornar-se mais eficiente, em prol
da sociedade; deve o juiz tratar as partes com igualdade; e o mérito do
pedido deve prevalecer, devendo o juiz suprir e sanar irregularidades
em qualquer ocasião.
e) só age, como regra, quando provocado pelas partes; o juiz deve ser
imparcial e observar o contraditório e a ampla defesa; e o pedido de
maior mérito deve ser julgado procedente pelo juiz.

QUESTÃO 5
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-BA Prova: Juiz de Direito
Substituto
Acerca de nulidades no processo penal, assinale a opção correta,
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

de acordo com o entendimento dos tribunais superiores.


a) A incompetência  rationae materiae  é causa de nulidade absoluta
e, por isso, os atos decisórios praticados por juiz incompetente não
poderão ser ratificados.
b) A nulidade do julgamento de processo em órgão colegiado do qual
tenha participado magistrado impedido dependerá da possibilidade de
mudança no resultado do julgamento, com a subtração do voto desse
magistrado.
c) A identificação de causa de suspeição de promotor de justiça implica-
rá nulidade absoluta, razão pela qual a sua consequente alegação não
é passível de preclusão.
d) A denúncia apresentada com ofensa ao princípio do promotor natural
será nula e não poderá ser ratificada.
32
e) A formulação de perguntas pelo juiz com a inversão do rito previsto no
art. 212 do CPP é causa de nulidade que independe da demonstração
de prejuízo.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

No presente capítulo, ao introduzirmos a ideia de procedimento, fez-se


necessária a consequente análise das questões atinentes ao respeito
ao devido processo legal e às nulidades. Nesse sentido, aponte a rela-
ção entre os referidos princípio e instituto.

TREINO INÉDITO

Sobre o processo e o procedimento penal, NÃO podemos dizer que:

a) Processo é o conjunto de atos processuais que se sucedem, de forma


coordenada, com a finalidade de resolver, jurisdicionalmente, o litígio.
b) Procedimento é a coordenação e a fixação da ordem dos atos pro-
cessuais a serem praticados no processo.
c) O rito sumaríssimo encerra procedimento especial disposto na Lei
9.099/95.
d) A Lei de Drogas segue rito especial.
e) O rito especial dos crimes dolosos contra a vida está disposto no
Código de Processo Penal.

NA MÍDIA
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
“[...] Após julgar improcedentes as Reclamações (RCL) 30008 e 30245,
a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu habeas
corpus de ofício para suspender o início da execução das penas impos-
tas ao ex-assessor do Partido Progressista (PP) João Cláudio Genu e
ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu de Oliveira por condenações
confirmadas em segunda instância no âmbito da Operação Lava-Jato.
A decisão vale até que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) analise os
recursos das defesas dos condenados.

O juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba condenou Genu por corrupção


passiva e associação criminosa, e José Dirceu por corrupção passiva,
lavagem de dinheiro e organização criminosa. As duas sentenças foram
confirmadas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). [...]
33
Os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski acompanharam o
relator, formando maioria pela concessão do HC de ofício [...]”.

Para a íntegra do texto, clique aqui: STF

NA PRÁTICA

Conforme foi dito neste primeiro Capítulo, é extremamente necessário


o respeito ao procedimento para que se obtenha um processo válido,
todavia, o Direito enquanto ciência tende a se flexibilizar e renovar-se
diante de determinadas situações. Nesse sentido, o Tribunal Regio-
nal Federal da 4ª Região assentou entendimento que as ações penais
oriundas da Operação Lava Jato, por demonstrarem-se como algo iné-
dito e específico, não precisariam estar estritamente adstritas às regras
dos procedimentos penais existentes. O desembargador relator do caso
ponderou que diversas ocorrências advindas da Operação Lava Jato
estariam fora do regramento genérico fixado no Código de Processo
Penal. Nesse sentido, seria aceitável e não haveria nulidade em todas
de decisão inéditas pelo juiz responsável, uma vez que o caso é excep-
cional na história do Poder Judiciário.
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

34
PROCEDIMENTO
COMUM
Conforme dito alhures, o procedimento comum se subdivide
em ordinário, sumário e sumaríssimo. O artigo 394, §1º do Código de
Processo Penal bem dispõe que o procedimento será: (a) ordinário
quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou
superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (b) sumário,
quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja infe-
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
rior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade e (c) sumaríssimo,
para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei.

RITO ORDINÁRIO
O processamento do rito ordinário está estabelecido nos ar-
tigos 394 a 405 do Código de Processo Penal e está direcionado às
infrações penais cuja pena máxima prevista seja igual ou superior a 4
anos de pena privativa de liberdade.
O rito ordinário possui as seguintes fases:

35
Em suma, havendo o oferecimento da denúncia ou a queixa, o
juiz poderá recebê-la ou rejeitá-la. Havendo o recebimento da denúncia
ou da queixa-crime, deverá haver a citação do réu para apresentação
de sua resposta à acusação. Apresentada a defesa, o juiz deverá des-
pachar reconhecendo a hipótese de absolvição sumária ou afastando-a,
ocasião em que designará audiência de instrução, interrogatório e jul-
gamento, em 60 dias, cuja dinâmica contempla a oitiva da vítima, oitiva
das testemunhas de acusação e das testemunhas de defesa (8 teste-
munhas para cada um14), esclarecimentos do peritos, reconhecimento e
acareações e interrogatório do réu. Finalizada a instrução, não havendo
o requerimento de diligências, deverá as partes apresentar suas alega-
ções finais orais ou seus memoriais para, por fim, o magistrado proferir
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

a competente sentença, encerrando, em regra, o primeiro grau de juris-


dição. Vejamos com mais afinco a dinâmica processual.
Note que com o oferecimento da denúncia ou queixa-crime,
o juiz poderá rejeitar a exordial acusatória liminarmente se verificar a
ocorrência das hipóteses constantes no rol do artigo 395 do CPP, in
verbis:

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:


I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal;
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

Não sendo o caso de rejeição liminar, a inicial será recebida,

36
o juiz ordenará a citação do acusado para responder aos termos da
acusação.

Aplicam-se a todos os processos o procedimento comum, sal-


vo disposição legal em contrário, bem como se aplicam subsidiariamen-
te aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições
do procedimento ordinário.

Citação

No processo penal, a citação é o ato essencial para a validade


do processo, conforme expressamente dispõe o artigo 363 do Código
de Processo Penal e é o momento em que o réu é cientificado acerca
da existência da ação penal, para que possa vir a juízo para se ver pro-
cessar e realizar a sua defesa. A finalidade da citação é dar ciência do
inteiro teor da imputação e para o chamamento do acusado para que
possa exercer o seu direito de defesa.
A citação pode ser real (pessoal) quando feita diretamente
ao acusado, por mandado: através de oficial de justiça, quando o réu
encontra-se em local certo e sabido dentro da jurisdição do juízo pro-
cessante (art. 351 CPP); por carta precatória: quando está em local
conhecido, mas fora da jurisdição do juízo processante (art. 353 CPP);
por carta rogatória: o réu está no exterior em local conhecido (art. 368
CPP), e o prazo prescricional ficará suspenso até o cumprimento.
Já a citação ficta será feita por edital: quando o acusado foi
procurado mas não foi encontrado, encontrando-se em local incerto e
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
não sabido.
Observe-se que a nulidade da citação por edital deixou de ter a
relevância que possuía no passado. Com efeito, atualmente o processo
fica suspenso se o réu citado por edital não comparece e não nomeia
defensor.
O reconhecimento posterior de nulidade da citação por edital
só terá relevância se tiver sido determinada a produção antecipada da
prova (oitiva de testemunhas), hipótese em que a prova terá que ser re-
petida. Antes das alterações trazidas pela Lei n. 9.271/96, a ação penal
obrigatoriamente prosseguia, inclusive com prolação de sentença, em
caso de citação por edital. Assim, a constatação de nulidade do edital
obrigava à repetição de todo o processo, desde o seu princípio. Nos ter-
mos do art. 364 do Código de Processo, o prazo do edital é de 15 dias.
37
Existe também no ordenamento processual pátrio a citação
por hora certa, e ocorre o oficial de justiça verifica que o réu está se
ocultando para não ser citado (art. 362 CPP).
O artigo 366 do CPP determina que se o réu for citado por edi-
tal e não comparecer e não constituir defensor, os prazos do curso do
processo e da prescrição ficarão suspensos. E nesse sentido a súmula
415 do STJ define o prazo que deve durar a suspensão em referência:
“O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máxi-
mo da pena cominada”. Ao determinar a suspensão, o juiz pode verificar
se é caso da decretação da prisão preventiva do acusado, ou se existe
a necessidade de produção antecipada de alguma prova considerada
urgente, cuja decisão deverá ser motiva, consoante determina a súmula
455 do STJ: “A decisão que determina a produção antecipada de provas
com base no artigo 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada,
não a justificando unicamente o mero decurso do tempo”.

A essência do processo penal consiste em permitir ao acusado


o direito de defesa.
O julgamento in absentia fere esse direito básico e constitui
uma fonte potencial
de erros judiciários, uma vez que o acusado é julgado sem que
se conheça a sua
versão. Julgamento in absentia propriamente dito ocorre so-
mente quando o acusado não é, em nenhum momento processual, en-
contrado para citação, sendo esta então realizada por edital, fictamente,
e não quando o acusado, citado pessoalmente, escolhe tornar-se revel.
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

O art. 420 do CPP, com a redação determinada pela Lei 11.689/2008,


não viola a ampla defesa; pois, ainda que procedida a intimação ficta
por não ser o acusado encontrado para ciência pessoal da pronúncia,
o ato foi precedido por anterior citação pessoal após o recebimento da
denúncia, ainda na fase inicial do processo. A norma processual penal
aplica-se de imediato, incidindo sobre os processos futuros e em curso,
mesmo que tenham por objeto crimes pretéritos. O art. 420 do CPP,
com a redação determinada pela Lei 11.689/2008, como norma proces-
sual, aplica-se de imediato, inclusive aos processos em curso, e não
viola a ampla defesa. [RHC 108.070, rel. min. Rosa Weber, j. 4-9-2012,
1ª T, DJE de 5-10-2012.]

38
RESPOSTA À ACUSAÇÃO

Em todos os procedimentos, comuns e especiais, ressalvados


o procedimento do júri e dos juizados especiais, haverá resposta es-
crita da defesa, após a citação do réu. O acusado terá o prazo de 10
dias para apresentar a defesa escrita (art. 396, CPP). Na resposta à
acusação, o réu deverá arguir preliminares, alegar tudo que interesse à
defesa do acusado, apresentar documentos e justificações, requerer a
produção das provas que entenda relevantes e arrolar as testemunhas
de no máximo 8, sob pena de preclusão.
Apresentada a resposta à acusação, o juiz verificará se é caso
de absolvição sumária, estampada no artigo 397 do Código de Proces-
so Penal15, podendo entender:
a) Pela existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato: trata-se
do reconhecimento do estado de necessidade, da legítima defesa, do estrito
cumprimento do dever legal e ou do exercício regular de direito, dispostos
nos artigos 23, 24 e 25 do Código Penal. De mais a mais, faz-se possível a
exclusão da ilicitude do fato pelo consentimento do ofendido, nos crimes cujo
bem jurídico é disponível.
Importante frisar que com a atualização da Lei nº 13.964/2019, a legítima
defesa foi ampliada, conforme consta no parágrafo único do artigo 25 do
Código Penal Parágrafo único “Observados os requisitos previstos no caput
deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de seguran-
ça pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém
durante a prática de crimes”.
b) Pela existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agen-
te, salvo inimputabilidade: trata-se das hipóteses de coação moral irresistível
e obediência hierárquica, previstas no artigo 22 do Código Penal. Ademais,
também pode haver a exclusão da culpabilidade pelo erro de proibição (art.
21 do Código Penal) e pela embriaguez completa acidental (art. 28, II, § 1º,
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
Código Penal). Note-se que, pelo fato de a doença mental depender de prova
pericial, a inimputabilidade não pode ser alegada por ocasião da resposta à
acusação.
c) Que o fato narrado evidentemente não constitui crime: em tal hipótese,
a denúncia ou a queixa-crime traz para apreciação uma conduta atípica. A
descrição fática não pode ser subsumida a qualquer figura penal.
d) Pela extinção da punibilidade do agente: trata-se da chamada preliminar
de
mérito posto que, alegada uma das causas do artigo 107 do Código Penal,
induz à análise meritória.

15 Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o
juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa
excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do
agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV -
extinta a punibilidade do agente.

39
Ainda que o artigo 396-A do Código de Processo Penal expres-
se que a resposta à acusação é momento oportuno para o oferecimento
de documentos e justificações, é certo que, a teor do artigo art. 231 do
mesmo diploma legal, salvo os casos expressos em lei, as partes po-
derão apresentar documentos em qualquer fase do processo. Trata-se
da homenagem ao princípio da verdade real, tal regra visa à eficácia da
prova em detrimento do excesso de formalismo. Uma vez apresentado
o documento, deve ser garantido o contraditório à parte contrária.
Ressalta-se que documento é o objeto material em que se in-
sere uma expressão de cunho intelectual por meio de escritos, sinais
ou imagens. Nesse sentido, o art. 232 do Código de Processo Penal
bem dispõe que se consideram documentos quaisquer escritos, instru-
mentos ou papéis, públicos ou particulares. Além disso, à fotografia do
documento, devidamente autenticada, deve ser dado mesmo valor do
original.
Note-se, por oportuno, que as cartas particulares intercepta-
das ou obtidas por meios criminosos não serão admitidas em juízo, em
homenagem à vedação à utilização de provas ilícitas. Ademais, a inter-
ceptação de correspondência constitui crime contra a liberdade indivi-
dual (crime de violação de correspondência). Todavia, o destinatário da
correspondência poderá utilizá-la como defesa, ainda que sem o con-
sentimento do signatário.
Cumpre salientar que, não sendo caso de absolvição sumária,
por não estar presente qualquer das hipóteses do artigo 397 do Código
de Processo Penal, o advogado não deve na resposta à acusação tra-
tar-se do mérito da causa, isso porque nessa fase do processo é impos-
sível a absolvição arrimada no artigo 386 do Código de Processo Penal.
Nesse sentido, a resposta à acusação deve apenas promover o reque-
rimento de provas e juntar os documentos pertinentes, ocasião em que
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

o juiz determinará o prosseguimento do feito, ordenará a intimação das


partes, do defensor e, se for o caso, do querelante e do assistente (arts.
39916 e 40017 do CPP), e marcará a audiência de instrução debates e
julgamento que deverá ocorrer no prazo de 60 dias.
16 Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência,
ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do que-
relante e do assistente. §1º O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório,
devendo o poder público providenciar sua apresentação. §2º O juiz que presidiu a instrução deverá
proferir a sentença.
17 Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de
60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das teste-
munhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222
deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de
pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. §1º As provas serão produzidas numa
só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
§2º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes.

40
De mais a mais, o manejo de alguma das exceções dispostas
no artigo 95 do Código de Processo Penal deve ser feito em petição
apartada no mesmo momento do oferecimento da resposta à acusação,
mas, em regra, não suspenderão o regular andamento da ação penal18.
Exceções
Conforme dito alhures, no mesmo prazo da apresentação da
resposta à acusação, poderá o réu opor as seguintes exceções: (a) sus-
peição; (b) incompetência de juízo; (c) litispendência; (d) ilegitimidade
de parte; (e) coisa julgada.
É certo que o juiz deverá espontaneamente afirmar suspeição
por escrito, declarando o motivo legal e remetendo de imediato o
processo ao seu substituto, intimadas as partes (art. 97, CPP).
Não o fazendo, a parte interessa deverá fazê-lo em petição
assinada por ela própria ou por procurador com poderes especiais, adu-
zindo as suas razões acompanhadas de prova documental ou do rol de
testemunhas (art. 98, CPP).
Frisa-se que a arguição de suspeição deverá ser analisada an-
tes de qualquer outra, salvo quando fundada em motivo superveniente
(art. 96, CPP). Apresentada a exceção de suspeição o juiz poderá reco-
nhecê-la ou não a aceitar.
Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a marcha do proces-
so, mandará juntar aos autos a petição do recusante com os documen-
tos que a instruam, e por despacho se declarará suspeito, ordenando
a remessa dos autos ao substituto (art. 99, CPP). Caso não aceite, to-
davia, o juiz mandará autuar em apartado a petição, dará sua resposta
dentro em três dias, podendo instruí-la e oferecer testemunhas, e, em
seguida, determinará sejam os autos da exceção remetidos, dentro em
24 vinte e quatro horas, ao juiz ou tribunal a quem competir o julgamen-
to (art. 100, CPP).
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
Nessa hipótese, se reconhecida, preliminarmente, a relevância
da arguição, o juiz ou tribunal, com citação das partes, marcará dia e
hora para a inquirição das testemunhas, seguindo-se o julgamento, in-
dependentemente de mais alegações (§1º, artigo 100, CPP). De outro
lado, se a suspeição for de manifesta improcedência, o juiz ou relator a
rejeitará liminarmente (§1º, artigo 100, CPP).
A consequência lógica para a decisão de procedência da exce-
ção de suspeição é o reconhecimento da nulidade de todos os atos do
processo principal. Além disso, deverá o juiz pagar as custas, no caso
de erro inescusável. Caso, entretanto, a exceção for rejeitada, eviden-
ciando-se a malícia do excipiente, a este será imposta multa (Art. 101,
18 Art. 111, CPP. As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão,
em regra, o andamento da ação penal.

41
CPP).
Importante ressaltar que se for arguida a suspeição do órgão
do Ministério Público, o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso,
podendo antes admitir a produção de provas no prazo de três dias
(art. 104, CPP). No mesmo sentido, também poderão ser objeto da ex-
ceção de suspeição os peritos, os intérpretes e os serventuários ou fun-
cionários de justiça, decidindo o juiz de plano e sem recurso, à vista da
matéria alegada e prova imediata (art. 105, CPP).
Alheio ao processo penal, no âmbito do inquérito policial, o Có-
digo de Processo Penal, em seu art. 107, fixa a impossibilidade de opor
suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas ressaltar
que estas deverão se declarar suspeitas, quando ocorrer motivo legal.
Por seu turno, a exceção de incompetência do juízo poderá
ser oposta, verbalmente ou por escrito, no prazo de defesa, ocasião em
que, se, ouvido o Ministério Público, for aceita a declinatória, o feito será
remetido ao juízo competente, onde, ratificados os atos anteriores, o
processo prosseguirá. Mas caso seja recusada a incompetência, o juiz
continuará no feito, fazendo tomar por termo a declinatória, se formu-
lada verbalmente (art. 108, CPP). Ademais, é obrigação do magistrado
se declarar, nos autos, incompetente se em qualquer fase do processo
sobrevier motivo para tanto, independentemente de alegação da parte
interessada (art. 109, CPP).
O mesmo procedimento, no que for compatível, deverá ser ob-
servado no caso das exceções de litispendência, ilegitimidade de parte
e coisa julgada (art.  110, CPP). Certo que se a parte houver de opor
mais de uma dessas exceções, deverá fazê-lo numa só petição ou ar-
ticulado (art. 110, §1º CPP). Urge salientar que a exceção de coisa jul-
gada somente poderá ser oposta em relação ao fato principal, que tiver
sido objeto da sentença (art. 110, §2º CPP).
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

CONFLITO DE JURISDIÇÃO
O artigo 113 do Código de Penal bem observa que as questões
atinentes à competência se resolverão não só pela exceção própria,
como também pelo conflito positivo ou negativo de jurisdição. Nesse
sentido, cumpre ressaltar que haverá conflito de jurisdição quando duas
ou mais autoridades judiciárias se considerarem competentes (conflito
positivo), ou incompetentes (conflito negativo), para conhecer do mes-
mo fato criminoso ou quando entre elas surgir controvérsia sobre unida-
de de juízo, junção ou separação de processos.19
Nesse diapasão, tem-se o presente exemplo de conflito nega-
19 Art. 114 do Código de Processo Penal

42
tivo de competência:

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL. PROCESSO PENAL.


CRIMES DE TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA. TRANSNACIONALIDADE DE UMA DAS CONDUTAS. CONE-
XÃO (CPP, ART. 76). APREENSÃO DE 3 KG DE CRACK REALIZADA EM
FOZ DO IGUAÇU - PR (PONTE DA AMIZADE). FATO ISOLADO NOS AU-
TOS. CONDUTAS DE TRÁFICO DE ENTORPECENTES E POSSE ILEGAL
DE ARMAS E MUNIÇÃO NA CIDADE DE RIO GRANDE - RS. AUSÊNCIA
DE LIAME ENTRE AS CONDUTAS. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA N.
122 DO STJ. DESMEMBRAMENTO DO INQUÉRITO. 1. A conexão exigida
pela doutrina e pela jurisprudência, para atrair a competência da Justiça Fe-
deral em relação às outras condutas praticadas pelo (s) réu (s), deve atender
a uma das circunstâncias dos incisos do art. 76 do Código de Processo Pe-
nal, de modo a permitir a alteração da competência material taxativamente
prevista na Constituição Federal. 2. Na espécie, a transnacionalidade de uma
das condutas de tráfico ilícito de entorpecentes, relativa a quatro membros da
organização criminosa, restou isolada na investigação conduzida pela Polí-
cia Federal, cujos elementos colhidos não apontam liame daquele flagrante,
realizado em Foz do Iguaçu - PR, na Ponte da Amizade, com a posterior
descoberta de armas de fogo, munição e outras substâncias entorpecen-
tes - que não carregam indícios de origem externa -, em poder dos demais
componentes da quadrilha, na Cidade de Rio Grande - RS, e, tampouco, com
novas operações da organização criminosa em solo estrangeiro. 3. Salvo
essa conduta de comprovada transnacionalidade de quatro dos investigados,
os demais crimes (arts. 33, caput, e 35 da Lei n. 11.343/06 e art. 12 da Lei
n. 10.826/03) devem ser processados e julgados perante a Justiça Estadual,
à míngua de circunstâncias fáticas que evidenciam as hipóteses de modifi-
cação de competência disciplinadas no art. 76 do CPP, o que impõe o des-
membramento do inquérito policial e afasta a aplicação da Súmula n. 122 do
STJ. 4. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da 2ª
Vara Criminal de Rio Grande - RS, restando a competência do Juízo Federal
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
da 2ª Vara e Juizado Criminal de Rio Grande - SJ/RS apenas em relação ao
suposto delito de tráfico internacional de entorpecentes, determinando-se o
desmembramento do inquérito policial, na forma decidida pelo Juízo susci-
tado. (STJ - CC: 125826 RS 2012/0252372-4, Relator: Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, Data de Julgamento: 27/08/2014, S3 - TERCEIRA SEÇÃO,
Data de Publicação: DJe 05/09/2014).

Verificado o conflito, este poderá, nos termos do art.  115 do


CPP, ser suscitado pela parte interessada, pelos órgãos do Ministério
Público junto a qualquer dos juízos em dissídio ou por qualquer dos
juízes ou tribunais em causa.
Importante ressaltar a necessária observância do artigo 116 do
diploma legal em comento que impõe que os juízes e tribunais, sob a
forma de representação, e a parte interessada, sob a de requerimen-

43
to, darão parte escrita e circunstanciada do conflito, perante o tribunal
competente, expondo os fundamentos e juntando os documentos com-
probatórios.
Quanto ao procedimento, é certo que quando negativo o con-
flito, os juízes e tribunais poderão suscitá-lo nos próprios autos do pro-
cesso.
Já no caso de conflito positivo, uma vez distribuído o feito, o
relator poderá determinar imediatamente que se suspenda o andamen-
to do processo. Note-se que a suspensão imediata se trata de uma
faculdade do relator, assim expedida ou não a ordem de suspensão, o
relator requisitará, em prazo determinado, informações às autoridades
em conflito, remetendo-lhes cópia do requerimento ou representação.
Recebidas as informações requisitadas, e depois de ouvido o procura-
dor-geral, o conflito será decidido na primeira sessão, salvo se a instru-
ção do feito depender de diligência.
Proferida a decisão, as cópias necessárias serão remetidas,
para a sua execução, às autoridades contra as quais tiver sido levanta-
do o conflito ou que o houverem suscitado.
Cumpre salientar que, nos termos do art.  117 do Código de
Processo Penal, o Supremo Tribunal Federal, mediante avocatória, res-
tabelecerá a sua jurisdição, sempre que exercida por qualquer dos juí-
zes ou tribunais inferiores.
Vale salientar que a nova lei denominada de Pacote Anticrime
(Lei nº 13.964/2019), trouxe novas regulamentações no tocante a juris-
dição, vejamos o dispositivo encartado na Lei nº 12.694/2012.

Art. 1º-A. Os Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais Federais poderão


instalar, nas comarcas sedes de Circunscrição ou Seção Judiciária, mediante
resolução, Varas Criminais Colegiadas com competência para o processo
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

e julgamento:
I - de crimes de pertinência a organizações criminosas armadas ou
que tenham armas à disposição;
II - do crime do art. 288-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 (Código Penal); e
III - das infrações penais conexas aos crimes a que se referem os
incisos I e II do caput deste artigo.
§ 1º As Varas Criminais Colegiadas terão competência para to-
dos os atos jurisdicionais no decorrer da investigação, da ação
penal e da execução da pena, inclusive a transferência do preso
para estabelecimento prisional de segurança máxima ou para re-
gime disciplinar diferenciado.
§ 2º Ao receber, segundo as regras normais de distribuição, processos ou
procedimentos que tenham por objeto os crimes mencionados no caput deste
artigo, o juiz deverá declinar da competência e remeter os autos, em qualquer

44
fase em que se encontrem, à Vara Criminal Colegiada de sua Circunscrição
ou Seção Judiciária.
§ 3º Feita a remessa mencionada no § 2º deste artigo, a Vara Criminal
Colegiada terá competência para todos os atos processuais posteriores,
incluindo os da fase de execução.

RESTITUIÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS

O artigo 6º do Código de Processo Penal ao estabelecer a di-


nâmica do inquérito policial prescreve que logo que tiver conhecimento
da prática da infração penal, a autoridade policial deverá, entre outras
providências, apreender os objetos que tiverem relação com o fato.
No entanto, as coisas apreendidas poderão ser restituídas.
Salvo os instrumentos e produtos do crime, cuja perda é efeito da con-
denação criminal, ressalvada a hipótese de pertencerem ao lesado ou a
terceiro de boa-fé. Verificada a impossibilidade de restituição dos instru-
mentos do crime, cuja perda em favor da União for decretada, estas se-
rão inutilizados ou recolhidos a museu criminal, se houver interesse na
sua conservação, nos termos do art. 124 do Código de Processo Penal.
Nesse sentido, o artigo 118 do CPP orienta que antes de transi-
tar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser
restituídas enquanto interessarem ao processo.
Conforme podemos observar:

PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NA RESTITUIÇÃO DE


COISAS APREENDIDAS. ART. 118, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
HIPÓTESE EM QUE O TITULAR DA AÇÃO PENAL AFIRMOU QUE O MA-
TERIAL APREENDIDO POSSUI RELEVÂNCIA PARA A INVESTIGAÇÃO.
INDEFERIMENTO DO PEDIDO. 1 - Conforme estabelece o art. 118 do Có-
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
digo de Processo Penal “antes de transitar em julgado a sentença final, as
coisas apreendidas não poderão ser restituídos enquanto interessarem ao
processo.” 2 - No caso em concreto, salientou o Ministério Público Federal
que os bens e documentos apontados pelo Agravante foram regularmente
apreendidos, mediante cumprimento de mandado expedido para o local onde
se encontravam, tudo devidamente fundamentado em decisão proferida nos
autos do Inquérito 1086. 3 - O órgão ministerial afirmou também que o ma-
terial apreendido é de interesse da investigação. Assim, não há fundamento
legal para acolher o pedido sub examine. 4 - Agravo regimental não provido.
(STJ - AgRg na ReCoAp: 12 DF 2016/0325517-7, Relator: Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 21/06/2017, CE - CORTE ES-
PECIAL, Data de Publicação: DJe 29/06/2017)

Logo, sendo a coisa restituível e finalizado o processo ou não


mais interessante a este, a restituição da coisa poderá ser ordenada,
45
após ouvido o Ministério Público, pela autoridade policial ou juiz, me-
diante termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito
do reclamante (art. 120, CPP).
Caso paire dúvidas quanto ao direito à restituição da coisa, o
pedido será autuado em apartado, assinando-se ao requerente o prazo
de 5 dias para a provar o direito. Em tal caso, só o juiz criminal poderá
decidir o incidente (art. 120, §1º, CPP). O incidente autuar-se-á também
em apartado e só a autoridade judicial o resolverá, se as coisas forem
apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, que será intimado para
alegar e provar o seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do recla-
mante, tendo um e outro dois dias para arrazoar (art. 120, §2º, CPP).
Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz
remeterá as partes para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas
em mãos de depositário ou do próprio terceiro que as detinha, se for
pessoa idônea (art. 120, §4º do CPP).
Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, serão avalia-
das e levadas a leilão público, depositando-se o dinheiro apurado, ou
entregues ao terceiro que as detinha, se este for pessoa idônea e assi-
nar termo de responsabilidade (art. 120, §5º, CPP).
Cumpre, por fim, mencionar que sendo a coisa restituível, se
dentro no prazo de 90 dias, a contar da data em que transitar em julga-
do a sentença final, condenatória ou absolutória, os objetos apreendi-
dos não forem reclamados ou não pertencerem ao réu, serão vendidos
em leilão, depositando-se o saldo à disposição do juízo de ausentes
(art. 123, CPP).
Importante salientar que com a entrada em vigor da denomi-
nada lei Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/19), a redação processual
mudou no tocante as medidas assecuratórias:
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

46
47
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

48
INCIDENTE DE FALSIDADE

O procedimento de verificação de falsidade documental está


estipulado no artigo 145 do Código de Processo Penal que orienta: ar-
guida, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos, o juiz
observará o seguinte processo:
I. Mandará autuar em apartado a impugnação, e em seguida
ouvirá a parte contrária, que, no prazo de 48 horas, oferecerá resposta.
II. Assinará o prazo de três dias, sucessivamente, a cada uma
das partes, para prova de suas alegações. A respeito:

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. INCIDENTE DE FALSIDADE. ART. 145


DO CPP. ORDEM SUCESSIVA DE MANIFESTAÇÃO DAS PARTES. PRAZO
DE TRÊS DIAS. NULIDADE DA DECISÃO. Para a produção de provas, no
prazo de 03 dias, previsto no art. 145, inciso II, do CPP, primeiro deve ser
intimada a parte que provocou o incidente, depois a outra. Ordem sucessiva
para manifestação das partes. Decretada a nulidade da decisão que deter-
minou a intimação para atuação em ordem sucessiva, sem indicar qual das
partes aproveitaria o prazo em primeiro lugar. Recurso em sentido estrito,
provido, por maioria. (Recurso em Sentido Estrito Nº 70059093344, Quar-
ta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Gaspar Marques
Batista, Julgado em 15/05/2014) (TJ-RS - RSE: 70059093344 RS, Relator:
Gaspar Marques Batista, Data de Julgamento: 15/05/2014, Quarta Câmara
Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 01/07/2014)

III. Conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que en-


tender necessárias.
IV. Se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, manda-
rá desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos do processo
incidente, ao Ministério Público.
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
É certo que a arguição de falsidade, feita por procurador,
exige poderes especiais (art. 146, CPP) e que o juiz poderá, de ofício,
proceder à verificação da falsidade (art. 147, CPP).
No que diz respeito ao prazo para arguição do incidente de
falsidade, mister a análise da presente decisão de relatoria do Ministro
Felix Fischer:
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.
CORRUPÇÃO ATIVA. DESCAMINHO TENTADO. LAVAGEM DE CAPITAIS.
ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. INDE-
FERIMENTO DE PEDIDO DE INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE FALSI-
DADE. DOCUMENTO JUNTADO NOS AUTOS HÁ MAIS DE DEZ ANOS.
IMPUGNAÇÃO APÓS PROLAÇÃO DA SENTENÇA. PRECLUSÃO. PRIN-
CÍPIOS DA SEGURANÇA JURÍDICA, DA LEALDADE PROCESSUAL E DA
BOA-FÉ OBJETIVA. EXAME PERICIAL. DISCRICIONARIEDADE REGRA-

49
DA DO MAGISTRADO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO.
RECURSO NÃO PROVIDO. I - As instâncias ordinárias concluíram, acerta-
damente, que o requerimento de instauração de incidente de falsidade seria
manifestamente intempestivo, notadamente porque o documento a ser peri-
ciado constava dos autos há mais de dez anos, e o pedido foi apresentado
após a prolação da sentença, tratando-se de questão preclusa. II - Embora
não exista prazo definido em lei para que se possa requerer a instauração
de incidente de falsidade documental previsto no artigo 145 e seguintes do
Código de Processo Penal, os recorrentes permaneceram inertes por longo
período, mesmo tendo amplo acesso às informações necessárias para ins-
truir o incidente de falsidade, deixando para impugnar o documento somente
após encerrada a instrução processual. Permitir o comportamento em análi-
se, representaria violação aos princípios da segurança jurídica, da razoabi-
lidade, da lealdade processual e da boa-fé objetiva, diante da reabertura da
fase de produção de provas mesmo diante da inércia dos recorrentes. III - O
deferimento de diligências é ato que se inclui na esfera de discricionariedade
regrada do Magistrado processante, que poderá indeferi-las de forma funda-
mentada, quando as julgar protelatórias ou desnecessárias e sem pertinên-
cia com a instrução do processo, não caracterizando, tal ato, cerceamento de
defesa. IV - A jurisprudência desta Corte de Justiça, há muito já se firmou no
sentido de que a declaração de nulidade exige a comprovação de prejuízo,
em consonância com o princípio pas de nullite sans grief, consagrado no art.
563 do CPP, o que não ocorreu na hipótese concreta. Recurso conhecido e
não provido. (STJ - RHC: 79834 RJ 2016/0337507-7, Relator: Ministro FELIX
FISCHER, Data de Julgamento: 07/11/2017, T5 - QUINTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 10/11/2017)

Por fim, importante salientar que reconhecida ao não a falsi-


dade, a decisão não fará coisa julgada em prejuízo de ulterior processo
penal ou civil (art. 148, CPP).

INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO


PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

Dispõe o artigo 149 do Código de Processo Penal que quando


houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará,
de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do cura-
dor, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja
este submetido a exame médico-legal.
Nesse sentido, o exame poderá ser ordenado ainda na fase do
inquérito, mediante representação da autoridade policial ao juiz compe-
tente (artigo 149, §1º, CPP).
Sobre a temática:
CRIMINAL – INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL – ARTIGO 149, CPP –
DÚVIDA QUANTO À HIGIDEZ MENTAL DA REQUERENTE – COMPROVA-
ÇÃO POR MEIO DE RELATÓRIO MÉDICO – DEFERIMENTO DO PEDIDO.

50
1.A instauração do incidente de insanidade mental é decisão adstrita ao con-
vencimento do julgador quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
acusado, cabendo àquele, com exclusividade, decidir sobre a necessidade
ou não desta prova para apurar a inimputabilidade ou semi-imputabilidade do
acusado, levando-se em conta a sua capacidade de compreensão do ilícito
à época da infração penal. 2. Ao caso voga, a Requerente apresentou às fls.
7/8, relatório médico atestando alterações em sua higidez mental. Com efei-
to, tenho que o referido relatório mostra-se suficiente a evidenciar a neces-
sidade de instauração do incidente de insanidade mental. 3.Ante todo o ex-
posto, em dissonância ao parecer do Ministério Público, defiro o pleito autoral
para instaurar o incidente de insanidade mental, devendo a Requerente ser
submetida a exame médico-legal, nos termos do que dispõe o artigo 149, do
Código de Processo Penal e ainda, sejam respondidos os quesitos formula-
dos à fl. 5. 4.DEFERIMENTO DO PEDIDO. (TJ-AM 02318261620168040001
AM 0231826-16.2016.8.04.0001, Relator: Jorge Manoel Lopes Lins, Data de
Julgamento: 12/03/2017, Segunda Câmara Criminal)

Bem como:

[...] Acarreta nulidade, por cerceamento de defesa, a negativa de realização


de exame de insanidade mental, se há fundada dúvida acerca da higidez
psíquica do acusado que, em seu interrogatório, aparenta não gozar da pleni-
tude de suas faculdades mentais, e que foi comprovadamente vítima de trau-
matismo cranioencefálico ocorrido em data anterior aos fatos, apresentando
períodos de delírio e confusão mental como sequelas do trauma. [...] (TJ-SC -
APR: 00004328020188240119 Garuva 0000432-80.2018.8.24.0119, Relator:
Sérgio Rizelo, Data de Julgamento: 19/03/2019, Segunda Câmara Criminal)

No que tange o procedimento relativo ao incidente de insanida-


de mental do acusado, é certo que o incidente se processará em auto
apartado, que só depois da apresentação do laudo, será apenso ao
processo principal (art. 153, CPP).
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
Arguido, o juiz nomeará curador ao acusado, quando determi-
nar o exame, ficando suspenso o processo, se já iniciada a ação penal,
salvo quanto às diligências que possam ser prejudicadas pelo adiamen-
to (artigo 149, §2º, CPP).
Para o efeito do exame, o acusado, se estiver preso, será inter-
nado em manicômio judiciário, onde houver, ou, se estiver solto, e o re-
quererem os peritos, em estabelecimento adequado que o juiz designar.
O exame não durará mais de quarenta e cinco dias, salvo se os peritos
demonstrarem a necessidade de maior prazo. Ademais, se não houver
prejuízo para a marcha do processo, o juiz poderá autorizar sejam os
autos entregues aos peritos, para facilitar o exame (art. 150, CPP).
Se os peritos concluírem que o acusado era, ao tempo da in-

51
fração, inimputável nos termos do art. 26 do Código Penal20, o processo
prosseguirá, com a presença do curador (art. 151, CPP).
Mas, caso se verificar que a doença mental sobreveio à infra-
ção, o processo continuará suspenso até que o acusado se restabeleça,
podendo o juiz ordenar a internação do acusado em manicômio judiciá-
rio ou em outro estabelecimento adequado (art. 152, CPP).
Reestabelecido, o processo retomará o seu curso, ficando as-
segurada ao acusado a faculdade de reinquirir as testemunhas que hou-
verem prestado depoimento sem a sua presença (art. 152, §2º, CPP).
Por derradeiro, caso a insanidade mental sobrevier no curso da
execução da pena, o sentenciado deverá ser internado em manicômio
judiciário, ou, à falta, em outro estabelecimento adequado, onde Ihe
seja assegurada a custódia (art. 154 c/c art. 682, CPP).

AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO, DEBATES E JULGAMENTO

Instrução processual

Nessa audiência, os atos instrutórios são concentrados em


apenas uma audiência, na qual também será proferida a sentença, sal-
vo quando houver a necessidade probatória complexa ou a quantidade
excessiva de acusados demande exame mais cuidadoso, quando, en-
tão, será permitida a apresentação de memoriais pelas partes (acusa-
ção e defesa) no prazo de 5 dias sucessivamente para cada um, e se
fixará novo prazo para a sentença (art. 403, § 3º, CPP).
A lei adotou, os princípios da concentração, da imediatidade e
da oralidade durante a audiência com o escopo de realizar, num único
dia, todos os atos que antes eram espaçados.
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

Na audiência de instrução debates e julgamento, o juiz exami-


nará todas as provas trazidas pela acusação e pela defesa. Isso por-
que a prova é o meio de demonstração de um fato. É a forma legal de
convencimento do juiz a uma determinada alegação, não pode haver
condenação sem provas.
Para a condenação deve haver um conjunto probatório capaz
de indicar indiscutivelmente a ocorrência e autoria do crime. O processo
deve se ocupar à busca da verdade real, em que qualquer dúvida deve-
rá beneficiar o réu (in dubio pro reo).
Cumpre ressaltar que a prova é aquela produzida, via de regra,
sob o crivo do necessário e suficiente contraditório e da ampla defesa,
20 Art. 26, CP - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

52
de modo a ser necessário o respeito ao procedimento disposta no Códi-
go de Processo Penal ou na legislação penal especial.
O conjunto probatório permite ao juiz o firmamento de sua con-
vicção. Note-se que não há hierarquia entre as provas, o juiz é livre para
formar seu convencimento, desde que motivando a decisão.
Nesse sentido, o Código de Processo Penal, em seu artigo
155, proíbe a decisão condenatória com base exclusiva em indícios, ao
dispor que o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua de-
cisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investi-
gação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Assim, em regra, ninguém poderá ser condenado com base
exclusiva nos elementos indiciários colhidos na fase de inquérito, pois,
nesta, inexiste o regular exercício do contraditório e da ampla defesa.
Os elementos do inquérito são importantes, pois servem de base para a
denúncia, para o rol de testemunhas, para indicar a posterior produção
da prova, mas não bastam por si só à condenação.

Processo penal. Presunção hominis. Possibilidade. Indícios.


Aptidão para lastrear
decreto condenatório. Sistema do livre convencimento motiva-
do. (...) O julgador
pode, através de um fato devidamente provado que não cons-
titui elemento do
tipo penal, mediante raciocínio engendrado com supedâneo PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
nas suas experiências
empíricas, concluir pela ocorrência de circunstância relevante
para a qualificação
penal da conduta. [HC 103.118, rel. min. Luiz Fux, j. 20-3-2012,
1ª T, DJE de 16-4-2012.]

A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém,


facultado ao juiz, de ofício, ordenar, mesmo antes de iniciada a ação
penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e rele-
vantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da
medida; determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir senten-
ça, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Em regra, o ônus recai sobre o autor da ação penal, devendo
53
provar a existência do crime, a autoria deste e a presença de dolo ou
culpa. Mas, o ônus de provar não é obrigação, mas sim uma necessida-
de. O ônus é a atitude que se espera da parte. De tal modo, quem alega
deve provar o alegado por qualquer meio de prova admitida em direito,
respeitado o procedimento para sua produção.
O procedimento probatório é o procedimento pelo qual se pro-
duz a prova. Este tem dinâmica dividida em três fases, quais sejam:
(a) Proposição, ocasião em que as provas a serem produzi-
das devem ser propostas pelas partes. É o momento de indicação das
provas. Basicamente, a única prova que tem momento de proposição
previamente determinado é a prova testemunhal;
(b) Admissibilidade, momento em que o juiz deve admitir ou
não a produção da prova. Ressalta-se que, no processo penal, se den-
tro do prazo, o magistrado deve admitir a produção da prova, sob pena
de cerceamento de defesa.
(c) Execução, consiste na fase de produção efetiva da prova.
Importante rememorar que a prova testemunhal deve ser indicada em
momentos específicos, sob pena de o deferimento ficar a critério do juiz,
devendo o autor indicar as pessoas que pretende ouvir na denúncia e
o réu na defesa preliminar. No rito especial do Júri, as testemunhas de-
vem ser indicadas após o trânsito em julgado da pronúncia.
Em razão do princípio da verdade real, nada impede a indica-
ção de testemunha fora do prazo, mas, nesta hipótese, restará à critério
do juiz o deferimento. Caso não seja aceita, não há recurso manejável,
sendo possível a impetração de Habeas Corpus sob alegação de cer-
ceamento de defesa.
Sobre a ausência do réu na audiência de instrução, vejo que o
réu possui o direito de estar presente na audiência de instrução, sendo
um desdobramento dos princípios constitucionais da ampla defesa e
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

contraditório, previstos no art. 5º, LV, da Constituição Federal, em suas


vertentes autodefesa e defesa técnica. Ao franquear-se ao réu a possi-
bilidade de presenciar e participar da instrução processual, objetiva-se
municiá-lo para que seja interrogado ao final devidamente preparado.
Estando o réu em liberdade, deverá ser intimado sobre a data
em que ocorrerá a audiência, para que possa estar presente. Caso es-
teja preso, caberá ao Estado o dever de providenciar seu deslocamento
até a sala de audiências. Caso o réu não compareça à audiência de
instrução, por falta de intimação, caberá a arguição de nulidade, por
violação dos princípios da ampla defesa e contraditório (arts. 5 o , LV, da
CF e 564, IV, do CPP)21. Importante ressaltar, que a ausência de intima-
21 Prática forense: prática penal / Fernando Marques...[et al.] – São Paulo : Saraiva Edu-
cação, 2019. (Coleção Prática Forense / coordenada por Darlan Barroso e Marco Antonio Araujo

54
ção pessoal da defesa ou do defensor dativo sobre os atos do processo
também acarretará a nulidade processual (arts. 5 o , LV, da CF e 370, §
1 o , e 564, III, c, e IV, ambos do CPP).

A expedição de cartas rogatórias para oitiva de testemunhas


residentes no exterior
condiciona-se à demonstração da imprescindibilidade da dili-
gência e ao pagamento
prévio das respectivas custas, pela parte requerente, nos ter-
mos do art. 222-A do

CPP, ressalvada a possibilidade de concessão de assistência judiciária aos


economicamente necessitados. A norma que impõe à parte no processo pe-
nal a obrigatoriedade de demonstrar a imprescindibilidade da oitiva da tes-
temunha por ela arrolada, e que vive no exterior, guarda perfeita harmonia
com o inciso LXXVIII do art. 5º da CF. [AP 470 QO-quarta, rel. min. Joaquim
Barbosa, j. 10-6-2009, P, DJE de 2-10-2009.]

Debates
Encerrada a fase de instrução processual, não havendo reque-
rimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações
finais orais por 20 minutos, respectivamente, pela acusação e pela de-
fesa, prorrogáveis por mais 10 minutos (art. 403, CPP).
Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa
de cada um será individual (art. 403, §1º, CPP). Ao assistente do Minis-
tério Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 minutos, PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa


(art. 403, §2º, CPP).
Todavia, faz-se possível a apresentação das alegações finais
de forme escrita, de modo que o juiz poderá, considerada a complexi-
dade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo
de 5 dias sucessivamente para a apresentação de memoriais (art. 403,
§3º, CPP)
Cumpre ressaltar, outrossim, que, ordenada diligência conside-
rada imprescindível, de ofício ou a requerimento da parte, a audiência
será concluída sem as alegações finais, ocasião em que realizada a di-
Junior) 1. Direito 2. Direito penal - Brasil 3. Prática forense 4. Ordem dos Advogados do Brasil
- Exames I. Tıt́ ulo II. Marques, Fernando III. Barroso, Darlan IV. Araujo Junior, Marco Antonio V.
Série.

55
ligência determinada, as partes apresentarão, em seguida, no prazo su-
cessivo de 5 dias, suas alegações finais, por memoriais (art. 404, CPP).
Logo, pode-se consignar que as alegações finais poderão ser
feitas de forma escrita quando: (a) for ordenada diligência imprescindí-
vel; (b) for reconhecida considerável complexidade do caso; (c) houver
considerável número de acusados.
Nos memoriais, o advogado de defesa poderá ventilar prelimi-
nares, como incompetência do juízo, inépcia da inicial, nulidade, cer-
ceamento de defesa e extinção de punibilidade, e tratar no mérito de
toda as teses defensivas possíveis, como absolvição, desclassificação,
afastamento de qualificadoras, causas de aumento de pena e agravan-
tes, reconhecimento de causas de diminuição de pena, privilégio ou ate-
nuante, fixação da pena no mínimo legal, baseado nas circunstâncias
do art. 59 do Código Penal, regime de cumprimento de pena mais bran-
do e substituição da pena.
Finalizados os debates orais ou concluída a audiência sem es-
tes, esta será registrada em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas par-
tes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. Sem-
pre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado,
ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação
magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual,
destinada a obter maior fidelidade das informações.
A sentença será proferida logo após ser encerradas as alega-
ções finais orais ou em 10 dias em caso de memoriais.

Emendatio Libelli

Encerrada a instrução processual, o juiz, sem modificar a des-


crição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe defini-
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

ção jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de, no momen-


to do julgamento, aplicar pena mais grave.
Ademais, se, em consequência de definição jurídica diversa,
houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do proces-
so, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. Tratando-se de
infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os
autos (Art. 383, CPP).

Mutatio Libelli

Além da emendatio libelli, encerrada a instrução probatória,


se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência
de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração
56
penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a de-
núncia ou queixa, no prazo de 5 dias, se em virtude desta houver sido
instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo
o aditamento, quando feito oralmente. 
Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento,
o juiz fará remessa dos autos ao procurador-geral, e este realizará o
aditamento, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-
-lo, ou não tomará providências, ocasião em que o processo prossegui-
rá no estado em que se encontra (artigo 384, §§1º e 5º).
Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 dias e admitido
o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará
dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemu-
nhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julga-
mento (artigo 384, §2º).    
Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 testemu-
nhas, no prazo de 5 dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos ter-
mos do aditamento (artigo 384, §§4º).

Julgamento

Finalizada a instrução processual e oferecidas as alegações


finais orais ou escritas, observadas as hipóteses de emendatio libelli e
de mutatio libelli, o juiz, valendo-se de seu livre convencimento motiva-
do, proferirá a competente sentença, absolvendo ou condenando o réu.
O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte disposi-
tiva, desde que reconheça: (a) estar provada a inexistência do fato; (b)
não haver prova da existência do fato; (c) não constituir o fato infração
penal; (d) estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;
(e) não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; (f)
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena
ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; (g) não exis-
tir prova suficiente para a condenação.
Decidindo pela absolvição, o juiz, na sentença, mandará, se
for o caso, por o réu em liberdade e ordenará a cessação das medidas
cautelares e provisoriamente aplicadas. Além disso, há a possibilidade
de aplicação de medida de segurança, se cabível, hipótese em que es-
taremos diante da absolvição imprópria aplicável aos inimputáveis com
periculosidade demonstrada.

57
A circunstância de o agente apresentar doença mental ou de-
senvolvimento mental incompleto ou retardado (critério biológico) pode
até justificar a incapacidade civil, mas não é suficiente para que ele seja
considerado penalmente inimputável. É indispensável que seja verifica-
do se o réu, ao tempo da ação ou da omissão, era inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento (critério psicológico). (...) A
marcha processual deve seguir normalmente em caso de dúvida sobre
a integridade mental do acusado, para que, durante a instrução dos au-
tos, seja instaurado o incidente de insanidade mental, que irá subsidiar
o juiz na decisão sobre a culpabilidade ou não do réu. [HC 101.930, rel.
min. Cármen Lúcia, j. 27-4-2010, 1ª T, DJE de 14-5-2010.]

De outro lado, não sendo caso de absolvição por restar, sem


dúvida, comprovada a existência do crime, a autoria e a culpabilidade, o
juiz proferirá sentença condenatória na qual: (a) mencionará as circuns-
tâncias agravantes ou atenuantes definidas no  Código Penal, e cuja
existência reconhecer; (b) mencionará as outras circunstâncias apura-
das e tudo o mais que deva ser levado em conta na aplicação da pena,
de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Código Penal; (c) aplicará
as penas de acordo com essas conclusões; (d) fixará valor mínimo para
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuí-
zos sofridos pelo ofendido; (e) atenderá, quanto à aplicação provisória
de interdições de direitos e medidas de segurança; (f)  determinará se a
sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o
jornal em que será feita a publicação.
De mais a mais, o juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a
manutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão preventiva ou de
outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

vier a ser interposta (art. 387, CPP).


Ressalta-se que nos crimes de ação pública, o juiz poderá pro-
ferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opina-
do pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhu-
ma tenha sido alegada (art. 385).
Na hipótese de absolvição ou condenação, a intimação será fei-
ta: (a)  ao réu, pessoalmente, se estiver preso; (b) ao réu, pessoalmente,
ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar solto, ou, sendo
afiançável a infração, tiver prestado fiança; (c) ao defensor constituído
pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração, expedido o mandado de
prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
(d) mediante edital , se o réu e o defensor que houver constituído não
forem encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça; (e) mediante
58
edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for encontrado, e
assim o certificar o oficial de justiça.
Importante mencionar que o prazo do edital será de 90 dias, se
tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo igual ou supe-
rior a um ano, e de 60 dias, nos outros casos. Nessa hipótese, o prazo
para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se, no
curso deste, for feita a intimação por qualquer das outras formas (art.
392, CPP).
Tendo ciência da sentença,  qualquer das partes poderá, no
prazo de 2 dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela
houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão (art.  382,
CPP).

A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime


não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo
do que o permitido segundo a pena aplicada [Súmula 718, STF].

RITO SUMÁRIO
O rito sumário está preceituado nos artigos 531 a 538 do CPP
e é destinado às infrações penais cuja pena máxima abstrata cominada
ao delito seja inferior a 04 anos e superior a 2 anos de pena privativa de
liberdade (art. 394, §1º, inciso II, do CPP). Os atos processuais no rito
em comento, serão realizados na seguinte ordem:
Oferecimento
da denúncia Recebimento Citação
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
ou queixa

Alegações Audiência de Resposta à


finais orais instrução acusação

Sentença

59
Em suma o procedimento do procedimento comum sumário se
iniciará com oferecimento da denúncia ou queixa. Não sendo caso de
rejeição, o magistrado a receberá, determinando a citação do réu para
que apresente resposta à acusação. Apresentada defesa técnica, o ma-
gistrado acolherá a tese defensiva, absolvendo sumariamente o réu ou
intimará as partes para audiência de instrução em 30 dias, ocasião em
que ocorrerá a oitiva do ofendido, a oitiva das testemunhas de acusa-
ção e das testemunhas de defesa, os esclarecimentos dos peritos, o
reconhecimento de pessoas e coisas e as acareações necessárias, o
interrogatório do réu. Finalizada a instrução processual, as partes apre-
sentarão suas alegações finais orais, deixando o processo em termos
para o magistrado proferir sentença.
Assim, destaca-se que o rito sumário se processa de maneira
muito parecida com rito ordinário, e as principais diferenças estão re-
lacionadas com o prazo para audiência, o número de testemunhas e a
possibilidade de se requerer diligências ao final da instrução.
No rito sumário o prazo para a designação de audiência em
caso de recebimento da denúncia ou queixa-crime será de 30 dias, con-
soante preconiza o artigo 530 do Código de processo penal. As partes
poderão arrolar cada uma no máximo 5 testemunhas, consoante auto-
riza o artigo 532 do CPP.
Não há previsão de requerimento de diligências e todas as
provas deverão ser produzidas nessa audiência, pois nenhum ato será
adiado, salvo quando imprescindível a prova faltante e o juiz a conside-
rar relevante, segundo artigo 535 do CPP.
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o


juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existen-
tes para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o procedimen-
to sumário (art. 538, CPP).

De maneira idêntica ao rito ordinário, no sumário existe a au-


diência una de instrução e julgamento. A única diferença entre as au-
diências diz respeito ao prazo para a realização do ato. Enquanto no
procedimento ordinário a audiência deve ser realizada no prazo de 60
dias, no rito sumário o prazo máximo para a audiência é de 30 dias, con-
tado do recebimento da denúncia ou queixa pelo juiz (art. 531, caput)22.
22 Nucci, Guilherme de Souza Manual de direito penal / Guilherme de Souza Nucci. – 16.
ed. – Rio de Janeiro: Forensse, 2020.

60
RITO SUMARÍSSIMO
Segundo a Lei 9.99/95, o rito sumaríssimo aplica-se as infra-
ções de menor potencial ofensivo, que nos termos do art. 61 da Lei, são
todas as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não seja
superior a 2 anos, cumulada ou não com multa, possuindo as seguintes
fases.

Termo Audiência de Composição


Fase Preliminar
Circunstanciado conciliação Civil dos Danos

Audiência de Oferecimento
Defesa
instrução e da denúncia ou Transação Penal
preliminar (oral)
julgamento queixa

Recebimento Instrução Debates Julgamento

Conforme se vislumbra do esquema acima, o procedimento co-


mum sumaríssimo possui duas fases. A fase preliminar se inicia com o
termo circunstanciado e o posterior encaminhamento para a audiência
de conciliação. Na referida audiência, será proposta a composição civil
dos danos. Caso seja aceita, a composição dos danos civis será redu-
zida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível,
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente (art. 74,
Lei 9.099/95), caso não seja aceita o Ministério Público poderá propor a
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especi-
ficada na proposta (transação penal) (art. 76, Lei 9.099/95).

Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal


do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência,
observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos
danos civis (art. 60, parágrafo único da Lei 9.099/95).

61
Caso o autor da infração aceite, o juiz aplicará a pena restritiva
de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo regis-
trada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de
cinco anos.
Não havendo a transação penal, entretanto, haverá o ofereci-
mento da denúncia ou da queixa-crime, encerrando a fase preliminar.
Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entre-
gando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado e imediatamente
cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução
e julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o
ofendido, o responsável civil e seus advogados (art. 78, Lei 9.099/95).
Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para res-
ponder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou
queixa. Havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas
de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente,
passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da senten-
ça (art. 81, Lei 9.099/95).
Nesse sentido, é de se notar que o rito sumaríssimo está inti-
mamente ligado aos princípios que o regem, quais sejam: celeridade,
oralidade e informalidade e da não aplicação de pena privativa de liber-
dade.
É um rito peculiar e sua diferença com os outros ritos inicia-se
já em sede policial, pois, no procedimento sumaríssimo, em regra, não
há inquérito policial e sim o termo circunstanciado (art. 69 lei 9099/95).
Elaborado o termo circunstanciado (descrição do fato criminoso, a qua-
lificação da vítima) a autoridade encaminhará este termo ao juizado es-
pecial criminal onde será marcada audiência preliminar, ocasião em que
o juiz explicará sobre a possibilidade de composição civil dos danos e
da aceitação da proposta de transação penal (aplicação de uma pena
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

de imediato que não seja a restritiva de liberdade oferecida pelo Minis-


tério Público- art. 76 da Lei 9.099/95). Feita a proposta de transação
penal o autor do fato poderá aceita-la ou não. Se esta não for aceita,
então, será oferecida a denúncia ou queixa-crime e marcada data para
audiência de instrução e julgamento, ocasião em que as partes sairão
intimadas (art. 78 da Lei 9.099/95)
Na referida audiência, se na audiência preliminar já tiver sido
oportunizada a tentativa de conciliação, será apresentada defesa preli-
minar de forma oral, momento em que o juiz decidirá se rejeita a inicial
acusatória ou a recebe. Não sendo o caso de rejeição, ato contínuo, o
juiz de imediato procederá a oitiva das testemunhas de no máximo de 3
para cada parte, logo após, procederá o interrogatório do réu, passando
aos debates orais da acusação e defesa nessa ordem, por 20 minutos
62
prorrogáveis por mais 10 minutos, e após será proferida a sentença (art.
81 da Lei 9.099/95).

De acordo com o artigo 82 da Lei 9.099/95, da decisão que


rejeita a denúncia ou queixa-crime, bem como da sentença, caberá ape-
lação, no prazo de 10 dias.

SAIBA MAIS:

A CONDUÇÃO COERCITIVA DA TESTEMUNHA NO


PROCESSO PENAL E AS
GARANTIAS CONSTITUCIONAIS.

Acesse: CONPEDI

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal. Niterói,
RJ: Impetus, 2012.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal. Volume
único. 2ª Ed. Salvador: JusPodvm, 2014.
MARCÃO, Renato. Curso de Processo Penal. São Paulo: Sa-
raiva, 2014.
MIRABETE, Julio Fabrini. Processo Penal. 7ª Ed. São Paulo:
Atlas, 2006.
NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios Constitucionais Penais
e Processuais Penais. 2ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 11ª
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.

63
QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
Ano: 2019 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: Promotor Subs-
tituto
Sobre absolvição sumária no procedimento comum, segundo o
Código de Processo Penal, esta é possível:
A) Se a denúncia for inepta ou houver existência manifesta de causa
excludente da ilicitude do fato.
B) Se o fato narrado evidentemente não constitui crime ou estiver extin-
ta a punibilidade do agente.
C) Se existir manifesta causa excludente de ilicitude ou de culpabilida-
de do agente, salvo inimputabilidade penal decorrente de ser o agente
menor de dezoito anos, quando deverá o feito ser remetido ao juizado
competente.
D) Se faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da
ação penal.
E) Se existir dúvida sobre a materialidade do fato ou autoria do réu (“in
dubio pro reo”).

QUESTÃO 2
Ano: 2014 Banca: TJ-AC Órgão: TJ-AC Prova: Juiz Leigo
Sobre a sentença penal condenatória É CORRETO afirmar:
A) deverá fixar valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido.
B) não deverá fixar valor mínimo para reparação dos danos causados
pela infração, pois o ofendido deverá postular à ação indenizatória no
juízo cível.
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

C) sempre deverá conceder o direito de apelar em liberdade, pois a


pena só deve ser cumprida após o decurso dos prazos recursais e com
o trânsito em julgado.
D) na dosimetria da pena, fase das circunstâncias judiciais, o juiz pode-
rá fixar a pena acima do máximo previsto no tipo penal, sempre funda-
mentando na culpabilidade e nos motivos do crime.

QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: TJ-AL Prova: Técnico Judiciário -
Área Judiciária
Após comparecer em todos os endereços registrados em nome de
Caio para citação e não o localizar e nem obter informações sobre
seu paradeiro, o oficial de justiça certifica que o acusado se encon-
64
tra em local incerto e não sabido. Verificada a veracidade do teor
da certidão, deverá ser buscada a citação de Caio, de acordo com
o Código de Processo Penal e com a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal:
A) com hora certa, desde que o oficial de justiça tenha comparecido ao
menos três vezes no endereço do denunciado;
B) por edital, devendo conter nesse, necessariamente, o nome do réu,
o nome do promotor responsável pela denúncia e do juiz que a determi-
nar, sob pena de nulidade;
C) por edital, e, caso não compareça após o prazo fixado em tal mo-
dalidade de citação, ficará suspenso o curso do processo e do prazo
prescricional, ainda que o acusado constitua advogado para essa ação
penal;
D) por edital, não havendo nulidade se houver indicação do dispositivo
da lei penal correspondente à inicial acusatória, embora não haja trans-
crição da denúncia ou resumo dos fatos em que se baseia;
E) por carta com aviso de recebimento, devendo o processo prosseguir
caso, ainda assim, o acusado não compareça e nem constitua advoga-
do.

QUESTÃO 4
Ano: 2017 Banca: Fundação La Salle Órgão: SUSEPE-RS Prova:
Agente Penitenciário
A absolvição sumária se configura, no procedimento comum, de
acordo com o Código de Processo Penal, EXCETO:
A) com a inimputabilidade penal do agente.
B) com a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato.
C) diante da existência manifesta de causa excludente da culpabilidade
do agente.
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
D) quando o fato narrado evidentemente não constitui crime.
E) quando estiver extinta a punibilidade do agente.

QUESTÃO 5
Ano: 2014 Banca: TJ-AC Órgão: TJ-AC Provas: Juiz Leigo
Durante a audiência de instrução penal do procedimento comum
ordinário é CORRETO afirmar:
A) o interrogatório deve ser realizado antes da oitiva das testemunhas.
B) o interrogatório deve ser realizado após a oitiva das testemunhas.
C) somente o Juiz poderá perguntar no interrogatório.
D) o silêncio durante o interrogatório importará em confissão, conforme
interpretação do artigo 186, parágrafo único do Código de Processo
Penal.
65
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Conforme estudado, o procedimento comum poderá adotar o rito ordi-


nário, sumário ou sumaríssimo. Sobre a temática, aponta as principais
notas distintivas dos ritos em comento.

TREINO INÉDITO

São exceções possíveis no procedimento comum ordinário, exce-


to:

a) Suspeição
b) Incompetência de juízo
c) Conexão
d) Ilegitimidade de parte
e) Coisa julgada

NA MÍDIA

“Relator apresenta parecer final ao novo Código de Processo Penal: a


comissão especial que debate o novo Código de Processo Penal (PL
8045/10) reúne-se nesta tarde para a apresentação do parecer do rela-
tor, deputado João Campos (PRB-GO).
A proposta reúne mais de 252 projetos sobre o tema e surgiu de uma
comissão formada por juristas e senadores. O texto atualiza o CPP atual
(Decreto-Lei 3.689/41), que é de 1941, e já foi aprovado no Senado.

No parecer preliminar apresentado em abril, João Campos regulamen-


tou a prisão após a segunda instância, o que não é aceito por todos os
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membros da comissão. “Não permitir a execução da pena a partir do 2º


grau é contribuir para a impunidade, para a prescrição”, afirmou Cam-
pos. [...]”

Para a íntegra: Câmara

NA PRÁTICA

O artigo 185 do Código de Processo Penal é claro ao afirmar que o


interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no esta-
belecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas
a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares
66
bem como a presença do defensor e a publicidade do ato e que somen-
te será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses
em que o interrogatório não se realizar no estabelecimento prisional ou
por videoconferência. Todavia, na prática, sabe-se que o mais comum é
o deslocamento dos réus presos ao juízo processante. A prática impor-
ta em gastos públicos vultosos no custeio do deslocamento e escolta,
porém se justifica muitas vezes pela falta de estrutura necessária nos
Centros de Detenção Provisória para a prática do ato.

PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

67
PROCEDIMENTO
ESPECIAL
RITO DO JÚRI
O júri possui sua competência estabelecida expressamente na
Constituição Federal (art. 5º XXXVIII), sendo designado para a apura-
ção e julgamento dos crimes dolosos contra a vida, tentados ou consu-
mados e possuindo como princípios que norteiam o rito do Júri, estão
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS


também a plenitude de defesa, o sigilo das votações e a soberania dos
veredictos. O processamento dos crimes de competência do júri está
preceituado nos artigos 406 a 497 do CPP.
O rito do Júri tem a formatação bifásica ou escalonada, e se
divide em duas fases: na primeira, estão abrangidos os atos praticados
do oferecimento da denúncia até a decisão de pronúncia; e na segunda,
estão contemplados os atos praticados entre a pronúncia e o julgamen-
to pelo Tribunal do Júri. Confira-se:
Na fase de instrução preliminar, o procedimento inicia-se com
o oferecimento da denúncia ou queixa-crime na Vara do Júri. Em caso
de recebimento, haverá a citação do réu para apresentar resposta à
acusação. Recebida a defesa, o Ministério Público terá vista dos au-
tos para manifestação sobre documentos e preliminares. Ato contínuo,
68
deverá ser realizada a audiência de instrução, na qual ocorrerá a oitiva
do ofendido, a oitiva das testemunhas de acusação, a oitiva das teste-
munhas de defesa, a oitiva do perito, a acareação e o reconhecimento
de pessoas e coisas, o interrogatório do réu, as alegações finais orais,
e posterior prolação de sentença de absolvição sumária, impronúncia,
desclassificação de delito ou pronúncia.
Caso o réu seja pronunciado, iniciar-se-á a fase do juízo da
causa (judicium causae), ocasião em que as partes deverão arrolar tes-
temunhas, juntar documento e requer diligências. Ato contínuo, será
elaborado relatório sucinto dos autos, determinando data para o julga-
mento, convocação dos Jurados, formação do conselho de sentença,
estabelecimento da incomunicabilidade, entrega do relatório, exorta-
ção, oitiva do ofendido, oitiva das testemunhas de acusação (5 teste-
munhas), oitiva das testemunhas de defesa (5 testemunhas), oitiva dos
peritos, interrogatório do réu, debates orais (1h30min+1h), réplica (1h
+1h), tréplica (1h+1h), formulação dos quesitos, votação dos jurados e
sentença (absolvição ou condenação).
A primeira fase do júri, também denominada instrução prelimi-
nar, possui basicamente a mesma estrutura do procedimento comum
ordinário. Há o oferecimento da denúncia (ou queixa-crime subsidiária),
que pode ser rejeitada liminarmente nos casos de inépcia, falta de pres-
suposto processual, de condição da ação ou de justa causa. Se o juiz
receber determina a citação do acusado para responder à acusação por
escrito no prazo de 10 dias (art. 406 CPP). Não o fazendo no prazo de-
signado, o juiz deverá nomear defensor dativo para apresentar defesa,
no mesmo prazo de 10 dias (art. 407 CPP). Na resposta à acusação, o
acusado poderá alegar tudo que interesse à sua defesa, oferecer do-
cumentos e justificações, especificar as provas que serão produzidas e
arrolar no máximo 8 testemunhas. (art. 406, § 2º, 3º CPP).
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
Após a defesa, o juiz deverá notificar o órgão de acusação para
que se manifeste sobre a defesa apresentada no prazo de 05 dias (art.
409 CPP). Depois desta resposta, a audiência de instrução deverá ser
designada em até 10 dias (art. 410 CPP), visando que, em audiência
una sejam ouvidos, o ofendido (se possível), as testemunhas, peritos,
acareações e, por fim, o interrogatório do acusado (art. 411 CPP).
Na mesma audiência, após a conclusão da instrução probató-
ria, devem ter início os debates orais, por 20 minutos para acusação e
defesa, respectivamente, prorrogáveis por mais 10 minutos. A seguir,
deverá o juiz exarar a decisão que poderá ser a de pronunciar o réu,
impronunciá-lo, absolvê-lo sumariamente ou desclassificar o a infração
penal. Vejamos cada uma das possíveis decisões nessa fase do júri:
Pronúncia (art. 413 CPP): a sentença será de pronúncia quan-
69
do o magistrado ficar convencido da possibilidade de ter havido crime
doloso contra a vida e da existência de indícios suficientes de autoria ou
de participação do acusado; entretanto, como bem estabelece o art 413,
§1º do CPP, “a fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da
materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria
ou de participação”, e ainda, sob pena das mesmas não poderem ser
arguidas no plenário, deverá o magistrado “especificar as circunstân-
cias qualificadoras e as causas de aumento de pena”;
Impronúncia (art. 414 CPP): a sentença será de impronúncia
quando, o magistrado se convencer que não existam indícios suficien-
tes que atribuam a autoria ao acusado. Entretanto, a impronúncia não
forma coisa julgada, e não impede, no entanto, que enquanto não ocor-
rer a extinção da punibilidade, possa ser formulada nova denúncia ou
queixa se houver prova nova (art. segundo o art. 414, parágrafo único).
Absolvição sumária (art. 415 CPP): é sentença absolutória ter-
minativa oriunda da inexistência do fato, ou por não ser o acusado autor
ou partícipe do delito, ou o fato não constituir infração penal ou ainda
ficar demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão de crime,
afastada desse grupo a indagação de inimputabilidade por deficiência
mental, como bem coloca o art. 415 do CPP.
Desclassificação (art. 419 CPP): quando o juiz se convencer,
em discordância com a acusação, da existência de crime diverso dos da
competência do Tribunal do Júri, e não for competente para o julgamen-
to, remeterá os autos a outro que o seja.
Nesse sentido, a primeira fase do júri deverá ser encerrada no
prazo máximo de 90 dias, consoante determina o artigo (412 CPP).
A segunda fase, também denominada judicium causae (juízo
da causa) tem início a partir do momento em que ocorre a preclusão da
decisão de pronúncia. Deve se atentar para o fato de que não se fala
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

em trânsito em julgado, mas tão somente de preclusão, uma vez que


a pronúncia não põe fim ao processo nem faz coisa julgada material,
devendo o processo ser remetido ao juiz presidente do Tribunal do Júri
(art. 421 CPP).
Esta fase tem, como objetivo, a preparação do processo para
que seja julgado perante o Tribunal do Júri. O juiz deve então notificar
o Ministério Público e depois o advogado do réu para que, em 05 dias,
apresentem o rol de testemunhas que deverão ser ouvidas em plenário
(máximo de 05). É possível também juntar documentos e requerer dili-
gências (art. 422 CPP). O juiz então deverá deliberar sobre os requeri-
mentos e eventualmente conduzir a realização das diligências solicita-
das. Ao fim, deverá realizar um relatório do processo, fixando uma data
para a realização da sessão de julgamento.
70
Existe uma possibilidade, nesta segunda fase, de que qualquer
das partes, inclusive o juiz, requeiram ao Tribunal o desaforamento, que
permite que o julgamento pelo júri seja feito em uma comarca diferente
daquela em que correu o processo criminal (art. 424, 427 e 428 CPP).
Algumas situações indicam o desaforamento, são elas: interes-
se público; dúvida sobre a imparcialidade dos jurados; segurança pes-
soal do réu; e comprovação de que, por excesso de serviço, o julgamen-
to não pode ser realizado após seis meses da preclusão da pronúncia.
Do julgamento no plenário propriamente dito, é importante des-
tacar que há uma ordem de prioridade para a organização da pauta
de julgamentos, prevista no artigo 429 do CPP. Primeiro, devem ser
julgados os processos de acusados presos, devendo se conferir priori-
dade aos que mais tempos estiverem na prisão. Depois a ordem a ser
respeitada é a data da pronúncia, julgando primeiro, por lógica, aqueles
há mais tempo pronunciados. Insta declinar que qualquer documento
só poderá ser juntado aos autos com o mínimo de 03 dias úteis, úni-
ca restrição experimentada à possibilidade de se juntar documento em
qualquer momento do processo.
Segundo o artigo 447 do CPP, O Tribunal do Júri será compos-
to por um juiz-presidente mais vinte e cinco jurados, sorteados alea-
toriamente pelo juiz entre todos os candidatos alistados, sendo sete
desses designados a participar do Conselho de Sentença, como bem
informa o art. 433 do CPP. No dia do julgamento, o juiz presidente, antes
de iniciar os trabalhos, deve verificar a presença de no mínimo 15 jura-
dos. Então irá anunciar o processo que deve ser julgado. Logo depois,
serão sorteados os jurados, facultadas às partes a recusa imotivada de
três jurados cada. Outras recusas podem ocorrer, desde que motivadas
pelas partes.
Após o sorteio e formação do Conselho de Sentença, com 07
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
jurados, o juiz presidente deve fazer aos jurados uma exortação de jul-
gar com imparcialidade e justiça (art. 472). Depois devem ser entregues
aos jurados cópias da pronúncia, de decisões posteriores que julgaram
admissível a acusação e do relatório feito pelo juiz presidente na segun-
da fase. Aqui há críticas a essa entrega da decisão de pronúncia aos ju-
rados, ante o sério risco que tenha laborado em excesso de linguagem
e possa afetar o julgamento dos jurados.
Após este procedimento, serão inquiridas as testemunhas,
ocorrendo a inquirição de modo diverso daquela prevista no procedi-
mento ordinário. Aqui não as partes, mas o juiz presidente começa a
inquirição, facultando às partes, depois, a apresentação de questio-
namentos. O mesmo ocorre no interrogatório do acusado. Os jurados
também podem formular perguntas, que serão intermediadas pelo juiz
71
presidente.
Após estas providências que devem ser tomadas em plenário,
serão iniciados os debates pelo Ministério Público, que tem uma hora e
meia, e depois a defesa pelo mesmo tempo. Se for mais de um acusa-
do, este tempo será de duas horas e meia para cada parte. O assistente
falará sempre depois do Ministério Público, e este depois do querelante
se for o caso de ação penal privada subsidiária da pública.
A acusação tem ainda a possibilidade de réplica, pelo prazo de
uma hora, ao que se sucede a tréplica da defesa por igual período de
tempo. Em caso de múltiplos réus, réplica e tréplica poderão durar até
duas horas.
Durante as alegações em plenário, as partes não poderão fa-
zer referência à decisão de pronúncia ou qualquer outra que a confirme,
nem ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta
de requerimento. Se qualquer menção for feita, cabe o registro em ata
para, em caso de prejuízo, alegação da nulidade em recurso para o
Tribunal (art. 478 CPP).
Concluídos os debates, o juiz pergunta aos jurados se estão
em condições de julgar ou se necessitam de algum esclarecimento. Os
jurados podem ter acesso aos autos ou mesmo aos instrumentos do
crime se assim solicitarem ao juiz. A partir da dúvida de algum jurado,
inclusive, pode se originar a necessidade de proceder a alguma diligên-
cia, o que levará à dissolução do Conselho de Sentença para a realiza-
ção das diligências.
O juiz então lerá os quesitos (art. 483 CPP) e os explicará (art.
484CPP), conduzindo depois a votação. Os votos deverão ser, em sigi-
lo, apurados, parando a contagem quando qualquer quesito receber 04
votos em um determinado sentido. Após a votação e vinculado ao seu
resultado, o juiz presidente proferirá sentença, consoante determina o
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

artigo 492 do CPP.

Pode o juiz presidente do tribunal do júri reconhecer a atenuan-


te genérica atinente à confissão espontânea, ainda que não tenha sido
debatida no plenário, quer em razão da sua natureza objetiva, quer em
homenagem ao predicado da amplitude de defesa, consagrado no art.
5º, XXXVIII, a, da CR. É direito público subjetivo do réu ter a pena re-
duzida, quando confessa espontaneamente o envolvimento no crime. A
regra contida no art. 492, I, do CPP deve ser interpretada em harmonia
aos princípios constitucionais da individualização da pena e da propor-
72
cionalidade. [HC 106.376, rel. min. Cármen Lúcia, j. 1º-3-2011, 1ª T, DJE
de 1º-6-2011.]

A Constituição Federal da República elenca em seu artigo 5º,


inciso XXXVIII a instituição do Júri como direito fundamental, estabele-
cendo que é reconhecida a instituição do júri, com a organização que
lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das vo-
tações; c) a soberania dos veredictos; e d) a competência para o julga-
mento dos crimes dolosos contra a vida.

Por fim, ressalto que a Lei nº 11.689/08 (referente ao novo pro-


cedimento do júri) afastou a prisão automática do antigo art. 408, §§ 2º e
3º, passando a dispor em seu art. 413, § 3º, que o juiz decidirá, motiva-
damente, no caso de manutenção, revogação ou substituição da prisão
ou medida restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-
-se de acusado solto, sobre a necessidade da decretação da prisão ou
imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro I
deste Código de Processo Penal.

RITO DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS


PÚBLICOS
O procedimento especial dos crimes de responsabilidade dos
funcionários públicos está previsto no art. 514 ao 518 do CPP e aplica-
-se a todos os funcionários públicos.
Incialmente impende esclarecer que os crimes funcionais são
aqueles cometidos pelo funcionário público no exercício das suas fun- PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

ções contra a administração pública e estão capitulados nos artigos 312


a 327 do Código Penal e artigo 3º da Lei 8.137/1990. Dentre estes es-
tão:
-Crimes funcionais próprios; só podem ser praticados por fun-
cionários públicos, ou seja, a ausência da condição de funcionário pú-
blico leva a atipicidade da conduta.
-Crimes funcionais impróprios: são aqueles que podem ser
praticados também por particulares, ocorrendo tão somente uma nova
tipificação. A inexistência da condição de funcionário público leva a des-
classificação para outra infração.
Tanto os crimes funcionais próprios como os impróprios sub-
metem-se ao procedimento especial, bastando apenas que sejam afian-

73
çáveis.
De acordo como o artigo 327 do Código penal, “considera-se
funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoria-
mente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, empre-
go ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de
atividade típica da Administração Pública.”
O diferencial do rito em questão é que oferecida a denúncia
ou queixa-crime, o juiz, antes de recebê-la, determinará não só a sua
autuação, mas também mandará notificar o agente para apresentar a
sua defesa preliminar no prazo de 15 dias, consoante determina o arti-
go 514 do CPP. A matéria da resposta preliminar deve dizer respeito à
existência do fato; à autoria; à tipicidade; à licitude; e à subsistência da
punibilidade.
Um ponto de discussão jurisprudencial e doutrinária que mere-
ce destaque é a ausência de notificação para apresentação da resposta
preliminar prevista no art. 514 do CPP quando o crime funcional em
questão for afiançável. O entendimento consagrado é de que tal noti-
ficação é obrigatória, sob pena de nulidade. Nessa seara, o Superior
Tribunal de Justiça vem adotando a Súmula 330 (STJ), que dispõe ser
desnecessária essa resposta preliminar na ação penal instruída por in-
quérito policial, banalizando a aplicação desse verbete nos julgados de
sua competência.
Mas de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Fe-
deral (STF), a falta de notificação do acusado para apresentar a defesa
preliminar estampada no artigo acima acarretará na nulidade do pro-
cesso, conforme RT 572/412, in verbis: “Artigo 514 do CPP. Falta de
notificação do acusado para responder, por escrito, em caso de crime
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

afiançável, apresentada a denúncia. Relevância da falta, importando


nulidade do processo, porque atinge o princípio fundamental da ampla
defesa. Evidência do prejuízo.”
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), embora possua preceito
sumulado, vem adotando o mesmo entendimento, conforme se verifica
no RSTJ 34/64-5:

“Recurso de habeas corpus Crime de responsabilidade de funcionário públi-


co. Sua notificação para apresentar defesa preliminar (art. 514, CPP). Omis-
são. Causa de nulidade absoluta e insanável do processo. Ofensa à Consti-
tuição Federal (art. 5º., LV). Nos presentes autos, conheceu-se do recurso e
deu-se-lhe provimento, para se anular o processo criminal a que respondeu o
paciente, pelo crime do artigo 317 do CP, a partir do recebimento da denúncia
(inclusive), a fim de que se cumpra o estabelecido no artigo 514 do CPP.”

74
Se o juiz se convencer da inexistência do crime ou da improce-
dência da ação, rejeitará a denúncia ou queixa-crime, conforme artigo
516 do CPP. Caso haja o recebimento da denúncia ou queixa, o proce-
dimento passa a seguir o rito ordinário (art. 517 CPP). É importante es-
clarecer que a defesa preliminar não exclui o oferecimento de resposta
à acusação (art. 396 CPP), a qual deverá ser apresentada seguindo-se
os demais atos processuais do rito ordinário (art. 518 CPP).
Assim, não sendo o caso de absolvição sumária, o juiz desig-
nará audiência de instrução e julgamento que deverá ocorrer no prazo
de 60 dias. Na audiência de instrução, debates e julgamento, seguirá
a ordem estabelecida no art. 400 do CPP, ocasião em que o Juiz e as
partes poderão requerer ou não diligências.
Caso não sendo requerida diligência ou se essas forem
indeferidas pelo magistrado, as partes apresentarão alegações finais
orais e em seguida será proferida a decisão. Diante da complexidade
dos fatos ou diante do número de acusados, o magistrado aplicar o dis-
posto no art. 403 § 3º, que se refere à substituição das alegações men-
cionadas por memoriais escritos e, após, proferirá a sentença em 10
(dez) dias. E, nos casos em que forem deferidas diligências, após essas
serem realizadas, o juiz mandará notificar as partes para apresentarem
memoriais escritos e, posteriormente, será proferida a sentença, confor-
me o art. 404, parágrafo único (AVENA, 2009, p. 688).

RITO DOS CRIMES CONTRA A HONRA


Os crimes contra a honra são definidos como calúnia, injúria
e difamação, tipificados nos artigos 138 a 145 do Código Penal. O rito
que deverá ser seguido para o processamento de referidos crimes está
disposto nos artigos 519 a 523 do Código de Processo Penal.
Trata-se de um rito especial, e inicia-se com o oferecimento da PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

queixa-crime, conforme estabelece o art. 394, do CPP. O juiz antes de


receber a queixa, determinará o cumprimento do disposto no art. 520:
deverão ser notificado querelante e querelado a comparecer, desacom-
panhados de seus advogados, à audiência de reconciliação.
Os atos que compõem esse rito são iguais ao do procedimento
ordinário, trazendo dois aspectos distintos, quais sejam: 1. É prevista
audiência de conciliação; e 2. É admitida a exceção da verdade nos
crimes de calúnia e difamação. Assim, a ordem desse procedimento
envolve os seguintes atos: a) ajuizamento da ação penal e audiência de
reconciliação – antes que o magistrado receba a queixa-crime e se não
for o caso de queixa manifestamente inepta, ele ordenará o compareci-
mento do querelante e do querelado para comparecerem à audiência de

75
tentativa de reconciliação (art. 520 CPP).
Na audiência de reconciliação (art. 520, CPP), as partes serão
ouvidas separadamente pelo Juiz. Primeiro o querelante; depois o que-
relado. Caso não haja conciliação, segue-se, então o procedimento co-
mum sumário ou sumaríssimo, conforme a pena máxima cominada ao
fato criminoso, com o recebimento da queixa-crime, citação e resposta
à acusação – não sendo situação para rejeição da inicial (art. 395 CPP),
o juiz receberá a queixa e concederá o prazo de dez dias para que o
querelado responda ao petitório inaugural.
Se o procedimento prosseguir segundo o rito ordinário – após
a resposta do acusado, seja ou não também apresentada exceção da
verdade, o Juiz verificará se é cabível alguma das hipóteses previstas
no 397 do CPP. Não sendo caso de absolvição sumária, segue o rito
com designação de audiência de instrução e julgamento nos mesmos
moldes do rito ordinário (art. 400 e seguintes do CPP).

O Ministério Público tem legitimidade ativa concorrente para


propor ação penal pública condicionada à representação quando o cri-
me contra a honra é praticado contra funcionário público em razão de
suas funções. Nessa hipótese, para que se reconheça a legitimação do
Ministério Público, exige-se contemporaneidade entre as ofensas irro-
gadas e o exercício das funções, mas não contemporaneidade entre o
exercício do cargo e a propositura da ação penal. [Inq 3.438, rel. min.
Rosa Weber, j. 11-11-2014, 1ª T, DJE de 10-2-2015.]
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

RITO DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL


O rito dos crimes contra a propriedade imaterial está tipificado
nos artigos 524 a 530-I do CPP.
Os crimes contra a propriedade imaterial estão elencados nos
artigos 184 do Código Penal, artigos 183 a 195 da Lei n. 9.279/96.
Os crimes contra a propriedade imaterial seguem o procedi-
mento comum, previsto para os crimes apenados com reclusão (rito
ordinário), consoante determina o artigo 524 do CPP, e como todo crime
que deixa vestígios, o exame de corpo de delito é condição de procedi-
bilidade para o exercício da ação penal. Conforme exigência do artigo
525 do CPP.
As providências preliminares se diferenciam, pois os crimes
contra a propriedade imaterial se a titularidade da ação for privada ou

76
pública, devendo ser observadas referidos procedimentos sob pena de
rejeição liminar da denúncia ou queixa.
No caso de crime de ação penal privada se procede na forma
dos artigos 524 a 530 do CPP (artigo 530-A do CPP): Seguindo o artigo
525 do CPP, é necessário um laudo para ter a certeza de que o objeto
foi falsificado. Antes do querelante oferecer a queixa-crime, exige-se a
busca e apreensão e perícia dos objetos ilicitamente produzidos. Sem
essa providência preliminar, a ação penal será rejeitada. Havendo ou
não apreensão, o laudo pericial será elaborado no prazo de 3 dias con-
tados a partir do encerramento da diligência, e depois encaminhado ao
juiz para homologação (art. 528 CPP).Se o laudo atestar a falsificação,
após a homologação, a vítima dará início à ação penal com o ofereci-
mento da queixa-crime, seguindo as demais fases pelo rito ordinário.
No caso de crime de ação penal pública se procede na forma
dos artigos 530-B até 530-H (artigo 530 I do CPP): a Autoridade Policial
procederá à apreensão dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzi-
dos, em sua totalidade, juntamente com os equipamentos, suportes e
materiais que possibilitaram a sua existência, desde que estes se desti-
nem precipuamente à prática do ilícito (art. 530-B);
Na ocasião da apreensão será lavrado termo, assinado por
duas ou mais testemunhas, com a descrição de todos os bens apreen-
didos e informações sobre suas origens, o qual deverá integrar o inqué-
rito policial ou o processo (art. 530-C); e subsequente à apreensão, será
realizada, por perito oficial, ou, na falta deste, por pessoa tecnicamente
habilitada, perícia sobre todos os bens apreendidos e elaborado o laudo
que deverá integrar o inquérito policial ou o processo (art. 530-D).
Efetuada a apreensão, após os exames periciais necessários,
a Autoridade Policial poderá nomear fiéis depositários de todos os bens
apreendidos os titulares de direito de autor e os que lhe são conexos
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
conforme dispões o art. 530-E do CPP. o juiz poderá determinar a reque-
rimento da vítima, ressalvada a possibilidade de se preservar o corpo de
delito, a destruição da produção ou reprodução apreendida quando não
houver impugnação quanto à sua ilicitude ou quando a ação penal não
puder ser iniciada por falta de determinação de quem seja o autor do
ilícito (art. 530-F, CPP). Após os procedimentos preliminares segue-se o
rito ordinário, e em caso de condenação por crime de violação de direito
autoral, nos termos do art. 530-G do CPP, o juiz poderá determinar a
destruição dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos e o perdi-
mento dos equipamentos apreendidos.

77
RITO DA LEI DE DROGAS (LEI 11.343/2006)
Os procedimentos a serem observados na Lei drogas encon-
tram-se disciplinados nos artigos 48 a 59 da Lei 11.343/06 (Lei de Dro-
gas). Insta declinar que os crimes que serão processados perante esse
rito estão declinados nos artigos 33 ao 39 da Lei 11.343/06, não se
aplicando, portanto ao artigo 28 da referida Lei (porte para consumo
pessoal), o qual deverá ser processado pelo rito sumaríssimo.

O rito para o crime do artigo 28 é diverso do rito para o crime de


tráfico. Nesse sentido, quem adquirir, guardar, tiver em depósito, trans-
portar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autoriza-
ção ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar e quem,
para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas
à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz
de causar dependência física ou psíquica serão submetidos às seguin-
tes penas: (a) advertência sobre os efeitos das drogas; (b) prestação
de serviços à comunidade; (c) medida educativa de comparecimento a
programa ou curso educativo.
Para determinar se a droga se destinava a consumo pessoal,
o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao
local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias
sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
Assim, o processamento do feito dos crimes em questão, será
organizado da seguinte forma: oferecimento da denúncia, notificação da
parte, defesa preliminar (art. 55 da lei, prazo de 10 dias), recebimen-
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

to da denúncia, citação pessoal do acusado, Audiência de instrução


(interrogatório do réu, oitiva das testemunhas de acusação, oitiva de
testemunha de defesa) debates orais e sentença.
De acordo com o determinado no art. 55 da Lei de Drogas,
oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para ofe-
recer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Na resposta,
consistente em defesa preliminar e exceções, o acusado poderá arguir
preliminares e invocar todas as razões de defesa, oferecer documentos
e justificações, especificar as provas que pretende produzir e, até o nú-
mero de 5 (cinco), arrolar testemunhas (§ 1º do art. 55). As exceções
serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 a 113 do Có-
digo de Processo Penal (§ 2º do art. 55).

78
Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz nomeará
defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos
autos no ato de nomeação (§ 3º do art. 55). Apresentada a defesa, o juiz
decidirá em 5 (cinco) dias (§ 4º do art. 55). Se entender imprescindível,
o juiz, no prazo máximo de 10 (dez) dias, determinará a apresentação
do preso, realização de diligências, exames e perícias (§ 5º do art. 55).
Ao invés de receber a denúncia de plano (art. 396, caput, do
CPP), caso não seja hipótese de rejeição, e desde logo mandar citar o
réu para apresentar resposta escrita, no procedimento da Lei de Drogas
o juiz, não sendo caso de rejeição liminar da peça acusatória, mandará
notificar o denunciado para apresentação de resposta escrita, cujo ato
antecede o recebimento da denúncia, ao contrário do que ocorre no
procedimento comum.
No âmbito da Lei de Drogas, somente após a efetiva apresen-
tação da resposta é que o juiz, não sendo caso de rejeição, avaliação
mais uma vez pertinente após a resposta escrita, irá receber a acusa-
ção, designar audiência de instrução e julgamento, que será realizada
dentro de 30 dias após o recebimento da denúncia, salvo se for determi-
nada a realização de avaliação para atestar a dependência de drogas,
ocasião em que ocorrerá em 90 dias (art. 56, § 2º da lei 11.343/2006).
Na audiência de instrução e julgamento, primeiro procederá ao
interrogatório do acusado, seguindo da inquirição das testemunhas de
defesa e acusação, e após será dada a palavra à acusação e depois à
defesa para alegações orais pelo prazo de 20 minutos cada um, prorro-
gáveis por 10 minutos a critério do juiz (art. 57 da Lei 11.343/06). Encer-
rados os debates, o magistrado proferirá a sentença no ato ou o fará no
prazo de 10 dias (art. 58 da Lei 11.343/06).

PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

O óbice, previsto no art. 44 da Lei 11.343/2006, à suspensão


condicional da pena imposta ante tráfico de drogas mostra-se afinado
com a Lei 8.072/1990 e com o disposto no inciso XLIII do art. 5º da CF.
[HC 101.919, rel. min. Marco Aurélio, j. 6-9-2011, 1ª T, DJE de 26-10-
2011.]

Importante saber que para efeito da lavratura do auto de prisão


em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente
o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por
perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea (LD, art. 50, § 1º).
Ademais, o perito que subscrever o laudo de constatação não ficará im-
79
pedido de participar da elaboração do laudo definitivo (LD, art. 50, § 2º).
Tratando-se de exame pericial preliminar, não definitivo, não se
exige que seja feito por dois peritos, tampouco que sejam observadas
todas as formalidades previstas no Código de Processo Penal, sendo
suficiente que uma pessoa idônea – que pode ser um policial com expe-
riência no combate ao narcotráfico – ateste que a substância apreendi-
da em poder do agente é, de fato, droga.
Importante salientar que por meio desse exame, é possível ve-
rificar a existência do princípio ativo da droga, o que indica a materialida-
de provisória do delito. Para a jurisprudência do STJ, o laudo preliminar
de constatação configura verdadeira condição de procedibilidade para
a apuração do ilícito, sendo necessário não apenas para a lavratura do
auto de prisão em flagrante, mas, também, para o oferecimento/recebi-
mento da denúncia. Sem embargo de sua reconhecida importância, o
exame provisório possui caráter meramente informativo, de modo que,
“com a posterior juntada aos autos do laudo definitivo, fica superada
qualquer alegação de nulidade em relação ao laudo anterior.”
Ao contrário, o laudo definitivo (também chamado de exame
toxicológico) – exigido, em regra, para a condenação 20 – pode ser
trazido aos autos durante o trâmite da ação penal. Para uns, em até 3
(três) dias antes da audiência de instrução e julgamento, em vista do
que disciplina o art. 52, parágrafo único, inc. I, da LD. Para outros, com
antecedência mínima de 10 (dez) dias antes da audiência de instrução e
julgamento, em razão de que, durante o curso do processo, é permitido
às partes, quanto à perícia, requerer a oitiva dos peritos para esclare-
cerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado
de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam
encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo
apresentar as respostas em laudo complementar (CPP, art. 159, § 5º,
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

I). Assim, “se a própria lei prevê que o requerimento da oitiva dos peri-
tos para esclarecerem a prova pericial deve ser feito com antecedência
mínima de 10 (dez) dias, é evidente que a parte só poderá considerar a
possibilidade de solicitar esclarecimentos caso já tenha tido ciência do
laudo pericial que foi juntado aos autos do processo23.

80
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
A suspensão condicional do processo está estampada no ar-
tigo 89 da Lei 9.099/95 e é aplicável tanto para as infrações penais de
menor potencial ofensivo (art. 61 da Lie 9.099/95) quanto para os crimes
cuja pena mínima abstrata não seja superior a um ano. Nesse sentido,
vale esclarecer que, embora previsto na Lei dos Juizados Especiais, a
suspensão condicional do processo figura como norma genérica, razão
pela qual também é aplicável aos delitos que reclamam outros procedi-
mentos, ressalvados os crimes militares que preveem expressa veda-
ção quanto à aplicação da lei 9.099/95 no artigo 90-A.
A classificação dada na denúncia pelo Ministério Público é mui-
to relevante, pois é com base nela que se verifica o cabimento da sus-
pensão condicional do processo (crimes com pena mínima não superior
a 1 ano) ou o cabimento da prisão preventiva (crimes com pena máxima
superior a 4 anos, desde que presentes fundamentos que a justifiquem).
Portanto, a suspensão condicional do processo é uma medida
alternativa que tem por objetivo principal evitar a aplicação da pena,
desde que presentes as condições delineadas pelo caput do art. 89 da
Lei n.º 9.099/95.
Para a concessão do benefício, a lei exige os seguintes requi-
sitos: que o crime tenha pena mínima cominada igual ou inferior a um
ano; que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime; que estejam presentes os requisitos para a
suspensão condicional da pena (art. 77, CP) – a culpabilidade, os an-
tecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como
os motivos e circunstâncias, autorizem a concessão do benefício; que
tenha ocorrido a reparação do dano.

PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

Não se admite a suspensão condicional do processo por crime


continuado, se a
soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento
mínimo de um sexto
for superior a um ano. [Súmula 723, STF]

Vale lembrar que a suspensão condicional do processo não se


confunde com a suspensão condicional da pena (sursis-art. 77 a 82 do
Código Penal), uma vez que a última subordina-se a existência de uma
sentença condenatória, ao contrário da primeira que tem por finalidade

81
evitar a prolação de uma sentença, por meio do sobrestamento da ação
penal.
A suspensão condicional da pena é também chamada de “”.
Impende esclarecer que, quando não houver especificação de que se
trata de sursis processual, tratar-se-á de suspensão da pena. O instituto
da suspensão condicional da pena está tipificado no Código Penal, em
seu artigo 77, cujo caput dispõe que: “A execução da pena privativa
de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2
(dois) a 4 (quatro) anos.”
A pena também poderá ser suspensa por “quatro a seis anos,
desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões
de saúde justifiquem a suspensão”, conforme o § 2º do art. 77, CP.
A principal diferença entre os dois institutos está consubstan-
ciado no fato de que, em uma, a sentença já foi prolatada, e a pena já foi
estabelecida. O que se suspende, portanto, é a execução da pena, mas
não extingue integralmente a punibilidade. Já no final da suspensão
condicional do processo, o beneficiado permanece sem antecedentes,
e na suspensão condicional da pena, sobre o beneficiado continuam a
incidir os efeitos secundários da condenação.

O instituto da suspensão condicional do processo constitui im-


portante medida
despenalizadora, estabelecida por motivos de política criminal,
com o objetivo de possibilitar, em casos previamente especificados,
que o processo nem chegue a se iniciar. (...) Em se tratando de instru-
mento de política criminal despenalizadora, o instituto da suspensão
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

condicional do processo exige mais do que a aplicação das condições


objetivamente consideradas. Vai além: para efeito de revogação da sus-
pensão do processo, confere ao julgador importante função de sopesar
a gravidade de eventual falta no cumprimento das condições fixadas,
diante da conduta do acusado frente ao benefício. O acusado não sou-
be se valer do favor legal que lhe foi conferido, não demonstrando o
necessário comprometimento com a situação de suspensão condicional
do processo, em claro menoscabo da Justiça Criminal do Estado. Na
situação em concreto, deixou o acusado de cumprir uma das condi-
ções com as quais se comprometeu, respeitante ao comparecimento
mensal em juízo eleitoral para informar e justificar as suas atividades.
O comparecimento a juízo constitui obrigação distinta daquela alusiva
às justificações para viagem, motivo pelo qual não podem as diversas
82
comunicações de viagem juntadas aos autos ser encaradas como jus-
tificadoras do não comparecimento do acusado. [AP 512 AgR, rel. min.
Ayres Britto, j. 15-3-2012, P, DJE de 20-4-2012.]

A suspensão condicional do processo é oferecida após a apre-


sentação da exordial acusatória, e submete o acusado a um período de
prova que pode variar entre dois a quatro anos, lapso temporal em que
deverá cumprir as condições legais, ou outras que o Magistrado reputar
convenientes (art. 89, § 1.º, incisos I, II, III, IV, Lei 9.099/95), sendo que
após o cumprimento integral sem qualquer revogação, será decretada a
extinção da punibilidade do agente.

SAIBA MAIS:

TRIBUNAL DO JÚRI: A INFLUÊNCIA DO PERFIL DO RÉU


E DA VÍTIMA NAS
DECISÕES DO CONSELHO DE SENTENÇA
Acesse: CONPEDI

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro. Processo penal: esquema-


tizado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009.
BADARÓ, Gustavo Henrique. Direito Processual Penal: tomo I,
Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito admi-
nistrativo. 16. ed. rev. e ampl. São Paulo: Malheiros, 2003.
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS
FERNANDES, Antônio Scarance. Processo Penal Constitucio-
nal. 5ª ed. rev. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
GRINOVER, Ada Pellegrini; ARAÚJO CINTRA, Antônio Carlos
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Editora Malheiros,1999.
JESUS, Damásio. Código de processo Penal anotado. 22.ed.
atual. São Paulo: Saraiva, 2006.

83
QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
Ano: 2015 Banca: MPDFT Órgão: MPDFT Prova: Promotor de Jus-
tiça Adjunto
Examine as assertivas acerca do Tribunal do Júri e marque a IN-
CORRETA:
A) Como a impronúncia não produz coisa julgada material, deve ser
impugnada por recurso em sentido estrito.
B) Os jurados sorteados serão convocados pelo correio ou por qualquer
outro meio hábil para comparecer na sessão plenária.
C) O Tribunal do Júri é composto por um juiz togado e por 25 jurados,
que serão sorteados dentre os alistados.
D) Durante a sessão plenária do Tribunal do Júri, se não for absoluta-
mente necessário, não se permitirá o uso de algemas no acusado e as
partes não poderão fazer referência a este tema, como argumento de
autoridade que beneficie ou prejudique o réu, sob pena de nulidade.
E) No caso de desclassificação pelos jurados, de tentativa de homicí-
dio para lesão corporal gravíssima, os autos não são remetidos ao juiz
criminal competente, cabendo ao Juiz presidente do Tribunal do Júri
proferir sentença.

QUESTÃO 2
Ano: 2016 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Várzea Paulista -
SP Prova: Procurador Jurídico
Assinale a alternativa que traz a disposição correta no que tange
ao procedimento dos delitos da Lei de Drogas (Lei n° 11.343/06).
A) Acusação e defesa podem arrolar, no máximo, 8 (oito) testemunhas
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

cada (art. 54, III e 55, § 1°).


B) Prescinde de autorização judicial o procedimento investigatório de
não-atuação imediata sobre portadores de droga, a fim de identificar os
demais agentes (art. 53, II).
C) O inquérito policial será concluído no prazo de 10 (dez) dias, se o
indiciado estiver preso, e de 30 (trinta) dias, quando solto (art. 51).
D) O perito que subscrever o laudo de constatação não poderá partici-
par da elaboração do laudo definitivo (art. 50, § 2°).
E) Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará,
imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia
do auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público,
em 24 (vinte e quatro) horas (art. 50)

84
QUESTÃO 3
Ano: 2010 Banca: INSTITUTO CIDADES Órgão: DPE-GO Prova: De-
fensor Público
Mário da Pedra foi denunciado pelo crime de tráfico de drogas pe-
rante a Justiça Estadual. Conforme o procedimento ditado na Lei
n.11.343/96, o juiz deverá
A) receber a denúncia, se presentes os requisitos legais, e determinar
a citação do réu para oferecimento de resposta à acusação, no prazo
de 10 dias.
B) sem receber a denúncia, determinar a notificação do denunciado
para oferecer resposta no prazo de 10 dias.
C) designar data para a audiência de instrução e julgamento, oportuni-
dade em que será, se presentes os requisitos legais, recebida a denún-
cia.
D) determinar a citação do réu para oferecer resposta à acusação no
prazo de 15 dias, após o que receberá ou não a denúncia.
E) determinar a notificação do denunciado para oferecer resposta no
prazo de 5 dias, antes do recebimento da denúncia.

QUESTÃO 4
Ano: 2016 Banca: FEPESE Órgão: SJC-SC Prova: Agente de Segu-
rança Socioeducativo
De acordo com a Constituição Federal, o tribunal do júri é compe-
tente para julgar os crimes:
A) dolosos ou culposos contra a administração da justiça.
B) dolosos contra a saúde pública.
C) dolosos contra a economia pública.
D) dolosos contra a vida.
E) dolosos praticados com violência contra a pessoa.
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

QUESTÃO 5
Ano: 2008 Banca: FCC Órgão: TCE-AL Prova: Procurador
O Código de Processo Penal prevê rito especial para o processo
e o julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários
públicos. Esse rito especial
A) impede que o acusado possa ser preso antes de recebida a denún-
cia, ainda que o crime seja inafiançável.
B) permite ao acusado se defender antes de ser recebida a denúncia,
se o crime for afiançável.
C) permite ao acusado se defender antes de ser recebida a denúncia,
se o crime for inafiançável.
D) permite ao acusado a efetivação de acordo para evitar o recebimento
85
da denúncia, se o crime for afiançável.
E) permite ao acusado a efetivação de acordo para evitar o recebimento
da denúncia, se o crime for inafiançável.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

O artigo 394 do Código de Processo Penal bem dispõe que o procedi-


mento será comum ou especial. Nesse sentido, a lei 11.343/06 (Lei de
Drogas) estabeleceu diversas especificidades procedimentais concreti-
zando o chamado rito especial da Lei de Drogas. Sobre esse procedi-
mento especial, discorra sobre as peculiaridades do rito em comento.

TREINO INÉDITO

Assinale a ordem correta dos atos do procedimento da Lei de Drogas:


a) Oferecimento da denúncia, recebimento, notificação da parte e defe-
sa preliminar.
b) Oferecimento da denúncia, recebimento, citação pessoal, resposta à
acusação.
c) Oferecimento da denúncia, notificação da parte, defesa preliminar,
recebimento.
d) Oferecimento da denúncia, citação pessoal, audiência de instrução,
recebimento.
e) Oferecimento da denúncia, recebimento, resposta à acusação, inti-
mação para audiência.

NA MÍDIA

“O projeto de lei anticrime visa a autorizar a execução imediata das con-


PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

denações do Tribunal do Júri, logo em primeira instância, com expedi-


ção de mandado de prisão, como decorrência imediata da condenação,
sem exigir a devida fundamentação no caso concreto. O direito de res-
ponder o recurso de apelação em liberdade é tratado como excepcional.
Isso é o que se conclui da leitura da pretensa nova redação do artigo
492 do CPP. Eis a descrição do dispositivo. Passa-se a demonstrar a
sua inconstitucionalidade, bem como os fundamentos que sustentam
essa posição, razão pela qual não se recomenda sua conversão em
lei. [...] Viola o princípio da presunção de inocência (artigo 5º, LVII da
CF-88 [2]) e o direito ao recurso e ao duplo grau de jurisdição (artigo 5º,
LV da CF-88 e artigo 8.2.h da CADH). [...] A execução provisória de sen-
tenças do Tribunal do Júri, cujos vereditos são tomados em PRIMEIRA
INSTÂNCIA, viola sobremaneira o direito a ser presumido inocente e o
86
direito ao recurso. [...]”.

Para a íntegra do texto, acesso: Conjur

NA PRÁTICA

Diante da análise fria da Lei de Drogas, é fácil perceber que o procedi-


mento da instrução processual impõe que o interrogatório do réu seja
o primeiro ato, de modo a se distinguir do que dispõe o procedimento
comum, cujo referido ato encerra a instrução processual.
Nesse sentido, há interessante discussão sobre o momento do inter-
rogatório do réu. Isso porque há muito tempo o Superior Tribunal de
Justiça e a 2ª Turma de Supremo Tribunal Federal vinham - com fulcro
no princípio da especialidade - sustentando que a redação do artigo
400 do Código de Processo Penal, alterada em 2008, não alcançaria as
disposições da Lei de Drogas, de 2006.
Todavia, em 2016, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, por ocasião
do HC n. 127.900/AM, inclinou-se no sentido de que o artigo 400 do
Código de Processo Penal deveria ser observado para garantia do con-
traditória e da ampla defesa ainda que houvesse disposições contrárias
em lei especial.

PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

87
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
B D A A B

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

Conforme estudado, sendo o procedimento a “coordenação e ordem


dos atos processuais a serem realizados”, necessário se mostra o res-
peito ao devido processo legal, uma vez que uma decisão válida deve
ser construída em respeito aos seus procedimentos, é importante res-
saltar que em toda a persecução penal deve estar presente o respeito
ao devido processo legal, porque toda dinâmica processual deve estar
em consonância a ele, sob pena de nulidade. A nulidade é a consequên-
cia da inobservância de dada procedimento ou forma, cujo resultado é a
desconsideração dos atos vícios e que deles decorram.

TREINO INÉDITO
Gabarito: C
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

88
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
B A D A B

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

Dentre as três espécies de procedimentos comuns dispostos no Código


de Processo Penal, é certo que o procedimento comum ordinário é o
procedimento penal mais completo da sistemática processual penal em
comento. De tal modo, o referido procedimento serve de base para os
demais.
Nesse sentido, podemos afirmar que as notas distintivas do procedi-
mento sumário para o ordinário residem no fato de que naquele o prazo
para audiência será de 30 dias, o número de testemunhas é reduzido à
cinco e não há previsão legal para requerimento de diligências ao final
da instrução.
Por seu turno, podemos elencar como notas distintivas do procedimento
sumaríssimo para o ordinário o fato de que no procedimento sumaríssi-
mo não há, em regra, inquérito policial e sim a elaboração de um termo
circunstanciado, bem como a existência de uma fase preliminar em que
o juiz explicará sobre a possibilidade de composição civil dos danos e
da aceitação da proposta de transação penal. Ressalta-se igualmente
que o procedimento sumaríssimo é regido pela Lei 9.099/95 e, diferen-
temente do procedimento comum ordinário, é regido pelos princípios
da celeridade, informalidade e da não aplicação de pena privativa de PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

liberdade.

TREINO INÉDITO
Gabarito: C

89
CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
A E B D B

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

O rito especial da Lei de Drogas traz especificidades interessantes em


relação ao procedimento comum ordinário, isso porque uma vez ofere-
cida a denúncia, antes de seu recebimento, o acusado deverá ser noti-
ficação para oferecimento de defesa preliminar, de modo que somente
depois de tal ato o magistrado optará pela rejeição ou recebimento da
denúncia. Caso recebida, o réu deverá ser citado para audiência de
instrução, cujo primeiro ato, diferentemente do procedimento comum, é
o seu interrogatório, seguida da oitiva das testemunhas.

TREINO INÉDITO
Gabarito: C
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

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Darlan Barroso e Marco Antonio Araujo Junior) 1. Direito 2. Direito penal
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Tıt́ ulo II. Marques, Fernando III. Barroso, Darlan IV. Araujo Junior, Marco
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92
93
PROCESSO E PROCEDIMENTO - GRUPO PROMINAS

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