Você está na página 1de 58

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS


DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E ANÁLISE

UMA ANÁLISE DO MERCADO:


A CRISE DO SUBPRIME DE 2008 E DO COVID-19 EM 2020

LOURRANY ELIZETE GOMES DE SOUZA

Manaus-AM
2020
LOURRANY ELIZETE GOMES DE SOUZA

UMA ANÁLISE DO MERCADO:


A CRISE DO SUBPRIME DE 2008 E DO COVID-19 EM 2020

Monografia apresentada à Faculdade de


Estudos Sociais da Universidade Federal do
Amazonas como requisito obrigatório à
obtenção do título de Bacharela em Ciências
Econômicas.

Orientador: Professor Dr. Dimas José Lasmar

Manaus-AM
2020
LOURRANY ELIZETE GOMES DE SOUZA

UMA ANÁLISE DO MERCADO:


A CRISE DO SUBPRIME DE 2008 E DO COVID-19 EM 2020

Monografia apresentada à Faculdade de


Estudos Sociais da Universidade Federal do
Amazonas como requisito obrigatório à
obtenção do título de Bacharela em Ciências
Econômicas.
Aprovado dia: 01/12/20.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Dimas José Lasmar


Orientador- Universidade Federal do Amazonas

Profa. Dra. Michele Lins Aracaty e Silva


Examinadora- Universidade Federal do Amazonas

Prof. M. Sc. Jefferson Bezerra


Examinador- Universidade Federal do Amazonas
Dedico este trabalho a todos que me ajudaram ao longo desta
caminhada, ao meu pai, minha avó, meu companheiro e
principalmente aos meus filhos que são a razão do meu viver.
AGRADECIMENTOS

Para ser possível, a construção do conhecimento necessita não somente de boas técnicas e métodos,
mas também de amizade e cooperação.
Por isso agradeço em primeiro lugar a Deus por ter me mantido na trilha certa durante este projeto
de pesquisa com saúde e forças para chegar até o final.
Sou grato à minha família pelo apoio que sempre me deram durante toda a minha vida por me
incentivarem e acreditarem que eu seria capaz de superar os obstáculos que a vida me apresentou.
À meu parceiro de vida Luiz Rogério pelo seu amor incondicional e por compreender minha
dedicação ao projeto de pesquisa.
Um agradecimento especial à minha irmã Marcela que me ajudou dias e noites com a minha filha
para que eu pudesse dar continuidade ao trabalho.
Agradeço ao meu orientador Dimas Lasmar por me direcionar e aceitar o meu trabalho de pesquisa.
Também quero agradecer à Universidade e a todos os professores que demonstraram estar
comprometido com a qualidade e excelência do ensino.
A todos os meus amigos do curso de graduação que compartilharam dos inúmeros desafios que
enfrentamos, sempre com o espírito colaborativo.
E principalmente aos meus filhos Heloísa Valentina e Luiz Benício que agora fazem parte da minha
vida e que me deram motivações ao final desta apresentação.
RESUMO

A pesquisa tem por finalidade analisar a situação do mercado financeiro como um todo durante a
crise de 2008 e fazer uma relação com a nova crise do covid-19 surgida recentemente e que tem
gerado uma repercussão mundial. Para tal estudo foi realizado um levantamento bibliográfico e
documental numa pesquisa semi-qualitativa e com resultados apresentados em tabelas e gráficos.
Após a quebra do tradicional banco americano Lehman Brothers as bolsas ao redor do mundo
entraram em colapso, pois os investidores passaram a resgatar suas aplicações, diminuindo
a liquidez no mercado. Ações despencaram, títulos foram desvalorizados e a população depende dos
esforços governamentais para mudar a situação. Apesar de que muitos já estejam comparando a
crise atual à recessão de 2008, a maioria dos pesquisadores não aceitam tal hipótese, e ainda dizem
que a economia global se recuperará rapidamente na 2ª metade de 2020, contanto que até então o
surto tenha se dissipado. São crises de natureza muito diferentes. A crise de 2008 foi muito mais
severa porque o sistema financeiro global era muito mais frágil. O avanço da pandemia causada
pelo coronavírus trouxe consigo uma crise econômica de escala global. O estudo revelou que mesmo
que a crise resulte numa implosão profunda, em termos de produção, as chances de sair desta
recessão mais cedo do que mais tarde são muito melhores do que a crise financeira passada, embora
o impacto no desemprego causado pelo Covid seja mais severo.

Palavras chave: Mercado Financeiro, Crise de 2008, Covid-19, Economia Mundial.


ABSTRACT

The research aims to analyze the situation of the financial market as a whole during the 2008 crisis
and to relate it to the new covid-19 crisis that has recently emerged and which has generated
worldwide repercussions. For this study, a bibliographic and documentary survey was carried out
in a semi qualitative research and with results presented in tables and graphs. After the bankruptcy
of the traditional American Lehman Brothers bank, exchanges around the world collapsed, as
investors began to redeem their investments, reducing liquidity in the market. Shares plummeted,
bonds were devalued and the population depends on government efforts to change the situation.
Although many are already comparing the current crisis to the 2008 recession, most researchers do
not accept such a hypothesis, and still say that the global economy will recover quickly in the second
half of 2020, provided that the outbreak has dissipated by then. They are crises of a very different
nature. The 2008 crisis was much more severe because the global financial system was much more
fragile. The advance of the coronavirus pandemic brought with it a global economic crisis. The
study revealed that even if the coronavirus crisis results in a profound implosion, in terms of
production, the chances of getting out of this recession sooner than later are much better than the
2008 financial crisis, although the impact on unemployment caused by Covid is more severe.

Keywords: Financial Market, 2008 Crisis, Covid-19, World Economy.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Desenvolvimento da Crise de 2008……………………………………... 23


Figura 2 - A importância da conscientização e prevenção no combate ao virus…... 30
Figura 3 - ICSPE – Índice de preço de commodities (10/Jan/2020 = 100)………... 33
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Investimento do Setor Público no Brasil 1995-2009………………… 42


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Participação do subprime nos empréstimos hipotecários…………… 24


Gráfico 2 - Crescimento do PIB Mundial 2007-2012………………………….. 27
Gráfico 3 - Operações de crédito do sistema financeiro Jan/2008-Nov/2009…... 37
Gráfico 4 - DLSP (% do PIB) e taxa de câmbio 2008-2009…………………….. 40
Gráfico 5 - Variação dos ativos da B3 desde Jan/2020………………………….. 44
Gráfico 6 - Taxa de Desemprego Segundo as Grandes Regiões 2012-2020……. 47
Gráfico 7 - Taxa de Desocupação na Crise de 2008…………………………… 48
Gráfico 8 - Variação do PIB Durante as Crises…………………………………. 50
Gráfico 9 - Ibovespa: Crise 2008 e 2020………………………………………... 52
LISTA DE ABREVIATURAS

BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento


BNDS – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CVM – Comissão de Valores Mobiliários
IBOVESPA – Indicador do Desempenho Médio das Cotações das Ações
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBRE - Instituto Brasileiro de Economia
IACE - Indicador Antecedente Composto da Economia
IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
MEI – Micro Empreendedores Individual
OCDE - Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico
OIT- Organização Internacional do Trabalho
OMS – Organização Mundial da Saúde
PAC - Programa de Aceleração do Crescimento
SARS - Surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave
SDI - Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura
SCIELO- Scientific Electronic Library Online
SIV - Veículos de Investimento Estruturados
SPE - Secretaria de Política Econômica
TCU - Tribunal de Contas da União
USP - Universidade de São Paulo
SUMÁRIO

Introdução……………………………………………………………………… 13
1- Revisão de Literatura……………………………………………………….. 16
1.1 Mercado Financeiro…………………………………………….…….. 16
1.2 Mercado de Capitais….........…………………………………………. 17
1.3 Bolsa de Valores…………….................……………………………... 19
1.4 Bolsa de Valores do Estado de São Paulo – BOVESPA…….........….. 20
2- Crise Financeira Mundial em 2008………………………………………… 22
2.1 Origem…………………………..…………………………………….. 22
2.2 Causas e Consequências…......………………………………………... 25
2.3 Os Efeitos da Crise na Economia Brasileira……….......……………… 27
3- A Crise Do Covid-19………………………………………………………… 29
3.1 Origem……………………......……………………………………….. 29
3.2 Combate Contra o Covid-19……………………...........……………… 29
3.3 O Impacto do Covid-19 na Economia Brasileira……………………... 31
4- Metodologia………………………………………………………………….. 34
4.1 Métodos de Pesquisa…………………………………..……………… 34
4.2 Quanto à Natureza da Pesquisa……………......……………………… 34
4.3 Quanto aos Fins…….............………………………………………… 35
4.4 Indicadores para a Análise dos Resultados da Pesquisa……………… 35
5- Resultados……………………………………………………………………. 36
5. A política adotada pelo Governo Brasileiro diante à Crise de 2008….... 36
5.1.2 Política Monetária…….........……………………………………. 36
5.1.3 Política Cambial………..........………………………………….. 38
5.1.4 Política Fiscal……………………………..........……………….. 41
5.2 Prejuízos Causados no Brasil pela Crise do Corona Virus…………… 44
5.3 Diferenciar as duas Crises enfatizando o Impacto de cada uma……… 46
5.3.1 Mercado de Trabalho…………………......……………………… 46
5.3.2 Variação do PIB……......………………………………………… 49
5.3.3 Variação do Índice Ibovespa……......……………………………. 52
6- Conclusão…………………………………………………………………….. 54
7- Referências…………………………………………………………………… 57
13

INTRODUÇÃO

A ocorrência de uma crise financeira pode-se entender como conturbações numa economia,
fundamentadas por eventos econômicos. No fim do ano passado, havia uma esperança que se poderia ter um
crescimento na economia em 2020. Essa expectativa já foi embora. Isso tem a ver com esse acidente
internacional que está acontecendo. Essa coisa imprevisível, que é um vírus, uma infecção para a qual você
não tem remédio e que pode se espalhar mais. Há três meses, a maior preocupação global era a guerra
comercial entre Estados Unidos e China, mas hoje ninguém se lembra daquilo: a disseminação da
Covid-19 mudou tudo no cenário mundial.
O autor Paulo Mansur (2020) destaca que os mercados financeiros reagiram derrubando as
bolsas de valores, valorizando o dólar e desvalorizando as commodities principalmente o petróleo
diante da expectativa de forte retração da atividade econômica. Com a economia operando a um
nível mais baixo os países que exportam commodities, podem ser impactados pela crise na China.
A atividade econômica nesse país reflete em uma desaceleração no mundo todo como as exportações
brasileiras, pois as empresas daqui que exportam terão um mercado menor para exportar, e essas
empresas tendem a não crescer. Se as empresas não crescem, o Brasil não cresce, não gera renda e
nem emprego.
Apesar do distúrbio ter se originado na China, todos os dias milhares de novos casos e mortes
resultante do vírus são registrados em vários países. A crise econômica mais grave enfrentada pela
segunda maior economia do mundo nas últimas décadas traz advertências e lições para o mundo com a
probabilidade de países como Alemanha e Estados Unidos entrarem em recessão. A epidemia atingiu os
serviços e o consumo, já que o deslocamento de pessoas foi restringido, o que afetou companhias aéreas,
hotéis, restaurantes e shopping centers. Com o coronavírus, as fábricas pararam de produzir, os turistas
deixaram de viajar e o comércio encolheu. Tudo isso afeta a economia global. Podemos ter no Brasil
e em outros países, aumento do preço de produtos pela redução da oferta de produtos.
Segundo Fraga (2003) a economia brasileira na década de 2000 obteve diversas tentativas
para retomar ao crescimento em virtude dos fatores favoráveis do cenário externo como por exemplo
os preços de commodities em alta, ambiente interno relativamente estável e uma pequena ampliação
do mercado doméstico. Com a crise de 2008, porém, o Brasil apresentou um processo de recessão
intenso, entretanto curto e concentrado no setor industrial. Enquanto o PIB da indústria apresentou
por dois trimestres seguidos quedas que ocorreram a taxas anualizadas superiores a 20%, a
contratação no setor de serviços ocorreu a taxa anualizada de 10 % por apenas um trimestre.
14

A partir do último quadrimestre de 2008, quando o Brasil passou a ser afetado mais
intensamente pela crise econômica mundial, esse efeito fez com que a equipe econômica do governo
brasileiro passasse a implementar medidas para diminuir seus efeitos no país. Tais ações abrangeram
as áreas fiscais e monetária, com aumento da disponibilidade de crédito e maior controle cambial.
Comparar o dia de hoje com os episódios mais traumáticos de ontem é objetivo desse estudo.
O trauma daquele setembro de 2008, quando o setor financeiro desabou, levando consigo o conjunto
da economia, ainda continuam tão iminente no tempo e tão presentes no imaginário coletivo que é
inevitável voltar àquela época. Apesar de não ter atingido em cheio o Brasil em um primeiro
momento, a crise do subprime abalou o mercado financeiro mundial, trazendo sérias consequências
tanto aos Estados Unidos quanto à Europa. Os setores mais prejudicados foram os financeiros, em
um golpe que sacudiu a estrutura do capitalismo.
A crise financeira do capitalismo, como era conhecida foi disseminada ao mundo no dia que
ficou batizado como segunda-feira negra. Era 15 de setembro de 2008 quando o banco Lehman
quebrou, um dos mais tradicionais dos Estados Unidos. Por seguinte, as bolsas de
valores despencaram, fazendo com que os governos de vários países anunciassem planos de socorro
à economia, aplicando bilhões de dólares nos bancos.
Os reflexos da crise do Lehman Brothers sobre a economia brasileira, a partir de setembro de
2008 foi bastante agudo e rápido: saída de captais estrangeiros aplicados em bolsa; redução de oferta
de crédito externo para bancos e firmas; aumento das remessas de lucros e dividendos por parte de
subsidiárias de empresas multinacionais; retração do mercado de crédito doméstico; e empoçamento
de liquidez no mercado interbancário (PAULA, L.F.; PIRES, M.C.,2017).
A reviravolta causada pelo surto da covid-19 reaviva lembranças da crise financeira global de
2008 e 2009, com papos de recessão, queda nos mercados de ações, governos e bancos centrais
afrouxando os cintos. A pandemia, que tem acabado com milhares de vidas por todos os continentes,
praticamente paralisou a economia mundial, com milhões em quarentena e as cadeias de suprimento
globais em estado de caos, por causa dos estragos extremos causados pelo vírus na China, a fábrica
do mundo (WELLE, 2020)
No Brasil, o mercado de trabalho passava por um momento favorável quando foi atingido pela
crise, como se verifica pela taxa de desemprego, que se encontrava em 7,8% na média do terceiro
trimestre de 2008 naquele período, o nível mais baixo desde o início da série calculada com a
metodologia atual, iniciada em março de 2002, de acordo com a Pesquisa Mensal do Emprego do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PME/IBGE). A mudança de percurso imposta pela
crise ao desemprego no Brasil é o objeto de análise deste artigo, juntando-se a outros, ainda pouco
numerosos, que abordam o tema. Pochmann (2010) mostra que o período que vai de outubro de
15

2008 a março de 2009, encontra evidências de deterioração das condições do mercado de trabalho,
como o aumento da informalidade e da rotatividade nos empregos assalariados formais.
A partir da problematização e contextualização da temática da pesquisa propõe-se o estudo
teórico e econômico da situação do Mercado Financeiro, levando em consideração as consequências
da crise mundial de 2008 e a nova crise que está surgindo recentemente a covid-19. Dessa forma,
apresenta-se o seguinte problema de pesquisa: O coronavírus pode causar impactos com a mesma
magnitude que a crise de 2008 causou ao sistema financeiro e mercado de trabalho global e
brasileiro?
Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo geral de descrever como a crise de 2008
abalou o mercado financeiro levando em conta o contexto da política macroeconômica brasileira e
se pode ser comparada a crise atual causada pela covid-19. Para alcançar o objetivo geral foram
traçados os seguintes objetivos específicos:

1. Analisar a política adotada pelo governo diante à crise de 2008.


2. Explicar os danos causados no Brasil pela crise do Corona Vírus.
3. Diferenciar as duas Crises enfatizando o impacto de cada uma.

Este estudo evidenciou a importância do mercado de capitais na economia, demonstrando os


mercados envolvidos, sua estrutura básica. É evidente a contribuição relevante do mercado de
capitais para o desenvolvimento econômico das sociedades, pois o mercado acionário não
acompanha, apenas, o crescimento da economia. Ele subsidia os meios necessários para vislumbrar
índices e taxas futuras sobre o capital, a produtividade e a renda. Além disso, o mercado de capitais
incentiva a filosofia da poupança e do investimento a longo prazo.
O estudo foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica e descritiva, desenvolvida com
base em material já elaborado, estudos econômicos desenvolvidos por instituições como o Ibovespa,
a OMS, a OCDE, artigos científicos utilizados do banco de dados dos periódicos CAPES e SCIELO,
cujas publicações ocorreram entre o ano de 2008 até os dias atuais do ano de 2020.
Para o melhor entendimento da organização deste trabalho a monografia está dividida em
Introdução, no primeiro capítulo a Revisão de Literatura com a base conceitual de conceitos e
definições, no capítulo seguinte a Metodologia, em que se descrevem o método da pesquisa,
natureza da pesquisa, fins e instrumento de coleta. No capítulo seguinte, a Análise dos Dados e os
Resultados da pesquisa. Na parte pós-textual estão relacionadas a Conclusão e Referências
Bibliográfica utilizadas para a construção desta monografia.
16

1 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo serão realizadas considerações a respeito do mercado financeiro e suas


divisões, dando ênfase ao mercado de Capitais e a Bolsa de Valores. Esses dois últimos retratam o
comportamento da economia de um país porque ela fomenta o reinvestimento do capital. Logo em
seguida será tratada a crise de 2008 e a crise do covid-19.

1.1 Mercado Financeiro

O mercado financeiro representa uma parte do mercado na qual ocorre o intercâmbio de ativos
financeiros, determinando seus preços, entre agentes superavitários e agentes deficitários. Esse
mercado deve proporcionar um ambiente de troca transparente (obtenção de informações de maneira
fácil e barata) e livre (sem limitações a entrada ou saída de compradores e vendedores, e liberdade
para negociações e formação de preços), de modo que cumpra suas funções de estabelecer contato
entre os agentes, proporcionando liquidez aos ativos com reduzidos prazos e custos de transação.
Na economia de um país atuam agentes, como governo, empresas e famílias, entre os quais
há uma dinâmica que os integra, como a compra e venda de ações e a regulamentação desse
processo: “Podemos definir os mercados financeiros como o mecanismo ou ambiente através do
qual se produz um intercâmbio de ativos financeiros e se determinam seus preços”
(PINHEIRO,2014).
De acordo com Assaf Neto (2014) os mercados financeiros oferecem uma gama de
instrumentos financeiros com variados níveis de risco e retorno, o que possibilita a adequação das
alternativas aos diferentes perfis de risco dos investidores, assim o investidor tem uma grande
variedade de linhas de investimentos, que vão de baixo a alto risco de acordo com o perfil de cada
investidor.
Atualmente a Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) em conjunto com os mercados
cambiais, são os maiores representantes dos mercados financeiros do planeta. Neles são negociados
trilhões de dólares todos os dias. No mercado financeiro brasileiro, esse mesmo papel é cumprido
pela B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, cujo principal índice é o Ibovespa.
Segundo Assaf Neto (2014) o Mercado Financeiro é composto por 4 subdivisões:
 Mercado de Capitais: A primeira trata-se do Mercado de Capitais, espaço em que valores
mobiliários são negociados. É o mercado mais próximo aos investidores e, em grande parte,
funciona como uma oportunidade de captar recursos. Nele são negociados títulos, ações e derivados
17

em bolsas de valores, sociedades corretoras e demais instituições financeiras. A CVM, Comissão


de Valores Mobiliários, é o principal órgão fiscalizador do Mercado de Capitais. Nele podemos
encontrar as Bolsas de Valores, ambientes em que todos os valores mobiliários são negociados.
 Mercado de Crédito: É no Mercado de Crédito que são realizadas as operações de créditos,
os financiamentos e tomadas de recursos para capital de giro ou até mesmo consumo. O Banco
Central é a principal instituição que regulamenta esse mercado, ditando os juros básicos da
economia, por meio da sua Política Monetária. O Mercado de Crédito trata-se do segmento mais
presente na vida do consumidor. A partir dele que são possibilitados os créditos à pessoa
física, como, por exemplo, os créditos consignados, cheque especial, cartões de crédito, leasing,
dentre outros. A pessoa jurídica também faz parte dele, na contratação de um empréstimo para
capital de giro, financiamento de máquinas, equipamentos ou no financiamento de projetos.
 Mercado de Câmbio: O Mercado de Câmbio é muito presente na vida de quem viaja
internacionalmente. Ao viajar, por exemplo, para os Estados Unidos, é necessário que convertamos
o real em dólar e essa é apenas uma das tarefas desempenhadas pelo mercado cambial. Isto é, além
da troca de moedas estrangeiras, o Mercado de Câmbio também possibilita o recebimento de
pagamentos e transferências no exterior, a partir de cartões de créditos internacionais, por exemplo.
 Mercado Monetário: A função do Mercado Monetário está em regular a quantidade de
dinheiro em circulação. Nele se realizam financiamentos de curto ou curtíssimo prazo, além de
negociações com títulos do Tesouro, papéis comerciais e certificado de depósito. Lembre-se de que
a liquidez é uma das características que distinguem o Mercado Monetário do Mercado de Capitais.
Esse último possui médio ou longo prazo em suas negociações. Já o monetário, como foi
mencionado no parágrafo acima, tem como objetivo negócios de prazo bem curto.

1.2 Mercado de Capitais

De acordo com Assaf Neto (2014) o mercado de capitais pode ser explicado da seguinte forma:
O mercado de capitais assume papel dos mais relevantes no processo de desenvolvimento
econômico. É o grande municiador de recursos permanentes para a economia, em virtude da ligação
que efetua entre os que têm capacidade de poupança, ou seja, os investidores, e aqueles carentes de
recursos de longo prazo, ou seja, que apresentam déficit de investimento.
Já para Pinheiro (2014) o mercado de capitais é considerado como um conjunto de instituições
que negociam títulos de dívidas e de patrimônio objetivando a transferência do dinheiro das partes
que estão negociando suas operações de compra e venda. O risco de valorização é relacionado com
18

a condição da empresa, risco este que é assumido pelo acionista. Por essa razão que o mercado
acionário é considerado um investimento de risco. Além de ser considerado um investimento de alto
risco, os investimentos no mercado de capitais são também de longo prazo.
Além de ser considerado um investimento de alto risco, os investimentos no mercado de capitais
são também de longo prazo.

As operações no mercado de capitais usualmente são de longo prazo e podem envolver a


compra de participação acionária no empreendimento. No mercado de capitais, os
principais títulos negociados são os representativos do capital de empresas (ações) ou de
empréstimos feitos via mercado por empresas (debêntures conversíveis, bônus de
subscrição etc.) sem participação de intermediários bancários (CAVALCANTE; MISUMI;
RUDGE, 2005 p. 17).

Em geral, no Brasil, o mercado de capitais tem sido representado pelo mercado acionário, uma
vez que operações com títulos da dívida de longo prazo ficam praticamente restritas ao fornecimento
por órgãos estatais e a financiamentos internacionais.
O mercado de capitais é composto por bolsas de valores, sociedades corretoras e outras
instituições financeiras autorizadas. Estas instituições negociam os principais ativos mobiliários do
mercado de capitais, que são segundo (ASSAF NETO, 2014)
Ações - constituem a menor parcela (fração) do capital social de uma sociedade anônima.
São valores caracteristicamente negociáveis e distribuídos aos subscritores (acionistas) de
acordo com a participação monetária efetivada.
Debêntures - Títulos emitidos também por sociedades anônimas. Seus recursos são
destinados principalmente para capital fixo das empresas e são remunerados em juros,
participações nos lucros, etc. As debêntures são títulos de longo prazo.
Comercial Papers - Notas promissórias de curto prazo, utilizados pelas empresas para
financiar seu capital de giro.
Indo além do crescimento econômico Pinheiro (2014) aborda o papel do mercado de capitais
no desenvolvimento econômico. Observando os mercados financeiros e tomando como exemplo o
mercado de crédito, é evidente que este canaliza os recursos dos poupadores para as oportunidades
de negócios, promovendo o crescimento da economia, mas não necessariamente o seu
desenvolvimento.
O mercado de ações se divide em primário e secundário. O mercado primário se refere à
entrada de recursos na empresa através da abertura de capital e subscrição de novas ações ao público,
enquanto no mercado secundário acontecem as transações de compra e venda de ações, não
ocorrendo alteração financeira na empresa. Em outras palavras, se o comprador no mercado
19

primário deseja converter suas aplicações em dinheiro, ele o fará no mercado secundário através das
sociedades corretoras, que farão o processo de intermediação entre a compra e a venda das ações
conforme diz (PINHEIRO, 2014).
Através de sua estrutura o Mercado Financeiro, portanto, fornece o suprimento para as
necessidades dos agentes econômicos, com financiamentos em médio e longo prazo para os capitais
fixos e de giro e de prazo indeterminado para as que têm a emissão e subscrição de ações afirma
(ASSAF NETO, 2014).

1.3 Bolsa de Valores

As bolsas de valores são instituições administradoras de mercados e constituem-se como


sociedades anônimas ou como sociedades civis sem fins lucrativos, nas quais o principal objetivo é
“manter local adequado ao encontro de seus membros e à realização, entre eles, de transações de
compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente
organizado e fiscalizado por seus membros e pela autoridade monetária” (CAVALCANTE;
MISUMI; RUDGE, 2005).
As Bolsas de Valores no mundo são o retrato fiel do comportamento da economia de um país.
Por ser termômetro da economia e motivo de grandes especulações e consequentes crises que
abalam fortemente as estruturas de um mercado.
Segundo Garcia (2020) atualmente, as bolsas mais importantes do mundo são as dos Estados
Unidos (New York e Nasdaq), Japão (Tóquio), Reino Unido (Londres), China (Hong Kong e
Xangai), Canadá (Toronto), Alemanha (Frankfurt), Austrália (Sydney) e a Índia (Bombay).
A bolsa é um mercado onde ações podem ser compradas e vendidas e que neste mercado os
investidores concorrem com as instituições financeiras. Participam da bolsa variados tipos de
pessoas físicas e jurídicas como tomadores de capitais, oferecedores de capitais e mediadores. A
bolsa de valores tem como objetivos principais a facilitação do intercâmbio de fundos, a proporção
da liquidez, a fixação do preço de títulos, de informar os investidores quanto a empresa que
negociam, proporcionar a confiança desses investidores e de fazer a publicação dos preços e
quantidade negociadas na bolsa. No Brasil têm autonomia na sua esfera de responsabilidade e atuam
como delegadas do poder público (PINHEIRO, 2014).
Segundo (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE 2005), os objetivos da bolsa de valores são:
a) manter local adequado à realização, entre corretores, de transações de compra e venda de títulos
e valores mobiliários, em mercado livre, organizado e fiscalizado pelos próprios membros, pela
autoridade monetária e pela CVM.
20

b) criar e organizar os meios materiais, os recursos técnicos e as dependências administrativas


necessárias à realização e liquidação pronta, segura e eficiente das operações efetuadas no recinto
de negociação (pregão);
c) organizar, administrar, controlar e aperfeiçoar o sistema e o mecanismo de registro e liquidação
das operações realizadas;
d) estabelecer sistema de negociação que propicie e assegure a continuidade das cotações e a plena
liquidez do mercado de títulos e valores mobiliários;
e) fiscalizar o cumprimento, pelos seus membros e pelas sociedades emissoras de títulos e valores
mobiliários, das disposições legais e regulamentares, estatutárias e regimentais, que disciplinam as
operações de bolsa, aplicando aos infratores as penalidades cabíveis;
f) dar ampla e rápida divulgação às operações efetuadas em seu pregão;
g) assegurar aos investidores completa garantia pelos títulos e valores negociados; e
h) exercer outras atividades conexas e correlatas que lhe sejam permitidas por lei.
O mercado acionário tem sido excelente alternativa para as empresas na captação de recursos,
utilizado para expansão das mesmas, consequentemente gerando mais empregos e uma alternativa
mais rentável de investimentos do que as aplicações de renda fixa, para pessoas físicas e instituições,
Investir na bolsa de valores, é permitir que o dinheiro trabalhe pra você, afirma o palestrante Carlos
Alberto Barbosa da Silva.

1.4 Bolsa de Valores do Estado de São Paulo – BOVESPA

A Bovespa, atenta ao desenvolvimento tecnológico, é responsável por inúmeras iniciativas


visando à qualidade dos serviços prestados aos investidores e companhias abertas que a equipara às
bolsas dos grandes centros financeiros mundiais. Entre as iniciativas mais recentes, podemos
destacar: Mega Bolsa, Home Broker, After-Market, Novo Mercado entre outros. Em 2001, com a
finalidade de fortalecer o mercado acionário brasileiro e se preparar para a globalização dos
negócios, a Bovespa concluiu um acordo histórico para integração de todas as bolsas brasileiras em
torno de um único mercado de valores - o da Bovespa, explica (CAVALCANTE; MISUMI;
RUDGE 2005).
O Índice Bovespa, é o principal indicador do desempenho médio, calculado em tempo real,
“das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações
brasileiro” (BM&FBOVESPA, 2020). De acordo com Pinheiro (2014) o índice representa, através
dos pontos, “o valor de uma carteira teórica de ações, à partir de uma aplicação hipotética,
procurando aproximar-se da configuração real das negociações a vista, em lote padrão, na Bolsa de
21

Valores de São Paulo”. Essa carteira teórica é composta por papéis de ações que representam 80%
de todo o volume transacionado na bolsa e serve como parâmetro para o mercado nacional e
internacional.
A BM&FBovespa tem ampla autonomia para exercer seus poderes de auto-regulamentação
sobre as corretoras de valores que nela operam. Todas as corretoras são registradas no Banco Central
do Brasil e na CVM. A principal função de uma bolsa de valores é proporcionar um ambiente
transparente e líquido, adequado à realização de negócios com valores mobiliários. Somente através
das corretoras, os investidores têm acesso aos sistemas de negociação para efetuar suas transações
de compra e venda desses afirma (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE 2005).
Segundo Alvarenga (2018) a Bovespa bateu recorde e ganhou mais de 110 mil novos
investidores em 2018, superando o número de investidores no Tesouro Direto, por exemplo. E tudo
isso em pleno ano de eleições, onde geralmente a bolsa tende a ficar muito mais volátil.
Após dois anos depois, em 28 de agosto de 2007, todos os detentores de títulos patrimoniais
da BOVESPA e de ações da CBLC, transformaram-se em acionistas da BOVESPA Holding, após
a desmutualização da BOVESPA ser aprovada. Em outubro do mesmo ano, tiveram início às
negociações de ações da BOVESPA Holding no Novo Mercado (INFOMONEY, 2019)
A BM&FBovespa é a terceira maior bolsa do mundo, estando a altura do porte do país,
oferecendo excelentes condições de investimentos e financiamento a seus participantes, porém
muito pouco utilizada pelo público nacional, sendo composta em sua maioria por capital estrangeiro
(JORDÃO, 2014).
As bolsas de valores brasileiras sempre tiveram forte presença do capital estrangeiro, que se
caracterizou predominantemente especulativo, aproveitando-se de eventos episódicos para
realização de lucros. O último boletim sobre o mercado de capitais da (ANBIMA 2014) mostra que
cerca de 58,1% dos investidores da bolsa brasileira são estrangeiros (72,5% destes são americanos),
31% são investidores institucionais e 10,9% são pessoa física. Desse modo, o capital estrangeiro
tem influenciado bastante o desempenho da bolsa.
22

2 A CRISE FINANCEIRA MUNDIAL EM 2008

A crise do subprime, que foi nomeada também de crise bancária, crise de 2008, crise da bolha
imobiliária, crise financeira, dentre outras definições, teve início em meados de 2007, mas só se
tornou uma crise global em 2008 e representou uma mudança na história do capitalismo. Conforme
Bresser-Pereira (2010) a crise de 2008 não começou, diferentemente do que costumam ser as crises
financeiras nos países ricos, causada principalmente pela desregulação dos mercados financeiros e
pela forte especulação.

2.1 Origem
Analisando a Crise de 2008, de acordo com Bresser- Pereira (2010) ela está vinculada com a
bolha financeira formada com o aumento de créditos e investimentos especulativos que motivaram
diversas consequências para a economia, como foi abordado:

A Crise Financeira de 2007-2008 está associada a dominação financeira, ou seja, a uma


colisão política particular que se aproveitou da globalização comercial, ou seja, da abertura
de todos os mercados e bens, para lograr também a globalização financeira e assim também
enriquecer. Entretanto, esta estratégia terminaria, necessariamente em crise, porque era
essencialmente irracional: porque pretendia substituir os Estado pelo mercado. Buscava,
assim, contraditoriamente, voltar ao século XIX em que o Estado era mínimo,
correspondendo a menos de 10% do PIB, ignorando que o Estado Social representa hoje 40
% do PIB (BRESSER- PEREEIRA, 2010 p. 200)

A crise atual implica um aumento muito grande do crédito e, portanto, o aumento do débito,
ou seja o endividamento das famílias, das empresas, dos bancos. Para se aumentar o débito tem que
se aumentar o crédito, para se aumentar o crédito, tem que se aumentar o débito. A quantidade de
moeda em circulação aumenta fortemente, o que mostra seu caráter endógeno. Até que, num certo
momento inevitável, e que ninguém sabe exatamente quando, alguma coisa não muito importante
faz com que, de repente os investidores, que estão especulando com dinheiro emprestado sejam
obrigados a parar de endividar. E quando o fazem, os credores que estavam emprestando a belos
juros também percebem que estavam ficando muito perigoso. De repente, inverte-se todo o processo
e vem a crise (BRESSER- PEREIRA, 2010).
Anos anteriores à crise os Estados Unidos vivenciavam época de prosperidade econômica, em
conjunto com a baixa inflação e baixa taxa de juros. Em regra geral, todo o mundo ultrapassava uma
fase de alta liquidez econômica. Por consequência das políticas de liberalização financeira adotadas,
a concorrência entre as instituições aumentou demasiadamente. A soma da baixa taxa de juros com
23

o aumento da competitividade acarretou na redução da lucratividade nas operações financeiras


tradicionais nos Estados Unidos (LIMA; DEUS, 2013).
De acordo com Carvalho (2008) as condições da economia norte americana citada
anteriormente, fez com que o país procurasse outros caminhos que lhe oferecessem maiores
resultados. A primeira opção seria a oferta de empréstimos aos países emergentes. No entanto, com
o desencadeamento das crises do México, Rússia e Brasil na década de 1990 a ação de empréstimos
foi interrompida. A segunda opção seria o mercado imobiliário americano que se apresentava
rentável e crescente. O cenário econômico estável e favorável possibilitou à muitas famílias a
compra da casa própria com a utilização da hipoteca. Entretanto, para a conquista de maiores lucros,
o mercado precisava se desenvolver.

Figura 1 - Desenvolvimento da Crise de 2008

Fonte: Jus Brasil (2020)

Assim, o mecanismo encontrado pelas instituições financeiras para ampliar a participação


neste mercado seria dar crédito aos tomadores de empréstimo classificados como subprime. Sendo
assim, tais tomadores de empréstimos firmavam contratos de hipotecas imobiliárias com as
instituições, cujo a garantia era o próprio imóvel hipotecado (LIMA; DEUS, 2013)
O que aconteceu com o crédito hipotecário americano foi uma legítima farra. Para que simples
instrumentos financeiros como títulos hipotecários se transformassem em estruturas complexas
24

como CDOs sintéticos, foi necessário um aumento considerável dos empréstimos de alto risco
(subprime) dentro dos empréstimos hipotecários, conforme apresentado no gráfico 1 (CINTRA E
CAGNIN, 2007).

Gráfico 1- Participação do subprime nos empréstimos hipotecários 1998-2007

13,5

14
13,2
11,5
5,3
3,4
2,6
2,4

2,4
2,1

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Fonte: elaboração própria adaptado de Cintra E Cagnin (2007)

O gráfico acima evidencia o movimento de crescimento considerável do subprime nas


estruturas americanas, a partir de 2004. O caso analisado permite constatar desequilíbrios estruturais
que evoluíram para um desastre econômico global, conforme expõem Gontijo (2011). Embora a
crise financeira tenha origem ou nasça dos próprios desequilíbrios e das formas contraditórias de
funcionamento dos mercados e do sistema econômico, seu ponto de partida se dá em arranjos mal
estruturados para acomodar essas contradições e fricções, podendo ganhar velocidade e intensidade
se as estruturas montadas nesses arranjos forem favoráveis para sua potencialização, tornando os
efeitos de determinadas políticas econômicas inócuas para revertê-la e impedir que a economia
caminhe para a recessão, antes que todos os estragos sejam por ela produzidos.
Ainda em 2006 a economia norte americana já havia começado a retração e redução no
consumo do mercado imobiliário:

A partir de fevereiro de 2007, uma cadeia de eventos começou a revelar a fragilidade dos
instrumentos e das estruturas financeiras: inadimplência das famílias subprime, com
hipotecas com taxas de juros ajustadas ou flutuantes, execução de devedores inadimplentes,
quedas nos preços dos imóveis, movimentos de saques em hedge funds, rebaixamento das
notas de alguns produtos estruturados (FREITAS E CINTRA, 2007; P. 421)
25

O início da crise financeira geral pode ser dado a partir da crise dos subprimes ou, mais
especificamente, das hipotecas. Essas foram proporcionadas a clientes com baixa qualidade de
crédito. De acordo Bresser-Pereira (2010) as mesmas juntaram-se a títulos abstrusos e opacos,
dificultando a avaliação dos compradores. Esse problema, ocorrido em um pequeno setor, não
deveria ter tomado tamanha proporção. O impactante é que, nos anos anteriores, o sistema financeiro
internacional foi unido a operações financeiras securitizadas, que possuíam uma relevante
fragilidade; em suma, as suas novidades e inovações, que ocasionaram especulações, tornaram o
sistema arriscado.

2.2 Causas e Consequências

Os vários anos de forte crescimento econômico nos Estados Unidos chegaram ao fim em 2007,
quando as famílias já não eram capazes de financiar um novo aumento no consumo por meio de
empréstimos, devido ao aumento dos preços dos imóveis ressalta Evans (2011). Quando o crédito
bancário se esgotou, em outubro de 2008, na sequência da falência do Lehman Brothers, o
investimento caiu abruptamente, e os Estados Unidos foram atingidos pela sua mais grave crise
desde 1930.
A série de falências, de intervenções e de vendas sobre pressão, como relata Carvalho (2009)
espalhou a desconfiança. Não apenas no mercado financeiro, mas também na sociedade em geral,
que passou a temer por suas economias. Os países emergentes sentiram o impacto da crise de 2008
gradualmente, basicamente em duas vertentes, por um lado no crédito, que foi dificultado no
mercado interbancário e no fluxo dos bancos para as empresas e, por outro lado, na redução dos
preços dos produtos básicos, utilizados para a exportação, como as commodities, que haviam
atingido elevadas cotações no início de 2008 (DULCI, 2009).
Singer destaca que, em momentos de crise econômica, a incerteza diante do cenário faz com
que a população entesoure sua riqueza líquida no lugar de investi-la ou de colocá-la à disposição de
quem tem interesse em aplica-la no sistema financeiro. Um momento delicado é a ocorrência da
fuga de capitais, quando as filiais de transnacionais fazem a transferência de grande quantidade à
matriz, objetivando cobrir prejuízos e cumprir obrigações:
26

A fuga de capitais reduz a disponibilidade de divisas, levando à desvalorização da moeda


nacional ante as moedas que estão sendo retiradas do país e consequentemente a fortes
pressões inflacionárias decorrentes da elevação dos preços de todos os produtos importados
(SINGER, 2009, p. 97).

Os efeitos da crise, inegavelmente, atingiram com intensidade a economia brasileira, como


relata Costanzi (2009). Verifica-se sua atuação em três principais canais. Em primeiro lugar, houve
uma forte contração no crédito, devido ao aumento da aversão ao risco, que afetou de forma intensa
os setores de consumo que dependem significativamente do crédito. Em segundo, houve uma queda
grandiosa nas expectativas, que impactou fortemente na queda dos investimentos sobre a indústria,
afetando a produção de bens de capital. E em terceiro lugar, devido à recessão econômica mundial,
houve a redução da quantidade física de exportação pelo Brasil, além disso, ocorreu uma redução
dos preços dos produtos vendidos ao exterior.
O colapso do Lehman Brothers gerou uma cadeia de falências de outras grandes financeiras
incluindo a American International Group, a maior seguradora do mundo. Ele também levou a uma
aguda instabilidade da crise no mercado monetário interbancário, o que resultou em um colapso
quase total dos empréstimos bancários nos Estados Unidos, mesmo para as empresas renomadas.
Assim, no início de outubro, a crise atingiu os mercados internacionais de ações, que perderam cerca
de 20% do seu valor em uma semana, nos Estados Unidos, na Europa e até mesmo na Ásia, que, até
aquele momento, tinha sido pouquíssimo atingida (EVANS, 2011).
A crise de 2008, que ficou conhecida pela sua severidade dentre as economias capitalistas,
como esclarece Bresser-Pereira (2010), foi considerada também uma crise social. Informações da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostram que o número de desempregados passou de
20 milhões para 50 milhões de pessoas no final de 2009.
A crise financeira internacional fez com que as exportações brasileiras despencassem 22,2%
em 2009, a maior queda desde que os dados passaram a ser registrados, em 1950. O resultado de
US$ 152,2 bilhões em 2009 ficou abaixo da previsão do governo US$ 160 bilhões e bastante longe
dos US$ 197,9 bilhões registrados no ano anterior, que foi recorde. A retração do comércio mundial
também derrubou em 25% as importações, que fecharam o ano em US$ 127,637 bilhões. Mas,
segundo Barral, o ritmo de queda tem diminuído, e a tendência é que o real valorizado e o próprio
crescimento da economia estimulem o aumento das compras neste ano (FOLHA DE S. PAULO,
2010)
O cenário macroeconômico sofreu significativas mudanças após a quebra do Lehman Brothers
e da intensificação da crise financeira internacional, como descrevem Mesquita E Tóros (2010). A
27

crise atingiu o âmbito internacional e foi muito intensa, gerou um indício da escassez mundial de
liquidez em dólares e piorou os termos de troca, devido à queda dos preços das commodities.
Como se pode observar no gráfico abaixo o governo brasileiro conseguiu evitar uma
deterioração mais drástica das expectativas, obtendo êxito na recuperação econômica a partir de
meados de 2009. Vemos claramente que o crescimento da formação bruta de capital fixo e do
consumo contribuiu para a recuperação da economia no segundo semestre.

Gráfico 2 - Crescimento do PIB Mundial 2007-201

Fonte: FMI. Elaboração: Ideias Consultoria, 2012

Em resposta à restauração da confiança dos agentes e à ampliação do nível de utilização da


capacidade instalada da indústria, o investimento cresceu de 17% do PIB (1º trimestre de 2009) para
20,5% no 3º trimestre de 2010. As exportações foram favorecidas pela forte melhora nos termos de
troca, devido principalmente à retomada da economia chinesa em 2009 e à recuperação da economia
mundial em 2010 (PAULA, L.F; PIRES, M.C, 2017)

2.3 Os Efeitos da Crise na Economia Brasileira

Os reflexos da crise sobre a economia brasileira se manifestaram de duas formas: i) através


do mercado financeiro, com a livre mobilidade dos capitais, por exemplo, a compra e venda de
ações, títulos da dívida pública, etc. e ii) através do comércio internacional, pois uma vez que a
economia brasileira é muito dependente das exportações de commodities, a recessão que vem
28

tomando conta de alguns de seus parceiros comerciais, como EUA, Europa e Japão, a afeta
diretamente (FILGUEIRAS, 2007).
Os efeitos através do mercado financeiro se fizeram perceber principalmente por meio da
queda da bolsa de valores, elevação do risco Brasil e desvalorização do câmbio. Filgueiras (2007)
destaca que diante de um contexto de falta de controle dos fluxos de capitais a fuga de capitais das
economias em desenvolvimento é inevitável, é a dinâmica da especulação financeira, na busca por
papéis mais seguros. Contudo, quando explodiu a crise nos EUA, o Brasil contava com boa reserva
em dólares, da ordem de 160 bilhões em 2007, o que de certa forma reduziu a vulnerabilidade
externa.
Pochmann (2010) informa que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil foi reduzido em 9,9%
em 2008. Contudo, pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o segundo
semestre de 2009 indicou uma considerável recuperação econômica, não somente pela ocupação da
capacidade instalada, mas também pelos investimentos e o PIB variou -0,3% em 2009, após um
crescimento de 5,2% em 2008 e 6,1% em 2007. Essa desaceleração ocorreu de maneira diferente
entre os setores econômicos. Os serviços cresceram 2,1%, com destaque para as atividades
“intermediação financeira”, “serviços prestados à família e associativas e o crescimento do valor
adicionado bruto gerado por “administração, saúde e educação públicas”.
Os dados do Ministério do Desenvolvimento, os setores mais afetados pela crise foram as
indústrias siderúrgica e automobilística. "A queda dos manufaturados é preocupante e reforça a
necessidade de recuperar mercados importantes como os EUA e a América Latina", disse o
secretário de Comércio Exterior do ministério, Welber Barral. A retração do comércio mundial
também derrubou em 25% as importações, que fecharam o ano em US$ 127,637 bilhões. Mesmo
com quedas similares nos dois sentidos do intercâmbio de mercadorias, a balança comercial
brasileira encerrou 2009 com o pior desempenho da era Lula, com saldo de US$ 24,62 bilhões. Em
2008, o superávit havia sido de US$ 24,96 bilhões (FOLHA DE S. PAULO, 2010)
De acordo com dados divulgados pelo IBGE (2020) a economia brasileira sente os reflexos
da crise, com exceção do ano de 2010, que teve crescimento acima de 7%, mas não consegue manter
um crescimento sistemático do seu Produto Interno Bruto. No primeiro ano da crise 2008 os efeitos
sobre o PIB foram modestos e a economia conseguiu crescer acima de 5%. No entanto, no ano
seguinte apresentou crescimento negativo, num momento de clara tendência de desaceleração da
atividade econômica, ocasionado principalmente pela queda nas exportações brasileiras, diante da
queda da demanda internacional de commodities, além da valorização do Real sofrida no período,
o que fez com que o preço dos produtos brasileiros caísse juntamente com o lucro dos exportadores.
29

3 A CRISE DA COVID-19

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que vivemos uma pandemia do novo
coronavírus, chamado de Sars-Cov-2. “Nas últimas duas semanas, o número de casos de Covid-19,
Provocada pelo vírus fora da China aumentou 13 vezes e a quantidade de países afetados triplicou.
Temos mais de 118 mil infecções em 114 nações, sendo que 4 291 pessoas morreram”, justificou
Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS (VEJA, 2020).

3.1 Origem

Um surto de pneumonia de causa desconhecida foi detectado em Wuhan (província de Hube


i), na China, e relatada pela primeira vez ao Escritório local da OMS em 31 de dezembro de 2019.
O surto foi causado por uma nova cepa de coronavírus, posteriormente rotulado como coronavírus
2 da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV-2). A doença causada por esse vírus foi
denominada de Covi-19.
Segundo a Anvisa (2020) o coronavírus pertence a uma grande família de vírus, comuns em
diferentes espécies de animais, incluindo camelos, gado, gatos e morcegos. Raramente, os
coronavírus podem infectar humanos e depois se disseminar entre pessoas como o que ocorre na
Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e na Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SARS).
De acordo com o virologista Paulo Eduardo Brandão, expert em coronavírus e professor
da Universidade de São Paulo (USP), há duas hipóteses mais documentadas: na primeira, o vírus
foi entrando em contato aos poucos com a espécie humana e criando estratégias para fazer o salto.
Na segunda, ele teria vindo mais “pronto” de um morcego e feito a transmissão interespécie de
modo mais acelerado.

3.2 Combate contra a Covid-19

Até o momento, não existem tratamentos antivirais específicos e comprovados para a COVID-
19. O objetivo mais importante é controlar fontes infecciosas. O governo chinês rapidamente iniciou
medidas seriais, como isolar Wuhan e toda a província de Hubei, melhorando o monitoramento e a
notificação de informações sobre epidemias, além de detectar, isolar e curar pacientes. Mais de 8000
médicos e enfermeiros de outras províncias foram para a província de Hubei e começaram a
combater a doença com a equipe médica local. Ao mesmo tempo, dois hospitais com 2600 leitos
30

no total foram construídos em Wuhan para pacientes confirmados e suspeitos ressalta (YANG,
SHANG, & RAO, 2020).
A corrida pela descoberta de uma vacina e os testes com medicamentos potenciais contra o
vírus têm mobilizado pesquisadores no mundo todo. O economista Pedro Miranda, um dos autores
do estudo, demonstra preocupação caso uma única empresa produza a vacina contra o novo
coronavírus. “Se não houver uma articulação entre os países, há o risco de termos dificuldades para
imunizar a população mundial contra a Covid-19 porque a empresa detentora da patente poderá não
conseguir produzir em quantidade suficiente para atender a demanda mundial, a exemplo do que
aconteceu no início da pandemia com respiradores e ventiladores pulmonares, máscaras e outros
equipamentos necessários ao combate dessa doença”.

Figura 2 - A importância da conscientização e prevenção no combate ao vírus

Fonte: Prefeitura de Jahu (2020)

A COVID-19 confirma a dinâmica de securitização da saúde global. A pandemia foi abordada


no quadro de uma ameaça à vida das pessoas e ao funcionamento regular das sociedades. Não se
tratou de uma securitização da doença, que para a maioria dos infetados é assintomática ou de
sintomatologia moderada. Porém, a COVID-19 apresenta uma taxa de letalidade mais elevada do
que a da gripe A; tem um período de incubação de 1 a 14 dias; e é transmitida comunitariamente (e
possivelmente durante o período assintomático) por gotículas de tosse e expetoração, e também por
contato com superfícies ou objetos contaminados 6,7. Dadas essas especificidades, observou-se, isto
sim, uma securitização da circulação de pessoas e do contato social, ou seja, dos fatores que
31

poderiam levar a um crescimento exponencial do número de casos graves e, em consequência, ao


colapso dos serviços de assistência.
Ainda segundo (YANG, SHANG, & RAO, 2020) a quarentena doméstica é a melhor escolha
para os residentes, no entanto, o bloqueio generalizado pode inevitavelmente trazer um efeito
psicológico, portanto é recomendável aconselhamento e popularização em saúde mental. Por fim,
devemos dizer que o que fizemos hoje não é apenas controlar o COVID-19, mas, mais importante,
criar um sistema de segurança para evitar surtos semelhantes no futuro.
O presidente Jair Bolsonaro prorrogou o prazo de redução das alíquotas de tributos sobre
medicamentos e produtos usados no combate à covid-19. Ele editou um decreto que mantém a
redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); a Contribuição para os Programas de
Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep) e a Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS).
A economia pode ser estimulada por meio de políticas monetária e fiscal (ampliação de
benefícios e transferência de renda, renegociação de dívidas a estados e municípios, garantia de
recursos para a saúde para a aquisição e aplicação de testes, aquisição de leitos, contratação de mais
colaboradores, recursos para a pesquisa para vacina e medicamentos) e creditícia (expansão de
crédito e ampliação do prazo de amortização de dívidas para pessoas físicas e jurídicas)
(INSTITUTO DE ECONOMIA DA UFRJ – IE, 2020)
A proposta da equipe do Governo Bolsonaro é de promover a retomada da atividade
econômica partir de uma agenda de reformas, com ênfase na consolidação fiscal e combate à má
alocação de recursos. Pretende-se promover a abertura econômica, as privatizações e concessões, a
reforma tributária, a revisão das desonerações e subsídios públicos, a aprovação do Projeto de Lei
do saneamento básico, promoção de energia mais eficiente, desburocratização, redução do
desemprego e pobreza por meio da criação de empresas, entre outras (MINISTÉRIO DA
ECONOMIA, 2020)

3.3 O impacto da Covid-19 na Economia Brasileira

De acordo a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia (2020) foram


analisado os efeitos do coronavírus (Covid-19) na economia brasileira, além de estimativas de
impacto no crescimento do PIB em 2020 o ministério selecionou os principais canais pelos quais a
epidemia pode afetar o desempenho da economia: redução das exportações; queda no preço
de commodities e piora nos termos de troca; interrupção da cadeia produtiva de alguns setores;
32

queda nos preços de ativos e piora das condições financeiras; e redução no fluxo de pessoas e
mercadorias.
A importância econômica da China, tanto para o Brasil quanto para o mundo, é muito maior
hoje do que era no período da epidemia de SARS, ocorrida em 2003. A China concentrou em 2018
aproximadamente 18% do PIB mundial (ajustado pela paridade do poder compra) e é o destino de
quase 30% de tudo que o Brasil exporta atualmente. Além disso, o país oriental produz mais de 20%
de todos os bens intermediários manufaturados que são consumidos no mundo. A paralisação, ainda
que parcial, da produção e exportação de tais bens já está reverberando nas cadeias globais de
produção, e pode ampliar os efeitos negativos da epidemia.
No mês de março de 2020, foram adotadas medidas de isolamento social implementadas com
o intuito de desacelerar a taxa de contaminação da população e, consequentemente, evitar o colapso
do sistema de saúde. O governo brasileiro previa que os impactos do COVID-19 na economia
brasileira seriam redução das exportações, queda no preço de commodities e, consequentemente,
piora nos termos de troca, interrupção da cadeia produtiva de alguns setores, queda nos preços de
ativos e piora das condições financeiras, e redução no fluxo de pessoas e mercadorias
(MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020).
Apesar dos esforços de contenção da doença no território chinês e redução expressiva no
número de novos casos no país, houve notável propagação da Covid-19 em outros países nos últimos
dias, aumentando as incertezas globais sobre a dimensão e término da epidemia. Houve forte reação
nos preços de ativos e aumento na aversão ao risco, inclusive no Brasil. Tem-se observado que
governos e bancos centrais pelo mundo estão promovendo medidas para atenuar os impactos
negativos da epidemia. Ainda assim, alguns países, como a Itália, já adotaram medidas de contenção
da epidemia que irão provocar desaceleração no ritmo de atividade no curto prazo afirma a
Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia.
De acordo com o World Bank (2020), esta será uma recessão econômica mais profunda do
que a crise financeira mundial de 2008-2009 e a crise da dívida da América Latina nos anos 1980.
O cenário econômico brasileiro atual era de superação da crise de 2014/2017, a qual foi originada
por uma combinação de choques de oferta e demanda, devido a erros de política econômica. Estes
fatores provocaram uma redução do crescimento da economia brasileira e incertezas sobre a
solvência das finanças públicas (BARBOSA FILHO, 2017)
Apesar da retomada da produção industrial e dos investimentos, as vendas do comércio ainda
seguem em queda na comparação com igual período de 2019: depois de uma queda de cerca de 20%
no primeiro trimestre, houve uma redução do ritmo de queda, mas em julho a variação ainda era
negativa (1,1%). Em livro recente organizado pelo Centro de Pesquisa de Política Econômica
33

(“Mitigando a crise econômica COVID: agir rápido e fazer o que for preciso”), diversos economistas
comungam da proposta de relaxamento orçamentário e ação direta do Estado para atenuar o colapso
econômico durante o isolamento.

Figura 3 - ICSPE – Índice de preço de commodities (10/Jan/2020 = 100)

Fonte: Bloomberg (2020)

Conforme o gráfico acima o indicador proprietário de preço de commodities (ICSPE) que


sintetiza o movimento dos preços internacionais das principais commodities, recuou
aproximadamente 15% desde o primeiro óbito. A queda do índice aponta que os produtos mais
afetados foram petróleo, café, carne bovina e minério de ferro. Vale destacar que a queda recente
no preço do petróleo, decorrente de um conflito acerca do nível de produção acordado pelos maiores
produtores, também aumentou a volatilidade nos mercados e provocou um movimento global de
aversão a risco, com forte reação negativo dos preços de ativos.
No livro As Seis Lições, Ludwig Von Misses (2018, p. 52) o autor lembra que nas políticas
econômicas passadas não ocorreram milagres. A recuperação da Alemanha depois de sua derrota e
destruição na Segunda Guerra Mundial foi histórica. Mas não houve milagre. Houve tão somente a
aplicação dos princípios da economia do livre mercado, dos métodos do capitalismo. Todo país pode
experimentar o mesmo “milagre” de recuperação econômica, embora deva insistir em que a
recuperação é fruto da adoção de políticas econômicas sólidas.
34

4 METODOLOGIA

Neste capítulo, abordaremos os métodos utilizados na elaboração desta pesquisa. Serão


detalhados especificamente: o Método de Pesquisa, a Natureza da pesquisa, os Fins e os Indicadores
para a Análise dos Resultados da Pesquisa.

4.1 Métodos de Pesquisa

Com relação à metodologia aplicada na pesquisa, foram utilizados os métodos de pesquisa


bibliográfica e documental, com o objetivo exploratório, findando em a uma análise qualitativa. Sua
principal vantagem reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de
fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente, isto porque ela tem
por objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre determinado tema,
conforme Gil (2013).
O Estudo apresenta peculiaridades por ser bem recente, envolve fontes ainda em fase de
pesquisa, porque os efeitos da crise ainda persistem e podem ter resultados indeterminados até que
não se sinta mais seus efeitos. Então, entendeu-se que os materiais mais importantes são as pesquisas
bibliográficas e documentais.

4.2 Quanto à Natureza da Pesquisa

A abordagem da pesquisa classifica-se em quali-quantitativa, pois trata-se um processo do


qual, partindo de dados constatados, infere-se a uma verdade geral ou universal (LAKATOS;
MARCONI, 2007). É uma pesquisa qualitativa por levantamentos dos dados históricos, econômicos
e sociais e é uma pesquisa quantitativa por levantar dados numéricos a respeito dos fenômenos
estudados, como informações composta pelas variáveis: Taxa de Desemprego, Taxa de Câmbio,
PIB, Exportações e Importações.
Foram utilizadas diversas bases de dados como o IBOVESPA, o IBGE e o IACE que
possibilitassem calcular a retração das atividades em tempo real. Esses indicadores foram retirados
de diversas fontes que apresentam frequência diária ou semanal, como dados de produção de
empresas, emissão de notas fiscais, indicadores de associações e notícias de produção setorial ou
empresarial. Adicionalmente, foi disponibilizada pela Secretaria de Desenvolvimento da
Infraestrutura indicadores que mostram o desempenho setorial.
35

4.3 Quanto aos Fins

De acordo com Gil (2013), “as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias”, e com base nesse conceito, o trabalho foi
desenvolvido, com vista a esclarecer, através de revisões bibliográficas, documentais, e em sites
diversos, as características do mercado financeiro relacionando o impacto da crise de 2008 e a crise
do momento atual. Sendo considerada também uma pesquisa explicativa, devido o levantamento de
dados realizado para explicar a variação do desemprego do Brasil.
Os sites do IBGC, da CVM e da BM&FBovespa foram acessados para a obtenção de quadros,
dados históricos, entre outras informações sobre o mercado financeiro brasileiro. Utilizou-se as
informações dos sites das companhias pertencentes ao universo pesquisado para a caracterização
destas.

4.4 Indicadores para a Análise dos Resultados da Pesquisa

Para a Crise de 2008 será apresentada a Política adotada pelo Governo Brasileiro diante à
Crise de 2008 por meio de Instrumentos de Políticas Econômicas: i. Política Monetária; ii. Política
Cambial; e iii. Política Fiscal. Dentro dessa análise a variação da produção das Indústrias, do
Comércio e dos Serviços nos permitirão acompanhar o comportamento conjuntural no País. Tais
Índices Econômicos serão tratados como procedimento metodológico afim de mensurar impactos e
obter medidas governamentais para ambas as crises.
Em seguida serão destacados os Danos causados no Brasil pela Crise do Corona Vírus por
meio da análise do Mercado Financeiro e o Ibovespa, onde se estudou os principais contratos de
commodities da B3 com o intuito de observar o desempenho do Mercado como parâmetro de
rentabilidade na fase do coronavírus.
Por fim serão analisadas as Diferenças das duas Crises de acordo com: ii.Mercado de Trabalho
(Taxa de Desemprego); ii.Variação do Produto Interno Bruto (PIB) e iii.Variação do Índice
Ibovespa no Mercado Financeiro com o intuito de prever projeções de melhoria para o momento em
que o Brasil se encontra.
Esses dados referentes ao segundo trimestre de 2020 foram coletados do IBGE, o órgão
federal responsável por prover todas as informações estatísticas oficiais do país. Os dados
resultantes desta pesquisa foram tabulados no Excel e serão demonstrados na forma de gráficos e
tabelas com as devidas interpretações e discussões.
36

5 RESULTADOS

Com o intuito de atender aos objetivos propostos para esta pesquisa, buscou-se identificar os
aspectos do Mercado Financeiro. Em síntese, os resultados do período analisado devem ser
creditados em maior ou menor grau ao comportamento dos agentes privados, às ações do governo
através de seu conjunto de políticas públicas e às condições vigentes no cenário internacional.

5.1 A Política adotada pelo Governo Brasileiro diante à Crise de 2008

A crise financeira do subprime e o colapso do sistema financeiro, principalmente após a


falência do banco Lehman Brothers no terceiro trimestre de 2008, desencadearam múltiplas
consequências para os países que mantinham relações com os EUA.
A economia brasileira estava menos vulnerável ao colapso do sistema financeiro dos EUA
(ALMEIDA, 2010). Os grandes bancos nacionais não tiveram perdas significativas. Havia um
elevado nível de reservas internacionais, evitando uma crise grave no balanço de pagamentos.
No Brasil, a crise foi levada a público oficialmente em 2009, tendo como impacto imediato a
redução da liquidez internacional e a escassez de linhas de crédito. O governo Lula agiu adotando
diversas políticas anticíclicas de corte Keynesiano, que evitaram que a recessão se aprofundasse.
Com os dados apresentados na prestação de contas do Governo da República de 2009 e
baseado em informações de órgãos específicos, o TCU analisou qual foi o impacto da atuação do
governo para uma gradual recuperação da economia do país, observada a partir do segundo trimestre
de 2009, quando houve uma reversão da queda do PIB. Como resultado, o PIB caiu apenas 0,2%,
conforme demonstrado na análise relativa ao desempenho da economia.
A partir do último quadrimestre de 2008, quando o Brasil começou a sentir mais fortemente
o impacto da crise econômica mundial, o governo brasileiro implementou várias medidas para
diminuir seus efeitos no país. Essas ações abrangeram as áreas monetária, cambial e fiscal.

5.1.2 Política Monetária

Para amenizar a crise, o governo obteve várias ações monetárias e creditícias que contribuíram
para aumentar a liquidez na economia, resultando na diminuição da taxa de juros real em 2009, tais
como a redução dos depósitos compulsórios do sistema bancário e o aumento da oferta de crédito.
37

Também foram adotadas medidas, já a partir de outubro de 2008, para evitar problemas de
liquidez nas instituições financeiras nacionais. A partir de dados do TCU o Banco Central do Brasil
disponibilizou para os grandes bancos R$ 24 bilhões para fins de compra de carteira de bancos
menores com problemas de liquidez e de solvência. Além disso, o Banco do Brasil e a Caixa
Econômica Federal foram autorizados a comprar ações e participações de instituições financeiras
nacionais. A Caixa também obteve autorização para comprar ações de empresas construtoras com
problemas de liquidez.
Outra medida importante foi a redução da taxa básica de juros a partir de janeiro de 2009, que
saiu de um patamar de 13,75% ao ano (a.a.) no início daquele ano, para 8,75% em julho.

Gráfico 3 - Operações de crédito do sistema financeiro Jul/2008-Nov/2009

Fonte: Banco Central (BC), 2020

Segundo Freitas (2008) entre os dias 23 de setembro e 13 de novembro de 2008, o BCB


promoveu dez alterações nas regras do compulsório, em geral, inócuas, “dada a preferência pela
liquidez dos bancos e a possibilidade de aplicação, líquida, rentável e de baixíssimo risco, em títulos
públicos” Enquanto tais medidas não surtiam efeito, os principais bancos públicos (BB, CAIXA e
BNDES) foram chamados a suprir o mercado de crédito brasileiro, de modo a tentar a contração de
crédito oriunda dos bancos privados. A diminuição dos recolhimentos compulsórios pode contribuir
38

para o aumento da oferta de crédito e a redução do spread bancário, mas a fixação de suas alíquotas
varia em função da política monetária.
Além da redução dos compulsórios, os bancos foram autorizados a utilizar até 40% de seus
recolhimentos compulsórios sobre depósitos a prazo para compra de direitos creditórios no mercado
interbancário (Circular BCB nº 3.407, de 2 de outubro de 2008), limite que foi aumentado para 70%
(Circular BCB nº 3.411, de 13 de outubro de 2008). Também foi autorizada a dedução da base de
cálculo do recolhimento compulsório sobre depósitos a vista e do adiantamento voluntário de até
sessenta contribuições mensais do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) (Circular BCB nº 3.416, de
24 de outubro de 2008), cujo estatuto foi alterado para aumentar sua flexibilidade na realização de
depósitos e na aquisição de direitos creditórios de instituições financeiras e sociedades de
arrendamento mercantil (Resolução CMN nº 3.656, de 17 de dezembro de 2008).
Algumas das modificações sobre a regulamentação do compulsório para depósitos a prazo,
eram medidas que tinham por meta garantir a solidez do sistema bancário, como a autorização de
uso de até 40% dos recursos do compulsório sobre os depósitos a prazo para a aquisição de
instituições financeiras. O objetivo era estimular as instituições maiores a adquirir instituições de
pequeno e médio porte – as mais afetadas pela crise. Também entra neste grupo de medidas a
autorização dada para que o BB e a CAIXA adquirissem instituições financeiras em dificuldade.

5.1.3 Política de Câmbio

Entre as medidas que visavam conter a crise cambial, as principais foram as intervenções do
BC através de operações de venda de dólares no mercado à vista e também através de leilões de
venda com compromisso de recompra. Essas intervenções, no entanto, não impediram que a taxa de
câmbio atingisse a cotação de R$ 2,51/US$ em 8 de dezembro de 2008, depois de ter fechado o mês
de agosto em R$ 1,63/US$ (ou seja, com desvalorização de 54%). O estoque de reservas
internacionais, apesar disso, pouco se alterou, passando de US$ 207,5 bilhões em setembro de 2008
para US$ 203 bilhões no mês seguinte, fechando dezembro do mesmo ano com um saldo de US$
206,8 bilhões.
Embora a taxa de câmbio tenha aumentado consideravelmente no último trimestre de 2008
(US$1,00 valia cerca de R$1,60 em agosto e alcançou R$2,40 em dezembro), a situação se
normalizou no primeiro trimestre de 2009, aos poucos o Real voltou a se valorizar frente ao Dólar
e a taxa de câmbio aproximou-se gradativamente do nível pré-crise. E o governo brasileiro vinha
39

obtendo superávits primários no orçamento da União, o que tinha permitido reduzir a dívida pública
e dava margem de manobra diante das turbulências do mercado.
De acordo com Freitas (2008), houve depreciação da taxa de câmbio de 22,7%, entre 15 de
setembro e 15 de outubro de 2008. As exportações foram fortemente afetadas, bem como os setores
de construção civil, automóveis, agricultura, queda de produção de móveis e eletrodomésticos. Estes
setores sofreram sobremaneira consequências por serem os maiores dependentes de crédito
internacional do país; e, uma vez que os EUA, maior credor internacional, entra em crise, os
primeiros setores afetados são os mais dependentes (LIMA E DEUS, 2013).
Segundo relatório do Banco Central (2020) o principal fator que contribuiu para a elevação
da dívida líquida do setor público em 4,5 p.p. do PIB no acumulado do ano de 2009 foram os juros
nominais, que participaram com 5,4 p.p. do PIB. Entretanto, não apenas os juros foram o principal
vilão. A valorização cambial, de 33,9% no ano – que se notabilizou como a maior valorização
cambial de todo o planeta – contribuiu outros 2,5 p.p. do PIB. A política cambial não foi utilizada
como mecanismo compensatório para as perdas no comércio exterior, contribuindo, assim, para
tornar a indústria nacional menos dinâmica e mais primarizada. Como é grande o peso da indústria
na arrecadação – tendo correspondido, em 2008, a 45,7% – o baixo desempenho recente deste setor
derrubou a receita de tributos, reduzindo, por consequência, o superávit primário. Tal resultado
primário, que em períodos anteriores compensava a conta de juros, puxando para baixo o indicador
da dívida líquida, em 2009, entretanto, em função, dentre outros motivos, da pressão do câmbio
sobre as receitas de tributos, impactou menos, tendo contribuído para reduzir a relação dívida/ PIB
em 2,1 p.p. do PIB.
O outro impacto causado pelo câmbio vem do seu efeito sobre as reservas internacionais. Para
se delinear a magnitude desse impacto, segundo o relatório do BC, no acumulado do ano até
setembro, a dívida líquida cresceu em R$ 74,5 bilhões em função da valorização cambial de 23,92%.
Esse processo tem sua explicação na redução do valor, em reais, das reservas internacionais e,
portanto, na perda de valor do ativo do governo central. Quanto mais o câmbio se valoriza, menor
é o valor em reais das reservas internacionais do país (que são denominadas em dólares e
representam uma parcela significativa dos ativos financeiros públicos). Tais ativos, por sua vez, são
deduzidos da dívida bruta para se obter a dívida líquida do setor público. Desse modo, a perda de
valor do ativo reservas internacionais faz com que a dívida líquida total do setor público aumente.
O gráfico 4 mostra as trajetórias opostas do câmbio apreciado e da dívida líquida do setor
público (DLSP)
40

Gráfico 4 - DLSP (% do PIB) e taxa de câmbio 2008-2009

Fonte: Banco Central, 2010.

O superávit primário é, assim, pouco eficiente para conter o processo de elevação do


endividamento público, porque o crescimento da dívida é, fundamentalmente, consequência do
pagamento de juros e da acentuada valorização cambial. Para que o superávit primário produzisse
o efeito de conter o crescimento da dívida líquida seria necessário que fosse excessivamente
elevado. Numa conjuntura de baixo dinamismo econômico, entretanto, é excessivamente
sacrificante impor à população o alto custo social da preservação do resultado primário, tendo em
vista que o crescimento da dívida é, em grande medida, de origem cambial e monetária, que
representam retornos financeiros dos quais a maioria dos cidadãos não retira nenhum proveito.
A direção da causalidade do fenômeno de expansão do endividamento público dá-se, portanto,
a partir da política monetária e cambial determinando o aperto fiscal e tem o poder de anular,
parcialmente, os impactos positivos de outras políticas macroeconômicas como crédito,
investimento público, SM e bolsa-família.
A variação da taxa de câmbio tem impactos diretos e indiretos sobre os preços da economia,
o que provoca a variação dos custos e, portanto, dos preços. Vários autores mostram que o canal do
câmbio tem sido significativamente mais importante para o controle da inflação que um eventual
controle da demanda agregada (CARDOSO & VIEIRA, 2004; KREGEL, 2004; FERREIRA &
JAIME JR, 2005; NOGUEIRA JR., 2007; BRAGA, 2011; BASTOS, 2011).
41

5.1.4 Política Fiscal

A resposta mais contundente do governo brasileiro à crise financeira está nas medidas fiscais.
Entre as medidas de desonerações fiscais, a primeira foi anunciada ainda no ano de 2008,
beneficiando o setor automotivo, seguido dos setores produtores de eletrodomésticos de linha
branca, de material de construção e, no final de 2009, do setor moveleiro. Para viabilizar o pacote
de desonerações fiscais sem que o governo devesse incorrer em um programa de corte de gastos
públicos o governo brasileiro também anunciou a redução da meta de superávit primário de 4,3%
para 2,5% do PIB para 2009.
Na área fiscal, o Ministério da Fazenda reduziu impostos que incidem sobre a produção de
veículos, materiais de construção, móveis e eletrodomésticos. Em paralelo, o governo federal
também ampliou investimentos em obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC). E foi lançado um programa de construção de casas populares – o programa
habitacional “Minha Casa, Minha Vida” –, que impulsionou o crescimento da construção civil.
Além disso, foi mantida a política de valorização do salário mínimo legal (aumento de 12% em
janeiro de 2009), que ajudou a preservar a renda das famílias num momento de elevação do
desemprego. E foi incrementado o orçamento dos programas de transferência de renda, que
protegem as famílias mais pobres e ajudam a sustentar o comércio em pequenos municípios. Esse
conjunto de políticas contribuiu para a rápida recuperação da economia.
Além disso o governo federal aumentou os recursos destinados ao Programa Bolsa Família
(atingiu 12,4 milhões de famílias beneficiadas, com um gasto de 0,4% do PIB, em 2009) e ampliou
o número de parcelas do Seguro Desemprego para os trabalhadores demitidos entre novembro de
2008 e fevereiro de 2009 nos segmentos industriais mais afetados pela crise.
Quanto aos investimentos realizados pelo Estado, mantiveram-se, sem dúvida, em baixos
patamares durante os últimos 15 anos. O peso das estatais federais tem se acentuado de forma
significativa no investimento total do governo desde 2004. O verdadeiro impacto do investimento
público é, portanto, muito superior e mais complexo do que aquele frequentemente abordado, o que
exige uma análise mais rigorosa e que vá além da contabilidade pública tradicional.
A teoria macroeconômica coloca o investimento como o elemento mais importante da
demanda agregada para explicar as flutuações econômicas de curto prazo, dada a relativa
estabilidade do consumo das famílias e do governo. Duas análises recentes (Cerqueira, 2016; Orair,
2016) são muito importantes para avaliar o papel do investimento público no Brasil nos últimos
42

anos e colocam o debate dentro de uma avaliação do regime fiscal e de orientação de política
econômica.
Embora a participação dos investimentos do setor público, incluindo as empresas estatais, seja
menor hoje que na década de 70, auge do processo de industrialização, os dados mostram que o
setor público (Nível Federal e subnacional, orçamento fiscal e estatais) ainda tem importância
crucial na formação de capital na economia brasileira, e consequentemente, exerce influência
significativa na taxa de crescimento do PIB. No primeiro ano do governo Lula, também um forte
ajuste fiscal contraiu os investimentos públicos para algo próximo a 1999 e se manteve
relativamente baixo até 2006, quando há uma forte aceleração até 2010.

Tabela 1 - Investimento do Setor Público no Brasil - 1995-2009

Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) do


Ano % do PIB
setor público
1995 25.932,00 3,67
1996 30.695,00 3,64
1997 32.165,00 3,42
1998 36.695,00 3,75
1999 24.918,00 2,34
2000 29.547,00 2,51
2001 35.737,00 2,74
2002 49.509,00 3,35
2003 44.928,00 2,64
2004 51.468,00 2,65
2005 57.487,00 2,68
2006 70.205,00 2,96
2007 77.817,00 2,93
2008 111.579,00 3,71
2009 137.433,00 4,38

Fonte: Elaboração própria adaptado de Gobetti (2010)

Embora já estivesse em desenvolvimento uma política fiscal anticíclica desde o começo da


crise, em outubro de 2008, os investimentos federais permaneceram estagnados entre dezembro de
2008 e março de 2009, na mais difícil travessia da turbulência, só iniciando sua expansão após o
anúncio da redução da meta de superávit primário em março de 2009, portanto, seis meses após a
deflagração interna da crise (GOBETTI, 2010).
43

Os impactos expansivos do investimento do setor público sobre o investimento privado e,


sobretudo, sobre o nível de renda e emprego permanecem indefinidos, na ausência de um cálculo
mais preciso do multiplicador do investimento público e de informações mais complexas e
detalhadas sobre o mercado de trabalho. Além disso, não se pode desconsiderar o impacto, bem
forte, mas em sentido contrário, provocado pelas taxas de juros mantidas em patamares elevados e
pela taxa de câmbio valorizada.
O estímulo do lado do consumo e do investimento do governo e a forte contração das receitas
tributárias resultaram em redução do superávit primário. O ano de 2009, entretanto, encerrou-se
com um superávit elevado para uma conjuntura de superação de crise recente, de 2,06% do PIB ou
R$ 64,5 bilhões (ver tabela 1), denunciando o amplo espaço que deixou de ser utilizado pela política
fiscal para produzir dinamismo e conter a perda de emprego e de renda ao longo do ano. A política
fiscal seguiu na direção correta, mas com uma intensidade relativa muito baixa.
Três metas são apontadas para a política fiscal, sendo a primeira delas a estabilização da
economia com estímulo da produção e do emprego; a redistribuição da renda a partir de maior
tributação para os mais ricos; alocação e fornecimento de serviços e bens para atender as
necessidades das comunidades (REZENDE, 2009).

5.2 Danos Causados no Brasil pela Crise do Corona Vírus

A crise econômica provocada pela pandemia de Covid-19 “entrará para a história como uma
das piores que o mundo já experimentou”. A avaliação é da secretária executiva da Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal, 2020). Esse surto já trouxe grandes impactos
para a economia mundial, afetando diversos países, através da interrupção nas cadeias de
suprimentos globais, ocasionando uma menor demanda por bens e serviços importados.
As restrições de circulação de pessoas e de isolamento social impostas pelos municípios e
estados, com o intuito de conter o avanço do vírus, provocam impactos diretos no emprego e renda
da população. Os trabalhadores informais foram atingidos primeiramente pela crise, os formais,
mantiveram seus empregos por algum período devido aos custos de demissão e de contratação que
as empresas teriam que incorrer. Contudo, as micro e pequenas empresas são as mais afetadas, visto
que apresentam dificuldades na gestão de caixa. Os setores mais afetados são os de alimentação fora
de casa, turismo e de transporte (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020).
A principal política de renda destinada aos trabalhadores adotada pelo governo é o Auxílio
Emergencial. Este benefício é destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores
44

individuais (MEI), autônomos e desempregados, os quais podem receber três parcelas, com
possibilidade de prorrogação, no valor de R$ 600,00, desde que obedeçam aos critérios
estabelecidos. São estimadas 70 milhões de solicitações, ou seja, cerca de 1 a cada 3 brasileiros
realizam o pedido (BECKER, 2020).
A atividade econômica foi mantida principalmente pela produção agrícola (soja, milho e cana-
de açúcar) e pecuária, apesar da queda generalizada do preço das commodities. O Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostra suba dos preços dos itens relacionados à
alimentação no domicílio, apesar do índice apresentar tendência de queda no geral (MINISTÉRIO
DA ECONOMIA, 2020).
Não há registro de taxa tão baixa desde 1976. Após a crise financeira internacional de 2008,
a taxa de juros de dez anos teve dois momentos de mínimo, em agosto de 2012 e julho de 2016. Em
ambos, ela ficou próxima de 1,5% a.a., refletindo o receio por parte dos investidores de uma recessão
à frente. Nesses dois momentos, o diferencial entre o juro de dez anos e o de dois anos ficou muito
baixo, mas não negativo, e a recessão de fato não aconteceu (PAULO MANSUR, 2020).
Dentre os produtos de investimentos disponíveis no Mercado Financeiro, as commodities tem
um grande peso no mercado mundial e seu preço causa efeitos nas bolsas de valores. Se a economia
mundial melhorar, commodities será uma boa coisa para se investir. Mas mesmo se a economia
mundial não estiver bem, commodities ainda será um bom investimento (COMOINVESTIR, 2020).
Por conta da abundância dos recursos naturais, o Brasil produz e exporta diversas
commodities. Elas são responsáveis por cerca de 65% das exportações totais brasileiras. Para ser ter
uma dimensão dos impactos do COVID-19, vamos analisar as variações dos ativos atualmente
negociados na Bolsa Brasileira (B3).

Gráfico 5 – Variação dos ativos da B3 desde Jan/2020

Fonte: tecnologianocampo (2020)


45

Como podemos ver no gráfico, o Café Arábica lidera as perdas no ano, desvalorizando 23,67%
em 2020. Na outra ponta, o Milho foi a única commoditie que se valorizou no presente ano,
alcançando uma singela alta de 3,06%. O COVID-19 já está causando impactos nas economias de
todos os continentes com diversos países revisando as projeções de crescimento para baixo. Isso faz
com que países que eram grandes importadores de produtos brasileiros diminuam o volume de
compras, diminuindo assim as perspectivas de vendas.
Na maior parte dos casos, especialmente nas indústrias, as empresas foram afetadas pelas
expectativas negativas dos investidores em relação à demanda pelos produtos durante e após a crise,
bem como pelo fechamento de plantas industriais e redução do número de atividades devido às
medidas de isolamento social. Além disso, para companhias exportadoras, como Randon,
Marcopolo e Gerdau, os reflexos da pandemia em outros países também deve diminuir as
exportações.
"A crise derrubou as expectativas otimistas que as indústrias tinham para o ano. A pesquisa
Focus, do Banco Central, apontava para alta de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) industrial do
Brasil em 2020. Isso já não vai acontecer", explica Gustavo Bertotti, líder do setor de renda variável
da Messem Investimentos

5.3 Diferenciar as duas crises enfatizando o impacto de cada uma

A crise econômica global deflagrada pela pandemia de coronavírus pode ser tão forte ou mais que o
grande crash de 2008, na opinião de diversos analistas. Entretanto, há diferenças fundamentais entre os dois
casos e os prognósticos não são nada animadores para o futuro da atividade econômica brasileira.
Enquanto o choque de 2008 se concentrou nos setores financeiro e imobiliário, a crise atual
afeta todos os segmentos não financeiros da economia global. “Na grande crise de 2008, os bancos
centrais tiveram um papel fundamental em manter a solvência dos bancos privados para minimizar
os efeitos nos demais setores. No momento atual, a ampla paralisação tem um impacto direto na
economia real e dependendo da intensidade deste impacto nos balanços de empresas e famílias pode
ameaçar a solvência de todo o sistema financeiro” (INFOMONEY, 2019).
As medidas de política monetária aplicadas pelos bancos centrais em 2008 seriam menos
eficazes agora, pois os setores mais afetados como turismo, comércio e indústria são menos afetados
por reduções nas taxas de juros e injeção de liquidez no setor financeiro do que os bancos que quase
46

quebraram 12 anos atrás. Enquanto nos Estados Unidos a crise econômica ganhava força e seus
efeitos catastróficos se espalhavam, o Brasil não demonstrou preocupação uma vez que mantinha
seu crescimento. Porém, em meados do ano de 2008, especialmente em setembro, apareceram os
primeiros sintomas da crise, houve agravamento dos efeitos da crise no país.
As duas crises afetaram o Brasil em três aspectos básicos, a saber: retração da demanda
internacional, redução do fluxo de capitais estrangeiros e redução do preço das commodities. Sendo
que cada um destes aspectos tiveram forte influência na economia nacional, pois afetaram: aumento
na taxa de desemprego (Mercado de Trabalho), aumento da produção (PIB) e a variação do mercado
financeiro (Ibovespa) essas influências serão apresentadas de forma detalhada a seguir.

5.3.1 Mercado de Trabalho

Os primeiros dados do período pós-Covid-19 já mostram que o impacto foi grande: os índices
de gerentes de compras (PMIs na sigla em inglês) desabaram, afetando principalmente os serviços.
No mercado de trabalho, a perspectiva é de forte aumento do desemprego. A pandemia da Covid-
19 representou um choque profundo sobre a economia mundial, cujo alcance e consequências ainda
são difíceis de vislumbrar. As medidas de isolamento social impactaram fortemente a oferta e a
demanda por bens e serviços, desorganizando as relações de trabalho, produtivas, de comércio e de
crédito (PAULO MANSUR 2020).
Dentre os principais resultados da pesquisa do Ipea (2020) cabe destacar que a taxa de
desocupação manteve-se relativamente baixa e estável durante o mês de maio (variando entre 10,4%
e 11,4%), apesar do significativo choque adverso causado pela pandemia. A explicação para esse
fenômeno está possivelmente associada a três fatores básicos: (i) o contingente de pessoas sem
emprego, mas que não procuraram emprego durante o mês de maio, foi muito elevado; (ii) muitas
pessoas foram temporariamente afastadas do trabalho, mas se mantiveram ocupadas; (iii) as
possibilidades de trabalho remoto em diversas atividades produtivas permitiram manter grande
contingente de pessoas ocupadas e trabalhando.
Segundo o IBGE a taxa oficial de desemprego no Brasil atual subiu, no 2º trimestre de 2020, foi
estimada em 13,3%. Este indicador apresentou aumento de 1,1 p.p. em relação ao 1º trimestre de
2020 (12,2%). Quando comparada com o 2º trimestre de 2019 (12,0%), a taxa apresentou aumento
de 1,3 ponto percentual. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal
(PNAD Contínua).
47

Gráfico 6 - Taxa de Desemprego Segundo as Grandes Regiões 2012-2020

Fonte: IBGE (2020)

O resultado representa uma alta de 1,1 ponto percentual na comparação com o trimestre encerrado em
março (12,2%) e de 1,3 ponto percentual em relação ao mesmo trimestre de 2019 (12%). Trata-se da maior
taxa de desemprego desde o trimestre terminado em maio de 2017, quando também ficou em 13,3%. E o
desemprego só não foi maior porque muita gente simplesmente deixou de procurar emprego ou não estava
disponível para trabalhar em meio à pandemia de coronavírus.
No confronto trimestral por Regiões, esse indicador apresentou o seguinte comportamento:
Norte (estabilidade), Nordeste (estabilidade), Sudeste (aumento de 12,4 para 13,9), Sul (aumento de
7,5 para 8,9) e Centro-Oeste (aumento de 10,6 para 12,5) e Nordeste (16,1%).
No enfoque regional foram verificadas diferenças de patamares relativos à taxa de
desocupação ao longo de todos os trimestres analisados. A Região Nordeste permaneceu
apresentando as maiores taxas de desocupação ao longo de toda série, tendo registrado, no 2º
trimestre de 2020, uma taxa de 16,1%; enquanto a Região Sul teve a menor, 8,9%.
A crise financeira internacional, que se explicitou com muita força a partir de setembro de
2008, teve impactos bastante negativos tanto em países desenvolvidos como em países em
desenvolvimento, afetando o consumo, a produção e o mercado de trabalho (OECD, 2009; ILO,
2009). Olhando especificamente para o mercado de trabalho, os principais impactos esperados
diante de uma crise tão profunda eram: uma elevação expressiva do desemprego, uma redução dos
salários médios, uma maior desproteção social e uma piora nas condições de trabalho.
No caso do Brasil, não houve um aumento explosivo da taxa de desemprego no período em
que a economia brasileira entrou em crise (último trimestre de 2008) e esteve em recessão (primeiro
48

semestre de 2009). O IBGE estima que havia cerca de 7,7 milhões de pessoas desempregadas em
setembro de 2008 quando eclodiu a crise internacional, o que correspondia a 7,9% da força de
trabalho brasileira. Um ano depois, a PNAD indica que o número de desempregados havia retornado
ao mesmo patamar anterior à crise. As estatísticas oficiais mostram que a taxa de desemprego segue
numa trajetória descendente.

Gráfico 7 - Taxa de Desocupação na Crise de 2008

Fonte: IBGE (2020)

Conforme o gráfico acima em dezembro de 2008 a taxa de desocupação foi estimada em 6,8%,
atingiu o menor nível da série histórica segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios
(Pnad) do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa análise foi para o conjunto das
seis regiões metropolitanas investigadas (São Paulo, Rio de Janeiro, belo Horizonte, Salvador,
Recife e Porto Alegre), com queda de 0,8 ponto percentual em relação a novembro e declínio de 0,6
pp em relação a dezembro de 2007.
A crise econômica internacional interrompeu a trajetória de expansão da economia brasileira:
houve uma forte desaceleração no último trimestre de 2008 e recessão no primeiro semestre de 2009.
As diferentes políticas anticíclicas do governo federal evitaram um impacto mais grave sobre o
mercado de trabalho brasileiro e fizeram a taxa de desemprego manter uma tendência à queda (OIT,
2011).
Desde os primeiros casos do coronavírus em meio às medidas de isolamento social e de contenção da
pandemia , a economia tem mostrado sinais de recuperação, mas o receio ainda permanece e o país continua
perdendo postos, apesar do alívio oferecido por programas como o auxílio emergencial e do Programa
49

Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), que permite a suspensão do contrato ou


redução da jornada de trabalho para que o empresário evite demissões.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Economia, o Brasil perdeu 10,9 mil vagas formais de
trabalho no mês de julho. Assim, o semestre fechou com recorde de 1,2 milhão de ocupação eliminados
durante a crise. O Ibre/FGV estima que, na média anual, a taxa desemprego do país ficará em 13,3% em
2020, com uma queda de 4,6% na população ocupada.

5.3.2 Variação do Produto Interno Bruto (PIB)

O PIB é o resultado da soma de todos os novos bens e serviços produzidos em um país em


certo período de tempo. Por ser um indicador de quanto e como a economia produziu naquele
intervalo, o PIB aponta se a atividade econômica expandiu, encolheu ou se manteve igual na
comparação com outros momentos. De acordo com o que foi apresentado em o’Sullivan et al. (2004)
não há uma outra maneira de elevar o padrão de vida de uma nação que não seja pelo crescimento
do Produto Interno Bruto.
Os resultados da economia brasileira foram bastante influenciados pela crise financeira
internacional. Em 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) reduziu seu valor, em termos reais, em 0,2%
em relação ao PIB de 2008, alcançando um total de R$ 3,143 trilhões conforme ilustrado no Gráfico
9. Apesar da crise financeira internacional, a economia brasileira continuou obtendo desempenho
acima da média. Os efeitos da crise sobre o Produto Interno Bruto (PIB) foram relativamente tênues.
Mesmo com resultados positivos do período e do alívio de problemas sociais que
historicamente afligiram o país, existem desafios a serem enfrentados no futuro próximo. Em virtude
da força do mercado doméstico e de políticas anticíclicas, nas quais o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve importante participação, a recuperação
ocorreu de forma rápida e vigorosa, com crescimento de 7,5% em 2010.
Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o PIB
de 2016 confirmou a pior recessão da história do país, a retração foi de 3,3% em relação ao ano
anterior. Em 2015, a economia já havia recuado 3,6%. Em valores correntes, o Produto Interno
Bruto Brasileiro (PIB) chegou a R$ 6,266 trilhões em 2016, e o PIB per capita ficou em R$ 30.407
uma redução de 4,4% diante de 2015. A crise foi generalizada e os três setores que entram no cálculo
do PIB recuaram no ano agropecuária (-6,6%), indústria (-3,8%) e serviços (-2,7%).
50

Gráfico 8 - Variação do PIB Durante as Crises 2008/2020

10,0%
5,1%
5,0% 4,0%
1,1% 0,3%
-0,2%
0,0%
2008 2009 2015 2016 2019 2020
-1,2%
-5,0% -3,6%-4,3% -3,3%
-4,2% -4,1%

-10,0%
-9,7%
-15,0% Variação do PIB total Variação do PIB per capita

Fonte: Elaboração própria adaptada a partir de dados do IBGE (2020)

Sob efeitos da pandemia do COVID-19 e do isolamento social, o PIB caiu 9,7% no segundo
trimestre de 2020, em relação ao primeiro trimestre de 2020, na série com ajuste sazonal. Essa foi a
queda mais intensa da série histórica, iniciada em 1996. Entre os segmentos, a maior queda foi na
Indústria (-12,3%), seguida por Serviços (-9,7%). A Agropecuária apresentou variação positiva de
0,4%.
A Despesa de Consumo das Famílias teve contração de 13,5%, índice que representa a maior
queda registrada na série histórica. Este foi o segundo resultado negativo desta comparação após 11
trimestres de avanço. O índice pode ser explicado pelo isolamento social no país, proibição de
funcionamento de algumas atividades especialmente de serviços prestados às famílias, além queda
da massa de salarial no país no segundo trimestre de 2020.
Cerra e Saxena (2008) discutem o ritmo de recuperação do PIB de dezenas de países após
mais de 600 episódios de recessão. Tais episódios possuem naturezas diversas: guerras, crises
financeiras, rupturas governamentais e mudanças nos termos de troca. Os autores mostram que a
economia raramente retorna à trajetória de crescimento anterior ao choque. As autoras também
mostram que o ritmo de retomada varia em função da renda do país e da natureza da crise. Em
especial, crises financeiras tendem a ser muito custosas para o crescimento, e países com renda mais
baixa apresentam recuperações mais lentas.
O impacto recente da COVID não possibilita estimar os efeitos em desemprego, falência e
outros indicadores que podem afetar o PIB de longo prazo. No entanto, considerando a
heterogeneidade dos resultados, avaliamos 5 cenários alterativos de perda de produto para estimar
51

o potencial impacto econômico de longo prazo que a nova pandemia pode ter no Brasil, a saber:
quedas de 10%, 7,5%, 5%, 2,5% e 0% sobre o produto per capita de longo prazo.
A Nota da Secretaria de Política Econômica (2020) afirma que deteriorações na tendência de
longo prazo do nível do PIB tem efeitos negativos e relevantes para a economia. Mesmo quando
considerada a recuperação em “V”, ou seja, sem perda de longo prazo e com recuperação rápida, o
crescimento em 2020 seria negativo, com resultado de -0,9% no ano. O crescimento em 2021
naturalmente é maior, uma vez que completa a retomada mesmo em um cenário com queda
permanente de 5% do PIB.
Já é possível inferir que o PIB do terceiro trimestre após a crise deverá ser positivo. Os indicadores
mostram uma recuperação em relação ao segundo trimestre, onde houve uma queda grande. Há uma
retomada da atividade econômica, mas ainda não é expressiva. Isso porque ainda existe uma série de
incertezas sobre a crise sanitária, o que prejudica as expectativas econômicas. O pior parece ter ficado para
trás, mas essa recuperação ainda está sujeita a essas incertezas que impedem um crescimento maior.

5.3.3 Variação do Índice Ibovespa no Mercado Financeiro

Com deflação de aproximadamente 59,96% em apenas cinco meses do principal índice de


desempenho do mercado acionário do país, o IBOVESPA atingiu o patamar 29.435,11 pontos no
dia 27 de outubro de 2008. A euforia que levara a seu ápice de 73.516,81 pontos em 20 de maio do
mesmo ano, se dissipava com os efeitos da crise (PRATES E FARHI, 2009 e BLOOMBERG, 2009)
Na crise de 2008, o Brasil atravessava momento fiscal mais confortável do que em 2020.
Mesmo assim, analistas de diferentes linhas de pensamento ressaltam que o governo Bolsonaro tem
de aumentar gastos públicos para mitigar os efeitos do corona.
De acordo com Marques e Nakatani (2009, p.2) As ações nas bolsas caíram havendo
antecipação da remessa de lucros e dividendos para o exterior e o dólar começou uma trajetória de
valorização frente ao real. Empresas que dependiam de financiamento externo encontraram
dificuldades, outras empresas começaram a demitir, outras paralisaram a produção e ainda
concediam férias coletivas.
Esses indicadores podem piorar quando os benefícios emergenciais concedidos na pandemia
chegarem ao fim. Quando o governo cortar o benefício, os efeitos econômicos negativos que estão
sendo retardados virão com força total. Pois o consumo está em baixa nas famílias. A classe média
tem condições de guardar uma reserva financeira em um momento como esse, mas a classe popular,
trabalhadora, não tem essa possibilidade (CORREIO BRAZILIENSE, 2020).
52

Gráfico 9- Ibovespa: Crise 2008 e 2020

120.000,00
100.000,00
80.000,00
60.000,00
40.000,00
20.000,00
0,00
mai/10

jul/11

set/12

jul/18

set/19
ago/08

fev/12
mar/09
out/09

jun/14

ago/15

fev/19
nov/13

mar/16
out/16
mai/17
jan/08

jan/15
dez/10

abr/13

dez/17

abr/20
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da BM&FBovespa (2020)

Os efeitos no mercado financeiro mostra no gráfico acima a queda de 2008 permaneceu 5


meses, caindo aproximadamente 44.000 pts. A queda de 2020 até então teve queda total de 51.000
pts em 12 dias. Na crise dos subprimes, ainda não tínhamos a facilidade de acesso as informações
como temos hoje. A internet e a globalização fazem com que as informações cheguem a população
com mais agilidade. Sendo assim, a mídia tem papel principal no impacto que uma epidemia ou
uma crise financeira gera nas bolsas e no pânico da população. Os tempos mudam, e o mercado
também. Os Estados Unidos vêm crescendo a onze anos, desde a crise do Leman Brothers. Nestes
anos de crescimento, o governo injeta na economia bilhões/trilhões de dólares, reduzindo a taxa de
juros a níveis mínimos, fomentando a economia cada vez mais.
Portanto, podemos dizer que a queda foi acentuada não apenas por causa do medo de novos
investidores, como também pelo medo de como o corona vírus viria a impactar as economias. A
China é um dos países mais organizados do mundo. Segundo a mídia, a doença está controlada por
lá. Na Europa, países estão parados. Empresas fechadas, pessoas trancadas em casa. Ainda é um
momento de incertezas no mercado financeiro é preciso se atentar a certas situações que poderão
surgir até o final do ano.
No caso do coronavírus, analistas afirmam que a previsão para a recuperação depende das ações dos
países atingidos para conter a pandemia. Para Julia Monteiro, analista da MyCAP, o ápice da pandemia
aconteceu, mas em quatro meses a economia deve voltar ao normal. "Em questão de três a quatro meses se
normaliza a demanda das empresas. Os resultados financeiros delas devem ser mais impactados no primeiro
semestre mesmo", afirma.
53

CONCLUSÃO

Em virtude da gravidade de ambas as crises alguns especialistas se propuseram a comparar a


atual crise causada pelo Covid-19 com aquela oriunda no mercado americano de hipotecas de alto
risco em 2008. Apesar de algumas semelhanças há mais diferenças do que similaridades. O fato é
que, independentemente da assimetria, o importante é que possamos tirar lições revisando nossos
modelos de desenvolvimento e a forma como se tem conduzido a política econômica a fim de
prevenir das próximas crises que virão a surgir.
Naquela época o Brasil atravessava um momento fiscal mais confortável do que atualmente
estamos vivenciando. Antes do corona vírus desembarcar no Brasil analistas projetavam alta de
cerca de 2% do PIB em 2020. Como foi observado nos resultados das pesquisas deste trabalho, com
a chegada da pandemia as estimativas desmoronaram. Os indicadores mostram uma recuperação em
relação ao segundo trimestre, onde houve uma grande queda. Há uma retomada da atividade econômica,
mas ainda não é expressiva. Isso porque ainda existe uma série de incertezas sobre a crise sanitária, o que
prejudica as expectativas econômicas.
A Crise de 2008 teve origem no mercado financeiro para só depois contaminar a chamada economia
real de produção e emprego. Enquanto que a crise atual atingiu primeiro a economia real e a oferta produtiva
para posteriormente ter repercussões no setor financeiro. Podemos dizer que ambas produziram incertezas,
atingiram o nível da atividade econômica global, assim como facilitaram a prática de políticas fiscais e
monetárias expansionistas.
Quanto a crise do Covid-19, diferentemente da crise do subprime, os bancos responsáveis por aquela
crise hoje fazem parte da solução do problema, dispondo liquidez através da manutenção das linhas de crédito
e da displicência do pagamento de financiamentos anteriormente contraídos. Comparada a Crise do
Subprime o governo teve mais agilidade na crise atual do que naquela época com adoção de políticas
monetárias expansionistas (liquidez abundante e juros baixos) e políticas fiscais anticíclicas (estímulos fiscais
e programas de transferências de renda).
Entretanto os custos destas políticas com a crise atual serão mais elevados do que foram em 2008, no
que tange ao resultado das contas públicas como na trajetória da relação dívida pública e PIB. O governo
aumentou seus dispêndios em função das necessidades advindas da pandemia, autorizadas pelo
chamado “orçamento de guerra”. Por isso o mercado pode começar a questionar a capacidade do
governo de manter o equilíbrio das contas públicas, mesmo considerando a situação excepcional da
pandemia.
As medidas de isolamento social impostas pelos municípios e estados, com o intuito de conter
o avanço do vírus, provocaram impactos diretos no emprego e renda da população. Os trabalhadores
54

informais foram atingidos primeiramente pela crise, os formais, mantiveram seus empregos por
algum período devido aos custos de demissão e de contratação que as empresas teriam que incorrer.
Apesar do entendimento geral do Covid só tenha ocorrido em março, os mercados financeiros
já vinham refletindo desde dois meses antes a perspectiva que se desenhava quanto aos efeitos da
disseminação da doença a partir da China. As bolsas de valores registraram fortes quedas, próximo
de 40%, entre o pico recente de cada mercado, localizado entre a metade de janeiro e início de
fevereiro, e o mínimo alcançado na terceira semana de março.
O estudo identificou que os mercados de forma geral se depreciaram e as bolsas sofreram uma
desvalorização significativa diante a pandemia. A bolsa brasileira foi afetada severamente com o
pior desempenho dentre todas as analisadas. Nesse contexto, o Brasil fica menos atrativo para o
investidor estrangeiro em relação a investimentos, o que, em parte, reduz o ingresso de dólares.
As políticas monetária, fiscal e de câmbio devem procurar amortecer o impacto do choque da
Covid-19 e assegurar uma recuperação firme e sustentável quando a pandemia estiver sob controle.
A coordenação internacional estreita e contínua será essencial para apoiar os países vulneráveis,
restaurar a confiança do mercado e conter os riscos para a estabilidade financeira.
De fato, a queda expressiva nos preços das ações dos bancos desde meados de janeiro é um
sinal de que os investidores estão preocupados com a lucratividade e as perspectivas do setor
bancário. Por exemplo, em muitos países, os indicadores de capitalização bancária baseados nos
preços de mercado são piores hoje do que durante a crise financeira mundial de 2008. O temor é
que os bancos e outros intermediários financeiros amplifiquem os efeitos da crise caso ela se agrave
ainda mais.
Enquanto a maioria da população se arrisca a ser contaminada para não perder emprego, os
bilionários não têm com o que se preocupar. Eles estão em outro mundo, o dos privilégios e das
fortunas que seguem crescendo em meio à crise econômica. Nas últimas décadas, a cobrança de
impostos sobre grandes fortunas vem regredindo. A crise não pode se converter em uma
oportunidade para um grupo de empresas obter ganhos extraordinários. Essa situação absolutamente
não usual justifica a criação de um imposto sobre resultados extraordinários de grandes corporações
enquanto dure a pandemia.
Por isso houve propostas fiscais emergenciais no sentido de enfrentar privilégios, que incluem
imposto extraordinário às grandes fortunas, imposto sobre resultados extraordinários de grandes
corporações, taxação das grandes rendas geradas pelas atividades digitais, pacotes de resgates
públicos a grandes empresas, mas sob condições, e redução de impostos para quem está em situação
de pobreza, incluindo eliminar os tributos sobre o consumo de produtos de uso sanitário e cesta
básica familiar.
55

O aumento de impostos sobre os que têm maior renda e os que mais possuem riqueza ganhou
força em muitos círculos políticos como uma forma de reverter o aumento da desigualdade. A
concentração de renda piora e dificulta retomada pós-covid-19 pois a pandemia atinge de forma
desproporcional os mais pobres, os habitantes da periferia, os negros e os imigrantes.
Ao final da pesquisa, é possível concluir que, todos esses indicadores analisados podem piorar
quando os benefícios emergenciais concedidos na pandemia chegarem ao fim. Atualmente, o auxílio
emergencial, que é considerado como "injeção na veia do consumo" está mantido, com pagamento
de R$ 300, até dezembro. Quando o governo cortar o benefício, os efeitos econômicos negativos
que estão sendo retardados virão com força total, pois o consumo está em baixa nas famílias devido
aos impactos da crise.
A superação da crise econômica vai depender da redução do número de casos de contaminados
pela doença, pela resposta do sistema de saúde e pelo equilíbrio e articulação do governo. É
importante ressaltar que, na medida em que outros países do mundo já superaram, mesmo que
parcialmente, o vírus, o Brasil ainda apresenta números recordes de infectados e de mortos, o que
sugere que a crise política é um obstáculo para a superação da crise sanitária e econômica.
56

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, J. G. de. Como o Brasil superou a crise. Carta Social e do Trabalho. n. 9, Campinas,
Cesit/Unicamp, jan.- mar., 2010.

ANBIMA. Boletim de Mercado de Capitais. Ano IX - N° 93 - Fevereiro /2014. 15 p.


ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. NOTA TÉCNICA
GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020. Disponível em: <https://www.sbmfc.org.br/wp-
content/uploads/2020/03/ANVISA-21.3.20-NOTA-TECNICA-n%C2%BA04_2020-
ATUALIZADA-GVIMS_GGTES-CORONAVIRUS.pdf >. Acesso em 25 de mar. de 2020.
ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 12. Ed. São Paulo: Atlas, 2014.

BARBOSA FILHO, F. H. A crise econômica de 2014/2017. Estudos Avançados, v. 31, n. 89,


2017.

BRESSER-PEREIRA, L. C. A Crise financeira global e depois: Um Novo Capitalismo. Novos


Estudos, São Paulo, v. 86, p. 51-72, 2010.

BOLSA de Valores nos anos 90 gritaria muvuca e calças bag. Infomoney, 2019. Disponível em:
<https://www.infomoney.com.br/mercados/bolsa-de-valores-nos-anos-90-gritaria-muvuca-e-
calcas-bag/>. Acesso em: 10 de jun. de 2019.

CARVALHO, F. C. Entendendo a recente crise financeira global. Ibase, Rio de Janeiro, p. 1-5,
2009.

CAVALCANTE, F; MISUMI, Y. J; RUDGE, L. F. Mercado de capitais: o que é como funciona.


5. ed. São Paulo: Campos, 2005.

CERRA, Valerie; SAXENA, Sweta Chaman. Growth dynamics: the myth of economic recovery.
American Economic Review, v. 98, n. 1, p. 439-57, 2008.

COSTANZI, R. N. Crise global e impactos no Brasil: o problema da estabilidade da


instabilidade financeira. FIPE, São Paulo, n. 347, p. 14-19, 2009.

DULCI, O. S. Economia e política na crise global. Estudos Avançados. São Paulo, v. 23, n. 65,
p. 105-119, 2009.

FILGUEIRAS, Luiz. A crise do mercado imobiliário dos EUA e suas implicações para a
economia brasileira. Revista Conjuntura & Planejamento Econômico. Salvador, n. 156, p. 88-
93, jul./set. 2007.

FRAGA, Carine Leal; da SILVA, Michael José; MONELUCU, Fridhilde Maria Kustner.
Industria De Transformação No Brasil. Disponível em:
<http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2006/inic/inic/06/INIC000032.ok.pdf>. Acesso em Fev.
de 2020.
57

FREITAS, M.C.; CINTRA, A.M.A Crise e os Desafios para a Nova Arquitetura Financeira
Internacional. Dossiê da Crise, AKB. Novembro 2008.

FREITAS, M. C. P. de. A origem e desdobramentos da crise do mercado de hipotecas de alto risco


nos Estados Unidos. Economia Internacional (FUNDAP), São Paulo, n. 1, p. 9-24, 2008.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 7ª edição. São Paulo. 2013.

GONTIJO, C.; OLIVEIRA, F. A. Subprime: os 100 dias que abalaram o capital financeiro
mundial e os efeitos da crise sobre o Brasil. Belo Horizonte: Corecon MG, 2011.

INSTITUTO DE ECONOMIA DA UFRJ– IE. Coronavírus: pesquisadores da UFRJ avaliam


impacto econômico da doença. Disponível em:
<https://ufrj.br/noticia/2020/03/18/coronaviruspesquisadores-da-ufrj-avaliam-impacto-economico-
da-doenca>. Acesso em 18 mai. 2020.

INDICADOR antecedente sobe em outubro e aponta para retomada econômica. Correio


Braziliense, 2020. Disponível em:
<https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2020/10/4882520-indicador-antecedente-sobe-
em-outubro-e-aponta-para-retomada-economica-diz-fgv.html>. Acesso em 05 de nov. de 2020.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios: desocupação 2008. Manaus, 2020.

JORDÃO, P. Participação de estrangeiros na Bovespa bate novo recorde em março. UOL


economia. Abril, 2014.

LIMA, T.D.; DEUS, L.N. A crise de 2008 e seus efeitos na economia brasileira. Revista
Cadernos de Economia, Chapecó, v.17, n.32, p.52-65, jan./jun. 2013.

LEVY MANSUR, P. Economia Mundial. Carta de Conjuntura. N 47. Segundo trimestre de


2020

MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos da metodologia


científica. 5, ed. São Paulo: Atlas, 2003,310 p

MESQUITA, M.; TORÓS, M. Considerações sobre a atuação do banco central na crise de


2008. Trabalhos para discussão (Banco Central do Brasil), Brasília, n. 202, p. 3-3, 2010.

MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Ministério da Economia avalia impacto econômico do


coronavírus. Disponível em: Acesso em: 18 mai. 2020.

MISES, L. V. As Seis Lições. 9 Edição. São Paulo: LVM, 2018.

OECD. Employment Outlook 2009. Paris: Organization for Economic Co-operation and
Development, 2009.
OIT. Brasil, uma estratégia inovadora de crescimento com equidade. Genebra: Organização
Internacional do Trabalho, Instituto Internacional de Estudos do Trabalho, 2011.
58

OMS decreta pandemia do novo coronavírus saiba o que isso significa. Saúde Abril, 2020.
Disponível em: <https://saude.abril.com.br/medicina/oms-decreta-pandemia-do-novo-coronavirus-
saiba-o-que-isso-significa/>. Acesso em 15 de mai. De 2020.
O QUE são commodities significado. Como Investir, 2020. Disponível em:
<https://comoinvestir.thecap.com.br/o-que-sao-commodities-significado/>. Acesso em 16 de ago.
de 2020.
O’SULLIVAN, A.; SHEFFRIN, S.M.; NISHIJIMA. (2004). Introdução à economia: princípios
e ferramentas. São Paulo: Prentice Hall.

PAULA, L.F; PIRES, M.C. Crise e perspectivas para a economia brasileira. Revista: Estudos
Avançados. São Paulo. Abril 2017, vol.31, n.89 e-ISSN: 1806-9592

PINHEIRO, J. L. Mercado de Capitais: fundamentos e técnicas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

POCHMANN, M. Desenvolvimento e perspectivas novas para o Brasil. São Paulo: Cortez,


2010.

PRATES, D. M., FARHI, M. A crise financeira internacional, o grau de investimento e a taxa de


câmbio do real. Texto para discussão, Campinas, n.164, jun. 2009.

REZENDE, Ricardo Pazzoti. Uma análise das políticas macroeconômicas do governo FHC,
governo Lula. Florianópolis. Universidade Federal de Santa Catarina, 2009.

SINGER, P. A América Latina na crise mundial. Estudos Avançados. São Paulo, v. 66, n. 23,
p. 91-102, 2009.

WELLE, Deutsche. O que é pior para a economia: coronavírus ou crise global de 2008?
Disponível em:https:<//www.poder360.com.br/coronavirus/o-que-e-pior-para-a-economia-
coronavirus-ou-crise-global-de-2008-dw/>. Acesso em Mar. de 2020.
WORLD BANK. Perspectivas econômicas globais. Disponível em:
<https://www.worldbank.org/pt/publication/global-economic-prospects>. Acesso em 9 jun. 2020.

Você também pode gostar