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Manaus-AM
2020
LOURRANY ELIZETE GOMES DE SOUZA
Manaus-AM
2020
LOURRANY ELIZETE GOMES DE SOUZA
BANCA EXAMINADORA
Para ser possível, a construção do conhecimento necessita não somente de boas técnicas e métodos,
mas também de amizade e cooperação.
Por isso agradeço em primeiro lugar a Deus por ter me mantido na trilha certa durante este projeto
de pesquisa com saúde e forças para chegar até o final.
Sou grato à minha família pelo apoio que sempre me deram durante toda a minha vida por me
incentivarem e acreditarem que eu seria capaz de superar os obstáculos que a vida me apresentou.
À meu parceiro de vida Luiz Rogério pelo seu amor incondicional e por compreender minha
dedicação ao projeto de pesquisa.
Um agradecimento especial à minha irmã Marcela que me ajudou dias e noites com a minha filha
para que eu pudesse dar continuidade ao trabalho.
Agradeço ao meu orientador Dimas Lasmar por me direcionar e aceitar o meu trabalho de pesquisa.
Também quero agradecer à Universidade e a todos os professores que demonstraram estar
comprometido com a qualidade e excelência do ensino.
A todos os meus amigos do curso de graduação que compartilharam dos inúmeros desafios que
enfrentamos, sempre com o espírito colaborativo.
E principalmente aos meus filhos Heloísa Valentina e Luiz Benício que agora fazem parte da minha
vida e que me deram motivações ao final desta apresentação.
RESUMO
A pesquisa tem por finalidade analisar a situação do mercado financeiro como um todo durante a
crise de 2008 e fazer uma relação com a nova crise do covid-19 surgida recentemente e que tem
gerado uma repercussão mundial. Para tal estudo foi realizado um levantamento bibliográfico e
documental numa pesquisa semi-qualitativa e com resultados apresentados em tabelas e gráficos.
Após a quebra do tradicional banco americano Lehman Brothers as bolsas ao redor do mundo
entraram em colapso, pois os investidores passaram a resgatar suas aplicações, diminuindo
a liquidez no mercado. Ações despencaram, títulos foram desvalorizados e a população depende dos
esforços governamentais para mudar a situação. Apesar de que muitos já estejam comparando a
crise atual à recessão de 2008, a maioria dos pesquisadores não aceitam tal hipótese, e ainda dizem
que a economia global se recuperará rapidamente na 2ª metade de 2020, contanto que até então o
surto tenha se dissipado. São crises de natureza muito diferentes. A crise de 2008 foi muito mais
severa porque o sistema financeiro global era muito mais frágil. O avanço da pandemia causada
pelo coronavírus trouxe consigo uma crise econômica de escala global. O estudo revelou que mesmo
que a crise resulte numa implosão profunda, em termos de produção, as chances de sair desta
recessão mais cedo do que mais tarde são muito melhores do que a crise financeira passada, embora
o impacto no desemprego causado pelo Covid seja mais severo.
The research aims to analyze the situation of the financial market as a whole during the 2008 crisis
and to relate it to the new covid-19 crisis that has recently emerged and which has generated
worldwide repercussions. For this study, a bibliographic and documentary survey was carried out
in a semi qualitative research and with results presented in tables and graphs. After the bankruptcy
of the traditional American Lehman Brothers bank, exchanges around the world collapsed, as
investors began to redeem their investments, reducing liquidity in the market. Shares plummeted,
bonds were devalued and the population depends on government efforts to change the situation.
Although many are already comparing the current crisis to the 2008 recession, most researchers do
not accept such a hypothesis, and still say that the global economy will recover quickly in the second
half of 2020, provided that the outbreak has dissipated by then. They are crises of a very different
nature. The 2008 crisis was much more severe because the global financial system was much more
fragile. The advance of the coronavirus pandemic brought with it a global economic crisis. The
study revealed that even if the coronavirus crisis results in a profound implosion, in terms of
production, the chances of getting out of this recession sooner than later are much better than the
2008 financial crisis, although the impact on unemployment caused by Covid is more severe.
Introdução……………………………………………………………………… 13
1- Revisão de Literatura……………………………………………………….. 16
1.1 Mercado Financeiro…………………………………………….…….. 16
1.2 Mercado de Capitais….........…………………………………………. 17
1.3 Bolsa de Valores…………….................……………………………... 19
1.4 Bolsa de Valores do Estado de São Paulo – BOVESPA…….........….. 20
2- Crise Financeira Mundial em 2008………………………………………… 22
2.1 Origem…………………………..…………………………………….. 22
2.2 Causas e Consequências…......………………………………………... 25
2.3 Os Efeitos da Crise na Economia Brasileira……….......……………… 27
3- A Crise Do Covid-19………………………………………………………… 29
3.1 Origem……………………......……………………………………….. 29
3.2 Combate Contra o Covid-19……………………...........……………… 29
3.3 O Impacto do Covid-19 na Economia Brasileira……………………... 31
4- Metodologia………………………………………………………………….. 34
4.1 Métodos de Pesquisa…………………………………..……………… 34
4.2 Quanto à Natureza da Pesquisa……………......……………………… 34
4.3 Quanto aos Fins…….............………………………………………… 35
4.4 Indicadores para a Análise dos Resultados da Pesquisa……………… 35
5- Resultados……………………………………………………………………. 36
5. A política adotada pelo Governo Brasileiro diante à Crise de 2008….... 36
5.1.2 Política Monetária…….........……………………………………. 36
5.1.3 Política Cambial………..........………………………………….. 38
5.1.4 Política Fiscal……………………………..........……………….. 41
5.2 Prejuízos Causados no Brasil pela Crise do Corona Virus…………… 44
5.3 Diferenciar as duas Crises enfatizando o Impacto de cada uma……… 46
5.3.1 Mercado de Trabalho…………………......……………………… 46
5.3.2 Variação do PIB……......………………………………………… 49
5.3.3 Variação do Índice Ibovespa……......……………………………. 52
6- Conclusão…………………………………………………………………….. 54
7- Referências…………………………………………………………………… 57
13
INTRODUÇÃO
A ocorrência de uma crise financeira pode-se entender como conturbações numa economia,
fundamentadas por eventos econômicos. No fim do ano passado, havia uma esperança que se poderia ter um
crescimento na economia em 2020. Essa expectativa já foi embora. Isso tem a ver com esse acidente
internacional que está acontecendo. Essa coisa imprevisível, que é um vírus, uma infecção para a qual você
não tem remédio e que pode se espalhar mais. Há três meses, a maior preocupação global era a guerra
comercial entre Estados Unidos e China, mas hoje ninguém se lembra daquilo: a disseminação da
Covid-19 mudou tudo no cenário mundial.
O autor Paulo Mansur (2020) destaca que os mercados financeiros reagiram derrubando as
bolsas de valores, valorizando o dólar e desvalorizando as commodities principalmente o petróleo
diante da expectativa de forte retração da atividade econômica. Com a economia operando a um
nível mais baixo os países que exportam commodities, podem ser impactados pela crise na China.
A atividade econômica nesse país reflete em uma desaceleração no mundo todo como as exportações
brasileiras, pois as empresas daqui que exportam terão um mercado menor para exportar, e essas
empresas tendem a não crescer. Se as empresas não crescem, o Brasil não cresce, não gera renda e
nem emprego.
Apesar do distúrbio ter se originado na China, todos os dias milhares de novos casos e mortes
resultante do vírus são registrados em vários países. A crise econômica mais grave enfrentada pela
segunda maior economia do mundo nas últimas décadas traz advertências e lições para o mundo com a
probabilidade de países como Alemanha e Estados Unidos entrarem em recessão. A epidemia atingiu os
serviços e o consumo, já que o deslocamento de pessoas foi restringido, o que afetou companhias aéreas,
hotéis, restaurantes e shopping centers. Com o coronavírus, as fábricas pararam de produzir, os turistas
deixaram de viajar e o comércio encolheu. Tudo isso afeta a economia global. Podemos ter no Brasil
e em outros países, aumento do preço de produtos pela redução da oferta de produtos.
Segundo Fraga (2003) a economia brasileira na década de 2000 obteve diversas tentativas
para retomar ao crescimento em virtude dos fatores favoráveis do cenário externo como por exemplo
os preços de commodities em alta, ambiente interno relativamente estável e uma pequena ampliação
do mercado doméstico. Com a crise de 2008, porém, o Brasil apresentou um processo de recessão
intenso, entretanto curto e concentrado no setor industrial. Enquanto o PIB da indústria apresentou
por dois trimestres seguidos quedas que ocorreram a taxas anualizadas superiores a 20%, a
contratação no setor de serviços ocorreu a taxa anualizada de 10 % por apenas um trimestre.
14
A partir do último quadrimestre de 2008, quando o Brasil passou a ser afetado mais
intensamente pela crise econômica mundial, esse efeito fez com que a equipe econômica do governo
brasileiro passasse a implementar medidas para diminuir seus efeitos no país. Tais ações abrangeram
as áreas fiscais e monetária, com aumento da disponibilidade de crédito e maior controle cambial.
Comparar o dia de hoje com os episódios mais traumáticos de ontem é objetivo desse estudo.
O trauma daquele setembro de 2008, quando o setor financeiro desabou, levando consigo o conjunto
da economia, ainda continuam tão iminente no tempo e tão presentes no imaginário coletivo que é
inevitável voltar àquela época. Apesar de não ter atingido em cheio o Brasil em um primeiro
momento, a crise do subprime abalou o mercado financeiro mundial, trazendo sérias consequências
tanto aos Estados Unidos quanto à Europa. Os setores mais prejudicados foram os financeiros, em
um golpe que sacudiu a estrutura do capitalismo.
A crise financeira do capitalismo, como era conhecida foi disseminada ao mundo no dia que
ficou batizado como segunda-feira negra. Era 15 de setembro de 2008 quando o banco Lehman
quebrou, um dos mais tradicionais dos Estados Unidos. Por seguinte, as bolsas de
valores despencaram, fazendo com que os governos de vários países anunciassem planos de socorro
à economia, aplicando bilhões de dólares nos bancos.
Os reflexos da crise do Lehman Brothers sobre a economia brasileira, a partir de setembro de
2008 foi bastante agudo e rápido: saída de captais estrangeiros aplicados em bolsa; redução de oferta
de crédito externo para bancos e firmas; aumento das remessas de lucros e dividendos por parte de
subsidiárias de empresas multinacionais; retração do mercado de crédito doméstico; e empoçamento
de liquidez no mercado interbancário (PAULA, L.F.; PIRES, M.C.,2017).
A reviravolta causada pelo surto da covid-19 reaviva lembranças da crise financeira global de
2008 e 2009, com papos de recessão, queda nos mercados de ações, governos e bancos centrais
afrouxando os cintos. A pandemia, que tem acabado com milhares de vidas por todos os continentes,
praticamente paralisou a economia mundial, com milhões em quarentena e as cadeias de suprimento
globais em estado de caos, por causa dos estragos extremos causados pelo vírus na China, a fábrica
do mundo (WELLE, 2020)
No Brasil, o mercado de trabalho passava por um momento favorável quando foi atingido pela
crise, como se verifica pela taxa de desemprego, que se encontrava em 7,8% na média do terceiro
trimestre de 2008 naquele período, o nível mais baixo desde o início da série calculada com a
metodologia atual, iniciada em março de 2002, de acordo com a Pesquisa Mensal do Emprego do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PME/IBGE). A mudança de percurso imposta pela
crise ao desemprego no Brasil é o objeto de análise deste artigo, juntando-se a outros, ainda pouco
numerosos, que abordam o tema. Pochmann (2010) mostra que o período que vai de outubro de
15
2008 a março de 2009, encontra evidências de deterioração das condições do mercado de trabalho,
como o aumento da informalidade e da rotatividade nos empregos assalariados formais.
A partir da problematização e contextualização da temática da pesquisa propõe-se o estudo
teórico e econômico da situação do Mercado Financeiro, levando em consideração as consequências
da crise mundial de 2008 e a nova crise que está surgindo recentemente a covid-19. Dessa forma,
apresenta-se o seguinte problema de pesquisa: O coronavírus pode causar impactos com a mesma
magnitude que a crise de 2008 causou ao sistema financeiro e mercado de trabalho global e
brasileiro?
Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo geral de descrever como a crise de 2008
abalou o mercado financeiro levando em conta o contexto da política macroeconômica brasileira e
se pode ser comparada a crise atual causada pela covid-19. Para alcançar o objetivo geral foram
traçados os seguintes objetivos específicos:
1 REVISÃO DE LITERATURA
O mercado financeiro representa uma parte do mercado na qual ocorre o intercâmbio de ativos
financeiros, determinando seus preços, entre agentes superavitários e agentes deficitários. Esse
mercado deve proporcionar um ambiente de troca transparente (obtenção de informações de maneira
fácil e barata) e livre (sem limitações a entrada ou saída de compradores e vendedores, e liberdade
para negociações e formação de preços), de modo que cumpra suas funções de estabelecer contato
entre os agentes, proporcionando liquidez aos ativos com reduzidos prazos e custos de transação.
Na economia de um país atuam agentes, como governo, empresas e famílias, entre os quais
há uma dinâmica que os integra, como a compra e venda de ações e a regulamentação desse
processo: “Podemos definir os mercados financeiros como o mecanismo ou ambiente através do
qual se produz um intercâmbio de ativos financeiros e se determinam seus preços”
(PINHEIRO,2014).
De acordo com Assaf Neto (2014) os mercados financeiros oferecem uma gama de
instrumentos financeiros com variados níveis de risco e retorno, o que possibilita a adequação das
alternativas aos diferentes perfis de risco dos investidores, assim o investidor tem uma grande
variedade de linhas de investimentos, que vão de baixo a alto risco de acordo com o perfil de cada
investidor.
Atualmente a Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) em conjunto com os mercados
cambiais, são os maiores representantes dos mercados financeiros do planeta. Neles são negociados
trilhões de dólares todos os dias. No mercado financeiro brasileiro, esse mesmo papel é cumprido
pela B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, cujo principal índice é o Ibovespa.
Segundo Assaf Neto (2014) o Mercado Financeiro é composto por 4 subdivisões:
Mercado de Capitais: A primeira trata-se do Mercado de Capitais, espaço em que valores
mobiliários são negociados. É o mercado mais próximo aos investidores e, em grande parte,
funciona como uma oportunidade de captar recursos. Nele são negociados títulos, ações e derivados
17
De acordo com Assaf Neto (2014) o mercado de capitais pode ser explicado da seguinte forma:
O mercado de capitais assume papel dos mais relevantes no processo de desenvolvimento
econômico. É o grande municiador de recursos permanentes para a economia, em virtude da ligação
que efetua entre os que têm capacidade de poupança, ou seja, os investidores, e aqueles carentes de
recursos de longo prazo, ou seja, que apresentam déficit de investimento.
Já para Pinheiro (2014) o mercado de capitais é considerado como um conjunto de instituições
que negociam títulos de dívidas e de patrimônio objetivando a transferência do dinheiro das partes
que estão negociando suas operações de compra e venda. O risco de valorização é relacionado com
18
a condição da empresa, risco este que é assumido pelo acionista. Por essa razão que o mercado
acionário é considerado um investimento de risco. Além de ser considerado um investimento de alto
risco, os investimentos no mercado de capitais são também de longo prazo.
Além de ser considerado um investimento de alto risco, os investimentos no mercado de capitais
são também de longo prazo.
Em geral, no Brasil, o mercado de capitais tem sido representado pelo mercado acionário, uma
vez que operações com títulos da dívida de longo prazo ficam praticamente restritas ao fornecimento
por órgãos estatais e a financiamentos internacionais.
O mercado de capitais é composto por bolsas de valores, sociedades corretoras e outras
instituições financeiras autorizadas. Estas instituições negociam os principais ativos mobiliários do
mercado de capitais, que são segundo (ASSAF NETO, 2014)
Ações - constituem a menor parcela (fração) do capital social de uma sociedade anônima.
São valores caracteristicamente negociáveis e distribuídos aos subscritores (acionistas) de
acordo com a participação monetária efetivada.
Debêntures - Títulos emitidos também por sociedades anônimas. Seus recursos são
destinados principalmente para capital fixo das empresas e são remunerados em juros,
participações nos lucros, etc. As debêntures são títulos de longo prazo.
Comercial Papers - Notas promissórias de curto prazo, utilizados pelas empresas para
financiar seu capital de giro.
Indo além do crescimento econômico Pinheiro (2014) aborda o papel do mercado de capitais
no desenvolvimento econômico. Observando os mercados financeiros e tomando como exemplo o
mercado de crédito, é evidente que este canaliza os recursos dos poupadores para as oportunidades
de negócios, promovendo o crescimento da economia, mas não necessariamente o seu
desenvolvimento.
O mercado de ações se divide em primário e secundário. O mercado primário se refere à
entrada de recursos na empresa através da abertura de capital e subscrição de novas ações ao público,
enquanto no mercado secundário acontecem as transações de compra e venda de ações, não
ocorrendo alteração financeira na empresa. Em outras palavras, se o comprador no mercado
19
primário deseja converter suas aplicações em dinheiro, ele o fará no mercado secundário através das
sociedades corretoras, que farão o processo de intermediação entre a compra e a venda das ações
conforme diz (PINHEIRO, 2014).
Através de sua estrutura o Mercado Financeiro, portanto, fornece o suprimento para as
necessidades dos agentes econômicos, com financiamentos em médio e longo prazo para os capitais
fixos e de giro e de prazo indeterminado para as que têm a emissão e subscrição de ações afirma
(ASSAF NETO, 2014).
Valores de São Paulo”. Essa carteira teórica é composta por papéis de ações que representam 80%
de todo o volume transacionado na bolsa e serve como parâmetro para o mercado nacional e
internacional.
A BM&FBovespa tem ampla autonomia para exercer seus poderes de auto-regulamentação
sobre as corretoras de valores que nela operam. Todas as corretoras são registradas no Banco Central
do Brasil e na CVM. A principal função de uma bolsa de valores é proporcionar um ambiente
transparente e líquido, adequado à realização de negócios com valores mobiliários. Somente através
das corretoras, os investidores têm acesso aos sistemas de negociação para efetuar suas transações
de compra e venda desses afirma (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE 2005).
Segundo Alvarenga (2018) a Bovespa bateu recorde e ganhou mais de 110 mil novos
investidores em 2018, superando o número de investidores no Tesouro Direto, por exemplo. E tudo
isso em pleno ano de eleições, onde geralmente a bolsa tende a ficar muito mais volátil.
Após dois anos depois, em 28 de agosto de 2007, todos os detentores de títulos patrimoniais
da BOVESPA e de ações da CBLC, transformaram-se em acionistas da BOVESPA Holding, após
a desmutualização da BOVESPA ser aprovada. Em outubro do mesmo ano, tiveram início às
negociações de ações da BOVESPA Holding no Novo Mercado (INFOMONEY, 2019)
A BM&FBovespa é a terceira maior bolsa do mundo, estando a altura do porte do país,
oferecendo excelentes condições de investimentos e financiamento a seus participantes, porém
muito pouco utilizada pelo público nacional, sendo composta em sua maioria por capital estrangeiro
(JORDÃO, 2014).
As bolsas de valores brasileiras sempre tiveram forte presença do capital estrangeiro, que se
caracterizou predominantemente especulativo, aproveitando-se de eventos episódicos para
realização de lucros. O último boletim sobre o mercado de capitais da (ANBIMA 2014) mostra que
cerca de 58,1% dos investidores da bolsa brasileira são estrangeiros (72,5% destes são americanos),
31% são investidores institucionais e 10,9% são pessoa física. Desse modo, o capital estrangeiro
tem influenciado bastante o desempenho da bolsa.
22
A crise do subprime, que foi nomeada também de crise bancária, crise de 2008, crise da bolha
imobiliária, crise financeira, dentre outras definições, teve início em meados de 2007, mas só se
tornou uma crise global em 2008 e representou uma mudança na história do capitalismo. Conforme
Bresser-Pereira (2010) a crise de 2008 não começou, diferentemente do que costumam ser as crises
financeiras nos países ricos, causada principalmente pela desregulação dos mercados financeiros e
pela forte especulação.
2.1 Origem
Analisando a Crise de 2008, de acordo com Bresser- Pereira (2010) ela está vinculada com a
bolha financeira formada com o aumento de créditos e investimentos especulativos que motivaram
diversas consequências para a economia, como foi abordado:
A crise atual implica um aumento muito grande do crédito e, portanto, o aumento do débito,
ou seja o endividamento das famílias, das empresas, dos bancos. Para se aumentar o débito tem que
se aumentar o crédito, para se aumentar o crédito, tem que se aumentar o débito. A quantidade de
moeda em circulação aumenta fortemente, o que mostra seu caráter endógeno. Até que, num certo
momento inevitável, e que ninguém sabe exatamente quando, alguma coisa não muito importante
faz com que, de repente os investidores, que estão especulando com dinheiro emprestado sejam
obrigados a parar de endividar. E quando o fazem, os credores que estavam emprestando a belos
juros também percebem que estavam ficando muito perigoso. De repente, inverte-se todo o processo
e vem a crise (BRESSER- PEREIRA, 2010).
Anos anteriores à crise os Estados Unidos vivenciavam época de prosperidade econômica, em
conjunto com a baixa inflação e baixa taxa de juros. Em regra geral, todo o mundo ultrapassava uma
fase de alta liquidez econômica. Por consequência das políticas de liberalização financeira adotadas,
a concorrência entre as instituições aumentou demasiadamente. A soma da baixa taxa de juros com
23
como CDOs sintéticos, foi necessário um aumento considerável dos empréstimos de alto risco
(subprime) dentro dos empréstimos hipotecários, conforme apresentado no gráfico 1 (CINTRA E
CAGNIN, 2007).
13,5
14
13,2
11,5
5,3
3,4
2,6
2,4
2,4
2,1
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
A partir de fevereiro de 2007, uma cadeia de eventos começou a revelar a fragilidade dos
instrumentos e das estruturas financeiras: inadimplência das famílias subprime, com
hipotecas com taxas de juros ajustadas ou flutuantes, execução de devedores inadimplentes,
quedas nos preços dos imóveis, movimentos de saques em hedge funds, rebaixamento das
notas de alguns produtos estruturados (FREITAS E CINTRA, 2007; P. 421)
25
O início da crise financeira geral pode ser dado a partir da crise dos subprimes ou, mais
especificamente, das hipotecas. Essas foram proporcionadas a clientes com baixa qualidade de
crédito. De acordo Bresser-Pereira (2010) as mesmas juntaram-se a títulos abstrusos e opacos,
dificultando a avaliação dos compradores. Esse problema, ocorrido em um pequeno setor, não
deveria ter tomado tamanha proporção. O impactante é que, nos anos anteriores, o sistema financeiro
internacional foi unido a operações financeiras securitizadas, que possuíam uma relevante
fragilidade; em suma, as suas novidades e inovações, que ocasionaram especulações, tornaram o
sistema arriscado.
Os vários anos de forte crescimento econômico nos Estados Unidos chegaram ao fim em 2007,
quando as famílias já não eram capazes de financiar um novo aumento no consumo por meio de
empréstimos, devido ao aumento dos preços dos imóveis ressalta Evans (2011). Quando o crédito
bancário se esgotou, em outubro de 2008, na sequência da falência do Lehman Brothers, o
investimento caiu abruptamente, e os Estados Unidos foram atingidos pela sua mais grave crise
desde 1930.
A série de falências, de intervenções e de vendas sobre pressão, como relata Carvalho (2009)
espalhou a desconfiança. Não apenas no mercado financeiro, mas também na sociedade em geral,
que passou a temer por suas economias. Os países emergentes sentiram o impacto da crise de 2008
gradualmente, basicamente em duas vertentes, por um lado no crédito, que foi dificultado no
mercado interbancário e no fluxo dos bancos para as empresas e, por outro lado, na redução dos
preços dos produtos básicos, utilizados para a exportação, como as commodities, que haviam
atingido elevadas cotações no início de 2008 (DULCI, 2009).
Singer destaca que, em momentos de crise econômica, a incerteza diante do cenário faz com
que a população entesoure sua riqueza líquida no lugar de investi-la ou de colocá-la à disposição de
quem tem interesse em aplica-la no sistema financeiro. Um momento delicado é a ocorrência da
fuga de capitais, quando as filiais de transnacionais fazem a transferência de grande quantidade à
matriz, objetivando cobrir prejuízos e cumprir obrigações:
26
crise atingiu o âmbito internacional e foi muito intensa, gerou um indício da escassez mundial de
liquidez em dólares e piorou os termos de troca, devido à queda dos preços das commodities.
Como se pode observar no gráfico abaixo o governo brasileiro conseguiu evitar uma
deterioração mais drástica das expectativas, obtendo êxito na recuperação econômica a partir de
meados de 2009. Vemos claramente que o crescimento da formação bruta de capital fixo e do
consumo contribuiu para a recuperação da economia no segundo semestre.
tomando conta de alguns de seus parceiros comerciais, como EUA, Europa e Japão, a afeta
diretamente (FILGUEIRAS, 2007).
Os efeitos através do mercado financeiro se fizeram perceber principalmente por meio da
queda da bolsa de valores, elevação do risco Brasil e desvalorização do câmbio. Filgueiras (2007)
destaca que diante de um contexto de falta de controle dos fluxos de capitais a fuga de capitais das
economias em desenvolvimento é inevitável, é a dinâmica da especulação financeira, na busca por
papéis mais seguros. Contudo, quando explodiu a crise nos EUA, o Brasil contava com boa reserva
em dólares, da ordem de 160 bilhões em 2007, o que de certa forma reduziu a vulnerabilidade
externa.
Pochmann (2010) informa que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil foi reduzido em 9,9%
em 2008. Contudo, pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o segundo
semestre de 2009 indicou uma considerável recuperação econômica, não somente pela ocupação da
capacidade instalada, mas também pelos investimentos e o PIB variou -0,3% em 2009, após um
crescimento de 5,2% em 2008 e 6,1% em 2007. Essa desaceleração ocorreu de maneira diferente
entre os setores econômicos. Os serviços cresceram 2,1%, com destaque para as atividades
“intermediação financeira”, “serviços prestados à família e associativas e o crescimento do valor
adicionado bruto gerado por “administração, saúde e educação públicas”.
Os dados do Ministério do Desenvolvimento, os setores mais afetados pela crise foram as
indústrias siderúrgica e automobilística. "A queda dos manufaturados é preocupante e reforça a
necessidade de recuperar mercados importantes como os EUA e a América Latina", disse o
secretário de Comércio Exterior do ministério, Welber Barral. A retração do comércio mundial
também derrubou em 25% as importações, que fecharam o ano em US$ 127,637 bilhões. Mesmo
com quedas similares nos dois sentidos do intercâmbio de mercadorias, a balança comercial
brasileira encerrou 2009 com o pior desempenho da era Lula, com saldo de US$ 24,62 bilhões. Em
2008, o superávit havia sido de US$ 24,96 bilhões (FOLHA DE S. PAULO, 2010)
De acordo com dados divulgados pelo IBGE (2020) a economia brasileira sente os reflexos
da crise, com exceção do ano de 2010, que teve crescimento acima de 7%, mas não consegue manter
um crescimento sistemático do seu Produto Interno Bruto. No primeiro ano da crise 2008 os efeitos
sobre o PIB foram modestos e a economia conseguiu crescer acima de 5%. No entanto, no ano
seguinte apresentou crescimento negativo, num momento de clara tendência de desaceleração da
atividade econômica, ocasionado principalmente pela queda nas exportações brasileiras, diante da
queda da demanda internacional de commodities, além da valorização do Real sofrida no período,
o que fez com que o preço dos produtos brasileiros caísse juntamente com o lucro dos exportadores.
29
3 A CRISE DA COVID-19
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que vivemos uma pandemia do novo
coronavírus, chamado de Sars-Cov-2. “Nas últimas duas semanas, o número de casos de Covid-19,
Provocada pelo vírus fora da China aumentou 13 vezes e a quantidade de países afetados triplicou.
Temos mais de 118 mil infecções em 114 nações, sendo que 4 291 pessoas morreram”, justificou
Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS (VEJA, 2020).
3.1 Origem
Até o momento, não existem tratamentos antivirais específicos e comprovados para a COVID-
19. O objetivo mais importante é controlar fontes infecciosas. O governo chinês rapidamente iniciou
medidas seriais, como isolar Wuhan e toda a província de Hubei, melhorando o monitoramento e a
notificação de informações sobre epidemias, além de detectar, isolar e curar pacientes. Mais de 8000
médicos e enfermeiros de outras províncias foram para a província de Hubei e começaram a
combater a doença com a equipe médica local. Ao mesmo tempo, dois hospitais com 2600 leitos
30
no total foram construídos em Wuhan para pacientes confirmados e suspeitos ressalta (YANG,
SHANG, & RAO, 2020).
A corrida pela descoberta de uma vacina e os testes com medicamentos potenciais contra o
vírus têm mobilizado pesquisadores no mundo todo. O economista Pedro Miranda, um dos autores
do estudo, demonstra preocupação caso uma única empresa produza a vacina contra o novo
coronavírus. “Se não houver uma articulação entre os países, há o risco de termos dificuldades para
imunizar a população mundial contra a Covid-19 porque a empresa detentora da patente poderá não
conseguir produzir em quantidade suficiente para atender a demanda mundial, a exemplo do que
aconteceu no início da pandemia com respiradores e ventiladores pulmonares, máscaras e outros
equipamentos necessários ao combate dessa doença”.
queda nos preços de ativos e piora das condições financeiras; e redução no fluxo de pessoas e
mercadorias.
A importância econômica da China, tanto para o Brasil quanto para o mundo, é muito maior
hoje do que era no período da epidemia de SARS, ocorrida em 2003. A China concentrou em 2018
aproximadamente 18% do PIB mundial (ajustado pela paridade do poder compra) e é o destino de
quase 30% de tudo que o Brasil exporta atualmente. Além disso, o país oriental produz mais de 20%
de todos os bens intermediários manufaturados que são consumidos no mundo. A paralisação, ainda
que parcial, da produção e exportação de tais bens já está reverberando nas cadeias globais de
produção, e pode ampliar os efeitos negativos da epidemia.
No mês de março de 2020, foram adotadas medidas de isolamento social implementadas com
o intuito de desacelerar a taxa de contaminação da população e, consequentemente, evitar o colapso
do sistema de saúde. O governo brasileiro previa que os impactos do COVID-19 na economia
brasileira seriam redução das exportações, queda no preço de commodities e, consequentemente,
piora nos termos de troca, interrupção da cadeia produtiva de alguns setores, queda nos preços de
ativos e piora das condições financeiras, e redução no fluxo de pessoas e mercadorias
(MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020).
Apesar dos esforços de contenção da doença no território chinês e redução expressiva no
número de novos casos no país, houve notável propagação da Covid-19 em outros países nos últimos
dias, aumentando as incertezas globais sobre a dimensão e término da epidemia. Houve forte reação
nos preços de ativos e aumento na aversão ao risco, inclusive no Brasil. Tem-se observado que
governos e bancos centrais pelo mundo estão promovendo medidas para atenuar os impactos
negativos da epidemia. Ainda assim, alguns países, como a Itália, já adotaram medidas de contenção
da epidemia que irão provocar desaceleração no ritmo de atividade no curto prazo afirma a
Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia.
De acordo com o World Bank (2020), esta será uma recessão econômica mais profunda do
que a crise financeira mundial de 2008-2009 e a crise da dívida da América Latina nos anos 1980.
O cenário econômico brasileiro atual era de superação da crise de 2014/2017, a qual foi originada
por uma combinação de choques de oferta e demanda, devido a erros de política econômica. Estes
fatores provocaram uma redução do crescimento da economia brasileira e incertezas sobre a
solvência das finanças públicas (BARBOSA FILHO, 2017)
Apesar da retomada da produção industrial e dos investimentos, as vendas do comércio ainda
seguem em queda na comparação com igual período de 2019: depois de uma queda de cerca de 20%
no primeiro trimestre, houve uma redução do ritmo de queda, mas em julho a variação ainda era
negativa (1,1%). Em livro recente organizado pelo Centro de Pesquisa de Política Econômica
33
(“Mitigando a crise econômica COVID: agir rápido e fazer o que for preciso”), diversos economistas
comungam da proposta de relaxamento orçamentário e ação direta do Estado para atenuar o colapso
econômico durante o isolamento.
4 METODOLOGIA
De acordo com Gil (2013), “as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias”, e com base nesse conceito, o trabalho foi
desenvolvido, com vista a esclarecer, através de revisões bibliográficas, documentais, e em sites
diversos, as características do mercado financeiro relacionando o impacto da crise de 2008 e a crise
do momento atual. Sendo considerada também uma pesquisa explicativa, devido o levantamento de
dados realizado para explicar a variação do desemprego do Brasil.
Os sites do IBGC, da CVM e da BM&FBovespa foram acessados para a obtenção de quadros,
dados históricos, entre outras informações sobre o mercado financeiro brasileiro. Utilizou-se as
informações dos sites das companhias pertencentes ao universo pesquisado para a caracterização
destas.
Para a Crise de 2008 será apresentada a Política adotada pelo Governo Brasileiro diante à
Crise de 2008 por meio de Instrumentos de Políticas Econômicas: i. Política Monetária; ii. Política
Cambial; e iii. Política Fiscal. Dentro dessa análise a variação da produção das Indústrias, do
Comércio e dos Serviços nos permitirão acompanhar o comportamento conjuntural no País. Tais
Índices Econômicos serão tratados como procedimento metodológico afim de mensurar impactos e
obter medidas governamentais para ambas as crises.
Em seguida serão destacados os Danos causados no Brasil pela Crise do Corona Vírus por
meio da análise do Mercado Financeiro e o Ibovespa, onde se estudou os principais contratos de
commodities da B3 com o intuito de observar o desempenho do Mercado como parâmetro de
rentabilidade na fase do coronavírus.
Por fim serão analisadas as Diferenças das duas Crises de acordo com: ii.Mercado de Trabalho
(Taxa de Desemprego); ii.Variação do Produto Interno Bruto (PIB) e iii.Variação do Índice
Ibovespa no Mercado Financeiro com o intuito de prever projeções de melhoria para o momento em
que o Brasil se encontra.
Esses dados referentes ao segundo trimestre de 2020 foram coletados do IBGE, o órgão
federal responsável por prover todas as informações estatísticas oficiais do país. Os dados
resultantes desta pesquisa foram tabulados no Excel e serão demonstrados na forma de gráficos e
tabelas com as devidas interpretações e discussões.
36
5 RESULTADOS
Com o intuito de atender aos objetivos propostos para esta pesquisa, buscou-se identificar os
aspectos do Mercado Financeiro. Em síntese, os resultados do período analisado devem ser
creditados em maior ou menor grau ao comportamento dos agentes privados, às ações do governo
através de seu conjunto de políticas públicas e às condições vigentes no cenário internacional.
Para amenizar a crise, o governo obteve várias ações monetárias e creditícias que contribuíram
para aumentar a liquidez na economia, resultando na diminuição da taxa de juros real em 2009, tais
como a redução dos depósitos compulsórios do sistema bancário e o aumento da oferta de crédito.
37
Também foram adotadas medidas, já a partir de outubro de 2008, para evitar problemas de
liquidez nas instituições financeiras nacionais. A partir de dados do TCU o Banco Central do Brasil
disponibilizou para os grandes bancos R$ 24 bilhões para fins de compra de carteira de bancos
menores com problemas de liquidez e de solvência. Além disso, o Banco do Brasil e a Caixa
Econômica Federal foram autorizados a comprar ações e participações de instituições financeiras
nacionais. A Caixa também obteve autorização para comprar ações de empresas construtoras com
problemas de liquidez.
Outra medida importante foi a redução da taxa básica de juros a partir de janeiro de 2009, que
saiu de um patamar de 13,75% ao ano (a.a.) no início daquele ano, para 8,75% em julho.
para o aumento da oferta de crédito e a redução do spread bancário, mas a fixação de suas alíquotas
varia em função da política monetária.
Além da redução dos compulsórios, os bancos foram autorizados a utilizar até 40% de seus
recolhimentos compulsórios sobre depósitos a prazo para compra de direitos creditórios no mercado
interbancário (Circular BCB nº 3.407, de 2 de outubro de 2008), limite que foi aumentado para 70%
(Circular BCB nº 3.411, de 13 de outubro de 2008). Também foi autorizada a dedução da base de
cálculo do recolhimento compulsório sobre depósitos a vista e do adiantamento voluntário de até
sessenta contribuições mensais do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) (Circular BCB nº 3.416, de
24 de outubro de 2008), cujo estatuto foi alterado para aumentar sua flexibilidade na realização de
depósitos e na aquisição de direitos creditórios de instituições financeiras e sociedades de
arrendamento mercantil (Resolução CMN nº 3.656, de 17 de dezembro de 2008).
Algumas das modificações sobre a regulamentação do compulsório para depósitos a prazo,
eram medidas que tinham por meta garantir a solidez do sistema bancário, como a autorização de
uso de até 40% dos recursos do compulsório sobre os depósitos a prazo para a aquisição de
instituições financeiras. O objetivo era estimular as instituições maiores a adquirir instituições de
pequeno e médio porte – as mais afetadas pela crise. Também entra neste grupo de medidas a
autorização dada para que o BB e a CAIXA adquirissem instituições financeiras em dificuldade.
Entre as medidas que visavam conter a crise cambial, as principais foram as intervenções do
BC através de operações de venda de dólares no mercado à vista e também através de leilões de
venda com compromisso de recompra. Essas intervenções, no entanto, não impediram que a taxa de
câmbio atingisse a cotação de R$ 2,51/US$ em 8 de dezembro de 2008, depois de ter fechado o mês
de agosto em R$ 1,63/US$ (ou seja, com desvalorização de 54%). O estoque de reservas
internacionais, apesar disso, pouco se alterou, passando de US$ 207,5 bilhões em setembro de 2008
para US$ 203 bilhões no mês seguinte, fechando dezembro do mesmo ano com um saldo de US$
206,8 bilhões.
Embora a taxa de câmbio tenha aumentado consideravelmente no último trimestre de 2008
(US$1,00 valia cerca de R$1,60 em agosto e alcançou R$2,40 em dezembro), a situação se
normalizou no primeiro trimestre de 2009, aos poucos o Real voltou a se valorizar frente ao Dólar
e a taxa de câmbio aproximou-se gradativamente do nível pré-crise. E o governo brasileiro vinha
39
obtendo superávits primários no orçamento da União, o que tinha permitido reduzir a dívida pública
e dava margem de manobra diante das turbulências do mercado.
De acordo com Freitas (2008), houve depreciação da taxa de câmbio de 22,7%, entre 15 de
setembro e 15 de outubro de 2008. As exportações foram fortemente afetadas, bem como os setores
de construção civil, automóveis, agricultura, queda de produção de móveis e eletrodomésticos. Estes
setores sofreram sobremaneira consequências por serem os maiores dependentes de crédito
internacional do país; e, uma vez que os EUA, maior credor internacional, entra em crise, os
primeiros setores afetados são os mais dependentes (LIMA E DEUS, 2013).
Segundo relatório do Banco Central (2020) o principal fator que contribuiu para a elevação
da dívida líquida do setor público em 4,5 p.p. do PIB no acumulado do ano de 2009 foram os juros
nominais, que participaram com 5,4 p.p. do PIB. Entretanto, não apenas os juros foram o principal
vilão. A valorização cambial, de 33,9% no ano – que se notabilizou como a maior valorização
cambial de todo o planeta – contribuiu outros 2,5 p.p. do PIB. A política cambial não foi utilizada
como mecanismo compensatório para as perdas no comércio exterior, contribuindo, assim, para
tornar a indústria nacional menos dinâmica e mais primarizada. Como é grande o peso da indústria
na arrecadação – tendo correspondido, em 2008, a 45,7% – o baixo desempenho recente deste setor
derrubou a receita de tributos, reduzindo, por consequência, o superávit primário. Tal resultado
primário, que em períodos anteriores compensava a conta de juros, puxando para baixo o indicador
da dívida líquida, em 2009, entretanto, em função, dentre outros motivos, da pressão do câmbio
sobre as receitas de tributos, impactou menos, tendo contribuído para reduzir a relação dívida/ PIB
em 2,1 p.p. do PIB.
O outro impacto causado pelo câmbio vem do seu efeito sobre as reservas internacionais. Para
se delinear a magnitude desse impacto, segundo o relatório do BC, no acumulado do ano até
setembro, a dívida líquida cresceu em R$ 74,5 bilhões em função da valorização cambial de 23,92%.
Esse processo tem sua explicação na redução do valor, em reais, das reservas internacionais e,
portanto, na perda de valor do ativo do governo central. Quanto mais o câmbio se valoriza, menor
é o valor em reais das reservas internacionais do país (que são denominadas em dólares e
representam uma parcela significativa dos ativos financeiros públicos). Tais ativos, por sua vez, são
deduzidos da dívida bruta para se obter a dívida líquida do setor público. Desse modo, a perda de
valor do ativo reservas internacionais faz com que a dívida líquida total do setor público aumente.
O gráfico 4 mostra as trajetórias opostas do câmbio apreciado e da dívida líquida do setor
público (DLSP)
40
A resposta mais contundente do governo brasileiro à crise financeira está nas medidas fiscais.
Entre as medidas de desonerações fiscais, a primeira foi anunciada ainda no ano de 2008,
beneficiando o setor automotivo, seguido dos setores produtores de eletrodomésticos de linha
branca, de material de construção e, no final de 2009, do setor moveleiro. Para viabilizar o pacote
de desonerações fiscais sem que o governo devesse incorrer em um programa de corte de gastos
públicos o governo brasileiro também anunciou a redução da meta de superávit primário de 4,3%
para 2,5% do PIB para 2009.
Na área fiscal, o Ministério da Fazenda reduziu impostos que incidem sobre a produção de
veículos, materiais de construção, móveis e eletrodomésticos. Em paralelo, o governo federal
também ampliou investimentos em obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC). E foi lançado um programa de construção de casas populares – o programa
habitacional “Minha Casa, Minha Vida” –, que impulsionou o crescimento da construção civil.
Além disso, foi mantida a política de valorização do salário mínimo legal (aumento de 12% em
janeiro de 2009), que ajudou a preservar a renda das famílias num momento de elevação do
desemprego. E foi incrementado o orçamento dos programas de transferência de renda, que
protegem as famílias mais pobres e ajudam a sustentar o comércio em pequenos municípios. Esse
conjunto de políticas contribuiu para a rápida recuperação da economia.
Além disso o governo federal aumentou os recursos destinados ao Programa Bolsa Família
(atingiu 12,4 milhões de famílias beneficiadas, com um gasto de 0,4% do PIB, em 2009) e ampliou
o número de parcelas do Seguro Desemprego para os trabalhadores demitidos entre novembro de
2008 e fevereiro de 2009 nos segmentos industriais mais afetados pela crise.
Quanto aos investimentos realizados pelo Estado, mantiveram-se, sem dúvida, em baixos
patamares durante os últimos 15 anos. O peso das estatais federais tem se acentuado de forma
significativa no investimento total do governo desde 2004. O verdadeiro impacto do investimento
público é, portanto, muito superior e mais complexo do que aquele frequentemente abordado, o que
exige uma análise mais rigorosa e que vá além da contabilidade pública tradicional.
A teoria macroeconômica coloca o investimento como o elemento mais importante da
demanda agregada para explicar as flutuações econômicas de curto prazo, dada a relativa
estabilidade do consumo das famílias e do governo. Duas análises recentes (Cerqueira, 2016; Orair,
2016) são muito importantes para avaliar o papel do investimento público no Brasil nos últimos
42
anos e colocam o debate dentro de uma avaliação do regime fiscal e de orientação de política
econômica.
Embora a participação dos investimentos do setor público, incluindo as empresas estatais, seja
menor hoje que na década de 70, auge do processo de industrialização, os dados mostram que o
setor público (Nível Federal e subnacional, orçamento fiscal e estatais) ainda tem importância
crucial na formação de capital na economia brasileira, e consequentemente, exerce influência
significativa na taxa de crescimento do PIB. No primeiro ano do governo Lula, também um forte
ajuste fiscal contraiu os investimentos públicos para algo próximo a 1999 e se manteve
relativamente baixo até 2006, quando há uma forte aceleração até 2010.
A crise econômica provocada pela pandemia de Covid-19 “entrará para a história como uma
das piores que o mundo já experimentou”. A avaliação é da secretária executiva da Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal, 2020). Esse surto já trouxe grandes impactos
para a economia mundial, afetando diversos países, através da interrupção nas cadeias de
suprimentos globais, ocasionando uma menor demanda por bens e serviços importados.
As restrições de circulação de pessoas e de isolamento social impostas pelos municípios e
estados, com o intuito de conter o avanço do vírus, provocam impactos diretos no emprego e renda
da população. Os trabalhadores informais foram atingidos primeiramente pela crise, os formais,
mantiveram seus empregos por algum período devido aos custos de demissão e de contratação que
as empresas teriam que incorrer. Contudo, as micro e pequenas empresas são as mais afetadas, visto
que apresentam dificuldades na gestão de caixa. Os setores mais afetados são os de alimentação fora
de casa, turismo e de transporte (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020).
A principal política de renda destinada aos trabalhadores adotada pelo governo é o Auxílio
Emergencial. Este benefício é destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores
44
individuais (MEI), autônomos e desempregados, os quais podem receber três parcelas, com
possibilidade de prorrogação, no valor de R$ 600,00, desde que obedeçam aos critérios
estabelecidos. São estimadas 70 milhões de solicitações, ou seja, cerca de 1 a cada 3 brasileiros
realizam o pedido (BECKER, 2020).
A atividade econômica foi mantida principalmente pela produção agrícola (soja, milho e cana-
de açúcar) e pecuária, apesar da queda generalizada do preço das commodities. O Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostra suba dos preços dos itens relacionados à
alimentação no domicílio, apesar do índice apresentar tendência de queda no geral (MINISTÉRIO
DA ECONOMIA, 2020).
Não há registro de taxa tão baixa desde 1976. Após a crise financeira internacional de 2008,
a taxa de juros de dez anos teve dois momentos de mínimo, em agosto de 2012 e julho de 2016. Em
ambos, ela ficou próxima de 1,5% a.a., refletindo o receio por parte dos investidores de uma recessão
à frente. Nesses dois momentos, o diferencial entre o juro de dez anos e o de dois anos ficou muito
baixo, mas não negativo, e a recessão de fato não aconteceu (PAULO MANSUR, 2020).
Dentre os produtos de investimentos disponíveis no Mercado Financeiro, as commodities tem
um grande peso no mercado mundial e seu preço causa efeitos nas bolsas de valores. Se a economia
mundial melhorar, commodities será uma boa coisa para se investir. Mas mesmo se a economia
mundial não estiver bem, commodities ainda será um bom investimento (COMOINVESTIR, 2020).
Por conta da abundância dos recursos naturais, o Brasil produz e exporta diversas
commodities. Elas são responsáveis por cerca de 65% das exportações totais brasileiras. Para ser ter
uma dimensão dos impactos do COVID-19, vamos analisar as variações dos ativos atualmente
negociados na Bolsa Brasileira (B3).
Como podemos ver no gráfico, o Café Arábica lidera as perdas no ano, desvalorizando 23,67%
em 2020. Na outra ponta, o Milho foi a única commoditie que se valorizou no presente ano,
alcançando uma singela alta de 3,06%. O COVID-19 já está causando impactos nas economias de
todos os continentes com diversos países revisando as projeções de crescimento para baixo. Isso faz
com que países que eram grandes importadores de produtos brasileiros diminuam o volume de
compras, diminuindo assim as perspectivas de vendas.
Na maior parte dos casos, especialmente nas indústrias, as empresas foram afetadas pelas
expectativas negativas dos investidores em relação à demanda pelos produtos durante e após a crise,
bem como pelo fechamento de plantas industriais e redução do número de atividades devido às
medidas de isolamento social. Além disso, para companhias exportadoras, como Randon,
Marcopolo e Gerdau, os reflexos da pandemia em outros países também deve diminuir as
exportações.
"A crise derrubou as expectativas otimistas que as indústrias tinham para o ano. A pesquisa
Focus, do Banco Central, apontava para alta de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) industrial do
Brasil em 2020. Isso já não vai acontecer", explica Gustavo Bertotti, líder do setor de renda variável
da Messem Investimentos
A crise econômica global deflagrada pela pandemia de coronavírus pode ser tão forte ou mais que o
grande crash de 2008, na opinião de diversos analistas. Entretanto, há diferenças fundamentais entre os dois
casos e os prognósticos não são nada animadores para o futuro da atividade econômica brasileira.
Enquanto o choque de 2008 se concentrou nos setores financeiro e imobiliário, a crise atual
afeta todos os segmentos não financeiros da economia global. “Na grande crise de 2008, os bancos
centrais tiveram um papel fundamental em manter a solvência dos bancos privados para minimizar
os efeitos nos demais setores. No momento atual, a ampla paralisação tem um impacto direto na
economia real e dependendo da intensidade deste impacto nos balanços de empresas e famílias pode
ameaçar a solvência de todo o sistema financeiro” (INFOMONEY, 2019).
As medidas de política monetária aplicadas pelos bancos centrais em 2008 seriam menos
eficazes agora, pois os setores mais afetados como turismo, comércio e indústria são menos afetados
por reduções nas taxas de juros e injeção de liquidez no setor financeiro do que os bancos que quase
46
quebraram 12 anos atrás. Enquanto nos Estados Unidos a crise econômica ganhava força e seus
efeitos catastróficos se espalhavam, o Brasil não demonstrou preocupação uma vez que mantinha
seu crescimento. Porém, em meados do ano de 2008, especialmente em setembro, apareceram os
primeiros sintomas da crise, houve agravamento dos efeitos da crise no país.
As duas crises afetaram o Brasil em três aspectos básicos, a saber: retração da demanda
internacional, redução do fluxo de capitais estrangeiros e redução do preço das commodities. Sendo
que cada um destes aspectos tiveram forte influência na economia nacional, pois afetaram: aumento
na taxa de desemprego (Mercado de Trabalho), aumento da produção (PIB) e a variação do mercado
financeiro (Ibovespa) essas influências serão apresentadas de forma detalhada a seguir.
Os primeiros dados do período pós-Covid-19 já mostram que o impacto foi grande: os índices
de gerentes de compras (PMIs na sigla em inglês) desabaram, afetando principalmente os serviços.
No mercado de trabalho, a perspectiva é de forte aumento do desemprego. A pandemia da Covid-
19 representou um choque profundo sobre a economia mundial, cujo alcance e consequências ainda
são difíceis de vislumbrar. As medidas de isolamento social impactaram fortemente a oferta e a
demanda por bens e serviços, desorganizando as relações de trabalho, produtivas, de comércio e de
crédito (PAULO MANSUR 2020).
Dentre os principais resultados da pesquisa do Ipea (2020) cabe destacar que a taxa de
desocupação manteve-se relativamente baixa e estável durante o mês de maio (variando entre 10,4%
e 11,4%), apesar do significativo choque adverso causado pela pandemia. A explicação para esse
fenômeno está possivelmente associada a três fatores básicos: (i) o contingente de pessoas sem
emprego, mas que não procuraram emprego durante o mês de maio, foi muito elevado; (ii) muitas
pessoas foram temporariamente afastadas do trabalho, mas se mantiveram ocupadas; (iii) as
possibilidades de trabalho remoto em diversas atividades produtivas permitiram manter grande
contingente de pessoas ocupadas e trabalhando.
Segundo o IBGE a taxa oficial de desemprego no Brasil atual subiu, no 2º trimestre de 2020, foi
estimada em 13,3%. Este indicador apresentou aumento de 1,1 p.p. em relação ao 1º trimestre de
2020 (12,2%). Quando comparada com o 2º trimestre de 2019 (12,0%), a taxa apresentou aumento
de 1,3 ponto percentual. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal
(PNAD Contínua).
47
O resultado representa uma alta de 1,1 ponto percentual na comparação com o trimestre encerrado em
março (12,2%) e de 1,3 ponto percentual em relação ao mesmo trimestre de 2019 (12%). Trata-se da maior
taxa de desemprego desde o trimestre terminado em maio de 2017, quando também ficou em 13,3%. E o
desemprego só não foi maior porque muita gente simplesmente deixou de procurar emprego ou não estava
disponível para trabalhar em meio à pandemia de coronavírus.
No confronto trimestral por Regiões, esse indicador apresentou o seguinte comportamento:
Norte (estabilidade), Nordeste (estabilidade), Sudeste (aumento de 12,4 para 13,9), Sul (aumento de
7,5 para 8,9) e Centro-Oeste (aumento de 10,6 para 12,5) e Nordeste (16,1%).
No enfoque regional foram verificadas diferenças de patamares relativos à taxa de
desocupação ao longo de todos os trimestres analisados. A Região Nordeste permaneceu
apresentando as maiores taxas de desocupação ao longo de toda série, tendo registrado, no 2º
trimestre de 2020, uma taxa de 16,1%; enquanto a Região Sul teve a menor, 8,9%.
A crise financeira internacional, que se explicitou com muita força a partir de setembro de
2008, teve impactos bastante negativos tanto em países desenvolvidos como em países em
desenvolvimento, afetando o consumo, a produção e o mercado de trabalho (OECD, 2009; ILO,
2009). Olhando especificamente para o mercado de trabalho, os principais impactos esperados
diante de uma crise tão profunda eram: uma elevação expressiva do desemprego, uma redução dos
salários médios, uma maior desproteção social e uma piora nas condições de trabalho.
No caso do Brasil, não houve um aumento explosivo da taxa de desemprego no período em
que a economia brasileira entrou em crise (último trimestre de 2008) e esteve em recessão (primeiro
48
semestre de 2009). O IBGE estima que havia cerca de 7,7 milhões de pessoas desempregadas em
setembro de 2008 quando eclodiu a crise internacional, o que correspondia a 7,9% da força de
trabalho brasileira. Um ano depois, a PNAD indica que o número de desempregados havia retornado
ao mesmo patamar anterior à crise. As estatísticas oficiais mostram que a taxa de desemprego segue
numa trajetória descendente.
Conforme o gráfico acima em dezembro de 2008 a taxa de desocupação foi estimada em 6,8%,
atingiu o menor nível da série histórica segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios
(Pnad) do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa análise foi para o conjunto das
seis regiões metropolitanas investigadas (São Paulo, Rio de Janeiro, belo Horizonte, Salvador,
Recife e Porto Alegre), com queda de 0,8 ponto percentual em relação a novembro e declínio de 0,6
pp em relação a dezembro de 2007.
A crise econômica internacional interrompeu a trajetória de expansão da economia brasileira:
houve uma forte desaceleração no último trimestre de 2008 e recessão no primeiro semestre de 2009.
As diferentes políticas anticíclicas do governo federal evitaram um impacto mais grave sobre o
mercado de trabalho brasileiro e fizeram a taxa de desemprego manter uma tendência à queda (OIT,
2011).
Desde os primeiros casos do coronavírus em meio às medidas de isolamento social e de contenção da
pandemia , a economia tem mostrado sinais de recuperação, mas o receio ainda permanece e o país continua
perdendo postos, apesar do alívio oferecido por programas como o auxílio emergencial e do Programa
49
10,0%
5,1%
5,0% 4,0%
1,1% 0,3%
-0,2%
0,0%
2008 2009 2015 2016 2019 2020
-1,2%
-5,0% -3,6%-4,3% -3,3%
-4,2% -4,1%
-10,0%
-9,7%
-15,0% Variação do PIB total Variação do PIB per capita
Sob efeitos da pandemia do COVID-19 e do isolamento social, o PIB caiu 9,7% no segundo
trimestre de 2020, em relação ao primeiro trimestre de 2020, na série com ajuste sazonal. Essa foi a
queda mais intensa da série histórica, iniciada em 1996. Entre os segmentos, a maior queda foi na
Indústria (-12,3%), seguida por Serviços (-9,7%). A Agropecuária apresentou variação positiva de
0,4%.
A Despesa de Consumo das Famílias teve contração de 13,5%, índice que representa a maior
queda registrada na série histórica. Este foi o segundo resultado negativo desta comparação após 11
trimestres de avanço. O índice pode ser explicado pelo isolamento social no país, proibição de
funcionamento de algumas atividades especialmente de serviços prestados às famílias, além queda
da massa de salarial no país no segundo trimestre de 2020.
Cerra e Saxena (2008) discutem o ritmo de recuperação do PIB de dezenas de países após
mais de 600 episódios de recessão. Tais episódios possuem naturezas diversas: guerras, crises
financeiras, rupturas governamentais e mudanças nos termos de troca. Os autores mostram que a
economia raramente retorna à trajetória de crescimento anterior ao choque. As autoras também
mostram que o ritmo de retomada varia em função da renda do país e da natureza da crise. Em
especial, crises financeiras tendem a ser muito custosas para o crescimento, e países com renda mais
baixa apresentam recuperações mais lentas.
O impacto recente da COVID não possibilita estimar os efeitos em desemprego, falência e
outros indicadores que podem afetar o PIB de longo prazo. No entanto, considerando a
heterogeneidade dos resultados, avaliamos 5 cenários alterativos de perda de produto para estimar
51
o potencial impacto econômico de longo prazo que a nova pandemia pode ter no Brasil, a saber:
quedas de 10%, 7,5%, 5%, 2,5% e 0% sobre o produto per capita de longo prazo.
A Nota da Secretaria de Política Econômica (2020) afirma que deteriorações na tendência de
longo prazo do nível do PIB tem efeitos negativos e relevantes para a economia. Mesmo quando
considerada a recuperação em “V”, ou seja, sem perda de longo prazo e com recuperação rápida, o
crescimento em 2020 seria negativo, com resultado de -0,9% no ano. O crescimento em 2021
naturalmente é maior, uma vez que completa a retomada mesmo em um cenário com queda
permanente de 5% do PIB.
Já é possível inferir que o PIB do terceiro trimestre após a crise deverá ser positivo. Os indicadores
mostram uma recuperação em relação ao segundo trimestre, onde houve uma queda grande. Há uma
retomada da atividade econômica, mas ainda não é expressiva. Isso porque ainda existe uma série de
incertezas sobre a crise sanitária, o que prejudica as expectativas econômicas. O pior parece ter ficado para
trás, mas essa recuperação ainda está sujeita a essas incertezas que impedem um crescimento maior.
120.000,00
100.000,00
80.000,00
60.000,00
40.000,00
20.000,00
0,00
mai/10
jul/11
set/12
jul/18
set/19
ago/08
fev/12
mar/09
out/09
jun/14
ago/15
fev/19
nov/13
mar/16
out/16
mai/17
jan/08
jan/15
dez/10
abr/13
dez/17
abr/20
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da BM&FBovespa (2020)
CONCLUSÃO
informais foram atingidos primeiramente pela crise, os formais, mantiveram seus empregos por
algum período devido aos custos de demissão e de contratação que as empresas teriam que incorrer.
Apesar do entendimento geral do Covid só tenha ocorrido em março, os mercados financeiros
já vinham refletindo desde dois meses antes a perspectiva que se desenhava quanto aos efeitos da
disseminação da doença a partir da China. As bolsas de valores registraram fortes quedas, próximo
de 40%, entre o pico recente de cada mercado, localizado entre a metade de janeiro e início de
fevereiro, e o mínimo alcançado na terceira semana de março.
O estudo identificou que os mercados de forma geral se depreciaram e as bolsas sofreram uma
desvalorização significativa diante a pandemia. A bolsa brasileira foi afetada severamente com o
pior desempenho dentre todas as analisadas. Nesse contexto, o Brasil fica menos atrativo para o
investidor estrangeiro em relação a investimentos, o que, em parte, reduz o ingresso de dólares.
As políticas monetária, fiscal e de câmbio devem procurar amortecer o impacto do choque da
Covid-19 e assegurar uma recuperação firme e sustentável quando a pandemia estiver sob controle.
A coordenação internacional estreita e contínua será essencial para apoiar os países vulneráveis,
restaurar a confiança do mercado e conter os riscos para a estabilidade financeira.
De fato, a queda expressiva nos preços das ações dos bancos desde meados de janeiro é um
sinal de que os investidores estão preocupados com a lucratividade e as perspectivas do setor
bancário. Por exemplo, em muitos países, os indicadores de capitalização bancária baseados nos
preços de mercado são piores hoje do que durante a crise financeira mundial de 2008. O temor é
que os bancos e outros intermediários financeiros amplifiquem os efeitos da crise caso ela se agrave
ainda mais.
Enquanto a maioria da população se arrisca a ser contaminada para não perder emprego, os
bilionários não têm com o que se preocupar. Eles estão em outro mundo, o dos privilégios e das
fortunas que seguem crescendo em meio à crise econômica. Nas últimas décadas, a cobrança de
impostos sobre grandes fortunas vem regredindo. A crise não pode se converter em uma
oportunidade para um grupo de empresas obter ganhos extraordinários. Essa situação absolutamente
não usual justifica a criação de um imposto sobre resultados extraordinários de grandes corporações
enquanto dure a pandemia.
Por isso houve propostas fiscais emergenciais no sentido de enfrentar privilégios, que incluem
imposto extraordinário às grandes fortunas, imposto sobre resultados extraordinários de grandes
corporações, taxação das grandes rendas geradas pelas atividades digitais, pacotes de resgates
públicos a grandes empresas, mas sob condições, e redução de impostos para quem está em situação
de pobreza, incluindo eliminar os tributos sobre o consumo de produtos de uso sanitário e cesta
básica familiar.
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O aumento de impostos sobre os que têm maior renda e os que mais possuem riqueza ganhou
força em muitos círculos políticos como uma forma de reverter o aumento da desigualdade. A
concentração de renda piora e dificulta retomada pós-covid-19 pois a pandemia atinge de forma
desproporcional os mais pobres, os habitantes da periferia, os negros e os imigrantes.
Ao final da pesquisa, é possível concluir que, todos esses indicadores analisados podem piorar
quando os benefícios emergenciais concedidos na pandemia chegarem ao fim. Atualmente, o auxílio
emergencial, que é considerado como "injeção na veia do consumo" está mantido, com pagamento
de R$ 300, até dezembro. Quando o governo cortar o benefício, os efeitos econômicos negativos
que estão sendo retardados virão com força total, pois o consumo está em baixa nas famílias devido
aos impactos da crise.
A superação da crise econômica vai depender da redução do número de casos de contaminados
pela doença, pela resposta do sistema de saúde e pelo equilíbrio e articulação do governo. É
importante ressaltar que, na medida em que outros países do mundo já superaram, mesmo que
parcialmente, o vírus, o Brasil ainda apresenta números recordes de infectados e de mortos, o que
sugere que a crise política é um obstáculo para a superação da crise sanitária e econômica.
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