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Artes Visuais, Licenciatura EAD

Fundamentos da Educação Atividade Portfólio 2 - Ciclo 3


Discente: Nerize Portela Madureira Leôncio
Docente: Profª Maria Cecília Adão

Porto Seguro-BA

2020

Quando pensamos em tecnologia, nossa mente automaticamente é direcionada para


ferramentas como, celulares, computadores, multimídia, robótica, nanotecnologia, etc.
Entretanto é importante frisar que tecnologias incorporam toda e qualquer inovação técnica.
Recuperando a etimologia da palavra seria a junção da “TECHNE”, que significa técnica, à
palavra “LOGOS”, argumento, razão ou discussão. Tecnologia seria, portanto, todo o
conjunto de conhecimentos, razões em torno de algo e/ou maneiras de alterar o mundo de
forma prática, com o objetivo de satisfazer às necessidades humanas. Seu sentido também
está atrelado à “ciência”. Portanto é possível afirmar que no âmbito educacional, as
tecnologias estiveram presentes desde os primórdios. Se pensarmos na 'tecnologia da fala' e
durante a cultura oral na Grécia Antiga, podemos dizer que a retórica dos sofistas, já em si se
constituía em um tecnologia, relacionada à técnica de bem falar. Se pensarmos em Sócrates
como o primeiro grande pedagogo, sua tecnologia consistia em seu método socrático, através
dos diálogos entre o mestre e os discípulos. Nossa tendência, entretanto, é remeter às épocas
das Revoluções Industriais, mais precisamente da era da Informação. A este respeito Pierre
Levy (apud VIDAL e MAIA, 2010, p.29) diferencia 3 tempos do espírito humano: a
oralidade, a escrita e a rede digital. Sendo assim a escrita inaugura um novo tempo que
prescinde da mediação no aprendizado, permitindo o distanciamento do acontecimento bem
como a interpretação individual. Segundo Vidal e Maia a popularização do impresso a partir
da prensa de Gutemberg, não tardou a chegar à instituição escolar, que agregou ao discurso
oral a tecnologia da escrita. Sendo assim a educação presencial passa a utilizar o livro como
principal tecnologia. Entretanto essa inserção não foi feita sem resistência. O que parece ser
um mecanismo de defesa, em toda inserção de novos paradigmas. (VIDAL e MAIA, p. 2010,
p. 31). Da mesma forma como a imprensa se constituiu, a princípio ameaça, à oralidade e
mesmo à memória, as Tecnologias da Informação, de meios audiovisuais, entre outros
recursos também a princípio representam ameaça ao livro. Entretanto,
“os avanços no campo da psicologia da cognição e da pedagogia revelam
que os recursos audiovisuais apresentam uma função simbólica
enriquecedora para o processo de ensino-aprendizagem. Ao contrário do que
se pensa, eles podem se converter em aliados do professor, liberando-os de
tarefas menos nobres, permitindo-lhes ser antes de tudo um
educador.” (VIDAL e MAIA, 2010, p. 32).
Ja a Educação à distancia (EAD), pressupõe que o aluno tenha autonomia de leitura.
Segundo Vidal e Maia já desde o século XIX existem tentativas de EAD, utilizando material
impresso, e diversos recursos audiovisuais como fita cassete, vídeo, e mídias como o rádio,
televisão, jornal, tem se incorporado como estratégia de ensino aprendizagem.
No decorrer dos tempos recursos audiovisuais têm sido usados cumprindo as funções
de motivação devido ao forte apelo emocional e quebra da estaticidade da aula, de
demonstração, no sentido de que o entendimento é facilitado através das imagens, simulação
de modelos de realidade, entre outras funções. Como exemplos das diversas tecnologias
utilizadas até o presente, temos o retroprojetor, que hoje já é substituído pela dupla
computador e data show, o vídeo e a televisão, entre outros. Segundo Ferres, “o uso do vídeo
como recurso pedagógico, se justifica a medida que quanto mais sentidos mobilizamos
durante uma exposição, melhor é a percentagem de absorção mnemônica. (apud VIDAL e
MAIA, 2010, p. 35). A visão é capaz de reter 83% enquanto que o ouvido retém apenas 11%,
como mostra a tabela no estudo de Vidal e Maia (p. 35). Ou seja, a capacidade de aprender
numa aula em que só se escuta o professor falar é realmente bastante reduzida. Portanto
recursos audiovisuais não apenas ampliam a capacidade de aprendizagem bem como mantém
a informação por mais tempo na memória.
Para Pierre Levy o universo digital como a mais recente inovação, não é suficiente por
si só, como ferramenta, manifestando a necessidade de manuseio de objetos, ícones e
símbolos impressos, pois ︎”a superfície deslizante das telas não retém nada; nela toda
explicação possível se torna nebulosa e se apaga, contenta-se em fazer desfilar palavras e
imagens espetaculares, que já estarão esquecidas no dia seguinte.” (apud Vidal e MAIA,
2010, p. 31). Com estas palavras Pierre, traz à tona um questão fundamental em nossa
atualidade que refere-se ao caráter efêmero da era da informação onde tudo que é sólido se
desmancha no ar. Pelo caráter ubíquo da tecnologia em nossas vidas, é importante pois pensar,
que crianças e jovens da atualidade são naturalmente conectados e que, portanto sua leitura de
mundo perpassa necessariamente por esta avidez pela informação e inclusive pela necessidade
de consumo da imagem. A se ver pelo alargamento cada vez maior de uso das redes sociais,
de plataformas como youtube, instagram entre outras. Hoje, mais do que uma ferramenta de
consumo de imagens os jovens, ao contrário, passam a ser produtores desta realidade. Basta
ver que se proliferam, cada vez mais, Youtubers, Influencers e Instagrammers. O que se
configura numa grande mudança de paradigma, onde os jovens nascem com a informação à
palma da mão, e onde jamais permanecerão como estudantes passivos e meros receptores.
Portanto, antes de se pensar que o uso da tecnologia é meramente um recurso que agrega ao
aprendizado, na verdade é preciso entender que o uso desta torna-se imprescindível. A questão
é pensar que são as escolas que devem passar por reciclagens tanto de seus métodos e
currículos como de seus profissionais, se não quiserem se tornar obsoletas.
Com uso da internet, do celulares, tablets, e a evolução dos softwares interativos, a
possibilidade de uso da tecnologia, está cada vez mais se tornando apurada e requintada,
possibilitando que os jovens sejam mesmo criadores. Dando um pequeno exemplo basta uma
leve navegada online para se deparar com várias destas plataformas, como a Khan Academy,
de excelente qualidade e ainda por cima gratuita. Na Khan Academy é possível estudar vários
conteúdos como matemática, física, biologia, entre outros assistindo vídeos, manipulando
ferramentas interativas, e ainda por cima participando de rankings e tarefas online, ganhando
medalhas. Além disso esta plataforma fantástica, trabalha com conteúdos inovadores e
altamente interdisciplinares. Por experiência pessoal, lembro-me há uns dois anos atrás, ter
experimentado esta plataforma. Em uma pareceria entre a Khan Academy e a Pixar, era
possível aprender animação utilizando e aplicando conceitos de física e matemática, e
manipulando ferramentas interativas online. A própria plataforma permite que seus usuários
usem a programação visual (utilizando Processing), para modificar os exercícios. Ou seja que
o usuário passa a ser produtor também da plataforma. Se há 2 anos atrás esta inovação já era
altamente sofisticada, hoje o que a plataforma esta fazendo é a formação também de
professores para utilizar tais ferramentas em sala de aula.
Podemos concluir, portanto, que as TICs trazem mudança no paradigma do modelo
educacional do aluno não mais como mero receptor e sim como produtor de conteúdo, e é isto
que a escola mais do que nunca deve entender, assim como as teorias construtivistas da
aprendizagem nos ensinam.
É importante ressaltar que o uso das TICs, também possui seus problemas, um destes
atualmente, tem-se constituído num sério problema, que é a exclusão digital, produzida pelas
desigualdades. Como podemos perceber neste momento em que passamos por uma pandemia
global, e que muitas escolas tem tido dificuldades para adotar o modelo de EAD, reproduzem-
se ainda mais as desigualdades. Mas este é um assunto para um outro texto.
REFERENCIAS:

VIDAL, Eloísa Maria; MAIA, José Everardo Bessa. Tecnologias da Educação. Fortaleza:
Editora RDS, 2010.

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