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O NÍVEL DE GOVERNO FEDERAL

No nível federal, estão o Presidente da República, os Deputados Federais e os Senadores. No Judiciário,


temos tribunais superiores como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

As leis federais têm precedência – ou seja, prioridade – sobre as leis estaduais e municipais, contemplando
aspectos importantes da rotina do país. Nesse sentido, a liberdade de legislação dos estados e municípios é
relativamente estreita.

As responsabilidades mais importantes do governo federal são: relações internacionais, comércio


internacional, grandes projetos de infraestrutura – como rodovias, ferrovias, hidrelétricas -, ensinos superior e
técnico, defesa nacional, polícias federais, agências reguladoras, assuntos econômicos como política fiscal,
política cambial e política monetária.
No caso do Brasil, o governo federal ainda é responsável por administrar mais de uma centena de empresas
públicas (estatais ou de capital misto). Outra exclusividade do governo federal é poder emitir títulos da dívida
pública para captar recursos no mercado. Os outros níveis, em caso de necessidade, devem pedir dinheiro
emprestado da União, formando o que se chama de dívida interna. Essa limitação exclui verbas internacionais
para projetos específicos, como aqueles conseguidos do Banco Mundial ou do Banco Interamericano de
Desenvolvimento, que normalmente concedem empréstimos aos estados-membros para obras de infraestrutura.

As principais fontes de financiamento são:

 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);


 Imposto de Renda (IR) de pessoas físicas e jurídicas;
 Imposto sobre a Importação de Produtos Estrangeiros (II);
 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio, Seguros etc;
 Taxas relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF).

O NÍVEL DE GOVERNO ESTADUAL


No nível estadual, estão os governadores, os deputados estaduais (ou distritais no caso do Distrito Federal) e
o Judiciário com as cortes de instâncias inferiores.

O caso do Distrito Federal é bastante particular, pois ele não apresenta municípios – Brasília e as cidades
satélites não tem prefeito – e todas as funções que normalmente caberiam às prefeituras recaem sobre o
governador. Ao mesmo tempo, algumas funções e órgãos típicos de governos estaduais estão ausentes do
governo distrital, sendo fornecidas por instituições da União. De forma bastante simples, o governo do Distrito
Federal é uma mistura de governo estadual e municipal.
Existem muitas diferenças entre os estados-membros brasileiros. Alguns contam com populações que são
menores que alguns municípios brasileiros, como o caso de Roraima com menos de 500 mil habitantes ou o
Amapá com cerca de 700 mil. Além disso, há até pouco tempo, alguns deles eram territórios da União,
tornando-se estados-membros com a promulgação da Constituição de 1988, o que indica que provavelmente
muitos desses governos estaduais ainda estão se instalando e amadurecendo suas instituições.
As responsabilidades mais importantes dos governos estaduais são:
 Infraestrutura: como rodovias que ligam cidades do estado;
 Segurança pública: como o comando das polícias civis e militares;
 O corpo de bombeiros;
 O sistema de execuções penais;
 Projetos de moradias populares;
 Atendimento de saúde para os casos mais complexos, como aqueles tratados nos hospitais;
 Educação do ensino médio e da segunda parte do ensino fundamental.
Além disso, alguns estados-membros também oferecem instituições de ensino superior. A maioria dos estados
também administra empresas públicas, quase sempre incluindo bancos, empresas de saneamento (água e
esgoto), de energia e de transporte urbano.
As principais fontes de financiamento são:
 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS);
 Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA);
 Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD);
 Repasses do governo federal previstos em lei, entre outros.
Saiba também: o que faz o Ministério Público Estadual.

O NÍVEL DE GOVERNO MUNICIPAL


No nível municipal, estão os prefeitos e os vereadores, mas não há Judiciário, pois os fóruns locais estão sob a
estrutura do Judiciário estadual.

Quiz: vereador ou prefeito, quem faz o quê?


As administrações municipais costumam receber menos atenção do que é merecida. Enquanto os
noticiários focam nos assuntos nacionais, colocando os holofotes na administração federal, são
os municípios que administram os aspectos que tem impacto mais direto na vida das pessoas – a educação
básica, o atendimento básico de saúde, as vias urbanas, o zoneamento da cidade, o transporte público e assim
por diante.
É interessante notar que o Brasil, de maneira geral, ainda é um país de cidades pequenas: dos 5.570
municípios brasileiros, somente 283 tem mais de 100 mil habitantes, totalizando 105 milhões de pessoas,
enquanto que os outros 5.287 municípios representam 85 milhões de pessoas, totalizando os 191 milhões de
habitantes do país de acordo com o censo de 2010. Dessa população, 84% é urbana.
Outro aspecto importante são as diferenças de área e população dos municípios no Brasil. Como todo o
território nacional deve estar sob uma administração municipal, nas regiões menos populosas (principalmente
na região Norte) existem municípios enormes em área, mas que cobrem vastos trechos desabitados. O maior
município do Brasil em área – e o 2º maior do mundo – é o de Altamira no estado do Pará, com quase 160 mil
quilômetros quadrados, que é maior do que a Grécia, mas com uma população de 100 mil habitantes. No outro
extremo, está o município de Santa Cruz de Minas em Minas Gerais, com pouco menos de três quilômetros
quadrados. Em termos de população, de um lado há o município de São Paulo com quase 12 milhões de
habitantes e, do outro lado, há o município de Serra da Saudade em Minas Gerais, com pouco mais de 800
habitantes.
As enormes variações no tamanho dos municípios também criam grandes diferenças na quantidade de
municípios por estado: de um lado está Roraima, com apenas 15 municípios, e de outro está Minas Gerais com
incríveis 853 municípios. Esses extremos adicionam desafios às administrações municipais, que são obrigadas
a adaptar estruturas administrativas similares a realidades muito diferentes.
A criação de novos municípios no Brasil está vedada desde 1994 até que o Congresso Nacional crie uma lei
que regulamente a criação, fusão e desmembramento de municípios. Muitas localidades que são candidatas à
emancipação não tem arrecadação suficiente para sustentar uma estrutura municipal, que deve contar com
prefeitura, câmara de vereadores com no mínimo nove vereadores, secretarias e todo o resto. Desse modo,
ficariam dependentes de verbas federais para o seu próprio sustento, uma situação que já é comum
nos municípios existentes. Além disso, os desmembramentos causariam a perda de arrecadação dos
municípios originais.
As responsabilidades mais importantes dos municípios são:
 Planejamento urbano;
 Saneamento básico (água e esgoto);
 Iluminação pública;
 Recolhimento de lixo;
 Limpeza urbana;
 Criação de espaços públicos, como parques e ginásios;
 Asfaltamento das ruas;
 Gestão do trânsito;
 Mobilidade urbana, como a criação de ciclovias e faixas de ônibus;
 Transporte público urbano;
 Educação do nível infantil à primeira parte do ensino fundamental;
 Atendimento de saúde básico – geralmente com postos de saúde.

Os municípios também podem administrar empresas públicas, geralmente atuantes nas áreas de saneamento,
transporte urbano e de serviços urbanos. Alguns municípios ainda contam com a Guarda Civil Municipal
(GCM), responsável por proteger as instalações e infraestrutura dos municípios, mas que não tem poder de
polícia.

Além disso, as prefeituras contam com os conselhos municipais que auxiliam a administração a usar
eficientemente o dinheiro público. Estes conselhos contam com a participação de pessoas da sociedade civil e
tem caráter fiscalizador, consultivo e deliberativo, ou seja, fornecem opiniões e tomam decisões estratégicas,
mas não atuam diretamente na aplicação dos recursos. Cada conselho é responsável por um assunto, incluindo
educação, alimentação escolar, saúde, assistência social, entre outros. A formação destes conselhos é condição
necessária para que o município receba verbas de alguns programas do governo federal.
As principais fontes de financiamento são:
 Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU);
  Imposto sobre Serviços (ISS);
 Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis Inter Vivos (ITBI);
 Repasses obrigatórios do imposto de renda pela União;
 Eventuais repasses de verbas referentes a programas do governo federal.
As verbas repassadas pelo governo devem ser gerenciadas e aplicadas pelos municípios e a Controladoria Geral
da União (CGU) fiscaliza a utilização destes recursos, dentro das suas possibilidades.

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