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MÓDULO: TRIBUTO E SEGURANÇA JURÍDICA

SEMINÁRIO I - DIREITO TRIBUTÁRIO E CONCEITO DE “TRIBUTO”

QUESTÕES DE PLENÁRIO

1. Qual o conceito de tributo? Explique o que é um “conceito”. Qual a diferença entre conceito e
definição? Com base nas leituras indicadas, responda: o direito positivo pode trazer conceitos?
Colocar e explicar
O conceito de tributo pode ser encontrado no art. 3º do CTN, tratando-se de prestações
pecuniárias compulsórias, quantificáveis em moeda, não relativas à sanções por ato ilícito,
legalmente previstas e cobradas mediante atividade administrativa vinculada. Podem ser
classificados entre impostos, taxas, contribuições sociais, contribuições de melhoria e empréstimo
compulsório.
Conceitos” podem ser compreendidos como um entendimento sobre determinado assunto, sendo
mais aberto e sujeito à margem interpretativa. Já as “definições” restringem o escopo dos
conceitos, trazendo limites mais objetivos à significação pretendida.

O direito positivo tem o condão de trazer definições, já que os conceitos propriamente ditos têm
por pressuposto a margem interpretativa, e a compreensão obtida sobre determinado tema. O
direito positivo tem como característica a objetividade, que se amolda com maior proximidade ao
conceito de “definição”. Apesar da Constituição trazer Princípios dos quais se pode extrair o
conceito de tributo, o CTN traz, em seu Art. 3º, a definição do que deve ser considerado como
“tributo” no escopo ali aludido.

2. O desconto de IPVA concedido para contribuintes que não incorreram em infrações de trânsito é
uma utilização do tributo como “sanção de ato ilícito”? E a progressividade do IPTU e do ITR em
razão da função social da propriedade? As alíquotas de um tributo podem variar conforme o grau
de periculosidade de uma empresa? (Vide Anexos)

O desconto de IPVA concedido para contribuintes que não incorreram em infrações de trânsito
não é uma utilização do tributo como sanção de ato ilícito, tendo em vista que se está bonificando
o contribuinte que não cometeu nenhuma infração de trânsito, sendo um benefício fiscal.
Destaca-se que o contribuinte que cometer infração de trânsito não pagará tributo a mais por
isso.
A progressividade do IPTU e do ITR já pode ser considerada como norma jurídica tributária
sancionatória, já que existe o enunciado constitucional, em seu Art. 182, determinando que, caso
não ocorra o cumprimento da função social da propriedade territorial urbana (e rural, no caso do
ITR), o contribuinte será penalizado com: Parcelamento ou edificação compulsórias,
progressividade da alíquota do tributo e, por fim, desapropriação do imóvel, deixando clara a
predileção do legislador constituinte pelo cumprimento da função social do bem imóvel.
As alíquotas de um tributo podem sim variar conforme o grau de periculosidade de uma empresa,
como é o caso da contribuição ao RAT, prevista no inciso II da Lei 8.212/91, que determina a
aplicação de alíquotas variáveis conforme o risco da atividade preponderante desenvolvida pela
empresa.

3. Dada a seguinte lei (exemplo fictício):


Estado de Minas Gerais, Lei Estadual nº 2.017, de 10/10/2017

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A Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais Decretou e eu
sanciono a seguinte lei:
Art. 1º Esta Taxa de Controle, Monitoramento e Fiscalização de
Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de
Recursos Hídricos, que tem como fato gerador o exercício do poder de
polícia do Estado sobre estas atividades.
Art. 2º A base de cálculo dessa taxa é a receita bruta obtida com a
comercialização de mercadorias ou de serviços que utilizem recursos
hídricos.
Art. 3o. A alíquota é de 3%.
Art. 4º Contribuinte é Pessoa, física ou jurídica, que utilize
recursos hídricos com a finalidade de exploração ou aproveitamento
econômico.
Art. 5º A taxa será apurada mensalmente e recolhida, mediante
preenchimento da guia de recolhimento, até o último dia útil do mês
seguinte ao da exploração ou do aproveitamento do recurso hídrico,
sob pena de multa de 10% sobre o valor do tributo devido.
Art. 6º Na ausência de apuração e recolhimento da taxa pelo
contribuinte,a autoridade fiscal competente deverá lavrar “Auto de
Infração e Imposição de Multa”, aplicando multa de 50% sobre o valor
da taxa devida.
Art. 7º É isenta do pagamento da taxa a utilização de recurso
hídrico na captação e consumo destinados à atividade agropecuária
(...)
Pergunta-se:
a) Quantas normas há nessa lei? Identifique-as.
10 normas.
1. Delimitação do Fato Gerador no Art. 1º;
2. Delimitação da base de Cálculo no Art. 2º;
3. Delimitação da Alíquota no Art. 3º;
4. Delimitação do Sujeito Passivo no Art. 4º;
5. Delimitação do Critério Temporal de Incidência da taxa no Art. 5º;
6. Definição do meio instrumental para recolhimento, no Art. 5º;
7. Definição do prazo de vencimento da taxa, no Art. 5º;
8. Instituição de norma sancionatória de multa de 10% pelo não recolhimento no prazo, no Art.
5º;
9. Instituição de norma sancionatória pela não apuração e não recolhimento, no percentual de
50% sobre o valor da taxa, no Art. 6º; e
10.Instituição de norma isentiva direcionada à atividade agropecuária, no art. 7º.

b) Qual dessas normas institui tributo?


Apenas a norma contida no art. 1º tem o condão de instituir o Tributo (taxa). As demais
normas apenas regulam e delimitam os demais aspectos da regra matriz de incidência.

c) Qual dessas normas é estudada pela Ciência do Direito Tributário? Justificar.


A ciência do direito tributário estuda as normas tributárias instituidoras de tributos e aquelas
normas tendentes à regular aspectos da regra matriz de incidência. De acordo com o Art. 3º do CTN,
não se consideram tributos as prestações pecuniárias resultantes de sanção de ato ilícito, sendo que
tais exações se enquadram na esfera de responsabilidades do órgão fazendário por mera
determinação legal decorrente do teor acessório das sanções por não cumprimento de obrigações

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tributárias. Deste modo, consideraríamos apenas as normas de 1 a 7, bem como a norma 10, todas
descritas no item a), acima.

d) O texto legal, acima transcrito, é Ciência do Direito? Justificar.


Não. O mero texto legal positivado não pode ser considerado como Ciência do Direito,
já que esta tem como finalidade a delimitação de um conjunto de regras e princípios
destinados a definir, delimitar e sistematizar o ordenamento jurídico tributário
positivo, traçando o norte que deverá ser seguido pelo legislador em matéria tributária.

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Anexo I
ADInMC nº 2.301/RS
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IPTU. ACRÉSCIMO NO VALOR DO IPTU, A TÍTULO DE
SANÇÃO POR FALTA DE INSCRIÇÃO IMOBILIÁRIA. SANÇÃO POR ILÍCITO
ADMINISTRATIVO. MULTA ADMINISTRATIVA E MULTA TRIBUTÁRIA. Não pode ser
exigida multa administrativa, por falta de inscrição imobiliária, a
título de tributo. CTN, art. 3º. Inaplicável, na espécie, o art. 113,
par-3., do CTN. Recurso conhecido e provido. (STF, 1a T., RE 112.910/SP,
Min. Néri da Silveira, out/88, DJ de 28.02.92).

Anexo II
RE nº 112.910/SP
IPVA - DESCONTO - AUSÊNCIA DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. Ao primeiro exame,
não surge relevante a articulação sobre a impossibilidade de o Estado
federado, relativamente a tributo situado na respectiva competência -
IPVA -, vir a dispor sobre desconto, considerada a ausência de infração
de trânsito. (STF, Plenário, maioria, ADInMC 2.301/SR, Min. Marco
Aurélio, set/00).
O SENHOR MINISTRO NELSON JOBIM - Sr. Presidente, (...)
Teremos, na verdade, alíquotas diferenciadas para um determinado tipo de
personagem, que decorre do cálculo do abatimento de 10 a 30%, ao final
20%, porque aquele que tem um automóvel que não circula terá uma
tributação 80% aquém da tributação devida por aquele que circula. Este é
o ponto.
Então, Sr. Presidente, está-se utilizando um instrumento, que é um
instrumento tributário, para o efeito de pretender-se criar um tipo de
incentivo que, na verdade, nada mais é do que a redução indireta da
tributação do Estado do Rio Grande do Sul.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) - Isso em prol da sociedade.
Excelência, é um problema cultural.
O SENHOR MINISTRO MOREIRA ALVES - Isso é efeito de benefício parafiscal.
(...)

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