Você está na página 1de 11

Introdução

O papel das fibras na química como um dos elementos estratégicos para a melhoria da
competitividade da indústria têxtil brasileira no mercado nacional e mundial é analisado neste
trabalho. Uma descrição técnica sucinta das fibras químicas mais utilizadas na indústria têxtil
no mercado internacional e brasileiro é realizada. O confronto fibras químicas globalização da
economia e transferência de tecnologia. Demonstra-se que o mercado de fibras químicas é
extremamente interessante para a investigação dos efeitos de globalização da economia.
Conclui-se que uma considerável redução da produção brasileira de fibras químicas como
consequência direta da ação da concorrência asiática pode tornar a indústria têxtil brasileira
refém de oscilações de preço no mercado internacional de fibras químicas, e na prática
constituir mais um entrave à sua competitividade internacional.
Conceito
Fibras naturais são aquelas encontradas na natureza produzidas por plantas e animais,
passiveis de serem transformadas em filamentos, fios cordas através de processos físicos que
posteriormente são transformados em tecidos planos, malhas e não tecidos essenciais a
sociedade atual.
As fibras naturais são hidrofílicas como elas são derivadas a partir de lignocelulósicas, que
contêm grupos hidroxilos fortemente polarizadas. Estas fibras, por conseguinte, são
inerentemente incompatíveis com termoplásticos hidrofóbicos. Uma possível solução para
melhorar a interação entre o polímero e a fibra é empregando compatibilizadores e
promotores de adesão que reduzem a absorção de umidade. Tratamento de superfície da fibra
com silano proporciona em geral confere hidrofobicidade às fibras naturais
Classificação das Fibras Naturais
Fibras naturais são materiais de origem animal, mineral ou vegetal.

As fibras naturais podem ser:


a) Origem vegetal, por exemplo, algodão, cânhamo, coco, juta, linho, rami, sisal, etc.;
São fibras naturais de origem vegetal. As características macroscópicas de maior interesse
nas fibras são aquelas relacionadas ao comportamento dos compósitos resultantes.
Assim, costumam ser de interesse as seguintes propriedades físicas e mecânicas das
fibras vegetais.
 Dimensões: A relação entre comprimento e diâmetro das fibras é fator determinante
na transferência de esforços pra matriz. Outro ponto interessante é a seção transversal
irregular das fibras vegetais, bem como seu aspecto fibrilado, que exercem influência
positiva sobre a ancoragem dessas fibras, junto à matrizes frágeis.
 Volume de vazios e absorção de água: Em razão da grande porcentagem volumétrica
de vazios permeáveis, a absorção é muito alta já nos primeiros instantes de imersão.
Como consequência direta, advém interferência negativa na relação água-aglomerante
da matriz, intumescimento e posterior retração da fibra. Por outro lado, o elevado
volume de vazios contribui para menor peso, maior absorção acústica e menor
condutibilidade térmica dos componentes obtidos.
 Resistência à tração: Semelhante, em média, à das fibras de polipropileno Z
 Módulo de elasticidade: As fibras vegetais classificam-se como de baixo módulo,
fator determinante para seu emprego em componentes construtivos que trabalhem no
estágio pós-fissurado, com elevada absorção de energia e resistência a esforços
dinâmicos.
b) Origem animal: por exemplo, lã, caxemira, angorá, pelos diversos (coelho, camelo,
lontra, castor) e a seda. As fibras minerais são formadas por cadeias cristalinas com
grande comprimento.
c) Origem mineral: por exemplo, o amianto. As fibras de origem animal têm cadeias
protéicas, enquanto os vegetais apresentam natureza celulósica. Dentre as últimas se
destacam as fibras de sisal, bambu, coco e bananeira. Além da abundância e
disponibilidade, uma das principais vantagens da utilização deste tipo de fibra consiste
no reduzido consumo de energia envolvida em sua produção, quando comparado ao
necessário para a fabricação das fibras sintéticas (Giacomin, 2003).

Propriedades Gerais
Propriedades Físicas das Fibras Naturais
De acordo com [39] as principais características físicas das fibras são:
 Comprimento: É a Dimensão da fibra em seu estado natural é um paramento que
determina a viabilidade da transformação em fio. Influencia diretamente. os limites de
fiabilidade do fio; resistência; uniformidade, o toque; o brilho; a pilosidade e a
produtividade do fio. O comprimento das fibras pode variar de alguns milímetros
(fibras curtas), a milhares de metros (fibras contínuas).
 Uniformidade: Diz respeito ao comprimento médio das fibras que permite ajustar as
máquinas de fiação de acordo com o seu valor. Consequência da não uniformidade do
comprimento faz com que as fibras mais longas se enrolam e/ou se quebram e as mais
curtas não são aproveitadas e se desperdiçam.
 Resistência: É capacidade de a fibra suportar os esforços, durante processos de
manufatura, até romper se. Influencia em: Fios mais resistentes e consequentemente
tecidos mais resistentes; Maior produtividade; Maior durabilidade.
 Tenacidade ou resistência específica: É a resistência expressa como a força por
densidade linear (Gf/Denier). Utilizado para comparar fibras diferentes, é o valor da
tensão específica no rompimento na comparação de resistências com base na área da
seção transversal,
 Elasticidade: é a capacidade que a fibra possui de recuperar, total ou parcialmente a
sua comprimento inicial, após a cessação da força que a deforma.
 Alongamento (E%): É a deformação longitudinal máxima que a fibra suporta antes
de romper-se, permitindo assim verificar a elasticidade á tração do material.

Propriedades químicas das fibras naturais

As fibras naturais são células muito longas de paredes grossas e afiladas nos extremos.
Segundo Meyer a maioria tem a seguinte composição:

 Celulose: principal componente da membrana celular. Substância sólida, inerte e


insolúvel em água.
 Substância lenhosa: composta em parte por celulose, apresenta estrutura mais rígida
que esta, servindo como proteção.
 Água: conteúdo de umidade
 Impurezas Naturais: como ceras e graxas.
As fibras são constituídas de células alongadas entrelaçadas e o entrelaçamento delas é, em
parte, responsável por algumas propriedades e características como densidade, tensão, módula
e alongamento na ruptura.
Componentes das fibras naturais
As fibras naturais têm cinco componentes básicos:
 Celulose
A celulose (40 a 90% em massa da fibra) é responsável pela resistência das fibras, devido ao
seu alto grau de polimerização e orientação molecular. É um polímero linear cristalino
formado por unidades β-D-glicopironases unidas por ligações glicosídicas.
Fig.1. Estrutura molecular da celulose.
 Hemicelulose
A hemicelulose (1 a 30% em massa) é uma variedade de moléculas complexas, amorfas e de
unidades β-D-xilose, β-D-manose, β-D-glicose, α-L-arabinose e ácido β-D-glicurônico.
 Pectina
Essas unidades são formadas por cadeias de carbono com um grupo hidroxila, exceto os que
podem estar na forma de carbonila ou em ligação hemiacetal.
 Lignina
A lignina, segundo maior componente em massa (1 a 35% em massa), é uma macromolécula
formada por um sistema aromático, reticulado, com elevada massa molar, amorfo e com
unidades de fenilpropano.
 Extrativos (gorduras, proteínas e sais inorgânicos).
Ocorrência das Fibras Naturais
As fibras naturais são um recurso renovável por excelência, onde absorvem a mesma
quantidade de dióxido de carbono que produzem. Durante seu processamento, geram resíduos
essencialmente orgânicos e deixam escórias que podem ser utilizados na geração de energia
elétrica e, ao final de seu ciclo de vida, são 100% biodegradáveis (BRITO; ARAÚJO, 2011).
Fibras naturais, também chamadas de fibras lignocelulósicas ou vegetais, morfologicamente
são células esclerenquimatosas de forma tipicamente prosenquimatosa, ou seja, de
comprimento igual a muitas vezes a largura (MEDINA, 1959).
Tecidos ou Fios de Fibras Naturais
 Nylon
O Nylon, ou náilon (em português), é um material sintético muito conhecido. Por sua
versatilidade, o material acabou se tornando a escolha perfeita para uma grande série de
aplicações. Mesmo assim, o material deve ser usado e descartado com cuidado, para evitar
impactos no meio ambiente.
O fio de nylon é um material sintético derivado das poliamidas, mais precisamente do ácido
hexametileno diamina e ácido adípico (BELLENGER, 1982) caracterizado pela elasticidade e
resistência mecânica sendo comumente empregado na síntese da pele produzindo mínima ou
nenhuma reação tecidual (CUFFARI, 1997).
O fio caracterizado pela elasticidade e não absorção de líquidos, aspecto importante no
emprego odontológico, já foi usada como fio de sutura no formato multifilamento, mas
atualmente a sua produção e utilização se concentra na forma monofilamentar (GOFFI, 2007),
sendo assim isento de qualquer tipo de capilaridade (RAHAL ,1997).
 Seda
A seda é produzida a partir da excreção do bicho da seda, a lagarta Bombys mori L. No seu
ciclo de vida, da larva à borboleta, forma o casulo, que é um invólucro oval formado de dois
filamentos internos de fibroína (75% a 90% da fibra) e um recobrimento aderente de sericina
(de 10 a 20%). Suas excelentes propriedades mecânicas, incluindo a elevada resistência,
extensibilidade e absorção de energia em ruptura, contribuem para sua ampla aplicação
(PLAZA et al, 2007).
O fio de seda é classificado como um multifilamento trançado, inabsorvível, biodegradável,
feito a partir da proteína fibroína. A seda crua tem origem da larva do bicho da seda, que a
produz para formar seu casulo. Essa seda é processada na indústria para retirar impurezas e
resíduos indesejáveis para a produção do fio, permitindo a elaboração de um fio com menor
capilaridade e maior qualidade. Usualmente recebe uma coloração preta com o intuito de
melhor visualização pelo profissional. Existe também a possibilidade da adição de silicone na
superfície do fio com o propósito de aumentar sua flexibilidade e diminuir a reação
inflamatória local do tecido
Propriedades Físico-Químicas da Seda
De acordo com Aguiar Neto (1996), as principais propriedades físico-químicas da seda estão
apresentadas na Tabela.
Propriedades Avaliações
Form  Diâmetro de 9-11μ
a  Comprimento de 915 a 1190 m(máximo
de 2750m)
 Filamento macio; cor branca a creme.
Tenacidade Seco úmido
 2,4 a 5,1 gf/denier

 2,0 a 4,3 gf/denier


Elasticidade
 92% para 2% de alongamento
Alongamento Seco úmido
 10 a 25%
 33 a 35%
Resiliência  Média
Densidade Crua  1,25 g/cm3
degomada  1,33 g/cm3
Estabilidade dimensional  Baixa

 Lã (WO)
Dá-se o nome de lã ao revestimento piloso natural dos ovinos vulgarmente chamados
carneiros, ovelhas, borregos ou cordeiros. Esta designação pode também ser utilizada em
conjunto com o nome de outro animal, em substituição da palavra "pelo", como por exemplo,
lã de alpaca, lã de camelo, lã de vicunha, lã de moer, etc.
A classificação qualitativa da lã e feita pela finura, medida esta de caráter empírico que e o
resultado da apreciação global quanto ao "toque", diâmetro, elasticidade, ondulação, etc.
Estas características são, no entanto medidas uma a uma nos laboratórios têxtil em aparelhos
especiais e podem ser determinadas em relação a lãs de qualquer proveniência. O
comprimento das fibras para lã cardada varia de 50 a 150 mm.
As fibras de lã apresentam "crimp" (ondulação) natural, o que se constitui uma vantagem para
a confecção de fios e tecidos. O elevado "crimp" , o alongamento e a elasticidade (além da
resiliência) da fibra, contribuem para a manufatura do fio.

Propriedades da lã
A lã é tanto isolante do frio como do calor, principalmente, devido sua capacidade
higroscópica, qual faz com que as mudanças no conteúdo de água da fibra de lã liberem ou
absorvam calor como em nenhuma outra fibra. Assim quando absorve umidade, a lã libera
calor e, ao perder, absorve calor. Portanto, ela absorve vapor de água do corpo ou do ar,
formando uma interfase de ar seco, atuando como isolante térmico (Vieira, 1967; Gea, 2007;
Osório et al., 2014). Essa característica lhe permite absorver até 30 % (Sul, 1987; Iwto, 2013),
40 % (Vieira, 1967) ou 50 % (Minola e Goyenechea, 1975) da umidade do ar sem apresentar-
se molhada, com isso considera-se ela também com uma característica saudável, porém em
condições normais, o índice de higroscopicidade é de 16 a 18 %, devido à afinidade da
queratina com a água (Vieira, 1967; McGregor, 2012; Osório et al., 2014).

VANTAGENS:
a) Óptimo para climas frios
b) Ela recupera sua forma original apos a retirada da carga ou forca que a deforma
c) (compressão, dobra ou amarrotamento), em condições secas;
d) E muito flexível, tem um bom toque e possui uma boa retenção de agua.
e) Bastante confortável;
f) Durabilidade;
g) Caimento;
h) Não amarrota com facilidade;
Aplicações das Fibras Naturais
a) Utilização de fibras naturais em tapetes e carpetes
O uso de fibras naturais em revestimentos é muito antigo, porém aqueles materiais primitivos
não oferecem mais a beleza e a elegância dos produtos fabricados atualmente. A introdução
de modernas tecnologias, aliadas ao talento humano, fez com que as fibras naturais
ganhassem uma nova dimensão de mercado.
O emprego de fibras naturais como sisal, coco, algodão e juta em revestimentos de parede,
tapetes e carpetes tem se tornado bastante diversificado no mundo inteiro. Não existem mais
aqueles produtos tradicionais colocados nos show rooms, e sim materiais de decoração com
fino acabamento e produzidos de forma muito especial. Além disso, apresentam uma
variedade de tamanhos, modelos, padrões e estilos que são verdadeiras obras de arte, capazes
de satisfazer os consumidores mais exigentes.

b) Utilização de fibras naturais em geotêxteis


Durante as últimas décadas, tem-se observado o crescimento de técnicas não convencionais de
produção têxtil. Um aspecto comum dessas novas tecnologias tem sido a eliminação de
operações têxteis convencionais para a produção de estruturas denominadas “têxteis não
tecidos”.
Têxteis não tecidos são materiais produzidos a partir de uma camada fibrosa, podendo esta ser
de uma manta de cardas, uma manta fibrosa, um sistema de fibras ou fios estendidos
aleatoriamente ou de forma orientada possivelmente combinada com materiais têxteis ou não
têxteis.
Principais aplicações finais dos não tecidos

 Absorventes

 Colchões, Impermeabilizações de lajes e telhados Produtos ortopédicos.

 Agricultura, Construção civil, Isolação acústica e Produtos de uso médico-hospitalar.

 Automóveis, Decoração, Isolação térmica e Revestimento de piso.

 Bolsas, Descartáveis hospital, Malas e Roupas esportivas

 Brinquedos, Entretelas, Móveis e Roupas hospitalares.

c) Outras aplicações para os geotêxteis:


 Reforço de terrenos verticais e de inclinações íngremes. Durante a construção, a
camada de têxteis e de terra é colocada alternadamente na estrutura, impedindo o
deslizamento.
 Proteção das margens dos rios e da costa marítima. Os geotêxteis naturais se
adaptam muito bem no controle da erosão (provocada pelo fluxo intermitente de água)
em áreas de grandes impactos, como aquelas onde transitam embarcações, como
lagos, lagoas, marés, etc.
 Remoção de gases da terra na construção de reservatórios. Os geotêxteis são
aplicados na construção de reservatórios, tanques ou depósitos de líquidos, para
remoção dos gases liberados pelo solo.
Conclusão
Existem fibras descontínuas e contínuas. As primeiras possuem o comprimento limitado a alguns
centímetros, enquanto as contínuas têm um comprimento muito grande, sendo esse comprimento
limitado devido a razões de ordem técnica. Tanto o aspecto das fibras como o brilho e o toque é
dependente da sua forma e da superfície. As fibras com seção quase circular, como é o caso da lã, têm
um toque mais agradável, conferindo uma melhor sensação de conforto do que uma fibra como o
algodão, que apresenta uma seção chata como uma fita. Uma seção em osso de cão, como a que
apresenta a fibra de Orlon (fibra acrílica) confere igualmente um toque muito agradável. O futuro dos
plásticos se mistura um pouco com o próprio futuro da humanidade, e com certeza ainda
teremos muitos capítulos nessa história.
Bibliografia
AGUIAR NETO, P. P. Fibras Têxteis. v. 1 (341 p.) e v. 2 (293 p.). Rio de Janeiro:
SENAI/CETIQT, 1996.
AMARAL, E. L. S.; AMARANTE, C. B. (2016) Estudo das Fibras Obtidas a Partir das
Espécies Vegetais Montrichardia Linifera (Arruda) Schott E Montrichardia Arborescens Para
Avaliação De Sua Aplicação Tecnológica. In: XXIV Seminário de Iniciação Cientifica -
PIBIC, Belém.
ARIB, R.M.N.; SAPUAN, S,M.; AHMAD, M. M. H. M.; PARIDAH, M.T.; KHAIRUL Z. H.
M. D. (2006) Mechanical properties of pineapple leaf fiber reinforced polypropylene
composites. Materials & Design, v.27, p. 391-396.
BELLENGER, C. R. Sutures part I: The purpose of sutures and available suture materials.
Compendium on Continuing Education for the Practising Veterinarian, v.4, 1982.587 p.
CUFFARI L, SIQUEIRA JTT. Suturas em cirurgia oral e implantodontia. Rev Bras Implant.
1997 jul-ago;3(4):12-7.
CUNHA, R. M. da. Análises técnica e energética da secagem combinada no
processamento de casulo do bicho da seda de Bombyx mori L. Dissertação apresentada
para a obtenção do título de mestre em Agronomia pela Faculdade de Ciências Agronomicas
da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”. Botucatu (SP), 2007.

Você também pode gostar