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RESUMO

O presente estudo possui o objectivo de apresentar uma revisão da literatura a respeito


da agressão e altruísmo. Com a finalidade de favorecer o diagnóstico e a consequente
intervenção, esta revisão abordou primordialmente a influência de factores aliados ao
desenvolvimento sócio-emocional, bem como a participação de alguns dos transtornos
neuropsiquiátricos infanto-juvenis. Aspectos do temperamento aliados às diversas
influências ambientais (como as práticas parentais, escolares e a mídia) parecem
favorecer o entendimento básico do desenvolvimento sócio-emocional. A manifestação
de transtornos neuropsiquiátricos pode ocorrer paralelamente ao processo de
desenvolvimento, tornando-se mais um factor digno de atenção. Essas motivações de
comportamentos altruístas, quando presentes, foram entendidas como relacionadas a
estruturas de crenças de consequências consideradas, em si e individualmente, como
altruísta.

Palavras-chave: Comportamento agressivo, Desenvolvimento sócio- emocional,


Comportamento Altruísta.
INTRODUÇÃO

Objectiva-se iniciar a presente dissertação com a abordagem teórica relativa à


definição e delimitação dos conceitos inerentes às variáveis em estudo. Deste modo,
reserva-se para o primeiro capítulo, a definição de comportamento agressivo, sua
origem e influencias. De forma a integrar a informação, surge um último tópico que
remete para a sistematização de estudos no âmbito da interpretação sobre a definição de
altruísmo e origem do comportamento altruísta.

O desenvolvimento de condutas agressivas ao longo da infância e adolescência


tem sido alvo de inúmeros estudos que pretendem responder, basicamente, questões
referentes à origem e à manutenção da agressividade durante o percurso da vida.

O comportamento agressivo é próprio da espécie humana e apresenta múltiplas


configurações. Ele pode ser expresso pela via motora, através de movimentos de ataque
ou fuga; pela via emocional, com a experimentação de sentimentos de raiva e ódio; pela
via somática, como a apresentação de taquicardia, rosto ruborizado, além das demais
reações autonômicas; pela via cognitiva, através de crenças de conquistas sem que
importem os meios, planos de ação que envolvem a manipulação do meio; e finalmente,
a via verbal, da qual o indivíduo vai utilizar-se do sentido das palavras para expressar
controle em relação aos outros (Fariz, Mias & Moura, 2005).

Esta abordagem da agressão refere-se à agressão instrumental, ou seja, aquela


que apresenta uma função dentro do ambiente em que está sendo utilizada. Isso significa
que o indivíduo tenta obter o controle de seu meio através de comportamentos
agressivos, tais como gritar, ameaçar, quebrar ou xingar (Fariz et al., 2005).

A partir desta definição, pode-se observar que, ao longo do processo de


maturação, crianças e adolescentes exibem comportamentos agressivos. Entretanto, se
essas condutas se mostram severas e frequentes, elas podem indicar sinais de
psicopatologia. Segundo Kendall (1991), crianças e adolescentes com características
agressivas intensas e frequentes parecem apresentar peculiaridades em dois processos
fundamentais.
Assim, o comportamento egoísta normalmente é visto como um comportamento
padrão, natural e esperado. Já a compreensão da natureza do comportamento altruísta é
questão antiga, cuja compreensão é vista como necessária, e que remete a estudos em
filosofia, psicologia e economia. Entretanto, o comportamento altruísta surge da
compreensão do eu como um indivíduo entre muitos, resultando em uma incapacidade
de reconhecer uma maior proximidade com alguns, em detrimento a outros
(BORTOLOZZO, 2010).

OBJETIVOS
2- REFERENCIAL TEÓRICO

2.1- Definição de agressão

Segundo, Já Myers (2014) define agressão como um comportamento físico ou verbal


que tem intenção de causar dano, ou seja, esta definição exclui danos acidentais e ações
que podem envolver sofrimento inevitável como um efeito secundário de ajudar alguém,
podendo incluir, assim, chutos, chapadas, ameaças, insultos e até rumores e mentiras,
bem como destruição de propriedade e outros comportamentos cujo objectivo seja
magoar.

A importância está, portanto, na intenção do comportamento e não na gravidade dos


danos que possam ser causados. Deste modo, a existência de dano, em si, não é
suficiente para definir como agressivo um comportamento. Por exemplo, quando
alguém pisa o pé de outra pessoa pode pensar-se que é um ato agressivo, ou pode ser um
ato sem intenção que ocorre por negligência, ou um ato inevitável se o sujeito, por
exemplo, estiver a cair ou for empurrado. Mesmo que este ato seja dirigido com um
objectivo, pode não ser classificado de agressivo se o emissor sorrir e se pensar que é
uma brincadeira (Hinde, 1974; Bernstein, 1991 cit. in Machado, 2003).

2.1.1- Origem do comportamento agressivo

Todos os dias somos testemunhas, direta ou indiretamente, de cenas de violência que se


produzem pelo mundo fora ou mesmo perto de nós. Desde guerras, atentados,
assassinatos, suicídios, violações ou simplesmente zaragatas e injúrias, que constituem
formas quotidianas mais banalizadas do comportamento agressivo (Fischer, 1992).
Todos estes fenómenos têm contribuído para que se verifique um crescente interesse em
perceber o porquê dos humanos, por vezes, se comportarem de forma agressiva
(Anderson & Bushman, 2002).

Para alguns autores, o comportamento agressivo é tido como uma característica


universal própria da espécie humana que pode surgir sob múltiplas configurações. É um
tipo de comportamento que pode ser expresso pela via motora, através de movimentos
de ataque ou fuga; por uma via emocional, com a experimentação de sentimentos de
raiva e ódio; pela via somática, com surgimento de reações como taquicardia,
ruborização entre outras reações anatómicas; pela via cognitiva, através de, por
exemplo, de planos de ação que envolvam a manipulação do meio e, por fim, pela via
verbal, na medida em que o sujeito se serve do sentido das palavras para expressar
controlo em relação aos outros (Fariz, Mias & Moura, 2005).

O conceito de agressão compreende, portanto, um leque de expressões que


variam de intensidade e incluem componentes verbais e não verbais, físicas e
psicológicas, com o propósito de atingir diferentes fins no curso de qualquer transação
social. Segundo Leme (2004), a agressão é uma conduta que, além de episódica, não é
de fácil definição, uma vez que assume diferentes formas de manifestação e cuja
evolução também se mostra incerta, devido à influência que sofre de variáveis
biológicas e/ou sociais.

Assim, a agressão ocupa uma posição social, que depende do julgamento feito
sobre o caráter apropriado ou não desse comportamento. Tal caráter é determinado pelas
normas ou pelas regras culturais. O comportamento agressivo para ser considerado
como tal, tem de apresentar uma característica importante que remete para o facto da
existência de uma vítima que é motivada a evitar o comportamento que lhe está a ser
dirigido. Ou seja, um comportamento agressivo é definido como a apresentação de um
estímulo aversivo de uma pessoa com intenção de prejudicar e com expetativa de causar
dano a outra que é motivada a escapar ou evitar tal estímulo (Geen, 2001).

1.4- Influencias de filmes e programas de televisão violentos, na manifestação de


agressividade

Definição de altruísmo

O altruísmo pode ser entendido como estado motivacional no qual o foco é o


bem-estar do outro, e estaria no cerne do comportamento de cooperação. Nesta
dimensão, a literatura tem demonstrado a importância de valores pessoais, crenças e
normas para a compreensão dos comportamentos de consumo consciente.

Comportamentos motivados pela busca de benefícios para o próprio indivíduo,


ou seus entes próximos, são considerados como caracteristicamente egoístas. Por sua
vez, motivações centradas em benefícios para o outro, ou para a sociedade como um
todo, bem como para o meio ambiente e a biosfera, seriam altruístas. (SÁNCHEZ,
CUESTA, 2005).
Comportamento Altruísta e Valores Pessoais

O modelo de norma-ativação de Schwartz explica o comportamento altruísta como


resultado de normas sociais e pessoais. O conceito de normas refere-se à forma como a
sociedade e o indivíduo entendem que deva ser aquele comportamento. A consciência
das consequências do comportamento, e possibilidade de imputação de responsabilidade
ao próprio indivíduo por este mesmo comportamento, interagiriam com as normas
sociais e pessoais, resultando em atitudes mais ou menos altruístas (SCHWARTZ,
1977; SCHWARTZ, HOWARD, 1981).

A partir deste modelo inicial de compreensão do comportamento altruísta, desenvolve


um modelo de compreensão de valores pessoais, modelo este que tem sido amplamente
reconhecido na literatura, por se mostrar consistente na compreensão da estrutura de
valores do indivíduo em diferentes culturas. Valores aqui são entendidos como
estruturas de crenças e metas pessoais, permanentes e estáveis no tempo, que guiam e
motivam os comportamentos do indivíduo, bem como sua relação com a realidade e a
sociedade. Schwartz (1994).

Origem do comportamento altruísta


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O comportamento agressivo constitui-se de uma gama de atitudes sociais inábeis. A


expressão agressiva frequente e intensa na infância e na adolescência apresenta
inúmeras consequências desfavoráveis a curto, médio e longo prazo. Por esse motivo,
são inúmeros os estudos que têm abordado o presente tema na tentativa de aprimorar a
prevenção, bem como o processo de avaliação e tratamento das condutas agressivas
nessas fases da vida. Muitos deles têm realmente contribuído de forma eficaz para o
alcance desses objetivos.

A formação desse tipo de comportamento parece ocorrer de forma análoga ao


desenvolvimento sócio-emocional e possui origem multifatorial. Os papéis do
temperamento e do ambiente são variáveis que influenciam na expressão da
agressividade em maior ou menor grau. Reconhecer as maneiras como cada um desses
fatores interfere na formação e manutenção da agressividade propicia a intervenção e a
prevenção de formas adequadas, evitando negligências no tratamento desse déficit
social.

Além disso, a presença de transtornos psicológicos parece influenciar na manifestação


da agressividade, ressaltando, entretanto que, o processo de desenvolvimento e a
presença do transtorno na formação do comportamento agressivo interagem de forma
recíproca. Assim, o profissional que tem por objectivo realizar tais diagnósticos deve
também levar em consideração uma série de aspectos do desenvolvimento sócio-
emocional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Fariz, M.; Mias, C. & Moura, C. B. (2005). Comportamento agressivo e terapia


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