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RELATÓRIO DE PROCESSO FINDO

Processo nº: 0603158-59.2015.8.04.0015


Vara: 1º Vara do Juizado Especial Cível
Pasta: 275
Requerente: MARIA PEREIRA DE AZEVEDO
Requerido: ÁGUAS DO AMAZONAS S/A – MANAUS AMBIENTAL
Ação: AÇÃO POR COBRANÇA INDEVIDA
Data: 30/03/2021

RESUMO DO CASO

A requerente declara que até Dezembro do ano de 2013 a conte de água


apresentava o valor do consumo normal da residência no valor de R$ 35,00 (trinta e
cinco reais), que a partir do mês de Janeiro de 2014 a conta triplicou de valor
chegando a alcançar o valor de R$ 498,39 (quatrocentos e noventa e oito e trinta e
nove centavos) no mês de Março.
Ela relata que no mesmo mês dirigiu-se até o órgão para solicitar uma vistoria
no hidrômetro, entretanto, foi induzida pela atendente a realizar um parcelamento
referente aos boletos atrasados do mês de Março e Abril, nos valores de R$ 498,39
e R$ 485,01. Após a assinatura do acordo no PAC dirigiu-se ao SAC da Manaus
Ambiental para solicitar a calibração do aparelho, pois anteriormente eles induziram
a requerente a fazer o acordo das parcelas e não fizeram tal solicitação do
hidrômetro.
No dia 31/03/2014 levaram o hidrômetro e no dia 01/04/2014 retornaram com
a análise de que o mesmo apresentava defeito, portanto, reprovado para uso. Que
mesmo após a troca as faturas continuavam com o valor acima do normal
prologando-se tal situação pelos meses seguintes Maio/ Junho/ Julho/ Agosto/
Setembro/ Outubro/ Novembro/Dezembro de 2014.
Fizeram uma nova solicitação no SAC de calibração em outubro e levando o
hidrômetro e após isso a emprese volta sem apresentar o laudo da análise, pois nem
mesmo procuraram pela proprietária da casa para informar que estavam levando ou
deixando o aparelho. Em Janeiro de 2015 a conta voltou ao valor normal de R$
26,64 (+ 93,20 referentes a ultima parcela do acordo).
A empresa continua cobrando o valor de R$ 2.485,58 referentes às contas em
aberto de Maio a Dez de 2014 as quais a cliente não concorda com o valor.
Portanto, requer a solução do problema, pois acredita que o mesmo após a
troca do hidrômetro, não estava sendo realizada a leitura na sua casa e sim em
outra.
Por se tratar de um beco acredita-se que o funcionário que faz a leitura não
estava indo até a casa da cliente e sim realizando a leitura da casa da entrada do
local.

SOLUÇÃO DO CASO

No dia 15/04/2015 foi deferido o pedido de antecipação da tutela requerida


pela Juíza de Direito ROSA MARIA CALDERARO DE SOUZA, onde determina que
a requerida não interrompa o fornecimento de água na unidade da requerente, até
ulterior deliberação judicial, sob pena de multa diária se descumprir essa decisão ate
o limite de ate 10 dias.
Deferiu também o pedido de inversão do ônus da prova por considerar a
hipossuficiência do Requerente em provar o alegado, na forma do art. 6º, inciso VIII,
do Código de Defesa do Consumidor, devendo constar no Mandado Citatório.
Foi marcada uma Audiência de Conciliação pautada para o dia 20/08/2015 às
09h00minh, Instrução e Julgamento da 1º Vara do Juizado Especial Cível sito à Rua
Alexandre Amorim nº 285, 1o andar, Aparecida. Na referida oportunidade, será
tentada solução amigável que atenda a seus interesses e aos do Reclamante, sem
quaisquer despesas.
No dia 20 de agosto de 2015, foi aberta a audiência de conciliação, constatou-
se a presença das partes acima qualificadas. A requerente manifestou em requerer
a retificação do seu para o nome de solteira conforme consta na documentação
juntada aos autos.
Quando perguntado se haveria alguma possibilidade de composição entre as
partes, o preposto do Requerido não ofereceu proposta de acordo. A patrona da
requerente pugna pelo julgamento antecipado da lide, o preposto do requerido se
opõe.
Em assim sendo, fica a audiência de instrução e julgamento designada para o
dia 03/02/2016 às 11h30minh, oportunidade em que serão tomados os depoimentos
pessoais das partes, juntando-se, querendo, toda a documentação que se fizer
necessária para a instrução da lide.
No dia 31/05/2015 a Juíza de Direito MARIA DO PERPETUO SOCORRO DA
SILVA MENEZES ao analisar os presentes autos da audiência conciliatória
realizada em que as partes não transigiram. Entretanto, por se tratar de matéria de
Direito e não havendo mais provas a produzir, bem como em atendimento ao Ofício
Circular nº 02/2015 oriundo da Coordenadoria Geral dos Juizados Especiais, em
cumprimento ao Ofício nº 031/ CN-CNJ/2015, o qual objetivo a realização de Mutirão
de Trabalho, acolho o Julgamento Antecipado da Lide nos termos do Art. 330, I do
CPC.
Intime-se a parte ré para apresentar Contestação no prazo de 15 (quinze)
dias.
No dia 24/09/2015 foi apresentada a contestação dentro do prazo legal, uma
vez que o prazo concedido pela Magistrada fora de 15 (quinze) dias, com início dia
09/09/2015 e encerramento dia 23/09/2015 (data do protocolo da petição).
No dia 03/02/2016 a requerente compareceu na presente data por ocasião da
audiência de instrução e julgamento anteriormente pautada e tomou ciência de que
por ordem do MMª Juíza de Direito, foi informada que a audiência foi excluída de
pauta e foi acolhido o julgamento antecipado da lide.
A sentença foi proferida pela MM Juíza ROSA MARIA CALDERARO DE
SOUZA DIA 22/03/2016.

CONCLUSÃO

Em sua defesa, a Requerida alegou que não houve falha na prestação do


serviço, que a cobrança é devida e os serviços existiram e não foram pagos no
prazo correto e que não houve motivos para os danos morais. Ao Analisar os autos,
viu que a Requerida não cumpriu de forma plausível, como demanda o Art. 6º, VIII
do CDC, para provar e justificar as cobranças indevidas em nome do Requerente.
Neste sentido, o Requerente não pode ficar a mercê da Requerida, que
carece de qualidade no oferecimento de seus serviços, efetuando cobranças
indevidas sem a contraprestação equivalente. Portanto, não há que se perquirir a
existência de culpa ou dolo na conduta da Requerida, uma vez que a
responsabilidade do fornecedor por danos ao consumidor é de natureza objetiva,
com base no Art. 14 do CDC.
Desse modo, o ato ilícito praticado pela Requerida consistiu em negativar o
nome da Requerente nos cadastros de inadimplentes, por uma dívida não
justificada, já que ficou comprovado que o hidrômetro foi reprovado no teste
realizado. Uma vez constatado o dano, resta fixar o quantum da indenização.
Realmente, deve a indenização ser fixada de modo a ressarcir a vítima pelo
dano sofrido, mas sem acarretar-lhe enriquecimento ilícito. De outro lado, não se
deve olvidar também o caráter sancionatório da indenização. Assim, não deve tal
valor ser insignificante para o Requerido, sob pena de ilícitos de esse tipo continuar
a se perpetrar. Evidencia-se, portanto, o caráter de prevenção que deve possuir a
penalidade pecuniária nas indenizações por dano moral.
Portanto, julgou procedente a demanda, para declarar a inexigibilidade dos
débitos questionados na inicial, abstendo-se a requerida de cobra-los, sob pena de
multa diária de R$ 500,00, no limite de 10 dias, em caso de descumprimento.
Julgou parcialmente procedente a demanda para condenar a parte Requerida,
Manaus Ambiental S/A, ao pagamento do valor de R$ 5.000,00 (Cinco mil reais) a
parte Requerente, Maria Pereira de Azevedo, a título de Danos Morais, incidindo-se
correção monetária oficial e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês partir do
arbitramento, conforme preceitua a Súmula 362 do Superior Tribunal de Justiça.
Ratificou em definitivo os efeitos da Tutela deferida, tendo sido estabelecida
verba indenizatória liquida e certa a titulo de condenação e fixou multa de 10% (dez
por cento) sobre tais valores se o Réu não cumprir o Julgado, de acordo com o que
dita o art. 523, §1, primeira parte, do Código de Processo Civil.

FUNDAMENTAÇÃO

Art. 330, I do CPC.


Art. 6º, VIII do CDC
Art. 14 do CDC.
Art. 523,§1, do Código de Processo Civil.

Estagiária: Yasmin Cristiny De Melo Freitas – 0472460


Ciência e deferimento.

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