Vara: 1º Vara do Juizado Especial Cível Pasta: 275 Requerente: MARIA PEREIRA DE AZEVEDO Requerido: ÁGUAS DO AMAZONAS S/A – MANAUS AMBIENTAL Ação: AÇÃO POR COBRANÇA INDEVIDA Data: 30/03/2021
RESUMO DO CASO
A requerente declara que até Dezembro do ano de 2013 a conte de água
apresentava o valor do consumo normal da residência no valor de R$ 35,00 (trinta e cinco reais), que a partir do mês de Janeiro de 2014 a conta triplicou de valor chegando a alcançar o valor de R$ 498,39 (quatrocentos e noventa e oito e trinta e nove centavos) no mês de Março. Ela relata que no mesmo mês dirigiu-se até o órgão para solicitar uma vistoria no hidrômetro, entretanto, foi induzida pela atendente a realizar um parcelamento referente aos boletos atrasados do mês de Março e Abril, nos valores de R$ 498,39 e R$ 485,01. Após a assinatura do acordo no PAC dirigiu-se ao SAC da Manaus Ambiental para solicitar a calibração do aparelho, pois anteriormente eles induziram a requerente a fazer o acordo das parcelas e não fizeram tal solicitação do hidrômetro. No dia 31/03/2014 levaram o hidrômetro e no dia 01/04/2014 retornaram com a análise de que o mesmo apresentava defeito, portanto, reprovado para uso. Que mesmo após a troca as faturas continuavam com o valor acima do normal prologando-se tal situação pelos meses seguintes Maio/ Junho/ Julho/ Agosto/ Setembro/ Outubro/ Novembro/Dezembro de 2014. Fizeram uma nova solicitação no SAC de calibração em outubro e levando o hidrômetro e após isso a emprese volta sem apresentar o laudo da análise, pois nem mesmo procuraram pela proprietária da casa para informar que estavam levando ou deixando o aparelho. Em Janeiro de 2015 a conta voltou ao valor normal de R$ 26,64 (+ 93,20 referentes a ultima parcela do acordo). A empresa continua cobrando o valor de R$ 2.485,58 referentes às contas em aberto de Maio a Dez de 2014 as quais a cliente não concorda com o valor. Portanto, requer a solução do problema, pois acredita que o mesmo após a troca do hidrômetro, não estava sendo realizada a leitura na sua casa e sim em outra. Por se tratar de um beco acredita-se que o funcionário que faz a leitura não estava indo até a casa da cliente e sim realizando a leitura da casa da entrada do local.
SOLUÇÃO DO CASO
No dia 15/04/2015 foi deferido o pedido de antecipação da tutela requerida
pela Juíza de Direito ROSA MARIA CALDERARO DE SOUZA, onde determina que a requerida não interrompa o fornecimento de água na unidade da requerente, até ulterior deliberação judicial, sob pena de multa diária se descumprir essa decisão ate o limite de ate 10 dias. Deferiu também o pedido de inversão do ônus da prova por considerar a hipossuficiência do Requerente em provar o alegado, na forma do art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, devendo constar no Mandado Citatório. Foi marcada uma Audiência de Conciliação pautada para o dia 20/08/2015 às 09h00minh, Instrução e Julgamento da 1º Vara do Juizado Especial Cível sito à Rua Alexandre Amorim nº 285, 1o andar, Aparecida. Na referida oportunidade, será tentada solução amigável que atenda a seus interesses e aos do Reclamante, sem quaisquer despesas. No dia 20 de agosto de 2015, foi aberta a audiência de conciliação, constatou- se a presença das partes acima qualificadas. A requerente manifestou em requerer a retificação do seu para o nome de solteira conforme consta na documentação juntada aos autos. Quando perguntado se haveria alguma possibilidade de composição entre as partes, o preposto do Requerido não ofereceu proposta de acordo. A patrona da requerente pugna pelo julgamento antecipado da lide, o preposto do requerido se opõe. Em assim sendo, fica a audiência de instrução e julgamento designada para o dia 03/02/2016 às 11h30minh, oportunidade em que serão tomados os depoimentos pessoais das partes, juntando-se, querendo, toda a documentação que se fizer necessária para a instrução da lide. No dia 31/05/2015 a Juíza de Direito MARIA DO PERPETUO SOCORRO DA SILVA MENEZES ao analisar os presentes autos da audiência conciliatória realizada em que as partes não transigiram. Entretanto, por se tratar de matéria de Direito e não havendo mais provas a produzir, bem como em atendimento ao Ofício Circular nº 02/2015 oriundo da Coordenadoria Geral dos Juizados Especiais, em cumprimento ao Ofício nº 031/ CN-CNJ/2015, o qual objetivo a realização de Mutirão de Trabalho, acolho o Julgamento Antecipado da Lide nos termos do Art. 330, I do CPC. Intime-se a parte ré para apresentar Contestação no prazo de 15 (quinze) dias. No dia 24/09/2015 foi apresentada a contestação dentro do prazo legal, uma vez que o prazo concedido pela Magistrada fora de 15 (quinze) dias, com início dia 09/09/2015 e encerramento dia 23/09/2015 (data do protocolo da petição). No dia 03/02/2016 a requerente compareceu na presente data por ocasião da audiência de instrução e julgamento anteriormente pautada e tomou ciência de que por ordem do MMª Juíza de Direito, foi informada que a audiência foi excluída de pauta e foi acolhido o julgamento antecipado da lide. A sentença foi proferida pela MM Juíza ROSA MARIA CALDERARO DE SOUZA DIA 22/03/2016.
CONCLUSÃO
Em sua defesa, a Requerida alegou que não houve falha na prestação do
serviço, que a cobrança é devida e os serviços existiram e não foram pagos no prazo correto e que não houve motivos para os danos morais. Ao Analisar os autos, viu que a Requerida não cumpriu de forma plausível, como demanda o Art. 6º, VIII do CDC, para provar e justificar as cobranças indevidas em nome do Requerente. Neste sentido, o Requerente não pode ficar a mercê da Requerida, que carece de qualidade no oferecimento de seus serviços, efetuando cobranças indevidas sem a contraprestação equivalente. Portanto, não há que se perquirir a existência de culpa ou dolo na conduta da Requerida, uma vez que a responsabilidade do fornecedor por danos ao consumidor é de natureza objetiva, com base no Art. 14 do CDC. Desse modo, o ato ilícito praticado pela Requerida consistiu em negativar o nome da Requerente nos cadastros de inadimplentes, por uma dívida não justificada, já que ficou comprovado que o hidrômetro foi reprovado no teste realizado. Uma vez constatado o dano, resta fixar o quantum da indenização. Realmente, deve a indenização ser fixada de modo a ressarcir a vítima pelo dano sofrido, mas sem acarretar-lhe enriquecimento ilícito. De outro lado, não se deve olvidar também o caráter sancionatório da indenização. Assim, não deve tal valor ser insignificante para o Requerido, sob pena de ilícitos de esse tipo continuar a se perpetrar. Evidencia-se, portanto, o caráter de prevenção que deve possuir a penalidade pecuniária nas indenizações por dano moral. Portanto, julgou procedente a demanda, para declarar a inexigibilidade dos débitos questionados na inicial, abstendo-se a requerida de cobra-los, sob pena de multa diária de R$ 500,00, no limite de 10 dias, em caso de descumprimento. Julgou parcialmente procedente a demanda para condenar a parte Requerida, Manaus Ambiental S/A, ao pagamento do valor de R$ 5.000,00 (Cinco mil reais) a parte Requerente, Maria Pereira de Azevedo, a título de Danos Morais, incidindo-se correção monetária oficial e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês partir do arbitramento, conforme preceitua a Súmula 362 do Superior Tribunal de Justiça. Ratificou em definitivo os efeitos da Tutela deferida, tendo sido estabelecida verba indenizatória liquida e certa a titulo de condenação e fixou multa de 10% (dez por cento) sobre tais valores se o Réu não cumprir o Julgado, de acordo com o que dita o art. 523, §1, primeira parte, do Código de Processo Civil.
FUNDAMENTAÇÃO
Art. 330, I do CPC.
Art. 6º, VIII do CDC Art. 14 do CDC. Art. 523,§1, do Código de Processo Civil.
Estagiária: Yasmin Cristiny De Melo Freitas – 0472460